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35
CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM 
PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
GEÓRGIA SILVA CONCEIÇÃO DE FREITAS
IVONE ACOSTA MORENO
A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS PAPÉIS DE PAI E MÃE NAS FAMÍLIAS E SUAS REFLEXÕES NA EDUCAÇÃO DOS FILHOS
VITÓRIA 
2017
GEÓRGIA SILVA CONCEIÇÃO DE FREITAS
IVONE ACOSTA MORENO
A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS PAPÉIS DE PAI E 
MÃE NAS FAMÍLIAS E SUAS REFLEXÕES 
NA EDUCAÇÃO DOS FILHOS
.
Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Gestão Educacional Integrada ao Centro de Estudos Avançados e Pesquisa – CESAP, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em educação multidisciplinar. 
Orientadora: Prof(a). Ms Daniely Anselmo Teixeira.
VITÓRIA
2017
RESUMO
	
O trabalho tem como objetivo mostrar a modernização familiar e ao mesmo tempo o papel dos pais no ambiente escolar. Com a mudança no exemplo de família atualmente percebemos que as crianças da pré-escola apresentam dificuldades em vários aspectos na escola já que muitas vezes os acúmulos de tarefas dos pais deixam a educação e a atenção dos filhos em segundo plano. Antes as mães não trabalhavam e participavam ativamente dos processos educacionais dos seus filhos de perto hoje isso vem mudando,, tanto o pai quanto a mãe trabalham fora e muitas vezes isentam-se, assim deixando o trabalho único e exclusivo para a escola .crianças tem tido sua formação sem pontos de referencia e isso o ternara um adulto com varias dificuldades sociais e isso deve ser revisto e modificado sem contar que muitas vezes as crianças apresenta problemas de saúde e os pais não conseguem ou não querem aceitar, deixando também para a escola essa tarefa.
Palavras-Chave: XXXXXXXXXXXXXXX. XXXXXXXXXXXXX. XXXXXXXXXXXX.
ABSTRACT
	
O trabalho tem como objetivo mostrar a modernização familiar e ao mesmo tempo o papel dos pais no ambiente escolar. Com a mudança no exemplo de família atualmente percebemos que as crianças da pré-escola apresentam dificuldades em vários aspectos na escola já que muitas vezes os acúmulos de tarefas dos pais deixam a educação e a atenção dos filhos em segundo plano. Antes as mães não trabalhavam e participavam ativamente dos processos educacionais dos seus filhos de perto hoje isso vem mudando,, tanto o pai quanto a mãe trabalham fora e muitas vezes isentam-se, assim deixando o trabalho único e exclusivo para a escola .crianças tem tido sua formação sem pontos de referencia e isso o ternara um adulto com varias dificuldades sociais e isso deve ser revisto e modificado sem contar que muitas vezes as crianças apresenta problemas de saúde e os pais não conseguem ou não querem aceitar, deixando também para a escola essa tarefa.
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Keywords: XXXXXXXXXXXXXXX. XXXXXXXXXXXXX. XXXXXXXXXXXX.
 
SUMÁRIO
1	INTRODUÇÃO		4
1.1	APRESENTAÇÃO DO TEMA		4
1.2 	QUESTÕES NORTEADORAS		4
1.3	OBJETIVOS		5
1.3.1	Objetivos Gerais		5
1.3.2	Objetivos Específicos		5
1.4	JUSTIFICATIVA		5
1.5	PROCEDIMENTO METOLOGICOS		6
2	CONCEITO DE FAMÍLIA		8
2.1	FAMÍLIA PATRIARCAL E A CONDIÇÃO DA MULHER		11
3 DAS LUTAS SOCIAIS DAS MULHERES: EDUCAR PARA EMANCIPAR		15
3.1 PAPEIS SOCIAIS FAMILIARES NA EDUCAÇÃO DOS FILHOS		17
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 		23
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 		31
6 REFERÊNCIAS		32
ANEXOS		33
1 INTRODUÇÃO
1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA
O período de industrialização traz consigo a divisão social do trabalho, que desencadeia nas modificações das relações familiares. As mulheres assumem um espaço no mercado de trabalho que antes era predominantemente masculino, mas sem deixar de se responsabilizar pelos serviços domésticos e pelo cuidado com os filhos. É importante ressaltar que em nenhum momento da história as mulheres deixaram de se constituir como trabalhadoras, contudo, prioritariamente desenvolvendo atividades laborativas no interior de sua residência. À mãe cabe o cuidado e educação dos filhos, bem como o cuidado com a casa e, atualmente, nas classes trabalhadoras, a divisão das despesas domésticas. Ao pai cabe o papel de provedor familiar e impositor da ordem e respeito. Desta forma, dentro da sociedade capitalista os papeis sociais de pai, e mãe, apresentam-se ideologicamente bem definidos. A inserção desta mulher no mercado de trabalho a faz assumir uma postura mais ativa, adquirindo direitos sociais e reconhecimento de igualdade, no entanto, no âmbito privado, assistimos ao recorrente acúmulo de funções, sendo estas responsáveis por tarefas domésticas e educacionais dos filhos.
Sendo assim, estaria às crianças sendo condicionadas a esta dinâmica capitalista, onde a sociedade burguesa industrial permitiu a mulher acesso ao mercado de trabalho, no entanto, não a eximiu de suas “obrigações” do mundo privado familiar? A família tem se distanciado de suas responsabilidades educacionais devido ao acúmulo excessivo de funções, e das obrigações sociais impostas às mães?
1.2 QUESTÕES NORTEADORAS
Esses problemas observados em criança no processo de formação na pré-escola podem vir de algum conflito que esteja acontecendo na família? De onde partem os problemas? Será que essas crianças estão tendo suporte familiar para sua formação escolar?
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 OBJETIVO GERAL
Analisar os papéis sócios de pais e mãe construídos dentro da sociedade capitalista;
1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
· Apontar os impactos dos objetivos acima na vida educacional e comportamental das crianças, sobretudo, dentro das escolas;
· Descrever os impactos na educação dos filhos devido ao acúmulo excessivo de tarefas das mães. 
· Destacar os impactos do sistema capitalista dentro da instituição família;
· Apontar a acúmulo de funções exercidas pela figura da mãe dentro da instituição família.
· Analisar os impactos descritos acima através da coleta de dados feitas nas entrevistas com profissionais da educação. 
 
1.4 JUSTIFICATIVA
Percebe-se que em reuniões de pais a figura mais presente (quando vai algum familiar) é a da mãe, e algumas sempre com casos similares, culpando sua ausência pela falta de tempo, ou pelas brigas conjugais, sobretudo nos casos de pais divorciados. Sendo assim, foi a partir destes questionamentos que surgiu o interesse em realizar esse projeto, e aprofundar os estudos na temática instituição familiar, seus vários arranjos e consequentemente a construção de papeis sociais imputados a homens e mulheres, a meninos e meninas, a pais e mães dentro da dinâmica do sistema capitalista. 
1.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A respeito da definição da metodologia, Silva (2005) nos fala que é a definição dos caminhos que serão percorridos para o empreendimento da pesquisa, onde contém a definição do tipo de pesquisa, da população (universo da pesquisa), a amostragem, os instrumentos de coleta de dados e a forma como pretende tabular e analisar seus dados. 
[...] a metodologia científica trata de método e ciência. Método (do grego methodos; met'hodos significa, literalmente, “caminho para chegar a um fim) é, portanto, o caminho em direção a um objeto; metodologia é o estudo do método, ou seja, é o corpo de regras e procedimentos estabelecidos para realizar uma pesquisa; científica deriva de ciência, a qual compreende o conjunto de conhecimentos precisos e metodicamente ordenados em relação a determinado domínio do saber (TARTUCE, 2006 apud GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 11).
A pesquisa a ser realizadapor este projeto encontra amparo em uma abordagem de pesquisa qualitativa. 
