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RAFAELA CORDEIRO GAMA A EDUCAÇÃO PARA A SEXUALIDADE NA INSTITUIÇÃO EDUCACIONAL Sumário INTRODUÇÃO ������������������������������������������������� 3 SEXUALIDADE E O PAPEL DA ESCOLA ��������� 5 AS DIFERENTES ABORDAGENS DA DISCUSSÃO SOBRE SEXUALIDADE NA EDUCAÇÃO ���������������������������������������������������10 EDUCAÇÃO PARA A SEXUALIDADE NA ESCOLA: POSSIBILIDADES DIDÁTICO- PEDAGÓGICAS ���������������������������������������������20 GÊNERO, EDUCAÇÃO E A INSTITUIÇÃO ESCOLAR ������������������������������������������������������27 LEGISLAÇÃO E DOCUMENTOS NORMATIVOS SOBRE EDUCAÇÃO PARA A SEXUALIDADE NO BRASIL �����������������������32 CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������������37 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS & CONSULTADAS ��������������������������������������������40 2 INTRODUÇÃO Neste e-book, vamos conhecer sobre como a se- xualidade e o gênero estão na escola e como essa instituição lidou e lida com tais temáticas. Além disso, conheceremos um pouco mais de como a Educação para a Sexualidade pode ser abordada na escola. Retomando o conceito de sexualidade na contempo- raneidade, apresentaremos essa dimensão humana a partir de um entendimento mais alargado. Além disso, buscaremos compreender a importância da escola na discussão sobre a temática da sexuali- dade, partindo do princípio de que a sexualidade está na escola a todo momento e que a ES está acontecendo a todo momento. Apresentaremos as principais linhas teórico-práticas para a realização da discussão sobre sexualidade na educação. Nesse sentido, indicando os pres- supostos teóricos e as características de cada abordagem elencada pela autora Jimena Furlani. Também mostraremos diferentes possibilidades para o trabalho da sexualidade na escola. Retoman- do um dos principais documentos internacionais sobre Educação em sexualidade da UNESCO, além de outros autores, com orientações e possibilidades 3 pedagógicas de organização da Educação para a Sexualidade na instituição escolar. Retomaremos o conceito de gênero e qual a re- lação histórica entre a educação e a escola com esse marcador social. Além disso, buscaremos apresentar como a escola reproduz as opressões e violências de gênero e como é possível problema- tizar e desconstruir essas questões no cotidiano escolar. Por fim, apresentaremos, historicamente, o que existiu e existe de indicações normativas educa- tivas acerca da Educação para a Sexualidade no país, partindo de uma visão crítica e problemati- zando o caminho tomado pelas políticas públicas curriculares brasileiras na abordagem da ES e sua compreensão teórica. 4 SEXUALIDADE E O PAPEL DA ESCOLA Nas duas primeiras décadas do século 21, acom- panhamos diferentes polêmicas sobre a questão se seria ou não responsabilidade da escola dis- cutir sobre sexualidade. Muitos grupos sociais específicos são contra esse papel da escola, por considerarem a discussão da sexualidade a partir de crenças e de preceitos morais, afirmam que apenas a família pode falar sobre sexualidade com crianças e adolescentes. Entretanto, as estimativas sobre casos de violên- cia e abusos no ambiente familiar alertam que mais de 70% dos casos de violência sexual contra crianças e adolescentes acontecem no ambiente familiar, cometido por um familiar ou por uma pes- soa próxima da família, como vizinhos ou amigos (FAKHOURI, 2019). Além disso, os casos de violência doméstica con- tra crianças e adolescentes que são considerados fora da norma de comportamento em termos de sexualidade e de gênero, norma esta imposta socialmente, vem crescendo. Mas, esses crimes chamam atenção por serem extremamente violentos e cometidos por familiares das vítimas (OLIVEIRA et al., 2021). 5 Conhecendo e analisando esses dados, assumimos que falar sobre sexualidade na escola é afirmar o compromisso com os direitos das crianças e dos adolescentes. Principalmente, no sentido de oferecer informação, conhecimento e um espaço seguro para dialogar sobre suas dúvidas, debater sobre diferentes pontos de vista e também ser um ponto de referência para os relatos de abusos e violências. Percebemos, por isso, que a discussão sobre sexualidade na escola vai além de falar apenas sobre puberdade, ato sexual e o que está envolvido nessas questões. Por ser a sexualidade uma dimensão indissociável do ser humano não podemos dizer que ela não está presente no espaço escolar. Ela está presente a todo momento, pois se configura em uma dimen- são para além da relação sexual. Sobre a diferença entre sexo e sexualidade Figueiró esclarece: Sexo diz respeito à relação sexual, enquanto que sexualidade abrange o sexo, porém, também: a comunicação, o afeto, o toque ou carícia, o amor e as regras sociais e culturais criadas em torno do comportamento sexual, que variam de cultura para cultura e que são passíveis de mudança. Faz parte, ainda, da sexualidade, o gênero, a identidade sexual, a identidade de gênero e a orientação sexual. (FIGUEIRÓ, 2018, p. 22) 6 Highlight Dessa forma, percebemos que a questão de gênero, a dimensão do prazer, as relações interpessoais e intrapessoais, entre outros assuntos, fazem parte do que se entende por sexualidade. Além disso, compreendemos que a discussão sobre sexualidade na escola também pode servir como ferramenta para a autoproteção e identificação de abusos e violências por crianças e adolescentes. Tal