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RAFAELA CORDEIRO GAMA O CORPO E A VIVÊNCIA DA SEXUALIDADE HUMANA NAS RELAÇÕES SOCIAIS E DE PODER Sumário INTRODUÇÃO ������������������������������������������������� 3 CONCEPÇÃO DE SEXUALIDADE, SEXO, ORIENTAÇÃO SEXUAL E GÊNERO ����������������� 4 DUALISMO: NORMAL E DESVIANTE ����������� 11 ESTEREÓTIPOS DE GÊNERO: DESCONSTRUINDO ELEMENTOS HISTÓRICOS ������������������������������������������������17 PRECONCEITOS: ESTIGMA E DESIGUALDADES �����������������������������������������25 CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������������32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS & CONSULTADAS ��������������������������������������������34 2 INTRODUÇÃO Neste e-book, será empreendida uma discussão acerca do corpo e da vivência da sexualidade hu- mana, contextualizando-as no desenvolvimento das relações sociais e de poder. Inicialmente, conheceremos as diferenças e seme- lhanças dos conceitos: sexualidade, sexo, orienta- ção sexual e gênero, a partir de uma perspectiva histórica e crítica, pois todos esses termos estão envolvidos na questão sexualidade, mas cada um tem sua especificação científica acadêmica. Mais adiante, trataremos do desenvolvimento histórico-social da ideia do que foi considerado “normal” e do que foi considerado “desviante” em termos de sexualidade. Perceberemos o que esteve envolvido na construção desse tipo de pensamento binário e dicotômico, a partir das diferenças sexuais e associações ao “bem” e o “mal”. Depois, observaremos também o desdobramen- to das construções histórico-sociais acerca dos comportamentos sexuais construídos a partir do estabelecimento do pensamento normativo hegemônico. E por fim, entenderemos como acontece a relação entre os estereótipos de gênero e o estabeleci- mento e perpetuamento da estigmatização dos indivíduos “desviantes”. E como isso se desdobra em preconceitos e desigualdades. 3 CONCEPÇÃO DE SEXUALIDADE, SEXO, ORIENTAÇÃO SEXUAL E GÊNERO Você saberia diferenciar os conceitos de sexuali- dade, sexo, orientação sexual e gênero? Será que esses termos se referem às mesmas coisas? Na sociedade contemporânea, a partir do entendi- mento do senso comum, os termos sexualidade, sexo, orientação sexual e gênero são, muitas vezes, utilizados para referenciar a mesma coisa. Entretanto, dentro das pesquisas e dos estudos científicos acadêmicos sobre sexualidade, gênero e Educação para a Sexualidade, esses conceitos diferem entre si e como vamos tratar da questão da educação em interface com a sexualidade, é necessário desmistificar esses conceitos. É comum pesarmos em sexo para nos referirmos à sexualidade; além disso, existe uma compre- ensão equivocada ao se entender os conceitos de gênero e de orientação sexual como sendo a mesma coisa. Esses termos se referem a questões diferentes, além de subsidiarem discussões e re- flexões diversas acerca da sociedade e de como ela se organiza. Desse modo, entenderemos aqui 4 o que cada um desses termos significa dentro dos estudos acadêmicos. O ser humano, independentemente de seu sexo, gênero, idade e classe social, entre outros, é um ser sexuado, ou seja, reproduz-se de forma sexua- da. Entretanto, ser um ser sexuado não determina como as pessoas irão vivenciar e experienciar a sua sexualidade, que está relacionada, segundo autores como Figueiró (2018) e Weeks (2019), com diferentes dimensões da vida em sociedade. O conceito de sexualidade tem uma história, va- riando de entendimento tanto no tempo quanto no espaço. Na contemporaneidade, o conceito de sexualidade é algo amplo. Nesse sentido, sexuali- dade é, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS ), em 2006, um aspecto do ser humano e está relacionada a diferentes questões: ao sexo, às identidades, à orientação sexual, à intimidade, ao erotismo, ao prazer e à reprodução. É importante notarmos que a concepção de sexu- alidade está relacionada, para além da atração e da relação sexual, com questões culturais, regras sociais, comportamentos específicos de cada sociedade, crenças e identidades, entre outros aspectos. Desse modo, percebemos então, a partir desse entendimento, que o conceito de sexualidade não está relacionado apenas a questões biológi- 5 cas, mas também sociais, históricas e culturais (WEEKS, 2019). Essa concepção