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82 Unidade III Unidade III 7 PLANO DE CONTAS APLICADO AO SETOR PÚBLICO Partindo da definição dada pelo MCASP (BRASIL, 2019), plano de contas é a estrutura básica da escrituração contábil, formada por uma relação padronizada de contas contábeis, que permite o registro contábil dos atos e fatos praticados pela entidade de maneira padronizada e sistematizada, bem como a elaboração de relatórios gerenciais e demonstrações contábeis de acordo com as necessidades de informações dos usuários. Com base nessa definição, podemos entender que o plano de contas aplicado ao setor público (PCASP) é a relação padronizada das contas contábeis do setor público de forma a evidenciar com qualidade os fenômenos patrimoniais e a busca por um tratamento contábil padronizado dos atos e fatos administrativos no âmbito do setor público com abrangência nacional, cuja metodologia, estrutura, regras, conceitos e funcionalidades permitam a obtenção de dados que atendessem aos diversos usuários da informação contábil. No MCASP (BRASIL, 2019) é dito que a finalidade do PCASP é a padronização da forma de registro contábil para a extração de informações a esses usuários e tem como objetivos: • Padronizar os registros contábeis das entidades do setor público. • Distinguir os registros de natureza patrimonial, orçamentária e de controle. • Atender à administração direta e à administração indireta das três esferas de governo, inclusive quanto às peculiaridades das empresas estatais dependentes e dos Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS). • Permitir o detalhamento das contas contábeis, a partir do nível mínimo estabelecido pela STN, de modo que possa ser adequado às peculiaridades de cada ente. • Possibilitar a consolidação nacional das contas públicas. • Proporcionar a elaboração das Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público (DCASP) e dos demonstrativos do Relatório Resumido de Execução Orçamentária (RREO) e do Relatório de Gestão Fiscal (RGF). • Viabilizar a adequada prestação de contas, o levantamento das estatísticas de finanças públicas, a elaboração de relatórios nos padrões adotados por organismos internacionais – a exemplo do Government Finance Statistics Manual (GFSM) do Fundo Monetário Internacional (FMI), bem como o levantamento de outros relatórios úteis à gestão. 83 CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL • Contribuir para a adequada tomada de decisão e para a racionalização de custos no setor público. • Colaborar para a transparência da gestão fiscal e para o controle social. 7.1 PCASP A utilização do PCASP é obrigatória para todos os órgãos e entidades da administração direta e da administração indireta dos entes da federação, incluindo seus fundos, autarquias, inclusive especiais, fundações e empresas estatais dependentes. A utilização do PCASP é facultativa para as demais entidades. Prazo para implantação do PCASP Os entes e entidades obrigados a utilizar o PCASP tiveram o prazo de até o término do exercício de 2014 para alterarem seus planos de contas. A partir de 2015, a consolidação nacional das contas públicas passou a ser realizada seguindo o novo padrão. O PCASP é atualizado anualmente e publicado exclusivamente na internet para uso obrigatório no exercício seguinte. Estrutura e natureza da informação contábil A metodologia utilizada para a estruturação do PCASP foi a segregação das contas contábeis em grandes grupos de acordo com as características dos atos e fatos nelas registrados. Essa metodologia permite o registro dos dados contábeis de forma organizada e facilita a análise das informações de acordo com sua natureza. O PCASP está estruturado de acordo com as seguintes naturezas das informações contábeis: • Natureza de informação orçamentária: registra, processa e evidencia os atos e os fatos relacionados ao planejamento e à execução orçamentária. • Natureza de informação patrimonial: registra, processa e evidencia os fatos financeiros e não financeiros relacionados com a composição do patrimônio público e suas variações qualitativas e quantitativas. • Natureza de informação de controle: registra, processa e evidencia os atos de gestão cujos efeitos possam produzir modificações no patrimônio da entidade do setor público, bem como aqueles com funções específicas de controle. O que hoje é designado de natureza de informação, no passado era chamado de subsistema de informação e constitui um sistema de informação que pode ser comparado a um grande e complexo 84 Unidade III banco de dados, com o objetivo de consolidar os dados (registros) e gerar as informações (demonstrações) segundo as mais diversas necessidades e características. O PCASP é dividido em oito classes, sendo as contas contábeis classificadas segundo a natureza das informações que evidenciam. Quadro 8 – PCASP Natureza da informação Classes Patrimonial 1. Ativo 2. Passivo 3. Variações patrimoniais diminutivas 4. Variações patrimoniais aumentativas Orçamentária 5. Controles da aprovação do planejamento e orçamento 6. Controles da execução do planejamento e orçamento Controle 7. Controles devedores 8. Controles credores Fonte: Brasil (2019, p. 383). Saiba mais Para acessar os planos de contas aplicado ao setor público, veja: SODRÉ, E. Plano de Contas Aplicado ao Setor Público – PCASP. Rondônia: Sefin, 2018. Disponível em: https://bit.ly/3B8EMbO. Acesso em: 5 dez. 2022. 