discussão sobre sexualidade na escola também envolve desconstruir as crenças e preconceitos que são constituídos histórica, cultural e socialmente. Essa é uma realidade que ainda é vivenciada em termos de estudos científicos sobre a sexualidade humana. Foucault (2019) nos elucidou que os discursos sociais da burguesia capitalista sobre o sexo e a sexualidade nasceram como uma forma de possibilidade de exercício de poder nas relações sociais. O autor afirmou que: A sociedade que se desenvolve no século XVIII – chame-se burguesa, capitalista ou industrial – não reagiu ao sexo com uma recusa em reconhecê-lo. Ao contrário, instaurou todo um aparelho para pro- duzir discursos verdadeiros sobre ele. Não somente falou muito e forçou todo mundo a falar dele, como também empreendeu a formulação de sua verdade regulada. (FOUCAULT, 2019, p. 78) 7 A partir disso, esses “discursos verdadeiros” sobre sexualidade, os quais elencavam padrões específicos de “normalidade” em termos de com- portamento, se proliferaram pelas instituições da sociedade burguesa. Tal proliferação aconteceu principalmente nas áreas médicas, jurídicas, re- ligiosas e educativas. Assim, a escola também foi um espaço de normatização e de controle da sexualidade e dos discursos sobre ela. Nesse sentido, por muitos anos a educação que trazia a discussão sobre sexualidade foi desenvolvi- da a partir de padrões comportamentais que eram considerados “saudáveis”. Já os comportamentos que eram considerados fora desses padrões eram entendidos como “anormalidade”, chegando até patologizar comportamentos específicos. Por exemplo, a homossexualidade foi considerada por muito tempo pela medicina como uma doença e um desvio de caráter moral. Outro exemplo desse tipo de entendimento era a compreensão da mas- turbação infantil, o que gerou uma educação de vigilância e de controle dos bebês e das crianças, a partir de um olhar adulto sobre a sexualidade infantil e a relação com o próprio corpo. Apesar de, muitas vezes, não fazer parte do coti- diano pedagógico da escola, como uma área do conhecimento ou um tema transversal, a questão 8 da sexualidade passava (e ainda passa) por um processo de vigilância, de controle e de silencia- mento, pois o que acontece é que a sexualidade, querendo ou não, está presente no ambiente es- colar (FIGUEIRÓ, 2018). As crianças e os jovens são seres sexuados e, implícita ou explicitamente, a sexualidade também está nas relações sociais na escola. Entretanto, para que a sexualidade seja um tema a ser discutido e fomentadona escola, é necessário que existam, e que sejam respeitadas, as condições para que esse trabalho seja feito. Isso pressupõe, além de legislação e documentos orientadores para a Educação para a Sexualidade, políticas públicas e investimento público na formação docente. 9 AS DIFERENTES ABORDAGENS DA DISCUSSÃO SOBRE SEXUALIDADE NA EDUCAÇÃO Quando pensamos sobre a temática de sexualida- de é comum associarmos à área da saúde ou das ciências biológicas como áreas responsáveis pela discussão do tema e pela promoção da Educação para a Sexualidade. Entretanto, na contempora- neidade, compreende-se que a discussão sobre sexualidade perpassa diferentes campos do saber e do conhecimento, complexificando a discussão sobre essa temática. Por conta da complexidade da discussão sobre sexualidade, existem na contemporaneidade dife- rentes abordagens sobre essa temática na área da educação, as quais são orientadas por diferentes referenciais teóricos. Furlani (2011), no livro intitulado Educação Sexual na sala de aula: relações de gênero, orientação sexual e igualdade étnico-racial numa proposta de respeito às diferenças, apresentou oito abordagens sobre sexualidade no sentido educacional. São elas: a abordagem moral-tradicionalista, terapêutica, 10 religioso-radical, biológico-higienista, dos direitos humanos, dos direitos sexuais, emancipatória e, por fim, a abordagem queer. A autora Jimena Furlani utiliza o termo Educação Sexual em seus estudos. Entretanto, o termo Educação para a Sexualidade é defendido pela pesquisadora Constantina Xavier Filha, que compreende ser uma “[...] prática que visa a refletir, a desconstruir discursos considerados como ‘únicas’ possibilidades, evidenciando que os discursos são construções culturais e que suas formas de enunciação são capazes de produzir subjetividades. ” (XAVIER FILHA, 2009, p. 33). Nesse sentido, como a educação e o conhecimento sobre sexualidade estão em constante transformação, a autora propõe esse termo para dissociar a ideia de uma educação sexual normatizadora e padronizada. Assim, compreendemos que o termo Educação para a Sexualidade está de acordo com uma educação sexual que discuta sobre relações de gênero, orientação sexual e igualdade étnico-racial numa proposta de respeito às diferenças, como proposta por Furlani (2011). As três primeiras abordagens a serem caracteriza- das aqui possuem características comuns entre si. As três utilizam a discussão sobre sexualidade a partir de ideias e crenças religiosas. São elas: FIQUE ATENTO 11 a abordagem moral-tradicionalista, a abordagem terapêutica e a abordagem religioso-radical. A abordagem moral-tradicionalista, muito comum nos Estados Unidos, tem como defesa a abstinên- cia sexual. Influenciada por preceitos religiosos e conservadores, essa abordagem promove debates acerca dos “papéis sexuais” tradicionais, a educa- ção separada