de sexualidade mais alargada, ex- trapolando o entendimento estritamente biológico, se estabelece a partir da discussão de Michael Fou- cault, filósofo e historiador francês, principalmente na série de livros História da Sexualidade (2019). Para esse autor, a sexualidade, principalmente a história dos discursos sobre ela, está relacionada com formas de exercer o poder social. O conceito de sexo também tem sua história. Entretanto, não se pode confundir sexo com sexu- alidade, eles são diferentes, apesar do sexo estar relacionado com a sexualidade. Sexo, como nos esclarece Figueiró (2018) e Weeks (2019), está relacionado tanto à relação sexual quanto à des- crição das diferenças anatômicas do corpo (tanto internas como externas). Essas diferenças anatômicas são utilizadas na sociedade para diferenciar, principalmente, homens e mulheres, dentro de um sistema binário de com- preensão do corpo. Entretanto, tal sistema também foi, e ainda é, utilizado para justificar relações de opressão e violência dentro da sociedade. Avançando, o termo orientação sexual também se transformou ao longo dos anos, sendo utilizado até mesmo para se referir ao trabalho em Educação 6 para a Sexualidade em documentos oficiais sobre currículo no Brasil. Porém, atualmente, esse termo é utilizado para se referir à atração ou ligação sentimental, afetiva ou sexual de uma pessoa por indivíduos de um mesmo gênero ou de um gênero diferente, ou mesmo de mais de um gênero (PRIN- CÍPIOS DE YOGYKARTA, 2007). Mas, então, o que significa gênero? Gênero é um conceito complexo, o qual pode ser compreendido a partir de diferentes visões teóricas. Sabemos que gênero está relacionado com a questão das identidades, como homem ou mulher cis ou trans, conforme observamos na figura a seguir: 7 Figura 1: Contextualização da questão das identidades e da diversidade sexual Fonte: petpedagogia Contudo, é essencial marcarmos aqui a compreen- são que adotamos para abordar o tema. Gênero, segundo Joan Scott (2019, p. 67), é um “elemento constitutivo das relações sociais fundadas sobre diferenças percebidas entre os sexos”. Mas o que isso quer dizer? Para esclarecer precisamos con- textualizar o papel do pensamento binário dentro da sociedade ocidental. Historicamente, o sexo biológico das pessoas é categorizado de forma binária, ou seja, entre o sexo 8 https://petpedagogia.ufba.br/importancia-das-discussoes-de-genero-e-sexualidade-no-ambiente-escolar feminino e o sexo masculino. Essa classificação binária dos sexos, taxada a partir da observação dos órgãos externos dos bebês, passou a ser com- preendida e reproduzida como uma organização mais ampla da sociedade. O sexo biológico no ser humano é definido por um con- junto de fatores gonodais, órgão internos e externos, cromossômicos e hormonais. Assim, a pessoa intersexo, termo guarda-chuva para diferentes condições relacio- nadas aos fatores que definem o sexo biológico, nasce com uma anatomia sexual ou reprodutiva que não se classifica no binarismo masculino e feminino (COSTA; BERNARDES; PALMIERE, 2019). Essa organização social, a partir do pensamento binário, pode ser observada nos símbolos culturais com sentidos e significados múltiplos e contra- ditórios, como luz e escuridão, bem e mal, certo ou errado, azul para meninos, rosa para meninas, entre outros. Tais representações normatizam comportamentos, compreensões e organizações na sociedade, em diferentes instâncias e institui- ções, além de desconsiderar outras possibilidades de entendimento (SCOTT, 2019). Assim, no momento de definir o sexo biológico do bebê, como masculino ou feminino, é norma- FIQUE ATENTO 9 Highlight HighlightHighlight Highlight tizado na sociedade a criação de expectativas específicas acerca de como será a vida daquela pessoa. Ideias como “meninas serão educadas para serem belas, recatadas e do lar” e “meninos serão educados para desbravar o mundo e serem provedores de sua família” partem desse princípio binário de visão de mundo. No entanto, ainda que tais expectativas não corres- pondam à realidade de grande parte das pessoas, esse tipo de entendimento e organização da so- ciedade é utilizado e reproduzido em discursos de poder para justificar diferentes tipos de opressões e violências contra pessoas que não se encaixam no padrão normativo de comportamento (LOURO, 2019). Dessa forma, percebemos que a questão de gê- nero vai além da questão das identidades. Nesse sentido, os estudos de gênero, principalmente a partir da perspectiva feminista, nos ajudam a compreender as diferentes organizações sociais e como os discursos de poder foram sendo cons- truídos a partir do estabelecimento do “outro” e justificando a submissão dos grupos considerados como “minorias”. 