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102 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Unidade II Unidade II 5 ÉTICA A finalidade deste item é estudar o objeto da ética, campo de atuação e relação com as outras ciências. O objetivo da ética é a investigação do comportamento moral dos homens em sociedade. Porém, os atos humanos diferem de acordo com o momento histórico e grupo social no qual estão inseridos. Nesse contexto, é possível classificar a ética em três grandes esferas: filosófica, religiosa e científica. No senso comum, as palavras ética e moral são usadas como sinônimos. Por possuírem a mesma base etimológica, justifica-se seu uso: ethos, em grego, significa hábito e costumes e mores, em latim, tem o mesmo significado, diferenciando-se, porém, na aplicação: enquanto a moral lida com os problemas do dia a dia, a ética os analisa de uma forma universal. Lisboa (2009) conceitua moral como conjunto das normas que, em determinado meio, tem a provação para o comportamento humano; já a ética é, para o autor, a expressão única do pensamento correto, conduzindo à ideia da universalidade da moral; a forma ideal universal do comportamento humano. Tanto a ética quanto a moral têm como fundamento o estudo do comportamento humano e sua maior diferença está em analisar os problemas e os conflitos que a vida em sociedade proporciona. O homem é um ser histórico e gregário. Histórico, porque faz e acompanha a história, e gregário, por necessitar, para sua própria sobrevivência, viver em sociedade. A história da humanidade nos remete a tempos em que os homens viviam em cavernas, mas sempre em grupo. Se a história é mutável, a sociedade também o é. O comportamento do homem em sociedade muda com a história. Novos hábitos são adquiridos e outros esquecidos. A ética está em constante mudança. Regras que eram seguidas num determinado período da história serviram para aquela época e, com a mudança de costumes, novas regras surgiram e continuarão surgindo de acordo com as necessidades humanas. A ética pode ser entendida como uma construção social do homem para com o homem, que busca estabelecer, por meio de normas de conduta, padrões de comportamento que garantam a convivência entre todos. O homem é um ser complexo, imprevisível, que, mesmo conhecendo todas as normas, a qualquer momento pode descumpri-las. Para inibir o não cumprimento dessas regras estabelecidas pelo e para o homem, sansões deverão ser predefinidas, caso contrário, conforme afirma Hobbes (2002), seria a luta de todos contra todos, o que provocaria o caos. 103 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL Desse modo, o convívio social sempre estará à beira de conflitos e de problemas morais e éticos. Os problemas morais estão nas relações cotidianas dos indivíduos entre si, como exemplifica Vázquez (1996, p. 5): “Devo cumprir a promessa x que fiz ontem ao meu amigo y, embora hoje perceba que o cumprimento me causará certos prejuízos?”. Trata-se, portanto, de uma questão prática, que envolve relações efetivas entre indivíduos, e não entre toda a sociedade, como a construção de um viaduto, que exigiria a desapropriação de diversas moradias do local. A partir da reflexão do comportamento prático-moral nasce o pensamento filosófico, que sai da esfera individual e toma como base o comportamento humano universal. Surgem os problemas éticos, caracterizados pela sua generalidade – pelo coletivo. Os problemas éticos ou teóricos tornam-se o fundamento da ética. Em outros termos, ela se interessa pelo estudo do comportamento humano universal, cabendo à moral o estudo do comportamento individual. Para Vázquez (1996), a definição dos problemas éticos procura delimitar a essência ou traços essenciais do comportamento moral, uma vez que o problema da essência do ato moral remete à outra questão: a da responsabilidade. E, assim, completa o autor (1996, p. 8-9): Decidir e agir numa situação concreta é um problema prático-moral; mas investigar o modo pelo qual a responsabilidade moral se relaciona com a liberdade e com o determinismo ao qual nossos atos estão sujeitos é um problema teórico, cujo estudo é da competência da ética. Portanto, o estudo da ética está pautado pelo estudo dos problemas teóricos ou éticos, caracterizados pela generalidade, e não dos problemas do dia a dia ou problemas práticos, como são chamados. A linha que separa os problemas teóricos – objeto do estudo da ética – dos problemas práticos – objeto do estudo da moral – é tênue. Nesse sentido, as soluções de um acabam por influenciar as do outro. O desafio da ética está em permanecer no campo teórico, caso contrário, passaria a ditar normas de conduta – o que é certo ou errado, bom ou ruim. E, assim, estaria desvencilhando-se de seu objeto de estudo: o comportamento humano universal. É a partir das relações entre os homens e, conforme afirma Vázquez (1996), por meio do comportamento moral efetivo que se desenvolvem as doutrinas éticas, atendendo cada uma das épocas da história da humanidade. De acordo com o autor (1996, p. 235): Ética e história relacionam-se duplamente: a) com a vida social e, dentro desta, com as morais concretas que são um dos seis aspectos; b) com a sua história própria, já que cada doutrina está em conexão com as anteriores (tomando posição contra elas ou integrando alguns problemas e soluções precedentes), com as doutrinas posteriores (prolongando-se ou enriquecendo-se nelas). 104 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Unidade II O pensamento filosófico ou racional nasce da ruptura do pensamento mitológico na Grécia Antiga entre o final do século VII e o início do século VI a.C. Toda explicação da realidade vivenciada pelo homem naquele momento que era dada pelos mitos – mythos – foi substituída pela razão ou logos (MATTAR, 1997). A filosofia nasce na Grécia Antiga a partir de uma conjuntura histórica. Mattar (1997, p.7) destaca que é a partir da “decadência da civilização dos aqueus, baseada em clãs, substituída lentamente pela polis (cidade-estado) grega, que o poder da palavra escrita passa a ser essencial”, e assim, gradativamente, os conceitos são substituídos. A explicação, por exemplo, do universo – kósmos –, que até então era dada pelos téos (deus, divindade), busca-se agora no próprio universo, ou seja, é a razão que passa a dar conta de tudo, substituindo-se a explicação divina – gonia – pela científica – logia. E assim nasce a filosofia, a busca do saber de todas as coisas, que obriga que a teogonia e a cosmogonia cedam seu lugar à cosmologia. Ou seja, conforme relatam Aranha e Martins (1986, p.13): [...] a crença na origem divina e mítica do mundo foi substituída pela busca da arché, do princípio material e também regulador da ordem do mundo. Essa busca da arché, do princípio ou fundamento das coisas, transformou-se na questão central para os filósofos pré-socráticos. Observação Mythos – significa dizer, conversar, contar, narrar, anunciar (um oráculo), designar, nomear, dizer a si mesmo, deliberar em si mesmo. Logos – reúne numa só palavra quatro sentidos: linguagem, pensamento ou razão, norma ou regra, ser ou realidade íntima de alguma coisa. Aqueus – os Aqueus foram os primeiros gregos a ocupar parte do Mediterrâneo. Eram um grupo seminômade de indo-europeus que, provavelmente devido a alterações climáticas na região de origem, migraram para onde se localiza a Grécia em busca de terras férteis por volta de 2000 a.C. Estabeleceram o reino no Peloponeso. Teogonia – termo formado por theos (deus) e gonia (origem, geração) designa a narração mítica do nascimento dos deuses. Relaciona-se com a cosmogonia. Cosmogonia – narrativas míticas sobre as origens e a formação do universo. Cosmologia – logos significa “estudo”, “razão”. Cosmologia é a explicação racional ounatural do mundo, em oposição às crenças míticas vigentes. 105 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL De acordo com os escritos, é o pensamento racional ou filosófico que busca, além da explicação da totalidade, também comandar as ações humanas, atribuindo ao homem, no lugar dos deuses, a responsabilidade por seu comportamento. Dentro da cronologia da história da humanidade, Vázquez (1996) destaca a ética grega (ou ética filosófica), a cristã medieval (ou ética religiosa) e a moderna e contemporânea (ou a ética científica). É a partir do nascimento da filosofia que o homem torna-se o centro de uma organização social – a polis (cidade-estado) – e é por ela responsável, tanto na construção quanto no bem-estar de todos, ou seja, o bem comum acima do individual, o público se sobrepõe ao privado. E esta manifestação só ocorre a partir do autoconhecimento, como defendia Sócrates, por meio dos escritos de Platão (seu discípulo). É o início de uma sociedade fundamentada na razão humana e princípio da ética grega, que por analogia ao corpo humano cria um estado-modelo que deveria possuir, assim como o homem, cabeça, peito e baixo-ventre, ou seja, governantes, sentinelas e trabalhadores. Em termos gerais, o homem é o fim em si. Os principais precursores da ética grega ou filosófica são: Sócrates, Platão e Aristóteles. Desse modo, como aponta Aguiar (2009a), Platão (leia-se também Sócrates) julgava que as partes da alma possuíam um ideal ou uma virtude que deveriam ser desenvolvidos para seu funcionamento perfeito. A razão deveria aspirar à sabedoria, a vontade deveria aspirar à coragem e os desejos deveriam ser controlados para atingir a temperança. Para constituir um indivíduo harmônico, deveria haver equilíbrio entre a razão (manifestada pela cabeça), a vontade (representada pelo peito) e o desejo (simbolizado pelo baixo-ventre), atingindo-se, portanto, a quarta virtude, a justiça. Assim, seria também o Estado, que só alcançaria a harmonia quando do equilíbrio manifestado pelos governantes, sentinelas e trabalhadores em benefício de todos, ou melhor, a justiça para todos. A ética aristotélica ou ética naturalista, por compreender a humanidade como parte da ordem natural do mundo (daí a não aceitação dessa teoria, principalmente pela Igreja Católica, por excluir Deus como criador do homem e de todas as coisas do universo), também defende que é o bem comum a origem da felicidade do homem. “Assim, o homem virtuoso é aquele capaz de deliberar e escolher o que é mais adequado para si e para os outros, movido por uma sabedoria prática em busca do equilíbrio entre o excesso e a escassez” (AGUIAR, 2009, p.15). A ética cristã medieval (ou a ética religiosa) é formada a partir “de um conjunto de verdades reveladas a respeito de Deus, das relações do homem com o seu criador e do modo de vida prática que o homem deve seguir para obter a salvação no outro mundo” (VÁZQUEZ, 1996, p. 243). Assim, as normas que regulamentam o comportamento humano visam seu bem-estar em outro mundo e não na polis, conforme determinava a ética grega. O homem deixa de ser o centro da organização e Deus toma seu lugar. O homem não é mais o fim em si, Deus é o fim. Por meio da figura de Jesus Cristo, como representação divina, a ética passa a tê-la como parâmetro. Ou seja, um Deus que se fez homem (ou vice-versa) torna-se referência de tudo o que se pode ou não fazer, e uma nova concepção de vida é instalada: a caridade, a responsabilidade pela salvação de si e do outro e também a liberdade, uma vez que todos são livres e iguais, porque são filhos do mesmo Deus e com direito à salvação vinda de Cristo. 106 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Unidade II Assim, como aponta Aguiar (2009a), a liberdade e a autonomia cedem lugar ao conceito de dever, mas um dever de agir em conformidade com a vontade de Deus, não mais do homem, como defendiam os gregos. Para abordar a ética científica, Vázquez (1996) a divide em moderna e contemporânea. Seu propósito é identificar que a partir do momento que o homem passa a dominar a natureza, por meio da razão e da vontade representada pela ação, forma-se uma nova sociedade, voltada para o progresso científico. Uma nova ordem social torna-se necessária. Agora o homem também domina outro homem, resultando numa luta de classes, inevitável para este momento da sociedade. Aguiar (2009a) ressalta que o início da modernidade ocorre quando há um desencantamento do homem pelo mundo tal qual se organizava. Começa a ser possível a dominação da natureza pelo homem por meio de técnicas científicas; é a era da ciência que tudo pode provar e descobrir. A razão passa a dirigir a humanidade. Para Weber (1967), a partir da modernidade, o homem deixa de ser o fim (como defendiam os gregos) para se tornar o meio de ganhar dinheiro, ou seja, é a era científica que passa a dominar o mundo por meio do capitalismo instaurado a partir da Revolução Industrial (início do século XVIII). Na ética moderna o homem retoma seu lugar na organização social e vai além daquela proposta colocada pela ética grega: não é só dotado de razão, mas também da vontade que será realizada por meio da ação. O homem passa de contemplativo para mentor de suas ações. É o processo de separação daquilo que o unia na Idade Média. Segundo Vázquez (1996, p. 247), “a) a razão separa-se da fé (e a filosofia, da teologia); b) a natureza, de Deus (e as ciências naturais, dos pressupostos teológicos); c) Estado, da Igreja; e d) o homem, de Deus”. Enfim, as mudanças ocorrem nas ordens econômica, social, estatal e espiritual. Trata-se do nascimento de um novo homem, dotado não só de razão, mas, principalmente, de vontade concretizada na ação, o que o responsabiliza pelas suas escolhas. Talvez a maior contribuição para a construção de uma nova ética, exigida por essa sociedade que surge com um novo propósito, seja a liberdade do uso da razão e ao mesmo tempo a responsabilidade dirigida ao homem pelo resultado dessa ação. Aqui, é imprescindível que façamos referência à teoria do dever proposta por Kant (1724-1804). Como aponta Aguiar (2009a, p. 18), “o homem é livre, diz Kant, porque não está sujeito às leis físicas da natureza, sua virtude reside na ação ao mesmo tempo voltada para interesses individuais e universais”. Ou seja, o homem pode resistir às tendências naturais, por meio da razão e principalmente por esta ser livre. É o próprio homem quem comanda suas ações. Portanto, para Kant, na natureza há leis e, na ética, deveres. É pelo fato de sermos livres e de termos boa vontade (o que Kant denomina de resistência às tendências naturais), além da preocupação com o interesse geral, que há algo em nós que ordena uma resistência e até mesmo um combate contra a naturalidade ou animalidade que existe em nós. Ou seja, é a voz da razão que nos guia (AGUIAR, 2009a). De acordo com Pascal (1992), Kant denomina a voz da razão de imperativo categórico e explica: imperativo, porque não se pode subtrair a ele, não é um conselho, é uma determinação; e categórico, porque não se admite o contrário daquilo que está mandado, não é para se discutir, mas sim para acatar. 107 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL A ética kantiana nos leva a agir em conformidade com o bem comum e não de acordo com os nossos desejos; somos livres para dominar tais desejos. É a partir de uma sociedade pautada pela razão humana (a era do Iluminismo, o homem guiado pela razão) que surgem as mudanças. A ciência passa a comandar todas as áreas. Na economia, com o desenvolvimento científico, surgem as primeiras máquinas, provocando a Revolução Industrial. As fábricas substituem o trabalho artesanal, elevando a produção. Na ordem social, a burguesia surgecomo uma nova classe social. O poder econômico passa a deter o domínio da sociedade, deixando de lado a monarquia e o clero até então dominantes no período medieval. Na esfera estatal, o clero e a monarquia sem forças cedem espaço para o poder econômico. A ideologia dominante da Igreja Católica é também absorvida pelo poder econômico e a esfera espiritual deixa de ditar as normas de conduta aceitas no período medieval. Está no comando uma nova sociedade: a sociedade capitalista. A ética contemporânea surge a partir do novo sistema social advindo da sociedade moderna e contemplado por progressos técnico-científicos que, se por um lado trouxeram desenvolvimento às forças produtivas, por outro, colocaram a existência humana em jogo. Para esse novo sistema social, outro comportamento humano é exigido, outra ética torna-se necessária, no momento em que a razão passa ser direcionada para fins predeterminados que garantam a sobrevivência do sistema. Trata-se da razão instrumental apontada por Weber (1982) e Habermas (1988). A razão instrumental é uma técnica de dominação sobre a natureza, necessária para a sobrevivência do sistema capitalista. O homem passa de fim para meio, ou seja, é o sistema que deve prevalecer e não mais o homem. 6 A ÉTICA EMPRESARIAL, PROFISSIONAL E DO CONTADOR A ética, independente de sua aplicabilidade, segue um conjunto de normas preestabelecidas pelos seus agentes, a fim de promover e/ou garantir propósitos estabelecidos por uma sociedade. Em outras palavras, são as regras estabelecidas e acompanhadas por sanções que irão promover o alcance dos objetivos propostos por uma sociedade, ou seja, a busca do bem-estar desta coletividade. É entendido que as regras, as normas, são indispensáveis para quaisquer tipos de sociedade, quer seja formal ou não, caso contrário, a sociedade não se mantém, uma vez que interesses individuais poderão sobrepor-se aos coletivos. Segundo Abbagnano (1994, p. 912): [...] no sentido geral e fundamental: 1º campo de relações intersubjetivas, ou seja, das relações humanas de comunicação, portanto também: 2º a totalidade dos indivíduos entre os quais ocorrem essas relações; 3º um grupo de indivíduos entre os quais essas relações ocorrem em alguma forma condicionada ou determinada. 108 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Unidade II É possível observar que as definições possuem designações comuns, por exemplo: interesse, atividade e normas. Lembrete Discutimos anteriormente que o contador atualmente é o centro dos interesses divergentes, ou seja, o contador precisa conhecer a saber lidar com os diferentes interesses (e também com expectativas e pressões) na empresa. No presente material, tratamos da sociedade empresarial, por conseguinte, da necessidade da construção e implantação de uma ética que venha contribuir para sobrevivência dessa sociedade. 