entre meninos e meninas, a casti- dade pré-marital e crítica abertamente às práticas sexuais que não têm como objetivo a reprodução. Furlani (2011) então apresenta duas críticas espe- cíficas à essa abordagem, que são a estimulação da discriminação baseada no sexo, no gênero, na orientação sexual, no estado civil, na classe social e na raça; e a privação da informação, principal- mente sobre os métodos contraceptivos que não são considerados “naturais”, por exemplo a pílula anticoncepcional e a camisinha. A abordagem terapêutica pode estar presente em diferentes espaços, não só educacionais. Está rela- cionada com entendimento não científico acerca da temática da sexualidade, principalmente buscando o que Furlani (2011) chama de “causa” explicativas para as vivências sexuais consideradas fora do padrão, “anormais” ou para os “problemas sexuais”. Buscam, assim, a “cura” sexual, principalmente da homossexualidade. 12 Já a abordagem religioso-radical pauta suas dis- cussões nas interpretações literais dos textos da Bíblia, sendo esta a que apresenta uma “incontes- tável verdade” acerca do discurso religioso sobre as representações acerca da sexualidade conside- rada “normal”. Está mais relacionada às escolas religiosas ou em instituições religiosas diversas, que promovem estudos bíblicos ou pregações co- letivas, em encontros grupais ou individuais (como a confissão) a partir do fundamentalismo cristão. Essa abordagem sofre críticas pela autora Furlani (2011) por ser uma abordagem que promove e fortalece discursos violentos contra pessoas con- sideradas fora do padrão, justificando violências como a homofobia, a opressão sexista e até a segregação racial. Segundo Furlani (2011) há ainda outras seis abordagens da discussão sobre sexualidade na educação. São elas: a abordagem biológico-higie- nista, dos direitos humanos, dos direitos sexuais, emancipatória e a abordagem queer. A abordagem biológico-higienista é destacada pela autora como a mais comum de se observar nas escolas e nas políticas educacionais sobre sexualidade no Brasil, de forma quase exclusiva. Essa abordagem está relacionada com a promoção da discussão sobre sexualidade a partir da ênfase 13 no conhecimento biológico sobre o tema, numa visão pautada no determinismo. Os temas mais comuns discutidos nessa aborda- gem são o ensino como promoção da saúde, as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), a ênfase na reprodução humana e na gravidez não planejada, a questão do planejamento familiar, entre outros. Nesse sentido, mantem-se uma discussão sobre sexualidade limitada e reducionista, tanto no sentido de temáticas a serem trabalhadas quanto nas possibilidades de discussão sobre sexualidade em outras faixas etárias (FURLANI, 2011). Já a abordagem dos direitos humanos apresenta uma outra dimensão da discussão sobre a sexuali- dade, para além da questão estritamente biológica. Baseada na ideia dos direitos humanos, a qual criticava a exclusão social e as desigualdades sociais impostas na sociedade, principalmente no pós-guerra, essa abordagem introduz as de- mandas temáticas da exclusão, da discriminação, dos diferentes preconceitos e das desigualdades sociais e econômicas. Essas temáticas foram levantadas a partir dos movimentos sociais, os quais demonstraram que as desigualdades atingem os indivíduos não só a partir do marcador social de classe, pois existe também uma justificativa das desigualdades a partir 14 Highlight de outros marcadores sociais, como o gênero, a raça, a própria sexualidade e as representações negativas construídas sobre esses grupos (FUR- LANI, 2011). Nesse sentido, percebemos que essa abordagem trouxe uma compreensão mais política e social para a discussão da sexualidade na educação, a partir de valores específicos, como a igualdade, a inclusão social e a cidadania plena dos indivíduos. Sobre essa abordagem, a autora elucidou o seguinte: A educação sexual baseada na abordagem dos direitos humanos é aquela que fala, explicita, problematiza e destrói as representações negativas socialmente impostas a esses sujeitos e às suas identidades “excluídas”. Trata-se de um processo educacional que é assumidamente político e comprometido com a construção de uma sociedade melhor, menos desigual, mais humana [...] (FURLANI, 2011, p. 24) Sendo assim, se coloca em pauta, na discussão sobre a sexualidade na educação, as diferentes formas de preconceito, como o sexismo, machis- mo, misoginia, homofobia, transfobia, lesbofobia, racismo, etnocentrismo, xenofobia, entre outros. Seguindo as abordagens a partir da discussão sobre direitos, apresenta-se então a abordagem dos direitos sexuais. Essa abordagem tem como 15 base a Declaração dos Direitos Sexuais, elabora- da e apresentada no 14º Congresso Mundial de Sexologia, em 1999. Esse documento faz parte do movimento em defesa dos direitos humanos, incluindo a questão da sexualidade nessa discussão. Para conhecer a Declaração dos Direitos Sexuais na íntegra, acesso o link a seguir: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/dedi/declaracao_direi- tos_sexuais.pdf Essa abordagem está relacionada com a defesa dos direitos sexuais não só em uma perspectiva biológica, mas também social e cultural. Furlani (2011) afirmou, por exemplo, que defender os direi- tos sexuais das mulheres não perpassam apenas pela questão da reprodução, mas também pela defesa de condições de vida com direitos sociais