10 DUALISMO: NORMAL E DESVIANTE Entendemos, anteriormente, que em nossa socieda- de ocidental construiu-se um pensamento binário e dicotômico de organização da vida, incluindo também a sexualidade. Essa questão da construção sócio-histórica do pensamento binário e dicotômico está diretamente relacionada com o desenvolvimento do pensamento médico durante o século 19 (RIBEIRO, 2004). Michael Foucault (2019), em seus estudos sobre sexualidade, na série de livros intitulados História da Sexualidade, destacou como esse pensamento “normal versus desviante” foi construído ao longo dos séculos. As estruturas de poder existentes até o século 17 eram marcadas pela sociedade aristocrática, com a organização da monarquia e os títulos de nobreza. Porém, do século 17 ao século 19, diversas transformações sociais eclodiram na Europa, principalmente por parte das sociedades burguesas da época. Essas transformações tinham como objetivo modificar as estruturas de poder estabelecidas até então. 11 Nessa organização estrutural aristocrática existia grande influência do pensamento religioso, onde o sexo era considerado tabu. Além disso, a organi- zação familiar, as regras do casamento – os quais deveriam acontecer apenas entre os membros da nobreza, como forma de segurança da linhagem do “sangue azul” – e o estabelecimento de regras para virtude dos cidadãos regiam o entendimento da sexualidade. No entanto, durante o século 18 esses discursos, até então no campo da religiosidade e da compre- ensão cristã, são extrapolados para a constituição do Estado burguês e das suas instituições. Segun- do Foucault (2019), com a revolução burguesa, existiu uma tentativa desse estrato da sociedade em romper com os costumes e pensamentos da nobreza, com o objetivo de construir um pensa- mento hegemônico. Nessa tentativa, a burguesia investiu na constru- ção do pensamento moderno, autorreferindo-se como o “sujeito universal”, estabelecendo todo um aparato ideológico e político para manutenção do seu poder na sociedade. Dentro desse movimen- to, também se constituiu regras e normas para o comportamento sexual, sendo as práticas da burguesia cristã referência para a vivência de uma sexualidade “livre do pecado”. 12 Highlight Assim, os discursos sobre a sexualidade normativa, que se referiam ao sexo como algo privado e legí- timo apenas para a reprodução dentro da família conjugal, estabeleceram-se como regras sociais. A ideia de “sujeito universal” estabelece-se a partir da constituição do pensamento moderno na filosofia, na passagem do século 17 para o século 18. Esse era, e ainda é na contemporaneidade, um conceito abstrato e subjetivo, sendo uma figura especulativa para representar a razão e a verdade, de caráter a-histórico. Essa ideia dá base ao pensamento moderno, principalmente a partir de filósofos como Thomas Hobbes, Immanuel Kant e Jean-Jacques Rousseau (SOARES, 1993). Foucault (2019) demonstrou, então, como histori- camente, o surgimento do Estado esteve vinculado com o controle e a normatização dos comporta- mentos sexuais. Esse controle e essa normatização estavam ligados ao conceito de população: Os governos percebem que não têm de lidar simples- mente com sujeitos, nem mesmo com um “povo”, porém com uma “população”, com seus fenômenos específicos e suas variáveis próprias: natalidade, morbidade, esperança de vida, fecundidade, es- tado de saúde, incidência das doenças, forma de alimentação e de habitat. (FOUCAULT, 2019, p. 28). FIQUE ATENTO 13 PASSOU DE Highlight Esse conceito de população surge na ascensão do capitalismo, sendo um conceito compreendido como um problema econômico e político. Nesse sentido, o sexo estava no cerne do problema e dessa forma, construiu-se um discurso específico sobre o sexo, em um investimento de regulação. Nesse sentido também, até o século 19, o discur- so de regulação dos comportamentos sexuais é constituído pelo discurso médico. Esse discurso