No entendimento do conceito, Minayo (2004) destaca que uma pesquisa qualitativa, há por escopo, proporcionar ao pesquisador uma forma de aprofundar-se, mergulhar no contexto para maior interpretação e compreensão dos fatos a serem estudados. Ampliando assim a experiência entorno da problemática estudada.
Quanto aos procedimentos da pesquisa, serão utilizadas a pesquisa bibliográfica, documental e estudo de campo, que serão realizados através de entrevistas. A pesquisa bibliográfica tem como característica a descrição da realidade a partir da consulta de fontes escritas (GIL, 1987). 
Neste sentido, os instrumentos para coleta de dados serão constituídos de livros, jornais, artigos da internet de sites científicos, entrevistas com políticas, e professores e cientistas políticos. Conforme Gil (2002, p. 44) a partir da pesquisa bibliográfica, pode-se desenvolver assuntos abrangentes, sem a necessidade de um levantamento direto, uma vez que já existe uma bibliografia a respeito do tema.
A coleta de dados ocorreu através da utilização de um roteiro de entrevista semi-estruturada. Foram entrevistadas cinco profissionais da educação infantil que atuam em instituições públicas na cidade de Vitória/ES. A entrevista foi utilizada porque permite um envolvimento maior entre o pesquisador e o entrevistado, possibilitando a coleta de informações que não seriam tão detalhadas com o uso de questionário. 
De acordo com Minayo, 
[...] a entrevista não é simplesmente um trabalho de coleta de dados, mas sempre uma situação de interação na qual as informações dadas pelos sujeitos podem ser profundamente afetadas pela natureza de suas relações com o entrevistador (MINAYO, 2004. p.113).
Com o intuito de proporcionar um melhor entendimento, o presente trabalho está dividido em quatro capítulos: O primeiro capítulo refere-se à apresentação do tema, na qual são apresentados os objetivos, geral e específico, a justificativa, a metodologia e a organização do estudo. O segundo capítulo apresenta a fundamentação teórica que embasa a pesquisa, no que se refere família patriarcal e a condição da mulher desse modelo familiar. No terceiro capítulo, trata dos papeis sociais do homem e da mulher dentro da instituição família, fundamentando, portanto, os objetivos desta pesquisa. E por fim, o quarto capítulo traz as analises das entrevistas aplicadas com educadores no intuito de confronta-las com os objetivos estabelecidos pela pesquisa. 
2 CONCEITO DE FAMÍLIA
A história nos mostra a variedade de formas de como as famílias evoluíram, as diversas concepções e significados sociais dessa instituição.
A palavra FAMÍLIA, no sentido popular e nos dicionários, significa pessoas parentadas que vivem em geral na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e os filhos. Ou ainda pessoas do mesmo sangue, ascendência, linhagem, estirpe ou admitidos por adoção (PRADO, 1985, p. 7). 
Todos subentendem o modelo de família a partir da sua experiência com esta instituição, o que causa generalizações ao abordar o termo família em abstrato. Por ser uma instituição comum e que resiste no tempo, jamais encontraremos uma sociedade que vive à margem da organização familiar, desta forma, esta existe nas mais variadas formas da sociedade.
De acordo com (ROMANELLI, 2002, P. 73):
A forma de organização da família é um elemento relevante no modo como ela conduz o processo de socialização dos imaturos, transmitindo-lhes valores, normas e modelos de conduta, e orientando-os no sentido de tornarem-se sujeitos de direitos e deveres no universo doméstico e no domínio público.
A sociedade é formada por vários grupos institucionalizados (profissionais, religiosos, etc), mas apenas a família engloba toda a história pessoal do indivíduo, incluindo os recém-nascidos e idosos.
Conceito da estrutura do ser social,
“Uma mudança de estrutura social, implica primeiramente em uma mudança familiar, seja no papel da mulher, seja na “noção de propriedade dos filhos”. Apesar dos mecanismos de controle do poder dominante de cada sociedade (escola, medicina, psicologia, etc.) que forçam algumas mudanças sociais, ainda são os pais que tem o maior poder de decisão dentro da família”. Para (PRADO,1985, p. 10),
Os modelos de família variam conforme o tempo e a região, mas não necessariamente estabelece-se uma regra, podendo vários modelos coexistirem em uma mesma época, assim como passar por transformações em sua própria formação (ex: uma família extensa de duas gerações se tornar nuclear com a morte da primeira, ou uma família nuclear se transformar em “Natural”[footnoteRef:1], e mais tarde novamente em nuclear). [1: Família Natural é composta pela mãe e os filhos (Natural ou Incompleta: classificação de sociólogos e demógrafos.)] 
 “A variedade nos tipos de famílias coexistindo ainda em uma mesma sociedade pode advir de ordem cultural e religiosa, como a poligamia dos mórmons e dos islâmicos, coexistindo em países com demais religiões que não aderiram a esse modelo” (PRADO, 1985, p. 11).
Alguns estudos antropológicos como o de, Engels (2010), por exemplo, indicam que no início da história da humanidade, as primeiras sociedades humanas eram matrilineares, coletivistas, tribais e nômades, organizando-se predominantemente em torno da figura materna/descendência feminina, uma vez que se desconhecia por completo a atuação masculina na reprodução. Papéis sexuais e sociais de homens e de mulheres não eram definidos rigidamente, as relações não eram monogâmicas e cabia a todos o cuidado das crianças. 
Com o surgimento do sedentarismo com o descobrimento da agricultura, caça e fogo, a família no seu ambiente privado teriam passado a ser predominantemente monogâmicas, 
Com a descoberta da agricultura, caça e fogo, as comunidades passaram a se fixar num determinado território e foi assim que os homens, a quem predominantemente cabia a função da caça, passaram a se vincular aos espaços externos do grupo, de “fora” e da “rua” e as mulheres (também de forma geral, embora não exclusiva), como a elas cabia o cultivo da terra, o preparo dos alimentos e o cuidado das crianças, permaneciam circunscritas aos afazeres domésticos e “privados” da “casa”. Uma vez conhecida a participação do homem na reprodução e, mais tarde, estabelecido o direito à propriedade privada, as relações teriam passado a ser predominantemente monogâmicas, criando-se a figura das famílias nucleares e patriarcais, a fim se de garantir o direito de propriedade e de herança aos filhos legítimos. Teria sido nesse momento que o corpo e a sexualidade das mulheres passaram a ser controlados pelos homens brancos e pelas instituições construídas por eles (especialmente as religiosas e científicas), instituindo-se, então, a família patriarcal monogâmica e a tradicional divisão sexual e social do trabalho entre homens e mulheres. Foi com esse contorno, em pinceladas muito rápidas e gerais, que teria se instaurado o regime do patriarcado: uma nova ordem social centrada na descendência patrilinear e no controle (sobretudo coercitivo e sexual) dos homens sobre as mulheres (Engels, (1964 [1884] in BRASIL, 2010, p.11).
Para falar de família patriarcal, torna-se necessário a definição do conceito de família advindo do vocabulário latino que de acordo com Narvaz; Koller (2006, p.50), “famulus[footnoteRef:2], que significa “escravo doméstico”. Esse novo organismo social – a família – consolidou-se enquanto instituição na Roma Antiga”. [2: O termo famulus, provavelmente oriundo do osco, designava o escravo que servia em casa, sob a autoridade de um patriarca. Ao conjunto de escravos que serviam sob o mesmo teto chamavase familia. Era preciso mais do que um famulus para se constituir uma familia. - https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/a-etimologia-do-substantivo-familia/32950] 
Ainda de acordo com Narvaz; Koller (2006, p.50), “Cabe destacar que o patriarcado não designa o poder do pai, mas o poder dos homens, ou do masculino, enquantocategoria social”. 
O regime patriarcal parte do princípio da forma de organização social no qual as relações das mulheres são de subordinação aos homens, a de que os jovens estão subordinados aos mais velhos, ou seja, a autoridade paterna. 