básicos assegurados. Além disso, essa abordagem também problematiza a questão da violência de gênero e a violência sexual. Seguindo para a abordagem emancipatória, vislum- bramos uma mudança teórica importante, pois tal abordagem defende uma discussão da sexualidade a partir do diálogo e de uma base teórica sócio-his- tórico-crítica (FURLANI, 2011). Compreendemos, então, que o contexto estruturante da sociedade SAIBA MAIS 16 http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/dedi/declaracao_direitos_sexuais.pdf http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/dedi/declaracao_direitos_sexuais.pdf http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/dedi/declaracao_direitos_sexuais.pdf é “repressor” da sexualidade e, por isso, devemos buscar a emancipação e a liberdade da vivência da sexualidade a partir da consciência dos meca- nismos que a oprimem. Nesse sentido, a discussão da sexualidade levaria em conta o desvelamento dos sistemas de opressão na sociedade capitalista, os quais também opri- mem a sexualidade. Ou seja, leva em consideração principalmente as discussões sobre classe social e a organização e a compreensão da sexualidade. Afirmando que a libertação e a emancipação do ser humano também passam pela ideia de liberdade sexual (FURLANI, 2011). Entretanto, a chamada “hipótese repressiva” da se- xualidade na sociedade capitalista foi amplamente discutida e problematizada por Michael Foucault (2019), na série de livros História da Sexualidade. Esse autor observou em suas análises que os discursos sobre sexualidade fizeram parte do es- tabelecimento do que ele chama “sistema saber/ poder” nas relações sociais. Esse sistema legitima as relações de poder na sociedade e como elas são estabelecidas hierarquicamente na sociedade capitalista, sendo o dispositivo da sexualidade parte desse sistema. Essa compreensão teórica a partir da análise foucaultiana sobre a sexualidade é base teórica da última abordagem da educação sexual elen- cada por Furlani (2011), a abordagem queer. Essa 17 abordagem tem sua base na teoria queer, a qual surgiu a partir da cultura intelectual gay e lésbica que ressignificou o termo da língua inglesa, que era utilizado de forma pejorativa para ofender e humilhar pessoas que não estavam no “padrão de normalidade” em relação a identidade sexual e de gênero. Nesse sentido, a abordagem queer da discussão sobre sexualidade na educação questiona e pro- blematiza qualquer tipo de normatividade que, por alguma razão, se apresente nas temáticas da sexualidade, desestabilizando o que é tido como fixado em termos de identidade sexual ou de gênero. Assim, uma educação sexual de abordagem queer “[…] poderia começar por se apresentar como per- turbadora das ‘verdades’ que definem os campos de produção e reprodução de relações desiguais de poder e de legitimação das hierarquias sexuais e de gênero.” (FURLANI, 2011, p. 40). Para saber mais sobre a teoria queer assista a palestra O que é queer?, de Richard Miskolsci, proferida no I Se- minário Queer realizado em 2015: https://www.youtube. com/watch?v=ar19rH0H6lM A partir de tais considerações, percebemos que a realização da discussão sobre sexualidade na SAIBA MAIS 18 https://www.youtube.com/watch?v=ar19rH0H6lM https://www.youtube.com/watch?v=ar19rH0H6lM educação pode ser feita a partir de diferentes abordagens. Entretanto, se faz necessário afirmar que, dentro da escola, principalmente a escola pública que se compreende como laica, algumas abordagens não vão de encontro a esses princípios. A escola, principalmente pública, é local da diver- sidade. Nesse sentido, se faz necessário defender uma educação para a sexualidade que compre- enda a diversidade e que busque desenvolver um trabalho a partir de princípios que lutem contra a violência, contra os discursos de ódio e contra a normatividade em termos de sexualidade e gêne- ro, promovendo, assim, uma educação que leve em consideração a realidade objetiva da vida das crianças e dos adolescentes. Para ler o livro Educação Sexual na Sala de aula: relações de gênero, orientação sexual e igualdade étnico-racional numa proposta de respeito às diferenças, da autora Jimena Furlani (2011) acesse à Minha Biblioteca. SAIBA MAIS 19 EDUCAÇÃO PARA A SEXUALIDADE NA ESCOLA: POSSIBILIDADES DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS Quando falamos em Educação para a Sexualidade (ES) na escola, uma grande dúvida são as possibi- lidades didático-pedagógicas para o trabalho em ES nos diferentes níveis de ensino e nas diferentes faixas-etárias. É comum, ainda, o entendimento de que a ES deve ser realizada apenas a partir de uma faixa etária específica, mais ou menos a partir dos 10 ou 11 anos. Entretanto, diferentes autores e pesquisadores da área indicam que a ES pode acontecer desde os primeiros anos de escolarização da criança. Contudo, em cada nível de ensino, de acordo com a faixa etária das crianças e adolescentes, devem ser trabalhadas temáticas e pontos de discussão específicos, que vão se complexificando ao longo da trajetória escolar. Um exemplo de documento que organiza e faz indicações técnicas baseadas em evidências científicas de diferentes experiências em ES em diversos países, é o documento intitulado “Orien- tações Técnicas Internacionais de Educação em Sexualidade”, elaborado e publicado em português 20 em 2019 pela Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Nesse