médico aborda a sexualidade como uma questão de saúde, a partir de uma visão higienista. Entre- tanto, manteve-se o entendimento de controle, normalização e moralização da sexualidade e dos comportamentos sexuais. Juntando esse entendimento de controle, norma- lização e moralização da sexualidade ao pensa- mento dicotômico e binário, a institucionalização do conhecimento sobre sexualidade perpassou o entendimento do que seria certo ou errado, bom ou mau. Ou seja, o que seria considerado, em termos de comportamento sexual, como normal e o que seria considerado como desviante. Entretanto, sabemos que o pensamento científico acadêmico não é neutro. A neutralidade científica foi defendida durante a construção do pensamento moderno, no entanto, historicamente, a ciência é 14 Highlight constituída pelo ser humano. Nesse sentido, a ciência é social, histórica e, por isso, contraditória. Não sendo a ciência neutra, precisamos compreender que o pensamento científico moderno foi constituí- do em um tempo e espaço históricos. Localizando esse pensamento na Europa Ocidental do século 19, percebe-se que a sociedade era organizada e compreendida de determinada maneira. Nesse momento histórico, e aí trazemos as con- tribuições do pensamento feminista acerca das questões de gênero, por exemplo, a mulher não tinha um papel público definido. Além disso, as relações de escravidão e o pensamento colonia- lista se faziam presentes. Por isso, o pensamento moderno foi construído, majoritariamente, por homens, brancos, burgueses, cristãos e heteros- sexuais, constituindo discursos sobre sexualidade a partir da ideia filosófica do “sujeito universal” e de neutralidade da ciência. A partir dessa referência de “sujeito universal”, como um padrão hegemônico e de neutralidade da ciência, se constituíram regras e normas so- ciais para um padrão de comportamento sexual considerado “saudável” e “normal”. Nesse sentido, Foucault (2019) destacou que a sexualidade das mulheres, das crianças e de pessoas não heteros- 15 sexuais eram tidas a partir de um discurso médico, jurídico e político. Ou seja, as práticas sexuais que se desviavam do padrão heterossexual e reprodutivo eram con- sideradas, a partir do viés patológico, moralista e de controle, constituindo o papel do “outro” na afirmação do discurso hegemônico da burguesia europeia (RIBEIRO, 2004). Por isso, Foucault (2019), no empreendimento assumido por ele de historicizar o tema da sexu- alidade, demonstrou que a história da sexualidade na sociedade ocidental não seguiu a lógica da repressão. Mas sim da produção dos discursos sobre o que era “normal” e “anormal” em relação à sexualidade, com o objetivo de controle dos indivíduos. Para conhecer mais sobre as contribuições de Michael Foucault para o pensamento educacional você pode acessar consultar o livro Por que Foucault? Novas dire- trizes para a pesquisaeducacional. SAIBA MAIS 16 ESTEREÓTIPOS DE GÊNERO: DESCONSTRUINDO ELEMENTOS HISTÓRICOS Já compreendemos como constituiu-se o discurso hegemônico acerca dos comportamentos sexu- ais tidos como “desviantes”, por não estarem de acordo com as normas de comportamento reco- nhecidas como padrão. Essa é uma situação que se destaca tanto no discurso de senso comum quanto no discurso médico. A partir disso, neste tópico, refletiremos sobre a construção histórica dos estereótipos de gênero. A situação de estabelecer o que seria considerado normal e o que seria considerado desviante foi, e ainda é, usada como justificativa para diferentes desigualdades. Nesse sentido, historicamente, os estereótipos de gênero fundados na diferença sexual validam tais desigualdades. Por exemplo, não existe nenhuma característica a nível biológico que justifique as mulheres receberem menor salário pela mesma atividade realizada no mercado de trabalho. Entretanto, essa desigualdade salarial ainda é realidade na nossa sociedade e é resultado dessa construção sócio-histórica das diferenças sexuais. 