Buscar

Ebook20completo20DIGITAL20EducaC3A7C3A3o20e20Sexualidade_SER20

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 93 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 93 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 93 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

GRUPO SER EDUCACIONAL
Wanderson Cruz dos Santos
EDUCAÇÃO E 
SEXUALIDADE
Educação e 
Sexualidade
© by Ser Educacional
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser 
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, 
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro 
tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia 
autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional.
Imagens e Ícones: ©Shutterstock, ©Freepik, ©Unsplash.
Diretor de EAD: Enzo Moreira.
Gerente de design instrucional: Paulo Kazuo Kato.
Coordenadora de projetos EAD: Jennifer dos Santos Sousa.
Equipe de Designers Instrucionais: Carlos Mello; Gabriela Falcão; Isis Oliveira; 
José Felipe Soares; Márcia Gouveia; Mariana Fernandes; Mônica Oliveira; 
Nomager Sousa.
Equipe de Revisores: Maria Gabriela Pedrosa.
Equipe de Designers gráficos: Bruna Helena Ferreira; Danielle Almeida; 
Jonas Fragoso; Lucas Amaral, Sabrina Guimarães, Sérgio Ramos e Rafael 
Carvalho.
Ilustrador: João Henrique Martins.
SANTOS, Wanderson Cruz dos.
Educação e Sexualidade:
Recife: Grupo Ser Educacional - 2023.
092 p.: pdf
ISBN: 978-65-81507-99-2
1. Educação 2. Gênero 3. Sexualidade.
Grupo Ser Educacional
Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro
CEP: 50100-160, Recife - PE
PABX: (81) 3413-4611
E-mail: sereducacional@sereducacional.com
Iconografia
Estes ícones irão aparecer ao longo de sua leitura:
ACESSE
Links que 
complementam o 
contéudo.
OBJETIVO
Descrição do conteúdo 
abordado.
IMPORTANTE
Informações importantes 
que merecem atenção.
OBSERVAÇÃO
Nota sobre uma 
informação.
PALAVRAS DO 
PROFESSOR/AUTOR
Nota pessoal e particular 
do autor.
PODCAST
Recomendação de 
podcasts.
REFLITA
Convite a reflexão sobre 
um determinado texto.
RESUMINDO
Um resumo sobre o que 
foi visto no conteúdo.
SAIBA MAIS
Informações extras sobre 
o conteúdo.
SINTETIZANDO
Uma síntese sobre o 
conteúdo estudado.
VOCÊ SABIA?
Informações 
complementares.
ASSISTA
Recomendação de vídeos 
e videoaulas.
ATENÇÃO
Informações importantes 
que merecem maior 
atenção.
CURIOSIDADES
Informações 
interessantes e 
relevantes.
CONTEXTUALIZANDO
Contextualização sobre o 
tema abordado.
DEFINIÇÃO
Definição sobre o tema 
abordado.
DICA
Dicas interessantes sobre 
o tema abordado.
EXEMPLIFICANDO
Exemplos e explicações 
para melhor absorção do 
tema.
EXEMPLO
Exemplos sobre o tema 
abordado.
FIQUE DE OLHO
Informações que 
merecem relevância.
SUMÁRIO
UNIDADE 1
Sexualidade como Construção Histórico-Cultural, Política e 
Discursiva � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 11
Gênero � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 11
Contexto Histórico � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �12
Sexualidade � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �18
UNIDADE 2
A Educação para a Sexualidade e para a Equidade de Gênero: 
Prevenção do Preconceito e da Discriminação, no Respeito à 
Alteridade � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 30
UNIDADE 3
Abordagens Pedagógicas da Educação Sexual no Brasil: Interfaces 
entre Gênero, Orientação Sexual e Igualdade Étnico-Racial � � � � � � 51
Estudos de Gênero e Educação em sua História, seus Conceitos e 
Movimentos Políticos � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �56
UNIDADE 4
Processo de Educação Sexual existente nos Espaços Educativos 
Formais e Não Formais como Subsídio à Construção de uma Proposta 
Emancipatoria � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 69
Recursos Didático-Pedagógicos e Metodológicos para um Trabalho 
de Educação Sexual na Educação Infantil e no Ensino Fundamental
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 72
Apresentação
Olá, aluno (a). Tudo bem?
Seja muito bem-vindo(a) à disciplina de Educação e Sexua-
lidade. Aqui, estudaremos a sexualidade como construção histó-
rico-cultural e discursiva, as abordagens contemporâneas sobre 
educação sexual, os estudos de gênero e educação com seus con-
ceitos, história e movimentos políticos, a escolarização brasileira e 
a educação para a sexualidade e equidade de gênero. É muito bom 
encontrar você neste início da jornada dos estudos de educação, gê-
nero e sexualidade. 
Para este material, trabalharemos também os recursos di-
dático-pedagógicos e metodológicos para o trabalho de Educação 
Sexual na Educação Infantil e no Ensino Fundamental, as interfaces 
entre gênero e orientação sexual e igualdade étnico-racial, além de 
perpassar pelos debates sobre as identidades culturais, preconceito, 
discriminação, diferença e alteridade. Dessa maneira, trabalhare-
mos a partir de dois eixos: a sexualidade como construção histó-
rica e social e a sexualidade como construção cultural, política e 
discursiva. 
Pensando nisso, pergunto a você: está empolgado(a) com o 
que está prestes a estudar? Já lhe adianto que teremos muito conteú-
do a discutir e que, juntos, vamos construir esta disciplina. Para isso, 
é de fundamental importância a sua participação. Assim, procure ler 
o material fazendo o exercício de escrever sínteses para o melhor 
aproveitamento do conteúdo da disciplina e como uma alternativa 
interessante para estudar todo o conteúdo que trabalharemos.
Além disso, fique atento(a) ao material interativo que acom-
panha este arquivo. São vídeos, sugestões de filmes, séries, artigos 
científicos e trabalhos acadêmicos que contribuem para a organiza-
ção do seu pensamento e servem como inspiração para a elaboração 
de Trabalho de Conclusão de Curso – TTC para quem quiser desen-
volver este tema. 
Mais uma vez, desejo boas-vindas a você e um ótimo estudo. 
Autoria
Wanderson Cruz dos Santos
Olá! Sou o Professor Wanderson Cruz dos Santos, Pedagogo e Mes-
tre em Educação. Atuo como docente no curso de Pedagogia da 
graduação presencial do Centro Universitário Maurício de Nassau – 
UNINASSAU, e na graduação à distância da UNINASSAU/Ead. Tam-
bém atuo como educador social na ONG Casa Menina Mulher, no 
Recife, ministrando as oficinas de leitura com o foco no letramento 
literário, na produção textual e no reforço de alfabetização. 
Na pós-graduação já ministrei a disciplina de metodologia da pes-
quisa, e já atuei no Ensino Fundamental I como mediador de lín-
gua portuguesa pelo Programa Mais Educação – MEC com oficinas 
de letramento literário e alfabetização nas turmas do primeiro ao 
quinto ano. Desenvolvo pesquisas dentro do campo dos Estudos 
Culturais em Educação com interesse na perspectiva foucaultiana 
de Análise do Discurso. 
Espero contribuir com sua formação acadêmica e consequente cres-
cimento profissional.
Vamos em frente!
Currículo Lattes
UN
ID
AD
E
1
Objetivos
Pensando em como construir sua trilha de aprendizagem, apartir de 
agora, juntos, buscaremos:
1. Desvendar a sexualidade como uma construção sócio-histó-
rica e cultural;
2. Desconstruir pré-conceitos, preconceitos e mitos ainda 
existentes.
Vamos em frente!
10
Introdução
Neste momento daremos início às nossas explanações sobre Educa-
ção e Sexualidade. Para começar, estudaremos a sexualidade como 
construção histórica, social, cultural, política e discursiva. Pensan-
do nisso, nas próximas páginas desse material discutiremos a res-
peito de:
1. Gênero e sexualidade: construções histórico-sociais; 
2. Sexualidade como construção cultural; 
3. Sexualidade como produção política e discursiva;
4. A construção de gênero em produtos midiáticos e artefatos 
culturais. 
Pensando nisso, você está preparado(a) para nossa viagem 
rumo ao conhecimento? A sua participaçãoneste processo de cons-
trução do conhecimento é extremamente importante. Por isso, não 
deixe de ler o material e estudar o conteúdo da unidade, assistir aos 
vídeos indicados, buscar ler os trabalhos acadêmicos propostos e 
tomar notas das principais informações presentes em todos esses 
materiais. Bons estudos! 
DICA
11
Sexualidade como Construção Histórico-
Cultural, Política e Discursiva
Uma das nossas primeiras tarefas neste primeiro momento é enten-
der a diferença conceitual que há entre gênero e sexualidade. Para 
isso, é de fundamental importância iniciar este estudo com base no 
que nos escreve Guacira Lopes Louro em seu clássico Gênero, sexua-
lidade e educação (2014). 
Fique atento(a), pois esse livro será edificante para a nossa disci-
plina de Educação e Sexualidade, portanto, leia-o assim que tiver a 
oportunidade. 
Dito isto, vamos iniciar nossos estudos pela definição de gê-
nero e sexualidade.
Gênero
De acordo com Guacira Louro (2014), 
gênero é uma identidade socialmente 
construída em um contexto histórico, 
portanto, constituinte da identidade 
dos sujeitos. Essa noção de gênero 
nos ajuda a entender que o fator bio-
lógico não determina os processos de 
identificação que os indivíduos vão 
construindo durante a sua vida.
Figura 1: Capa do livro Gênero, 
Sexualidade e Educação
Fonte: elaborado pelo autor.
DEFINIÇÃO
12
Gênero: identidade socialmente construída em um contexto histórico. 
Agora que já sabemos que o termo gênero está relacionado a 
uma identidade socialmente construída ao longo do tempo, é im-
portante revisitar os principais momentos na história que nos aju-
daram a chegar hoje a essa compreensão, levando em consideração 
a importância do movimento feminista na construção deste debate. 
Vamos lá!