documento, é possível encontrar a definição de educação integral em sexualidade (E I S) e uma revisão das evidências científicas em experiências em E I S. Além disso, descreve também como pla- nejar e executar programas de E I S e apresenta uma possível organização de objetivos, estrutura e conteúdo a serem abordados em cada faixa-etária em um programa de ES. No link a seguir, é possível conhecer na íntegra o docu- mento “Orientações Técnicas Internacionais de Educação em Sexualidade” da UNESCO (2019): https://www.unfpa. org/sites/default/files/pub-pdf/369308por.pdf. Longe de esgotar o documento e focando nas discussões nesse material, nos chama atenção o capítulo 5 do documento indicado. Intitulado “Con- ceitos-chave, tópicos e objetivos de aprendizagem”, nos proporciona reflexões sobre as possibilidades didáticas-pedagógicas em ES. O capítulo citado apresenta uma base de orien- tações para o planejamento de currículos em ES, com os seguintes objetivos: SAIBA MAIS 21 https://www.unfpa.org/sites/default/files/pub-pdf/369308por.pdf https://www.unfpa.org/sites/default/files/pub-pdf/369308por.pdf y Proporcionar informações cientificamente confiáveis, gradativas, apropriadas para a idade e para o estágio de desenvolvimento, sensíveis ao gênero, culturalmente relevantes e transformadoras sobre os aspectos cognitivos, emocionais, físicos e sociais da sexualidade; y Proporcionar aos jovens a oportunidade de explorar valores, atitudes, normas e direitos sociais e culturais que impactam os relacionamentos sexuais e sociais; y Promover a aquisição de habilidades para a vida. Na tabela a seguir, observamos a visão geral dos conceitos-chave e os possíveis tópicos de trabalho em ES segundo o documento: Tabela 1: Visão geral dos conceitos-chave e os tópicos a serem trabalhados na ES Conceito-chave 1: Relaciona- mentos Conceito-chave 2: Valores, direitos, cultura e sexualidade Conceito-chave 3: Entender de gênero Conceito-chave 4: Violência e garantia de segurança Tópicos: Famílias; Amizade, amor e rela- cionamentos amorosos; Tolerância, inclusãoe respeito; Compro- misso de longo prazo e parentalidade. Tópicos: Valores e Sexualidade; Direitos humanos e sexualidade; Cultura, sociedade e sexualidade. Tópicos: Construção social de gênero e normas de gênero; Igualdade, estereótipos e preconceito de gênero; Violência baseada em gênero. Tópicos: Violência; Consentimen- to, privacida- de e integrida- de corporal; Utilização se- gura das Tec- nologias de Informação e Comunicação. 22 Conceito-cha- ve 5: Habilidades para a saúde e o bem-estar Conceito-cha- ve 6: O corpo humano e seu desenvolvi- mento Conceito-cha- ve 7: Sexualida- de e com- portamento sexual Conceito-cha- ve 8: Saúde sexual e reprodutiva Tópicos: Normas de comporta- mento sexual e influência dos colegas; Tomada de decisões; Habilidades de comunica- ção, recusa e negociação; Alfabetização midiática e sexualidade; Encontrar aju- da e apoio. Tópicos: Anatomia e fisiologia sexual e reprodutiva; Reprodução; Puberdade; Imagem corporal Tópicos: Sexo, sexu- alidade e ciclo de vida sexual; Comporta- mento sexual e resposta sexual. Tópicos: Gravidez e prevenção da gravidez; Estigma, atenção, tratamento e poio em HIV e AIDS; Entender, reconhecer e reduzir o risco de Infecções Sexualmente Transmissí- veis, incluindo o HIV. Fonte: Adaptado de UNESCO (2019) Nesse sentido, a organização dos conceitos-chave para possíveis programas em ES está separada em quatro faixas etárias: de 5 a 8 anos; de 9 a 12 anos; de 12 a 15 anos e de 15 anos a 18+. Assim, em cada conceito-chave existem objetivos de apren- dizagem diferentes e habilidades específicas a serem trabalhadas, de acordo com as faixas etárias. Percebemos, a partir desse documento, que o tra- balho em ES pode ser promovido desde a Educação Infantil, seguindo a organização de níveis de ensino 23 no Brasil. O livro “A conversa sobre sexualidade na escola”, organizado por Marcos Ribeiro (2021), corrobora com essa possibilidade, apresentando diferentes possibilidades didático-pedagógicas para o trabalho em ES na escola. Nesse sentido, é possivel observarmos que o tra- balho em ES deve ir além das atividades pontuais e descontínuas da escola, como palestras sobre a temática realizadas uma vez ao ano geralmente com profissionais que não estão envolvidos no cotidiano escolar, como profissionais da saúde. Furlani (2013) defende que o trabalho em ES deve ser realizado a partir de forma sistemática e contínua: Uma continuidade baseada em princípios claros de um processo permanente – porque o bombar- deamento midiático de informações recebidas por crianças e jovens é permanente… porque as situações de exclusão social, decorrentes do sexismo e da homofobia, são constantes, porque as representa- ções hegemônicas que hierarquizam as diferenças estão permanentemente sendo fixadas mesmo com permanentes resistências […] porque a subjetivação da sexualidade (que talvez tenha um papel maior do que, até então, temos considerado nessa dinâmica de mudança comportamental) está sendo perma- nente posta em questão pelos aparatos discursivos de uma cultura e precisa ter o contraponto reflexivo de uma educação sexual sistemática, corajosa, 24 honesta e politicamente interessada com a crítica desses modelos de desigualdade sexual, de gênero, de etnia, de raça, de geração, de classe, de religião, etc. (FURLANI, 2013, pp. 69-70) Dentro da organização de um trabalho contínuo