7.2 Registro/lançamentos contábeis O registro contábil deve ser feito pelo método das partidas dobradas e os lançamentos devem debitar e creditar contas que apresentem a mesma natureza de informação. Assim, os lançamentos estarão fechados dentro das classes 1 a 4 ou das classes 5 e 6 ou 7 e 8: • Lançamentos de natureza patrimonial: apenas debitam e creditam contas das classes 1, 2, 3 e 4. • Lançamentos de natureza orçamentária: apenas debitam e creditam contas das classes 5 e 6. • Lançamentos de natureza de controle: apenas debitam e creditam contas das classes 7 e 8. As contas contábeis do PCASP são identificadas por códigos com 7 níveis de desdobramento, compostos de 9 dígitos, de acordo com a seguinte estrutura: 85 CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL 1º Nível - Classe (1 dígito) 2º Nível - Grupo (1 dígito) 3º Nível - Subgrupo (1 dígito) 4º Nível - Título (1 dígito) 5º Nível - Subtítulo (1 dígito) 6º Nível - Item (2 dígito) 7º Nível - Subitem (2 dígito) X . X . X . X . X . XX . XX Figura 9 O PCASP possui a seguinte estrutura básica, em nível de classe (1º nível) e grupo (2º nível). Quadro 9 PCASP 1 – Ativo 1.1 – Ativo circulante 1.2 – Ativo não circulante 2 – Passivo e patrimônio líquido 2.1 – Passivo circulante 2.2 – Passivo não circulante 2.3 – Patrimônio líquido 3 – Variação patrimonial diminutiva 3.1 – Pessoal e encargos 3.2 – Benefícios previdenciários e assistenciais 3.3 – Uso de bens, serviços e consumo de capital fixo 3.4 – Variações patrimoniais diminutivas financeiras 3.5 – Transferências e delegações concedidas 3.6 – Desvalorização e perda de ativos e incorporação de passivos 3.7 – Tributárias 3.8 – Custo das mercadorias vendidas, dos produtos vendidos e dos serviços prestados 3.9 – Outras variações patrimoniais diminutivas 4 – Variação patrimonial aumentativa 4.1 – Impostos, taxas e contribuições de melhoria 4.2 – Contribuições 4.3 – Exploração e venda de bens, serviços e direitos 4.4 – Variações patrimoniais aumentativas financeiras 4.5 – Transferências e delegações recebidas 4.6 – Valorização e ganhos com ativos e desincorporação de passivos 4.9 – Outras variações patrimoniais aumentativas 5 – Controles da aprovação do planejamento e orçamento 5.1 – Planejamento aprovado 5.2 – Orçamento aprovado 5.3 – Inscrição de restos a pagar 6 – Controles da execução do planejamento e orçamento 6.1 – Execução do planejamento 6.2 – Execução do orçamento 6.3 – Execução de restos a pagar 7 – Controles devedores 7.1 - Atos potenciais 7.2 - Administração financeira 7.3 - Dívidaativa 7.4 - Riscos fiscais 7.5 - Consórcios públicos 7.8 - Custos 7.9 - Outros controles 8 – Controles credores 8.1 – Execução dos atos potenciais 8.2 – Execução da administração financeira 8.3 – Execução da dívida ativa 8.4 – Execução dos riscos fiscais 8.5 – Execução dos consórcios públicos 8.8 – Apuração de custos 8.9 – Outros controles Fonte: Brasil (2019, p. 384). 86 Unidade III Dessa forma os registros podem gerar lançamentos em uma única natureza de informação ou em várias simultaneamente. As naturezas de informação são integradas entre si, mas o sistema de partidas dobradas deve ser apurado em cada natureza individualmente, ou seja, não pode haver um débito em uma natureza com a contrapartida em outra natureza. Por exemplo um lançamento na conta de Ativo (classe 1 – natureza de informação patrimonial) não pode ter como contrapartida uma conta de Receita Realizada (classe 6 – natureza de informação orçamentária), pois são contas de natureza de informação diferentes. Então para se fazer o lançamento dos eventos econômicos é necessário identificar minimamente em que estágio (fase), seja da receita ou da despesa, o evento se encontra e quais as naturezas de informação serão impactadas. Vejam alguns exemplos: a) Lançamento da fixação de despesas irá gerar um registrado de natureza de informação orçamentária e de controle, pois se encontra no estágio de fixação da despesa fase. Quadro 10 – Na previsão Natureza da informação: orçamentária D 5.2.x.x.x.xx.xx Orçamento aprovado C 6.2.x.x.x.xx.xx Execução do orçamento b) Lançamento do pagamento de uma dívida concomitante à execução orçamentária (todas as fases), irá gerar registros de natureza orçamentária, patrimonial e de controle. Quadro 11 – No empenho Natureza da informação: orçamentária D 6.2.x.x.x.xx.xx Crédito disponível C 6.2.x.x.x.xx.xx Crédito empenhado a liquidar Natureza da informação: orçamentária D 6.2.x.x.x.xx.xx Crédito empenhado a liquidar C 6.2.x.x.x.xx.xx Crédito empenhado em liquidação Natureza da informação: controle D 8.2.x.x.x.xx.xx Exec. adm. financeira – disp. por destin. de recursos (DDR) C 8.2.x.x.x.xx.xx Exec. adm. financeira – DDR comprometida por empenho 87 CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL Quadro 12 – Na liquidação Natureza da informação: orçamentária D 5.2.x.x.x.xx.xx Crédito empenhado em liquidação C 6.2.x.x.x.xx.xx Crédito empenhado liquidado a pagar Natureza da informação: controle C 8.2.x.x.x.xx.xx Exec. adm. financeira – DDR comprometida por empenho C 8.2.x.x.x.xx.xx Exec. adm. financeira – DDR comprometida por liquidação Quadro 13 – No pagamento Natureza da informação: patrimonial D 2.1.x.x.x.xx.xx Passivo circulante – empréstimos e financiamento C 1.1.x.x.x.xx.xx Ativo circulante – caixa e equivalente Natureza da informação: orçamentária C 6.2.x.x.x.xx.xx Crédito empenhado liquidado a pagar C 6.2.x.x.x.xx.xx Crédito empenhado liquidado pago Natureza da informação: controle D 8.2.x.x.x.xx.xx Exec. adm. financeira – disp. por destin. de recursos (DDR) C 8.2.x.x.x.xx.xx Exec. adm. financeira – DDR – recursos disponíveis c) Lançamento de