Contexto Histórico
O contexto histórico dessas mudanças é o fim do século XIX e iní-
cio do século XX na Europa com o movimento das Sufragistas, um 
grupo de mulheres que reivindicaram seus direitos à participação na 
vida política e social, questionando as precárias condições de traba-
lho às quais estavam submetidas e exigindo o direito ao voto para 
as mulheres. Ao lutar por direitos iguais de cidadania, o movimen-
to sufragista queria condições de existência, propriedade de bens e 
uma boa educação para as mulheres, semelhantes aos direitos que 
já estavam estabelecidos para os homens.
Consideramos esse movimento social moderno por sua rela-
ção com as grandes mudanças no campo do trabalho, da cultura e 
do Estado que foram edificando as vidas em sociedade na Europa 
após a Revolução Francesa e a Revolução Industrial. Esse foi o con-
texto que provocou as primeiras manifestações das sufragistas, pois 
elas perceberam que estavam ocorrendo grandes transformações 
sociais que permitiam que mulheres e crianças passassem a traba-
lhar nas grandes fábricas que, do ponto de vista do direito, não lhes 
garantiam condições dignas porque as consideravam mão-de-obra 
barata. 
13
Figura 2 - Manifestação do movimento sufragista 
Fonte: Coletivo juntas
No século XIX, ações individuais ou em grupos contra as 
opressões que as mulheres sofriam nos espaços sociais que lhes 
eram destinados se configuraram nos primeiros movimentos por 
direitos. A luta daquelas mulheres foi importante para combater as 
desigualdades de gênero, que se perpetuavam em diferentes cam-
pos da esfera social, e fortaleceram a reivindicação por direitos, 
como o do voto e por melhores condições de trabalho e existência na 
vida em sociedade. 
Porém, foi na virada do século que ocorreu uma maior visi-
bilidade dessas demandas no chamado “sufragismo”, conforme 
nos escreve Louro (2014), como movimento voltado para estender 
o direito do voto às mulheres. O movimento sufragista passou a ser 
reconhecido como a “primeira onda” do feminismo, cujos objetivos 
estavam voltados para oportunidades de estudos e acesso ao merca-
do de trabalho. Foram demandas de interesse das mulheres brancas 
da classe média alta. 
O movimento do sufragismo tem seu valor histórico por ter se 
configurado como a primeira articulação das mulheres que perce-
beram, claramente, as desigualdades que se davam na sociedade 
do ponto de vista de gênero. Outro ponto relevante foram as de-
mandas por educação de qualidade.
VOCÊ SABIA?
DICA
14
No Brasil, a conquista do voto feminino só foi reconhecida em 24 de 
fevereiro de 1932, através do Decreto 21.076. Essa conquista, ainda 
que facultativa, foi incorporada à Constituição de 1934. Só em 1965 
o voto feminino passou a ser obrigatório tal qual o dos homens. As-
sim, é importante reconhecer que o direito das mulheres ao voto é 
resultado do contexto histórico que teve o presidente Getúlio Var-
gas como chefe do governo provisório desde o final de 1930. Dessa 
maneira, o voto das mulheres é resultado de uma das pautas da Re-
volução de 30 que também criou a Justiça Eleitoral e instituiu o voto 
secreto.
Já a “segunda onda” do feminismo se inicia no final da déca-
da de 1960, momento em que o movimento retoma as preocupações 
sociais e políticas, e passa a produzir teorias. Para além das reivin-
dicações por direitos, o segundo momento vai considerar impor-
tante uma entrada no meio acadêmico para discutir sobre os modos 
como as ciências estavam escrevendo sobre o mundo e criar suas 
teorias sobre como esse mundo deveria ser enxergado. 
É nesse contexto de muitas contestações e transformações 
que, na contemporaneidade, o movimento feminista reaparece pre-
sente nos movimentos sociais e no campo acadêmico. Assim, hoje o 
movimento compreende a importância de ocupar os espaços para 
lutar por direitos e, também, para escrever no meio acadêmico as 
próprias teorias. 
Para que você possa mergulhar ainda mais nesse universo da luta 
feminina, sugiro que assista ao filme As sufragistas (2015), diri-
gido por Sarah Gavron com Meryl Streep, Carey Mulligan, Helena 
Bonham Carter, entre outras e outros no elenco. O filme aborda a 
CURIOSIDADE
15
história das mulheres que tiveram força para enfrentar seus limites 
ao lutar por igualdade e pelo direito ao voto. É um ótimo filme para 
perceber o início da luta do movimento feminista e os seus métodos 
de batalha que, com o aumento da agressão da polícia, possibilita-
ram às mulheres se rebelarem em público. 
Como legado das transformações nos Estudos Feministas, 
no final dos anos de 1980, aqui no Brasil as feministas passaram a 
utilizar o termo gênero. Tomaz Tadeu da Silva (2017) vai nos es-
crever que a crescente visibilidade do movimento feminista con-
tribuiu para que as perspectivas críticas em educação atribuíssem 
importância da categoria gênero na produção das desigualdades. 
De acordo com Silva (2017), aparentemente, a palavra “gênero” foi 
utilizada pela primeira vez em 1955 pelo biólogo John Money para 
expressar os aspectos sociais do sexo.
Caro(a) aluno(a), você já ouviu falar em Carlota Pereira de Quei-
rós? Ela foi a primeira mulher brasileira eleita deputada federal em 
1933, nas eleições para a Assembleia Constituinte, pelo Estado de 
São Paulo. Formada em medicina, foi chefe do laboratório de clínica 
pediátrica da Faculdade de Medicina de São Paulo. Em 1933, quan-
do foi eleita, era a única mulher entre os 254 deputados e teve seu 
mandado prorrogado em 1934, após a promulgação da Constituição, 
até 1937.
EXEMPLO
16
Figura 3 - Carlota Pereira de Queirós
Fonte: TRE-RS.
Além disso, Louro (2014) vai nos escrever que é importante 
demostrar que não são propriamente as características sexuais, mas 
a forma como elas são representadas ou valorizadas, o que se diz 
sobre elas, o que se pensa, o que se fala sobre cada uma delas, em 
cada sociedade e em um contexto histórico, como algo que edifica o 
que é feminino ou masculino. 
O que essa autora está nos dizendo é que as identidades de 
gênero vão sendo tecidas em diferentes narrativas que circulam 
na sociedade, ou seja, o que se diz sobre ser mulher ou ser homem 
constrói as mulheres e os homens. Por isso passamos a compreen-
der gênerocomo identidade cultural.
Basta observarmos a forma como as lojas de brinquedos dividem 
seus espaços por brinquedos e segmentos pela lógica brinária. Olhar 
as caixas dos brinquedos também é bem cuiroso porque elas repre-
sentam o mesmo padrão de comportamento da sociedade. Não é 
comum vermos meninos em caixas de brinquedos socialmente des-
tinados para meninas, tampouco meninas estampando caixas de 
brinquedos socilamente escolhidos para os meninos. 
DEFINIÇÃO
REFLITA
17
Binário de gênero: toda classificação da identidade de gênero e se-
xualidade em duas formas distintas. Assim, o olhar binário enxerga 
apenas a mulher (feminino) e o homem (masculino).
Ao compreender que a identidade de gênero é resultado de 
um produto cultural, passamos a exercitar o olhar para as formas 
e as representações dessas identidades em diferentes produtos cul-
turais. Mas, como estão posicionadas as mulheres nos filmes, nas 
novelas, na literatura? E os homens, como aparecem posicionados 
nessas mesmas narrativas? O que a publicidade diz sobre ser mulher 
e sobre ser homem?
Você já parou para pensar que os produtos mídiátios, filmes, publi-
cidade, séries, dentre outros, são produções carregadas de inten-
cionalidade e fazem parte da nossa cultura em diferentes aspectos? 
Pensando nisso, é importante refletirmos sobre como as identidades 
de gênero e sexulidade aparecem representadas nesses produtos. 
Olhar como se dá a representação da mulher nas novelas, qual po-
sição ocupam nesses espaços. Além disso, é preciso parar e pensar: 
como a publicidade constrói as funções de ser homem e de ser mu-
lher nos veículos midiáticos? Há diferença entre entre as expressões 
de afeto entre casais heterosexual e casais LGBTQIA+ nos produtos 
midiáticos que estão disponíveis para as grandes massas? Por que 
a publicidade que circula nos progamas de televisão ditos feminios 
não é a mesma que circula no jornal noturno? 
As diferentes respostas para essas provocações são carre-
gadas de enunciados discursivos que vão dizendo como cada uma 
DEFINIÇÃO
18
dessas identidades deve ser ou estar no mundo. Mas, para seu co-
nhecimento, vamos considerar o discurso da perspectiva do filóso-
fo francês Michel Foucault (1926-1984) como algo que produz algo 
novo sem deixar de apresentar também elementos velhos, fruto de 
relações de poder que operam pelo saber, assim, ele cria uma ma-
terialidade que tem sempre uma vontade de verdade (FOUCAULT, 
2008).
Agora que já contextualizamos a noção de gênero, passare-
mos ao conceito de sexualidade. Vamos lá!
Sexualidade
Inserida no campo dos desejos, a sexualidade se refere às escolhas 
singulares que cada pessoa faz para se relacionar com outra, por-
tanto, ela é elaborada nas relações sociais como a identidade de 
gênero. Há identidades sexuais que sempre ocuparam lugares de 
prestígios na sociedade, a exemplo da heterossexualidade, já outras 
identidades constantemente estão sob risco de vida simplesmente 
pelo fato de existirem e se expressam como são, basta observarmos 
os ataques que a população LGBTQIA+ sofre constantemente.
É importante considerar que a diversidade sexual é algo que 
sempre fez parte da história da humanidade, porém, há grupos que 
estão em situação de vulnerabilidade pelo simples fato de existirem 
na sua diversidade sexual. Esses grupos minoritários compõe a sigla 
LGBTQIA+. 
A sexualidade está relacionada com as escolhas singulares que cada 
pessoa faz para se relacionar com outra, portanto, é elaborada nas 
relações sociais. 
CURIOSIDADE
VOCÊ SABIA?
19
A história da sigla LGBTQIA+ começa nos anos de 1970 atra-
vés dos movimentos homossexuais no Brasil e em outros países. No 
início a sigla se referia a GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes) que se 
estendeu por aqui até os anos de 1990. A partir de 1993 a sigla pas-
sou a ser chamada de GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis 
e Transexuais) que logo depois passou a ser LGBT (Lésbicas, Gays, 
Bissexuais e Transgênero).