e sistemático, a discussão da sexualidade pode ser realizada com diferentes estratégias didáticas. Pode ser desenvolvida, então, como um projeto coletivo na escola, como um conteúdo transversal nas diferentes áreas do conhecimento ou a partir de sequências didáticas, por exemplo. Além disso, alguns temas podem ser introduzidos e trabalha- dos na rotina, por meio de rodas de conversa, com questões disparadoras ou por meio da organização da sala de aula (RIBEIRO, 2021). Ou seja, o trabalho em ES deve levar em consi- deração a faixa etária dos estudantes, o nível de ensino (se Educação Infantil, Anos Iniciais ou Anos Finais do Ensino Fundamental ou Ensino Médio), as temáticas a serem trabalhadas de acordo com a faixa etária, a escolha de estratégias didáticas que enriqueçam a abordagem e envolva os estudantes a dialogar e refletir sobre sexualidade. Outras possibilidades didático-pedagógica a ser considerada na abordagem da ES na escola é trabalhar as temáticas que aparecem no cotidiano escolar por meio de perguntas, dúvidas e situações que acontecem no grupo de estudantes. O docu- 25 Highlight mento da UNESCO (2019) afirma que é importante levar em consideração as necessidades educativas dos estudantes. A todo o momento as temáticas de sexualidade são pauta e estão presentes no cotidiano escolar. Elas são expressas por meio de comportamentos, dúvidas, perguntas, entre outras atitudes e o edu- cador se depara com essas situações na escola, que é um dos lugares onde as crianças e jovens estão todos os dias, por muitas horas. Por isso, o trabalho em ES na escola seja fundamental. Entretanto, é evidente a necessidade de inves- timento na formação docente, pois a ES é uma temática complexa e com múltiplas dimensões de abordagem. Além disso, por ela ocorrer a todo momento e em qualquer lugar, a escola precisa assumir um trabalho sistemático, informativo e de compromisso com os direitos dos estudantes. 26 GÊNERO, EDUCAÇÃO E A INSTITUIÇÃO ESCOLAR Quando observamos a escola enquanto instituição e seu desenvolvimento histórico vemos práticas marcadas pelas questões de gênero, assim como na sociedade. Hierarquias, divisões entre meninos e meninas, reprodução de violências de gênero são situações em que a questão do gênero está presente na escola. Percebemos, assim, que as relações pautadas no gênero estão relacionadas com a questão do poder. Sobre isso, Joan Scott (2019) afirmou que o gênero, além de ser um elemento que constitui as relações sociais a partir da significação das diferenças entre os sexos, também é uma das formas de significação das relações de poder na sociedade moderna. Dessa maneira, entendemos que essa sociedade moderna capitalista teve sua organização social pautada no gênero, o qual constitui opressões diversas, assim como as divisões de classe e de raça. A partir dessa constituição de opressões, percebemos como esses marcadores também são utilizados para justificar as desigualdades sociais, precarizando a vida e negando direitos de indivíduos que fazem parte de grupos minorizados. 27 Minorias sociais é um conceito específico da área das Ciências Sociais e diz respeito a um ou mais grupos da população que estão à margem da sociedade capitalista, ou seja, são excluídos do ponto de vista da garantia de direitos sociais básicos (PORFÍRIO, 2022) A partir do estabelecimento de padrões normativos de comportamentos e identidades sociais, existiu o estabelecimento de padrões de comportamento e de identidades de gênero. Ou seja, como cada gênero (e nesse momento compreendido a partir da lógica binária do gênero masculino e gênero feminino) deve se comportar socialmente a partir das expectativas de vida e de participação social estabelecidas para homens e mulheres (LOURO, 2014). Essa organização social normatizada a partir do gênero também é reproduzida pela educação, e, consequentemente, pela educação escolarizada realizada nas escolas. Nesse sentido, a escola, enquanto instituição moderna responsável pelo processo de escolarização dos indivíduos, surgiu e está inserida nessa sociedade, resultando tam- bém em uma organização normatizada, que por muitos anos reproduziu as divisões e estereótipos de gênero. FIQUE ATENTO 28 A escola surgiu como uma instituição educativa para poucos indivíduos e grupos sociais. A educação institucionalizada não foi concebida considerando todas as pessoas, por exemplo, as mulheres não tinham direito à educação escolarizada. Nas poucas escolas que realizavameducação de meninas e mulheres, a educação era voltada aos afazeres domésticos, pois compreendia-se e nor- matizava-se que as mulheres tinham nascido para as atividades de cuidado e do ambiente privado da casa. Esse é um exemplo da constituição de estereótipos de gênero e como eles podem cons- truir diferenças na educação. Entretanto, a escola também pode ser um espaço de problematização e desconstrução desses este- reótipos e desses entendimentos de desigualda- de a partir das diferenças. Nesse sentido, Louro descreveu como a escola produz e reproduz as diferenças entre os indivíduos e qual seu papel e da educação para subverter esses sentidos: Currículos, normas, procedimentos de ensino, te- orias, linguagem, materiais didáticos, processo de avaliação são, seguramente, locais das diferenças de gênero, sexualidade, etnia, classe – são cons- tituídos por essas distinções e, ao mesmo tempo, seus produtores. Todas essas dimensões