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Fundamentos do Comércio Internacional Professor Dr. Marcos Aurélio Brambilla Diretor Geral Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino e Pós-graduação Daniel de Lima Diretor Administrativo Eduardo Santini Coordenador NEAD - Núcleo de Educação a Distância Jorge Van Dal Coordenador do Núcleo de Pesquisa Victor Biazon Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Projeto Gráfico e Editoração André Oliveira Vaz Revisão Textual Kauê Berto Web Designer Thiago Azenha UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Candido Berthier Fortes, 2177, Centro Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rua Pernambuco, 1.169, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 4 BR-376 , km 102, Saída para Nova Londrina Paranavaí-PR (44) 3045 9898 www.unifatecie.edu.br As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site ShutterStock FICHA CATALOGRÁFICA CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFATECIE. Credenciado pela Portaria N.º 527 de 10 de junho de 2020, publicada no D.O.U. em 15 de junho de 2020. Núcleo de Educação a Distância; BRAMBILLA, Marcos Aurélio. Fundamentos do Comércio Internacional. Marcos. Aurélio Brambilla. Paranavaí - PR.: UniFatecie, 2020. 77 p. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Zineide Pereira dos Santos. AUTOR Professor Dr. Marcos Aurélio Brambilla ● Doutor em Teoria Econômica pela UEM (Universidade Estadual de Maringá). ● Mestre em Economia Regional pela UEL (Universidade Estadual de Londrina). ● Bacharel em Ciências Econômicas pelo UniFCV (Centro Universitário Cidade Verde). ● Professor Mediador EAD no UniCesumar (Centro Universitário Cesumar). ● Professor de graduação no Instituto Adventista Paranaense (IAP). ● Professor de graduação no UniFCV (Centro Universitário Cidade Verde). ● Professor de pós-graduação no UniFCV (Centro Universitário Cidade Verde). ● Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/4609573696140389 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Seja muito bem-vindo(a)! Prezado(a) aluno(a), se você se interessou pelo assunto desta disciplina, isso já é o início de uma grande jornada que vamos trilhar juntos a partir de agora. Proponho, junto com você, construir nosso conhecimento sobre os fundamentos do comércio internacional. Além de conhecer seus principais conceitos e definições, vamos explorar fatos históricos e as mais diversas situações do comércio internacional presentes entre as nações. Na Unidade I começaremos a nossa jornada pela evolução das teorias do comér- cio internacional, partindo do contexto mercantilista. Essa noção é necessária para que possamos compreender o início das teorias de comércio internacional. E, assim, podemos trabalhar com a teoria das vantagens absolutas, teoria das vantagens comparativas e com os fatores específicos e modelo de Hecksher-Ohlin. Já na Unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos sobre os blocos econômicos. Para isso, vamos detalhar as políticas comerciais que podem ser adotadas pelos países e, por fim, serão apresentados os diferentes tipos de blocos econômicos e sua taxonomia. Depois, nas Unidades III e IV, vamos tratar especificamente das taxas de câmbio, regimes cambiais e das políticas macroeconômicas internacionais. Ao longo da Unidade III vamos destacar as diferentes taxas de câmbio, os regimes cambiais e como isso influencia o comércio com os demais países e, por fim, será apresentado o balanço de pagamentos e sua relação com as políticas comerciais. Na unidade IV vamos entender o papel da política macroeconômica internacional, das regulamentações econômicas e dos diferentes tipos de empresas no mundo globalizado. Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta jornada de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional. Muito obrigado e bom estudo! SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 6 Conceitos do Comércio Internacional UNIDADE II ................................................................................................... 23 Blocos Econômicos UNIDADE III .................................................................................................. 43 Taxas de Câmbio e Regimes Cambiais UNIDADE IV .................................................................................................. 59 A Política Macroeconômica Internacional 6 Plano de Estudo: • Conceitos de comércio internacional, teorias de comércio e sua evolução. • Vantagens absolutas. • Vantagens comparativas. • Fatores específicos e modelo de Hecksher-Ohlin. Objetivos de Aprendizagem: • Conceituar e contextualizar as teorias de comércio internacional. • Compreender os tipos de teorias de comércio internacional. • Estabelecer a importância das teorias de comércio internacional. UNIDADE I Conceitos do Comércio Internacional Professor Doutor Marcos Aurélio Brambilla 7UNIDADE I Conceitos do Comércio Internacional INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), bem-vindo(a) à primeira unidade da apostila. Vamos dar início ao estudo sobre os fundamentos do comércio internacional. Essa é uma área do conhecimento que estuda as teorias do comércio internacional. Estas têm grande importância por compreenderem as decisões de comércio dos países. No entanto, antes de iniciar o estudo das teorias do comércio internacional, foi abordado o período que antecede as teorias tradicionais do comércio internacional, período esse conhecido como Mercantilismo. Com o propósito de atingir o crescimento econômico da nação, o Mercantilismo foi um período no qual os países adotavam políticas de comércio internacional que tentavam proporcionar maiores ganhos com o comércio internacional. Após as ações verificadas no Mercantilismo, foram criadas as teorias desenvolvidas por autores clássicos. A primeira teoria foi desenvolvida por Adam Smith, a sua teoria foi chamada de teoria das vantagens absolutas, essa teoria falava basicamente que os países deveriam produzir o bem mais barato e importar o bem que era mais caro para produzir. A partir da teoria de vantagens absolutas, David Ricardo buscou melhorar essa teo- ria, criando a teoria das vantagens comparativas. Segundo essa teoria, os países deveriam se especializar na produção de bens em que possuíam vantagens comparativas, ou seja, os países deveriam produzir bens em que apresentavam maior produção ou menor custo relativamente. Em seguida, serão apresentadas as teorias neoclássicas, ou seja, as teorias mais modernas do comércio internacional, sendo o Teorema de Hechscher-Ohlin e, por fim, as extensões da teoria da vantagem comparativa, que foi abordada a economia de escala e a concorrência imperfeita no mercado internacional. Desejamos um ótimo estudo! 