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RAFAELA CORDEIRO GAMA
O CORPO E A VIVÊNCIA 
DA SEXUALIDADE 
HUMANA NAS RELAÇÕES 
SOCIAIS E DE PODER
Sumário
INTRODUÇÃO ������������������������������������������������� 3
CONCEPÇÃO DE SEXUALIDADE, SEXO, 
ORIENTAÇÃO SEXUAL E GÊNERO ����������������� 4
DUALISMO: NORMAL E DESVIANTE ����������� 11
ESTEREÓTIPOS DE GÊNERO: 
DESCONSTRUINDO ELEMENTOS 
HISTÓRICOS ������������������������������������������������17
PRECONCEITOS: ESTIGMA E 
DESIGUALDADES �����������������������������������������25
CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������������32
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS & 
CONSULTADAS ��������������������������������������������34
2
INTRODUÇÃO
Neste e-book, será empreendida uma discussão 
acerca do corpo e da vivência da sexualidade hu-
mana, contextualizando-as no desenvolvimento 
das relações sociais e de poder.
Inicialmente, conheceremos as diferenças e seme-
lhanças dos conceitos: sexualidade, sexo, orienta-
ção sexual e gênero, a partir de uma perspectiva 
histórica e crítica, pois todos esses termos estão 
envolvidos na questão sexualidade, mas cada um 
tem sua especificação científica acadêmica.
Mais adiante, trataremos do desenvolvimento 
histórico-social da ideia do que foi considerado 
“normal” e do que foi considerado “desviante” em 
termos de sexualidade. Perceberemos o que esteve 
envolvido na construção desse tipo de pensamento 
binário e dicotômico, a partir das diferenças sexuais 
e associações ao “bem” e o “mal”.
Depois, observaremos também o desdobramen-
to das construções histórico-sociais acerca dos 
comportamentos sexuais construídos a partir 
do estabelecimento do pensamento normativo 
hegemônico. 
E por fim, entenderemos como acontece a relação 
entre os estereótipos de gênero e o estabeleci-
mento e perpetuamento da estigmatização dos 
indivíduos “desviantes”. E como isso se desdobra 
em preconceitos e desigualdades.
3
CONCEPÇÃO DE 
SEXUALIDADE, SEXO, 
ORIENTAÇÃO SEXUAL E 
GÊNERO 
Você saberia diferenciar os conceitos de sexuali-
dade, sexo, orientação sexual e gênero? Será que 
esses termos se referem às mesmas coisas?
Na sociedade contemporânea, a partir do entendi-
mento do senso comum, os termos sexualidade, 
sexo, orientação sexual e gênero são, muitas 
vezes, utilizados para referenciar a mesma coisa. 
Entretanto, dentro das pesquisas e dos estudos 
científicos acadêmicos sobre sexualidade, gênero 
e Educação para a Sexualidade, esses conceitos 
diferem entre si e como vamos tratar da questão 
da educação em interface com a sexualidade, é 
necessário desmistificar esses conceitos.
É comum pesarmos em sexo para nos referirmos 
à sexualidade; além disso, existe uma compre-
ensão equivocada ao se entender os conceitos 
de gênero e de orientação sexual como sendo a 
mesma coisa. Esses termos se referem a questões 
diferentes, além de subsidiarem discussões e re-
flexões diversas acerca da sociedade e de como 
ela se organiza. Desse modo, entenderemos aqui 
4
o que cada um desses termos significa dentro dos 
estudos acadêmicos.
O ser humano, independentemente de seu sexo, 
gênero, idade e classe social, entre outros, é um 
ser sexuado, ou seja, reproduz-se de forma sexua-
da. Entretanto, ser um ser sexuado não determina 
como as pessoas irão vivenciar e experienciar a 
sua sexualidade, que está relacionada, segundo 
autores como Figueiró (2018) e Weeks (2019), 
com diferentes dimensões da vida em sociedade. 
O conceito de sexualidade tem uma história, va-
riando de entendimento tanto no tempo quanto 
no espaço. Na contemporaneidade, o conceito de 
sexualidade é algo amplo. Nesse sentido, sexuali-
dade é, segundo a Organização Mundial de Saúde 
(OMS ), em 2006, um aspecto do ser humano e 
está relacionada a diferentes questões: ao sexo, 
às identidades, à orientação sexual, à intimidade, 
ao erotismo, ao prazer e à reprodução.
É importante notarmos que a concepção de sexu-
alidade está relacionada, para além da atração e 
da relação sexual, com questões culturais, regras 
sociais, comportamentos específicos de cada 
sociedade, crenças e identidades, entre outros 
aspectos. Desse modo, percebemos então, a partir 
desse entendimento, que o conceito de sexualidade 
não está relacionado apenas a questões biológi-
5
cas, mas também sociais, históricas e culturais 
(WEEKS, 2019). 