6.1 A ética empresarial Srour (2005) inicia sua explanação sobre a ética nas organizações afirmando que toda organização depende de uma ética para a própria sobrevivência. É o cumprimento da ética imposta pelos próprios membros da organização que permitirá o alcance do objetivo determinado por essa organização. É possível afirmar que há dois tipos de normas e suas respectivas aplicabilidades em uma organização: as normas jurídicas e as normas morais. Enquanto as normas jurídicas são representadas pelas leis e regulamentos, as normas morais ditam o que é certo ou errado. No entanto, ambas regulamentam as relações sociais. As relações sociais só existem a partir dessas normas. Enquanto as normas morais exigem uma adesão ideológica, as jurídicas são impostas e, caso não sejam cumpridas, os agentes sociais sofrerão sanções externas. Ao observamos as normas morais, caso essas não sejam cumpridas, os agentes sociais igualmente não estarão isentos de penalidades, sofrendo coerções internas. Srour (2005, p. 270) assim as resume: “as normas morais são simbólicas e animam as relações de saber (hegemonia e conformidade); as normas jurídicas são políticas e expressam as relações de poder (dominação e sujeição)”. As palavras ética e moral sofreram, ao longo do tempo, modificações em sua aplicabilidade, embora etimologicamente as duas signifiquem costumes ou normas e regras utilizadas por um sociedade. A própria sociedade passou a utilizar tais palavras com finalidades diferentes, colocando a moral como normas individuais, enquanto a ética passou a atender a uma coletividade. A ética é uma ciência e seu objeto de estudo é a moral (a busca da melhor forma do agir coletivamente, aprovando ou não os costumes). A ética é construída a partir de um objetivo comum, independente de sua classificação: filosófica, religiosa ou científica. No caso da ética empresarial, sua base está na ética científica, ou seja, a ética construída a partir de interesses racionais focados num objetivo previamente estabelecido para esta sociedade – a sociedade empresarial. 109 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL A empresa, segundo Aguiar (2009a), necessita acima de tudo sobreviver. Assim, ações concretas precisam ser estabelecidas em conjunto com seus integrantes internos e externos. Citam-se os seguintes exemplos de ações éticas aplicadas pelos agentes empresariais: • Balanço social: é um relatório elaborado pela empresa para divulgar sua política de gestão de pessoas e suas aplicações no processo produtivo, bem como informar aos envolvidos, parceiros internos e externos, sua gestão social e ambiental, inclusive a implantação e/ou andamento de programas sociais e o retorno/resposta dos beneficiários do programa. • Cidadania: a empresa promove entre seus colaboradores (empregados, clientes, fornecedores) ações que promovam a cidadania e inclusão social, por exemplo: campanha de arrecadação de alimentos, fraldas e outros materiais de necessidades básicas, bem como sua entrega em creches ou orfanatos, ou em outras instituições do gênero. E ainda, como pessoa jurídica com participação da economia da sociedade por empregar pessoas e gerar tributos, tem um alcance maior junto ao poder público, interferindo de maneira benéfica junto a comunidades sem esse acesso. • Compromisso social: uma vez a empresa inserida na comunidade ao seu redor, o reconhecimento por parte dela é visível, por se tratar de interesses comuns: a empresa se desenvolve, bem como a população da qual geograficamente faz parte. • Códigos éticos de empresas: a função dos códigos de éticas elaborados pelas empresas é promover a igualdade entre seus participantes; independente do nível hierárquico exercido, todos devem seguir as regras de conduta estabelecidas pela empresa durante o período de trabalho. Por serem essas pessoas os maiores representantes da empresa, sua conduta reflete a da instituição, podendo, em caso negativo, comprometer a imagem da organização perante a sociedade. • Filantropia empresarial: trata-se de doações em espécie, feitas pelas empresas, às associações ou outras entidades sociais, sem o envolvimento com os projetos e/ou auxílios promovidos por essas organizações, chamadas de não governamentais (ONGs). A função da empresa, em termos gerais, é a de suprir as necessidades humanas por meio de produtos, bens ou serviços e fazer filantropia contribui com sua missão. • Governança corporativa: é o reconhecimento e a proteção dos direitos de todos os agentes que formam as empresas, ou seja, seus acionistas, trabalhadores, clientes, fornecedores, governo e comunidade. A transparência das informações, bem como as decisões tomadas pela empresa, incluindo o relacionamento com a sociedade, contribui para tornar a empresa apta ao acesso do capital externo ou captação de recursos por meio de negociação de ações em bolsa de valores. Modelos surgem a fim de medir a ética nas empresas. Aqui, toma-se como ilustraçãoo modelo desenvolvido pelo consultor norte americano Frank Navran, intitulado “Indicadores de Clima Ético nas Empresas”, que foi publicado na RAE, por meio de um artigo elaborado por Arruda (2000) com o mesmo título. A apresentação está condensada, porém sem comprometer o modelo em si. 110 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Unidade II Quadro 31 – Indicadores de clima ético nas empresas Indicadores Medidas 1. Sistemas formais Regras e manuais? Sistemas de controle? 2. Mensuração Sistema de avaliação? 3. Liderança Políticas escritas e mensagens? 4. Negociação Acordos? 5. Expectativas Sistema de seleção, promoção e correção? 6. Consistência Palavras e ações da organização? 7. Chaves para o sucesso Lançamento de produto? Auxílio a um mentor? Experiência em posições-chave? 8. Serviço ao cliente Contato com clientes? Manifestação de cortesia? Treinamentos? 9. Comunicação Comunicação de regras? Informação, orientação e reforço? Esclarecimento de dúvidas? Rapidez, precisão e punição em relação ao cumprimento das normas? 10. Influência dos pares Sistema informal de comunicação e educação? Apoio dado aos colegas? Apoio recebido dos colegas? 11. Consciência ética Relações pessoais? Assédio sexual? Uso dos ativos da empresa? Pagamentos facilitadores? Fonte: Arruda (2000, p. 33). Indicador 1: Sistemas formais As regras são indispensáveis para o convívio social e a empresa constitui uma das organizações sociais. Logo, no modelo de Frank Navran, apontado por Arruda (2000, p. 29), estabelece-se que “os sistemas formais da organização correspondem aos métodos, às políticas e aos procedimentos que claramente identificam qual o negócio, quando, como, onde e por que ele se realiza”. Os sistemas formais permitem que os funcionários tenham uma expectativa correta sobre a empresa e o quanto deles será exigido, principalmente em termos de comportamento, caso contrário os funcionários ficariam totalmente dependentes de seus valores pessoais e do comportamento observado pelos outros. Assim, os sistemas formais padronizam o comportamento dos funcionários dentro da organização. 111 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL Indicador 2: Mensuração Só implantar os sistemas formais não é suficiente para garantir o seu cumprimento. As pessoas, como relata Frank Navran (apud ARRUDA, 2000), “tendem a prestar mais atenção àquilo que é avaliado e medido, pois é justamente o mensurável que a organização traduz em recompensa”. Logo, os sistemas formais dependem não só de mensuração, mas também de uma clara definição de responsabilidades (por pessoa e ou equipe). Indicador 3: Liderança O modelo estabelecido por Frank Navran mostra que as ações e o comportamento dos líderes são mais representativos que as próprias regras estabelecidas, uma vez que o sucesso da organização depende diretamente da liderança por ela designada. Os líderes são os representantes da empresa junto aos funcionários. Indicador 4: Negociação A negociação dentro e fora da empresa permite resolver assuntos conflitantes de uma maneira saudável por não ter a competição como foco, mas sim o atendimento dos envolvidos de modo que não haja perdedor ou ganhador. Dentro da empresa, a negociação interna, na maioria das vezes, envolve interesses dos funcionários, como a disputa do período de férias ou a entrega de um determinado relatório. Já a negociação externa poderá envolver a operação com um cliente e aqui os sistemas formais (procedimentos) poderão ser utilizados como limitadores. Indicador 5: Expectativas Se as empresas têm suas exigências formais e informais para alcançar o sucesso, tais exigências se tornam expectativas em relação aos seus empregados e estes em relação à empresa, uma vez que tanto suas capacidades pessoais quanto suas percepções estarão em jogo, logo, quanto mais explicitas e congruentes forem as exigências da empresa, maior a possibilidade de alcançar o sucesso. Indicador 6: Consistência “Quando a organização é inconsistente, o funcionário não tem certeza do que deve pensar e como deve agir”, conforme aponta Arruda (2000, p. 31). A consistência das ações por parte da empresa precisa ser aplicada a qualquer momento. Os sistemas formais devem ser seguidos, caso contrário o medo e a autoproteção serão instalados, comprometendo a empresa como um todo. Indicador 7: Chaves para o sucesso Toda empresa tem sua chave para o sucesso, que deve ser acessível a todos, caso contrário, o conflito e a insatisfação passarão a tomar conta do ambiente, comprometendo o próprio sucesso. 112 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Unidade II Indicador 8: Serviço ao cliente Em termos gerais, a satisfação do cliente e os tratamentos dispensados aos fornecedores e quaisquer outros parceiros com quem os funcionários têm contato vêm em primeiro lugar no tratamento que a empresa tem para com seus funcionários. Um funcionário bem tratado e principalmente com suas expectativas atendidas automaticamente estenderá essa cordialidade, esse respeito aos clientes. Arruda (2000, p. 32) completa: “a maioria dos funcionários tem dificuldade de tratar os clientes sistematicamente melhor do que a organização os trata”. Indicador 9: Comunicação É a comunicação que irá levar aos empregados as expectativas criadas pelas empresas em relação ao seu desempenho, logo, a comunicação torna-se o elo entre a organização e seus parceiros. Assim, [...] as pessoas precisam de informações, de orientações e de reforço, necessitam ainda, conhecer a posições, os padrões éticos da empresa e o que é considerado, por parte da empresa, uma conduta correta dos funcionários, por fim, os funcionários devem saber a quem se dirigir para obter respostas às suas preocupações éticas quando se defrontam com uma situação nova ou diferente (ARRUDA, 2000, p. 32). Aqui, o papel da liderança é de extrema importância para a busca da excelência empresarial. Indicador 10: Influência dos pares A influência dos pares significa dizer que “quando a organização falha em comunicar adequadamente seus padrões éticos e suas expectativas, os funcionários compensarão essa falha aumentando sua confiança no apoio dado pelos colegas de trabalho”, de acordo com o estudo elaborado por Arruda (2000, p. 33). O apoio dos colegas torna-se um fator positivo, quando influenciado pela própria organização, provocando a informalidade, que venha a aderir aos padrões éticos em busca das metas almejadas pela empresa. Indicador 11: Consciência ética Arruda (2000) declara que mesmo que esse indicador não esteja no Modelo de Navran, sua construção veio da parceria da CENE – Centro de Estudos de Ética nas Organizações, da EAESP/FGV – com a Consultoria da qual Frank Navran é diretor, a Ethics Resource Center (Washington/EUA). O indicador foi criado especificamente para o Brasil, levando-se em consideração, principalmente, os aspectos culturais do nosso país. Assim, influências pessoais, políticas em muitos casos, são premissas para obtenção de cargos de decisão em comparação com o conhecimento técnico exigido. Na relação chefe/subordinado, o abuso de autoridade pode levar ao assédio sexual. Ademais, propinas, presentes e favores também podem comprometer a imagem da organização e, consequentemente, a sua sobrevivência. 113 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL 6.2 A ética profissional A ética é o estudo do comportamento humano em determinada sociedade, bem como das regras que todos devem seguir, a fim de garantir e preservar o seu bem-estar. Sendo assim, tanto a ética profissional quanto a ética empresarial têm a responsabilidade de fazer cumprir as normas estabelecidas, por estar exatamenteem jogo o alcance do objetivo proposto por uma classe profissional. No caso do não cumprimento de tais regras pelos membros dessa sociedade profissional, sanções devem ser aplicadas, pois, para a ética, o interesse universal prevalece em relação ao particular, e para ética profissional não seria diferente. Outras necessidades surgem com a concepção de uma nova sociedade, a partir do Iluminismo (séc. XVIII), uma vez que o homem torna-se o centro do universo – até então, a Igreja Católica era quem dirigia as ações humanas durante o período medieval. Para atender a essas novas necessidades, iniciam- se atividades empresariais e profissões que dependem de normas e sanções que as harmonizem. Segundo Lisboa (2009), é o exercício pleno dos valores éticos da sociedade a qual a profissão atende que sustentará sua atuação. Em outras palavras, seja qual for a profissão exercida, somente terá sua legitimidade quando respeitar os valores éticos da sociedade na qual se insere, caso contrário, a profissão passa a ser ilegítima, como o traficante de entorpecentes: o fruto desse trabalho contraria os valores éticos sociais, portanto, a sua atuação torna-se maléfica para o desenvolvimento da coletividade. Aguiar (2009a) demonstra que a ética profissional foi construída pelos precursores da profissão e ensinada para aqueles que nela ingressavam, com a preocupação de estabelecer a sua perpetuação. Todavia, algumas profissões, devido à evolução tecnológica, deixaram de existir, surgindo outras que atendessem a uma realidade diversa. Desse modo, foi necessária a criação de novas normas para esses profissionais. É possível citar como exemplo os profissionais da área de informática, que, assim como tantos outros profissionais, têm no seu código de ética a base para o exercício de sua profissão. É importante salientar que o fiel cumprimento das normas estabelecidas em todo código de ética não é suficiente para fazer com que o profissional atinja o sucesso, Aguiar (2009a) destaca que é a competência para o exercício profissional que fundamenta o alcance da ética. Em outras palavras: [...] ser competente é saber fazer bem o dever. Ao dever articulam-se, além do saber, o querer e o poder. É fundamental um saber, o domínio dos conteúdos específicos das atividades profissionais, mas esse saber perde seu significado se não estiver ligado à vontade política (o sentido de vida em sociedade), a um querer que determina a intencionalidade do gesto para com o outro no espaço do trabalho (AGUIAR, 2009a, p. 44). Como seres sociais, todos os nossos valores foram construídos a partir dos ensinamentos recebidos ao longo da vida. Logo, a competência profissional, que, de acordo com o autor, é um valor ético profissional, foi ensinada durante toda a modernidade pelas gerações de profissionais anteriores à carreira que escolhermos. 114 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Unidade II 6.2.1 Um estudo sobre o código de ética profissional do contador Em termos gerais, Lisboa (2009, p. 62) define um código de ética como “um corpo de princípios que relaciona as principais práticas de comportamento permitidas e proibidas no exercício da profissão”, ou seja, são as normas ali contidas que darão o embasamento para o profissional exercer suas funções dentro do ambiente empresarial. Contudo, o não cumprimento dessas normas, além de comprometer o objetivo determinado pela organização empresarial, levará o profissional a responder civil e criminalmente, quando for o caso, pelas práticas não atendidas. Para Aguiar (2009a), a ética profissional está relacionada a um conjunto de normas que impulsionam o indivíduo à aquisição de hábitos e à formação do seu caráter de tal maneira que passe a agir em conformidade com o tipo de profissional que a sociedade construiu ao longo da história. Esse indivíduo é dotado de direitos e deveres que contribuam para uma vida profissional harmoniosa, respeitando tanto os profissionais da mesma classe quanto a sociedade a que servem. De acordo com as definições apontadas por Lisboa (2009) e Aguiar (2009a), podemos entender que o código de ética para o profissional de Contabilidade visa atender às exigências que a sociedade espera dele, uma vez que tal profissional é o responsável pela mensuração e avaliação do patrimônio empresarial, por meio de informações geradas pelas operações praticadas nessa mesma organização. Para tanto, como demonstra Aguiar (2009a), o código de ética profissional dos contabilistas especifica alguns dos tipos de trabalhos que podem ser exercidos pelo profissional de Contabilidade, como contador, perito, auditor ou árbitro. Embora cada atuação possua características próprias, um ponto é comum a elas: a geração de informação, um dos mais preciosos (se não for maior) bens da sociedade empresarial atual. É a informação que levará a tomada de decisões internas e externas às organizações empresariais, como o momento mais adequado para lançamento de um produto, aquisição de novos equipamentos, junção de empresas, enfim, são as informações que movimentam os negócios empresariais e consequentemente a economia local e mundial. É a partir desse parágrafo – a informação gerada pela área contábil, e sendo o profissional de Contabilidade seu maior representante – que vamos ao encontro do objeto do presente material: a informação é formada com base nas operações simplesmente geradas pelas organizações ou é construída a partir de operações programadas pela entidade empresarial que toma como fim a essência do capitalismo, ou seja, a criação e acumulação de riqueza? Então, o profissional de Contabilidade, a partir do código de ética, contribuirá com a perpetuação do sistema capitalista? As respostas para essas perguntas são amplas e complexas. Neste livro-texto, nós as buscamos na razão instrumental, ou seja, uma razão elaborada a partir de um fim específico, que leva o homem a comportamentos predeterminados, por meio de regras e sanções, tirando, portanto, seu maior bem, a liberdade de pensar e agir. 115 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL O conceito de razão instrumental apresentado por Horkheimer (1973, prefácio