precisam, pois, ser colocadas em questão. É indispensável 29 questionar não apenas o que ensinamos, mas o modo com que ensinamos e que sentidos nossos/ as alunos/as dão ao que aprendem. Atrevidamente é preciso, também, problematizar as teorias que orientam o nosso trabalho (incluindo, aqui, até mesmo aquelas teorias consideradas “críticas”). Temos de estar atentas/os, sobretudo, para nossa linguagem, procurando perceber o sexismo, o ra- cismo e o etnocentrismo que ela frequentemente carrega e institui (LOURO, 2014, p. 68). Portanto, compreendermos como as regras so- ciais de gênero e suas problemáticas constituem a instituição escolar é importante para buscarmos discuti-las e desconstruí-las no cotidiano e na cons- tituição das escolas. Percebermos e refletirmos sobre a mudanças das práticas que reproduzem os estereótipos, as opressões e as violências de gênero e que se perpetuam na escola é buscar oferecer uma educação escolar de qualidade. Além de oferecer uma educação escolar de qualida- de, também é assumir uma postura crítica acerca das práticas pedagógicas que excluem ou separam os educandos em razão de suas identidades de gênero ou de seus comportamentos considera- dos “fora de padrão”. E é nesse sentido que a ES envolve a discussão de gênero em interface com a sexualidade. 30 Para aprofundar seus conhecimentos sobre gênero e educação assista ao vídeo Gênero e Educação: Ciclo de Vídeo aulas GDE 2012/2013 promovida pela Universidade Federal de Santa Catarina: https://www.youtube.com/ watch?v=gxvxN4RSljI. O GDE é a sigla para o projeto Gênero e Diversidade na Escola, o qual promovia discussões acerca das temáticas com os professores da educação básica. Além das aulas disponibilizadas on-line pelo projeto, conheças os livros Gênero e diversidade: formação de educadores/as, escrito Cíntia Maria Teixeira e Maria Madalena Magnabosco; Políticas de Educação: gênero e diversidade sexual: breve história de lutas, danos e resistências, escrito por Cláudia Vianna; e Gênero e Educação: 20 anos construindo o conhecimento, com organização de Cláudia Vianna e Marília Carvalho, todos disponível na Minha Biblioteca. SAIBA MAIS 31 https://www.youtube.com/watch?v=gxvxN4RSljI https://www.youtube.com/watch?v=gxvxN4RSljI LEGISLAÇÃO E DOCUMENTOS NORMATIVOS SOBRE EDUCAÇÃO PARA A SEXUALIDADE NO BRASIL A escola é uma instituição orientada por diferentes legislações e documentos normativos. Nesse sen- tido, a prática docente é corroborada por diferentes leis e documentos que dão base para a construção do currículo escolar e dos programas curriculares. Assim, com a Educação para a Sexualidade (ES) no âmbito escolar não seria diferente. Entretanto, no Brasil, é possível notarmos uma instabilidade no aparecimento da ES nas legislações e documentos normativos educacionais. A primeira vez que a ES esteve presente em um documento de base para o currículo a nível nacional, no Brasil, foi na publicação dos Parâmetros Curri- culares Nacionais (PCN), em 1997 e do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI ), em 1998. No entanto, antes desses documentos, existiam iniciativas de alguns municípios e estados brasileiros que, pontualmente, realizavam projetos em ES ou assumiam a presença da temática nos documentos curriculares. Um exemplo desses estados é São Paulo (RIBEIRO, 2004). 32 Para conhecer e se aprofundar sobre a história da Edu- cação para a Sexualidade no Brasil e nas legislações e documentos normativos, leia o artigo História da Educação Sexual no Brasil: apontamentos para reflexão, escrito por Rita Cássia Pereira Bueno e Paulo Rennes Marçal Ribeiro, acessando o seguinte link: https://www.rbsh.org.br/revis- ta_sbrash/article/download/41/42/112#:~:text=Em%20 1977%2C%20a%20Secretaria%20Municipal,em%20 sigilo%20durante%20um%20tempo. Nos PCN, a ES foi apresentada como um tema transversal, ou seja, um tema que atravessava toda a orientação curricular apresentada no documento. Nesse sentido, no âmbito dos temas transversais, o capítulo que apresentava essa temática foi inti- tulado “Orientação Sexual”. É importante frisar que essa nomenclatura que dá título ao capítulo não é mais utilizada nos dias de hoje, afinal, orientação sexual é um conceito ligado ao campo de estudo da sexualidade e não da Educação. Os PCNs e o RCNEIs não tinham caráter obriga- tório, ou seja, serviam apenas de referencial para a construção dos currículos e programas curriculares das redes de ensino estaduais e municipais do Brasil (BRASIL, 1997; BRASIL, 1998). Entretanto, eles apresentaram um avanço de concepção sobre a sexualidade e a ES, levando em consideração SAIBA MAIS 33 aspectos sociais, políticos, culturais, históricos, econômicos e psicológicos da sexualidade. Des- sa maneira, esses documentos ao assumirem a transversalidade da temática da sexualidade e da ES deixavam de restringir a abordagem pedagógi- ca no âmbito das disciplinas de Ciência/Biologia (VIANNA; UNBEHAUM, 2006). Salvaguardadas as críticas acerca desses docu- mentos, a conquista na apresentação do tema transversal “Orientação Sexual” pela primeira vez em um documento nacional e a discussão de te- máticas de sexualidade e gênero vem da luta dos movimentos sociais, principalmente feministas e LGBTQIA+, os quais estavam nos espaços de debates de políticas educacionais. Entretanto, por conta da falta de investimentos públicos na educação, a implementação do RCNEI e dos PCNs foi limitada, sendo um dos problemas dessa implementação a falta de formação docen- te sobre as temáticas de sexualidade e gênero e sobre ES. Isso gerou uma negligência com essas temáticas, se tornando temas secundários nos programas curriculares das redes de ensino e, muitas vezes, relegadas ao esquecimento de se- rem incluídas pelos docentes nas discussões de temas transversais (VIANNA; UNBEHAUM, 2006). 