17 Os estereótipos de gênero são crenças construídas a partir da divisão sexual binária muito defendida e difundida no meio acadêmico científico no século 19 e no século 20. Entretanto, essa divisão sexual passa por questionamentos e desconstruções, principalmente com os estudos e pesquisas dentro das ciências humanas, sociais, e biológicas, como as pesquisas sobre pessoas intersexos. A intersexualidade “é um termo utilizado desde o sé- culo 20 para o que se conhece no senso comum como hermafroditismo, isto é, a condição de indivíduos que nasceram com órgãos sexuais ambíguos. ” (GAUDENZI, 2018) É comum observarmos em nosso cotidiano fa- las responsabilizando as mulheres pela criação de crianças, assim como associando o trabalho doméstico como de responsabilidade apenas de mulheres. Por muito tempo, como no início do século 20, as mulheres eram representadas como delicadas, cuidadosas e amorosas, sendo consideradas perfeitas para o trabalho de cuidar da casa e educar crianças. Podemos observar essa situação, por exemplo, nas publicidades do século 20, onde na sua grande FIQUE ATENTO 18 maioria as mulheres brancas, de classe social favo- recida, estampavam as propagandas de produtos de limpeza, como observamos na figura a seguir: Figura 2: Propaganda do sabão Rinso de 1953 Fonte: BIADENI, 2019. 19 Principalmente no eixo da publicidade, os estereótipos de gênero foram e são, ainda hoje, utilizados para atingir um possível público consumidor, reforçan- do, assim, ideias que já existem no senso comum. Por exemplo, além da associação das mulheres às tarefas domésticas, era comum as propagandas associarem a figura do gênero masculino às situ- ações de “poder”, como dirigir um carro. Entretanto, as ideias de feminilidade citadas não eram realidade para todas as mulheres. As mulhe- res não brancas eram continuamente sexualizadas e demoraram a ser reconhecidas, juridicamente, como sujeitos de direitos. Ou seja, os estereótipos podem mudar de acordo com os diferentes mar- cadores sociais. Atualmente, no século 21, percebe-se um proces- so de mudança dos estereótipos de gênero na publicidade, apresentando outras possibilidades de comportamento para os diferentes gêneros (homens, mulheres, travestis, transexuais etc.). Entretanto, é importante compreendermos que, a partir das demandas e necessidades sociais, a publicidade se altera, com o objetivo de atender mais públicos de potenciais consumidores. Dessa forma, a diversidade e o discurso de representati- vidade também podem ser utilizados para manter o status quo capitalista. 20 Di- ferente das mulheres brancas. Em 2015, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (CONAR) investigou uma propaganda de uma marca específica de produtos de limpeza após receber diferentes denúncias afirmando que a propaganda era “discriminatória” e “ofendia à figura masculina”. Leia mais no link: https://veja.abril.com.br/economia/indignados-ho- mens-reclamam-de-propaganda-da-bombril-no-conar/. O que podemos pensar e refletir sobre essa situação? Será que aquela era uma propaganda discriminatória? Direitos dos homens foram negados apenas por conta da propaganda? Sabemos que o que se considera ser mulher ou homem na sociedade varia no tempo e espaço histórico. Hoje, ser mulher ou homem é muito diferente do que era considerado o padrão de comportamento no século 19, por exemplo. Além disso, essas questões e crenças variam significa- tivamente entre as diferentes culturas. Além disso, continuamente os gêneros são cons- truídos e hoje o que se observa é uma diversidade de gênero para além da questão binária. Isso acontece porque não existe algo essencialis- ta na construção do gênero. Esse é um processo histórico-social e, por isso, pode adquirir diferentes sentidos e significados. REFLITA 21 https://veja.abril.com.br/economia/indignados-homens-reclamam-de-propaganda-da-bombril-no-conar/ https://veja.abril.com.br/economia/indignados-homens-reclamam-de-propaganda-da-bombril-no-conar/ Highlight Os ideais e crenças acerca do que é construído como feminilidade e masculinidade podem se diferenciar no espaço-tempo e podem não corres- ponder à realidade das pessoas, se desdobrando em situações mais complexas. As construções como “meninos não choram” podem gerar situações de preconceito, repressão e até violência. Essas crenças podem também ser utilizadas para justificar desigualdades sociais e limitar as pos- sibilidades de aprendizagem e desenvolvimento dos indivíduos. Além disso, essa questão se complexifica ainda mais quando se analisa essas desigualdades juntamente com outros marcadores sociais de diferença, como classe social e raça. Para ler e refletir mais sobre os marcadores