da 2ª edição) fundamentou-se na razão crítica defendida por Kant, conforme aponta Pascal (1992, p.156). Enquanto a razão crítica mostra a autonomia do homem, o pensamento e o agir livre, a razão instrumental conduz o homem a fins específicos, ou seja, determina o que ele deve pensar e consequentemente o seu agir, automatizando, assim, tanto o homem quanto a sociedade. Sendo a razão considerada um instrumento, conforme aponta Horkheimer, seu pensar e agir é dirigido por quem e para quem? O autor aponta a modernidade como responsável pela mudança no homem, ou seja, o homem deixa de ser o fim para torna-se o meio de alcançar objetivos que não mais lhe pertencem. É o sistema capitalista que deve prevalecer e o homem passa a ser esse meio, o instrumento de alcance. É a formação e a acumulação de riqueza que deve sobrepor-se ao homem, abrindo mão de seu bem-estar, de sua liberdade, como defende Kant na razão crítica. Cita-se: Tendo cedido em sua autonomia, razão tornou-se um instrumento. No aspecto formalista da razão subjetiva, sublinhada pelo positivismo enfatiza-se a sua não referência a um conteúdo objetivo; em seu aspecto instrumental, sublinhado pelo pragmatismo, enfatiza-se a sua submissão a conteúdos heterônomos. A razão tornou-se algo inteiramente aproveitado no processo social. Seu valor operacional, seu papel de domínio dos homens e da natureza tornou-se o único critério para avaliá-la (HORKHEIMER, 1973). Habermas também buscou em Horkheimer a formação de sua teoria sobre a modernidade, porém, diferente de Weber, encontrou uma saída, ao discutir a ação racional. Para Habermas, é a ação comunicativa que elevará o homem ao retorno daliberdade proposta pelo Iluminismo. Cita-se: A ação comunicativa que se efetiva na linguagem é uma forma privilegiada de relacionamento entre os sujeitos: permite a articulação de valores, elaboração de normas e o questionamento dos mesmos. Essa é a diferença entre o agir comunicativo e o agir estratégico, enquanto no primeiro há a busca do reconhecimento intersubjetivo das pretensões de validade, no segundo, um indivíduo age sobre o outro para atingir os fins que ele a priori definiu como necessários. Numa sociedade emancipatória, predominam as ações comunicativas. O processo de emancipação implica, então, um processo de racionalização, de evolução simbólica, de diferenciação do mundo de vida, de aperfeiçoamento da comunicação entre os sujeitos. O mundo emancipado é aquele onde o mundo vivido tem supremacia sobre o mundo do sistema. O que significa resolução dos conflitos humanos 116 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Unidade II com base em discussões racionais, e evolução material equilibrada com as exigências do meio ambiente (HABERMAS, 1988). Saiba mais Sobre o nascimento do capitalismo, sugere-se a leitura da seguinte obra: WEBER, M. Ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Enio Matheus Guazzelli & Cia., 1967. A seguir, iremos estudar o “Código de Ética Profissional do Contador”, que é uma aplicação dos conceitos de ética estudados até então ao universo da profissão contábil: Em relaçao ao Código de Ética Profissional do Contador de acordo com as Resoluções do Conselho Federal de Contabilidade – CFC, temos: Resolução CFC nº 803/96, de 10 de outubro de 1996, com as alterações da: Resolução CFC nº 819/97, de 20 de novembro de 1997, da Resolução CFC nº 942/02, de 30 de agosto de 2002, da Resolução CFC nº 950/02, de 29 de novembro de 2002, e da Resolução CFC nº 1.307/10, de 09 de dezembro de 2010, e incluindo a Resolução CFC nº 972/03, de 27 de junho de 2003, e Resolução CFC nº 987/03, de 11 de dezembro de 2003. sua formação contempla cinco Capítulos, distribuídos em quinze Artigos que direcionam o pensar e o agir do profissional de Contabilidade, quando do exercício profissional: Capítulo I – Do Objetivo Art. 1º. Este Código de Ética Profissional tem por objetivo fixar a forma pela qual se devem conduzir os Profissionais da Contabilidade, quando no exercício profissional e nos assuntos relacionados à profissão e à classe. Capítulo II – Dos Deveres e das Proibições Art. 2º. São deveres da Contabilidade: Os deveres estão dstribuídos em doze itens. Art. 3º. No desempenho de sua funções, é vedado ao profissional de Contabilidade: As proibições estão relacionadas em vinte e cinco itens. Art. 4º. O Profissional da Contabilidade poderá publicar relatório, parecer ou trabalho técnico-profissional, assinado e sob sua responsabilidade. 117 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL Art. 5º. O Contador, quando perito, assistente técnico, auditor ou árbitro, deverá: Para este artigo outros nove itens são relacionados. Capítulo III – Do Valor dos Serviços Profissionais Art. 6º. O Profissional da Contabilidade deve fixar previamente o valor dos serviços, por contrato escrito, considerados os elementos seguintes: O valor dos serviços profissionais está distribuído em seis itens. Art. 7º. O Profissional da Contabilidade poderá transferir o contrato de serviços a seu cargo a outro profissional, com a anuência do cliente, sempre por escrito, de acordo com as normas expedidas pelo Conselho Federal de Contabilidade. Tem-se aqui, Parágrafo único. Art. 8º. É vedado ao Profissional da Contabilidade oferecer ou disputar serviços profissionais mediante aviltamento de honorários ou em concorrência desleal. Capítulo IV – Dos Deveres com Relação aos Colegas e a Classe Art. 9º. A conduta do Profissional da Contabilidade com relação aos colegas deve ser pautada nos princípios de consideração, respeito, apreço e solidariedade, em consonância com os postulados de harmonia da classe. Segue-se aqui, Parágrafo único. Art. 10. O Profissional da Contabilidade deve, em relação aos colegas, observar as seguintes normas de conduta: Para este artigo outros quatro itens são relacionados. Art. 11. O Profissional da Contabilidade deve, com relação à classe, observar as seguintes normas de conduta: Mais oito itens são contemplados neste artigo. Capítulo V – Das Penalidades Art. 12. A transgressão de preceito deste Código constitui infração ética, sancionada, segundo a gravidade, com a aplicação de uma das seguintes penalidades: Para este artigo outros três itens são relacionados, mais Parágrafo 1º e outros três itens e para completar este artigo há também o Parágrafo 2º e mais dois itens. 118 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Unidade II Art. 13. O julgamento das questões relacionadas à transgressão de preceitos do Código de Ética incumbe, originariamente, aos Conselhos Regionais de Contabilidade, que funcionarão como Tribunais Regionais de Ética e Disciplina, facultado recurso dotado de efeito suspensivo, interposto no prazo de quinze dias, para o Conselho Federal de Contabilidade em sua condição de Tribunal Superior de Ética e Disciplina. Seguem-se ao artigo três Parágrafos. Art. 14. O Profissional da Contabilidade poderá requerer desagravo público ao Conselho Regional de Contabilidade, quando atingido, pública e injustamente, no exercício de sua profissão. (grifo dos Autores). Capítulo VI – Das Disposições Gerais Art. 15. Este Código de Ética Profissional se aplica aos Contadores e Técnicos em Contabilidade regidos pelo Decreto-Lei nº 9.295/46, alterado pela Lei nº 12.249/10.(6) Publicada no Diário Oficial da União de 20 de novembro de 1996. (1) Alterado pela Resolução CFC 819/97, de 20.11.97, publicada no DOU de 13.01.98. (2) Alterado pela Resolução CFC 942/02, de 30.08.02, publicada no DOU de 04.09.02. (3) Alterado pela Resolução CFC 950/02, de 29.11.02, publicada no DOU de 16.12.02. (4) O artigo 14 deste Código foi regulamentado pela Resolução CFC 972/03. (5) Os artigos 6º e 7º deste Código foram regulamentados pela Resolução CFC 987/03. (6) Incluídos/Alterados pela Resolução CFC 1307/10, publicada no Diário Oficial da União de 14.12.2010, e republicada em 10 de janeiro de 2011. Observação Um contador mais experiente jamais deve se apresentar com ar superior frente a contadores iniciantes, ou mesmo colocar em uma propaganda que é “melhor” que um ou outro colega. Considerando-se que o Art.1º do Capítulo I – Do Objetivo , Este Código de Ética Profissional tem por objetivo fixar a forma pela qual se devem conduzir os Profissionais da Contabilidade, quando no exercício profissional e nos assuntos relacionados à profissão e à classe compreendemos que temos, no mínimo, três situações envolvidas: a)um objetivo predeterminado; b) um percurso predeterminado e c) um agente responsável em alcançar esse objetivo. 119 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL O objetivo predeterminado de toda organização empresarial é o lucro, é ele que garantirá a sobrevivência do sistema capitalista. E, assim, o caminho para alcançar o lucro deverá ser minuciosamente estudado; são as transações no dia a dia do meio empresarial que levarão ao seu propósito final (o lucro), portanto, elas devem ocorrer de maneira sistemática, racionalmente articuladas. Lembrete Conforme já estudamos, a preocupação social é importante para as empresas, mas o lucro também é. Logo, temos um grande desafio: é possível ser ético socialmente e ambientalmente e ainda assim ter lucro? Por fim, temos o agente responsável em alcançar os objetivos da organização empresarial, é o Contabilista, por sero único responsável em gerar as informações da mensuração e avaliação das operações ocorridas na empresa, permitirá a sobrevivência (ou não) do sistema capitalista. Sendo assim, a “condução” determinada pelo Código de Ética do Profissional de Contabilidade nos leva ao encontro da razão instrumental apontada por Horkheimer, uma razão dirigida a fins específicos, que tira a liberdade do pensar e do agir humanos, automatizando não só o homem, mas toda a sociedade. Por fim, entendemos que o papel da Ciência é suprir as necessidades humanas em todas as circunstâncias e, no momento em que elas mudam, a Ciência também precisa mudar. E é, portanto, nesse contexto que se encontra o profissional de Contabilidade. Especificamente, o Código de Ética do Contador é fruto de uma razão instrumental, conceito apresentado por Horkheimer, ou seja, uma razão elaborada a partir de um fim específico, levando o homem a comportamentos predeterminados, por meio de regras e sanções. Saiba mais O Conselho Regional do Estado de São Paulo disponibiliza em seu site o Código de Ética do Contador Comentado. Leia: CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO ESTADO DE SÃO PAULO. Código de Ética Profissional do Contador. São Paulo: CRC SP, 2011. Disponível em: <http://www.crcsp.org.br/portal_novo/hotsite/crcsp_jovem/home/pdf/ codigo_de_etica.pdf>. Acesso em: 5 set. 2013. A seguir, convidamos você a realizar um exercício sobre ética com comentários dos autores deste livro-texto: 120 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Unidade II O diálogo entre o presidente da subsidiária brasileira e o contador Naquela semana o mercado estava turbulento porque o Brasil estava mergulhado na expectativa das eleições presidenciais e havia fortes indefinições. Cada pesquisa que era divulgada pelos órgãos de imprensa vinha com uma posição diferente. Apesar disso, começava a surgir uma tendência de que um candidato que não era bem visto pelo mercado por suas posições polêmicas quanto ao papel do estado da economia iria ganhar. A cada dia esse candidato conquistava mais votos. Para piorar as coisas, a União Europeia e os Estados Unidos estavam prestes a realizar uma intervenção militar no Oriente Médio caso as negociações diplomáticas falhassem. Países importantes como Egito, Síria, Israel, Líbano, Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes Unidos estavam vivendo um dos momentos mais tensos nos últimos anos. Na televisão, os jornalistas comparavam a situação com a crise dos mísseis de 1962 em Cuba, quando o mundo quase viu o início de um conflito militar. Alheio a isso tudo, João Augusto calmamente tomava o seu café da manhã. Ele também estava preocupado, mas os motivos eram outros... João Augusto era separado e a cada duas semanas tinha em seu apartamento a companhia de sua filha de 10 anos, a Bela Karina, uma menina que adorava ir para a escola e fazer teatro. Talvez essa menina seja uma atriz no futuro, ou uma jornalista. João Augusto pensou bem e sussurrou para si mesmo: — Minha filha jornalista? Não, de jeito nenhum! Não quero que ela passe uma noite numa calçada fria para conseguir umas poucas palavras de um funcionário qualquer do governo, que nem esse pessoal aí. Mas atriz... bem, hoje eu vou ligar para uma escola de teatro, acho que ela vai gostar de fazer um curso... João Augusto trancou a porta do apartamento e desceu de elevador. Em pouco tempo já estava no escritório, em um prédio de vidro cor lilás com a assinatura de uma arquiteta muito importante. Adorava trabalhar naquele prédio. Mas, será que ele continuaria tendo a oportunidade de visitar todos os dias aquele lugar em que se sentia tão bem? Ao chegar em sua sala, perguntou desconfiado para a sua assistente, a Angélica: João Augusto — Bom dia Angélica, já viu a CRVEND. Nem te dei bom dia direito, mas... 121 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL Angélica — Entendo. Mas alegre-se “seu” Augusto, o senhor vai acabar tendo um AVC assim! (Brincando, em tom de ironia, porque o João Augusto era de fato hipertenso leve, mas fazia um sério tratamento). — Estou até confirmando aqui na CRVEND mas... tchan tchan tchan tchan ATINGIMOS A META! (Olhando fixo para a CRVEND, a tela do sistema de gestão da empresa que apontava o volume de vendas e soltando um grito, como se fosse um gol!). Todo mundo na sala — EEEEEEEEEEEEEEEEBA! (Todo mundo gritando aliviado!). João Augusto — Não Brinca Angélica! Conseguimos atingir a meta? (Desconfiado, tentando agir racionalmente, mas muito contente e aliviado.) Angélica — Sim, não é brincadeira não. Se bem que tem “marmelada” aqui, este vendedor jogou um pedido com o triplo da quantidade que o cliente costuma pedir. Certamente vai ter devolução. Mas... atingimos... não dá para negar. (Falando com uma voz embargada, como quem prevê problemas com a auditoria, o que estava vendo não era uma verdade, certamente houve manipulação). João Augusto — Que bom! Então, gente, vamos continuar nos vendo! Uns não vão gostar, mas, teremos nossos empregos firmes. Agora, vamos trabalhar, antes que coloquem uma meta inatingível também para nós aqui na Contabilidade! 122 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Unidade II (Em tom de ironia, uma vez que sabia que a ameaça da matriz, na França não era séria). Angélica — É a Maria José, lá no aquário! Quer que você suba agora! (Falando da secretária do presidente, no último andar, que na empresa era carinhosamente chamado de “aquário”). João Augusto — Tô subindo! No caminho para a sala da presidência, João Augusto se encontra com o Sr. Talhes, o Diretor de Vendas, um homem de idade avançada, que tinha dificuldades de respirar e que sem querer deu um banho de água gelada no pobre contador: Talhes — Eh, Eh, que felicidade é essa? Não está sabendo? (Falando com mais dificuldade do que costumava falar, porque estava muito triste). João Augusto — Claro que estou sabendo Talhes, atingimos a meta! Alegre-se homem! Talhes — Contadores! Sempre os últimos a saber. Deveria ser ao contrário! João Augusto — Do que está falando Talhes? (Visivelmente consternado). A porta do elevador abriu-se e estavam na antessala alguns diretores que João Augusto já não via há muito tempo. Cumprimentou a todos, mas não conseguia ver felicidade. O clima era de velório. A secretária, Dona Maria José veio ao seu encontro e, com um sorriso no rosto, (como se João Augusto fosse a última solução) convocou-o para entrar na sala do Sr. Pierre. 123 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL Maria José — O Sr. Pierre quer conversar sozinho com o senhor, antes de fazer a reunião com os diretores. Fique aqui um pouquinho, tudo bem? Ao entrar na sala vazia do Sr. Pierre, que de tão grande ocupava quase todo o andar, sentou-se na gigantesca mesa de reuniões. Havia alguns apetitosos lanchinhos, mas como essas coisas têm muito sal estava proibido de comer aquelas delícias. Então, para se distrair, ficou olhando demoradamente para a foto das fábricas de Cuiabá e Catalão, em um lindo pôster na parede, próximo ao telão. De repente, leva um susto com um tapão nas costas. Pierre — Que bom vê-lo aqui João Augusto! (Em um sotaque francês característico). — Gostaria de conversar com você mais, só que tenho que falar pros diretores e daqui pouco vai ter um helicóptero lá no heliponto, ainda hoje eu vou pra Parris. Por isso, vou ser rapidinho. João Augusto — Conseguimos atingir a meta, Pierre! (Tentando alegrar um pouco o ambiente). Pierre — Sim, estou a saberr. A matriz está muito contende com a nóis. Só que problema agorra mudou. Meu colega, o Jesus Calderron de Chile, prometeu pra matrizque pode pegar nosso trabalho daqui, que ele faz melhor e mais barrato lá. E ele não tá mentindo. Ele tem condições reais de fazer isso. Só não o fez isso antes porque o Chile está longe de tudo. Mas se não mantivermos nossas vendas altas eu perco o argumento. (Falando e seu amigo e rival, o presidente da subsidiária do Chile). Alguns momentos em silêncio e Pierre faz um gesto característico, de quem está determinado a lutar com todas as forças para manter a sua liderança. Pierre — Preciso de você José Augusto. 124 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Unidade II — Sei que naum gosta de fazer isso, mas o emprego de dois mil funcionários está em jogo. Me altera os valores de vendas brutas no sistema em mais 40% nos próximos dois meses? Só dois meses? Depois a gente compensa isso de algum jeito. E se der problema com a auditoria eu assumo. — O que me diz? Exemplo de aplicação Analisando essa situação: - De acordo com o Pronunciamento Conceitual Básico, do CPC, qual deve ser a atitude do Contador João Augusto ao enfrentar uma situação desse tipo? - Quais as implicações éticas? - O que você responderia ao Sr. Pierre? - O que poderia ter sido feito antes, para evitar essa situação e esse diálogo entre o Sr. Pierre e o José Augusto? Resolução do exercício: O Sr. Pierre, presidente da subsidiária francesa de uma multinacional procura o José Augusto, contador dessa subsidiária, e propõe que seja realizada uma fraude para justificar alguma ação, criar um argumento ou ajudar a reverter uma decisão de finalizar as atividades dessa subsidiária no Brasil. O Sr. Pierre faz isso visivelmente em uma situação de desvantagem. Está enfrentando uma concorrência ou, como os americanos chamam, “fogo amigo”, em que um de seus colegas, o presidente de outra subsidiária no exterior deseja, talvez por ambição ou vontade de servir, assumir as operações da subsidiária brasileira. No entanto, essa é uma situação na qual vemos que ninguém tem razão (no sentido de ter uma prevalência na decisão), todos estão buscando por sua felicidade. Certamente, Pierre quer manter o seu cargo. O Sr. Jesus Calderron, no Chile, também. O José Augusto gosta de trabalhar nessa empresa e quer continuar. Pierre, sentindo a enorme responsabilidade de manter os empregos de duas mil pessoas, pensou naquele momento em realizar uma fraude. Provavelmente, em sua concepção, se mentisse e apresentasse bons números, poderia reverter uma decisão ou fazer com que os executivos pensassem de outra forma e talvez abandonassem a ideia sugerida pelo Sr. Jesus Calderron. Apesar de todos trabalharem na mesma empresa, criou-se um ambiente nocivo e indesejável de competição. 