A supremacia masculina ditada pelos valores do patriarcado atribuiu um maior valor às atividades masculinas em detrimento das atividades femininas; legitimou o controle da sexualidade, dos corpos e da autonomia femininas; e, estabeleceu papéis sexuais e sociais nos quais o masculino tem vantagens e prerrogativas (NARVAZ; KOLLER, 2006, p.50 apud MILLET, 1970; SCOTT, 1995).
Para Samara (1998, p.8), “de acordo com a literatura, a família brasileira seria o resultado da transplantação e adaptação da família portuguesa ao nosso ambiente colonial, tendo gerado um modelo com características patriarcais [...]”. 
Tal concepção de família é apresentada, sobretudo por Gilberto Freyre (1969) em sua obra “Casagrande & Senzala”. De acordo com a literatura a colonização no Brasil foi favorecida pelas condições locais que ofereceu condições propícias para o estabelecimento de uma estrutura econômica de base agrária, latifundiária e escravocrata. 
Formou-se na América tropical uma sociedade agrária na estrutura, escravocrata na técnica de exploração econômica, híbrida de índio - e mais tarde de negro na composição. [...] Mas tudo isso subordinado ao espírito político e de realismo econômico e jurídico que aqui como em Portugal (FREYRE, 1995, p. 375).
Para Freyre (1969), a família patriarcal, que consistia na habitação da casa grande e da senzala consistia em um sistema social, econômico e político, sustentado, pela escravidão, pelo latifundiário e pelo patriarcado rural. 
De acordo com Prado (1985), a maneira de inserir a filha no meio social era socializando-a para o casamento, que deveria ser realizado dentro de um círculo de relações de interesse, enquanto ao filho, sua socialização objetivava que ele se tornasse um homem apto ao sustento e crescimento econômico do grupo familiar, além de visar que ele soubesse manter a autoridade moral e o mando político da região. 
Essa “família-modelo”, chefiada pelo patriarca, tinha as funções de base religiosa, moral, educacional e profissional, além de representar a estabilidade econômica para aqueles que pertenciam a ela e para a comunidade que vivia ao seu redor. (Ibid, 1985). Sendo assim, a família patriarcal era a organização fundamental da sociedade colonial brasileira, com funções econômicas e políticas, que de acordo com Bruschini (1990, p. 61), esta família consiste “[...] num sistema que se caracterizava pela descentralização administrativa, concentração fundiária, elevada dispersão populacional e predomínio de relações paternalistas”.
	
2.1 FAMÍLIA PATRIARCAL E CONDIÇÃO DA MULHER
Conforme Simone de Beauvoir (1980), a passagem de um estado primitivo para a civilização é necessariamente acompanhada pelo aparecimento de uma forma de organização patriarcal. Ainda de acordo com a autora, a partir do momento em que o homem descobre sua força transformadora, seu papel na procriação e quando a agricultura deixa de ser um fenômeno místico associado às características biológicas da mulher, e passa a ser resultado do trabalho do homem, este reivindica para si a mulher, os filhos e a colheita, colocando-os todos sob seu domínio. 
Com o estabelecimento da ordem patriarcal o papel da mulher na organização social passou a ser inferior e subalterno, a ideologia androcêntrica passou a legitimar a violência contra o sexo feminino e a utilizá-la como meio de coação sociocultural. Essa sociedade patriarcal veio para o Brasil com a colonização portuguesa e se mantêm presente até os dias atuais, com as modificações características dos diversos tempos históricos e das mais diversificadas regiões do país. Conforme Franco (2004), no período colonial a instrução era privilégio de poucos, a maioria da população era analfabeta, tanto mulheres quanto escravos estavam alijados ao processo de instrução. As poucas mulheres que tinham acesso à instrução era o necessário para efetuarem suas rezas 
“nos três primeiros séculos de colonização portuguesa as mulheres não tinham acesso à escola, ao mercado de trabalho formal e não possuíam direitos civis e políticos. À mulher não era permitido estudar e nem saber a ler, as escolas que tinham eram destinadas a ensino de trabalhos manuais e domésticos.” (ALVES E DINIZ, 2005, p. 40). 
As mulheres, alijadas do processo educacional, quando a este tinha acesso, ficavam restritas ao aprendizado de boas maneiras e prendas do lar. 
O especialista da área conceitua, que:
 
A boa educação para meninas significava boas maneiras: saber cantar, bordar, costurar, encantar, o conhecimento das primeiras letras e das quatro operações. Havia por parte dos pais uma preocupação muito grande com o conhecimento da leitura e da escrita pelas mulheres, visto que, lendo poderiam ler os “romances” e, escrevendo, poderiam “escrever carta para os namorados”. (COSTA, 2003, p.9)
Para Nader (1997), a menina ser bonitinha significa ser dócil, e na vida adulta a menina deixa de atender aos desejos do pai para atender aos do marido. Diferentemente dos meninos que recebe estímulos e aprendizagem para ser um homem em busca da independência. A explicação para o tratamento diferenciado de comportamento dos sexos remonta aos tempos em que a hipótese da superioridade biológica masculina era predominante, enquanto força física e inteligência. 
Para Nader (1997, p.110), “a mulher torna-se débil para qualquer outra atividade a não ser a procriação, é o fator sócio-cultural que explica tal suposição de superioridade masculina”. Neste ponto da discussão cabe aprofundar a análise de Saffioti (2004), no qual ela enfatiza que a diferença sexual é convertida em diferença política, passando-se a se exprimir ou em liberdade ou sujeição. “Sendo o patriarcado uma forma de expressão de poder político, esta abordagem vai ao encontro da máxima legada pelo feminismo radical: “o pessoal é político””. 
 “a divisão entre os sexos, portanto, parece ser algo tão natural que chega a ser inevitável. Ao mesmo tempo em que está presente como estado objetivado nas coisas também se encontram em estado incorporado nos corpos e nos habitus dos agentes”. Para (PINHEIRO,(2007, p.40),
Desta forma, a divisão sexual que assegura a dominação masculina está fortemente presente nos habitus de cada indivíduo, dominado ou dominante, e de tal forma que pareça algo natural. 
No entanto, o processo de urbanização e industrialização do país contribuiu em grande medida para a modificação dos papéis sociais e das culturas locais, que, consequentemente, influenciaram na decadência do patriarcalismo tradicional. O período industrial condiciona a divisão social do trabalho, que desencadeia nas modificações das relações familiares. As mulheres assumem um espaço no mercado de trabalho que antes era predominantemente masculino, mas sem deixar de se responsabilizar pelos serviços domésticos e pelo cuidado com os filhos. 
Nessa trajetória, identificamos que valores patriarcais atravessaram os tempos e deixam suas marcas ainda na atualidade, a despeito das conquistas sociais e dos dispositivos legais que postulam a igualdade de direitos entre homens e mulheres. Sendo assim, os reflexos da visão do papel da mulher na sociedade brasileira, Nader (1997, p. 62), nos que diz respeito ao comportamento da mulher diante das unidades domésticas, procuram moldar suas estruturas de novos valores sem, contudo, desfazer-se dos costumes tão enraizados nos brasileiros por intermédio, principalmente, da família, da religião e da educação.
Destarte, torna-se evidente que as transformações econômicas, sobretudo a industrializantes ocorridas nas diversas décadas acometeu uma transformação social, que juntamente com as pressões dos movimentos feministas afetaram sensivelmente as relações das mulheres nas unidades domésticas. Todas estas transformações comprometeram seriamente o sistema patriarcal, masisto não significou a extinção deste sistema na sociedade brasileira, o que tem sido alvo de muitas pesquisas acadêmicas acerca da violência de gênero, violência infantil e acumulação de tarefas destas mulheres no que se refere aos cuidados do lar e da educação dos filhos. As mulheres se sobrecarregam com o cuidado dos filhos, trabalhos domésticos, enquanto seus parceiros geralmente assumem a única responsabilidade que lhe é socialmente exigida: o trabalho. 