sociais, acesse: https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/1249/o/ marcadores_sociais_das_diferencas.pdf. O link apre- senta, como indicação0, o livro Marcadores sociais da diferença: fluxos, trânsitos e intersecções, publicado pela Universidade Federal de Goiás. Isso também pode acontecer com os estereótipos acerca das orientações sexuais. Foucault (2019) descreveu em sua série de livros História da Sexu- alidade como era comum, em algumas sociedades SAIBA MAIS 22 https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/1249/o/marcadores_sociais_das_diferencas.pdf https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/1249/o/marcadores_sociais_das_diferencas.pdf Principalmente da Antiguidade como a Grécia, a homossexualidade. Nas sociedades da época essas relações não eram consideradas patologias, mas faziam parte dos costumes e dos hábitos das sociedades, podendo ser aceitas ou rejeitas de acordo com as crenças. Entretanto, apesar da homossexualidade ser uma realidade em diferentes tipos de sociedade, o termo que define a identidade homossexual surgiu apenas no final do século 19. Nesse sentido, existia então a marcação do que era “desviante”, por parte de cientistas da área da sexologia e da psicologia, das práticas que se associavam ao que era caracterís- tico da identidade heterossexual (WEEKS, 2019). Nesse momento histórico, a homossexualidade começou a ser posta e compreendida como uma categoria científica e sociológica. Esse estabeleci- mento como categoria tinha como objetivo explicar o que seria a homossexualidade, suas causas e suas consequências. E isso acontecia de maneira igual tanto para homens quanto para mulheres homossexuais, generalizando as experiências sexuais e dando origem a diferentes estereótipos. Weeks (2019) esclareceu que essa situação ob- servada por historiadores acerca da construção dos discursos sobre sexualidade no século 19 caracterizou uma nova compreensão e um novo discurso acerca de algo que já existia, mas que 23 adentrou o campo das identidades, ou seja, da psicologia. Nesse sentido, notamos a historicida- de tanto das crenças quanto dos conhecimentos científicos acercada sexualidade humana e seus estereótipos. Isso nos faz pensar na construção e constituição dos sujeitos nas sociedades, a partir da construção das identidades. E o que vemos de comum entre essas construções dos estereótipos, por exemplo da feminilidade ou da homossexualidade, é que esses foram constituídos em contraponto à heterosse- xualidade. Dessa forma, nos esclareceu Junqueira (2014, p. 194), a construção do “homem macho” passa pela rejeição de tudo que é do universo dito “feminino” e da homossexualidade. Isso reflete o que o autor chama de processo heteronormativo, ou seja, a compulsoriedade da construção de uma identidade heterossexual como norma. 24 Highlight PRECONCEITOS: ESTIGMA E DESIGUALDADES Conforme entendemos, a construção dos discursos sobre o que é “norma” e o que é “desviante”, em termos de sexualidade, são fenômenos sociais e históricos, resultado de crenças e da influência do discurso religioso. Entretanto, a construção desses discursos foi constituída e estabelecida, durante séculos, como “A verdade”, generalizando os comportamentos e resultando em estereótipos de gênero. Todo esse movimento, pensado na oposição do que seria “bom” e o que seria “ruim”, acabou por estigmatizar as pessoas que não se comportavam de acordo com a norma estabelecida, desdobrando- -se em visões preconceituosas e discriminatórias. Ideias que afirmam que a homossexualidade é pecado, não é “coisa de homem”, ou que a transe- xualidade é uma doença, constroem estigmas em relação às pessoas que vivenciam essas sexuali- dades “desviantes”. E isso pode se desdobrar em diversas situações. Por exemplo, socialmente, as desigualdades sociais partem de visões discriminatórias, preconceituosas e estigmatizadas dos indivíduos sobre outros indi- víduos. E, por conta do estigma e do preconceito, 25 pessoas que são consideradas fora do padrão normativo acabam sendo vulnerabilizadas. Mulheres, cisgêneros ou transgêneros, travestis, gays, lésbicas, pessoas de diferentes gêneros e orientações sexuais sofrem, em seu cotidiano, diferentes preconceitos e discriminações. Além disso, essas pessoas sentem dificuldades em serem contratadas, por