Essa concepção de sexualidade mais alargada, ex-
trapolando o entendimento estritamente biológico, 
se estabelece a partir da discussão de Michael Fou-
cault, filósofo e historiador francês, principalmente 
na série de livros História da Sexualidade (2019). 
Para esse autor, a sexualidade, principalmente a 
história dos discursos sobre ela, está relacionada 
com formas de exercer o poder social. 
O conceito de sexo também tem sua história. 
Entretanto, não se pode confundir sexo com sexu-
alidade, eles são diferentes, apesar do sexo estar 
relacionado com a sexualidade. Sexo, como nos 
esclarece Figueiró (2018) e Weeks (2019), está 
relacionado tanto à relação sexual quanto à des-
crição das diferenças anatômicas do corpo (tanto 
internas como externas). 
Essas diferenças anatômicas são utilizadas na 
sociedade para diferenciar, principalmente, homens 
e mulheres, dentro de um sistema binário de com-
preensão do corpo. Entretanto, tal sistema também 
foi, e ainda é, utilizado para justificar relações de 
opressão e violência dentro da sociedade.
Avançando, o termo orientação sexual também se 
transformou ao longo dos anos, sendo utilizado até 
mesmo para se referir ao trabalho em Educação 
6
para a Sexualidade em documentos oficiais sobre 
currículo no Brasil. Porém, atualmente, esse termo 
é utilizado para se referir à atração ou ligação 
sentimental, afetiva ou sexual de uma pessoa por 
indivíduos de um mesmo gênero ou de um gênero 
diferente, ou mesmo de mais de um gênero (PRIN-
CÍPIOS DE YOGYKARTA, 2007).
Mas, então, o que significa gênero? Gênero é um 
conceito complexo, o qual pode ser compreendido 
a partir de diferentes visões teóricas. Sabemos 
que gênero está relacionado com a questão das 
identidades, como homem ou mulher cis ou trans, 
conforme observamos na figura a seguir:
7
Figura 1: Contextualização da questão das identidades e 
da diversidade sexual
Fonte: petpedagogia
Contudo, é essencial marcarmos aqui a compreen-
são que adotamos para abordar o tema. Gênero, 
segundo Joan Scott (2019, p. 67), é um “elemento 
constitutivo das relações sociais fundadas sobre 
diferenças percebidas entre os sexos”. Mas o que 
isso quer dizer? Para esclarecer precisamos con-
textualizar o papel do pensamento binário dentro 
da sociedade ocidental.
Historicamente, o sexo biológico das pessoas é 
categorizado de forma binária, ou seja, entre o sexo 
8
https://petpedagogia.ufba.br/importancia-das-discussoes-de-genero-e-sexualidade-no-ambiente-escolar
feminino e o sexo masculino. Essa classificação 
binária dos sexos, taxada a partir da observação 
dos órgãos externos dos bebês, passou a ser com-
preendida e reproduzida como uma organização 
mais ampla da sociedade.
O sexo biológico no ser humano é definido por um con-
junto de fatores gonodais, órgão internos e externos, 
cromossômicos e hormonais. Assim, a pessoa intersexo, 
termo guarda-chuva para diferentes condições relacio-
nadas aos fatores que definem o sexo biológico, nasce 
com uma anatomia sexual ou reprodutiva que não se 
classifica no binarismo masculino e feminino (COSTA; 
BERNARDES; PALMIERE, 2019).
Essa organização social, a partir do pensamento 
binário, pode ser observada nos símbolos culturais 
com sentidos e significados múltiplos e contra-
ditórios, como luz e escuridão, bem e mal, certo 
ou errado, azul para meninos, rosa para meninas, 
entre outros. Tais representações normatizam 
comportamentos, compreensões e organizações 
na sociedade, em diferentes instâncias e institui-
ções, além de desconsiderar outras possibilidades 
de entendimento (SCOTT, 2019).
Assim, no momento de definir o sexo biológico 
do bebê, como masculino ou feminino, é norma-
FIQUE ATENTO
9
Highlight
HighlightHighlight
Highlight
tizado na sociedade a criação de expectativas 
específicas acerca de como será a vida daquela 
pessoa. Ideias como “meninas serão educadas 
para serem belas, recatadas e do lar” e “meninos 
serão educados para desbravar o mundo e serem 
provedores de sua família” partem desse princípio 
binário de visão de mundo.