8UNIDADE I Conceitos do Comércio Internacional 1 CONCEITOS DE COMÉRCIO INTERNACIONAL, TEORIAS DE COMÉRCIO E SUA EVOLUÇÃO Olá, caro(a) aluno(a), neste tópico foram abordados conceitos sobre o comércio internacional e, antes de iniciar o estudo sobre as teorias do comércio internacional, é im- portante conhecer o período anterior à criação das teorias tradicionais do comércio interna- cional, com o intuito de saber como se deu a origem das teorias de comércio internacional, esse período é conhecido como Mercantilismo, portanto, vamos conhecer mais sobre esse período. A economia internacional teve início juntamente com o começo do Estado nacional moderno. O movimento de união das regiões e municípios nos Estados nacionais levou a uma integração política e econômica. A integração política contribuiu para o surgimento dos Estados absolutistas, ou seja, que centraliza o poder nas mãos de uma pessoa, assim as decisões eram tomadas pelos monarcas sem considerar a opinião da população. A união econômica deu início às práticas realizadas entreos Estados nacionais conhecidas como Mercantilismo (GONÇALVES, 1998). Segundo Salvatore (2000), o Mercantilismo surgiu entre os séculos XVII e XVIII, por meio de ensaios e panfletos que continham um tipo de filosofia econômica, escrita por banqueiros, comerciantes, filósofos e funcionários públicos. Desse modo, o Mercantilismo foi um período no qual os países praticavam políticas de comércio internacional na tentativa de obter maiores ganhos com o comércio internacional, assim, a partir desses preceitos, os Estados buscavam atingir o crescimento econômico da nação. 9UNIDADE I Conceitos do Comércio Internacional Para facilitar o entendimento de como funcionava as normas estabelecidas pelos mercantilistas, Brue (2006) apresenta algumas definições que representam esse período, sendo: o ouro e a prata como riqueza; a política protecionista; o nacionalismo; a colonização e a monopolização do comércio; a relevância de contar com uma grande de mão de obra; eram contrários a impostos ou qualquer outra restrição interna sobre o transporte de bens. Portanto, os mercantilistas consideravam que as nações ricas apresentavam uma grande quantidade de ouro e prata, ou seja, quanto maior o volume de metais preciosos, maior era a riqueza do Estado nacional. Além disso, adotavam políticas protecionistas, cobravam taxas de importação de matérias-primas e manufaturas que poderiam ser produ- zidos internamente e as importações de matérias primas que não poderiam ser produzidas internamente eram isentas de taxas. Para ser uma nação poderosa, deveria acumular riqueza por meio da exportação aos países próximos, pois, assim, poderiam colonizar outras nações para se tornar uma nação mais poderosa. Sendo que os benefícios adquiridos pelas colônias eram propriedade do país colonizador. Os mercantilistas também não eram a favor de cobranças de taxas internas ou outras restrições, essas cobranças poderiam prejudicar as empresas, levando ao aumento de preços das exportações e, consequentemente, a nação se tornaria menos competitiva no mercado internacional. Outra característica que os mercantilistas consideravam importante era uma grande população de trabalhadores, pois quanto maior a população maior era produção de bens para a exportação e, considerando os baixos salários dos trabalhadores, a nação apresen- tava significativos ganhos no comércio internacional com acumulação de metais preciosos advindo dos superávits que a nação apresentava devido às condições aqui apresentadas. Desse modo, conforme Gonçalves (1998), a política mercantilista tem o intuito de de- fender a presença de um monarca absoluto e contribuir com a integração econômica, jurídica e administrativa nacional e procura proteger o Estado nacional contra as ameaças externas. Os mercantilistas entendiam que, para uma nação ficar rica e poderosa, era ne- cessário vender mais para outras nações do que comprar, ou seja, a exportação deveria ser maior que a importação. Com o superávit da balança comercial, apresentaria maior entrada de ouro e prata na nação, pois acreditavam que quanto mais acumulassem de metais preciosos (ouro e prata), mais rica e poderosa seria a nação. Contudo, devido à limitação da existência de ouro e prata, não existiria a possibilidade de todas as nações apresentarem ganhos no comércio internacional. Para que uma nação acumulasse metais preciosos, outra nação deveria perder (SALVATORE, 2000). 10UNIDADE I Conceitos do Comércio Internacional 2 VANTAGENS ABSOLUTAS Considerando as políticas econômicas adotadas pelos mercantilistas, que tinham o propósito de aumentar o saldo da balança comercial, aumentando as exportações e diminuindo as importações, surgem questionamentos se o comércio internacional deveria se limitar a isso. Assim, conforme Salvatore (2000), a obra que marca o início da ciência econômica é intitulada de A Riqueza das Nações, de 1776, de Adam Smith. A partir dessa publicação, surge a teoria de comércio internacional. O argumento de Adam Smith para o comércio internacional é de que, para que duas nações comercializem produtos é necessário que as duas apresentem algum benefício. Se uma nação perdesse ou não apresentasse nenhum ganho, não haveria motivo para comercializar no mercado internacional (SALVATORE, 2000). O autor sugere, então, que, para existir o comércio internacional entre os países, é preciso que esse comércio seja mutuamente benéfico. Portanto foi criada a teoria das vantagens absolutas, que se refere ao comércio mutuamente benéfico, sendo que o país deve exportar o bem que apresentar maior vantagem absoluta e importar o bem que possuir menor vantagem absoluta. Desse modo, a análise pode ser realizada pela produtividade e pelo custo. Para a análise pela produtividade, para o produto que o país apresentar maior produção por unidade de trabalhador, o mesmo deve ser exportado e, o produto que o país apresentar menor produção deve importar. Para a análise do custo, o produto que apresentar menor 11UNIDADE I Conceitos do Comércio Internacional custo de produção o país deve exportar, e o bem que for mais caro a termos absolutos para produzir o país deve importar, haja vista que o comércio de duas nações nessas condições é mutuamente benéfico. A seguir é possível observar um exemplo numérico para a análise, em que será considerada a teoria das vantagens absolutas para a melhor compreensão dessa teoria. A Tabela 1 apresenta a produtividade e o custo de produzir soja e trigo no Brasil (BR) e nos Estados Unidos (EUA) para a análise de qual bem cada país deve exportar e importar conforme a teoria das vantagens absolutas. Tabela 1 - Teoria das vantagens absolutas Bens Produtividade (produção por horas de trabalho) Custo (horas de trabalho necessário para produzir 1kg) Países Soja Trigo Soja Trigo BR 2 1 2 4 EUA 1 2 4 2 Fonte: adaptado de Salvatore (2000). Pela análise da produtividade, a produção de soja por horas de trabalho é de 2 no Brasil, sendo que o custo de trabalho necessário para produzir 1 kg de soja é de 2, enquanto nos Estados Unidos a produção de soja por horas de trabalho é de 1, sendo que o custo de trabalho necessário para produzir 1 kg de soja é de 4. A produção de trigo por horas de trabalho é de 1 no Brasil, sendo que o custo de trabalho necessário para produzir 1 kg de soja é de 4, enquanto nos Estados Unidos a produção de trigo por horas de trabalho é de 2, sendo que o custo de trabalho necessário para produzir 1 kg de trigo é de 2. Como o custo de produzir soja no Brasil é menor e o custo de produzir trigo é menor nos Estados Unidos, Brasil e Estados Unidos deveriam se especializar na produção de soja e trigo, respectivamente. Assim, o Brasil deveria exportar soja e importar trigo e os Estados Unidos devem exportar trigo e importar soja. 12UNIDADE I Conceitos do Comércio Internacional 3 VANTAGENS COMPARATIVAS A contribuição da teoria do comércio internacional de Adam Smith é de grande importância. No entanto, a comercialização de dois bens entre dois países apresentará benefícios absolutos para ambos. Diante disso, é de suma importância a contribuição de David Ricardo com a teoria das vantagens comparativas. De acordo com Salvatore (2000), a teoria das vantagens comparativas é uma das mais relevantes teorias da economia até os dias de hoje, com aplicações