exemplo, em empregos com direitos garantidos, acesso a direitos sociais básicos, como saúde e educação e continuamente são expostas a situações de violência. Silva nos esclarece: Quando um grupo social legitima papéis que não necessariamente condizem com a realidade desses mesmos atores sociais, cria um sistema de crenças que será disseminado no imaginário social coleti- vo. Esse sistema de crenças vai legitimar, por sua vez, a violência física ou sexual (também poderia legitimar qualquer outra), estabelecendo como nor- ma a condição do homem como herdeiro único do sistema patriarcalista, machista e viril, bem como, do capitalismo selvagem do qual fazemos parte. (SILVA, 2010, p. 560) 26 Cisgêneros e transgêneros são termos vindo dos estudos de gênero, num viés da identidade. Mulheres e homens cisgêneros são aquelas(es) que se identificam com o gênero atribuído no seu nascimento. Já mulheres e ho- mens trans são aquelas(es) que não se identificam com o gênero atribuído ao nascer. Para saber mais acesse o site: https://brasilescola.uol.com.br/sexualidade/ cisgenero-transgenero.html. Nos últimos anos, principalmente com a pandemia da Covid-19, o número de denúncias e casos de violências contra mulheres e pessoas LGBTQIA+ cresceu no Brasil. Em 2021, o Relatório Visível e Invisível: a vitimização de mulheres no Brasil indicou as principais violências sofridas pelas brasileiras de 16 anos ou mais durante a pandemia de Covid-19: • 4,3 milhões de mulheres (6,3%) foram agredidas fisicamente com tapas, socos ou chutes. Isso signi- fica dizer que a cada minuto, 8 mulheres apanharam no Brasil durante a pandemia do novo Coronavírus; • O tipo de violência mais frequentemente relatado foi a ofensa verbal, como insultos e xingamentos. Cerca de 13 milhões de brasileiras (18,6%) experi- mentaram este tipo de violência; FIQUE ATENTO 27 https://brasilescola.uol.com.br/sexualidade/cisgenero-transgenero.htm https://brasilescola.uol.com.br/sexualidade/cisgenero-transgenero.htm • 5,9 milhões de mulheres (8,5%) relataram ter sofrido ameaças de violência física como tapas, empurrões ou chutes; • Cerca de 3,7 milhões de brasileiras (5,4%) sofreram ofensas sexuais ou tentativas forçadas de manter relações sexuais; • 2,1 milhões de mulheres (3,1%) sofreram ameaças com faca (arma branca) ou arma de fogo; • 1,6 milhão de mulheres foram espancadas ou sofreram tentativa de estrangulamento (2,4%). (FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2021, p. 11). A violência contra mulher é uma problemática anti- ga. Existem diferentes legislações no Brasil, como a Lei nº 13.104, de 9 de março de 2015, que versa sobre o crime de feminicídio como hediondo e a Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, conhecida como a Lei Maria da Penha, que cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. Essas legislações dão reconhecimento jurídico às especificidades das violências contra as mulheres. Entretanto, mesmo com a criação de leis desse tipo, a violência contra a mulher se mantém e por vezes é dificultado o acesso aos direitos. Essa situação é fruto dos ideais da cultura patriarcal, 28 sexista, machista, estigmatizante, discriminatória e preconceituosa. As legislações podem ajudar a reconhecer essas violências e gerar diferentes debates a nível social que contribuem para a desconstrução de alguns preconceitos. Mas, infelizmente, a mudança dos discursos deve ocorrer mais a longo prazo e ainda necessita de diferentes transformações sociais. Para entender a análise de dados sobre o cenário de violência doméstica e familiar contra as mulheres, co- nheça a pesquisa de 2021 do Instituto de Pesquisa do DataSenado. Acesse aqui: https://www12.senado.leg. br/noticias/arquivos/2021/12/09/pesquisa-violencia- -domestica-e-familiar-contra-a-mulher_relatorio-final.pdf. A violência contra a comunidade LGBTQIA+ também tem aumentado a cada ano. Em 2020, o Grupo Gay da Bahia, importante organização na luta LGBTQIA+ , apresentou dados sobre as mor- tes violentas de LGBTQIA+ no Brasil. Na figura a seguir, o relatório apresenta o número de mortes nesse sentido: SAIBA MAIS 29 https://www12.senado.leg.br/noticias/arquivos/2021/12/09/pesquisa-violencia-domestica-e-familiar-contra-a-mulher_relatorio-final.pdf https://www12.senado.leg.br/noticias/arquivos/2021/12/09/pesquisa-violencia-domestica-e-familiar-contra-a-mulher_relatorio-final.pdf