No entanto, ainda que tais expectativas não corres-
pondam à realidade de grande parte das pessoas, 
esse tipo de entendimento e organização da so-
ciedade é utilizado e reproduzido em discursos de 
poder para justificar diferentes tipos de opressões 
e violências contra pessoas que não se encaixam 
no padrão normativo de comportamento (LOURO, 
2019).
Dessa forma, percebemos que a questão de gê-
nero vai além da questão das identidades. Nesse 
sentido, os estudos de gênero, principalmente 
a partir da perspectiva feminista, nos ajudam a 
compreender as diferentes organizações sociais 
e como os discursos de poder foram sendo cons-
truídos a partir do estabelecimento do “outro” e 
justificando a submissão dos grupos considerados 
como “minorias”.
10
DUALISMO: NORMAL E 
DESVIANTE
Entendemos, anteriormente, que em nossa socieda-
de ocidental construiu-se um pensamento binário 
e dicotômico de organização da vida, incluindo 
também a sexualidade.
Essa questão da construção sócio-histórica do 
pensamento binário e dicotômico está diretamente 
relacionada com o desenvolvimento do pensamento 
médico durante o século 19 (RIBEIRO, 2004).
Michael Foucault (2019), em seus estudos sobre 
sexualidade, na série de livros intitulados História 
da Sexualidade, destacou como esse pensamento 
“normal versus desviante” foi construído ao longo 
dos séculos.
As estruturas de poder existentes até o século 
17 eram marcadas pela sociedade aristocrática, 
com a organização da monarquia e os títulos 
de nobreza. Porém, do século 17 ao século 19, 
diversas transformações sociais eclodiram na 
Europa, principalmente por parte das sociedades 
burguesas da época. Essas transformações tinham 
como objetivo modificar as estruturas de poder 
estabelecidas até então.
11
Nessa organização estrutural aristocrática existia 
grande influência do pensamento religioso, onde o 
sexo era considerado tabu. Além disso, a organi-
zação familiar, as regras do casamento – os quais 
deveriam acontecer apenas entre os membros da 
nobreza, como forma de segurança da linhagem 
do “sangue azul” – e o estabelecimento de regras 
para virtude dos cidadãos regiam o entendimento 
da sexualidade.
No entanto, durante o século 18 esses discursos, 
até então no campo da religiosidade e da compre-
ensão cristã, são extrapolados para a constituição 
do Estado burguês e das suas instituições. Segun-
do Foucault (2019), com a revolução burguesa, 
existiu uma tentativa desse estrato da sociedade 
em romper com os costumes e pensamentos da 
nobreza, com o objetivo de construir um pensa-
mento hegemônico.
Nessa tentativa, a burguesia investiu na constru-
ção do pensamento moderno, autorreferindo-se 
como o “sujeito universal”, estabelecendo todo um 
aparato ideológico e político para manutenção do 
seu poder na sociedade. Dentro desse movimen-
to, também se constituiu regras e normas para 
o comportamento sexual, sendo as práticas da 
burguesia cristã referência para a vivência de uma 
sexualidade “livre do pecado”.
12
Highlight
Assim, os discursos sobre a sexualidade normativa, 
que se referiam ao sexo como algo privado e legí-
timo apenas para a reprodução dentro da família 
conjugal, estabeleceram-se como regras sociais.
A ideia de “sujeito universal” estabelece-se a partir da 
constituição do pensamento moderno na filosofia, na 
passagem do século 17 para o século 18. Esse era, e 
ainda é na contemporaneidade, um conceito abstrato e 
subjetivo, sendo uma figura especulativa para representar 
a razão e a verdade, de caráter a-histórico. Essa ideia dá 
base ao pensamento moderno, principalmente a partir 
de filósofos como Thomas Hobbes, Immanuel Kant e 
Jean-Jacques Rousseau (SOARES, 1993).
Foucault (2019) demonstrou, então, como histori-
camente, o surgimento do Estado esteve vinculado 
com o controle e a normatização dos comporta-
mentos sexuais. Esse controle e essa normatização 
estavam ligados ao conceito de população:
Os governos percebem que não têm de lidar simples-
mente com sujeitos, nem mesmo com um “povo”, 
porém com uma “população”, com seus fenômenos 
específicos e suas variáveis próprias: natalidade, 
morbidade, esperança de vida, fecundidade, es-
tado de saúde, incidência das doenças, forma de 
alimentação e de habitat. (FOUCAULT, 2019, p. 28).
FIQUE ATENTO
13
PASSOU DE
Highlight
Esse conceito de população surge na ascensão 
do capitalismo, sendo um conceito compreendido 
como um problema econômico e político. Nesse 
sentido, o sexo estava no cerne do problema e 
dessa forma, construiu-se um discurso específico 
sobre o sexo, em um investimento de regulação.