Em 2018 a Juntas Codeputadas foram eleitas com mais de 39 mil vo-
tos para sua primeira mandata coletiva e feminista a ocupar uma 
cadeira na Assembleia Legislativa de Pernambuco, a Alepe. Elas tra-
zem o senso de coletividade e participação política de pessoas diver-
sas. Usam o termo ‘mandata’ como reivindicação e desobediência 
à gramática que consideram misógina por colocar o masculino na 
posição de privilégio e buscam, assim, marcar a sua referência fe-
minista e promover uma reflexão na sociedade para a pouca visibi-
lidade das mulheres nos espaços políticos. 
Só após a 1ª Conferência Nacional GLBT, no Brasil em 2008, 
que a sigla LGBT começou a fazer parte do debate e, com a adoção 
dela, outras identidades e orientações sexuais foram inseridas ao 
longo dos anos até chegar a LGBTQIA+.
A sigla LGBTQIA+ significa: Lésbica, Gay, Bissexuais, Travestis, 
Queer, Intersexuais, Assexual, + para outras siglas e identidades 
que fazem parte do movimento, como pessoas não binárias, panse-
xuais, dentre outros. A junção de todas essas letras na composição 
dessa sigla é de extrema importância para entendermos sobre a di-
versidade sexual e, assim, aprender e respeitas as diferenças. 
REFLITA
DICA
20
É importante compreendermos um pouco da história da sigla 
LGBTQIA+ porque cada uma de suas letras representa uma identi-
dade diferente das outras, com suas demandas singulares, fruto de 
lutas históricas. Além disso, a sigla abrange as possíveis manifes-
tações de sexualidade, levantando a importância do respeito para 
cada identidade que as suas letras representam.
As manchetes dos jornais nos últimos anos vem indicando que há 
um aumento de crimes contra a população LGBTQIA+ no Brasil. 
Essa infeliz realidade é resultado de uma intolerância da diversi-
dade sexual que sempre fez parte da humanidade. Não poderemos 
mais aceitar, enquanto sociedade, que as vidas das pessoas sejam 
interrompidas ou que outras agressões físicas pelo simples fato de-
las existirem no mundo como são. Crimes contra a população LGB-
TQIA+ devem ser denunciados sempre. 
Para que você amplie seus conhecimentos, sugiro que assista a série 
Pose (2018) com MJ Rodriguez, Billy Porter, Indya Moore, Ryan Ja-
maal Swain, entre outras e outros no elenco. Essa premiada série se 
passa na Nova York no final dos anos de 1980, época em que ocorre 
o surgimento dos bailes LGBT. Blanca (MJ Rodriguez) abriga em sua 
casa jovens LGBT que foram expulsas e expulsos de suas casas, for-
mando, assim, uma nova família que deseja vencer os campeonatos 
dos bailes. A série também traz debates sobre HIV/Aids, entre outros 
temas relacionados aos modos de vida LGBT do final do século XX. 
DICA
DICA
21
Você pode organizar seus horários para assistir ou ouvir o material 
aqui sugerido em horários alternativos entre um estudo e outro. Re-
serve um tempo para assistir aos vídeos no mesmo intervalo em que 
faz uma refeição ou quando tiver um tempo de folga. 
Agora que já temos as definições de gênero e sexualidade, 
vamos discutir um pouco mais sobre essas categorias para apro-
fundarmos o nosso estudo. Para tanto, veremos algumas pesquisas 
feitas no campo da educação cujos debates sobre gênero e sexuali-
dade nos ajudarão a concretizar os conhecimentos sobre essas ca-
tegorias como construção história, cultural, política e discursiva. 
Assim, o objetivo é que possamos ampliar os nossos olhares para 
este debate através dos diferentes objetos empíricos estudados pe-
las pesquisadoras e pelos pesquisadores. Vamos lá!
Uma das principais fontes de inspiração para a construção do Tra-
balho de Conclusão de Curso (TCC) são os temas das disciplinas que 
mais gostamos no curso. Pensando nisso, é importante começar 
fazendo a revisão da literatura e as principais bases de dados para 
essa investigação são: site da Coordenação de Aperfeiçoamento 
de Pessoal de Nível Superior (CAPES); o Google Acadêmico e o site 
da Scientific Electronic Library Online (SciELO). Lembre-se que 
um trabalho de TCC bem feito deve apresentaruma boa revisão da 
literatura. 
Dito isso, a partir de agora trarei dicas de leitura para que 
você possa ampliar seus conhecimentos.
DEFINIÇÃO
22
Caro(a) aluno(a),
O primeiro estudo que veremos é o artigo de Rosângela Tenó-
rio de Carvalho, pesquisadora do campo da educação. Em seu traba-
lho Lili a garota atômica: representação da mulher (2015), Rosângela 
estudou a representação da mulher na revista Lili a garota atômica. 
Esse trabalho contribui no entendimento de como as histórias em 
quadrinhos, um produto cultural, atuam na formação das identida-
des de gênero.
Ao trazer para o debate as histórias em quadrinhos como a políti-
ca cultural, Carvalho (2015) mostra que esses produtos funcionam 
como território do discurso de gênero. As formas como a mulher 
está representada na HQ está carregada de enunciados que vão lo-
calizando as mulheres das esferas sociais. 
O termo enunciado advém dos estudos do campo da Análise do Dis-
curso (AD). Com base no pensamento do filósofo Michel Foucault, 
Edgardo Castro (2016, p.136) define esse termo como uma propo-
sição ou uma frase desde as condições de sua existência, não como 
proposição ou como frase. O que o autor está nos dizendo, no verbete 
do seu dicionário Vocabulário de Foucault, é que, para compreender 
os enunciados, precisamos nos distanciar das falas, das imagens, 
dos textos, dentre outras formas materiais, para o encontrar dis-
perso em outras localizações no tempo que o permitiram existir. 
Assim, uma fala proferida em um canal no YouTube nos anos 2020 
pode carregar os mesmos anunciados construídos há décadas, pois 
assim são os anunciados, eles têm uma materialidade que atravessa 
o tempo e que ganham existência na fala de diferentes sujeitos em 
momentos distintos. 
A revista Lili a garota atômica, uma história em quadrinho 
para o publico feminino, é parte das primeiras histórias em quadri-
nhos feita por mulheres e para as mulheres que obteve um grande 
REFLITA
23
sucesso no Brasil. Carvalho (2015) nos escreve que, no contexto ge-
ral dos enunciados sobre a mulher nessa HQ, há o retorno de narra-
tivas conservadoras que se repetem na fabricação do discurso sobre 
a mulher.
O exemplo do estudo feito por Carvalho (2015) contribui no 
entendimento de como os produtos culturais posicionam as identi-
dades de gênero, movimento que ajuda na construção de como de-
vem ser e estar no mundo homens e mulheres.
Trabalhos como o de Carvalho (2015) podem inspirar outros estudos 
de educação e gênero e ajudar na organização de ideias. Pesquisas 
como essa, fortalecem os estudos dentro do campo da teoria curri-
cular em educação. 
O segundo estudo é sobre a posição dos sujeitos do ponto 
de vista de gênero no espaço na dissertação de Wanderson Santos 
(2021), que traz uma discussão sobre as fronteiras de gênero no es-
paço da biblioteca. Ao analisar um relatório da Biblioteca Pública 
do Estado de Pernambuco de 1927, o autor encontrou um trecho no 
documento que diz sobre a criação de uma sala de leitura específica 
para as mulheres com materiais “seguros” a educação feminina. 
Em contrapartida, no trabalho de Santos (2021), no mesmo 
documento há o planejamento de salas de estudo para os homens 
com livros científicos, em uma clara tentativa em manter os ho-
mens nos espaços de condução da sociedade, enquanto as mulheres 
se dedicam ao cuidado da família e docilidade.
Para fechar essa síntese de pesquisa falaremos do trabalho de 
doutorado de Natália Belarmino (2020) sobre gênero com o tema 
das youtubers. A autora nos diz sobre a forma como as influencia-
doras digitais, de diferentes canais do YouTube, atuam na formação 
das identidades de gênero do seu público. O estudo dessa autora se 
DEFINIÇÃO
24
faz importante e atual para que possamos compreender como os 
processos que vão dizendo sobre o que é ser mulher acaba formando 
a identidade da mulher.
Para Belarmino (2020), nos canais do Youtube circulam 
enunciados que atuam como uma pedagogia cultural que atravessa 
outras pedagogias culturais na produção das representações de gê-
nero através de sua ação performática. Assim, ao analisar diferentes 
canais voltados para públicos específicos por faixa etária, a autora 
percebeu o quanto os vídeos postados nos canais têm importância 
na formação dos sujeitos, em específico na construção da menina-
-mulher e feminilidade.
O termo pedagogias culturais vem do campo dos Estudos Cultu-
rais em Educação. De acordo com Tomaz Tadeu da Silva (2017), os 
Estudos Culturais fazem uma análise da cultura, na concepção do 
Raymond Williams (1992), como um sistema de significação. O que 
se compreende como cultural é tudo que tem usos sociais, se as pes-
soas consomem, praticam, tentam ser aquilo que leem, assistem ou 
participam na sua prática social, pode ser visto como cultura.
Paula Andrade e Marisa Vorraber Costa (2017, p.), pesqui-
sadoras do campo dos Estudos Culturais em Educação no Brasil, 
definem as pedagogias culturais como relação de ensino e apren-
dizagem em diferentes espaços da sociedade regulados pela cul-
tura. Os movimentos sociais, os produtos midiáticos, os materiais 
escolares, dentre muitos outros espaços são pedagogias culturais, 
tal como dito por Ellsworth (2017) são lugares de aprendizagem. 
Assim, as pedagogias culturais não são elaboradas com a inten-
ção de educar, porém, atuam formando os diferentes sujeitos na 
esfera social.
SAIBA MAIS
25
Os estudos de gênero contemporâneos têm muita influência do filó-
sofo francês Michel Foucault (1926-1934), com sua obra História da 
Sexualidade. Dividida em quatro volumes: a vontade de saber, o uso 
dos prazeres, o cuidado de si; as confissões da carne, o filósofo faz 
um estudo sobre a sexualidade no mundo ocidental.