125 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL Nesse sentido, o que está ocorrendo aqui é o que Aguiar (2009a, p. 15) afirma quando defende que é o bem comum que traz a felicidade para o homem: “Assim, o homem virtuoso é aquele capaz de deliberar e escolher o que é mais adequado para si e para os outros, movido por uma sabedoria prática em busca do equilíbrio entre o excesso e a escassez”. Como o presidente Pierre pediu a colaboração do José Augusto, em vez de ter comunicado uma determinação ou ter dado uma ordem, pediu-lhe ao mesmo tempo uma sugestão. Para resolver o problema, Pierre pensou em fazer a fraude, mas será que é apenas isso que ele poderia fazer? Como José Augusto é o contador da empresa, talvez tenha condições de oferecer outra solução ou de ter um conselho que leve a essa outra solução. Assim, de acordo com o comportamento ético que se espera do José Augusto, de acordo com o Código de Ética do Contabilista, dos princípios de Contabilidade geralmente aceitos e também do Pronunciamento Conceitual Básico, ele deve manter-se completamente neutro. Não deve ajudar o presidente Pierre em seu propósito de fraudar os números. Todavia, com um sentimento de promover o bem comum, José Augusto deve buscar entender melhor a situação, as expectativas dos executivos na França e também do presidente da subsidiária do Chile e oferecer um caminho. Talvez, por exemplo, a subsidiária brasileira tenha uma ótima potencialidade, ou uma oportunidade de sinergia com a própria subsidiária chilena. Certamente os executivos da matriz na França também estão trabalhando para um bem comum. Com humildade, José Augusto (ou seja, o contador) deve de forma neutra oferecer as informações que estiverem ao seu alcance e todas as condições que são importantes para que uma decisão seja tomada e aguardar pela decisão, mesmo que ela não seja favorável. Os contadores não podem resolver todos os problemas e, se a solução encontrada for o fechamento da subsidiária, que seja feito. Se houver outras possibilidades de que a subsidiária se mantenha, que seja feito. De qualquer forma, bem antes de surgir essa situação (e talvez outras de igual ou maior complexidade), o contador José Augusto deveria manter uma Contabilidade o mais adequadamente possível, para que suas informações façam diferença no exato momento em que se façam necessárias! 7 A CIÊNCIA ATUARIAL 7.1 O gerenciamento de riscos e a relação do contador com as ciências atuariais Outro tópico importante para o “novo contador” é a área de seguros ou, mais especificamente, as ciências atuariais. Mas, por que se faz necessário conhecer ciências atuariais? 126 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Unidade II Já comentamos que atualmente o contador é um profissional que “não pode ficar isolado em sua sala”, precisa interagir com demais profissionais, em uma atitude interdisciplinar. É correto também dizer que frequentemente os contadores são envolvidos em aspectos duvidosos de uma empresa, sobre os quais precisa dar uma opinião, realizar uma “provisão”. Ou seja, saber viver com as incertezas, os riscos inerentes a um negócio. É certo que todos os negócios estão expostos a riscos. É o que nos diz Assaf Neto (2010, p. 193): A ideia de risco, de forma mais específica, está diretamente associada às probabilidades de ocorrência de determinados resultados em relação a um valor médio esperado. É um conceito voltado para o futuro, revelando uma possibilidade de perda. Entende-se que, quando identificados, os riscos podem (e devem) ser gerenciados, permitindo que a empresa tenha uma ação planejada caso eles ocorram. Esse trabalho de identificação de riscos permite também ao contador que prepare provisões (se for o caso), atendendo aos princípios de Contabilidade geralmente aceitos e sob um nível de conservadorismo condicional adequado à situação. Observação O conservadorismo condicional é um comportamento no qual o contador deve ter uma postura frente às incertezas. Os princípios de Contabilidade dizem que, se houver possibilidade de algo negativo para a empresa ocorrer, deve-se considerar a pior situação possível. Mas, se o contador tiver conhecimento do comportamento da empresa e do setor, pode responsavelmente adequar o conservadorismo. Conforme estudamos anteriormente, a área ambiental, por exemplo, pode trazer vários riscos às empresas. Uma empresa que lida com petróleo ou combustíveis pode vir a ter um vazamento. As operações de uma empresa poderão colocar em risco a vida de animais silvestres, entre outras possibilidades. Estudamos que, para essas situações, devemos realizar estimativas e contabilizar, registrar as provisões nos livros contábeis da empresa e não apenas gerenciar os riscos. Dentro do gerenciamento de riscos de uma empresa, ou de um projeto nessa empresa, utilizando aqui a definição de projeto do PMI – Project Management Institute, PMBOK (2004, p. 5): “um projeto é um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo”. Entende-se que os riscos devem ter um planode ação. Nesse plano de ação, o PMI indica três estratégias para se lidar com as ameaças ou riscos do projeto. São as seguintes: • Prevenir: tomar ações preventivas, a fim de minimizar a possibilidade de ocorrência de riscos. 127 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL • Transferir: é o ato de transferir o risco e suas consequências negativas para terceiros. • Mitigar: atos que visam reduzir o impacto das ocorrências dos riscos, levando-os para níveis que possam ser considerados aceitáveis. Como um exemplo de prevenção a riscos, tem-se o serviço de manutenção que, se for feito de forma regular, antes que uma falha ou defeito ocorra, irá proporcionar o perfeito funcionamento. Como exemplo de transferir riscos, temos os seguros, em que os riscos são transferidos a outra empresa, normalmente seguradoras, que se responsabilizarão caso algo ocorra realmente. Lembrete Uma provisão contábil não necessariamente precisa ocorrer de fato. E o prejuízo, se for o caso, poderá estar coberto por um seguro. Mesmo assim, não se deve deixar de lançar a provisão, caso haja um seguro, o que pode ser feito é informar o usuário da informação contábil dessa situação nas notas explicativas. Se caso um serviço regular, já contratado, não atender a uma demanda ou enfrentar dificuldades e/ou falhas, há a possibilidade de contratar outro para entrar em ação. Esse é um exemplo de mitigação de riscos. Observe que, na atividade de transferência de riscos, surgem os seguros atuando como parceiros das empresas. Esse será o objeto do nosso estudo. Além dos seguros, é cada vez maior a preocupação das pessoas e das empresas em proporcionar a seus funcionários a possibilidade de acesso a uma previdência privada. Dentro dos departamentos de recursos humanos das empresas, é cada vez maior a demanda por previdência privada. Dessa forma, é importante ao contador conhecer noções de ciência atuarial para entender melhor esses aspectos da vida empresarial e poder interagir com profissionais dessa área. Conhecer os métodos usados na Ciência Atuarial pode ajudar o contador a lidar com valorações, riscos e incertezas. 7.2 As ciências atuariais, o atuário e aspectos históricos Segundo o IBA - Instituto Brasileiro de Atuária (2013): Atuário é o profissional preparado para mensurar e administrar riscos, uma vez que a profissão exige conhecimentos em teorias e aplicações matemáticas, estatística, economia, probabilidade e finanças, transformando-o em um verdadeiro arquiteto financeiro e matemático social capaz de analisar concomitantemente as mudanças financeiras e sociais no mundo. 128 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Unidade II Observe que por essa definição o atuário é um profissional que também precisa de interação com a área contábil e de finanças, estando dentro das chamadas “ciências sociais aplicadas”. Também segundo o IBA (2013), a história e a evolução da ciência atuarial ocorreu ao longo do tempo da seguinte forma: Nos primórdios da civilização já se podia observar a ideia de uma garantia mútua, coletiva e social de indivíduos. Nos anos de 4500 a.C. o papiro “Les Tailleurs de Pierre de la Basse – Egipte” registrou uma “caixa” com o objetivo de socorrer vítimas de certos infortúnios, como entre os operários que construíram o primeiro grande templo dos judeus em Jerusalém na Idade Média e, ainda, o monopólio da caridade assumido pela Igreja com os soldados pós-guerra. No período de 753 a 510 a.C., ou seja, no Império Romano, já se notava a preocupação em registrar os nascimentos e as mortes ocorridos entre os habitantes de algumas regiões, e foi Domitius Ulpiames, prefeito de Roma, que deu os primeiros passos para o desenvolvimento do “seguro de vida”, pois, considerado o maior economista de sua época, interessou-se pelo assunto e estudou documentos sobre “nascimentos” e “mortes”, sendo que suas observações concorreram para o progresso da atuária, daí o título de “o primeiro atuário da História”. No século XVII, na Inglaterra e Holanda, instituições mercantis se comprometiam, mediante recebimento de uma quantia única, em dinheiro, a pagar a determinadas pessoas, pensões vitalícias, em cumprimento das disposições testamentárias ou de natureza semelhante, das quais desejavam se livrar os constantes devedores. As quantias únicas, consideradas equivalentes aos compromissos assumidos pela instituição mercantil, eram determinadas por meio empírico, sem nenhum fundamento científico, insuficientes à responsabilidade a que se destinavam, pois a operação não raramente resultava na bancarrota do respectivo “segurador”, com prejuízos irrecuperáveis para os beneficiários das pensões contratadas, na maioria por viúvas e órfãos. Ao mesmo tempo, os próprios governos realizaram operações dessa espécie, onde empenhavam-se em vender aos seus súditos títulos públicos que asseguravam ao tomador a percepção de uma renda vitalícia. Logo, a correta determinação da importância em dinheiro a ser cobrada em contraprestação dessa obrigação a prazo incerto, naturalmente lhes interessava de perto, e acabaram encarregando seus melhores matemáticos de estudar o problema e encontrara a solução. A base matemática necessária havia sido estabelecida no mesmo século por Pascal e Fermat, na França, idealizadores do cálculo da probabilidade. De Witt, na Holanda, Graunt e Halley, na Inglaterra, estudaram o problema levando em conta as leis da probabilidade e a longevidade humana, deduzida esta dos registros de nascimentos e óbitos. Havendo De Witt recomendado uma elevação substancial no preço de venda dos referidos títulos públicos, o que não agradou ao governo da Holanda – este suprimiu seu 129 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL relatório durante dois séculos. Por outro lado, o relatório completo de Halley, matemático e astrônomo, descobridor do cometa que leva seu nome, publicado em 1693, recebeu ampla publicidade e tornou-se a pedra angular da nova ciência, posteriormente chamada de “matemática atuarial”. A partir de então, a matemática atuarial se desenvolveu, principalmente à medida que matemáticos, economistas e filósofos se interessaram pelo assunto. Entre 1700 e 1900, tivemos a construção de várias tábuas de mortalidade, como também o desenvolvimento das comutações, ferramenta fundamental utilizada no cálculo atuarial. Foi ainda nesse período que as empresas seguradoras passaram a oferecer programas de seguro de vida e que também aconteceu o 1º Congresso Internacional de Atuária em Bruxelas – 1895 Fonte: IBA (2013). Vemos por esse histórico que o cálculo atuarial permeia um aspecto importante da vida das pessoas, a minimização dos seus riscos e a sua aposentadoria ou “pensão”. Normalmente, quando somos mais jovens e temos muitas opções, não costumamos prestar atenção ou sequer pensar em uma aposentadoria. O que temos é o medo de perder um bem por conta de um sinistro (acidente). Assim, temos a tendência de comprar prêmios de seguros ou administrar os riscos pessoais sem ter despesas. No entanto, ao longo do tempo e à medida que a idade avança, maior fica o temor das pessoas em não ter dinheiro para usar nos últimos (e belos, como muitos confirmam) anos da vida. É nesse aspecto sensível da vida das pessoas em que trabalha o atuário. Por outro lado, nas empresas onde as decisões costumam ser mais racionais, o atuário é um grande parceiro, calculando um valor de seguros justo e adequado ao risco que se apresenta nas atividades de rotina. Um bom relacionamento com o atuário significa prover de informações adequadas. Assim, a colaboração plena entre o contador e o atuário tende a gerar bons resultados para ambas as partes, a empresa seguradora e também a empresa tomadora dosseguros. Mais do que isso, os contadores podem também encontrar eventuais necessidades que para o atuário seria impossível de detectar. Conforme comentamos anteriormente, o contador conhece a empresa em profundidade ou, em outras palavras, ele próprio atua pela empresa, o que o faz conhecer detalhes únicos. Lembrete Já estudamos que o contador, por exemplo, imagina a conta caixa como uma “pessoa”, que toma débitos e créditos, o que o impele a conhecer ou poder pesquisar em profundidade as atividades de uma empresa. É claro que os atuários podem detectar a mesma necessidade em várias empresas e produzir serviços atuários simplificados (e é o que geralmente fazem), mas também é possível produzir serviços 130 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Unidade II personalizados, com soluções adequadas ao cliente em específico, o que muitas vezes não é possível porque falta o contato com o contador, ou mesmo o preparo desse contador para com a questão atuária. 7.3 Esperança Matemática – a diferença entre seguros e jogos Neste título, começaremos a entender ciências atuariais segundo o conceito de “Esperança Matemática”, que realiza uma interessante e salutar comparação entre os jogos e o seguro. Conforme o que estudamos anteriormente, o atuário (e empresas de seguros) lidam com aspectos muito sensíveis da vida humana. Exemplo de aplicação Imagine-se com 78 anos e alguém lhe diz que, devido a “problemas técnicos” ou “porque falta determinada coisa”, cancela-se o rendimento que você estaria esperando! O que você faria? Assim, Cordeiro Filho (2009, p. 36) comenta que: “A esperança é o fenômeno possível de acontecer. A esperança matemática é o fenômeno tecnicamente possível de acontecer tecnicamente calculado.” O autor então questiona: qual seria a diferença entre um jogo e um seguro? A resposta a essa pergunta está na esperança que a pessoa tem ao realizar essas duas atividades: Em um jogo, que deve ser honesto (equilibrado), as chances devem ser iguais para ganhador ou perdedor. Todos devem ter a esperança de ganhar. Como assevera Cordeiro Filho (2009, p. 36), “num jogo, temos a esperança de algum ganho ao apostar. Ninguém aposta num jogo com a esperança de perder”. Em um seguro, não se deve multiplicar pela probabilidade do ganho. O autor (CORDEIRO FILHO, 2009, p. 36) nos diz que no seguro “temos a esperança de não perder ou equilibrar. O seguro deve ser justo no preço em relação ao esperado. O ganho esperado deve ser justo para equilibrar o acontecimento decorrente do fenômeno tecnicamente calculado”. Assim, Cordeiro Filho (2009) nos esclarece que ambos, jogo e seguro, “tecnicamente” são muito semelhantes. Em um jogo (normalmente, excetuando-se aqui eventuais doenças e patologias clínicas que podem influenciar na vontade e motivações de uma pessoa), o interesse do apostador é o de ganhar dinheiro, lucrar. Está mais associado aos sentimentos saudáveis de ambição ou prosperidade, ou mesmo de ganância, o gosto pelo prazer de ter dinheiro. Já no seguro, o interesse do cliente é o de, caso ocorra um acidente, um sinistro, que haja um ganho esperado, que deve ser justo para equilibrar o acontecimento decorrente do fenômeno tecnicamente calculado. Os seguros estão ligados ao sentimento de precaução, prevenção. Ou seja, se algo ocorrer, haverá uma reparação em dinheiro que será suficiente para que as consequências negativas de um fato venham a ser minimizadas e equilibrar o patrimônio. 131 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL Observação Como “jogo”, cite-se aqui os sorteios, loterias promoções concursos, vale-brinde, que no Brasil são gerenciados pela Caixa Econômica Federal. Essa mesma concepção pode ser aplicada aos cassinos, comuns em outros países, mas proibidos por lei no Brasil. Como os objetivos do jogo e do seguro são diferentes, as equações matemáticas utilizadas no seguro acompanham esse raciocínio. Cordeiro Filho (2009, p. 36) nos diz que: [...] a esperança matemática será chamada de E, ganho possível ou esperado será Q. A possibilidade do evento ou fenômeno acontecer será chamada de P. A atualização financeira de ganho futuro, v. O tempo entre a aposta e o pagamento do seguro será t. Assim, temos a seguinte fórmula: E = Q. P. vt A seguir, temos um exemplo de aplicação dessa fórmula, conforme sugerido por Cordeiro Filho (2009, p. 37) Exemplo de aplicação Um clube resolve fazer sorteio de um automóvel no valor total de 30.000,00 unidades monetárias (u.m.), o qual será sorteado seis meses após a venda de todos os 3.000 bilhetes, ou seja, quando do recebimento total do recurso. A taxa de juros de aplicação no mercado por ocasião do recebimento total do recurso é de 1% ao mês. Pergunta-se: Qual será a esperança matemática desse sorteio? Dados: |----------------------------| P = 1 3 000. Q = 30.000 i = 1 % a. m. t = 6 E = ? Data <------- 6 meses ------- → sorteio Até a venda do último bilhete. E = Q . P. vt ; fazendo as substituições, obtemos: E x x= + 30 000 0 000333 1 1 0 016 . , ( , ) E = 10 x 0,942045, portanto a Esperança Matemática será E = 9,42. 