Nesse sentido também, até o século 19, o discur-
so de regulação dos comportamentos sexuais é 
constituído pelo discurso médico. Esse discurso 
médico aborda a sexualidade como uma questão 
de saúde, a partir de uma visão higienista. Entre-
tanto, manteve-se o entendimento de controle, 
normalização e moralização da sexualidade e dos 
comportamentos sexuais.
Juntando esse entendimento de controle, norma-
lização e moralização da sexualidade ao pensa-
mento dicotômico e binário, a institucionalização 
do conhecimento sobre sexualidade perpassou o 
entendimento do que seria certo ou errado, bom ou 
mau. Ou seja, o que seria considerado, em termos 
de comportamento sexual, como normal e o que 
seria considerado como desviante.
Entretanto, sabemos que o pensamento científico 
acadêmico não é neutro. A neutralidade científica 
foi defendida durante a construção do pensamento 
moderno, no entanto, historicamente, a ciência é 
14
Highlight
constituída pelo ser humano. Nesse sentido, a 
ciência é social, histórica e, por isso, contraditória.
Não sendo a ciência neutra, precisamos compreender 
que o pensamento científico moderno foi constituí-
do em um tempo e espaço históricos. Localizando 
esse pensamento na Europa Ocidental do século 
19, percebe-se que a sociedade era organizada e 
compreendida de determinada maneira. 
Nesse momento histórico, e aí trazemos as con-
tribuições do pensamento feminista acerca das 
questões de gênero, por exemplo, a mulher não 
tinha um papel público definido. Além disso, as 
relações de escravidão e o pensamento colonia-
lista se faziam presentes. Por isso, o pensamento 
moderno foi construído, majoritariamente, por 
homens, brancos, burgueses, cristãos e heteros-
sexuais, constituindo discursos sobre sexualidade 
a partir da ideia filosófica do “sujeito universal” e 
de neutralidade da ciência.
A partir dessa referência de “sujeito universal”, 
como um padrão hegemônico e de neutralidade 
da ciência, se constituíram regras e normas so-
ciais para um padrão de comportamento sexual 
considerado “saudável” e “normal”. Nesse sentido, 
Foucault (2019) destacou que a sexualidade das 
mulheres, das crianças e de pessoas não heteros-
15
sexuais eram tidas a partir de um discurso médico, 
jurídico e político. 
Ou seja, as práticas sexuais que se desviavam 
do padrão heterossexual e reprodutivo eram con-
sideradas, a partir do viés patológico, moralista 
e de controle, constituindo o papel do “outro” na 
afirmação do discurso hegemônico da burguesia 
europeia (RIBEIRO, 2004).
Por isso, Foucault (2019), no empreendimento 
assumido por ele de historicizar o tema da sexu-
alidade, demonstrou que a história da sexualidade 
na sociedade ocidental não seguiu a lógica da 
repressão. Mas sim da produção dos discursos 
sobre o que era “normal” e “anormal” em relação 
à sexualidade, com o objetivo de controle dos 
indivíduos.
Para conhecer mais sobre as contribuições de Michael 
Foucault para o pensamento educacional você pode 
acessar consultar o livro Por que Foucault? Novas dire-
trizes para a pesquisaeducacional.
SAIBA MAIS
16
ESTEREÓTIPOS 
DE GÊNERO: 
DESCONSTRUINDO 
ELEMENTOS HISTÓRICOS
Já compreendemos como constituiu-se o discurso 
hegemônico acerca dos comportamentos sexu-
ais tidos como “desviantes”, por não estarem de 
acordo com as normas de comportamento reco-
nhecidas como padrão. Essa é uma situação que 
se destaca tanto no discurso de senso comum 
quanto no discurso médico. A partir disso, neste 
tópico, refletiremos sobre a construção histórica 
dos estereótipos de gênero.
A situação de estabelecer o que seria considerado 
normal e o que seria considerado desviante foi, e 
ainda é, usada como justificativa para diferentes 
desigualdades. Nesse sentido, historicamente, 
os estereótipos de gênero fundados na diferença 
sexual validam tais desigualdades. 
Por exemplo, não existe nenhuma característica a 
nível biológico que justifique as mulheres receberem 
menor salário pela mesma atividade realizada no 
mercado de trabalho. Entretanto, essa desigualdade 
salarial ainda é realidade na nossa sociedade e é 
resultado dessa construção sócio-histórica das 
diferenças sexuais.