Mas, você pode estar se perguntando: Por que é importante 
ter uma noção sobre as pedagogias culturais? A resposta é bem di-
reta: Porque ela nos ajuda a desestabilizar as metanarrativas que, 
historicamente, invisibilizaram identidades e modos de ser e estar 
no mundo, assim, contribuem para que possamos ampliar os nossos 
olhares e caminhos investigativos e, ainda, potencializar os nossos 
trabalhos em torno de gênero e sexualidade. 
Na perspectiva de Costa (2007), os Estudos Culturais em 
Educação se referem a um campo de investigação que busca estudar 
mídias, espaços, artefatos culturais, dentre outros, como campos de 
significação. Essa perspectiva teórico-metodológica vai nos dizer 
que todos os produtos culturais são pedagogias culturais (SILVA, 
2017), atuam educando e formando os sujeitos na sociedade, por-
tanto formam identidades. 
Como você pode perceber, os estudos de educação e sexuali-
dade podem ser desenvolvidos na perspectiva dos estudos culturais 
por estarem dentro do campo de investigações sobre subjetividades, 
pois, iniciar os estudos de educação e sexualidade é começar a per-
ceber como os diferentes espaços sociais, principalmente a escola, 
atuam na produção da identidade dos sujeitos. 
Assim, ao final dos seus estudos, pretendemos leva-lo(a) a 
compreender e respeitar as identidades de gênero e sexualidade 
para, então, atuar no combate a situações de desigualdade do ponto 
de vista de gênero na escola, e assim, evitar que ela se torne espaço 
de violências. É para o respeito às diferenças e a dignidade humana 
que estamos neste processo de estudo.
DICA
SINTETIZANDO
26
Para uma melhor compreensão de todas as informações que estão 
sendo passadas neste momento, é importante você se organizar 
para conseguir aproveitar ao máximo cada uma delas. Para isso, é 
importante desenvolver o hábito de fazer fichamentos dos textos. 
Fichamentos são pequenos resumos de tudo que foi lido. Eles fun-
cionam bastante para revisões futuras sempre que você precisar es-
tudar para provas, seminários ou quando estiver escrevendo algum 
trabalho de conclusão de curso.
Caro(a) aluno(a),
Neste material, iniciamos os nossos estudos sobre Educação e Se-
xualidade abordando as noções de gênero e de sexualidade com 
suas contextualizaçõeshistóricas e usos sociais. Aprendemos sobre 
a identidade de gênero e a sexualidade como construções inseridas 
em um contexto histórico-social e cultural, como resultado de pro-
dução política e discursiva.
Vimos diferentes pesquisas sobre gênero e sexualidade no campo 
da educação que nos ajudaram a ampliar o debate que se inicia com 
este módulo. Elas também podem servir como fonte de inspiração 
para outras pesquisas que você possa desenvolver com a temática 
aqui abordada. Por isso, vale muito a pena ler com mais profundi-
dade cada um desses trabalhos e desenvolver as leituras que aqui 
foram apresentadas.
Agradeço por sua parceria e desejo a você sucesso!
UN
ID
AD
E
2
Objetivos
Pensando em como construir sua trilha de aprendizagem, apartir 
de agora, juntos, buscaremos:
1. Compreender os paradigmas subjacentes às abordagens da 
educação sexual através da história; 
2. Identificar os pilares da Educação e da Sexualidade nos PCNs 
para o trabalho na escola;
3. Desmistificar preconceitos e mitos ainda existentes. 
Vamos começar!
28
Introdução
Prezado(a) estudante,
Neste momento estudaremos o contexto da abordagem da 
educação sexual na história e seus reflexos no cotidiano escolar 
da sociedade, olhando para a escolarização brasileira. Além disso, 
abordaremos a educação para a equidade de gênero e a prevenção do 
preconceito e da discriminação.
O respeito às identidades culturais é um dos compromissos 
que todos nós precisamos ter neste processo de construção dos co-
nhecimentos desta disciplina, portanto, olharemos para os Parâ-
metros Curriculares Nacionais: pluralidade cultural e orientação 
sexual. Nesse cenário, o PCNs/1997 é o documento oficial que nos 
ajudará a compreender como o debate de Educação e da sexualidade 
pode ser trabalhado na escola.
Assim, de acordo com os Parâmetros curriculares nacionais, 
pluralidade cultural, orientação sexual (PCNs/1997), os objetivos 
gerais do Ensino Fundamental visam promover nos alunos a ca-
pacidade de compreender a cidadania do ponto de vista do enga-
jamento social e político, exercendo da melhor forma possível seus 
direitos e deveres políticos, sociais e civis. 
Dessa maneira, o Ensino Fundamental se configura como 
o momento de construção de práticas de combate às injustiças e 
de promoção de uma cultura de respeito para que todos tenham a 
capacidade de se posicionar criticamente, fazendo uso do diálogo 
como forma de resolver conflitos, por meio da mediação e, além 
disso, para agir coletivamente sempre de modo justo. 
Os PCNs apontam que uma das características gerais é for-
mar nos alunos os conhecimentos fundamentais sobre o nosso país 
com as suas dimensões sociais, culturais e materiais. É dessa for-
ma que esses parâmetros vão nos dizer sobre a importância de uma 
formação da identidade nacional e pessoal e, consequentemente, do 
sentimento de pertencimento do país, com todas as suas riquezas 
29
culturais e materiais, para que os alunos possam valorizar a plurali-
dade de identidades que forma o país.
Pensando nisso, convido você a conhecer os principais tópi-
cos que serão trabalhados nesta unidade, são eles: 
1. Os Paradigmas subjacentes às várias abordagens da educação 
sexual através da história e seus reflexos no cotidiano da so-
ciedade, com foco para a escolarização brasileira;
2. A educação para a sexualidade e para a equidade de gênero;
3. Prevenção do preconceito e da discriminação, no respeito às 
identidades culturais e à alteridade.
Dito isto, você está preparado(a) para todos os ensinamen-
tos que terá a partir de agora? Lembre-se que a sua participação é 
extremamente importante neste processo de construção do conhe-
cimento. Por isso, não deixe de reservar um momento para confe-
rir o material da disciplina, fazer as leituras propostas e assistir às 
mídias compartilhadas. Faça sínteses e registre as notas de tudo que 
for aprendendo. 
Bons estudos! 
30
A Educação para a Sexualidade e para 
a Equidade de Gênero: Prevenção do 
Preconceito e da Discriminação, no 
Respeito à Alteridade
Caro(a) aluno(a), educar para a sexualidade e para a equidade de gê-
nero é criar na escola as condições para que as identidades de gênero 
possam ser respeitadas no espaço educativo e em outras instâncias 
na esfera social. Esse processo de construção do respeito permite a 
prevenção das mais variadas violências e discriminação, possibili-
tando que o respeito à alteridade se faça presente.
Pensar do ponto de vista da equidade de gênero é entender 
que todas as identidades de gênero devem partir das mesmas con-
dições de igualdade e que não podem ser negadas ou desprestigiadas 
pelo simples fato de ser como são.
Pensando nisso, o espaço da escola se configura como um 
lugar de construção dessa temática para que as gerações seguintes 
possam existir no mundo do trabalho, respeitando cada vez mais 
a diversidade cultural que faz parte do mundo. Se olharmos para a 
escola brasileira nos primeiros anos do século XX, a menos de um 
século, vamos perceber que, naquele tempo, as divisões por gênero 
apareciam na escola através de diferentes modos, como na arquite-
tura, no currículo e nas escolhas pedagógicas. 
Formar para a cidadania participativa e para a defesa das con-
dições de igualdade é o que fundamenta os Parâmetros Curriculares 
Nacionais, buscando formar a identidade nacional e pessoal. Assim 
poderemos formar sujeitos capazes de sentirem-se pertencentes ao 
país e em condições de existir, defendendo o nosso patrimônio cul-
tural e material.
Conhecer sobre a diversidade do patrimônio sociocultural 
brasileiro é o ponto de partida para a instauração dos fundamentos 
da Educação e a Sexualidade. É esse processo de conhecimentos so-
bre o próprio país e outros povos e nações que funcionará como base 
para que as alunas e os alunos possam desenvolver as condições 
31
necessárias para se posicionarem contra todas as formas de discri-
minação pautadas nas diferenças culturais.
Além disso, é nesse horizonte que vemos o quão importante 
é a Educação e a Sexualidade para a formação dos sujeitos da escola. 
Conforme consta nos PCNs da pluralidade cultural e da orientação 
sexual, em termos gerais, o objetivo principal do Ensino Funda-
mental é desenvolver o conhecimento de si e das suas capacidades 
afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e 
de inserção social. Lembre-se que esses conhecimentos possibilita-
rão o exercício da cidadania. 
Do ponto de vista dos PCNs, a pluralidade cultural e a orien-
tação sexual na escola serão importantes para que as alunas e os 
alunos se conheçam e cuidem do próprio corpo e, assim, passem a 
cuidar e valorizá-lo, escolhendo hábitos saudáveis que vão desde 
a escolha de alimentos e atividades físicas, até mesmo as relações 
afetivas que os/as façam crescer emocionalmente. Além disso, é 
importante dizer que os PCNs visam dar diretrizes para preparar os 
sujeitos da escola para agir com responsabilidade em relação à sua 
saúde e à saúde coletiva. 
Conforme consta nos PCNs, para que todos os objetivos e 
conhecimentos sejam desenvolvidos, é importante a utilização de 
diferentes linguagens de diferentes áreas, seja a verbal e a não ver-
bal, a gráfica, a plástica, da matemática ou mesmo a corporal, como 
meio de produção e comunicação das suas ideias. Essa forma é o que 
funcionará para que todos possam usufruir das produções culturais. 
Desta forma, a escola se coloca como o espaço da preparação 
para que todos, em contextos públicos e privados diversos, possam 
atender às diferentes tensões situacionais. Assim, de acordo com os 
PCNs da pluralidade sexual e da orientação sexual, deve-se prepa-
rar os sujeitos na escola para que possam oferecer as respostas com 
as diferentes fontes de informação e tecnologias no seu processo de 
construção do conhecimento. 