132 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Unidade II Cada bilhete de sorteio custará, então, o valor de 9,42 u.m. É o preço matemático do “risco” e 3.000 bilhetes deverão ser vendidos. No caso de seguros, o risco é 30.000,00 u.m. e 3.000 pessoas irão se agrupar para pagar esse risco. Fonte: Cordeiro Filho (2009, p. 37). Se uma pessoa demonstrar esperança e decidir gastar um determinado valor nessa esperança, esse valor receberá o nome de “aposta” se for para um jogo. Mas, se essa esperança for para um seguro, recberá o nome de “prêmio”. De um ponto de vista matemático, algébrico, o preço a pagar-se pela “aposta” ou “seguro” é considerado “puro”, ou seja, representa apenas o preço justo a ser pago pela aposta ou seguro, de forma científica. É muito importante comentar, adicionalmente, que o jogo em alguns indivíduos pode representar uma doença. Esteja sempre atento a sua saúde física e mental e das pessoas que conhece. Saiba mais Se quiser conhecer um pouco mais sobre jogos e sorteios no Brasil, que são um estudo à parte, pois exigem aprofundamentos de estatística (probabilidade), visite o site da GENAB – Gerência Nacional de Bingos, vinculada à CEF: <www.genab.org>. 7.4 Definições e termos importantes nas ciências atuariais Segundo Cordeiro Filho (2009, p. 37-41), temos algumas definições importantes em atuária, que serão estudadas a seguir. 7.4.1 Seguro, risco e sinistro Cordeiro Filho (2009, p. 38) cita a definição de Hemard (apud VILA NOVA, 1969, p. 15) para seguros, a seguir: Seguro é uma operação pela qual uma das partes, o segurado, obtém a promessa de outra parte, o segurador, mediante pagamento de uma remuneração, o prêmio em seu favor ou no terceiro, no caso de verificar o risco, uma prestação com que o segurador, fazendo uso de um conjunto de riscos, indenizar-lhe-á de acordo com as leis estatísticas. 133 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL Ainda Cordeiro Filho (2009, p. 38) comenta que o risco é: [...] um acontecimento aleatório. Não sabemos quando ele se realizará, mas podemos prever possibilidades de ele se realizar no tempo. Se esse risco for passível de medição e é um acontecimento incerto e futuro que não depende da vontade de ninguém e não obedece a nenhuma lei da natureza, poderá então ser segurável. Dessa forma, o “sinistro” é a realização daquilo que se considerava um risco. 7.4.2 Prêmio comercial Afirma Cordeiro Filho (2009, p. 37) que o prêmio comercial é o prêmio puro (conforme estudado anteriormente) “acrescido das despesas de carregamento, quaisseriam: administração das despesas operacionais, comissões externas, comissões internas, cobrança, lucro dos acionistas, impostos e outras”. 7.4.3 Taxa estatística Segundo Cordeiro Filho (2009, p. 38), “Na prática, o risco é calculado em função de informações estatísticas obtidas pelo método retrospectivo e os prêmios são acrescidos de despesas de carregamento ou sobrecarga”. 7.4.4 Carregamento ou sobrecarga De acordo com Cordeiro Filho (2009, p. 38), “[...] aos acréscimos aos prêmios puros, chamamos de carregamento ou sobrecarga, que podem ser despesas de administração, operacionais, cobrança, comissões internas, externas e outras, que determinam, ao final, o valor comerical do preço do seguro. Para que se determine o preço ou o valor de um prêmio comercial, são necessários alguns passos precedentes de caráter técnico”. 7.4.5 Valor matemático de risco (VMR) Cordeiro Filho (2009, p. 39) explica o VMR da seguinte forma: Qual será a probabilidade de risco da exposição daqueles objetos num certo tempo. É a relação matemática: VMR= N mero de sinistros (NS) N mero de objetos expostos ao ú ú rrisco (NOER) = NS NOER Se, por hipótese, tivermos 400 sinistros em 10.000 objetos num certo tempo, o valor matemático de risco será : VMR= 400 10.000 = 0,04 Esse valor, se expresso sob a forma de percentual, representa que o risco obtido nesse caso é de 4% e terá o nome de taxa estatística. 134 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Unidade II 7.4.6 Custo médio por sinistro (CMS) A CMS é explicada por Cordeiro Filho (2009, p. 39) como: A relação matemática entre o prejuízo total (PT) e o número de sinistros efetivados (NS), e fica: CMS= Preju zo Total N mero de Sinistros Efetivados = PT NS í ú Se, por hipótese, cada sinistro acontecido, em média, no exemplo acima foi de 2.500,00 u.m., então o prejuízo será de 1.000.000,00 u.m. 7.4.7 Prêmio estatístico (PE) Cordeiro Filho (2009, p. 39-40) explica que, com todos esses conceitos, é possível calcular o prêmio estatístico PE da seguinte forma: Com esses dados em mãos poderemos então partir para o cálculo do prêmio estatístico que será o produto do valor matemático do risco pelo custo médio por sinistro. Esse valor representará a grandeza para que tal tipo de risco seja suportado. Vejamos seu cálculo: Prêmio Estatístico = (PE) = VMR x CMS = 0,04 x 2.500 = 100,00 u.m. O que representa esse valor? O entendimento é que será necessário cobrar 100,00 u.m. de cada participante do grupo de 10.000 objetos expostos aos riscos para cobrir as possibilidades de sinistros existentes no caso. O prêmio estatístico também é chamado de prêmio puro, pois considera em seus cálculos, conforme pudemos verificar, as variáveis estatísticas e não admite outras variáveis de carregamento, como corretagens, despesas de administração e operacionais da empresa, gestão, lucro dos acionistas, retorno do capital investido e outras, se houver. No caso que estamos analisando e exemplificando, qual seria o valor da importância segurada? Se o custo médio por sinistro foi de 2.500,00 u.m. e o prejuízo total foi de 1.000.000,00 u.m., sabemos que: Import ncia Segurada (IS) = 100 x 10.000 0,04 = â PE x NOER VMRR ou PE IS x VMR NOER = 135 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL 7.4.8 Cálculo do prêmio comercial (Pc) Conhecidos esses conceitos e uma vez com os dados em mãos, o atuário irá realizar o Cálculo do Prêmio Comercial (Pc). Cordeiro Filho (2009, p. 40-41) nos oferece então um exemplo completo desse cálculo: É o prêmio puro acrescido das despesas de carregamento, quais sejam: administração, despesas operacionais, comissões externas, comissões internas, cobrança, lucro dos acionistas, impostos e outras. Vejamos o procedimento para cálculo do prêmio comercial (Pc): A) Partindo do preço de custo ou prêmio puro Sabemos que PE = prêmio estatístico e também que Pc = PE + S. Digamos que S = PE x i Sendo i uma taxa (%) sobre o prêmio puro. Então, Pc = PE + PE . i - portanto, Pc = PE (1 + i ) B) Partindo do preço de venda e do prêmio puro Sabemos que Pc = PE + S, sendo S o carregamento. Mas S = Pc . i, sendo i uma taxa (%) sobre o prêmio comercial. Então, fica: Pc = PE + Pc . i - portanto, PE = Pc - Pc . i, que leva a PE = Pc (1 - i ), ou seja: P PE ic = −1 Exemplo numérico do cálculo do prêmio comercial partindo do prêmio estatístico: Como sabemos, existem duas possibilidades de cálculo. Uma sobre o custo puro e a outra sobre o preço de venda. A) Sobre o custo puro Despesas de Carregamento = 15% Despesas Operacionais 17% Despesas de Comissões Externas 4% Despesas de Comissões Internas (Gerentes) 2% Outros Custos Total 38% (ic = taxa de carregamento) Então, considerando-se uma taxa estatística de 3% ou um VMR (valor matemático de risco) de 0,03, o cálculo do prêmio comercial (Pc) para uma importância segurada de R$ 400.000,00 será feito como segue: Pc = Prêmio Comercial Pc = PE + PE x i PE = Prêmio Estatístico = 12.000 Pc = 12.000 + 12.000 x 0,38 Taxa de Carregamento = ic = 0,38 Pc = 12.000 + 4.560, portanto, Pc = R$ 16.560,00 136 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Unidade II B) Sobre o preço de venda Pc = Prêmio Comercial Fórmula: F rmula: Pc = PE 1-i = 12.000 1-0,38 PE = Prêmio Estatístico = 12.000 Taxa de Carregamento = ic = 0,38 Pc = R$ 19.354,84 Os valores de Pc (A) ou Pc (B) são à vista. Caso haja a possibilidade de fazer o parcelamento do prêmio, ele deverá ser considerado como “valor atual” ou “valor presente” de uma renda (postecipada ou antecipada), acrescida da remuneração financeira de mercado no prazo que a seguradora e segurado acordaram ou o máximo que a lei permitir à época. Se, por exemplo, o valor de Pc = R$ 19.354,84 for pago com uma parcela mensal no ato e mais nove seguintes iguais, o valor parcelado será de: Parcela = Valor Financiado: (äἃn]i) -1 (HP-12C - Begin) Parcela = P Valor Financiado = VF = 19.354,84 Prazo (n) = 10 Taxa de Juros do Financiamento = 2,5% ao mês, än]i - Valor Atual da Unidade de Capital (Renda Antecipada), que, efetuando os cálculos, fornece o valor do parcelamento do prêmio, que será de R$ 2.157,52. Fonte: Cordeiro Filho (2009). 7.5 Modelos clássicos de seguros: engenharia e aplicações de cálculo nos riscos e legislação Cordeiro Filho (2009, p. 75) afirma que há diversas definições de seguro, ou melhor, que é possível classificar os seguros de duas formas: • seguros de pessoas; • seguros por sobrevivência. Observação Estudaremos os seguros de pessoas e os seguros por sobrevivência mais adiante. 137 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL Para a legislação brasileira existem diversas definições de seguros. O Código Civil Brasileiro oferece esclarecimentos aos contratos de seguros. Como essa legislação é bem ampla, os autores da área de seguros costumam ater-se a alguns aspectos, sendo que Cordeiro Filho (2009, p. 75) destacou e considerou como mais importantes os seguros que envolvem riscos de pessoas, que por sua vez são classificados em diversos tipos como riscos de: • vida individual; • vida em grupo; • saúde; • educação; • invalidez; • acidentes pessoais. Cordeiro Filho (2009, p. 75-76) analisa alguns aspectos do Código Civil brasileiro quanto a seguros e em alguns casos traz o texto literal do Código Civil: Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato como em sua execução, os princípios de proibidade e boa-fé, quanto ao objeto do contrato, das circunstâncias e declarações efetuadas. Pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante o pagamento devalor pelo segurado, denominado de prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou acoisa, contra riscos predeterminados. É interesse legítimo quando ambas as partes não tem interesse de que o sinistro ocorra. Nos casos de seguros de pessoas, o valor segurado é livremente estipulado pelo proponente, que poderá contratar mais de um seguro sobre o mesmo interesse, com o mesmo ou vários seguradores. No seguro sobre a vida de outros, o proponente é obrigado a declarar, sob pena de falsidade, o seu interesse pela preservação da vida do segurado, principalmente nos casos de cônjuges, filhos ou ascendentes. No caso de um seguro efetuado por terceiros, o proponente é chamado de estipulante, ou seja, aquele que estipula para outrem condições de um seguro. Os seguros de vida têm tratamento matemático similar aos planos previdenciários. A Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), até pouco tempo atrás dava tratamento jurídico, em suas normativas, quase idêntico. 138 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Unidade II O evento que causa o risco previsto é denominado de sinistro. Os seguros de pessoas poderão ser de sobrevivência, morte, invalidez ou ainda mistos. Os prêmios poderão ser pagos de forma parcelada ou de uma só vez. Observação Estudamos anteriormente o conceito de prêmio e seu cálculo. Sobre o funcionamento de uma seguradora ou entidade de previdência complementar, Cordeiro Filho (2009, p. 76) comenta que o departamento atuarial é órgão que se responsabiliza pela engenharia dos cálculos e o profissional atuário, o qual denomina de “engenheiro de seguros e previdência”, é quem supervisionará as notas técnicas dos diversos planos (os serviços oferecidos), suas condições gerais e outros aspectos. As nota técnicas e as reservas, por sua vez, são elementos que têm o objetivo de planificar o equilíbrio financeiro das operações, garantindo, assim, saúde econômica para segurados e entidades de seguros e previdência. Cordeiro Filho (2009, p. 76-77) resume o funcionamento dos seguros e previdência da seguinte forma: Em resumo, os pilares dos seguros e previdência são dois: as probabilidades de danos e a taxa de juros. Os dois trabalham juntos. A taxa de juros também é conhecida como juros técnicos e é sempre fixa. Essa taxa de juros acompanhará o seguro durante toda sua vigência. Não se devem considerar flutuações dessa taxa. Em realidade, haverá uma teceira base que serão as despesas administrativas, comissões de angariação e outras que podem ser agregadas aos preços finais tarifados. Proba- bilidade de danos Taxa de juros Despesas administrativas Seguro e previdência Comissões de angariação Outras comissões que podem ser agregadas aos preços finais tarifados Figura 23 – Funcionamento e pilares dos seguros e previdência 139 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL Cordeiro Filho (2009, p. 77) explica que [...] o órgão que normatiza e fiscaliza as empresas de seguros e previdência é a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP). Nesses casos, as entidades são denominadas de seguradoras de previdência aberta. A legislação básica é a LC-109. E, no caso dos seguros de saúde, planos de saúde e convênios, a normatização, controle e fiscalização é da Agência Nacional de Saúde Complementar (ANS). Ainda de acordo com Cordeiro Filho (2009, p. 77), para os fundos de pensão, que “[...] têm tratamento jurídico diferente daquele dado às entidades de seguros e previdência, embora, sob a ótica atuarial, [deve haver] tratamento matemático assemelhado”. São regidos pela Secretaria de Previdência Complementar (SPC). Os fundos de pensão são chamados de entidades de previdência fechada. 7.6 Os pilares dos seguros e previdência: os juros Cordeiro Filho (2009, p. 77) explica que os estudos que envolvem os cálculos matemáticos dos seguros de vida são norteados pela taxa de juros. Esta, por sua vez, incidirá nos cálculos e nas probabilidades de sinistro conforme a idade do segurado. Observação Cordeiro Filho (2009, p. 76) alerta para não confundirmos os planos de saúde, convênios e outros similares que estão em outras classificações. Dessa forma, Cordeiro Filho (2009, p. 77) diz que, para a área de seguros e previdência, a taxa de juros é imprescindível, de alta importância porque se entende que deve sempre ser a mesma durante todo o tempo do seguro. Como há seguros de longa duração, esse aspecto é muito sensível, uma vez que a economia das nações está em constante modificação, ora apresenta momentos de prosperidade, ora momentos de depressão e crise. Mesmo assim, a taxa de juros deve sempre ser a mesma porque sua modificação, por conta de posteriormente descobrir-se que seria inadequada, pode levar a consequências desastrosas para ambas as partes. Então, como nos diz Cordeiro Filho (2009, p. 77), para bem lidar com essas incertezas ligadas à economia e ao comportamento humano, os atuários utilizam “tábuas de sobrevivência” com dados sobre demografia e idade que as pessoas estão vivendo. Normalmente, as empresas seguradoras trabalham com uma taxa média, pouco abaixo do mercado como margem de segurança, pois os seguros, por serem de longo prazo, deverão considerar as flutuações de taxas de juros existentes no país onde acontecem essas operações (CORDEIRO FILHO, 2009, p. 77). 140 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Unidade II Cordeiro Filho (2009, p. 77) comenta que lidar com esses aspectos traz complexidades aos cálculos atuariais porque [...] é obvio que, atualmente, existem milhares de pessoas com uma mesma idade que fazem parte da carteira de seguros de vida de uma entidade e, além disso, há experiências passadas por essas empresas durante muitos anos, o que fornece certa segurança a elas e consequentemente aos seus segurados. A essas complexidades some-se o fato de que outros aspectos atuariais afetam os cálculos puros baseados em bases técnicas que são as despesas operacionais, de corretagem, agenciamento ou angariação e, se for o caso, custos de publicidade. O autor (CORDEIRO FILHO, 2009 p. 77) comenta ainda que matematicamente, como um princípio ou tese, deve existir o conceito de que não se deseja lucro, ou seja, as obrigações futuras dos segurados deverão ser iguais às obrigações futuras da seguradora, pois o princípio básico – no caso do seguro – é cobrir perdas e não lucrar com sinistros. Lembrete Conforme estudamos no início deste livro-texto, as empresas não são consideradas apenas como meios de gerar renda e lucro, mas como prestadoras de serviço para a sociedade, com uma ação social. Assim, Cordeiro Filho (2009, p. 77) reforça esse pensamento ao dizer que [...] da mesma forma, se raciocinarmos financeiramente utilizando os conhecimentos da matermática financeira, [o] valor atual presente das obrigações dos segurados deverão ser iguais ao valor atual, ou valor presente das obrigações da entidade. 7.7 Os pilares dos seguros e previdência: probabilidades – demografia Cordeiro Filho (2009) comenta que seguros e previdência têm dois pilares, um deles são os juros, que estudamos anteriormente. E o outro são as probabilidades, que, por sua vez, desenvolveram a matemática atuarial. Precedendo a matemática atuarial, vemos os estudos de demografia (de demos = povo e graphê = descrição), que, segundo Cordeiro Filho (2009, p. 1-2), de acordo com o estatístico francês o Achille Guillard, é a “descrição da população”. Já para Whipple, demografia é o conjunto dos estudos de diversas ciências, conforme podemos ver a seguir: - Genealogia: ciência que estuda os movimetos dos ancestrais e sua documentação familiar (árvore genealógica). 