17
Os estereótipos de gênero são crenças construídas 
a partir da divisão sexual binária muito defendida e 
difundida no meio acadêmico científico no século 
19 e no século 20. Entretanto, essa divisão sexual 
passa por questionamentos e desconstruções, 
principalmente com os estudos e pesquisas dentro 
das ciências humanas, sociais, e biológicas, como 
as pesquisas sobre pessoas intersexos.
 
A intersexualidade “é um termo utilizado desde o sé-
culo 20 para o que se conhece no senso comum como 
hermafroditismo, isto é, a condição de indivíduos que 
nasceram com órgãos sexuais ambíguos. ” (GAUDENZI, 
2018)
É comum observarmos em nosso cotidiano fa-
las responsabilizando as mulheres pela criação 
de crianças, assim como associando o trabalho 
doméstico como de responsabilidade apenas 
de mulheres. Por muito tempo, como no início 
do século 20, as mulheres eram representadas 
como delicadas, cuidadosas e amorosas, sendo 
consideradas perfeitas para o trabalho de cuidar 
da casa e educar crianças.
Podemos observar essa situação, por exemplo, 
nas publicidades do século 20, onde na sua grande 
FIQUE ATENTO
18
maioria as mulheres brancas, de classe social favo-
recida, estampavam as propagandas de produtos 
de limpeza, como observamos na figura a seguir:
Figura 2: Propaganda do sabão Rinso de 1953
Fonte: BIADENI, 2019.
19
Principalmente no eixo da publicidade, os estereótipos 
de gênero foram e são, ainda hoje, utilizados para 
atingir um possível público consumidor, reforçan-
do, assim, ideias que já existem no senso comum. 
Por exemplo, além da associação das mulheres às 
tarefas domésticas, era comum as propagandas 
associarem a figura do gênero masculino às situ-
ações de “poder”, como dirigir um carro.
Entretanto, as ideias de feminilidade citadas não 
eram realidade para todas as mulheres. As mulhe-
res não brancas eram continuamente sexualizadas 
e demoraram a ser reconhecidas, juridicamente, 
como sujeitos de direitos. Ou seja, os estereótipos 
podem mudar de acordo com os diferentes mar-
cadores sociais.
Atualmente, no século 21, percebe-se um proces-
so de mudança dos estereótipos de gênero na 
publicidade, apresentando outras possibilidades 
de comportamento para os diferentes gêneros 
(homens, mulheres, travestis, transexuais etc.). 
Entretanto, é importante compreendermos que, 
a partir das demandas e necessidades sociais, a 
publicidade se altera, com o objetivo de atender 
mais públicos de potenciais consumidores. Dessa 
forma, a diversidade e o discurso de representati-
vidade também podem ser utilizados para manter 
o status quo capitalista.
20
Di-
ferente das mulheres brancas.
Em 2015, o Conselho Nacional de Autorregulamentação 
Publicitária (CONAR) investigou uma propaganda de uma 
marca específica de produtos de limpeza após receber 
diferentes denúncias afirmando que a propaganda era 
“discriminatória” e “ofendia à figura masculina”. Leia 
mais no link:
https://veja.abril.com.br/economia/indignados-ho-
mens-reclamam-de-propaganda-da-bombril-no-conar/. 
O que podemos pensar e refletir sobre essa situação? 
Será que aquela era uma propaganda discriminatória? 
Direitos dos homens foram negados apenas por conta 
da propaganda?
Sabemos que o que se considera ser mulher ou 
homem na sociedade varia no tempo e espaço 
histórico. Hoje, ser mulher ou homem é muito 
diferente do que era considerado o padrão de 
comportamento no século 19, por exemplo. Além 
disso, essas questões e crenças variam significa-
tivamente entre as diferentes culturas.
Além disso, continuamente os gêneros são cons-
truídos e hoje o que se observa é uma diversidade 
de gênero para além da questão binária.
Isso acontece porque não existe algo essencialis-
ta na construção do gênero. Esse é um processo 
histórico-social e, por isso, pode adquirir diferentes 
sentidos e significados.
REFLITA
21
https://veja.abril.com.br/economia/indignados-homens-reclamam-de-propaganda-da-bombril-no-conar/
https://veja.abril.com.br/economia/indignados-homens-reclamam-de-propaganda-da-bombril-no-conar/
Highlight
Os ideais e crenças acerca do que é construído 
como feminilidade e masculinidade podem se 
diferenciar no espaço-tempo e podem não corres-
ponder à realidade das pessoas, se desdobrando em 
situações mais complexas. As construções como 
“meninos não choram” podem gerar situações de 
preconceito, repressão e até violência.