Além disso, consta nos PCNs (1997) que cabe à escola a pos-
sibilidade de empreender uma reflexão que integre, de maneira 
ímpar, teoria e prática, reflexão e ação. Esse trabalhodeve ser cons-
truído por meio de fundamentos éticos, conhecimentos jurídicos, 
32
históricos e geográficos, sociológicos, antropológicos, linguagens, 
populacionais, psicológicos e pedagógicos. 
Como você pode perceber, os fundamentos éticos direcionam 
a proposta curricular para a construção da cidadania visando às di-
versidades existentes na sociedade. Conforme consta nos PCNs, a 
ética norteia e estabelece existências para que todos os sujeitos da 
escola, em particular educadoras e educadores, para que atuem de 
maneira ética e coerente. Assim, a escola contribui para promover 
princípios éticos de dignidade, justiça, equidade e solidariedade 
cumprindo, assim, o princípio constitucional de igualdade. Esses 
fundamentos vão exigir de todos que fazem a escola sensibilidade 
para com a diversidade cultural e modos de combater toda forma de 
injustiça e violência. 
Pensando assim, os conhecimentos jurídicos vão nortear a 
organização do ambiente escolar e garantir a fluidez da sua dinâ-
mica, assegurando todas e todos dentro do espaço da escola. Todos 
esses fundamentos, conforme consta nos PCNs da pluralidade cul-
tural e da orientação sexual, vai apontar para a defesa da dignidade 
da pessoa humana, com base nos Direitos Humanos, para que seja 
todas as formas de violência sejam combatidas no espaço escolar.
Dessa maneira, conhecimentos históricos e geográficos vão 
ajudar no processo de formação sobre o território brasileiro com 
toda a sua diversidade populacional e territorial. Isso porque é uma 
forma de trabalhar diferentes temas que poderão contribuir para o 
enfretamento de violências e injustiças que, historicamente, foram 
se constituindo e fazendo parte do território brasileiro. Conforme 
consta nos PCNs, os aspectos históricos e geográficos expõem uma 
diversidade regional marcada pela desigualdade.
Além disso, para os PCNs (1997), a formação histórica do Bra-
sil é marcada por mecanismos de resistência ao processo de domi-
nação, desenvolvidos pelos grupos sociais em diferentes momentos. 
Assim, ao trabalhar com a Educação e a sexualidade na escola, con-
tribuiremos, também, para a construção dessas diferentes formas 
de dominação e as formas de resistências de grupos que procuraram 
modos de preservar sua identidade cultural.
33
Pensando nisso, para a efetivação do debate sobre a diver-
sidade cultural, faz-se importante o desenvolvimento dos conhe-
cimentos sociológicos, indispensáveis na discussão da Pluralidade 
Cultural. Esse campo de estudos nos ajuda com possibilidades de 
abertura e compreensão de processos complexos da interação entre 
fenômenos diversos. Assim, conforme consta nos PCNs, toda sele-
ção que fazemos para compor o currículo será marcada por fatores 
culturais, sociais e políticos. 
Assim, a antropologia poderá ajudar no processo de cons-
trução de conhecimentos sobre os diferentes grupos e sociedades 
humanas que não se explicam apenas pelo socioeconômico, como a 
relação do ser humano com a organização de seu grupo; mas tam-
bém pelo mágico, pelo sagrado e pela relação com o patrimônio cul-
tural, ou seja, tudo aquilo que o precede e sucede.
Diante disto, os usos das diferentes linguagens vão possibi-
litar a apropriação de diferentes códigos linguísticos de diferentes 
manifestações culturais. São formas de levar o tema da Educação 
e da sexualidade por várias e diferentes abordagens que podem se 
tornar significativas para todos. Assim, a língua portuguesa pode 
ser trabalhada para o respeito para com a diversidade regional, den-
tre outros pontos específicos, que ajudam a formar os sujeitos na 
perspectiva da cidadania.
Além disso, os conhecimentos populacionais constituem 
uma fonte de informação relevante a partir do segundo ciclo. De 
acordo com os PCNs, dados estatísticos sobre a população brasileira 
fornecem um quadro informativo de como se vive no Brasil. Essas 
informações podem ser trabalhas na sala de aula para a promoção 
da conscientização sobre as desigualdades de gênero, por exemplo. 
Como você pode perceber, trabalhar com os conhecimentos popu-
lacionais é uma forma de abrir, no ambiente escolar, debates refe-
rentes às trajetórias das etnias no Brasil, conforme consta nos PCNs.
Dessa maneira, de acordo com os PCNs, os aspectos psicoló-
gicos e pedagógicos podem auxiliar as professoras e os professores 
a compreenderem o fracasso e o sucesso que se apresentam como 
sendo mais da escola e de sua atividade didática, e não só dos alu-
nos, e, além disso, levam à redefinição de procedimentos em sala 
CURIOSIDADE
EXEMPLO
34
de aula. Do ponto de vista pedagógico, pode-se considerar decisivas 
as posturas da escola nas situações de discriminação, seja qual for 
o motivo.
Todas essas diferentes áreas do conhecimento atravessam os 
PCNs da pluralidade cultural e da orientação sexual para que tenha-
mos condições de refletir e organizar o nosso trabalho e educação 
sexual na escola da melhor forma possível. 
Dito isto, agora vamos retomar um pouco o que nos escreve 
Louro (2014) sobre a invenção da escola. 
Conforma nos escreve essa autora, desde que foi inventada, 
a escola atua exercendo ações distintivas. Ela é responsável por lo-
calizar as identidades no espaço, separando-as por gênero, classe 
social, dentre outros aspectos. Outro texto de Louro (2005) vai nos 
dizer que os currículos, os procedimentos de ensino, entre outros, 
constituem-se como espaços de construção das diferenças. 
Há quase cem anos meninas e meninos não estudavam nas mesmas 
salas, isso quando as meninas podiam estudar. E, quando esses su-
jeitos estavam na escola, cada grupo recebia uma orientação educa-
cional diferenciada. Aos meninos, muitas bases científicas e noções 
de cidadania. Já para as meninas, os cuidados com a vida doméstica e 
noções de docilidade, conforme vimos no trabalho de Santos (2021).
Caro(a) aluno(a), como exemplo, dos diferentes modos de como o 
conhecimento era distribuído do ponto de vista de gênero, temos as 
disciplinas escolares que, por muito tempo, não eram iguais. Para 
os rapazes, reforço gramatical. Já para as moças, aulas de corte e 
SAIBA MAIS
DEFINIÇÃO
35
costura. Em virtude dessas diferenças curriculares, nos primeiros 
anos do século XX, as mulheres não podiam votar e quando traba-
lhavam ganhavam espaço nas profissões de magistério e enferma-
gem, por demandarem cuidados, enquanto os homens ocupavam os 
cargos de prestígio e de comando social. 
Com o passar dos anos, essa divisão trouxe como reflexo para 
os dias atuais o aumento da violência de gênero. As manchetes de 
jornais indicam que a violência contra mulher e contra a população 
LGBTQIA+ vem aumentando nos últimos anos. Basta olharmos para 
os noticiários dos jornais ou para a timeline das nossas redes sociais 
que nos depararemos, constantemente, com essa infeliz realidade.
A violência de gênero se define como qualquer tipo de agressão 
que pode ser física, psicológica, sexual ou simbólica contra qual-
quer pessoa que esteja em situação de vulnerabilidade, devido a sua 
orientação sexual ou a sua identidade de gênero. 
Até os anos de 1990 a homossexualidade era tratada no dis-
curso médico no Brasil como perversão ou como um distúrbio se-
xual, mesmo não constando como tal nos manuais da Associação 
Médica Brasileira desde 1985, sendo retirada dos documentos legais.
Homossexualidade é o termo correto para se referir às pessoas que 
sentem atração física, estética e/ou emocional por outro ser do 
mesmo sexo ou gênero. Desde 1990 a Organização Mundial de Saú-
de (OMS) extinguiu o sufixo “ismo” quando se refere aos homos-
sexuais, pois essa terminação, nos termos médicos, está associada 
à doença. 
VOCÊ SABIA?
36
Dinis e Asineli-Luz (2007) escrevem que o trabalho de edu-
cação sexual na escola serve para problematizar a sexualidade no 
sentido de questionar as evidências e apresentar as possibilidades 
de conhecimentos para que a sexualidade seja entendida como um 
aspecto predominantemente histórico-cultural.
A perspectiva apresentadapelos autores nos possibilita des-
construir discursos normativos que regem as construções do mas-
culino e do feminino, pois esses discursos impossibilitam o respeito 
às novas vivências da sexualidade.
Para Dinis e Asineli-Luz (2007), a prevenção às ISTs (In-
fecções Sexualmente Transmissíveis), assim como o aumento do 
número de gravidez precoce, apresentam-se como as principais 
justificativas para o desenvolvimento da educação sexual no Brasil. 
O dia 17 de maio é considerado, mundialmente, a data do combate à 
lesbofobia, homofobia, bifobia e transfobia (LGBTfobia). Essa data 
marca a luta histórica contra a patologização e pela cidadania plena 
da população LGBTQIA+. 
Como dito anteriormente, foi em maio de 1990 que a OMS 
retirou o termo “homossexualismo” da CID-10. Após essa data, o 
referido termo passou a ser substituído por “homossexualidade”, 
pois o sufixo “ismo”, nos termos médicos, remete a doença. Isso 
porque, quase na metade do século passado, em 1948, os homosse-
xuais estavam incluídos na Classificação Internacional de Doenças 
(CID) como sendo uma patologia na CID-6, mas, no decorrer dos 
anos seguintes, as pesquisas científicas que foram desenvolvidas 
não confirmaram essa tese, o que provocou a retirada desta popu-
lação da lista de doenças mais de quarenta anos depois.
O entendimento de que a homossexualidade não pode ser 
mais vista como um distúrbio sexual ou perversão é datado desde 
REFLITA
37
maio de 1990 quando a OMS a retirou de seus manuais de doença. 
Além disso, a Resolução do Conselho Federal de Psicologia nº1/99, 
de março de 1999, indica normas de atuação para os psicólogos que 
passam a considerar a homossexualidade como uma orientação, 
passando a não considerá-la como distúrbio ou perversão. 