Conforme Til (2011) esse discurso é tão normativo que as próprias mulheres o assumem como verdade única, muitas vezes, acarretando em divórcio. Isso ocorre, pois muitas mulheres foram educadas desta forma, portanto, as mesmas assumem todas essas responsabilidades, e se cobram pela carga excessiva de responsabilidades, e pelo não cumprimento desta. 
OUTRA VISÃO.
De outro modo, não sendo, em geral, os homens responsáveis pelo cuidado com os filhos, pode-se entender porque muitas vezes ao se divorciarem os casais, os homens deixem de contribuir financeira e afetivamente com os filhos, pois se desfazem na verdade, da família como um todo. Isto obriga as mulheres a desempenharem, muitas vezes, mais de uma atividade laborativa para compensarem a falta dos companheiros e não buscarem auxílio jurídico para receber pensão alimentícia para seus filhos (direito regulamentado pela Constituição Federal e pelo ECA), pois também elas podem não ter sido educadas para entender que pais e mães são igualmente responsáveis pelos filhos que venham a ter (TIL, 2011, p. 15).
 GEÓRGIA - COMPLENTA E FINALIZA COM TUAS PALAVRAS O ENTENDIMENTO DA CITAÇÃO ACIMA
3 DAS LUTAS SOCIAIS DAS MULHERES: EDUCAR PARA EMANCIPA
Os séculos em que se formaram as nações americanas tiveram a oportunidade de dar às mulheres uma participação na construção de um mundo novo. Branca Moreira (1980, p.85), a oportunidade de participação das mulheres estava relacionada “a necessidade de braços e o forçoso rompimento com a cultura tradicional diante de situações desconhecidas que exigem soluções inovadoras”. 
Até meados do século XIX, o Brasil ainda era uma sociedade rígida e hierárquica, sua economia de exportação sustentava o poder dos grandes fazendeiros, patriarcas rurais. 
Conforme Susan Besse (1999) foi principalmente a partir da segunda metade do século XIX, de 1870 em diante, que a ordem latifundiária escravocrata patriarcal iniciou sua desagregação. A crise monárquica, seguida pela proclamação da república, a abolição da escravatura, a vinda crescente de imigrantes estrangeiros para o Brasil, o desenvolvimento industrial e urbano e a emergência da classe média, foram fatores que tiveram grande influência na ruína das instituições formais e na formação de uma nova configuração socioeconômica e cultural no país. 
De uma ordem imperial, escravista, que tinha grande influência da família patriarcal latifundiária monocultora, apoiada na Igreja Católica, cuja ideologia estabelecia rigidamente os papéis sociais de gênero, primando pela passividade, recato e virgindade das mulheres e destinando-as à esfera do privado, a ex-colônia lusitana se tornou uma República, aberta ao trabalho imigrante e livre das amarras da escravidão, que se urbanizava e industrializava, modificando, nesse processo, os valores, as condições de vida e o grau de domínio do homem sobre a mulher na sociedade urbana nascente.
Nesta ideologia, entende-se que:
“A revolução industrial provocou diversas mudanças técnicas e econômicas, que alteraram substancialmente a vida social. Os valores culturais que estavam enraizados há séculos na sociedade e que ditavam o comportamento social dos indivíduos sofreram então um abalo profundo, num crescente questionamento advindo das pressões do “novo mundo”. Esse processo fez com que a estrutura patriarcal tradicional, que tinha como base a propriedade rural, o clientelismo e a subjugação da mulher, iniciasse sua decadência.” (PRADO, 1985, p.63).
 
A emergência das classes médias urbanas contribuiu ainda para a perda de poder do patriarca, na medida em que seus componentes não necessitavam mais dos dotes recebidos por meio do matrimônio e tinham maior liberdade na escolha do cônjuge. Para Besse (1999, p. 18-19), soma-se aí, a entrada de muitas mulheres na esfera pública, numa diversificada rede de papéis, como consequência do rápido crescimento da economia de mercado que abalou seu papel produtivo no âmbito familiar. 
Conceito de Besse (1999, p. 24), 
	
“pode-se acrescentar a essas modificações, a influência das novas formas de lazer da segunda metade do século XIX, que também foram significativas para a introdução de novos padrões de interação social e para a contestação dos estereótipos e dos papéis de gênero tradicionais.” 
Neste contexto de reestruturação do bojo familiar, e da inserção da mulher no mercado de trabalho, surgem várias representações importantes no que se refere ao processo da emancipação política feminina. Nader (1997, p. 111), as reivindicações dos movimentos feministas marcaram profundamente a sociedade ocidental, alterando o sentido da visão da família, e posteriormente, a própria mulher na História e na sociedade. 
Neste sentido, o papel da mulher na sociedade contemporânea passou a ser de forma a considerar não mais o seu destino biológico, mas sim a sua evolução social. 
Conforme Silva (2005), “a consciência de gênero e as primeiras ideias feministas foram identificadas, historicamente, no bojo das transformações políticas e econômicas da Europa setecentista, [...]”. 
E complementa:
[...] a partir do fenômeno da modernidade, acompanhando o percurso de sua evolução desde o século XVIII, tomando corpo no século XIX, na Europa e nos Estados Unidos, transformando-se, também, em instrumento de críticas da sociedade moderna. E, apesar da diversidade de sua atuação, tanto nos aspectos teóricos, quanto nos aspectos práticos, o Feminismo vem conservando uma de suas principais características que é a reflexão crítica sobre as contradições da modernidade, principalmente, no que tange a libertação das mulheres (SILVA apud COSTA, 1998). 
Sendo assim, conforme Nader (1997), as primeiras manifestações feministas surgem no Brasil no período abolicionista. Com as transformações sociais que possibilitaram as mulheres a trabalharem fora de casa, as mulheres viram-se diante das numerosas ofertas de trabalho, que absorviam pessoas de ambos os sexos, porém detentoras de bom nível de escolaridade. Desta forma, o início do século XX representa um ponto culminante nas transformações sociais, que consequentemente reafloraram os questionamentos do papel da mulher na sociedade. Contudo, foram as Grandes Guerras ocorridas no século XX que redimensionaram as transformações sociais fundamentais para a entrada da mulher no mercado de trabalho. A Primeira Guerra Mundial careceu de mão-de-obra, pois os homens estavam na frente de batalha. 
De acordo com Nader (1997, p. 119), as mulheres substituíram os homens em todas as funções produtivas, e os cuidados com a família, deixando os homens livres para guerrearem[footnoteRef:3]. [3: Conforme analisa Besse (1999), ser “feminista” no Brasil no período de 1910 a 1930 era muito controvertido. As que se intitulavam feministas iam desde “feministas católicas”, até mulheres profissionais solteiras que se inspiravam no feminismo da Europa e dos Estados Unidos que defendia que o emprego assalariado era o pré-requisito para a emancipação feminina. Até mesmo no feminismo organizado, como na Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF), coexistiram divergências. ] 
A partir da década de 1920, houve uma modificação do papel social das mulheres, em decorrência da Primeira Guerra Mundial e do movimento feminista. “Como era inevitável que ocorresse, um novo projeto estabelecendo o direito de voto às mulheres foi encaminhado ao Senado, no ano de 1920” (RANGEL, 2011, p. 177). 
Para Avelar (1989) foi exatamente nesse período que se tornou mais significativa a entrada de mulheres no sistema educacional, em busca de condições mais igualitáriasna sociedade. 
Conforme Nader (1997), a partir desta experiência, as mulheres passaram a entender que as desigualdades de homens e mulheres são resultado das construções sociais injustas e não das disposições naturais, muito menos da capacidade ou qualidade dos homens sobre as mulheres. Sendo assim, as nas mulheres despertou a consciência que seus problemas não eram de ordem política, e sim de ordem social, Segundo o autor na primeira metade da década de 70, o milagre econômico possibilitou a expansão de empregos, provocando um grande êxodo rural das pessoas atraídas pelo crescimento das cidades. Esse êxodo rural devido à crescente industrialização provocou grande efeito na vida das cidades. Esse processo contribuiu para a crescente pobreza urbana, levando novamente a quantidades crescentes de mulheres a serem inseridas no mercado de trabalho, abalando profundamente o papel do homem como provedor da família diante da necessidade expressa da contribuição da mulher na sustentação financeira do lar. 