empíricas. Podem ser verificadas, na teoria das vantagens comparativas de David Ricardo, algumas características, no qual devem ser levadas em consideração para a melhor com- preensão da teoria, sendo: a) O comércio de duas economias com diferenças em suas estruturas de produção. b) O único fator de produção é o trabalho. c) As duas nações produzem dois produtos. d) As economias apresentam diferenças no nível de tecnologia. e) São considerados rendimentos constantes de escala. f) Não é considerado custo de transporte. Para a melhor compreensão das característicasassociadas à teoria das vantagens comparativas, foi verificado mais a fundo cada uma delas. Conforme Gonçalves (1998), a primeira característica destaca que o comércio entre dois países é mutuamente benéfico, 13UNIDADE I Conceitos do Comércio Internacional ou seja, é preferível uma nação comercializar bens com outros países do que ser uma economia fechada, devido à diferença de produtividade do trabalho nas diferentes nações. A segunda e a terceira características apresentadas estão relacionadas, pois a segunda pressupõe que existe apenas o fator de produção trabalho, sendo necessário para a produção de dois bens em dois países (terceira característica). Desse modo, os países alocam uma quantidade de trabalho para a produção de cada bem e, a partir disso, realizar a análise (KRUGMAN; OBSTFELD, 2005). A quarta característica está relacionada às tecnologias das economias. De acordo com Krugman e Obstfeld (2005), o nível de tecnologia de cada nação é determinado pela produtividade do trabalho das indústrias, sendo que a produção é medida pela necessidade de cada unidade de trabalho. Outra característica diz respeito aos rendimentos constantes de escala, ela apre- senta que a produção não é alterada para cada hora de trabalho por trabalhador, ou seja, a produção de cada hora de trabalho será a mesma em todo o período (SALVATORE, 2000). Por fim, a sexta e última característica não considera o custo com transporte. Por- tanto, é pressuposto que a circulação de bens entre os países não apresenta taxas ou custos relacionados ao transporte das mercadorias entre os países, é considerado apenas o custo relacionado à quantidade de horas de trabalho por unidade de trabalho (KRUGMAN; OBSTFELD, 2005). Agora, a partir das características apresentadas, é possível definir o que seria a teoria das vantagens comparativas. Conforme Gonçalves (1998), a teoria ricardiana pode ser definida como a especialização de cada país no bem em que possui vantagens compa- rativas, ou seja, o país deve se especializar na produção de bens em que é mais eficiente. Desse modo, os países apresentam ganhos com o comércio internacional, com exceção de casos em que os países apresentarem custos relativos iguais entre os produtos. Essa teoria é um avanço da teoria das vantagens absolutas, pois dois países que apresentam dois bens devem apresentar para cada bem uma vantagem absoluta, caso não aconteça, pela teoria das vantagens absolutas não será benéfico. A teoria das vantagens comparativas mostra que, mesmo um país não apresentando vantagem absoluta em algum bem, o comércio pode ser benéfico. O comércio pode ser benéfico por meio da especiali- zação de bens em que o país apresente vantagem comparativa, ou seja, maior vantagem absoluta e importe bens em que não apresente vantagem relativa, ou seja, com menor vantagem absoluta. 14UNIDADE I Conceitos do Comércio Internacional Para verificar a teoria das vantagens comparativas em exemplos numéricos, exis- tem duas maneiras. Uma delas é por meio da produtividade de dois bens entre dois países, no qual utilizam a mesma quantidade de trabalho. Outro modo muito utilizado é pelo custo de produção, nesse caso, são analisados os custos para a mesma quantidade de produção em cada bem. É possível verificar no Quadro 1 um exemplo prático das vantagens comparativas pela produção, em que os bens são soja e trigo, sendo os países, A e B. Quadro 1 – Produção de soja e trigo nos países A e B Países A B Total Produção por trabalho hora Soja 10 5 15 Trigo 8 2 9 Total 13 11 24 Fonte: adaptado de Salvatore (2000, p. 20). Quando é verificada a quantidade que cada país produz de cada bem, deve ser calculada a produtividade relativa de cada bem para cada país. Para a soja, a produtividade relativa do país A (PRSA) é a relação entre a produção de soja por trabalho hora do país A (PSA) e a produção de soja por trabalho hora do país B (PSB). Para o trigo, a produtividade relativa do país A (PTA) é a relação entre a produção de trigo por trabalho hora do país A (PTA) e a produção de trigo por trabalho hora do país B (PTB). Para o país B é o inverso. Portanto, o procedimento foi apresentado a seguir. Para o bem soja: PRSA = PSA / PSB PRSB = PSB / PSA PRSA = 10 / 5 PRSB = 5 / 10 PRSA = 2 PRSB = 0,5 Para o bem trigo: PRTA = PTA / PTB PRTB = PTB / PTA PRTA = 8 / 2 PRTB = 2 / 8 PRTA = 4 PRTB = 0,25 Diante das estimações realizadas, percebemos que a maior produção relativa do país A é de trigo e a maior produção relativa do país B é de soja. Portanto, os países A e B devem se especializar na produção de trigo e soja, respectivamente. Sendo assim, foi apre- sentada no Quadro 2 a produção de cada país com as suas respectivas especializações na produção dos bens. 15UNIDADE I Conceitos do Comércio Internacional Quadro 2 – Produção de soja e trigo nos países A e B considerando suas especializações Países A B Total Produção por trabalho hora Soja - 10 10 Trigo 16 - 16 Total 16 10 26 Fonte: o autor. Conforme as produções apresentadas, o país A deve produzir 16 unidades de trigo e o país B deve produzir 10 unidades de soja. Quando comparado a produção total das duas economias, percebe-se que há um aumento da produção total dos bens, a produção das nações, sem a especialização, produz 24 unidades, enquanto a produção com especia- lização dos países, considerando suas vantagens comparativas, é de 26 unidades. A seguir foi apresentado, no Quadro 3, um exemplo prático para análise de custos da produção, em que foram apresentados os custos de algodão e tecido para os países Alfa e Beta. Quadro 3 – Custo para a produção de algodão e tecido nos países Alfa e Beta Países Alfa Beta Total Trabalho hora necessário para a produção de uma unidade Algodão 8 4 12 Tecido 15 6 21 Total 23 10 33 Fonte: adaptado de Salvatore (2000, p. 22). Em relação à análise dos custos relativos, foram identificados os custos de pro- dução de cada país para cada bem, em seguida deve ser calculado o custo relativo de cada bem para cada país. Para o algodão, o custo relativo do país Alfa (CRAA) é a relação entre o custo em trabalho hora de produzir uma unidade de algodão no país Alfa (CAA) e o custo em trabalho hora de produzir uma unidade de algodão no país Beta (CAB). Para o trigo, o custo relativo do país Beta (CRTA) é a relação entre o custo em trabalho hora de produzir uma unidade de tecido no país Alfa (CTA) e o custo em trabalho hora de produzir uma unidade de tecido no país Beta (CTB). Para o país B é o inverso. Desse modo, segue o procedimento: 16UNIDADE I Conceitos do Comércio Internacional Para o bem algodão: CRAA = CAA / CAB CRAB = CAB / CAA CRAA = 8 / 4 CRAB = 4 / 8 CRAA = 2 CRAB = 0,5 Para o bem tecido: CRTA = CTA / CTB CRTB = CTB / CTA CRTA = 15 / 6 CRTB = 6 / 15 CRTA = 2,5 CRTB = 0,4 A partir das estimações realizadas, verificamos que o menor custo relativo do país Alfa é de tecido e o menor custo relativo do país Beta, consequentemente, é de algodão. Portanto, os países Alfa e Beta devem se especializar na