34 No início do século 21, no Brasil, diferentes políticas públicas de inclusão social foram desenvolvidas, como o Programa Nacional de Direitos Humanos e o Programa Brasil sem Homofobia. Com isso, as pautas relacionadas à sexualidade e gênero eram continuamente discutidas e problematizadas. Essas discussões demonstravam, assim, a importância das temáticas na educação. A partir disso, pautando o desenvolvimento de uma base curricular nacional, com caráter de lei, prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDBEN) de 1996, iniciou-se a regulamentação das Diretrizes Nacionais da Educação Básica (DCN) publicadas em 2013. Nesse documento, estava prevista a necessidade de inclusão das temáticas de sexualidade e gênero na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Em 2017, foi aprovada a BNCC, ou seja, o docu- mento com força de lei e, portanto, obrigatório, a ser considerado na construção dos programas curriculares das redes de ensino de todo o país. No entanto, a aprovação e publicação da BNCC foi envolta a polêmicas, pois na sua última versão aprovada foram retiradas qualquer menção às palavras gênero (quenão estivesse falando sobre gênero textual na área de linguagens) e orientação sexual (FERREIRA; MARIZ, 2017). 35 Além disso, a temática de sexualidade foi res- tringida ao 8º ano dos Anos Finais do Ensino Fundamental, revivendo o entendimento de que a discussão sobre sexualidade, principalmente, é de responsabilidade de uma área do conhecimento (SILVA; BRANCALEONI; OLIVEIRA, 2019). Desse modo, percebemos um movimento de retirada dessa temática tão importante para a educação de crianças e jovens dos documentos normativos do campo da educação no Brasil. Apesar disso, existem diferentes movimentos de resistência a esse apagamento, nos quais as professoras e os professores lutam para garantir, no cotidiano escolar, a discussão dessas temáticas e, assim, os direitos das crianças e dos jovens de acesso a uma Educação para a Sexualidade. 36 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesse e-book, abordamos a questão da sexualidade na instituição escolar e as possibilidades de como ela pode ser discutida e abordada no cotidiano escolar. Esse ponto é importante, pois a educação e a escola têm um papel importante na Educação para a Sexualidade de crianças e jovens. Em nossa discussão, percebemos como a sexu- alidade está presente em todos os momentos na instituição escolar e como, historicamente, ela foi controlada e vigiada nessa instituição. Isso acon- teceu a partir de uma compreensão normativa da sociedade ocidental reproduzida dentro da escola e na educação. Entretanto, ao longo dos anos, a compreensão de sexualidade foi se complexificando e, consequen- temente, o papel da escola também. Desse modo, notamos que a necessidade de uma educação que discuta a questão da sexualidade de forma crítica, a partir dos direitos humanos e de luta contra opressões e violências nesse sentido foi aumentando. Também percebemos que a sexualidade pode ser compreendida e discutida a partir de diferen- tes bases teóricas ou de senso comum, como a religião. Entretanto, é preciso termos claro que o 37 papel da escola é assumir um compromisso com o direito à informação e conhecimento científico sobre sexualidade, problematizando as abordagens que utilizam de morais religiosas para o trabalho em sexualidade. Além disso, discutimos a existência de diferentes maneiras pedagógicas de se trabalhar a temática sexualidade no cotidiano escolar, observando como organizar um currículo e um programa que abran- gesse diferentes temáticas dentro da discussão sobre sexualidade em diferentes níveis de ensino, considerando a faixa etária de crianças e jovens e que a sexualidade não se restringe ao trabalho nas disciplinas de Ciências ou Biologia, mas pode ser abordada em diferentes disciplinas. Trabalhamos também com o significado de gênero nos estudos acadêmicos atuais, como ele está envolvido estruturalmente na sociedade e como ele gera violências e opressões a partir das relações de poder na sociedade. Dentro disso, percebemos como a educação e a escola, enquanto instituição de uma sociedade ocidental moderna, reproduziu e reproduz ainda as opressões e violências de gênero no cotidiano escolar. Nesse sentido, buscamos problematizar as práticas pedagógicas sexistas e normativas para pensar- 38 mos e refletirmos como resistir e subverter essas questões na escola. E, por fim, conhecemos também o histórico da Educação para a Sexualidade no âmbito das leis e documentos normativos para sua regulamentação na escola brasileira, percebendo como, ao longo dos últimos anos, essa temática foi sendo restrin- gida e silenciada nos documentos normativos do currículo na educação. 39 Referências Bibliográficas & Consultadas BRASIL� Parâmetros Curriculares Nacionais: orientação sexual� Brasília, DF: MEC/SEF, 1997� Disponível em: http://basenacionalcomum.mec. gov.br/images/pcn/orientacao.pdf. Acesso em: 14 jul. 2022. 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