Porém, é por volta de 1970 que surge a chamada Segunda Onda do Feminismo, que de acordo com Almeida (2013), as reivindicações eram de direitos civis, sexuais, profissionais, econômicos, políticos e sociais, tendo seu foco na violência contra a mulher e na saúde feminina. Para Nader (2007), esse feminismo possuía uma ideologia marxista e denunciavam a dominação sexista existente dentro dos próprios partidos de esquerda. As feministas desse período são apropriaram-se do conceito de classes, e possuíam uma linguagem masculina, para poderem ser aceitas nas esferas públicas. Como afirma Nader (1997, p.122), após o “Ano Internacional da Mulher”, proclamado pelas Nações Unidas - ONU- vários grupos feministas levantaram problemas acerca da vida das mulheres como mencionado no parágrafo acima. 
Os grupos contaram com a contribuição da criação de inúmeras associações feminina que publicavam periódicos contendo questionamentos acerca da discriminação da mulher no trabalho, na família, na educação e etc. Reivindicavam o acesso das mulheres a Universidade e as carreiras profissionais em setores de atividades que até então eram ocupados por homens. Foram levantados problemas em relação à satisfação sexual da mulher, seu direito de escolha do companheiro, divórcio, o uso de contraceptivos, o número de filhos, o tabu da virgindade. O escravismo do trabalho doméstico, dentre outros. 
Nader (1997, p. 123), “chama atenção para que essa explosão de reações femininas foram, responsável pela destruição do poder masculino instituído a milhares de anos.” Foi devido a esta explosão que as mulheres saíram dos seus confinamentos. A partir de então, as posições das mulheres na sociedade foram diversas daquilo que o homem originalmente normalizou durante anos. FAÇA UMA ANALISE NA ESCRITA acima ( após acerta retira a linha))))
A grande participação da mulher nos espaços políticos e no mercado de trabalho gerou, e no sistema educacional gerou uma profunda crise nas unidades domésticas. Os espaços domésticos sempre foram naturalmente femininos, sendo a mulher sustentada pelo homem, com a inserção da mulher no contexto global, esta passa a desempenhar um papel fundamental na vida econômica da família, sendo assim, as relações de poder marido-esposa passaram a ser questionadas. O poder do patriarca foi sendo cada vez mais diminuído com a ascensão econômica e social da mulher, o que não ocorreu sem contestações e violências por parte do homem. 
De acordo com Nader (1997, p. 132):
Tais mudanças, aliadas ao divórcio no país em 1977, desafiaram os componentes básicos do papel exercido pelas mulheres no interior das unidades domésticas, uma vez que as diferenças e a instabilidade afetiva e econômica não são estimulantes para que os laços conjugais permanecessem estáveis, o que levou a milhares de laços conjugais conflituosos se desfizesse [...]. 
Tendo em vista a amplitude das conquistas realizadas pelos movimentos feministas de diversas décadas, fica explicito que a luta feminina perpassa por um longo caminho de reivindicações que culminaram em uma redefinição do papel da mulher nos espaços públicos e privados. 
3.1 PAPEIS SOCIAIS FAMILIARES NA EDUCAÇÃO DOS FILHOS
Ficou evidente que as transformações econômicas, sobretudo a industrializante ocorridas nas diversas décadas acometeu uma transformação social, que juntamente com as pressões dos movimentos feministas afetaram sensivelmente as relações das mulheres nas unidades domésticas. Todas estas transformações comprometeram seriamente o sistema patriarcal, mas isto não significou a extinção deste sistema na sociedade brasileira, o que tem sido alvo de muitas pesquisas acadêmicas acerca da violência de gênero e infantil.
Desta forma, a sociedade brasileira ainda vive o manto dessa cultura patriarcal, onde muitas mulheres são subordinadas aos seus companheiros, mesmo com o avanço de seus direitos, a ideia central de superioridade masculina ainda encontra-se enraizada em nossa sociedade. Toda essa estrutura familiar pautada no machismo patriarcal reflete diretamente na vida da mulher, mãe, trabalhadora, detentora do lar e também na sobrecarga da educação dos filhos e seu processo dentro da instituição escolar. De acordo com Til (2011) se por um lado observamos uma sobrecarga feminina ao acumular funções no âmbito público e privado, por outro, aos homens é relegado o papel coadjuvante aos cuidados com os filhos. A todo o momento, a sociedade reforça essa ideia de amor materno e a importância da mãe no convívio feminino da mãe com os filhos. Prova disso são as expressões populares: “sua mãe não te deu educação?”, por outro lado, ao pai foi reservada a função de punir: “espera só até teu pai chegar em (a) casa!”. 
Cabe salientar, que não estamos descartando o fator de hoje terem muitos pais presentes na educação de seus filhos, mas na grande maioria dos casos suas atividades desempenhadas funcionam mais como apoio e não como obrigação. 
Nunca é demais lembrar que apesar da modificação do sistema familiar no decorrer da história, essa não deixa de ser importante núcleo de crescimento para a criança e o adolescente. O que tornou questão da pesquisa é se esta estrutura familiar, onde os papeis sociais são construídos, interfere na educação dos filhos? O desempenho escolar possui relação com a família?
 Conforme Casarin e Ramos (2007, p. 5):
Os problemas vividos nas relações familiares vêm acentuando-se, gradativamente, ao longo da história. Porém, nos últimos anos, as mudanças foram significativas. A falta de tempo, os desencontros e a solidão denotam as dificuldades dos adultos dentro de suas casas. Parece que a maioria dos seres humanos precisa de bolsos forrados de dinheiro, mas possivelmente sem saúde, e principalmente sem familiares à sua volta.
A partir do momento que a família assume a construções sociais equivocadas, torna-se evidente também, que a questão da demanda deste grupo não é interna, e sim decidida a fatores sócias, econômicos e normativos no que se refere à aceitação do novo, estranho e alheio. 
A construção de uma sociedade justa e igualitária requer um trabalho árduo de desconstrução social dos papeis dos responsáveis dentro do seio familiar, onde a mulher passaria a ter uma igualdade de fato, e não meramente formal. Sendo assim, de acordo com Til (2011) é neste cenário que as famílias devem ser capazes de prover seus membros independentes de suas condições objetivas e subjetivas, tornando difícil a ruptura com valores ideológicos. 
A mãe, sob esta análise, pode ser justificada como foco central de trabalho, pois como principal responsável pela manutenção da família como grupo estável, é entendida na concepção de estereótipo materno, podendo ser o ideal ou fator de risco (TIL, 2011, p. 45).
Todavia, essas relações sociais familiares impactam no aprendizado educacional e cognitivo das crianças. O acúmulo de tarefas, a falta de tempo, a necessidade de estruturação econômica do lar, e as imposições dos papeis sociais no seio familiar são responsáveis pelas frequentesausências da família na educação de seus filhos e posteriormente no seu bom o mau desempenho escolar.
Sobretudo, como educador torna-se necessário o entendimento de fato, da construção histórica dos papeis sociais familiares, sobretudo o das mulheres e mães. 
“Portanto, é preciso mais do que uma transformação dos valores, é preciso uma transformação social ampliada que possa realmente compreender os sujeitos como iguais, mas equivalentes como sujeitos sociais em suas diferenciações, para que o ambiente familiar (ou de convivência) possa se organizar de acordo com as relações estabelecidas entre os sujeitos, tornando-se um ambiente saudável para a construção de sujeitos livres” (TIL, 2011, p. 54). 