arrecadação pelo recebimento de recursos do Fundeb, irá gerar registros de natureza orçamentária, patrimonial e de controle. Quadro 14 – Na arrecadação Natureza da informação: orçamentária D 6.2.x.x.x.xx.xx Receita a realizar C 6.2.x.x.x.xx.xx Receita realizada Natureza da informação: patrimonial D 1.1.x.x.x.xx.xx Ativo circulante – caixa e equivalente C 4.5.x.x.x.xx.xx VPA – transferências e delegações recebidas Natureza da informação: controle D 7.2.1.1.x.xx.xx Controle da disponibilidade por destino de recursos (DDR) C 8.2.1.1.2.1x.xx Disponibilidade por destino de recursos 88 Unidade III 8 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS APLICADAS AO SETOR PÚBLICO A contabilidade deve proceder aos registros de todos os eventos econômicos que ocorrem durante o exercício, sejam eles referentes à execução do orçamento, à movimentação financeira e patrimonial ou devidos controles e aos demais registros que provocam ou possam vir a provocar alterações no patrimônio da entidade pública. Todos esses registros são acumulados na forma de dados e informações fazendo que surja a necessidade de se demonstrar em relatórios periódicos, conforme a necessidade do usuário. Em uma visão estritamente contábil, tais relatórios são as Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público (DCASP), que têm como objetivo padronizar os conceitos, as regras e os procedimentos relativos às demonstrações contábeis do setor público a serem observados pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, permitindo a evidenciação e a consolidação das contas públicas em âmbito nacional, em consonância com os procedimentos do Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP). A Lei n. 4.320/1964 (BRASIL, 1964), dispõe sobre as demonstrações contábeis em seus artigos 101 a 106 e apresenta a estrutura para tais demonstrativos em seus anexos. Além da legislação citada, o tema é abordado na NBC TSP 11 – Apresentação das Demonstrações Contábeis. Assim, conjugando as disposições legais e aquelas contidas na NBC TSP 11, pode-se dizer que compõem o conjunto de Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público (DCASP): • balanço patrimonial; • demonstração das variações patrimoniais; • demonstração das mutações do patrimônio líquido; • demonstração dos fluxos de caixa; • balanço orçamentário; • balanço financeiro; • notas explicativas, compreendendo a descrição sucinta das principais políticas contábeis e outras informações elucidativas; • informação comparativa com o período anterior. Para que o aluno tenha uma noção das peculiaridades das DCASP, a seguir eles serão apresentados de forma separada e com alguns detalhes. 89 CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL Lembrete As demonstrações contábeis são parte integrante dos relatórios contábeis de propósito geral (RCPG). 8.1 Balanço orçamentário A Lei n. 4.320/1964 prevê a elaboração do balanço orçamentário e dispõe que ele demonstrará as receitas e despesas previstas em confronto com as realizadas. O balanço orçamentário é composto de: • Quadro principal, contendo as receitas e despesas do exercício fiscal. • Quadro da execução dos restos a pagar não processados. • Quadro da execução dos restos a pagar processados. O balanço orçamentário demonstrará as receitas detalhadas por categoria econômica e origem, especificando a previsão inicial, a previsão atualizada para o exercício, a receita realizada e o saldo, que corresponde ao excesso ou déficit de arrecadação. Demonstrará, também, as despesas por categoria econômica e grupo de natureza da despesa, discriminando a dotação inicial, a dotação atualizada para o exercício, as despesas empenhadas, as despesas liquidadas, as despesas pagas e o saldo da dotação. Para a elaboração do balanço orçamentário, utiliza-se as contas e grupos de contas do Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP) da: • Classe 5 (Orçamento Aprovado), Grupo 2 (Previsão da Receita e Fixação da Despesa). • Classe 6 (Execução do Orçamento), Grupo 2 (Realização da Receita e Execução da Despesa). 8.1.1 Quadro principal O quadro principal apresentará as receitas e despesas previstas em confronto com as realizadas. As receitas e despesas serão apresentadas conforme a classificação por natureza. No caso da despesa, a classificação funcional também será utilizada complementarmente à classificação por natureza. 90 Unidade III Figura 10 Fonte: Brasil (2019, p. 416-418). 91 CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL Quadro de execução de restos a pagar não processados Neste quadro, deverão ser informados os restos a pagar não processados inscritos até o exercício anterior e suas respectivas fases de execução. Os restos a pagar inscritos na condição de não processados que tenham sido liquidados em exercício anterior ao de referência deverão compor o quadro da execução de restos a pagar processados. Figura11 Fonte: Brasil (2019, p. 418). 8.1.2 Quadro de execução de restos a pagar processados Aqui deverão ser informados os restos a pagar processados inscritos até o exercício anterior nas respectivas fases de execução. Deverão ser informados, também, os restos a pagar inscritos na condição de não processados que tenham sido liquidados em exercício anterior. O ente deverá, ao final do exercício, transferir os saldos de restos a pagar não processados liquidados para restos a pagar processados. Figura 12 Fonte: Brasil (2019, p. 419). 