https://www12.senado.leg.br/noticias/arquivos/2021/12/09/pesquisa-violencia-domestica-e-familiar-contra-a-mulher_relatorio-final.pdf Figura 3: Gráfico sobre número de mortes de LGBTQIA+ por ano de1990 a 2020 19 90 19 91 19 92 19 93 19 94 19 95 19 96 19 97 19 98 19 99 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 20 08 20 09 20 10 20 11 20 12 20 13 20 14 20 15 20 16 20 17 20 18 20 19 20 20 500 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0 N úm er o de m or te s: Anos Mortes Fonte: GRUPO GAY DA BAHIA, 2021. Apesar do gráfico apresentar uma queda no núme- ro de morte a partir de 2018, o relatório destaca que existe, nos últimos anos, uma subnotificação dos casos, ainda mais a partir da pandemia de COVID-19 de 2020. Além disso, a partir de 2018 também ocorreu uma drástica mudança e preca- rização dos investimentos em políticas públicas, campanhas de incentivo à denúncia e proteção de vítimas (GRUPO GAY DA BAHIA, 2021). O que se percebe é que os estigmas e preconceitos vulnerabilizam os indivíduos, e em interface com diferentes marcadores sociais, os marginalizam. Isso abre espaço para a violência e a exclusão da sociedade desses indivíduos a partir de discursos 30 construídos em determinado espaço-tempo histó- rico, baseado em crenças. Nesse sentido, se faz necessário abrir espaços para discussãoe resistência de pessoas que são menorizadas pela sociedade. Por isso, a educação, principalmente a escola, mas não só, pode ser um espaço de resistência e acolhimento dessas dis- cussões, com o objetivo de desconstrução dessas crenças constituídas ao longo dos séculos em termos de sexualidade. Conheça a Antra – Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil acessando o seguinte link: https:// antrabrasil.org/cartilhas/. Nele você pode conhecer mais sobre diferentes temas relacionados à sexualidade. SAIBA MAIS 31 https://antrabrasil.org/cartilhas/ https://antrabrasil.org/cartilhas/ CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesse e-book, pudemos perceber como a sexuali- dade humana tem diferentes dimensões: sociais, culturais, biológicas, históricas etc. Nesse sentido, os estudos científicos sobre esse tema deixam de fazer parte apenas das visões biológicas e essen- cialistas sobre as diversas questões envolvidas na sexualidade humana. Através das discussões abordadas, percebemos como os conceitos de sexualidade, sexo, orienta- ção sexual e gênero tem uma relação, mas diferem entre si. Além disso, podem ser compreendidos a partir de diferentes visões teóricas e contribuem para uma visão crítica acerca da sexualidade e dos discursos sobre ela ao longo da história. Além disso, compreendemos o processo de cons- trução social e cultural da dicotomia “normal-des- viante”, que nos fez perceber como as diferentes crenças e estereótipos construídos sobre o corpo e a vivência da sexualidade foram estabelecidos a partir dessa lógica dicotômica, principalmente da sociedade ocidental. Por fim, discutimos como todas essas questões sobre os discursos sobre sexualidade desdobra- ram-se em estigmas e desigualdades sociais 32 contra as pessoas que não se encaixam no padrão normativo hegemônico. Entendemos, assim, que tais discussões são impor- tantes para que percebamos que a sexualidade não é algo essencialista e a-histórico. A compreensão sobre essa dimensão da vida humana também é social e histórica, e está em constante transfor- mação. Por isso, na educação, essas discussões nos dão embasamento para desconstruirmos e repensarmos diferentes crenças e preconceitos enraizados na nossa sociedade, que limitam ou tiram os direitos sociais e de existência de diver- sos indivíduos. 33 Referências Bibliográficas & Consultadas BIADENI, B. A representação feminina em propagandas de produtos de limpeza: uma análise sobre imagens e discursos. 2019. Graduação (Trabalho de Conclusão de curso em Mídia, Informação e Cultura) – Universidade de São Paulo, 2019. CAMPOS, L. V. Cisgênero e Transgênero. Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol. com.br/sexualidade/cisgenero-transgenero.htm. Acesso em: 13 jul. 2022. CARVALHO, G.; MELO, S.; MENDES, P.; SANTOS, V. Educação e Sexualidade. Caderno Pedagógico. 2 ed. Florianópolis: UDESC/CEAD, 2012. 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