A educação assumindo o papel transformador do homem pode contribuir muito para essa desconstrução de papeis sociais, trabalhando desde cedo a equidade de gênero, uma igualdade na responsabilização das tarefas do mundo privado, provendo, portanto, a formação de uma nova consciência que prevaleça o sentimento de igualdade e responsabilidade de gênero das tarefas do mundo doméstico e familiar. 
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Foram entrevistadas cinco profissionais da educação infantil que atuam na cidade de Vitória/ES. Todas elas estão alocadas em instituições de ensino públicas, mas que atendem públicos diferentes. Três das entrevistadas atuam em bairros de segmentos populares, composto por famílias de baixa renda (Entrevistadas 1, 2 e 3). Um delas atua tanto em instituição localizada em regiões populares, como em outra localizada em um dos bairros de classe média da capital (Entrevistada 4). Por último, uma das entrevistadas atua em um centro de educação infantil em uma vizinhança de classe média, mas também atua em um centro educacional da rede privada de ensino (Entrevistada 5). Ao serem questionadas acerca do perfil de família os quais a instituição em que elas trabalham recebe percebe-se a diversidade na maioria dos casos. No caso das três profissionais que atuam em bairros de classes populares, pode-se invocar a palavra diversidade para resumir as suas respostas. Elas destacaram que dentro de uma única turma é possível ter representados diversos arranjos familiares como, por exemplo, famílias que atendem a um modelo tradicional (pai, mãe e filhos), outras em que a mãe é a única responsável pelo cuidado das crianças e o um grupo que escolheu-se chamar de “família solidária”. Essa ultima é a organização familiar em que, para além da família imediata (pai e mãe, ou apenas mãe), há também o envolvimento de parentes consanguíneos de uma família mais extensa (avós, tios, sobrinhos, entre outros) nos cuidados com as crianças. Essas respostas vão ao encontro das afirmações de Nader (1997), uma vez que comprovam que atualmente vivemos um período no qual diversas formas de família coabitam o tecido social brasileiro. 
A Entrevistada 4, ao ser questionada sobre o perfil das famílias, observou que na escola na qual atua o majoritário o perfil tradicional de família, mas há também a presença de mães que eram as únicas responsáveis pelas crianças. Resposta muito similar a dada pela Entrevistada 5, que afirma que na instituição privada em que ela leciona o perfil de “mães solteiras” não é muito comum. 
Ao serem questionadas sobre a influência das famílias sobre as crianças que elas observavam durante a prática pedagógica, as respostas foram bem similares. Todas fizeram afirmações tangenciaram uma única visão: a família é a principal fonte de modelos para as crianças, o prisma do qual elas imitam comportamentos e valores.
 Segundo a Entrevistada 2:
Um dos horários em que mais observo a influência da família na criança é no momento em que eles trazem e buscam os filhos. Nos poucos instantes de interação com os familiares eu vejo como os gestos e as manias, até mesmo a forma de se comportar de alguns alunos é parecido com o dos pais, das mães, ou de um parente próximo que convive direto com a criança.
As profissionais que atuam em bairros de segmentos médios e em instituição privada de ensino, observaram que até alguns acessórios utilizados pelas mães eram copiados pelas filhas, mas não souberam dizer se por iniciativa da criança, ou da mãe. Tamanha influência se justifica no papel que a família exerce no período da infância do indivíduo já que, de acordo com Prado (1985), essa instituição é a primeira responsável pela socialização do indivíduo, advindo dessa atribuição os referenciais morais e sociais que serão desenvolvidos ao longo formação da criança e do adolescente.
Em um sentido mais empírico, a Entrevistada 3 chamou a atenção para o envolvimento prático na educação formal desse indivíduos. Ela lembra que é comum enviarem “exercícios para casa” para os alunos com idade a partir dos três anos, que estão iniciando o processo de alfabetização. As atividades se resumem a desenvolver familiaridade com o alfabeto, e se concentram no aprendizado da escrita do nome da criança. Mesmo com o esforço em sala de aula, ela observa que os alunos que demonstram o maior avanço nesse aspecto são aqueles que retornam do final de semana com o exercício pronto, lembrando que devido à idade desses alunos, não é possível concluir a atividade sem que, pelo menos, um membro da família se envolva. Os alunos que não retornam com o exercício feito, ou seja, seu único tempo de desenvolver as habilidades é no ambiente escolar, sem a participação da família, tem muito mais dificuldade em assimilar tais habilidades. Acredita-se que a não realização das atividades a serem desenvolvidas durante o final de semana no convívio familiar se deve, de forma considerável, ao arranjo social desses domicílios. 
Generalizando a discussão, Prado (1985) destaca que a família do capitalismo industrial dividiu as tarefas de acordo com o sexo dos componentes dessa família (a mulher responsável pelo cuidado da casa e dos filhos e o homem de prover o lar), mas que mais tarde, na observância Nader (1997), tais divisões sofreram modificações em razão da entrada da mulher no mercado de trabalho, temos ai uma dicotomia não resolvida que pode resultar na não realização de algumas tarefas. Por exemplo, considerando uma família na qual a mãe o pai trabalhem, mas que não a divisão igualitária das atividades domésticas entre o casal, a atenção às atividades dos filhos pode ser negligenciada visto o acumulo de funções no qual se encontra a mãe dessa criança. Em suma, todas as profissionais da educação infantil entrevistadas para esse trabalho tem convicção de que a família é parte fundamental para o desenvolvimento e aprendizado do aluno. Todas reconhecem o papel fundamental dessa instituição na educação das crianças, e a importância do envolvimento da mesma nas práticas pedagógicas.
Desta forma, foi perguntado a cada uma de que forma as famílias participam das atividades escolares. A Entrevistada 1 destacou que na escola onde trabalha há uma barreira quanto a esse envolvimento num sentido prático. Ela afirma que devido à maioria dos pais e responsáveis trabalharem, o envolvimento deles no cotidiano escolar é superficial, mas também não há um esforço da equipe pedagógica como um todo para adaptar os horários da escola aos horários dos pais e responsáveis que trabalham. Os momentos mais comuns nos quais a participação é efetiva são em alguns eventos nos quais os pais ou responsáveis vão até a instituição para assistir as apresentações dos alunos, comemorações de datas especiais e reuniões de avaliação de desempenho. Este ultimo balanço também foi compartilhado pela entrevistada 2, 
“A participação da família nas apresentações dos alunos parece ser algo muito pequeno, e às vezes acho que a escola deveria fazer mais para envolver a família nas atividades. Mas toda vez que a gente faz um projeto e as família vão assistir, é nítido o impacto que isso tem nos alunos. De uma forma ou de outra, na maioria dos casos, sempre tem alguém lá para ver a criança, e isso deixa elas muito felizes e com vontade de participar das coisas. Quando acontece de não parecerninguém, percebo que a criança fica triste e desanimada, dai a gente tem sempre que conversar e explicar o motivo que o familiar não veio, dizer que não tem problema e que estamos felizes por ela ter participado. Quando isso acontece, tento pedir aos familiares que conversem com a criança também, mas nem sempre eles fazem isso.” 
A Entrevistada 4 disse que na instituição na qual ela trabalha, os eventos que procuram envolver as famílias são mais constantes. Que apesar do orçamento escolar ser “apertado”, eles sempre contam com a contribuição das famílias para pequenas confraternizações e atividade lúdicas, mas alguns familiares já expressaram o descontentamento em receber tantos convites para irem até a escola participar dessas atividades. Por outro lado, a Entrevista 5 afirma que na instituição privada na qual trabalha parece existir o sentimento de terceirização da educação, por mais que exista a participação familiar, ela percebe que os pais dos alunos sentem que as atividades desenvolvidas no ambiente escolar são de inteira responsabilidade dos profissionais da escola. Segundo ela, um pai teria dito que “pagava muito caro para que o filho frequentasse aquela escola, e que as atividades deveriam ser desenvolvidas pelos professores, sem a obrigação da presença dos pais”. A entrevistada disse que o argumento desse pai parecia ser que ele pagava para que o filho ficasse no centro educacional para matar o tempo, e que era responsabilidade dos profissionais entreter a criança enquanto ela não estava em casa. Destaca-se que nesse ponto acontece uma intersecção entre o ambiente escolar e as observações feitas por Casarin e Ramos (2007), que atentam para as modificações estruturais que levam os indivíduos a se dedicarem cada vez mais ao trabalho e a busca de sucesso financeiro. Se há uma corrida pelo sucesso ou, em alguns casos, para a sobrevivência na sociedade de consumo, a participação nas atividades escolares se transforma em um estorvo no itinerário de mães e pais trabalhadores, além de, em alguns casos, a falta de cuidado da escola de compreender e tentar dialogar com a rotina contemporânea que tanto consume a vida social da família.