92 Unidade III 8.1.3 Quanto à apuração orçamentária (resultado orçamentário) O resultado orçamentário deriva da conjugação do resultado da arrecadação das receitas orçamentária e da execução da despesa orçamentária. O resultado orçamentário pode ser: • Superávit orçamentário ou superávit na execução: quando as receitas arrecadadas são superiores às despesas executadas. • Déficit orçamentário ou déficit de execução: quando as receitas arrecadadas forem menores que as despesas executadas. • Equilíbrio orçamentário: quando as receitas arrecadadas forem iguais às despesas executadas (dificilmente ocorre na prática). Com base no exposto e considerando os resultados orçamentários, podemos analisar seu desempenho em relação: Receita prevista = Receita arrecadada Receitas arrecadadas > Despesas executadas Despesas fixadas = Despesas executadas Receita prevista < Receita arrecadada Receitas arrecadadas < Despesas executadas Despesas fixadas > Despesas executadas Receita prevista > Receita arrecadada Receitas arrecadadas = Despesas executadas Às receitas Ao resultado orçamentário Às despesas Equilíbrio na execução da receita Superávit orçamentário Equilíbrio na execução da despesas Excesso (superávit) de arrecadação Déficit orçamentário Economia orçamentária Insuficiência (déficit) de arredação Equilíbrio orçamentário Figura 13 Exemplo de aplicação Apurar o resultado orçamentária com base nos registros contábeis de uma autarquia da qual foi extraído os seguintes dados: 93 CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL Tabela 2 Receita prevista – capital 110.000 Receita prevista – corrente 90.000 Despesas fixadas – capital 120.000 Despesas fixadas – corrente 80.000 Receita arrecadada – capital 120.000 Receita arrecadada – corrente 70.000 Despesas executadas – capital 115.000 Despesas executadas – corrente 80.000 Primeiro deve-se segregar as receitas arrecadas e as despesas executadas. Tabela 3 Receita arrecadada – capital 120.000 Receita arrecadada – corrente 70.000 Despesas executadas – capital 115.000 Despesas executadas – corrente 80.000 Agora fazer a apuração entre esses valores. Tabela 4 Receita arrecadada – capital 120.000 Despesas executadas – capital 115.000 Receita arrecadada – corrente 70.000 Despesas executadas – corrente 80.000 Total das receitas arrecadadas 190.000 Total das despesas executadas 195.000 Demonstrando que as despesas são maiores que as receitas fazendo que o resultado orçamentário seja um déficit orçamentário de R$ 5 mil. Receita arrecadadas = 190.000 menor que Despesas executadas = 195.000 Déficit orçamentário = 5.000 Figura 14 Outras análises de desempenho poderiam ser realizadas com esses dados, como, por exemplo: Receita prevista - capital = 110.000 menor que Receitas arrecadadas - capital = 120.000 Despesas fixadas - capital = 120.000 menor que Despesas fixadas - capital = 150.000 Excesso (superávit) de arrecadação de capital = 10.000 Economia orçamentária de capital = 5.000 Figura 15 94 Unidade III Observação Não pode a despesa fixada ser menor que a despesa executada, em função da disposição constitucional de que a despesa empenhada tem como limite os créditos orçamentários e adicionais aprovados pelo legislativo. 8.2 Balanço financeiro O balanço financeiro evidencia as receitas e despesas orçamentárias, bem como os ingressos e dispêndios extraorçamentários, conjugados com os saldos de caixa do exercício anterior e os que se transferem para o início do exercício seguinte. O balanço financeiro é composto de um único quadro que evidencia a movimentação financeira das entidades do setor público, demonstrando: • A receita orçamentária realizada e a despesa orçamentária executada, por fonte/destinação de recurso, discriminando as ordinárias e as vinculadas. • Os recebimentos e os pagamentos extraorçamentários. • As transferências financeiras recebidas e concedidas, decorrentes ou independentes da execução orçamentária, destacando os aportes de recursos para o RPPS. • O saldo em espécie do exercício anterior e para o exercício seguinte. Possibilitando, dessa forma, a apuração do resultado financeiro do exercício, o qual pode ser efetuado de dois modos: Quadro 15 Modo 1 Saldo em espécie para o exercício seguinte (-) Saldo em espécie do exercício anterior = Resultado financeiro do exercício Modo 2 Receitas orçamentárias (+) Transferências financeiras recebidas (+) Recebimentos extraorçamentários (-) Despesa orçamentária (-) Transferências financeiras concedidas (-) Pagamentos extraorçamentários = Resultado financeiro do exercício Fonte: Brasil (2019, p. 426). 95 CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL Para a elaboração do balanço financeiro utiliza-se as seguintes classes do Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP): • Classes 1 (ativo) e 2 (passivo) para os recebimentos e pagamentos extraorçamentários de depósitos restituíveis e valores vinculados, saldo em espécie do exercício anterior e saldo em espécie para o exercício seguinte. • Classe 3 (variações patrimoniais diminutivas) para as transferências financeiras concedidas. • Classe 4 (variações patrimoniais aumentativas) para as transferências financeiras recebidas. • Classe 5 (orçamento aprovado) para a inscrição de restos a pagar. • Classe 6 (execução do orçamento) para a receita orçamentária, despesa orçamentária e pagamento de restos a pagar. 