Essas crenças podem também ser utilizadas para 
justificar desigualdades sociais e limitar as pos-
sibilidades de aprendizagem e desenvolvimento 
dos indivíduos. Além disso, essa questão se 
complexifica ainda mais quando se analisa essas 
desigualdades juntamente com outros marcadores 
sociais de diferença, como classe social e raça.
Para ler e refletir mais sobre os marcadores sociais, 
acesse: https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/1249/o/
marcadores_sociais_das_diferencas.pdf. O link apre-
senta, como indicação0, o livro Marcadores sociais da 
diferença: fluxos, trânsitos e intersecções, publicado pela 
Universidade Federal de Goiás.
Isso também pode acontecer com os estereótipos 
acerca das orientações sexuais. Foucault (2019) 
descreveu em sua série de livros História da Sexu-
alidade como era comum, em algumas sociedades 
SAIBA MAIS
22
https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/1249/o/marcadores_sociais_das_diferencas.pdf
https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/1249/o/marcadores_sociais_das_diferencas.pdf
Principalmente
da Antiguidade como a Grécia, a homossexualidade. 
Nas sociedades da época essas relações não eram 
consideradas patologias, mas faziam parte dos 
costumes e dos hábitos das sociedades, podendo 
ser aceitas ou rejeitas de acordo com as crenças. 
Entretanto, apesar da homossexualidade ser uma 
realidade em diferentes tipos de sociedade, o termo 
que define a identidade homossexual surgiu apenas 
no final do século 19. Nesse sentido, existia então 
a marcação do que era “desviante”, por parte de 
cientistas da área da sexologia e da psicologia, das 
práticas que se associavam ao que era caracterís-
tico da identidade heterossexual (WEEKS, 2019).
Nesse momento histórico, a homossexualidade 
começou a ser posta e compreendida como uma 
categoria científica e sociológica. Esse estabeleci-
mento como categoria tinha como objetivo explicar 
o que seria a homossexualidade, suas causas e 
suas consequências. E isso acontecia de maneira 
igual tanto para homens quanto para mulheres 
homossexuais, generalizando as experiências 
sexuais e dando origem a diferentes estereótipos.
Weeks (2019) esclareceu que essa situação ob-
servada por historiadores acerca da construção 
dos discursos sobre sexualidade no século 19 
caracterizou uma nova compreensão e um novo 
discurso acerca de algo que já existia, mas que 
23
adentrou o campo das identidades, ou seja, da 
psicologia. Nesse sentido, notamos a historicida-
de tanto das crenças quanto dos conhecimentos 
científicos acercada sexualidade humana e seus 
estereótipos.
Isso nos faz pensar na construção e constituição 
dos sujeitos nas sociedades, a partir da construção 
das identidades. E o que vemos de comum entre 
essas construções dos estereótipos, por exemplo da 
feminilidade ou da homossexualidade, é que esses 
foram constituídos em contraponto à heterosse-
xualidade. Dessa forma, nos esclareceu Junqueira 
(2014, p. 194), a construção do “homem macho” 
passa pela rejeição de tudo que é do universo dito 
“feminino” e da homossexualidade. 
Isso reflete o que o autor chama de processo 
heteronormativo, ou seja, a compulsoriedade 
da construção de uma identidade heterossexual 
como norma.
24
Highlight
PRECONCEITOS: ESTIGMA 
E DESIGUALDADES
Conforme entendemos, a construção dos discursos 
sobre o que é “norma” e o que é “desviante”, em 
termos de sexualidade, são fenômenos sociais e 
históricos, resultado de crenças e da influência 
do discurso religioso. Entretanto, a construção 
desses discursos foi constituída e estabelecida, 
durante séculos, como “A verdade”, generalizando 
os comportamentos e resultando em estereótipos 
de gênero.
Todo esse movimento, pensado na oposição do 
que seria “bom” e o que seria “ruim”, acabou por 
estigmatizar as pessoas que não se comportavam 
de acordo com a norma estabelecida, desdobrando-
-se em visões preconceituosas e discriminatórias.
Ideias que afirmam que a homossexualidade é 
pecado, não é “coisa de homem”, ou que a transe-
xualidade é uma doença, constroem estigmas em 
relação às pessoas que vivenciam essas sexuali-
dades “desviantes”. E isso pode se desdobrar em 
diversas situações.
Por exemplo, socialmente, as desigualdades sociais 
partem de visões discriminatórias, preconceituosas 
e estigmatizadas dos indivíduos sobre outros indi-
víduos. E, por conta do estigma e do preconceito, 
25
pessoas que são consideradas fora do padrão 
normativo acabam sendo vulnerabilizadas.