produção de tecido e algodão, respectivamente. Sendo assim, no Quadro 4 foram apresentados os custos de produção de cada país, com as suas respectivas especializações nos custos de produção dos bens. Quadro 4 – Produção de soja e trigo nos países A e B considerando suas especializações Países A B Total Trabalho hora necessário para a produção de uma unidade Algodão 16 - 12 Tecido - 12 16 Total 16 12 28 Fonte: o autor. Conforme os custos apresentados, para o país A, o custo para produzir uma unida- de de algodão é de 16 horas de trabalho e para o país B o custo para produzir uma unidade de tecido é de 12 horas de trabalho. Se comparar com o custo total das duas economias, percebe-se que ocorre uma redução do custo total dos bens. O custo das nações sem a especialização é de 33 horas de trabalho, enquanto o custo com especialização dos países considerando suas vantagens comparativasé de 28 horas de trabalho. Portanto, conforme os exemplos apresentados, a teoria das vantagens compara- tivas pode apresentar duas formas de análise, pela produtividade e pelo custo, mas que apresentam o mesmo objetivo: verificar quais produtos os países devem se especializar, levando em conta a produção do bem que cada nação é mais eficiente. 17UNIDADE I Conceitos do Comércio Internacional 4 FATORES ESPECÍFICOS E MODELO DE HECKSHER-OHLIN Vimos o modelo das vantagens comparativas que considerava como fator de pro- dução apenas o trabalho. Agora vamos conhecer o modelo conhecido como modelo de Hecksher-Ohlin, em que considera dois fatores de produção, trabalho (L) e terra (T). Nesse modelo é verificada a relação entre os fatores de produção nos países e a proporção em que são utilizados para a fabricação de diferentes bens, sendo assim, também é conhecido como teoria da proporção dos fatores. Desse modo, o modelo de Hecksher-Ohlin pode ser exposto da seguinte maneira: Uma nação exportará a commodity cuja produção exija a utilização intensiva do seu fator relativamente abundante e barato e importará a commodity cuja produção exija a utilização intensiva do seu fator relativamente escasso e raro. Em resumo, a nação relativamente rica em mão de obra exporta a commodity relativamente intensiva em mão de obra e importa a commodity relativamente intensiva em capital (SALVATORE, 2000, p. 96). Segundo Krugman e Obstfeld (2005), o modelo de Hecksher-Ohlin pode ser abor- dado a partir de sete pressupostos: 1. Os bens produzidos por uma nação são alimentos e roupas. 2. Para produzir os bens, são considerados dois fatores de produção que são escassos, sendo trabalho (L) e terra (T). 3. É considerada a concorrência perfeita nos mercados. 4. Para as nações pode ser constatado que a fabricação de alimentos é terra-in- tensiva e a fabricação de tecidos é trabalho-intensiva. 18UNIDADE I Conceitos do Comércio Internacional 5. Os países possuem os mesmos gostos e o mesmo nível de tecnologia. 6. As nações apresentam a mesma capacidade de produção com dois fatores de produção. 7. Foi considerado que o país local apresenta a relação entre trabalho e terra mais alta do que o país estrangeiro. Diante dos pressupostos apresentados, é possível obter uma melhor compreensão do modelo. A seguir é possível visualizar a quantidade de fatores de produção, trabalho e terra, empregadas, em que irá depender da quantidade disponível pela nação. Sendo que cada país escolhe se especializar na produção do bem em que o fator de produção é in- tensivo, nesse caso, foram apresentados os fatores de produção necessários para produzir alimento (Figura 1). Figura 1 - Possibilidades de insumos na produção de alimentos Fonte: adaptado de Krugman e Obstfeld (2005, p. 50). As informações da Figura 1 se referem à quantidade de cada fator de produção para a produção de uma unidade de alimento em uma economia. Conforme Krugman e Obstfeld (2005), em relação à diferença do modelo das vantagens comparativas, a respeito dos fatores de produção, ressalta-se que, com esse modelo, o produtor tem a possibilidade de alocar os fatores de produção da forma que preferir. Por exemplo, o produtor pode utilizar uma quantidade maior do insumo trabalho para produzir alimento, devido à necessidade de mais trabalhadores para a preparação do plantio de alimentos. Contudo, em uma análise da razão salário-renda da terra (w/r) em relação à razão terra-trabalho (T/L), é possível compreender melhor o quarto pressuposto apresentado 19UNIDADE I Conceitos do Comércio Internacional do modelo de Hecksher-Ohlin. Assim sendo, foi apresentada na Figura 2 essa relação, considerando a produção de tecidos e a produção de alimentos, representada pelas curvas TT e AA, respectivamente. Figura 2 - Preço de fatores e escolhas de insumos Fonte: adaptado de Krugman e Obstfeld (2005, p. 51). Na Figura 2 a curva TT representa a produção de tecidos, enquanto a curva AA representa a produção de alimentos, dado pela relação entre a razão salário-renda da terra e razão terra-trabalho. Pode ser observado que para qualquer nível de preços, para a pro- dução de alimentos sempre a relação terra-trabalho será maior que na produção de tecidos. Desse modo, verificamos a validade do quarto pressuposto do modelo, pois como a relação terra-trabalho é maior na produção de alimentos, a produção de alimentos é terra-intensiva e como a produção de tecidos é menor, a produção de tecidos é trabalho-intensiva. Considerando como funciona o comportamento da produção de cada economia, vamos avaliar como os países devem decidir em quais bens se especializarem, dado que podem escolher como alocar dois fatores de produção. Portanto, no modelo de Hecksher- -Ohlin, as nações apresentaram enfoque na produção de bens que contém maior abundân- cia de fatores de produção (KRUGMAN; OBSTFELD, 2005). Observe que a produção de alimentos é terra-intensiva e a produção de tecidos é trabalho-intensiva. Diante disso, o país que apresentar abundância no fator de produção terra deve se especializar na produção de alimento, exportar alimento e importar tecido. Por outro lado, os países que apresentarem abundância no fator de produção trabalho, deve se especializar na produção de tecido, exportar tecido e importar alimento. 20UNIDADE I Conceitos do Comércio Internacional De um modo geral, o modelo Hecksher-Ohlin apresenta informações para a melhor compreensão para cada nação e, posteriormente, para o comércio internacional. Sendo que possui aplicações para ambos os casos. SAIBA MAIS Na literatura científica existem aplicações de teorias econômicas como do modelo de Hechscher-Ohlin, um exemplo é o artigo intitulado Liberalização comercial, salários reais e emprego: uma aplicação do modelo de fatores específicos para o Brasil, de autoria de Frederico Hartmann de Souza, que apresenta o impacto da liberalização comercial no Brasil, usando o modelo de fatores específicos que se refere ao modelo de Hechscher- -Ohlin. O artigo está disponibilizado nos anais do Encontro Nacional de Economia por meio do link: http://www.anpec.org.br/novosite/br/encontro-2010. REFLITA O artigo Os Efeitos do Comércio Exterior sobre a Distribuição de Renda, de Eli Hecksher, apresentou o esboço do que viria a se torna a “teoria moderna do comércio internacio- nal”. Como essa teoria pode contribuir para o comércio internacional hoje? Fonte: Salvatore (2000, p. 69). 