Se a Organização Mundial da Saúde (OMS), há mais de trinta anos, já 
não considera a população LGBTQIA+ dentro do seu quadro de do-
cenças, o que leva algumas pessoas a praticarem as mais diversas 
violências para com os sujeitos que compõem as identidades desta 
sigla? Se todas e todos nós somos iguais, se os nossos sangues não 
são diferentes, o que faz de alguns corpos estarem sempre em risco 
de sofrer ameças ou espancamentos gratuitos pelo simples fato de 
existirem no mundo como de fato são?
Agora que já compreendemos a importância de entender so-
bre a situação de vulnerabilidade de algumas identidades na esfera 
social, e que a escola se configura como um dos espaços que com-
bate às diferentes agressões, visando uma equidade de gênero e a 
promoção do respeito à alteridade, a partir desse momento vamos 
discutir sobre Os Parâmetros Curriculares Nacionais: pluralidade 
cultural, orientação sexual (PCNs/1997), nosso documento oficial 
que norteia as Práticas de Educação e Sexualidade na Escola. 
Os Parâmetros Curriculares Nacionais: pluralidade cultural, 
orientação sexual (PCNs/1997) apontam que o tema da educação 
e da sexualidade deve ser trabalho nas escolas da Educação Básica 
através de três eixos, são eles:
38
Figura 1 - Temas da Educação e Sexualidade nas escola s segundo o PCN
Fonte: ead.mauriciodenassau.edu.br 
Olhando para cada um desses eixos temáticos, vamos perce-
ber que o lugar da Educação e da Sexualidade é no ambiente escolar 
e, também, no não escolar. De acordo com esse documento, o desa-
fio da escola é formar numa perspectiva de construção da cidadania, 
do respeito às diferenças, da prevenção aos perigos de um ato sexual 
desprotegido e para o conhecimento do próprio corpo. 
São três eixos que geram diferentes debates em sala de aula, 
com o intuito de formar para proteger. É através das diferentes 
abordagens propostas pelo PCN que vamos contribuir para que as 
crianças, adolescentes e jovens aprendam a se proteger desde cedo e 
possam desenvolver condições para estabelecer boas escolhas para 
os seus relacionamentos ao longo da vida adulta. 
Dando continuidade aos seus estudos, vamos refletir um 
pouco sobre cada um desses eixos que norteiam o (PCNs/1997) vol-
tado para a educação e sexualidade? Vamos lá!
O corpo como matriz da sexualidade dever ser o ponto de 
partida para a construção de conhecimentos quem ajudem nos cui-
dados com o próprio corpo e o respeito à dimensão corpórea dos ou-
tros. Assim, conforme consta no (PCNs/1997), o conceito de corpo 
se refere às possibilidades de apropriação subjetiva de toda a expe-
riência na interação com o meio.
O PCNs da Educação e Sexualidade contribui para que alu-
nas e alunos possam fortalecer a autoimagem e, assim, conquistar 
uma autonomia, atribuindo à importância do corpo na identidade 
DEFINIÇÃO
39
pessoal. Trabalhá-lo na escola ajudará no processo de construção da 
autonomia e identidade dos/as educandos/as para que possam exis-
tir conscientes da sua dimensão corpórea, existindo e respeitando a 
sua e a dos/as outros/as. 
Os Parâmetros Curriculares Nacionais: pluralidade cultural, orien-
tação sexual (PCNs/1997) definem o corpo como organismo atra-
vessado pela inteligência e desejo, portanto, onde estão incluídas as 
dimensões da aprendizagem e as potencialidades do indivíduo para 
a apropriação das suas vivências.
O trabalho do corpo como matriz da sexualidade pode ser de-
senvolvido nas aulas de diferentes disciplinas como Educação Física 
e Artes Ciências Naturais para o desenvolvimento do autoconheci-
mento, respeito a todas as formas de sexualidade e prevenção de In-
fecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). 
O trabalho sobre as relações de gênero objetiva combater to-
das as formas de discriminação de gênero, questionar a rigidez dos 
padrões de conduta estabelecidos para homens e mulheres e apon-
tar para sua transformação. De acordo com o (PCNs, 1997), os pa-
drões de comportamento diferenciados para homens e mulheres 
vão sendo construídos e passados desde muito cedo, a exemplo das 
repressões de docilidade para os meninos e da agressividade para as 
meninas.
Conforme consta no (PCNs, 1997), esse tema pode ser traba-
lhado na escola a partir das disciplinas de geografia, história, língua 
portuguesa e estrangeira, matemática, artes, e até mesmo Educação 
Física. Assim, vemos a vasta possibilidade de trabalhar as relações 
de gênero em diferentes disciplinas, possibilitando também traba-
lhos interdisciplinares.
SAIBA MAIS
40
O tema da prevenção das doenças sexualmente transmissí-
veis/Aids, conforme consta no próprio nome, assume uma perspec-
tiva preventiva. O intuito é que as informações sobre as ISTs sejam 
passadas para que os/as educandos/as se protejam, entendam como 
funciona cada uma das infecções e respeitem as pessoas vivendo 
com HIV. 
O HIV é o vírus que, quando não tratado, pode acarretar a Aids, 
doença que surge em decorrência de uma infecção por HIV não tra-
tada. Hoje o tratamento para essa infecção permite que a pessoa 
possa viver bem sem transmitir o vírus. 
De acordo com o PCNs, 1997, a prevenção das doenças se-
xualmente transmissíveis/Aids pode ser trabalhada nas aulas de 
educação física e ciências da natureza. Outras áreas como a litera-
tura, história e geografia e artes também podem ser o espaço de co-
nhecimento, de discussão e de debates sobre esse tema, sempre na 
perspectiva preventiva.
Ainda segundo o PCNs/1997, o trabalho de orientação sexual 
na escola supõe refletir sobre e se contrapor aos estereótipos de gê-
nero, raça, nacionalidade, cultura e classe social ligados à sexuali-
dade. Assim, há a possibilidade de combate e enfrentamento a todas 
as formas de discriminação associadas à expressão da sexualidade, 
especificamente a população LGBTQI+.
Escrevem Dinis e Asineli-Luz (2007) que, para além dos ei-
xos (Corpo: matriz da sexualidade; Relações de Gênero; Prevenção 
das Doenças Sexualmente Transmissíveis/Aids) o PCNs deixa clara 
a necessidade de discutir a discriminação social e o preconceito de 
que são vítimas as pessoas que vivem com HIV e os doentes de Aids. 
Assim, o documento enfatiza os valores de solidariedade, respeito 
ao outro e a participação de todos no enfrentamento aos diversospreconceitos.
41
Para Dinis e Asineli-Luz (2007, p.9) o entendimento da se-
xualidade, na perspectiva histórico-cultural, possibilita vivenciar 
na escola a diversidade das relações afetivas e sociais provocadas 
pela educação sexual que traz como contribuições as novas possibi-
lidades do exercício da alteridade em contextos mais amplos.
Agora que já vimos os três eixos dos Parâmetros Curriculares 
Nacionais: pluralidade cultural, orientação sexual (PCNs/1997) que 
norteiam a educação e sexualidade na escola, vamos refletir sobre 
pesquisas dentro do campo da educação que estão relacionadas com 
o ambiente escolar. 
São trabalhos científicos interessantes e pertinentes. Eles 
podem servir de inspiração para ideias e desenvolvimento de outros 
trabalhos dentro desta mesma temática.
Escrevem Carolina Miranda e Gilvaneide Oliveira (2016) so-
bre a importância de se perceber a sexualidade sob um olhar trans-
disciplinar. As autoras pontuam que a sexualidade está presente nos 
documentos oficiais, o PCNs/1997, mas a escola ainda não aprendeu 
a contextualizar os eixos temáticos em diferentes disciplinas. 
A necessidade de formação específica para tratar deste tema é 
outra questão que emerge do trabalho de Miranda e Oliveira (2016), 
pois as autoras identificam esse problema como uma das dificul-
dades de cumprimento dos três eixos temáticos para o trabalho de 
educação e sexualidade nas escolas. 
Notamos, na pesquisa de Miranda e Oliveira (2016), que é 
possível pensar o desenvolvimento de um trabalho de educação e 
sexualidade nas escolas em diferentes disciplinas conforme nos 
propõe o PCN/1997. Essa perspectiva, além de potencializar traba-
lhos interdisciplinares, poderá promover práticas de emancipação 
no processo de formação das identidades das alunas e alunos na 
escola.
Pensando no equilíbrio emocional de todos os envolvidos, 
Miranda e Oliveira (2016) consideram que a sexualidade, como tema 
transdisciplinar na escola, pode promover crescimentos em aspec-
tos mais amplos da formação dos sujeitos da escola. 
42
Outro trabalho que traz contribuições sobre o debate da edu-
cação e da sexualidade no ambiente escolar é o artigo de Rosangela 
Tenório de Carvalho (2021) sobre rituais da escolarização e gênero. 
A autora propõe uma análise de enunciados ritualísticos no discurso 
pedagógico da educação escolarizada no século XIX na Itália.
Carvalho (2021) sustenta sua análise nos argumentos do 
caráter performático dos rituais, assim, a pedagogia é vista como 
prática de disciplinamento e da ação performática na produção dos 
sujeitos de gênero. As reflexões sobre rituais, através de diferentes 
exemplos no decorrer da arte, nos ajudam a compreender como es-
tes, apesar de parecerem inocentes, são carregados de sentindo a 
ponto de servir como atos de subjetivação. 
Esses atos vão sendo interpelados pelo saber, por isso Carva-
lho (2016) os enxerga como discursos performativos. É através de-
les, dentre tantos outros fatores, que o ambiente escolar se constitui 
como um dos espaços de produção das identidades de gênero e de 
sexualidade.
A análise de enunciados ritualísticos feita por (Carvalho 2022) 
mostra que na escola, mais do que ensinar a ler, escrever, contar, ou 
qualquer outra operação, ensinam-se modos de existir do ponto de 
vista de masculino e feminino. Assim, a autora considera os rituais 
como um sistema poderoso não por ser opressor, e sim porque ele se 
dedica, dá atenção, seleciona e individualiza os sujeitos da educação 
masculinos e femininos (CARVALHO, 2021, p. 15). 