141 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io- 0 9/ 09 /2 01 3 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL - Eugenia: ciência que estuda a hereditariedade sob o ponto de vista científico - Censo: coleta de informações e dados quanto a aspectos sociais, contagem e movimento das populações, quanto aos fatos vitais, tais como nascimentos, casamentos, separações, óbitos, doenças e morbilidades em geral. Tais fatos, registrados em cartórios de registro civil, fornecem os dados para quaisquer coletas do passado para que se possam fazer previsões ou manusear tais dados para o futuro. - Bioestatística: parte da estatística que reúne os fatos de registros vitais e os organiza e analisa sob a égide dos métodos estatísticos. - Biometria: parte da estatística de grande importância para a ciência atuarial no estudo de pessoas, a qual efetua grupamento e análise de dados sobre a “vida provável”, quantidade de existência”, “vida média”. - Antropometria: parte da estatística diretamente relacionda com a biometria que estuda as medições das populações sob o ponto de vista de crescimento, peso, estatura, envelhecimento. - Patometria: Parte da estatística que estuda as patologias do ser humano e suas morbilidades (WHIPPLE apud CORDEIRO FILHO, 2009, p. 1-2). Whipple (2009, p. 2) destaca também que: [...] todos os estudos e dados necessários para as ciências citadas devem ser coletados e desenvolvidos por órgãos governamentais (ministérios e secretarias), hospitais, registros públicos e empresas privadas com interesse direto no assunto, como, por exemplo, as seguradoras, agências do governo como DATASUS, Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), DATAPREV e muitos outros órgãos no caso brasileiro. Os atuários, a partir de estudos de demografia e estatística como movimento das populações, a hidrografia e as populações, conurbações (fuga das populações do campo, que poderão gerar urbanização integrada ou urbanização anômala), densidade demográfica, morbidade ou morbilidade, idade média de uma população, idade mediana, vida média ou esperança de vida ao nascer, vida médiana ou vida provável, envelhecimento de uma população, indice de envelhecimento e função da sobrevivência, formam as chamadas tábuas de mortalidade ou sobrevivência. 142 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Unidade II 7.8 Tábuas de mortalidade ou sobrevivência Cordeiro Filho (2009, p. 12) ensina que: As tábuas de mortalidade são instrumentos estatísticos destinados a medir as probabilidades de vida e de morte das pessoas, em cada idade. Trata-se de uma tabela onde são apresentadas: - as quantidades de falecimentos - a taxa de mortalidade específica - a probabilidade de falecimentos - a probabilidade de sobrevivência - a esperança de vida. O autor (CORDEIRO FILHO, 2009, p. 12) comenta que muitas empresas, governos e seguradoras voluntariamente montaram suas próprias tábuas de mortalidade. Por conta de vários interesses, desenvolveram-se ao longo do tempo diversas tábuas, em vários países, sobretudo na Alemanha, nos EUA e na Inglaterra. Essas tábuas, por sua vez, não eram consideradas adequadas para uso no Brasil, por estarem fora da realidade brasileria. Cordeiro Filho (2009, p. 12) mostra que “[...] até 1960/1970 se usava a tábua da experiência americana a juros de 4% ao ano. A tábua CSO-58 e a CSO-80 foram muito utilizadas e autorizadas pela legislação brasileira de seguros”. Os fundos de pensão costumavam utilizar tábuas que favoreciam os cálculos em prol do patrimônio dos segurados, pois entendiam que assim estariam fortalecendo o próprio fundo e os interesses de seus participantes. Observação Também na área atuarial vemos interesses que podem ser divergentes. As primeiras tábuas de mortalidade foram produzidas ainda antes do estudo atuarial ou mesmo da estatística, segundo Cordeiro Filho (2009, p. 15), por “John Graunt, Halley, além de outros, como Smart. Deparcieux, Duvillard, Wargentin, Price, Sussmilch, Farr, Finlaison, Quetelet, Kersseboon, Wittstein”. No Brasil, temos tábuas brasileiras do IBGE e a expectativa é que tábuas mais bem elaboradas sejam disponibilizadas em breve. Se, por hipótese, segundo Cordeiro Filho (2009, p. 15), [...] partimos de um grupo observável de 10.000 crianças nascidas, a cada ano, os sobreviventes serão função do tempo, ou seja, o gráfico dessa população é uma função contínua, depois de sua retificação e ajuste, cuja curva representa a sobrevivênica do grupo considerado. 143 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL É o que vemos na figura a seguir: 1,2 1 0,8 0,6 0,4 0,2 0 Pr ob ab ili da de s Idades 1 5 13 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61 65 69 73 77 81 85 89 93 9717 Figura 24 – Probabilidade de sobrevivência 7.8.1 Simbologia e notações Cordeiro Filho (2009, p. 16) expõe que em demografia e atuária é necessário definir simbologias ou notações que serão utilizadas. Seguem alguns símbolos e suas origens: • Idade – será sempre representada por x. Um indivíduo de idade x. • Número de sobreviventes – será representado por l, de live em inglês, que significa vidas, ou de living, que traduzindo é vivendo ou sobrevivendo. • Número de sobreviventes na idade x = l x´ • Número de falecimentos na idade x = d x (de dead – morto, em inglês). Cordeiro Filho (2009, p. 16-17) expõe que [...] essa simbologia tornou-se definitiva em demografia e atuária, por conta da influência das suas origens inglesas e americanas e que existem dezenas de símbolos. As letras minúsculas l, d, p e q representam sobrevivência ou falecimentos. A letra grega µ (mi) também tem significância, bem como as letras maiúsculas L, D, Q. Como notação complementar, as letras minúsculas x, y e z representam idades e n, m, s, t, k representarão prazos de duração. Existem ainda as barras verticais, parênteses, tremas, colchetes e sinais com ângulos obtusos e ângulos de 90° (noventa graus) e sinais complementares 144 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Unidade II Observação As notações atuariais foram adotadas de forma definitiva em 19 de maio de 1989 no II Congresso Internacional de Atuários. Cordeiro Filho (2009, p. 17) sugere que com esses elementos simbólicos é possível montar um modelo modesto de tábua simples de sobrevivência e mortalidade como vemos a seguir: Tabela 2 – Modelos de tábua de sobrevivência Idades Sobreviventes Falecimentos X Ix dx = lx - lx+1 0 lo D0 = L0 - l1 1 l1 d1 = l1 - l2 2 l2 d2 = l2 - l3 3 l3 d3 = l3 - l4 . . . . . . . . . X lx dx = lx - lx+1 X+1 lx+1 dx+1 = lx+1 - lx+2 “ “ “ “ “ “ “ “ “ W-1 lw-1 dw-1 = lw-1 - lw W-1 lw= 0 mas lw = 0 Fonte: Cordeiro Filho (2009, p. 17). Além dessas notações, temos as seguintes, de acordo com Cordeiro Filho (2009, p. 17): • Chamaremos de w-1 a “idade extrema” da tábua, ou seja, os sobreviventes que não conseguem chegar à idade w, ou seja, lw = 0. • Chamaremos de “raiz” da tábua de lo, ou seja, lo representa o número de pessoas vivas com idade inferior a um ano. 145 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL 7.8.2 Cultura atuarial – histórica e demografia Cordeiro Filho (2009, p. 18) nos mostra que, na Roma antiga, nos tempos do imperador Severus e por ordem dele, um dos prefeitos da cidade, que se chamava Ulpianos, elaborou uma tabela de esperança de vida da população, que é a seguinte: Tabela 3 – Modelo da tábua de Ulpianos Idade da pessoa Esperança de vida Menos de 20 30 De 21 a 25 28 De 26 a 30 25 De 31 a 35 22 De 36 a 40 20 De 41 a 50 De 10 a 19 De 51 a 55 9 De 56 a 60 7 Mais de 60 5 Fonte: Cordeiro Filho (2009, p. 18). Cordeiro Filho (2009, p. 18) revela que a tábua de Ulpianos, que nada tem de base científica, curiosamente fornece umaideia dos anos adicionais de vida das pessoas de certa idade, sendo que “[...] tinha relação direta com o valor de uma vida e o empréstimo de juros. Esses fatos e constatações eram proibidos na época”. O autor (CORDEIRO FILHO, 2009, p. 18-20) nos mostra que uma das formas próximas dos seguros de renda aconteceu entre os séculos XIII e XVIII na Holanda, Inglaterra e Itália. Entre 1630 e 1685, uma renda vitalícia (pagamento durante toda a vida) paga pelo governo francês, que, precisando de recursos, tomou empréstimos da população e pagou o mútuo na forma de um modelo elaborado por Lorenzo Tonti, que previa a amortização do débito até a morte do credor. Quanto menor o grupo de vivos, mais a renda aumentava. Esses títulos foram chamados de Tontinas. Não havia relação com a idade do credor. Eram ao portador. Obviamente, tais títulos foram passados de pai para filho, favorecendo os herdeiros. No século XVII, John Graunt, em Londres – berço dos estudos demográficos e das tábuas de mortalidade ou sobrevivência –, fez um estudo sobre a mortalidade de homens e mulheres, suas causas, 146 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Unidade II trabalhos de risco e falecimento de pessoas jovens, e demonstrou que a “esperança de vida” de uma pessoa de 36 anos é muito parecida com as tábuas atuais. Posteriormente, Sussmilch, baseado nas tabelas de Graunt, adaptadas por Halley, confeccionou uma tábua, que é reproduzida a seguir com uma coluna de dados atualizados por tábuas atuais, com o objetivo de fazer comparações e estudos mais avançados e concluir que há grandes aproximações apesar da antiguidade da análise. Tabela 4 Tábua de Sussmilch Idade Pessoas Vivas Esperança de Vida O 1.000 23,7 5 494 40,3 10 416 42,5 15 403 38,7 20 396 34,4 25 381 30,7 30 356 27,6 35 328 24,7 40 299 21,9 45 271 18,9 50 238 16,2 55 203 13,6 60 164 11,2 65 125 8,9 70 83 7,1 75 45 6,1 80 20 5,6 Fonte: Cordeiro Filho (2009, p. 19). Tabela 5 Tábua de Halley Idade Pessoas Vivas Esperança de Vida O 1.000 33,5 5 732 41,6 10 661 40 15 628 36,9 20 598 33,6 25 567 30,4 147 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL 30 531 27,4 35 490 24,5 40 445 21,8 45 397 19,2 50 346 16,8 55 292 14,5 60 242 12,1 65 192 9,7 70 142 7,5 75 88 6 80 41 5,7 Fonte: Cordeiro Filho (2009, p. 19). Cordeiro Filho (2009, p. 20) cita ainda o caso específico das tábuas de Deparcieux, de 1746, uma das primeiras conhecidas. Essa tábua: [...] foi muito pouco utilizada. Sua tábua partia de observações de 1.286 vidas e sua última idade é de 95 anos, cujo gráfico comporta retas, ou seja, não era uma tábua com função definida fora da linearidade. Ele não conseguiu desenvolver e ajustar uma função contínua de grau superior que não fosse uma reta. Mesmo as funções de sobrevivência não são representações matemáticas perfeitas. Como qualquer tábua de mortalidade ou sobrevivência, ela também obedece à expressão matemática que informa a soma dos falecimentos, ou seja: l d d d dx x x w t w x x t= + + + =+ − = − − +∑1 1 0 1 ... Ela é a soma dos falecimentos, que é fornecida pela diferença entre os números de sobreviventes entre duas idades consecutivas, x e x+1, ou seja: dx = l x - l x+1 Saiba mais O IBA disponibiliza gratuitamente um livro muito interessante sobre tábuas de sobrevivência: OLIVEIRA, M. de et al. Tábuas biométricas de mortalidade e sobrevivência: experiência do mercado segurador brasileiro – 2010. Rio de Janeiro: Funenseg, 2012. Disponível em: <http://www.atuarios.org.br/docs/eventos/ palestra/Livro_Tabuas_Portugues.pdf>. Acesso em: 5 set. 2013. 148 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Unidade II 7.8.3 As probabilidades Cordeiro Filho (2009, p. 33) explica que as probabilidades foram desenvolvidas ou concluídas com base nas teorias do matemático Jacob Bernoulli, que, entre outros trabalhos, desenvolveu um tratado sobre a teoria das probabilidades, o Ars conjectandi (A arte da conjectura). Os pesquisadores, de posse das tábuas de sobrevivênica, concluiram as probabilidades iniciadas por Benoulli. Essas probabilidades são demonstradas a seguir: A) Probabilidade de vida de alguém de idade x Simbologia: P x Se Ix representa a quantidade de pessoas vivas na idade x e Ix + 1 a quantidade de pessoas vivas na idade x+ 1, temos que: P x = probabilidade de viver de alguém de idade x = l l x x +1 . Tal relação representará a probabilidade de um indivíduo de idade x estar vivo na idade x + l. B) Probabilidade de morte de alguém com idade x Simbologia: qx É quase intuitivo sabermos que a probabilidade de vida mais a probabilidade de morte de uma pessoa de idade x é de 100%, ou igual a 1, e concluímos que: q p l l ou p qx x x x x x= − = − = −+1 1 11 . Se qx é a probabilidade de morte, fica: q l l l mas l dx x x x x x x= − − =+ +1 1, l , portanto, q d l ou d qx x x x x x = = l Probabilisticamente lx+1 = número de casos favoráveis e Ix = dx + lx+1 representa os eventos totais, portanto: p l d l casos favor veis casos teorema dex x x x = + = =+ + 1 1 poss veis á í BBernoulli( ) 7.8.4 As tábuas de mortalidade nas empresas de previdência brasileiras Cordeiro Filho (2009, p. 30-33) comenta que, atualmente, no Brasil as tábuas a serem utilizadas devem ter o aval do IBA, SUSEP e SPC. Há padrões estabelecidos entre idades e mortalidade para disposições tarifárias. Segundo ele diz, as tábuas são “[...] instrumentos para mensurar as probabilidades de vida ou de morte e mostram o número de pessoas vivas, da mesma idade, ano a ano”. 149 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL Esse autor (CORDEIRO FILHO, 2009 p. 71) diz que a Secretaria de Previdência Complementar (SPC) é um órgão vinculado ao Ministério da Previdência Social, “acompanha e publica os padrões mínimos para avaliação dos planos de benefícios, dentre eles a expectativa de vida mínima a ser considerada, nas idades de 55, 60 e 65 anos, idades geralmente exigidas como requisitos para aposentadoria” . Segundo Cordeiro Filho (2009, p. 71), as tábuas de mortalidade que apontam expectativa de vida abaixo da mínima não serão aceitas, salvo estudo que comprove a sua aplicabilidade. Tabela 6 Tábuas Aos 55 anos Aos 60 anos Aos 65 anos Mínima exigida pela SPC + 22 anos + 18 anos + 15 anos CSO-58 + 20 anos + 16 anos + 13 anos AT-49 + 22 anos + 18 anos + 15 anos AT-83 + 27 anos + 23 anos + 19 anos AT-49 + 22 anos + 18 anos + 15 anos UP-84 + 23 anos + 19 anos + 15 anos Fonte: Cordeiro Filho (2009, p. 71). As mais utilizadas para os planos denominados de abertos são AT49, AT-83 e AT-2000. Para os planos fechados, dos fundos de pensão, são AT-49, AT-83 e UP-84. Qualquer manipulação nessas tábuas pode levar a situações de queda sensível no valor atual das rendas a pagar, por isso, existe forte fiscalização das autoridades públicas. A seguir, modelos de tábua com as funções biométricas estudadas. Tabela 7 – Modelo de tábua de mortalidade BR-EMS-v.2010-m (masculina) Idade qx -IC (95%) +IC (95%) lx ex 0 0,00200 0,00090 0,00210 1.000.000 81,9 1 0,00069 0,00030 0,00080 997.997 81,0 2 0,00035 0,00020 0,00060 997.308 80,1 3 0,00022 0,00010 0,00050 996.957 79,1 4 0,00016 0,00010 0,00050 996.735 78,1 5 0,00013 0,00010 0,00050 996.573 77,1 6 0,00012 0,00010 0,00040 996.440 76,1 7 0,00011 0,00010 0,00040 996.322 75,2 8 0,00011 0,00010 0,00040 996.210 74,2 9 0,00012 0,00010 0,00050 996.098 73,2 10 0,00013 0,00010 0,00050 995.981 72,2 150 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Unidade II 11 0,000150,00010 0,00050 995.853 71,2 12 0,00019 0,00010 0,00060 995.702 70,2 13 0,00024 0,00020 0,00070 995.516 69,2 14 0,00031 0,00020 0,00080 995.279 68,2 15 0,00039 0,00020 0,00080 994.975 67,3 16 0,00048 0,00030 0,00090 994.591 66,3 17 0,00057 0,00030 0,00090 994.118 65,3 18 0,00066 0,00040 0,00090 993.554 64,3 19 0,00074 0,00040 0,00090 992.902 63,4 20 0,00080 0,00050 0,00090 992.171 62,4 21 0,00085 0,00050 0,00090 991.375 61,5 22 0,00089 0,00050 0,00080 990.527 60,5 23 0,00092 0,00050 0,00080 989.644 59,6 24 0,00093 0,00050 0,00080 988.738 58,6 25 0,00093 0,00050 0,00080 987.822 57,7 26 0,00093 0,00050 0,00080 986.903 56,7 27 0,00092 0,00060 0,00080 985.988 55,8 28 0,00092 0,00060 0,00080 985.079 54,9 29 0,00091 0,00060 0,00090 984.176 53,9 30 0,00092 0,00060 0,00090 983.275 53,0 31 0,00093 0,00070 0,00090 982.374 52,0 32 0,00094 0,00070 0,00100 981.465 51,0 33 0,00099 0,00070 0,00100 980.541 50,1 34 0,00103 0,00080 0,00100 979.574 49,1 35 0,00109 0,00080 0,00110 978.561 48,2 36 0,00115 0,00080 0,00110 977.497 47,2 37 0,00121 0,00090 0,00120 976.377 46,3 38 0,00128 0,00090 0,00120 975.196 45,4 39 0,00136 0,00100 0,00130 973.948 44,4 40 0,00144 0,00110 0,00140 972.627 43,5 41 0,00153 0,00110 0,00140 971.225 42,5 42 0,00164 0,00120 0,00150 969.735 41,6 43 0,00175 0,00130 0,00160 968.149 40,7 44 0,00187 0,00140 0,00170 966.458 39,7 45 0,00200 0,00150 0,00190 964.651 38,8 46 0,00215 0,00160 0,00200 962.719 37,9 47 0,00231 0,00170 0,00220 960.648 37,0 48 0,00249 0,00190 0,00230 958.427 36,1 49 0,00268 0,00200 0,00250 956.042 35,1 50 0,00290 0,00220 0,00270 953.477 34,2 51 0,00313 0,00240 0,00300 950.715 33,3 52 0,00339 0,00260 0,00320 947.740 32,4 151 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL 53 0,00367 0,00280 0,00350 944.531 31,5 54 0,00398 0,00310 0,00380 941.067 30,7 55 0,00431 0,00340 0,00420 937.326 29,8 56 0,00468 0,00370 0,00460 933.283 28,9 57 0,00509 0,00400 0,00500 928.911 28,0 58 0,00554 0,00440 0,00550 924.182 27,2 59 0,00603 0,00480 0,00600 919.064 26,3 60 0,00656 0,00530 0,00660 913.524 25,5 61 0,00715 0,00580 0,00730 907.527 24,6 62 0,00780 0,00640 0,00800 901.035 23,8 63 0,00851 0,00700 0,00880 894.007 23,0 64 0,00929 0,00760 0,00970 886.400 22,2 65 0,01014 0,00840 0,01060 878.169 21,4 66 0,01107 0,00920 0,01160 869.266 20,6 67 0,01210 0,01010 0,01280 859.639 19,8 68 0,01323 0,01110 0,01400 849.237 19,1 69 0,01446 0,01220 0,01530 838.005 18,3 70 0,01581 0,01340 0,01680 825.887 17,6 71 0,01730 0,01460 0,01850 812.826 16,9 72 0,01893 0,01590 0,02030 798.763 16,2 73 0,02072 0,01740 0,02220 783.643 15,5 74 0,02268 0,01910 0,02420 767.408 14,8 75 0,02483 0,02080 0,02650 750.005 14,1 76 0,02719 0,02260 0,02890 731.384 13,4 77 0,02977 0,02460 0,03150 711.500 12,8 78 0,03261 0,02670 0,03430 690.315 12,2 79 0,03573 0,02890 0,03730 667.802 11,6 80 0,03914 0,03110 0,04060 643.944 11,0 81 0,04289 0,03330 0,04430 618.740 10,4 82 0,04700 0,03530 0,04840 592.204 9,9 83 0,05150 0,03750 0,05270 564.373 9,3 84 0,05645 0,03970 0,05720 535.306 8,8 85 0,06187 0,04180 0,06200 505.090 8,3 86 0,06782 0,04380 0,06730 473.841 7,8 87 0,07434 0,04540 0,07310 441.706 7,4 88 0,08150 0,04740 0,07870 408.869 6,9 89 0,08935 0,04840 0,08540 375.547 6,5 90 0,09796 0,04910 0,09260 341.992 6,1 91 0,10741 0,04910 0,10040 308.490 5,7 92 0,11777 0,04880 0,10860 275.357 5,3 93 0,12913 0,04700 0,11820 242.929 4,9 94 0,14160 0,03980 0,13320 211.559 4,6 152 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Unidade II 95 0,15527 0,02670 0,15390 181.603 4,2 96 0,17027 0,00470 0,18350 153.405 3,9 97 0,18672 0,21710 127.285 3,6 98 0,20477 0,25560 103.518 3,4 99 0,22457 0,33780 82.320 3,1 100 0,24628 0,30070 63.834 2,8 101 0,27010 0,25860 48.113 2,6 102 0,29622 0,30290 35.118 2,4 103 0,32488 0,41370 24.715 2,2 104 0,35632 0,45540 16.686 2,0 105 0,39080 0,49240 10.740 1,8 106 0,42862 0,51440 6.543 1,6 107 0,47011 3.738 1,5 108 0,51562 1.981 1,3 109 0,56553 960 1,2 110 0,62029 417 1,0 111 0,68035 158 0,9 112 0,74623 51 0,8 113 0,81849 13 0,7 114 0,89776 2 0,6 115 0,98471 - 0,5 116 1,00000 - 