21UNIDADE I Conceitos do Comércio Internacional CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a), chegamos ao final da unidade. Vimos os conceitos, a teoria e a evolução do comércio internacional, como se deu a origem das teorias de comércio internacional. O período anterior ao Mercantilismo e, assim, foi possível avaliar os fatos que ocorreram nesse período e como isso acarretou no início das teorias de comércio internacional. O início das teorias de comércio internacional se deu por meio de Adam Smith, com a teoria das vantagens absolutas. Segundo o autor, as nações deveriam produzir bens em que tinham custos de produção mais barato, ou seja, as nações devem exportações produtos que são mais baratos para produzir e importar produtos mais caros para produzir. Outro autor da escola clássica, David Ricardo, apresentou também uma importante contribuição para a teoria do comércio internacional com uma nova teoria que seria um avanço da teoria de Adam Smith, ele desenvolveu a teoria das vantagens comparativas. Segundo David Ricardo, os países deveriam se especializar na produção de bens em que possuíam maior vantagem relativa. Desse modo, as nações deveriam exportar bens que possuem maiores vantagens relativas e importar bens que possuem menores vantagens relativas. E, por fim, o modelo de Heckscher-Ohlin da escola neoclássica, que apresentou uma teoria mais moderna em relação às teorias apresentadas anteriormente. Essa teoria nãoconsidera apenas o fator de produção trabalho na produção de bens dos países, ela considera também a terra. Dessa forma, é possível avaliar como os produtores escolhem a alocação dos fatores produtivos internamente e para o comércio internacional. Assim, chegamos ao final da unidade. Esperamos que tenha gostado. Ótimo estudo! 22UNIDADE I Conceitos do Comércio Internacional LEITURA COMPLEMENTAR MOREIRA, U. Teorias do comércio internacional: um debate sobre a relação entre cresci- mento econômico e inserção externa. Revista de Economia Política, v. 32, n. 2, p. 213- 228, 2012. MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Economia Internacional e Comércio Exterior Autor: Jayme de Mariz Maia Editora: Atlas Ano: 2014 Sinopse: O desenvolvimento do comércio internacional vem ganhando uma importância cada vez maior, sendo capaz de transformar nações pequenas e pobres em respeitáveis potências econômicas. No caso brasileiro, o comércio exterior tem dado importante contribuição para nossa economia. Ele deu à nossa produção maior competitividade porque permitiu que nossas in- dústrias produzissem em escala superior à capacidade de nosso mercado interno. Com isso ganhamos custos menores e também ganhamos empregos. Mesmo assim, nossas exportações ainda são pequenas, se comparadas com as exportações mundiais, o que mostra a necessidade de dedicarmos mais cuidados com os problemas relacionados com a Economia Internacional e o Comér- cio Exterior. Evolução do Comércio Internacional, Blocos Econômi- cos e Organismos Regionais, Mercado Cambial, Teorias Clássicas e Modernas de Comércio Internacional, Paraísos Fiscais, o Brasil e a Economia Mundial e o Brasil e o Comércio Internacional são alguns dos tópicos abordados. Livro-texto para as disciplinas Economia Internacional e Comércio Exterior dos cursos de Admi- nistração (Habilitação em Comércio Exterior) e Economia. Leitura relevante para profissionais da área de Comércio Internacional. FILME/VÍDEO Título: Adeus, Lenin! Ano: 2004. Sinopse: Em 1989, pouco antes da queda do muro de Berlim, a Sra. Kerner (Katrin Sab) passa mal, entra em coma e fica desacor- dada durante os dias que marcaram o triunfo do regime capitalista. Quando ela desperta, em meados de 1990, sua cidade, Berlim Oriental, está sensivelmente modificada. Seu filho Alexander (Da- niel Brühl), temendo que a excitação causada pelas drásticas mudanças possa lhe prejudicar a saúde, decide esconder-lhe os acontecimentos. Enquanto a Sra. Kerner permanece acamada, Alex não tem muitos problemas, mas quando ela deseja assistir à televisão ele precisa contar com a ajuda de um amigo diretor de vídeos. 23 Plano de Estudo: • Políticas comerciais • Abertura econômica para países em desenvolvimento • Formação de blocos econômicos e sua taxonomia Objetivos de Aprendizagem: • Conceituar e contextualizar as políticas e estratégias comerciais • Compreender os tipos de políticas e estratégias comerciais • Estabelecer a importância das políticas e estratégias comerciais UNIDADE II Blocos Econômicos Professor Doutor Marcos Aurélio Brambilla 24UNIDADE II Blocos Econômicos INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), bem-vindo(a) a esta unidade da apostila. Nesta unidade será estudado sobre as políticas comerciais e a formação dos blocos econômicos internacionais e sua taxonomia. Essa é uma área do conhecimento que aborda sobre como os países se comportam no comércio internacional e quais suas decisões. Inicialmente, foram estudados os diferentes tipos de instrumentos de política comercial, sendo as tarifas de importação, as cotas de importação, os subsídios às ex- portações e as restrições voluntárias às exportações. Cada uma das políticas possui suas especificidades, porém todas apresentam o mesmo objetivo: proteger a indústria nacional por meio da restrição de importações para o doméstico. Em seguida, será apresentado como se deu a abertura econômica nos países em desenvolvimento e sua relação com as políticas comerciais. Passando pelo período das economias primário-exportadoras, seguindo para o Processo por Substituição de Importa- ções até chegar ao período de abertura comercial dos países em desenvolvimento. Por fim, vamos estudar sobre os blocos econômicos e sua taxonomia. Sendo que as estratégias comerciais realizadas pelos países podem ser divididas em regionalismo, integração econômica e multilateralismo. Serão abordadas as especificações de cada um dos diferentes tipos de blocos econômicos. Desejamos um ótimo estudo! 25UNIDADE II Blocos Econômicos 1 POLÍTICAS COMERCIAIS Nesta unidade foram abordados os instrumentos das políticas comerciais e sua adoção em países em desenvolvimento. Além disso, também foram apresentadas as estratégias comerciais por meio da formação de blocos econômicos, que ocorreram princi- palmente com a abertura comercial. 1.1 Instrumentos de Política Comercial As políticas comerciais são ações que os países adotam em relação ao comércio internacional. Sendo que podem ser utilizados diferentes instrumentos nesse sentido, como as tarifas ou impostos de importação, os subsídios às exportações, as cotas de importação e as restrições voluntárias às exportações. Inicialmente, vamos falar das tarifas de importação, mais especificamente da tarifa aduaneira, que é considerada a mais simples das políticas comerciais. As tarifas aduanei- ras se referem a uma tarifa cobrada na importação de alguma mercadoria (KRUGMAN; OBSTFELD, 2005). Essa tarifa pode apresentar duas formas, apresentadas a seguir: ● Tarifas específicas: para as tarifas específicas, como o nome diz, é cobrado um valor específico, fixo, para cada unidade da mercadoria importada. Por exemplo, para cada saca de milho importada é cobrado o valor de US$ 5,00. ● Tarifas ad valorem: para as tarifas ad valorem, o importador deve pagar um percentual do valor total de mercadorias importadas. Por exemplo: é cobrado um percentual de 15% do valor total de importação de notebooks. 