96 Unidade III Figura 16 Fonte: Brasil (2019, p. 431-432). É importante notar que os valores inscritos em restos a pagar no exercício serão lançados na coluna de ingressos, mais especificamente nos recebimentos extraorçamentários. Esse lançamento tende a anular o efeito da consideração dos restos a pagar como despesas do exercício, já que as despesas, para fins de resultado, são consideradas aquelas empenhadas e não as despesas pagas. Já os valores de restos a pagar, que estarão na coluna de dispêndios, mais especificamente nos pagamentos extraorçamentários, são referentes aos valores pagos de restos a pagar que foram inscritos em exercícios anteriores. Lembrete No balanço financeiro, o saldo em caixa do exercício anterior é demonstrado como ingresso e o saldo em caixa para exercício seguinte é exibido nos dispêndios. 97 CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL 8.3 Balanço patrimonial O balanço patrimonial demonstra os bens, direitos, obrigações e patrimônio líquido da entidade em determinado momento. O patrimônio líquido é também chamado de situação líquida e, no modelo apresentado no Anexo 14 da Lei n. 4.320/1964, é denominado de ativo real e representa a diferença entre o valor dos bens mais os direitos menos as obrigações da entidade. A Lei n. 4.320/1964 confere viés orçamentário ao balanço patrimonial ao separar o ativo e o passivo em dois grupos, financeiro e permanente, em função da dependência ou não de autorização legislativa ou orçamentária para realização dos itens que o compõem. A fim de atender aos novos padrões da contabilidade aplicada ao setor público (Casp), as estruturas das demonstrações contábeis contidas nos anexos da Lei n. 4.320/1964 foram alteradas pela Portaria STN n. 438/2012. Assim, de modo a atender às determinações legais e às normas contábeis vigentes, atualmente o Balanço Patrimonial é composto de: • Quadro principal. • Quadro dos ativos e passivos financeiros e permanentes. • Quadro das contas de compensação (controle). • Quadro do superávit/déficitfinanceiro. 8.3.1 Quadro principal No quadro principal tem-se a visão patrimonial como base para análise e registro dos fatos contábeis. O quadro principal do balanço patrimonial será elaborado utilizando-se a classe 1 (ativo) e a classe 2 (passivo e patrimônio líquido) do Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP). Os ativos e passivos serão apresentados em níveis sintéticos (3º nível, subgrupo, ou 4º nível, título). Os saldos das contas intragovernamentais deverão ser excluídos para viabilizar a consolidação das contas no ente. A NBC TSP 11 prevê a adoção das seguintes formas de apresentação dos ativos e passivos: • Segregação em ativos circulantes e não circulantes e passivos circulantes e não circulantes, sendo esse o modelo que deve ser adotado preferencialmente. • Apresentação baseada na liquidez, aplicável apenas quando proporcionar informação que seja mais relevante. Tal situação pode ocorrer, por exemplo, em instituições financeiras, pelo fato de que tais instituições não fornecem bens ou serviços dentro de ciclo operacional claramente identificável. 98 Unidade III Figura 17 Fonte: Brasil (2019, p. 439-440). 99 CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL 8.3.2 Quadro dos ativos e passivos financeiros e permanentes Este quadro apresenta os ativos e passivos financeiros e permanentes, de acordo com o disposto no art. 105 da Lei n. 4.320/1964. Será elaborado utilizando-se a classe 1 (ativo), a classe 2 (passivo e patrimônio líquido) do PCASP, bem como as contas que representem passivos financeiros, mas que não apresentam passivos patrimoniais associados, como as contas da classe 6 “crédito empenhado a liquidar” e “restos a pagar não processados a liquidar”. Os ativos e passivos financeiros e permanentes e o saldo patrimonial serão apresentados pelos seus valores totais. É facultativo o detalhamento dos saldos em notas explicativas. Figura 18 Fonte: Brasil (2019, p. 440). 8.3.3 Quadro das contas de compensação (controle) Este quadro apresenta os atos potenciais do ativo e do passivo a executar, que potencialmente podem afetar o patrimônio do ente. Os valores dos atos potenciais já executados não devem ser considerados. Será elaborado utilizando-se a classe 8 (controles credores) do PCASP. 100 Unidade III Figura 19 Fonte: Brasil (2019, p. 440-441). 8.3.4 Quadro do superávit/déficit financeiro Este quadro apresenta o superávit/déficit financeiro, apurado conforme o § 2º do art. 43 da Lei n. 4.320/1964. Será elaborado utilizando-se o saldo da conta 8.2.1.1.1.00.00 – Disponibilidade por Destinação de Recurso (DDR), segregado por fonte/destinação de recursos. Figura 20 Fonte: Brasil (2019, p. 441). 101 CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL 8.4 Demonstração das variações patrimoniais A Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP) evidenciará as alterações verificadas no patrimônio, resultantes ou independentes da execução orçamentária, e indicará o resultado patrimonial do exercício. O resultado patrimonial do período é apurado na DVP pelo confronto entre as variações patrimoniais quantitativas aumentativas e diminutivas. O valor apurado passa a compor o saldo patrimonial do balanço patrimonial (BP) do exercício. Este demonstrativo tem função semelhante à Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) do setor privado. Contudo, é importante ressaltar que a DRE apura o resultado em termos de lucro ou prejuízo líquido, como um dos principais indicadores de desempenho da entidade. Já no setor público, o resultado patrimonial não é um indicador de desempenho, mas um medidor do quanto o serviço público ofertado promoveu alterações quantitativas dos elementos patrimoniais. A DVP será elaborada utilizando-se as classes 3 (variações patrimoniais diminutivas) e 4 (variações