0,5 Fonte: Oliveira et al. (2012, p. 74-78). Tabela 8 – Modelo de tábua de mortalidade BR-EMS-v.2010-f (feminina) Idade qx -IC (95%) +IC (95%) lx ex 0 0,00038 0,00060 0,00160 1.000.000 87,2 1 0,00038 0,00020 0,00060 999.618 86,3 2 0,00020 0,00010 0,00050 999.236 85,3 3 0,00013 0,00010 0,00040 999.034 84,3 4 0,00010 0,00010 0,00040 998.903 83,3 5 0,00008 – 0,00040 998.805 82,3 6 0,00007 – 0,00030 998.725 81,3 7 0,00007 – 0,00040 998.652 80,4 8 0,00008 – 0,00040 998.581 79,4 9 0,00009 0,00010 0,00040 998.503 78,4 10 0,00012 0,00010 0,00050 998.411 77,4 11 0,00015 0,00010 0,00060 998.295 76,4 12 0,00018 0,00010 0,00060 998.149 75,4 13 0,00022 0,00010 0,00060 997.968 74,4 14 0,00025 0,00010 0,00060 997.753 73,4 153 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL 15 0,00027 0,00010 0,00060 997.506 72,4 16 0,00029 0,00010 0,00060 997.235 71,5 17 0,00030 0,00010 0,00050 996.946 70,5 18 0,00031 0,00010 0,00050 996.646 69,5 19 0,00030 0,00010 0,00040 996.342 68,5 20 0,00030 0,00010 0,00040 996.038 67,5 21 0,00030 0,00010 0,00030 995.737 66,6 22 0,00029 0,00010 0,00030 995.441 65,6 23 0,00029 0,00010 0,00030 995.150 64,6 24 0,00029 0,00010 0,00030 994.861 63,6 25 0,00029 0,00010 0,00030 994.575 62,6 26 0,00029 0,00010 0,00030 994.286 61,7 27 0,00030 0,00010 0,00030 993.994 60,7 28 0,00032 0,00010 0,00030 993.694 59,7 29 0,00033 0,00010 0,00030 993.379 58,7 30 0,00035 0,00010 0,00030 993.047 57,7 31 0,00037 0,00020 0,00030 992.696 56,8 32 0,00040 0,00020 0,00030 992.326 55,8 33 0,00042 0,00020 0,00040 991.934 54,8 34 0,00045 0,00020 0,00040 991.518 53,8 35 0,00047 0,00020 0,00040 991.076 52,8 36 0,00051 0,00020 0,00050 990.605 51,9 37 0,00054 0,00030 0,00050 990.104 50,9 38 0,00058 0,00030 0,00050 989.568 49,9 39 0,00062 0,00030 0,00060 988.996 48,9 40 0,00066 0,00040 0,00060 988.383 48,0 41 0,00071 0,00040 0,00070 987.726 47,0 42 0,00077 0,00040 0,00070 987.022 46,0 43 0,00083 0,00050 0,00080 986.264 45,1 44 0,00089 0,00050 0,00080 985.450 44,1 45 0,00096 0,00060 0,00090 984.573 43,2 46 0,00104 0,00060 0,00100 983.628 42,2 47 0,00112 0,00070 0,00100 982.608 41,2 48 0,00121 0,00080 0,00110 981.508 40,3 49 0,00131 0,00080 0,00120 980.319 39,3 50 0,00142 0,00090 0,00130 979.034 38,4 51 0,00155 0,00100 0,00150 977.642 37,4 52 0,00169 0,00110 0,00160 976.129 36,5 53 0,00185 0,00120 0,00170 974.481 35,6 54 0,00203 0,00130 0,00190 972.680 34,6 55 0,00223 0,00140 0,00210 970.709 33,7 56 0,00245 0,00160 0,00230 968.546 32,8 154 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Unidade II 57 0,00271 0,00170 0,00250 966.170 31,8 58 0,00299 0,00190 0,00270 963.556 30,9 59 0,00330 0,00200 0,00300 960.678 30,0 60 0,00365 0,00220 0,00320 957.507 29,1 61 0,00403 0,00240 0,00360 954.014 28,2 62 0,00445 0,00270 0,00390 950.171 27,3 63 0,00491 0,00290 0,00430 945.945 26,5 64 0,00541 0,00320 0,00470 941.301 25,6 65 0,00593 0,00350 0,00510 936.211 24,7 66 0,00648 0,00380 0,00560 930.663 23,9 67 0,00710 0,00420 0,00610 924.628 23,0 68 0,00775 0,00460 0,00670 918.065 22,2 69 0,00843 0,00510 0,00730 910.951 21,3 70 0,00919 0,00560 0,00800 903.267 20,5 71 0,01006 0,00610 0,00880 894.963 19,7 72 0,01102 0,00660 0,00970 885.956 18,9 73 0,01204 0,00730 0,01060 876.193 18,1 74 0,01313 0,00800 0,01160 865.642 17,3 75 0,01433 0,00880 0,01270 854.278 16,5 76 0,01566 0,00970 0,01400 842.035 15,8 77 0,01714 0,01070 0,01540 828.849 15,0 78 0,01876 0,01170 0,01690 814.642 14,3 79 0,02055 0,01290 0,01860 799.358 13,5 80 0,02264 0,01410 0,02060 782.932 12,8 81 0,02516 0,01530 0,02280 765.203 12,182 0,02817 0,01660 0,02540 745.952 11,4 83 0,03176 0,01800 0,02840 724.942 10,7 84 0,03577 0,01960 0,03160 701.918 10,0 85 0,04042 0,02130 0,03520 676.813 9,4 86 0,04582 0,02320 0,03930 649.454 8,8 87 0,05219 0,02490 0,04420 619.698 8,2 88 0,05928 0,02700 0,04960 587.353 7,6 89 0,06734 0,02930 0,05570 552.533 7,0 90 0,07651 0,03160 0,06290 515.324 6,5 91 0,08727 0,03380 0,07140 475.896 6,0 92 0,09906 0,03600 0,08130 434.365 5,5 93 0,11227 0,04250 0,08870 391.338 5,1 94 0,12800 0,03890 0,10810 347.401 4,7 95 0,14641 0,03240 0,13280 302.934 4,3 96 0,16835 0,02030 0,16610 258.582 3,9 97 0,18672 0,21530 215.049 3,6 98 0,20477 0,29470 174.894 3,4 155 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL 99 0,22457 0,32950 139.081 3,1 100 0,24628 0,35270 107.848 2,8 101 0,27010 81.287 2,6 102 0,29622 59.332 2,4 103 0,32488 41.756 2,2 104 0,35632 28.190 2,0 105 0,39080 18.146 1,8 106 0,42862 11.054 1,6 107 0,47011 6.316 1,5 108 0,51562 3.347 1,3 109 0,56553 1.621 1,2 110 0,62029 704 1,0 111 0,68035 267 0,9 112 0,74623 85 0,8 113 0,81849 22 0,7 114 0,89776 4 0,6 115 0,98471 – 0,5 116 1,00000 – 0,5 Fonte: Oliveira et al. (2012, p. 83-86). Saiba mais Há um pronunciamento contábil sobre seguros. Trata-se do CPC 11 – Contratos de Seguro. Leia esse pronunciamento, que está disponível em: COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS – CPC. CPC 11 – Contratos de Seguro. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/mostraOrientacao. php?id=25>. Acesso em: 5 set. 2013. 8 A PREVIDÊNCIA PRIVADA 8.1 Previdência pública x privada (ou complementar) Segundo o site da MPAS (<http://www.mpas.gov.br/>), o Brasil tem uma história de 90 anos de uma previdência social aos trabalhadores. Já na época do império houve iniciativas no sentido de conceder aposentadorias a alguns grupos profissionais como os professores, operários dos Ministérios da Fazenda, do Arsenal de Marinha, entre outros. Em 1919 surge o seguro contra acidentes do trabalho e em 1923, a partir da sanção da lei Eloy Chaves, foram concedidas aposentadorias e pensões para os trabalhadores rodoviários. Contudo, na década de 1930, por imposição de Getúlio Vargas, foi criado um dos maiores e mais amplos sistemas de previdência do planeta. 156 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Unidade II Figura 25 – Carteira de Trabalho do 1º Comissário José Cardoso Machado, Capitania dos Portos, Rio de Janeiro, 1940 A Previdência pública atendeu gerações de trabalhadores e continua dando suporte ao trabalhador brasileiro de forma ampla, satisfazendo de forma razoável à população. Apesar disso, as aposentadorias e pensões da Previdência Social têm valores baixos, que muitas vezes não suprem as necessidades das pessoas. Mas é inegável que vem atendendo com sucesso aos trabalhadores brasileiros, oferecendo um valor de aposentadoria que, se não é alto, é um valor digno. Devido a esse aparente sucesso do sistema brasileiro de previdência pública, a previdência privada ou os seguros privados que oferecem rendas vitalícias nunca tiveram espaço para crescer no Brasil. Ainda hoje vemos que existe, apesar de boas iniciativas isoladas, uma preferência das pessoas pelo sistema público de previdência privada e uma apatia com os sistemas privados. No Brasil, país assolado por uma ditadura militar e por um período de inflação astronômica e que durou décadas, as empresas nunca tiveram interesse em oferecer serviços financeiros e atuariais de longo prazo. Mesmo no sistema bancário atual, quase não existe financiamento de longo prazo privado no Brasil. O mesmo vale para os seguros. Lembrete Estudamos anteriormente que no cálculo atuarial as taxas de juros são sempre constantes e, quando há enormes incertezas e variações na taxa de juros de uma economia, inviabiliza-se o serviço atuarial. É esse o reflexo que sentimos até hoje no mercado brasileiro. Parte da apatia ou falta de interesse na procura vem do fato de que há descontos realizados compulsoriamente nos salários dos trabalhadores que são destinados diretamente para a previdência 157 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL pública. Por isso mesmo, a previdência privada é chamada de “complementar” no Brasil, porque entende-se que a pessoa irá se aposentar pelo sistema público, receber sua aposentadoria e complementar a sua renda com um serviço de seguro. É vedado aos brasileiros optarem por uma previdência privada ou pública. Já há décadas, grandes empresas brasileiras, multinacionais com subsidiárias no país e estatais de grande porte, sabendo das deficiências do sistema de previdência pública e preocupadas com o bem-estar de seus trabalhadores, montaram fundos de pensão capazes de proporcionar uma complementação ao trabalhador que se aposenta. Empresas particulares e públicas costumam oferecer aos seus trabalhadores um benefício em forma de depósito em dinheiro no fundo de pensão. Esses fundos são, normalmente, de empresas criadas especialmente para esse tipo de gestão. Alguns desses fundos buscam outras fontes de renda, por exemplo, construindo e administrando imóveis para gerar recursos aos seus segurados. Na região dos bairros de Pinheiros, Brooklin Novo, Morumbi e Chácara Santo Antônio, da cidade de São Paulo, foram construídos gigantescos prédios de escritórios, residenciais e instalações comerciais (shopping centers) que são de propriedade de fundos de pensão, conforme podemos ler em Fix (1999). Lentamente, os fundos de pensão ocupam uma posição importante na economia brasileira. No exterior, principalmente nos EUA, país onde não há um sistema público previdenciário à maneira como vemos no Brasil, os fundos de pensão são um fenômeno consolidado e que muitas vezes são usados como modelos para o caso brasileiro. 8.2 Os produtos oferecidos pelas seguradoras – PGBL e VGBL e suas implicações Cordeiro Filho (2009, p. 77) comenta que, após as seguradoras constatarem e terem uma “quase certeza” de que a Inflação no Brasil estava sob controle, lançaram produtos de previdência, basicamente de dois tipos a seguir: • Plano Gerador de Benefício Libre (PGBL). • Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL). Em comum, esses dois produtos são mistos de elementos financeiros e poderão também ser elementos de riscos. Cordeiro Filho (2009, p. 77) explica que a intenção é a de complementar a aposentadoria da Previdência Social quando da “elegibilidade”, ou seja, a data em que a pessoa pode (dentro da lei e dos regulamentos) aposentar-se ou receber sua renda ou pecúlio para complementação de sua aposentadoria do INSS. Cordeiro Filho (2009, p. 77) explica que o prazo em que a pessoa efetua os depósitos é chamado de diferimento. 158 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Unidade II Cordeiro Filho (2009, p. 72) diz que [...] as entidades fechadas de previdência complementar – fundos de pensão – têm sua natureza e áreas de atuação bem definidas pelo art. 202 da Constituição Federal, regulado pelas leis nºs 109 e 108. E a competência é do Ministério da Previdência Social, através de dois órgãos: o Conselho de Gestão da Previdência Complementar (CGPC) e a secretaria da Previdência Complementar (SPC). Cordeiro Filho (2009, p. 72) atribui ao papel dos fundos de pensão ou entidades de previdência um “lado ativo”, como está sendo considerado em todo mundo devido a “[...] volumes imensos de capitais aplicados nas mais diversas atividades, tais como títulos das mais variadas origens, bolsa de valores, imóveis e outros”. Ao mesmo tempo em que são um fenômeno que chama a atenção justamente pelo seu “lado ativo”, Cordeiro Filho (2009, p. 31) adverte que há aspectos ruins nos fundos de previdência. As regulações e tentativasde explicações sobre os fundos de previdência, abertos e fechados, funcional atuarialmente e seus extensos regulamentos são muito obscuros para a maioria das pessoas. Há ainda muitas contradições de caráter técnico-atuarial e social. Cordeiro Filho (2009, p. 31) cita uma situação muito ruim que ocorreu no passado: [...] não podemos esquecer os negros anos da previdência privada, dos montepios, e inúmeras empresas que quebraram no período entre 1975 após a Lei n° 6.435/77, e 1990. Tempos em que as pessoas perderam recursos aplicados de uma geração inteira. Em relação aos aspectos ruins dos fundos, Cordeiro Filho (2009, p. 32) lamenta o fato de que: [...] um dos grandes dilemas dos fundos atualmente é que algumas dessas instituições desejam terminar com o benefício definido – que é um tipo de plano que tem aderência nos salários-teto da preivdência social –, criado por elas mesmas em seus regulamentos há anos para atrair clientes. Muitas dessas empresas, nos últimos anos mudaram os contratos e seus regulamentos mediante liberação de reservas constituídas – ou parte delas – ou créditos de excedentes financeiros e conduzem os participantes a migragem para planos de benefícios diferidos onde não haja comprometimento perfeitamente definido no futuro. Ou seja, o mercado de previdência – aparentemente – não deseja correr riscos, e sim transformar o bojo previdenciário num grande mercado financeiro. Dessa forma, não há necessidade de criteriosos estudos atuariais e nem de atuários evidentemente, mas de experts em finanças. Em resumo, os fundos de previdência, abertos ou fechados, desejam correr riscos menores e, por esse motivo, oferecem migrações para planos absolutamente financeiros. 159 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL E, nessas migrações, segundo Cordeiro Filho (2009, p. 32), as tábuas de mortalidade podem gerar valores de rendas de aposentadoria muito menores, embora ele reconheça que os órgãos reguladores, como a SPC, já observam com rigor o uso dessas tábuas justamente para evitar essa ameaça. 8.3 Seguros por sobrevivência Cordeiro Filho (2009, p. 77) comenta que: [...] os fundos de pensão regidos pela Secretaria de Previdência Complementar (SPC) têm tratamento jurídico diferente daquele dado às entidades de seguros e previdência, embora, sob a ótica atuarial, haja tratamento matemático assemelhado. Nesse sentido, os fundos de pensão e previdência privada são contratos que serão válidos por toda a vida de um segurado, até sua morte. Se um indivíduo viver até os 80 anos, a seguradora irá lhe pagar uma renda até os 80 anos. Mas se esse mesmo indivíduo viver até os 120 anos, terá que continuar a oferecer uma renda por 40 anos! Por isso, recebe o nome de por sobrevivência. Iremos, então, calcular um seguro: Cordeiro Filho (2009, p. 78), afirma que: [...] o documento que estabelece as condições do negócio é denominado de apólice. O contrato é bilateral, Há o segurado de um lado e, do outro, o segurador. O prêmio é o valor que deve ser pago pelo segurado. O prêmio calculado inicialmente é puro quando sobre os acréscimos de corretagem e de despesas administrativos é denominado de comercial. Quanto à periodicidade, Cordeiro Filho (2009, p. 78) nos diz que: • Poderá ser único, quando o segurado paga o prêmio de uma só vez. • Temporário, quando é pago por um período de tempo ou de vida inteira. • Vitalício, quando é pago durante toda a vida. • Poderá ser anual ou com periodicidade menor. 8.3.1 Seguro dotal puro a prêmio único Cordeiro Filho (2009, p. 78) explica que “[...] a palavra ‘dotal’ sugere ‘dote’, ato ou efeito de ‘dotalizar’, converter em dote, tornar dotal, valor que poderá ser transformado em renda destinada à manutenção de pessoa”. 160 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Unidade II O autor (CORDEIRO FILHO, 2009, p. 78-79) nos traz um exemplo: Digamos que alguém de idade x resolva contratar uma apólice junto a uma empresa seguradora e se comprometa a pagar um valor P (prêmio) de uma só vez à seguradora para ter o direito de receber um certo valor de capital (C), assim que complete a idade x+n anos. Caso não consiga chegar vivo a essa idade, o recurso pago P será perdido em favor da seguradora. Trata-se, na realidade, de uma aposta com caráter comercial. Nesses casos, o beneficiário será o próprio segurado, ou seja, ele faz um dote para si no caso de sobreviver ao prazo contratado. A representação seguirá as normas internacionais da atuária e o princípio da primeira letra da palavra em inglês endowment Ex. Para o primeito modelo a ser estudado, usaremos – no início das explicações – a letra P – de prêmio – da língua portuguesa. Quanto às demais notações de taxa de juros (i), fator de valor atual (x), prazo (n), probabilidades P x, todas fazem parte dos conhecimentos precedidos de matemática financeira e das probabilidades. Esquematicamente: |-------------------------------------------------------------| idades/início/final idade x período n idade x + n pessoas vivas Início/final Ix Ix+n Prêmio/Capital a receber Início/final P c De acordo com Cordeiro Filho (2009, p. 79), o prêmio (P) a ser pago deverá ser igual ao “capital (C) futuro atualizado” a uma “taxa de juros” adotada, multiplicados, ambos, pela “probabilidade de alguém de idade x de um grupo de pessoas (grandes números) chegar vivo à idade x + n”. Matematicamente: P = C.vn nPx, sabemos que nPx = l l x n x + , que substituindo fica: P = C. vn. l l x n x + ,Tal formulação demonstra o equilíbrio financeiro que deve reger os seguros já comentados, ou seja, obrigações atuais dos segurados deve ser igual às obrigações futuras da seguradora. Em resumo: Obrigações Atuais = Obrigações Futuras → = +l P C v lx n x n. . . 161 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL Esse é o modelo mais simples para iniciarmos os estudos de riscos de pessoas. A simbologia atuarial do prêmio na forma convencionada internacionalmente será: Ax : n1,6 que se lê: prêmio único puro da unidade de capital que deve ser pago por uma pessoa de idade x, para garantir uma unidade de capital pagável a essa pessoa caso sobreviva à idade x+ n, ou, o prêmio único puro que deverá ser pago por uma pessoa de idade x, para ter direito de receber a unidade de capital se completar a idade x + n. Ax : n 1 = C.vn l l x n x + , ou obtemos para sobrevivência: Ax : n 1 = vn . nPx’ se considerarmos que o capital é unitário ou igual à unidade. Conforme já comentamos, há autores que denominam o prêmio único (P) como nEx e o capital de Q (quantia segurada), ao invés de C, mais utilizado quando nos referimos à esperança matemática. Se considerarmos a importância Q segurada, ficará: nEx = Ax:n 1 = Q. vn. nPx Ou seja, nEx ou Ax : n 1 representa a esperança matemática do prêmio a ser pago ou prêmio único puro pagável por uma pessoa de idade x caso sobreviva à idade x+n. Na previdência privada, é chamada de contribuição única pura, cuja sigla para maior facilidade de memorização é CUP. Fonte: Cordeiro Filho (2009, p.79). 8.4 Rendas Por fim, iremos estudar os conceitos de renda nas ciências atuárias. Cordeiro Filho (2009, p. 82) nos explica que [...] as rendas podem ser certas ou aleatórias. As rendas certas pertencem ao domínio da matermática financeira, enquanto as aleatórias, também chamadas de contingentes, são do domínio da matemática atuarial. Estas dependerão de aconteciemntos aleatórios. 