26UNIDADE II Blocos Econômicos Entre os instrumentos de políticas comerciais, a tarifa aduaneira, de acordo com Krugman e Obstfeld (2005), além de ser o mais simples, é a política comercial mais velha adotada pelos países. A principal motivação das nações adotarem esse tipo de política é que, além de ser uma fonte de receita para o governo, contribuía para proteger a indústria de alguns setores importantes na economia, devido à elevação do preço de produtos das indústrias que fosse objetivo do governo proteger. A seguir é possível avaliar os efeitos de uma política de tarifas aduaneiras para o país doméstico, que adota a política, para o país estrangeiro e para o mercado mundial. Inicialmente vamos verificar a derivação da curva de demanda por importações e da curva de oferta de exportações (Figuras 1 e 2). Figura 1 – Derivando a curva de demanda por importações do país local Fonte: Krugman e Obstfeld (2005). Analisando a Figura 1, conforme as curvas de oferta e demanda de determinado bem, verificamos que um aumento do preço desse bem leva a uma redução da quantidade demandada, enquanto os produtores elevam a quantidade ofertada do bem. Diante desse cenário, a quantidade demandada de importação também apresenta queda. Portanto, o preço de determinado bem apresenta relação inversa com a quantidade demandada do bem do próprio país e com a quantidade demandada do país estrangeiro (importação). A seguir, na Figura 2, foi apresentada a derivação da curva de oferta de exportação do país estrangeiro. 27UNIDADE II Blocos Econômicos Figura 2 – Derivando a curva de oferta de exportações do país estrangeiro Fonte: Krugman e Obstfeld (2005). Considerando a Figura 2, conforme as curvas de oferta e demanda de determinado bem, verificamos que uma redução do preço desse bem leva a um aumento da quantidade demandada do país externo, enquanto os produtores do país estrangeiro reduzem a quan- tidade ofertadado bem. Quanto às exportações do país estrangeiro, ocorre uma redução da quantidade ofertada para exportação. A partir da derivação das curvas é possível verificar o preço de equilíbrio mundial, em que poderá ser apresentado no ponto em que ocorre o cruzamento das curvas de de- manda por importações do país doméstico e de oferta de exportações do país estrangeiro. Portanto, a política de tarifas de importação tem como propósito a proteção de determinados setores da economia doméstica. Pois com a adoção da política, os preços para importação ficam mais caros e desestimulam a importação para o país doméstico, fazendo com o preço dos bens nacionais fiquem mais atrativos para o consumo interno. Sendo assim, foram apresentados na Figura 3 os efeitos de uma política de tarifa no país doméstico, no país estrangeiro e no mercado mundial. Os efeitos são apresentados diante de uma condição inicial de equilíbrio mundial em que a demanda por importações do país doméstico é igual a oferta de exportações do país estrangeiro. 28UNIDADE II Blocos Econômicos Figura 3 – Efeitos de uma política de tarifa Fonte: Krugman e Obstfeld (2005). Supondo uma política de tarifas sobre a soja no país doméstico, um aumento dos preços de P¹ para P² (preço com a tarifa) leva há uma queda da quantidade demandada e estimula os produtores a aumentar a oferta. A partir disso, as importações sofrem redução. As consequências para o mercado mundial é que com o aumento do preço da soja, há uma queda da quantidade de Q¹ para Q². Além disso, a adoção da política contribui não apenas para o aumento do preço do país doméstico, mas também para a redução do preço no país estrangeiro. Assim, há um aumento das exportações e uma redução das importações. Nesse cenário, a Figura 4 mostra os custos e os benefícios que a política de tarifa causa para os consumidores e produtores da economia doméstica. Figura 4 – Excedente do consumidor e do produtor Fonte: Krugman e Obstfeld (2005). 29UNIDADE II Blocos Econômicos O excedente do consumidor, apresentado na Figura 4 pela área da letra a, repre- senta quanto o consumidor obteve de prejuízo ao realizar a importação. Desse modo, deve ser verificado, primeiro, a diferença entre o preço que ele estaria disposto a pagar e o preço que realmente ele pagou e posteriormente a quantidade. Para uma melhor compreensão, vamos considerar um exemplo, suponha que um país estaria disposto a pagar por cada computador $ 1.000,00, sendo que ele compraria 100 unidades de computador. Porém ele pagou $ 1.100,00 e comprou 80 unidades de computador. A diferença entre o preço que o consumidor pagaria e o preço pago foi de $ 100,00, sabendo disso, deve ser considerada a quantidade que realmente foi importada. Portanto, calculamos a área que apresenta o custo do excedente do consumidor, que uma parte foi de $ 80.000,00, na outra parte, que vai até a curva de demanda, deve ser multiplicada a diferença do preço, já mencionada, e a diferença na demanda pelo bem, sendo de 20 unidades, e o resultado divide por dois, sendo o valor de $ 2.000,00, somando com $ 80.000,00, assim, a perda do excedente do consumidor apresenta o valor de $ 82.000,00. Quanto ao excedente do produtor, que foi apresentado pela letra b, representa o ganho do produtor ao realizar a importação. Inicialmente, também deve ser considerada a diferença entre o preço que ele estaria disposto a pagar e o preço que realmente ele pagou e, em seguida, a quantidade. Seguindo com o exemplo citado, e considerando que a quan- tidade ofertada aumentou de 100 para 120 unidades de computador, deve ser verificado o valor do ganho do produtor até a quantidade inicial de exportação, obtido por meio da multiplicação de 1.000 por 100, sendo de $ 100.000,00. Em seguida, na outra parte, que vai até a curva de oferta, deve ser multiplicada a diferença do preço com a diferença na quantidade ofertada pelo bem, sendo de 20 unida- des, e dividir o resultado por dois, sendo o valor de $ 2.000,00, somando com $ 100.000,00, portanto, o ganho do excedente do produtor apresenta o valor de $ 102.000,00. A Figura 5 apresenta o gráfico com os custos e benefícios da política de tarifa. A área da letra a representa o ganho do excedente do produtor. As áreas das letras a, b, c e d representam a perda de excedente do consumidor. As áreas das letras c e e representam o ganho da receita do governo. 30UNIDADE II Blocos Econômicos Figura 5 – Custos e benefícios das tarifas para o país doméstico Fonte: Krugman e Obstfeld (2005). Desse modo, identificamos que a utilização de uma política de tarifas de importação resulta no aumento do preço do bem, aumento da produção interna e redução do consumo interno. O custo para a economia é a perda do excedente do consumidor e, em relação aos benefícios, eleva o excedente do produtor e o ganho do governo com arrecadação. Contudo, atualmente esse instrumento de política comercial não é a principal medida adotada pelos países. Também são utilizadas outras políticas comerciais, como a de cotas de importação e restrições voluntárias às exportações. No qual depende dos objetivos do governo para o comércio internacional. Em relação aos subsídios às exportações, representam uma política voltada para estimular as exportações no país. Um subsídio à exportação se refere a um pagamento a uma empresa ou indivíduo que exporta. Sendo que esse valor também pode ser específico ou ad valorem. Com a adoção da política de subsídios às exportações, os exportadores exportam o bem até o ponto em que o preço doméstico excede o preço estrangeiro no valor do subsídio. Em relação às consequências da política de subsídios às exportações, foram iden- tificadas as mesmas consequências das política de tarifas de importação, resultando no aumento do preço do bem, aumento da produção interna e redução do consumo interno. Quanto ao custo para a economia, também há perda do excedente do consumidor e o governo perde com os gastos com subsídios; em relação aos benefícios, eleva o excedente do produtor. Portanto, a diferença em relação às tarifas de importação é que, nesse caso, o governo não ganha, mas apresenta prejuízo, pois deve arcar com os subsídios aos agentes exportadores. 