patrimoniais aumentativas) do PCASP. De acordo a NBC TSP, a demonstração do resultado (aqui denominada demonstração das DVP) deve incluir itens que apresentam os seguintes valores do período contábil: • receita, correspondente às variações patrimoniais aumentativas; • despesa, correspondente às variações patrimoniais diminutivas; • parcela do resultado de coligadas e empreendimento controlado em conjunto mensurada pelo método da equivalência patrimonial; • ganhos ou perdas antes dos tributos reconhecidos na alienação de ativos ou pagamento de passivos relativos a operações em descontinuidade; • resultado do período. É importante ressaltar que a Demonstração do Resultado do Exercício apura o resultado em termos de lucro ou prejuízo líquido, como um dos principais indicadores de desempenho da empresa. Já no setor público, o resultado patrimonial não é um indicador de desempenho, mas um medidor do quanto o serviço público ofertado promoveu alterações quantitativas dos elementos patrimoniais. 102 Unidade III Figura 21 Fonte: Brasil (2019, p. 449). Observação Na demonstração das variações patrimoniais, as alterações verificadas no patrimônio consistem nas variações quantitativas e qualitativas. As variações quantitativas são decorrentes de transações no setor público que aumentam ou diminuem a situação líquida patrimonial. Já as variações qualitativas são decorrentes de transações no setor público que alteram a composição dos elementos patrimoniais sem afetar a situação líquida patrimonial. 103 CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL 8.5 Demonstração dos fluxos de caixa A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) apresenta as entradas e saídas de caixa e as classifica em fluxos operacional, de investimento e de financiamento, em que: • Atividades de financiamento são aquelas que resultam em mudanças no tamanho e na composição do capital próprio e no endividamento da entidade. • Atividades de investimento são as referentes à aquisição e à venda de ativos de longo prazo e de outros investimentos não incluídos em equivalentes de caixa. • Atividades operacionais são as atividades da entidade que não as de investimento e de financiamento. A soma dos três fluxos deverá corresponder à diferença entre os saldos iniciais e finais de caixa e equivalentes de caixa do exercício de referência. A DFC identificará: • as fontes de geração dos fluxos de entrada de caixa; • os itens de consumo de caixa durante o período das demonstrações contábeis; • o saldo do caixa na data das demonstrações contábeis. Para a elaboração da DFC, são utilizadas as contas da classe 6 (controles da execução do planejamento e orçamento) do Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP), com filtros pelas naturezas orçamentárias de receitas e despesas, bem como funções e subfunções, assim como outros filtros e contas necessárias para marcar a movimentação extraorçamentária que eventualmente transita pela conta caixa e equivalentes de caixa. A DFC é composta de: • quadro principal; • quadro de transferências recebidas e concedidas; • quadro de desembolsos de pessoal e demais despesas por função; • quadro de juros e encargos da dívida. 104 Unidade III Figura 22 – Quadro principal Fonte: Brasil (2019, p. 458-459). 105 CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL Figura 23 – Quadro de transferências recebidas e concedidas Fonte: Brasil (2019, p. 459). Figura 24 – Quadro de desembolsos de pessoal e demais despesas por função Fonte: Brasil (2019, p. 460). 106 Unidade III Figura 25 – Quadro de juros e encargos da dívida Fonte: Brasil (2019, p. 460). Saiba mais Para ver mais demonstrações contábeis, leia: SILVA, W. Demonstrações contábeis aplicadas ao setor público. Ceará: Conselho Regional de Contabilidade do Ceará, 2018. Disponível em: https://bit.ly/3unI1bw. Acesso em: 5 dez. 2022. 8.6 Demonstração das mutações no patrimônio líquido A Demonstração das Mutações no Patrimônio Líquido (DMPL) demonstrará a evolução (aumento ou redução) do patrimônio líquido da entidade durante um período. A DMPL é obrigatória para as empresas estatais dependentes constituídas sob a forma de sociedades anônimas e facultativa para os demais órgãos e entidadesdos entes da federação. A DMPL será elaborada utilizando-se o grupo 3 (patrimônio líquido) da classe 2 (passivo) do PCASP. Figura 26 Fonte: Brasil (2019, p. 464). 107 CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL 8.7 Notas explicativas Notas explicativas são informações adicionais às apresentadas nos quadros das DCASP e são consideradas parte integrante das demonstrações. Seu objetivo é facilitar a compreensão das demonstrações contábeis a seus diversos usuários. Portanto, devem ser claras, sintéticas e objetivas. Englobam informações de qualquer natureza exigidas pela lei, pelas normas contábeis e outras informações relevantes não suficientemente evidenciadas ou que não constam nas demonstrações. As notas explicativas devem ser apresentadas de forma sistemática. Cada quadro ou item a que uma nota explicativa se aplique deverá ter referência cruzada com a respectiva nota explicativa. A fim de facilitar a compreensão e a comparação das DCASP com as de outras entidades, sugere-se que as notas explicativas sejam apresentadas na seguinte ordem: • Informações gerais: — Natureza jurídica da entidade. — Domicílio da entidade. — Natureza das operações e principais atividades da entidade. — Declaração de conformidade com a legislação e com as normas de contabilidade aplicáveis. • Resumo das políticas contábeis significativas, por exemplo: — Bases de mensuração utilizadas, por exemplo: custo histórico, valor realizável líquido, valor justo ou valor recuperável. — Novas normas e políticas contábeis alteradas. — Julgamentos pela aplicação das políticas contábeis. • Informações de suporte e detalhamento de itens apresentados nas demonstrações contábeis pela ordem em que cada demonstração e cada rubrica sejam apresentadas. • Outras informações relevantes, por exemplo: — Passivos contingentes e compromissos contratuais não reconhecidos. 