A diferença quanto ao envolvimento da família nas atividades escolares se apresenta ao questionarmos as entrevistadas acerca de quais membros das famílias eram os mais presentes nas atividades escolares. As profissionais que trabalhavam na rede pública em instituições localizadas em bairros populares tiveram respostas que destacavam, novamente, a diversidade. Devido as diferentes formas de família que as escolas atendem, em muitos casos há uma rotatividade, em algumas atividades a mãe ou o pai comparecem, em alguns casos a avó, ou tios ou tias. Entretanto, as entrevistadas 4 e 5 foram categóricas em afirmar que era a mãe dos alunos e alunas quem mais comparecia as atividades. Elas destacam que em algumas ocasiões o pai está presente, em raros momentos os avós, mas é muito mais comum ver as mães nessas atividades.
Ao serem questionadas sobre o porquê de alguns membros das famílias serem mais ativos que os outros as respostas tiveram algumas variações. Para a Entrevistada 2, em muitos casos a rotatividade se deve a diversidade familiar que apoia a educação da criança, “existem mães que criam seus filhos sem a presença dos pais, mas tem uma família que ajuda e se reveza para participar das atividades”. Já a Entrevistada 3, apesar de citar situações similares, afirma que há um desinteresse dos pais em participar, o que sobrecarrega as mães nas atividades escolares. A Entrevistada 5 disse que muitas mães dos alunos se dedicam exclusivamente à criação dos filhos, pois não precisam trabalhar, desta forma, elas estão “mais disponíveis do que os pais para comparecerem à escola”.
Outra pergunta feita às entrevistadas diz respeito à percepção delas da diferença entre o desempenho de alunos os quais as mães estão no mercado de trabalho, frente àqueles que têm mães que se dedicam exclusivamente aos cuidados do lar e da família. As entrevistadas 1 e 4 afirmaram nunca terem pensado sobre a questão, ao passo que a 5 disse que não observa muita diferença, uma vez que nos casos em que as mães estão no mercado de trabalho, seja por necessidade, ou por vontade própria, ou elas tem, na maioria dos casos uma família que dá apoio, ou podem pagar ajuda adicional para o cuidado dos alunos.
	
Todavia, A entrevista 2, ao ser questionada trouxe da memória um caso que chamou a sua atenção no ultimo ano:
Sua pergunta me fez lembrar um caso que me chamou muita atenção. Há um tempo a gente desenvolveu um trabalho de afetividade com os alunos, que consistia na importância do toque e de manifestações de carinho. Teve um dia que um deles chegou para mim e disse: ‘tia, eu não vou mais tentar abraçar a minha mãe e dizer bom dia, por que toda vez que eu faço isso ela grita comigo e me afasta, fala que está atrasada para o trabalho’. Isso me assustou e quando tive a oportunidade eu conversei com a mãe sobre isso. Ela ficou envergonhada quando contei o caso pra ela, mas disse que precisava trabalhar por que o salário do marido não é suficiente para sustentar a casa. Além de trabalhar como faxineira o dia todo, ainda tinha que buscar o filho na casa da mãe dela, chegar em casa e fazer todo o trabalho doméstico e a comida, e o marido não a ajudava em nada, ele chegava do trabalho e não fazia mais nada. Por isso ela ia dormir muito tarde e acordava sempre muito próximo do horário de ir levar os filhos para escola e ir trabalhar, por isso não tinha tempo de retribuir as tentativas de abraços do filho.
Vê-se claramente que, apesar de assim como o companheiro, essa mãe passar o dia todo fora de casa, o cuidado para com os filhos e com a casa ainda eram de total responsabilidade dela. A participação desse homem na família estava restrita ao provimento do lar, mesmo que ele seja insuficiente, fazendo que a mãe também trabalhasse fora. Essa dinâmica que obrigava a mãe a fazer jornada dupla, trabalho externo e doméstico, afetou o comportamento do filho, que não era capaz de entender o distanciamento afetivo da mãe devido a alta carga de atividades que ela desenvolvia. A Entrevistada 3, afirmou que observa um distanciamento de algumas mães devido o grande número de atividades às quais se dedicam, mas afirma que muitas delas se cercaram um familiares que auxiliam no cuidado com os filhos, mesmo que o pai não demonstre interesse na participação escolar. Pode-se observar que mesmo que existam casos em que o acúmulo de atividade que recai sobre a mãe e interferem na educação dos filhos, as profissionais que responderam a questão fizeram questão de frisar a importância que essas mulheres dão para a educação desses alunos e alunas. Seja na formação de uma rede familiar de auxilio que, em um esforço familiar comunitário, auxilia e contribui para o desempenho da criança, seja reconhecendo e procurando alternativas quando a escola interfere nessa relação.
Na última questão à qual as entrevistadas foram arguidas diz respeito a, no caso de filho de mães trabalhadoras, quais outros familiares se envolviam nas atividades escolares, e como, e se, essa participação se diferenciava da dinâmica de um casal. Nesse ponto tivemos maior diversidade nas respostas. As entrevistadas 1, 2 e 3 já sinalizaram anteriormente que nas escolas em que trabalhavam havia uma diversidade de arranjos familiares. Elas reforçaram essa lógica e a Entrevistada 2 afirma que a maior diferença encontra-se nos casos em que não há a figura do casal, segundo a profissional:
	
Quando a gente observa a composição das famílias, eu acho que a uma participação mais compartilhada no caso das mães solteiras. A família da mãe participa de forma mais ativa, principalmente as avós. Já que essa mãe precisa trabalhar, as avós comparecem mais às escolas, as vezes vem uma tia, ou prima mais velha, em muito casos esses parentes estão muito interessados na educação da criança. Claro que tem sempre aqueles grupos familiares mais vulneráveis em que uma avó as vezes cuidade vários netos, ai é complicado, mas existem famílias de mães solteiras que realmente se juntam para ajudar no cuidado e na educação do filho. Infelizmente a gente não vê o mesmo com casais, muitos pais quase não aparecem na escola, é mais comum ver a família da mãe em algumas atividades do que o pai. Mesmo que a mãe trabalhe, é sempre ela que aparece, alguns pais só vem na escola algumas vezes buscar os filhos na hora da saída, alguns nem sabem o meu nome ou me perguntam qualquer coisa do filho deles na escola.
Chamou-nos a atenção que a Entrevista 3 ao dizer que a maior participação era dos familiares das mães e que os pais pouco iam até a escola, completou dizendo que isso era “natural”, já que as mães é que são responsáveis pelos cuidados dos filhos, segundo ela “Deus deu o dom às mulheres para fazer essas coisas” e que por esse motivo acha que a educação infantil tem mais profissionais mulheres atuando, por causa da natureza feminina. A Entrevistada 4 afirma que a pouca participação fora do casal que observa é da família materna, mas que em alguns episódios os avós paternos também compareciam às atividades escolares. A Entrevista 5 disse que é muito comum que as “mães solteiras” sejam as únicas representantes familiares nas atividades escolares, e que em alguns momentos os avós maternos também compareciam a escola em datas especiais.