Mulheres, cisgêneros ou transgêneros, travestis, 
gays, lésbicas, pessoas de diferentes gêneros e 
orientações sexuais sofrem, em seu cotidiano, 
diferentes preconceitos e discriminações. Além 
disso, essas pessoas sentem dificuldades em 
serem contratadas, por exemplo, em empregos 
com direitos garantidos, acesso a direitos sociais 
básicos, como saúde e educação e continuamente 
são expostas a situações de violência. Silva nos 
esclarece:
Quando um grupo social legitima papéis que não 
necessariamente condizem com a realidade desses 
mesmos atores sociais, cria um sistema de crenças 
que será disseminado no imaginário social coleti-
vo. Esse sistema de crenças vai legitimar, por sua 
vez, a violência física ou sexual (também poderia 
legitimar qualquer outra), estabelecendo como nor-
ma a condição do homem como herdeiro único do 
sistema patriarcalista, machista e viril, bem como, 
do capitalismo selvagem do qual fazemos parte. 
(SILVA, 2010, p. 560)
26
Cisgêneros e transgêneros são termos vindo dos estudos 
de gênero, num viés da identidade. Mulheres e homens 
cisgêneros são aquelas(es) que se identificam com o 
gênero atribuído no seu nascimento. Já mulheres e ho-
mens trans são aquelas(es) que não se identificam com 
o gênero atribuído ao nascer. Para saber mais acesse 
o site: https://brasilescola.uol.com.br/sexualidade/
cisgenero-transgenero.html. 
Nos últimos anos, principalmente com a pandemia 
da Covid-19, o número de denúncias e casos de 
violências contra mulheres e pessoas LGBTQIA+ 
cresceu no Brasil. Em 2021, o Relatório Visível e 
Invisível: a vitimização de mulheres no Brasil indicou 
as principais violências sofridas pelas brasileiras de 
16 anos ou mais durante a pandemia de Covid-19:
• 4,3 milhões de mulheres (6,3%) foram agredidas 
fisicamente com tapas, socos ou chutes. Isso signi-
fica dizer que a cada minuto, 8 mulheres apanharam 
no Brasil durante a pandemia do novo Coronavírus;
• O tipo de violência mais frequentemente relatado 
foi a ofensa verbal, como insultos e xingamentos. 
Cerca de 13 milhões de brasileiras (18,6%) experi-
mentaram este tipo de violência;
FIQUE ATENTO
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https://brasilescola.uol.com.br/sexualidade/cisgenero-transgenero.htm
https://brasilescola.uol.com.br/sexualidade/cisgenero-transgenero.htm
• 5,9 milhões de mulheres (8,5%) relataram ter 
sofrido ameaças de violência física como tapas, 
empurrões ou chutes;
• Cerca de 3,7 milhões de brasileiras (5,4%) sofreram 
ofensas sexuais ou tentativas forçadas de manter 
relações sexuais;
• 2,1 milhões de mulheres (3,1%) sofreram ameaças 
com faca (arma branca) ou arma de fogo;
• 1,6 milhão de mulheres foram espancadas ou 
sofreram tentativa de estrangulamento (2,4%). 
(FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 
2021, p. 11).
A violência contra mulher é uma problemática anti-
ga. Existem diferentes legislações no Brasil, como 
a Lei nº 13.104, de 9 de março de 2015, que versa 
sobre o crime de feminicídio como hediondo e a 
Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, conhecida 
como a Lei Maria da Penha, que cria mecanismos 
para coibir a violência doméstica e familiar contra 
a mulher. Essas legislações dão reconhecimento 
jurídico às especificidades das violências contra 
as mulheres.
Entretanto, mesmo com a criação de leis desse 
tipo, a violência contra a mulher se mantém e por 
vezes é dificultado o acesso aos direitos. Essa 
situação é fruto dos ideais da cultura patriarcal, 
28
sexista, machista, estigmatizante, discriminatória 
e preconceituosa. 
As legislações podem ajudar a reconhecer essas 
violências e gerar diferentes debates a nível social 
que contribuem para a desconstrução de alguns 
preconceitos. Mas, infelizmente, a mudança dos 
discursos deve ocorrer mais a longo prazo e ainda 
necessita de diferentes transformações sociais.
Para entender a análise de dados sobre o cenário de 
violência doméstica e familiar contra as mulheres, co-
nheça a pesquisa de 2021 do Instituto de Pesquisa do 
DataSenado. Acesse aqui: https://www12.senado.leg.
br/noticias/arquivos/2021/12/09/pesquisa-violencia-
-domestica-e-familiar-contra-a-mulher_relatorio-final.pdf. 