31UNIDADE II Blocos Econômicos Outra política muito utilizada é a de cotas de importação. Na política de cotas de importação há uma restrição sobre a quantidade importada. Assim como na política de tarifa de importação, também pode ser elevado o preço do bem importado no país doméstico. Além disso, uma elevação dos preços no mesmo montante de uma tarifa limita as importações ao mesmo nível. A grande diferença dessa política em relação às tarifas de importação é que, nesse caso, o governo não arrecada com a política. O valor que seria arrecadado pelo governo é recolhido por quem recebe as licenças para importar. Por fim, temos a política de restrição voluntária às exportações. Essa política é uma cota sobre o comércio imposta pelo país exportador, sendo que, em geral, essa política é imposta a pedido do país importador. Assim sendo, equivale a uma cota de importação com mais custos, sendo maiores que as tarifas. Portanto, a receita arrecadada é de posse do país estrangeiro. A política de restrição voluntária às exportações, diferente das demais políticas, essa política não é adotada pelo país doméstico, porém, como foi mencionado, ela é adota- da pelo país estrangeiro a pedido do país doméstico, a fim de limitar as importações do país doméstico. Apesar das diferentes especificações dos instrumentos de políticas comerciais estudados até aqui, todos possuem o mesmo objetivo: reduzir as importações. 32UNIDADE II Blocos Econômicos 2 ABERTURA ECONÔMICA PARA PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO Até esse momento estudamos sobre os instrumentos de políticas comerciais e como eles funcionam, porém, é preciso entender também quais as naçõesque utilizam e quais seus motivos. No mundo existem economias mais ricas e as mais pobres, para definir é utilizado o valor do Produto Interno Bruto (PIB). Contudo, devemos diferenciar a análise das maiores economias e das economias mais ricas. Quando apresentamos as maiores economias, estamos apresentando os maio- res valores do PIB total, enquanto que, quando falamos em economia mais ricas, a análise apresenta os maiores valores do PIB per capita1, conforme foram apresentados na Tabela 1 para o ano de 2017. 1 PIB per capita é o valor total do PIB dividido pela população. 33UNIDADE II Blocos Econômicos Tabela 1 – Produto Interno Bruto e Produto Interno Bruto per capita, 2017 MAIORES ECONOMIAS ECONOMIAS MAIS RICAS País PIB (em bilhões $) PIB per capita ($) País PIB (em bilhões $) PIB per capita ($) Estados Unidos 19.485,2 60.054,9 (12º) Liechtenstein 6,1 (153º) 166.021,7 China 12039,0 8.682,2 (90º) Mônaco 6,4 (151º) 165.421,0 Japão 4.838,1 38.219,7 (31º) Luxemburgo 56,5 (75º) 106.805,8 Alemanha 3.333,0 44.976,4 (22º) Bermuda 6,5 (150º) 102.192,1 Reino Unido 2.346,9 39.757,7 (28º) Suíça 657,8 (20º) 801.01,2 Índia 2.331,4 1.923,3 (162º) Noruega 354,2 (30º) 75.295,3 França 2.301.2 38414,9 (30º) Islândia 21,4 (109º) 73.060,2 Brasil 1.771,8 9821,4 (85º) Irlanda 311,0 (35º) 69.603,9 Fonte: IBGE, 2019. Podem ser observadas na Tabela 1 as oito maiores economias do mundo no ano de 2017, no qual a maior economia do mundo era os Estados Unidos, seguido pela China, Japão, Alemanha, Reino Unido, Índia, França e Brasil. No entanto, essas economias não são necessariamente ricas ou desenvolvidas, podemos destacar o Brasil e a Índia, que são economias em desenvolvimento, porém estão na posição de 85º e 162º maiores economias do mundo, respectivamente. Um fator que pode ser determinante para a grande produção de bens e serviços finais nessas economias é sua extensão territorial e da população. Por outro lado, as economias mais ricas apresentam o maior PIB per capita, ou seja, considera a produção medida por pessoa, uma comparação mais viável de riqueza entre as nações. A economia mais rica do mundo, em 2017, era Liechtenstein, seguida de Mônaco, Luxemburgo, Bermuda, Suíça, Noruega, Islândia e Irlanda. Podemos notar que as quatro economias mais ricas possuem o valor total do PIB relativamente pequeno, quando observado sua posição, dentre os 211 países que foram extraídos os dados. Isso pode ser explicado pelo baixo número de pessoas residentes no país. Deve ser destacado que muitos países desenvolvidos não estão entre as econo- mias mais ricas. Quanto aos países em desenvolvimento, mesmo que seja uma grande economia, não pode ser considerada rica ou desenvolvida. Nesse sentido, a tentativa de alcançar o patamar das economias mais avançadas tem sido uma preocupação central da política comercial dos países em desenvolvimento. 34UNIDADE II Blocos Econômicos Segundo Fritsch (2014), até o final da década de 1920 as economias em desenvol- vimento apostavam na produção de produtos primários, como o Brasil, em que seu principal produto de exportação era o café. No entanto, no início do século XX, as grandes economias passavam por sucessivos choques externos, que iniciaram em 1914 e foram até a primeira metade da década de 1920. Sendo que o ápice foi em 1929, com a Grande Depressão, que acarretou prejuízos para muitas economias. No Brasil, que tinha como principal produto exportador o café, o governo teve que adotar uma política extrema de defesa do preço do café, comprando os estoques de café, devido à queda da oferta mundial. No entanto, houve, naquele período, uma superprodução de café que agravou ainda mais a situação. Diante desse cenário, o governo guardou uma parte do estoque de café e chegou até queimar outra parte do café (FRITSCH, 2014). Segundo Krugman e Obstfeld (2005), a partir da década de 1930 houve uma mu- dança na adoção de políticas comerciais de muitas economias em desenvolvimento. Essas economias procuraram adotar políticas comerciais para barrar a importação de produtos manufaturados, para que pudessem incentivar a indústria nacional, essa mudança ficou conhecida como industrialização pela substituição de importações. O motivo principal pelo qual houve essa mudança para proteger as economias em desenvolvimento é conhecido como argumento da indústria nascente. Esse argumento diz que países em desenvolvimento apresentam uma vantagem comparativa potencial na manufatura, no entanto, as novas indústrias manufatureiras não podem concorrer com as já estruturadas manufaturas dos países desenvolvidos (SALVATORE, 2000). Portanto, muitas economias em desenvolvimento acreditavam que alguns dos seus setores industriais poderiam se desenvolver com o tempo e se tornarem competitivos no comércio internacional. No entanto, para que isso ocorra, no início elas devem ser prote- gidas por meio de políticas comerciais, com a adoção de políticas que criam barreiras às importações. De acordo com Krugman e Obstfeld (2005), apesar de ser um argumento convin- cente, sendo utilizado por muitos países em desenvolvimento até a década de 1970, os economistas identificaram nessa estratégia algumas armadilhas, tendo de ser usado com cuidado. Não é sempre que a indústria, que possivelmente será competitiva, terá que ser protegida. Por exemplo, temos o caso da Coréia do Sul, um país que, na década de 1980, foi um grande exportador de automóveis, porém tudo indica que não surtiria resultados desenvolver essa indústria na década de 1960, devido à escassez de capital e de trabalho qualificado. 