108 Unidade III — Divulgações não financeiras, tais como: os objetivos e políticas de gestão do risco financeiro da entidade; pressupostos das estimativas. — Reconhecimento de inconformidades que podem afetar a compreensão do usuário sobre o desempenho e o direcionamento das operações da entidade no futuro. — Ajustes decorrentes de omissões e erros de registro. 109 CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL Resumo Para a realização dos registros contábeis de forma que os atos e fatos da administração pública estejam sistematizados para a elaboração dos Registros Contábeis de Proposito Geral (RCPG) de acordo com as necessidades dos usuários, é preciso um plano de contas aplicado ao setor público com abrangência nacional que tenha como objetivo padronizar os registros, distinguir a natureza da informação, atender as três esferas de governo, permitir detalhamento de modo a cumprir peculiaridades de cada ente, possibilitar a elaboração da demonstrações contábeis aplicadas ao setor público (DCASP), contribuir para a adequada tomada de decisão, entre outros. O plano de contas aplicado ao setor público é estruturado segundo a natureza da informação contábil, assim dividido: natureza orçamentária, patrimonial e de controle. A natureza da informação patrimonial evidencia o ativo, o passivo, as variações aumentativas e diminutivas. Já a natureza da informação orçamentária evidencia os controles da aprovação e da execução do planejamento e orçamento, enquanto a natureza da informação de controle evidencia os controles devedores e credores. Os lançamentos devem ser realizados em conformidade com a técnica das partidas dobradas, em que precisa ser realizado apenas dentro da mesma natureza de informação. Porém um mesmo evento econômico pode ensejar lançamentos em mais de uma natureza de informação. As Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público (DCASP) devem evidenciar todos os eventos econômicos que provocaram ou possam vir a provocar alterações no patrimônio da entidade pública. A Lei n. 4.320/1964, assim como a NBC TSP 11, define o conjunto de demonstrações contábeis aplicadas ao setor público, as quais são: • balanço patrimonial; • demonstração das variações patrimoniais; • demonstração das mutações do patrimônio líquido; • demonstração dos fluxos de caixa; 110 Unidade III • balanço orçamentário; • balanço financeiro; • notas explicativas, compreendendo a descrição sucinta das principais políticas contábeis e outras informações elucidativas; • o balanço patrimonial deverá demonstrar os bens, diretos obrigações e patrimônio líquido da entidade pública em determinado momento. A demonstração das variações patrimoniais evidenciará as alterações no patrimônio resultante ou não da execução orçamentária e indicará o resultado patrimonial do exercício, sendo superávit para resultados positivos e déficit para os negativos. A demonstração das mutações do patrimônio líquido evidenciará o aumento e diminuição dos elementos que compõem o patrimônio líquido. O balanço orçamentário demonstrará as receitas e despesas orçamentárias previstas na lei orçamentária e a respectiva execução. O balanço financeiro evidenciará as receitas e despesas orçamentárias, bem como os ingressos e dispêndios extraorçamentário, conjugados com os saldos de caixa. As notas explicativas terão informações adicionais às apresentadas nos quadros das DCASP e são consideradas parte integrante das demonstrações, com o objetivo de facilitar a compreensão das demonstrações contábeis a seus diversos usuários. 111 CONTABILIDADE PÚBLICA E GOVERNAMENTAL Exercícios Questão 1. Em um determinado ano, o prefeito de uma cidade decidiu usar os recursos oriundos de outros exercícios para colocar de pé um plano de restruturação da cidade. Os recursos arrecadados em anos anteriores seriam usados para iniciar e concluir obras importantes. Neste cenário, o uso maciço de recursos oriundos de outros exercícios implicaria em: A) Déficit no balanço financeiro. B) Déficit no balanço orçamentário. C) Superávit no balanço financeiro. D) Superávit no balanço patrimonial. E) Déficit primário. Resposta correta: alternativa B. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: não é correto atribuir déficit ao balanço financeiro por uso de recursos provenientes de anos anteriores, ademais, neste tipo de balanço as receitas em caixa são consideradas em cada novo exercício que se inicia. B) Alternativa correta. Justificativa: no balanço orçamentário as despesas realizadas a partir de receitas que foram arrecadadas em períodos anteriores entram como despesa do exercício corrente sem a contraparte da receita, que foi arrecadada em exercícios anteriores, gerando, a depender da magnitude e de outras variáveis, um déficit orçamentário. C) Alternativa incorreta. Justificativa: o aumento de gastos com obras não tem relação com superávit do balanço financeiro da cidade, mesmo se os recursos provenientes para tais investimentos sejam provenientes de anos anteriores. D) Alternativa incorreta. Justificativa: o uso de recursos para obras e investimentos pode diminuir o balanço patrimonial do munícipio neste caso. O uso de receitas de exercícios anteriores, antes computados ao balanço patrimonial, tende a, coeteris paribus, trazer diminuição do balanço patrimonial. 