Faz-se necessário destacar que as duas profissionais que atuavam em escolas localizadas em bairros de seguimentos médios afirmam existir a participação ativa dos pais, independente da mãe estar no mercado de trabalho ou não. Todavia, ao aprofundar o questionamento vê-se que essa participação se resume em, caso a criança não utilize transporte escolar, no ato do pai de ir até a escola buscar a criança que estuda no período vespertino. No caso das atividades desenvolvidas, na grande maioria dos casos é a mãe que participa, seja por que ela se dedica ao trabalho doméstico, seja por que ela é a única do casal que se dispõe a chegar no trabalho mais tarde, ou sair mais cedo para estar presente.
Vemos aqui a necessidade da reestruturação social e de valores da qual Til (2011) trata. Se no passado houve a divisão de papéis sociais nas famílias (PRADO, 1985), na atualidade vemos que esses papéis sofreram grandes mudanças, principalmente quando se trata do lugar e das funções da mulher na sociedade (NADER, 1997). 
Mas o que se observa nas entrevistas é que, no tocante ao cuidado dos filhos, não há o ajustamento das funções entre o novo casal. A velha ordem na qual a mulher é responsabilizada integralmente pelos filhos ainda se encontra presente, a masculinidade, na maioria dos casos, ainda não abraçou uma paternidade participativa que faça que os homens se aproximem mais da educação e do cuidado com os filhos. Há ai um (des)balanço na estrutura familiar, no qual as funções, outrora femininas, sofrem um tratamento muitas vezes aquém no necessário, devido o acumulo de funções sobre elas depositado, ao passo que as ditas funções masculinas ainda não se atentaram para a necessidade de se expandir a fim de suprir as demandas desses novos arranjos de família.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desta forma, o que se pode constatar é que em razão de fatores históricos, sociais e culturais, tendo a superioridade do pater famílias foi instaurada uma sociedade que apesar de diminuída, ainda permanece nos dias atuais. Em decorrência deste sentimento de superioridade, as mulheres sofrem inúmeras sobrecargas e encontram-se muitas vezes em situação de desigualdade. “Ocorre que a figura da mulher na família tem uma importância bastante significativa e o seu sofrimento pode gerar consequências negativas para todos os seus membros” (CARDIN, SANTOS, 2008, p.10).
No curso das entrevistas fica nítido que ainda há uma divisão de papéis sociais de gênero que afeta as famílias. As mães que precisam ou escolheram entrar no mercado de trabalho ou fazem jornada dupla, ou contam com uma rede de familiares que ajudam o envolvimento dos pais na divisão de tarefas da criação dos filhos, apesar de mostrar um leve progresso, ainda é muito pequeno e pouco presente. A sobre carga de atividades sobre as mães, muitas vezes, afeta o desenvolvimento das crianças, seja pela falta de auxilio nas atividades complementares, seja pela consequência da falta de tempo que afasta afetivamente as duas partes. 
Todavia, observa-se que há um movimento familiar de auxílio, principalmente nos bairros populares, na busca por tentar suprir as necessidades dessas crianças que são filhos de mães solteira e de mães que estão no mercado de trabalho. Essas ações são substitutivos da necessidade de (re) divisão dos papéis sociais de gênero que inclua a responsabilidade masculina na criação e desenvolvimento dos filhos.
Neste sentido, conclui-se que a obrigação da formação social dos filhos dentro da família não pode ser relegada exclusivamente para a mãe que geriu o filho, mas sim por ambos. Requer uma dupla responsabilidade, em que os genitores devem repartir de forma democrática e igualitária. 
6 REFERÊNCIAS
1 BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo: fatos e mitos. 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
2 CARDIN, Valéria Silva Galdino; SANTOS, Andréia Colhado Gallo Grego. O patriarcalismo e a violência de gênero em “venha ver o pôr do sol” de Lygia Fagundes Telles. UEM.Graduada em Direito pela Universidade Estadual de Maringá (2008).
3 FRANCO, Sebastião Pimentel; LARANJA, Anselmo Laghi.; SILVA, Gilvan Ventura da. Exclusão social, violência e identidade. [Vitória, ES?]: Flor&cultura, 2004.
4 GIL, Antônio Carlos, 1946- Como elaborar projetos de pesquisa/Antônio Carlos Gil.-4.ed.-São Paulo: Atlas,1987.
____, 1946- Como elaborar projetos de pesquisa/Antônio Carlos Gil.-4.ed.-São Paulo: Atlas, 2002.
5 LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica 1 Marina de Andrade Marconi, Eva Maria Lakatos. -5. ed. - São Paulo : Atlas, 2010. 
6 MINAYO, Maria Cecília de Souza. Pesquisa Social. Petrópolis: Vozes, 2004.
7 NADER, Maria Beatriz. Mulher: do destino biológico ao destino social. 2. ed. rev. - [Vitória, ES?]: EDUFES/CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS, 1997.
8 PINHEIRO, Luana Simões. Vozes Femininas na Política: Uma análise sobre mulheres parlamentares no pós-Constituinte. Brasília: Secretaria Especial de políticas para Mulheres, 2007.
9 PRADO, Danda. O que é família. São Paulo: Abril Cultural: Brasiliense, 1985
.
10 SAFFIOTI, Heleieth . Gênero, patriarcado e violência. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2004.
11 SILVA, Edna Lúcia da. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação/Edna Lúcia da Silva, Estera Muszkat Menezes. – 4. ed. rev. atual. – Florianópolis: UFSC, 2005.
12 ALVES, Sandra Lúcia Belo; DINIZ, Normélia Maria Freire."Eu digo não, ela diz sim": a violência conjugal no discurso masculino. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 58, n. 4, p. 387-392, jul./ago. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-71672005000400002&script=sci_arttext
>.Acesso em: 01 de jul. 2015.
13 CASARIN, Nelson Elinton Fonseca; RAMOS, Maria Beatriz Jacques. Família e aprendizagem escolar. Rev. psicopedag. vol.24 no.74 São Paulo  2007. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862007000200009.> Acesso em: 02 de jul. 2015.
14 NARVAZ, Martha Giudice; KOLLER, Sílvia Helena. Família e patriarcado: da prescrição normativa à subversão criativa. Psicologia e sociedade, Porto Alegre, jan/abr. 2006. p. 49-55. Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/psoc/v18n1/a07v18n1.pdf> Acesso em: 3 jul. 2015.
15 TIL, Nayla Velberto. A construção dos papéis sociais de pai e mãe em família: uma reflexão sobre a temática contemporânea de gênero.UFF, 20122. Disponível em: <http://www.puro.uff.br/tcc/2011-2/nayla%20-%20completo.pdf http://www.puro.uff.br/tcc/2011-2/nayla%20-%20completo.pdf. >Acesso em: 03 de jul. 2015.
33
ANEXO
ENTREVISTA
ENTREVISTA
1) Você consegue identificar um perfil dominante das famílias as quais a instituiçãoem que você trabalha atende?
2) Qual a influência que as famílias exercem sobre as crianças que você observa durante a prática pedagógica? 
3) De que forma as famílias participam das atividades escolares? 
4) Quais membros das famílias se mostram mais presentes nessas atividades? 
5) Na sua opinião, por que esses membros são mais ativos que outros? 
6) Na prática pedagógica você percebe se há uma diferença entre alunos que são filhos de mães que estão no mercado de trabalho daqueles os quais as mães se dedicam exclusivamente aos cuidados domésticos e da família? 
7) Você percebe alguma particularidade no envolvimentos dos pais de alunos de mães trabalhadoras? 
8) No caso de mães que se dedicam exclusivamente aos trabalhos domésticos e cuidado da família, qual o envolvimento dos pais desses alunos com a escola?
9) Nos casos de mães solo que estão no mercado de trabalho, além dela, há outro familiar que se envolve nas atividades escolares? 
10) Como você observa o envolvimento desses familiares? Eles se diferenciam de uma dinâmica de um casal?

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