A violência contra a comunidade LGBTQIA+ 
também tem aumentado a cada ano. Em 2020, o 
Grupo Gay da Bahia, importante organização na 
luta LGBTQIA+ , apresentou dados sobre as mor-
tes violentas de LGBTQIA+ no Brasil. Na figura a 
seguir, o relatório apresenta o número de mortes 
nesse sentido:
SAIBA MAIS
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https://www12.senado.leg.br/noticias/arquivos/2021/12/09/pesquisa-violencia-domestica-e-familiar-contra-a-mulher_relatorio-final.pdf
https://www12.senado.leg.br/noticias/arquivos/2021/12/09/pesquisa-violencia-domestica-e-familiar-contra-a-mulher_relatorio-final.pdf
https://www12.senado.leg.br/noticias/arquivos/2021/12/09/pesquisa-violencia-domestica-e-familiar-contra-a-mulher_relatorio-final.pdf
Figura 3: Gráfico sobre número de mortes de LGBTQIA+ 
por ano de1990 a 2020
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Anos
Mortes
Fonte: GRUPO GAY DA BAHIA, 2021.
Apesar do gráfico apresentar uma queda no núme-
ro de morte a partir de 2018, o relatório destaca 
que existe, nos últimos anos, uma subnotificação 
dos casos, ainda mais a partir da pandemia de 
COVID-19 de 2020. Além disso, a partir de 2018 
também ocorreu uma drástica mudança e preca-
rização dos investimentos em políticas públicas, 
campanhas de incentivo à denúncia e proteção de 
vítimas (GRUPO GAY DA BAHIA, 2021).
O que se percebe é que os estigmas e preconceitos 
vulnerabilizam os indivíduos, e em interface com 
diferentes marcadores sociais, os marginalizam. 
Isso abre espaço para a violência e a exclusão da 
sociedade desses indivíduos a partir de discursos 
30
construídos em determinado espaço-tempo histó-
rico, baseado em crenças.
Nesse sentido, se faz necessário abrir espaços 
para discussãoe resistência de pessoas que são 
menorizadas pela sociedade. Por isso, a educação, 
principalmente a escola, mas não só, pode ser um 
espaço de resistência e acolhimento dessas dis-
cussões, com o objetivo de desconstrução dessas 
crenças constituídas ao longo dos séculos em 
termos de sexualidade.
Conheça a Antra – Associação Nacional de Travestis e 
Transexuais do Brasil acessando o seguinte link: https://
antrabrasil.org/cartilhas/. Nele você pode conhecer mais 
sobre diferentes temas relacionados à sexualidade.
SAIBA MAIS
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https://antrabrasil.org/cartilhas/
https://antrabrasil.org/cartilhas/
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesse e-book, pudemos perceber como a sexuali-
dade humana tem diferentes dimensões: sociais, 
culturais, biológicas, históricas etc. Nesse sentido, 
os estudos científicos sobre esse tema deixam de 
fazer parte apenas das visões biológicas e essen-
cialistas sobre as diversas questões envolvidas na 
sexualidade humana.
Através das discussões abordadas, percebemos 
como os conceitos de sexualidade, sexo, orienta-
ção sexual e gênero tem uma relação, mas diferem 
entre si. Além disso, podem ser compreendidos a 
partir de diferentes visões teóricas e contribuem 
para uma visão crítica acerca da sexualidade e dos 
discursos sobre ela ao longo da história.
Além disso, compreendemos o processo de cons-
trução social e cultural da dicotomia “normal-des-
viante”, que nos fez perceber como as diferentes 
crenças e estereótipos construídos sobre o corpo 
e a vivência da sexualidade foram estabelecidos 
a partir dessa lógica dicotômica, principalmente 
da sociedade ocidental.
Por fim, discutimos como todas essas questões 
sobre os discursos sobre sexualidade desdobra-
ram-se em estigmas e desigualdades sociais 
32
contra as pessoas que não se encaixam no padrão 
normativo hegemônico.
Entendemos, assim, que tais discussões são impor-
tantes para que percebamos que a sexualidade não 
é algo essencialista e a-histórico. A compreensão 
sobre essa dimensão da vida humana também é 
social e histórica, e está em constante transfor-
mação. Por isso, na educação, essas discussões 
nos dão embasamento para desconstruirmos e 
repensarmos diferentes crenças e preconceitos 
enraizados na nossa sociedade, que limitam ou 
tiram os direitos sociais e de existência de diver-
sos indivíduos.
33
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	Introdução
	Concepção de sexualidade, sexo, orientação sexual e gênero 
	Dualismo: normal e desviante
	Estereótipos de gênero: desconstruindo elementos históricos
	Preconceitos: estigma e desigualdades
	Considerações finais
	Referências Bibliográficas & Consultadas

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