112 Unidade III E) Alternativa incorreta. Justificativa: o uso de recursos de exercícios anteriores não afetará o cálculo de resultado primário do exercício corrente. Questão 2. “Equilíbrio orçamentário tem sido uma temática recorrente no país; 16 anos após a entrada da Lei de Responsabilidade Fiscal, a federação novamente se depara com uma séria ameaça à sustentabilidade fiscal de governos. Um “orçamento equilibrado”, no imaginário popular, é não gastar mais do que se arrecada (total de despesas igual ou menor que total de receitas) naquele ano. Contudo, o uso de “restos a pagar”, um tipo de mecanismo de carregamento de créditos e déficits entre períodos (carry-over ou déficit carry-over), ao transportar valores entre exercícios orçamentários, dificultaa gestão de tal equilíbrio e a obtenção de uma clara noção do resultado fiscal no governo.” Disponível em: https://bit.ly/34vYEUI. Acesso em: 5 dez. 2022. Para que os restos a pagar não se constituam em problemas mais sérios ao controle das contas públicas, existem instrumentos que inibem o seu uso de forma desmesurada, entre os quais podemos destacar: I – Nos dois últimos quadrimestres de cada mandato, é vedado ao poder público contrair dívida que não possa ser integralmente liquidada naquele ano. II – É vedado ao poder público a inscrição de restos a pagar que superem 5% da receita corrente líquida do exercício. III – É vedada a inscrição de restos a pagar sem que haja disponibilidade de caixa para este fim. IV – É vedado ao poder público a inscrição de restos a pagar liquidados no primeiro ano de mandato. Está(ão) correta(as) apenas: A) Afirmativa I. B) Afirmativas II e III. C) Afirmativa III. D) Afirmativas I e III. E) Afirmativas III e IV. Resposta correta: alternativa D. 113 Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. Justificativa: é vedado ao poder público a inscrição de restos a pagar nos dois últimos quadrimestres de cada mandato, conforme disposto no art. 42 da LC 101 de 2000. II – Afirmativa incorreta. Justificativa: não existe nenhum instrumento legal que impeça o Estado de realizar inscrição de restos a pagar que superem 5% da receita corrente líquido do exercício. III – Afirmativa correta. Justificativa: segundo o disposto no manual do Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFI), é vedado ao poder público a inscrição de restos a pagar que não tenham como contraparte a disponibilidade de caixa suficiente para este fim. IV – Afirmativa incorreta. Justificativa: não existe nenhum instrumento legal que impeça os gestores públicos de realizar inclusão de restos a pagar no primeiro ano de mandato. 114 REFERÊNCIAS Textuais ANGÉLICO, J. Contabilidade pública. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1994. ARAÚJO, I.; ARRUDA, D. O essencial da contabilidade pública: teoria e exercícios de concursos públicos resolvidos. São Paulo: Saraiva, 2009. ÁVILA, C. A.; BÄCHTOLD, C.; VIEIRA, S. J. Noções de contabilidade pública. Curitiba: IFSP, 2011. BERNARDO, F. D. Contabilidade pública. Florianópolis: IFSC, 2014. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível em: https://bit.ly/3iGVDf9. Acesso em: 5 dez. 2022. BRASIL. Decreto n. 15.783, de 8 de novembro de 1922. Rio de Janeiro, 1922. Disponível em: https://bit.ly/3VUwQ5E. Acesso em: 5 dez. 2022. BRASIL. Lei Complementar n. 101, de 4 de maio de 2000. Disponível em: https://bit.ly/3F7yv0S. Acesso em: 5 dez. 2022. BRASIL. Lei n. 4.320, de 17 de março de 1964. Disponível em: https://bit.ly/3VwWxtx. Acesso em: 5 dez. 2022. BRASIL. Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966. Disponível em: https://bit.ly/3FqpXDM. Acesso em: 5 dez. 2022. BRASIL. Lei n. 8.666, de 21 de junho de 1993. Disponível em: https://bit.ly/3BaZ4RR. Acesso em: 5 dez. 2022. BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em: https://bit.ly/3iFsl0q. Acesso em: 5 dez. 2022. BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria Especial de Fazenda. Secretária de Orçamento Federal. Manual Técnico de Orçamento – MTO. Brasília, 2020. Disponível em: https://bit.ly/3uparSf. Acesso em: 5 dez. 2022. BRASIL. Ministério da Fazenda. Portaria Interministerial n. 163, de 4 de maio de 2001. Dispõe sobre normas gerais de consolidação das Contas Públicas no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, e dá outras providências. Brasília, 2001. Disponível em: https://bit.ly/3VQIJd4. Acesso em: 5 dez. 2022. BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. Manual de contabilidade aplicada ao setor público (MCASP). Brasília: STN, 2018. Disponível em: https://bit.ly/3up6uNJ. Acesso em: 5 dez. 2022. 115 BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. Manual de contabilidade aplicada ao setor público – MCASP. Brasília: STN, 2019. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Manual de contabilidade do sistema CFC/CRCs. Brasília: CFC, 2009. COSTA, J. I. F. et al. Regime de competência aplicado ao setor público: análise no reconhecimento dos restos a pagar não processados e despesas de exercícios anteriores dos municípios brasileiros. Revista de Administração e Contabilidade da Unisinos, v. 10, n. 3, p. 240-253, 2013. CRUZ, F. et al. 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