A dissertação de Natália Belarmino (2015) sobre os cadernos 
escolares que “falam” vai nos dizer sobre os diferentes discursos 
que permeiam esse artefato tão usado por todas e todos nos dife-
rentes ambientes escolares. A autora nos diz que o caderno, artefato 
cultural de escolarização, assume funções que ultrapassam a função 
de aprendizagem, funcionando como ações identitárias.
Belarmino (2015) buscou mostrar como os cadernos esco-
lares, tão diferentes do ponto de vista estético, ensinam como, do 
ponto de vista da identidade de gênero e sexualidade, devem ser e 
estar no mundo as crianças. Assim, a autora investigou 40 cadernos 
escolares de crianças do Ensino Fundamental de escolas públicas e 
SINTETIZANDO
43
privadas de Pernambuco, percebendo que há marcadores que inter-
pelam as crianças. 
O que Belarmino (2015) nos escreve é que, nos cadernos es-
colares, a formação da identidade de gênero e sexualidade vai sendo 
construída através de elementos estéticos como a marcação das co-
res, a representação de crianças com heróis da mídia, propagandas 
sexistas e consumistas e atividades de auto-interpretação.
Com o trabalho de Belarmino (2015), podemos considerar que 
os cadernos escolares, apesar de serem artefatos culturais na escola, 
não são elaborados de modo inocente. Há todo um investimento por 
trás deles e isso acaba implicando nos comportamentos das crian-
ças atuando, assim, nas suas identidades de como devem existir no 
mundo.
Os meninos, em sua maioria, preferem os cadernos com as 
marcações dos heróis e as meninas cadernos com imagens de prin-
cesas. Dessa maneira, Belarmino (2015) escreve que os cadernos 
ainda se mostram como poderosos artefatos curriculares. E isso 
pode nos ajudar a refletir sobre como o arranjo estético dos cader-
nos atua encaixando os sujeitos em determinados lugares.
Caro(a) aluno(a),
Ao longo deste material, iniciamos os nossos estudos sobre Educa-
ção e Sexualidade abordando os paradigmas subjacentes às várias 
abordagens de educação sexual. Vimos o quanto algumas conquis-
tas tão importantes foram significativas para entender e espeitar as 
identidades que, durante muito tempo, eram tratadas como seres 
não normais. 
Essas conquistas históricas são extremamente importantes para 
que possamos estabelecer, não apenas na escola, mas em todos os 
espaços da sociedade, o respeito à alteridade e a diferença. Todas as 
identidades têm o direito de existir, de respeitar e de serem respei-
tas em qualquer ambiente. Ninguém pode sofrer discriminação ou 
44
violência pelo simples fato de ser quem são. Por isso a conquista da 
retirada da retirada do sufixo “ismo”, por parte da OMS, do quadro 
de doenças se faz tão significativa para a população LGBTQUIA+.
Esses movimentos mobilizam a história, quebram ciclos viciosos e 
têm o poder de modificar o curso das coisas. Pensar através desse 
ponto de vista vai nos ajudar a construir o foco da escolarização bra-
sileira na perspectiva da emancipação dos sujeitos que por ela pas-
sam, pois a educação para a sexualidade precisa seguir a perspectiva 
da equidade de gênero, prevenção do preconceito e discriminação. 
Para que a educação e a sexualidade se configurem como constru-
ções significativas no ambiente escolar, é importante considerar o 
que consta nos Parâmetros Curriculares Nacionais: pluralidade cul-
tural, orientação sexual (PCNs/1997), documento legal e oficial que 
é a base comum para o ponto de partida para todos os trabalhos de 
educação e sexualidade na escola.
Olhar para os eixos dos Parâmetros Curriculares Nacionais da plu-
ralidade cultural, orientação sexual, nos revela uma urgência da 
promoção da educação e da sexualidade no ambiente escolar, pois 
o Brasil é uma dos países que mais aprensentam problemas que de-
correm da ausência de uma educação para a sexualidade. 
Quanto aos problemas, estamos conscientes da sua ocorrência com 
frequência. Podemos citar a gravidez precoce, as infecções por atos 
sexuais desprotegidos, a violência de gênero, os crimes contra a 
população LGBTQUIA+, dentre outros. Pensando nisso, o debate da 
educação e da sexualidade na escola se coloca como o espaço para a 
interrupção desses ciclos e, assim, pode ser estabelecido na pers-
pectiva de uma emancipação e conscientização para evitar que de 
essas pessoas estarem sempre vulneráveis. 
Sabemos que os pilares que norteiam os Parâmetros Curriculares 
para a educação e para a sexualidade na escola apontamque os tra-
balhos podem ser feitos em diversas disciplinas da Educação Básica, 
possibilitando também articulações interdisciplinares. Assim, para 
a efetivação dos objetivos postos no PCNs/1997, é importante que 
professoras e professores conheçam o tema para, então, refletir e 
desenvolver as suas práticas. 
45
A educação e a sexualidade na escola ajudam nas percepções que as 
alunas e os alunos podem desenvolver sobre o prórpio corpo, so-
bre as relações de gênero e os conhecimentos sobre as infecções 
sexualmente transmissíveis. Todos esses conhecimentos são fun-
damentais para que possam crescem aprendendo a estabelecer 
boas escolas para seus relacionamentos e, também, aprendendo a 
se proteger dos perigos que uma relação sexualmente de risco pode 
causar.
Infelizmente na nossa sociedade permiam diferentes preconceitos. 
Um dos mais expressivos ainda hoje é sobre o HIV/Aids. O conheci-
mento correto sobre esse vírus é uma das formas de prevenção, pois 
é importante que todos não se sitam amendrotados porque o medo 
só atrapalha a prevenção e o tratamento. 
Trabalhar na escola para a prevenção das Infecçoes Sexualmente 
Transmissíveis é uma das formas preventivas, tal qual a prevenção 
da gravidez precoce. Assim, quanto mais os jovens estiverem muni-
dos de informação, melhor poderão se relacionar sem exposição a 
grandes riscos.
Além disso, nesse material vimos diferentes pesquisas sobre gênero 
e sobre sexualidade no campo da educação que nos ajudaram am-
pliar o debate deste módulo. É importante considerar que esses são 
temas que podem inspirar outras pesquisas a serem desenvolvidas 
com as temáticas aqui abordadas. Vale muito a pena ler com mais 
profundidade cada um dos trabalhos citados e, assim, desenvolver 
as leituras que aqui foram apresentadas.
Não deixe de conferir o material audiovisual e de leitura indicados 
aqui. 
Bons estudos! 
UN
ID
AD
E
3
Objetivos
Caro(a) aluno(a), ao final desta etapa de estudos, você deverá:
1. Compreender abordagens pedagógicas da educação sexual no 
Brasil;
2. Identificar estudos e teorias de gênero, educação e sexualidade;
3. Compreender as interfaces entre gênero, orientação sexual e 
igualdade étnico-racial.
Vamos começar!
48
Introdução
Caro(a) estudante, bem-vindo(a) à mais uma fase de estudos da 
disciplina de Educação e Sexualidade. Neste momento, estudaremos 
as abordagens pedagógicas da educação sexual no Brasil, as inter-
faces de gênero, de orientação sexual e de igualdade étnico-racial. 
Discutiremos aqui os estudos de gênero e educação, em sua história, 
seus conceitos e seus movimentos políticos.
Estudaremos também os principais objetivos que norteiam os 
Parâmetros Curriculares Nacionais da orientação sexual e como eles 
podem nos ajudar a refletir sobre diferentes pontos que estão rela-
cionados ao campo da educação para pensarmos a educação, pois 
este documento curricular é a nossa base para colocar em prática a 
educação na escola. 
Veremos as abordagens pedagógicas da educação sexual a 
partir dos Parâmetros Curriculares Nacionais da orientação sexual. 
Faremos reflexões sobre a sexualidade em diferentes etapas da vida 
humana, buscando compreender cada uma delas para melhor de-
senvolver estratégias para trabalhar com as alunas e os alunos no 
espaço escolar e não escolar, estabelecendo reflexões que promo-
vam a igualdade étnico-racial. 
Além disso, veremos a partir desde documento como se ex-
pressam as relações de gênero na sociedade e como os fundamentos 
dos Parâmetros Curriculares Nacionais da orientação sexual podem 
nos ajudar a melhor compreender as desigualdades para produzir-
mos práticas de atuação na escola que promovam a igualdade e não 
as diferenças no espaço escolar e não escolar.
Fique atento(a), pois a reflexão sobre os estudos de gênero e 
educação, em sua história, seus conceitos e movimentos políticos 
será feita a partir da abordagem das teorias feministas e queer pela 
importância epistemológica e política para pensarmos a educação e 
a sexualidade em perspectivas mais amplas. 
Pensando nisso, as teorias feministas se fazem significati-
vas devido ao levantamento em torno das questões discursivas que 
49
permeiam as diferentes circunstâncias e produtos culturais que vão 
contribuindo para a formação identitária dos sujeitos. O que esse 
campo teórico vai nos dizer é que, as representações das identidades 
de gênero não partem do mesmo lugar e que algumas ocupam posi-
ções de prestígio e privilégio enquanto outras seguem em posições 
subalternizadas.
Assim, uma pedagogia feminista vai levantar a importância 
sobre as desconstruções de narrativas que, historicamente, vem 
promovendo práticas de desigualdade e distanciamento entre as di-
ferentes identidades de gênero. Essa perspectiva que vai nos indicar 
a importância de estabelecimento do clima de respeito. 
Já as terias queers tomam o termo estranho como um discur-
so que releva que esse outro, estranho e incomum, possa ser visto 
como um corpo político e que tem o direito de existir enquanto cor-
po estranho. Assim, essas teorias propõem que a escola se configura 
como um espaço de acolhimento das diferenças no seu direito de 
existir enquanto diferenças.
Dessa maneira, veremos o quão importante é o pensar queer 
enquanto proposta de pedagogia para as percepções do corpo es-
tranho na sua importância política como expressão cultural das 
diferenças no espaço. Assim, veremos como essa perspectiva pode, 
assim como a feminista, ajudar na ampliação do nosso olhar para 
com as diferenças.
Para fortalecer o entendimento das ideias centrais deste ma-
terial, veremos trabalhos desenvolvidos dentro do campo da edu-
cação que seguiram os fundamentos teóricos que estão presentes 
no debate aqui apresentado. Assim, são importantes, não só para 
inspirar as ideias para o desenvolvimento de reflexões e trabalhos 
futuros, como também para fornecer novos olhares e para pensar o 
fazer a educação.