8.4.1 Rendas certas Cordeiro Filho (2009, p. 82) nos explica que “[...] tem esta denominação porque não dependem de nenhuma eventualidade externa. Em matemática financeira, é uma das matérias mais relevantes”. 162 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gram aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Unidade II 8.4.2 Rendas aleatórias O mesmo autor (CORDEIRO FILHO, 2009, p. 82) afirma que: O exemplo mais específico de uma renda aleatória seria uma apólice de seguro efetuada numa companhia seguradora, na qual esta se compromete a pagar certa importância a uma pessoa durante toda a sua vida. O valor do pagamento é conhecido, previamente combinado, todavia, sua duração é incerta. Esses estudos das rendas pertencem ao campo da ciência da matermática atuarial ou da engenharia atuarial. Na sequência, toda a descrição e classificação dos tipos de rendas. 8.4.3 Rendas por sobrevivência Cordeiro Filho (2009, p. 82-83) comenta que: É o contrato que o segurado assina e paga de uma só vez – prêmio único – ou em parcelas – prestações do prêmio – periódicas a uma empresa seguradora – ou entidade de previdência a qual se obrigará a pagar ao segurado uma renda durante o resto de sua vida ou por um período de tempo determinado em sua apólice. Ao invés do pagamento de uma renda, a apólice poderá prever o pagamento de um valor especificado entre as partes, ou seja, de um capital, numa certa data conforme já verificamos. Nesse sentido, o autor (CORDEIRO FILHO, 2009, p. 83) conceitua renda da seguinte forma: É uma série de pagamentos que a empresa seguradora – ou entidade de previdência – deverá fazer ao segurado em intervalos de tempo perfeitamente definidos. Poderão ser rendas anuais, semestrais, trimestrais ou mensais. Elas podem ser ainda antecipadas. Quando pagas no início dos períodos ou postecipadas, quando são pagas no final dos períodos. Normalmente, as rendas são de valores constantes embora possam ser variáveis conforme leis matemáticas e, ainda podem ser crescentes ou decrescentes. Poderão, ainda, ser vitalícias ou temporárias. Serão vitalícias quando a empresa seguradora paga essa renda durante toda a vida ao segurado, ou seja, a obrigação da empresa seguradora cessa quando o segurado falecer. Por isso, a renda é por sobrevivência. 163 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL 8.4.4 Descrição e classificação das rendas Veja a descrição e classificação das rendas proposta por Cordeiro Filho (2009, p. 83). Rendas Certas Temporárias Postecipadas* Postecipada* Postecipadas* Antecipadas* Antecipada* Antecipadas* Em PA1 Em PG (idem PA) Aritmo-Geométrica (idem PA e PG) Polinômio Racional inteiro (idem PA, PG e Aritmo-Geom.) Perpétuas (idem temporárias) Termos Constantes Imediatas Imediata Diferidas Diferida (idem imediata) Termos Variáveis (Lei Matemática) Aleatórias (campo da Matemática Atuarial 1 Poderão ser ainda crescentes/decrescentes, conforme sua razão (se negativa ou positiva). * Essas rendas podem ter períodos unitários, fracionários ou múltiplos. Figura 26 – Descrição e classificação das rendas Segundo o autor (2009, p. 84), as rendas também têm as seguintes classificações: • Diferida: quando a renda é paga após certo tempo decorrido. Esse dado deve fazer parte da apólice combinada entre as partes. • Imediata: quanto o segurado inicia o recebimento logo após o término do primeiro período de tempo, também acordado entre as partes na apólice, ou seja, não há diferimento. • Temporária ou limitada: quando houver um tempo definido em apólice que determine um tempo limite para pagamento pela empresa seguradora, mesmo estando vivo o segurado. As rendas também podem ser chamadas de anuidades. • Cordeiro Filho (2009, p. 84) esclarece que os seguros de sobrevivência são seguros para se “receber em vida” e, atualmente, no Brasil esse tipo de benefício está adstrito às entidades de previdência. 164 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Unidade II Quando alguém recebe o seguro por morte do segurado, esse alguém denomina-se beneficiário. No caso dos seguros por sobrevivência, beneficiário e segurado se confundem. 8.4.4.1 Renda aleatória, constante, imediata, periódica anual, vitalícia postecipada Segundo Cordeiro Filho (2009, p. 84), é a renda anual que uma pessoa deverá receber no final de cada ano, desde que esteja viva. É uma pensão-renda até a data do seu falecimento. Também é conhecida como renda vencida. Qual o valor que deverá dispor o segurado para que tenha esse direito? Esse valor, ou capital, chamar-se-á então prêmio puro ou prêmio matemático, ou ainda atuarial. Esquematicamente: 1 2 3 4 5 6 7 ... |---------|---------|---------|---------|---------|---------|...... x x+1 x+2 x+3 x+4 x+5 Cálculo do prêmio Digamos que esse segurado tenha a idade x. Chamemos de αx o prêmio que ele deverá pagar de uma só vez e de i a taxa de juros utilizada naquele momento para efeito de atualização de capital. Por hipótese, vamos completar ainda que o segurado vai viver n anos (com n tendendo a além de w). (n → w) quando a renda é vitalícia. Simbologia ou notação: αx Sequência dos cálculos: αx então será o valor atual da renda que vamos calcular. Cada pessoa do grupo segurado pagará αx de prêmio único e o total de pessoas daquela idade é Ix’ então o total a ser pago será: Ix . ax’ Como a renda é vitalícia, por sobrevivência, a empresa seguradora deverá pagar a cada ano a todos os sobreviventes do grupo de idade x o valor de unidade de capital, até que todos faleçam. Ao fim do primeiro ano, a empresa seguradora efetuará o pagamento do valor acima aos sobreviventes, que no ano seguinte serão de lx + 1 pessoas. Portanto, o valor total devidamente atualizado pela taxa de juros já comentada a ser pago pela seguradora postecipadamente às lx + 1 pessoas será: v . lx + 1· O segundo pagamento será: v2 . lx + 2 , o terceiro pagamento será: v 3 . lx + 3 e dessa forma, sucessivamente, até o falecimento da última pessoa do grupo, a qual poderá inclusive ultrapassar a idade “além de w” da tábua de sobrevivência. 165 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL Como o princípio das obrigações presentes e obrigações futuras devem se manter, o total dos prêmios únicos puros de cada pessoa do grupo a cada idade que passa será: lx. αx = v.lx+1 + v 2.lx+2+v 3.lx+3 + ... + v w-x.lw αx x x x x v l v l v l l = + + ++ + +. . . ...1 2 2 3 3 , se separarmos os termos dessa função, teremos: αx x x x x v l v l v l l = + + ++ + +. . . ...1 2 2 3 3 e sabemos que, finalmente: αx = v.px +v 2 . 2Px + v 3 . 3Px + ... Cada um desses termos nada mais é do que o somatório de vários prêmios puros, ou dotais puros. A representa de um “dotal puro” é Ex’, a formulação resumida ficará então: αx = Ex + 2Ex + 3Ex + ... Tal formulação representa os dotais puros ao longo do tempo, que não temos como saber; todavia, sabemos que a última idade da tábua de sobrevivência é w, o que, em tese, nos diz que seria o último dotal puro, ou seja, nEx’ com n igual a w - w. Como existe a possibilidade de pessoas do grupo viverem além da idade w, representaremos essa situação como n → w (lê-se n além de w) para representarmos os somatórios dos dotais puros, o que nos fornecerá então a seguinte expressão: αx n x n n w X= = → → ∑ 1 Essa representação consideramos mais correta do que representar o somatório até infinito (∞), pois algumas pessoas podem viver muito além de ‘’w’’ (n → w → ) mas não até o infinito. É um somatório finito cuja representação também pode ser αx n x i n w E= ( ) = ∫ . O somatório representa o valor atual de uma renda aleatória, unitária, constante, periódica anual, imediata, vitalícia, postecipada, que deverá ser paga a uma pessoa de idade x enquanto viver, ou ainda: “Seguro de sobrevivência”, “capital diferido”, ou “esperança matemática” de um pagamento que pode ser que aconteça. Observações: A palavra inglesa annuity quer dizer anuidade e dá a origem da notação aosomatório dos dotais puros anuais, representados por αx . 166 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Unidade II Mais adiante, quando estudarmos a renda antecipada, haverá mudança na simbologia do αx. No caso das rendas antecipadas o somatório dos dotais puros será representado por um trema sobre a letra α → ἃx . A representação é idêntica àquela utilizada em matemática financeira. Se desejarmos simplificar a última formulação de somatório de ἃx , podemos colocar 1 lx em evidência e fica α αx x x n x n n n w n n x n n w l v l v P= =+ = → → = → → ∑ ∑1 1 1 . . ou . Fonte: Cordeiro Filho (2009, p. 84-85). Resumo Nessa unidade, estudamos ética como um tópico de atuação profissional imprescindível, após nosso estudo sobre o enorme e relevante papel do contador (ou do “novo contador”) na sociedade atual. O contador é impelido a ser, como disse Iudícibus et al. (2008), o centro dos interesses divergentes, e lidar adequadamente com as enormes demandas e pressões que, por exemplo, a preocupação ambiental requer. Não é fácil ser o centro dos interesses, isso exige um preparo pessoal muito grande, o que justifica o estudo aprofundado da ética. Partindo-se da formação da ética na história da humanidade, essa unidade contemplou a ética filosófica, a religiosa e, por fim, a científica. A ética é definida por um conjunto de normas que conduz o comportamento humano numa determinada sociedade, a fim de preservar o bem-estar comum; é o coletivo que prevalece em relação ao individual. Porém, só instaurar regras não garante o seu cumprimento; são necessárias as punições para aqueles que, por ventura, venham transgredi-las. Todavia, também sabemos que nem mesmo as punições são garantia do pleno cumprimento de tais regras; elas inibem, mas não garantem a plena união entre os homens, pois o querer é comum a toda espécie humana e somente a ética é que poderá equilibrar esta relação de conflito. O número de profissões oferecidas pelo mercado de trabalho atual é praticamente infinito, se considerarmos aquelas exercidas formal e informalmente. Porém, para que profissões sejam exercidas a contento, um código de ética profissional torna-se imprescindível. É nele que 167 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL estarão estabelecidos os direitos e os deveres do profissional, bem como as penalidades no caso do não cumprimento das regras preestabelecidas. O estudo do código de ética para o profissional de Contabilidade pauta-se pela responsabilidade que ele tem direta e/ou indiretamente numa sociedade. Sabemos que, ao contribuir com as decisões empresariais, por meio de informações vindas da mensuração e da avaliação das operações ocorridas numa determinada empresa, o contador tanto pode elevar essa organização empresarial quanto aniquilá-la. Diante desta premissa, o mundo dos negócios, que é pautado, principalmente, pelo sigilo das informações, exige que o profissional de Contabilidade, único responsável pela elaboração e transmissão de tais informações para os usuários afins, antes de tudo, cumpra um código de procedimentos profissionais. Esse profissional, além de ser o responsável pela geração de toda informação contábil e extracontábil, tem como incumbência a busca da excelência em toda a empresa. Parafraseando Mattar (1997, p. 12), “[...] filosofar é o encontro consigo mesmo, com os nossos semelhantes, com os fatos e os objetos que nos rodeiam, com Deus e a dimensão do tempo e da eternidade [...]. Filosofar é procurar o sentido da vida”, ou seja, filosofar faz parte da essência e da condição humana. Dessa forma, é a partir do ato de filosofar que também os conflitos derivados do relacionamento entre os homens no âmbito profissional poderão ser resolvidos, cabendo somente à ética resolver esta situação. Então, evita-se a dominação do homem sobre a natureza, em outras palavras, a dominação do homem sobre o próprio homem. A aplicação da ética dependerá de cada profissional, em face às situações que enfrenta e sua vocação em bem servir, em ajudar um grupo de trabalho e a humanidade. Depois de ética, estudamos outro tópico de fundamental importância para o novo contador: a ciência atuarial, que permite aos contadores auxiliar a empresa na maximização dos resultados, desde que conheçam pelo menos alguns aspectos dessa ciência, como os principais termos, a diferença entre jogos e seguros, engenharia e legislação de seguros, demografia e comutações e Seguros Dotais (Previdência Privada), a fim de entender o trabalho do atuário. Dizem que uma aula tem um início, mas nunca tem fim, não acaba. Nesse sentido, o objetivo do estudo de Tópicos de Atuação Profissional não é esgotar o assunto, mas sim que você se sinta preparado e inspirado 168 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Unidade II para, como foi mencionado na apresentação deste livro, ter condições de efetivamente traçar um planejamento para o seu trabalho envolvendo essas questões avançadas da profissão contábil. Temos a certeza de que as questões ambientais, éticas e atuariais já estão no nosso contexto. Pense em usar tais questões para se destacar como profissional e dar uma contribuição positiva para o seu trabalho e para a sociedade. É o que todos nós esperamos. Exercícios Questão 1. (Enade 2004, adaptada) Leia a charge e responda ao solicitado: A charge de Millôr aponta para: A) o desrespeito às relações profissionais. B) o predomínio do econômico sobre o ético. C) a persuasão como estratégia de convencimento. D) a defesa das convicções políticas. E) a fragilidade dos princípios morais. Resposta correta: alternativa E. 169 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: não se pode afirmar que a charge oferece informações acerca do desrespeito às relações profissionais. B) Alternativa incorreta. Justificativa: da conversa entre os personagens não se pode afirmar que estão tratando de questões econômicas. C) Alternativa incorreta. Justificativa: não há estratégia de convencimento na fala dos personagens, mas sim algo que remete à promessa. D) Alternativa incorreta. Justificativa: não se pode afirmar tratar de assunto de política. E) Alternativa correta. Justificativa: como um dos personagens supõe, algum dia, poder abrir mão de suas convicções, denota que os princípios morais sejam frágeis. Questão 2. Considerando a demografia como um dos pilares dos seguros e previdência, assinale a alternativa que corresponda à ciência que estuda a hereditariedade sob o ponto de vista científico: A) Genealogia. B) Eugenia. C) Biometria. D) Antropometria. E) Patometria. Resolução desta questão na plataforma. 170 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 FIGURAS E ILUSTRAÇÕES Figura 2 JANCOVICI, J. M. What was there in the famous “Report to the Club of Rome”? 2011. Disponível em: <http://www.manicore.com/anglais/documentation_a/club_rome_a.html>. Acesso em: 30 ago. 2013. Figura 3 BARBIERI, J. C. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 22. Figura 4 BARBIERI, J. C. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 85. Figura 6 LAVILLE, E. A empresa verde. São Paulo: Õte, 2009. p. 192. Figura 8 RESENTE NETO, A. Sustentabilidade, água virtual e pegada hídrica: um estudo exploratório no setor bioenergético. 2011. 81 f. Mestrado (Pós-Graduação) – Curso de Engenharia da Produção, Departamento de Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011.p. 29. Figura 10 EDWARDS, B. O guia básico da sustentabilidade. Barcelona: GG – Gustavo Gilli, 2005. p. 89. Figura 11 EDWARDS, B. O guia básico da sustentabilidade. Barcelona: GG – Gustavo Gilli, 2005. p. 89. Figura 12 EDWARDS, B. O guia básico da sustentabilidade. Barcelona: GG – Gustavo Gilli, 2005. p. 163. Figura 13 EDWARDS, B. O guia básico da sustentabilidade. Barcelona: GG – Gustavo Gilli, 2005. p. 74. 171 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Figura 14 EDWARDS, B. O guia básico da sustentabilidade. Barcelona: GG – Gustavo Gilli, 2005. p. 75. Figura 15 PAIVA, P. R. Contabilidade ambiental: evidenciação dos gastos ambientais com transparência e focada na prevenção. São Paulo: Atlas, 2003. p. 27. Figura 16 VOLUBILIS-HOUSE-OF-ORPHEUS-MOSAIC_L.JPG. Disponível em: <http://foter.com/f/photo/3198197102 /5e0e3198e2/>. Acesso em: 5 set. 2013. Figura 17 KASSAI, J. R. et al. Balanço das nações: uma reflexão sob o cenário das mudanças climáticas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CUSTOS, 15., 2008, Curitiba. Anais... Disponível em: <http://www. negociosustentavel.com/imagens/editor/negocio_140605.pdf>. Acesso em: 3 set. 2013. p. 2. Figura 18 MILLER G. T.; SPOOLMAN, S. E. Ecologia e sustentabilidade. São Paulo: Cengage Learning, 2012. p. 22. Figura 19 KASSAI, J. R. et al. Balanço das nações: uma reflexão sob o cenário das mudanças climáticas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CUSTOS, 15., 2008, Curitiba. Anais... Disponível em: <http://www. negociosustentavel.com/imagens/editor/negocio_140605.pdf>. Acesso em: 3 set. 2013. p. 10. Figura 20 KASSAI, J. R. et al. Balanço das nações: uma reflexão sob o cenário das mudanças climáticas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CUSTOS, 15., 2008, Curitiba. Anais... Disponível em: <http://www. negociosustentavel.com/imagens/editor/negocio_140605.pdf>. Acesso em: 3 set. 2013. p. 24. Figura 21 KASSAI, J. R. et al. Balanço das nações: uma reflexão sob o cenário das mudanças climáticas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CUSTOS, 15., 2008, Curitiba. Anais... Disponível em: <http://www. negociosustentavel.com/imagens/editor/negocio_140605.pdf>. Acesso em: 3 set. 2013. p. 24. 172 CC TB - R ev isã o: L uc as /C ris tin a- D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 09 /2 01 3 Figura 22 KASSAI, J. R. et al. Balanço das nações: uma reflexão sob o cenário das mudanças climáticas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CUSTOS, 15., 2008, Curitiba. Anais... Disponível em: <http://www. negociosustentavel.com/imagens/editor/negocio_140605.pdf>. Acesso em: 3 set. 2013. p. 24. Figura 24 CORDEIRO FILHO, A. Cálculo atuarial aplicado: teoria e aplicações. Exercícios resolvidos e propostos. São Paulo: Atlas, 2009. p. 16. Figura 25 A01130.JPG. Disponível em: <http://www.mpas.gov.br/90Anos/objetos.html>. Acesso em: 3 set. 2013. p. 24. Figura 26 CORDEIRO FILHO, A. Cálculo atuarial aplicado: teoria e aplicações. Exercícios resolvidos e propostos. São Paulo: Atlas, 2009. p. 83. REFERÊNCIAS Audiovisuais PAUL Bunyan. Dir. Les Clark. Califórnia, USA: Walt Disney Pictures, 1958. 17 minutos. Textuais ABBAGNANO, N. Dicionário de filosofia. 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