Assim, nas próximas linhas iremos trabalhar os seguintes 
tópicos: 
 – Abordagens pedagógicas da educação sexual no Brasil e 
as interfaces entre gênero, orientação sexual e igualdade 
étnico-racial;
50
 – Estudos de gênero e educação, em sua história, seus conceitos 
e movimentos políticos.
Tudo pronto para iniciarmos mais uma etapa de estudos? É 
importante salientar, mais uma vez, que a sua participação é ex-
tremamente importante neste processo de construção do conhe-
cimento. Reserve um momento para conferir o material. Faça as 
leituras aqui propostas, assista às mídias aqui compartilhadas e não 
deixe de sintetizar em notas tudo o que for aprendendo. 
Bons estudos! 
51
Abordagens Pedagógicas da Educação 
Sexual no Brasil: Interfaces entre 
Gênero, Orientação Sexual e Igualdade 
Étnico-Racial
A existência da pluralidade cultural no Brasil é resultado de um lon-
go processo histórico de interação que envolve aspectos políticos e 
econômicos. Ele explica o porquê devemos dedicar tanta atenção à 
questão da diversidade cultural, pois é a base da formação da socie-
dade brasileira.
Se você parar para observar, a nossa formação cultural é 
composta de culturas diferentes que coexistem, cada qual com a 
sua singularidade. Assim, estão todas ligadas às suas identidades de 
origem que são compostas pelos diferentes grupos étnicos e cultu-
rais. Os diferentes modos de existir são formas diversas de ocupar 
o espaço e cada expressão cultural influencia e é influenciada por 
outras. 
A identidade nacional se dá em uma constante redefinição 
devido às diversas trocas culturais que ocorrem no Brasil. Com-
preender que somos diferentes coexistindo entre si é a base para 
construir a educação e sexualidade no espaço escolar e não escolar.
Se pensarmos do ponto de vista do espaço, os modos de vi-
ver, ainda que na mesma região, não são da mesma forma. Viver nas 
áreas urbanas é diferente da experiência de viver nas regiões rurais 
em um mesmo espaço. E, quando pensamos em uma escala nacio-
nal, os nossos olhares para com a diversidadese ampliam devido 
ao tamanho do Brasil, país de dimensões continentais. Os Parâ-
metros curriculares nacionais da pluralidade cultural e orientação 
sexual (PCNs/1997) reforçam que a diversidade marca a vida social 
brasileira. 
Assim, de acordo com os PCNs da pluralidade cultural e 
orientação sexual, a diversidade cultural brasileira vem sendo pou-
co explorada. Esse problema coloca a escola para refletir sobre al-
guns dos silenciamentos para com algumas expressões culturais, 
52
uma vez que ela é composta pelas diferenças e é na escola que as 
crianças e jovens aprendem uns sobre os outros.
Os PCNs da pluralidade cultural e orientação sexual vão con-
siderar que o debate sobre sexualidade na escola se faz importante 
por se tratar de um tempo necessário ao aspecto do ser humano que 
não está desvinculado a outros aspectos da vida. Assim, a sexuali-
dade não pode ser vista como sinônimo do ato sexual, pois, vai além 
disso, envolve sentimentos afetivos, cuidados de si e respeito ao 
outro. 
O desenvolvimento da vida psíquica do indivíduo é outro 
grande benefício que o trabalho de orientação sexual pode trazer, 
por construir diferentes conhecimentos que estão relacionados ao 
desenvolvimento afetivo, podendo trazer contribuições para a for-
mação de vínculos afetivos. 
Conforme consta nos PCNs, a sexualidade na infância e ado-
lescência é algo que começa a ser construído desde os contatos de 
uma mãe com seu filho, em que são despertadas as primeiras vivên-
cias de prazer. Essas primeiras experiências não são essencialmente 
biológicas, mas formam o repertório psíquico do indivíduo.
A sexualidade infantil se desenvolve desde os primeiros dias 
de vida e continua se manifestando de forma diferente em cada 
momento no período da infância, sendo construída a partir das 
possibilidades individuais e da interação com o meio. Assim, as ex-
periências culturais acabam sendo significativas para a formação 
desse processo. 
De acordo com os PCNs da orientação sexual, os padrões de 
comportamento têm origem nas representações sociais e culturais 
elaboradas a partir das diferenças biológicas dos sexos. Assim, a 
educação tem um papel significativo nesse processo de transmis-
são, sendo essas representações fundamentais para a formação da 
identidade da criança.
A puberdade se refere à fase de mudanças físicas com altera-
ções hormonais que, quase sempre, provocam estados de excitação 
difíceis de controlar. Essa é a fase de descobertas e experimentações, 
em que pode ocorrer a exploração da atração e das fantasias sexuais 
53
com pessoas do mesmo sexo e do outro sexo, conforme consta nos 
PCNs da orientação sexual.
A adolescência é marcada pela pressão da sexualidade e da 
intensificação das vivências amorosas. Esses aspectos são centrais 
na vida desses jovens, assim, o olhar para a sensualidade e, confor-
me consta nos PCNS da orientação sexual, “malícia” se fazem pre-
sentes nos movimentos, na postura, nas escolhas para vestimentas, 
escolhas musicais, dentre tantas outras coisas que os adolescentes 
escolhem para si. 
Para o trabalho de orientação sexual no espaço escolar, é pre-
ciso que a escola esteja aberta ao debate e em condições para que 
esse debate possa fluir com foco na reflexão para a melhoraria do 
desenvolvimento de todas as alunas e alunos. Segundo os PCNs da 
orientação sexual, é papel na escola trabalhar os diversos pontos de 
vista, valores e crenças existentes na sociedade para auxiliar os es-
tudantes a elaborar valores através das reflexões. 
Além disso, é importante considerar que o trabalho da escola 
não substitui o da família. Ambas, escola e família, devem traba-
lhar juntas neste processo de construção da educação e sexualidade, 
mantendo uma relação de interdependência. 
O trabalho de educação e sexualidade no ambiente escolar 
deve ser desenvolvido de forma sistemática. Isso significa que o 
processo de escolha dos temas, o planejamento das aulas e a exe-
cução das atividades deve passar por critérios de escolha do(a) pro-
fessora(o) que deve procurar sempre respeitar e diversidade e as 
diferenças culturais que fazem parte do país. 
Os PCNs da orientação sexual vão indicar que os diferentes 
temas da sexualidade precisam ser trabalhados dentro do limite da 
ação pedagógica, sem invadir a intimidade e o comportamento de 
cada aluno ou professor. Essa é uma forma de ensinar as alunas e 
alunos sobre os limites para evitar posturas que só podem ser man-
tidas na vivência pessoal.
A proposta é de que a orientação sexual na escola aborde, com 
crianças e jovens, os desdobramentos das mensagens transmitidas 
pela mídia, pela família e pelas instituições da sociedade. Assim, é 
EXEMPLO
REFLITA
54
importante que o espaço seja um local de debate atualizado sobre os 
principais tópicos do tema. 
Assim, é através de debates atualizados que alunas e alunos 
poderão desenvolver atitudes coerentes com a própria escolha de 
valores dentro daquilo que nos debates foi aprendido. 
No ambiente escolar é provável perceber algumas manifestações 
da sexualidade infantil. Essas manifestações se dão por meio de ca-
rícias, curiosidade sobre o corpo do outro, brincadeiras, piadas e, 
até mesmo, na apresentação de produtos culturais que possam ex-
pressar o tema. Assim, conforme nos indica os PCNs da orientação 
sexual, é importante que a escola se posicione no esclarecimento 
de dúvidas e curiosidades sobre este tema e contribua para que a 
criança aprenda a distinguir as expressões que fazem parte da sua 
intimidade e privacidade daquelas que são pertinentes ao convívio 
social.
Suponhamos que você esteja na escola e se depare com uma situa-
ção em que alguém no grupo de alunos faz a manipulação curiosa e 
prazerosa dos genitais ou brincadeiras que envolvam contato cor-
poral nas regiões genitais. Isso se dá de modo recorrente nos ciclos 
iniciais. Como você agiria? 
A resposta para essa pergunta está contida nos PCNs da educação e 
orientação sexual: A intervenção dos educadores deve se dar de for-
ma que aponte a inadequação de tal comportamento às normas do 
convívio escolar, não cabendo condenar ou aprovar essas atitudes, 
mas contextualizá-las. 
DICA
55
Considerando outra situação, agora vamos supor que, após pre-
senciar um comportamento que expresse a sexualidade infantil na 
escola, os professores e a gestão pedagógica estejam pensando em 
comunicar aos pais. O que fazer? 
Novamente a resposta consta nos PCNs da educação e orientação 
sexual: os pais só devem ser chamados diante de práticas muito re-
correntes e que estejam interferindo na aprendizagem ou deman-
dem cuidados com a sua saúde. Assim, só devem ser chamados após 
a intervenção anterior dos educadores com os alunos envolvidos na 
situação.
É importante consultar os Parâmetros Curriculares Nacionais da 
orientação sexual sempre que você estiver diante de uma dúvida. 
A leitura é fluída e se faz indispensável para todas as educadoras e 
educadores de todas as etapas da educação básica. 
Consta nos PCNs que, para um trabalho consistente de orien-
tação sexual, é preciso que haja uma relação de confiança entre as 
alunas e os alunos e suas professoras e seus professores. Assim, 
cabe ao espaço da escola, informar, problematizar e debater sobre 
preconceitos, crenças e tabus que existam na sociedade.
Além disso, conforme informam os PCNs da orientação se-
xual, é preciso que os docentes mantenham certa distância das 
opiniões e aspectos pessoais para o empreendimento desta tarefa. 
Assim, é importante que a educadora ou o educador tenha acesso à 
formação específica para tratar de sexualidade com crianças e jo-
vens na escola. 
Lembre-se que uma formação adequada para tratar de se-
xualidade com crianças e jovens na escola é fundamental para cons-
trução de uma postura profissional com condições para tratar deste 
tema na escola.
56
Outra questão importante que se faz presente nos PCNs da 
orientação da sexualidade é sobre informar aos familiares do tra-
balho da educação se sexualidade

Outros materiais