35UNIDADE II Blocos Econômicos Portanto, para uma nação adotar políticas que favorecem a industrialização nacio- nal, deve apresentar condições favoráveis, como a abundância dos fatores de produção. Além dos fatores de produção existem as chamadas falhas de mercado que prejudicam a industrialização doméstica. As falhas de mercado são representadas por dois argumentos: mercados imperfeitos de capitais e o problema de apropriabilidade. A falha de mercado dos mercados imperfeitos de capitais se refere a um país não possuir instituições financeiras que permitam que a poupança de setores tradicionais seja utilizada para financiar novos investimentos. Os lucros iniciais baixos dos setores manu- fatureiros serão um obstáculo ao investimento, mesmo que os retornos de longo prazo desse investimento sejam elevados. Portanto, os setores industriais precisam da poupança adquirida dos setores tradicionais para que possam se desenvolver. A falha de mercado do problema de apropriabilidade pode assumir diferentes for- mas, porém todas possuem a ideia em comum de que em uma indústria manufatureira nascente gera benefícios sociais pelos quais não são compensadas. As empresas que entram primeiro em uma indústria podem ter que arcar com custos iniciais de adaptação, de tecnologia ou de abertura de novos mercados. Enquanto outras firmas podem seguir as líderes sem incorrer nesses custos iniciais, assim, as firmas pioneiras não recebem quaisquer retornos desses reembolsos. Diante disso, não existem incentivos para a criação de uma nova indústria por parte das empresas que seriam pioneiras. Conforme Krugman e Obstfeld (2005), apesar do desenvolvimento das nações estarem em função das políticas comerciais adotadas, há outro fator que dificulta o desenvolvimento do país, o desenvolvimento desigual dos setores. Os países que têm esse desenvolvimento desigual são caracterizados com uma economia dual. Ou seja, são nações em que o setor manufatureiro apresenta um desenvolvimento muito maior que o desenvolvimento do setor tradicional. Para identificar o dualismo econômico em uma economia, podem ser verificados alguns sintomas: ● O valor do produto por trabalhador é muito maior no setor moderno do que no resto da economia. ● Além do produto por trabalhador,o salário também é mais elevado. ● Retornos do capital não são necessariamente maiores. ● Maior intensidade de capital no setor manufatureiro do que na agricultura. 36UNIDADE II Blocos Econômicos Além disso, existem duas políticas que podem contribuir para o dualismo econômi- co, salários elevados na indústria e de cotas de importação. Com a política de salários, as empresas oferecem salários elevados na indústria para reduzir a rotatividade e aumentar o esforço no trabalho, colaborando para a desigualdade dos setores. Em relação à adoção de cotas de importação, com o comércio mais livre os salários seriam menores, assim, não contribuiria tanto para a desigualdade dos salários entre os setores. A partir da década de 1980, especialmente na década de 1990, houve uma mudan- ça no ponto de vista do desenvolvimento econômico e política comercial. As nações em desenvolvimento procuraram se especializar na produção de bens relativamente eficientes, ou seja, especialmente nos setores tradicionais. Os fatores que podem ter contribuído foram, principalmente, aos avanços tecnoló- gicos e pesquisas para a produção no campo. Diferente do que acontecia até a década de 1930, em que se especializavam na produção concentrada, no caso do Brasil, por exemplo, o café, agora procurariam se especializar em uma diversidade de produtos. Além disso, com os avanços tecnológicos que ocorreram, houve o fortalecimento da agroindústria, agora os países em desenvolvimento não só exportavam as commodities, mas também produtos industrializados que tinham como matéria-prima os produtos agrí- colas. O Brasil, que apresenta condições favoráveis para a agricultura, é um exemplo desses avanços que ocorreram. Podem ser citadas algumas ações que aconteceram no país que foram consequências desses avanços, como o desenvolvimento de cooperativas agroindustriais e políticas do governo para o fortalecimento de agricultores familiares com a criação do Programa Nacional do Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) em 1995. 37UNIDADE II Blocos Econômicos 3 FORMAÇÃO DE BLOCOS ECONÔMICOS E SUA TAXONOMIA Devido às mudanças nas políticas comerciais ocorridas nas últimas décadas, a globalização dos mercados e avanços tecnológicos, transformando a estrutura do comércio internacional, foi possível observar uma abertura do comércio internacional, além da ado- ção de estratégias de comércio internacional que impacta diretamente nos diversos setores da economia. Desse modo, foram criadas novas formas de estratégias de comércio internacional, sendo conhecidas como: regionalismo, integração econômica e multilateralismo. Cada uma dessas estratégias apresenta suas especificidades e são conhecidas como blocos econômicos. O regionalismo é uma forma de integração econômica ou política de uma determi- nada região, originando os blocos regionais. Um exemplo é a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL). Um dos fatores que motivam os países para o regio- nalismo é a insatisfação com as negociações multilaterais junto ao órgão internacional do comércio. Esse fator é considerado a principal motivação, pois as rodadas de negociações realizadas pelo Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT) não eram capazes de impedir os aumentos tanto de barreiras tarifárias como não tarifárias. Outro fator se refere ao tratamento diferenciado dos produtos agrícolas ou produtos manufaturados intensivos em mão de obra. O que se percebia eram ações consideradas bem sucedidas na redução de barreiras para os setores manufatureiros, ou seja, para os 38UNIDADE II Blocos Econômicos setores industriais. Nesse sentido, os países em desenvolvimento, nos quais as produções eram em produtos primários, eram motivados a realizar esse tipo de estratégia de comércio internacional para auferir ganhos, já que as transações favoráveis seriam para os setores industriais. Podem ser encontrados três formas de acontecer o regionalismo: blocos regio- nais; regionalismo; e polarização. Os blocos regionais se referem à formação dos blocos regionais, ou seja, consiste na finalidade de concentrar o comércio internacional entre os países de um determinado acordo bilateral ou acordo formal de integração econômica. O regionalismo apresenta elementos de proximidade geográfica. A finalidade, basicamente, é a mesma de concentrar o comércio internacional entre os países que fazem parte do bloco. A polarização é uma modalidade que possui características mais específicas, ou seja, visa a concentração do comércio internacional entre grupos de países em desenvolvimento com um grupo de países industrializados. A estratégia comercial mais comum é conhecida como integração econômica. A integração economia é a união de economias que ultrapassa as fronteiras geográficas, com o intuito de reduzir as barreiras ao comércio. Temos como exemplo a União Europeia (EU) e o Mercado Comum do Cone Sul (Mercosul). As motivações para o processo de integração são de natureza econômica e incen- tivam os países à formação de blocos que garantam benefícios aos países membros do acordo. A integração econômica é composta por fases no seu processo, em que os países que fazem o acordo devem passar. Essas fases são apresentadas a seguir: A. A zona preferencial de comércio: essa fase é conhecida como acordos de cooperação comercial e caracteriza-se pela eliminação parcial das tarifas em geral, sob a forma de concessões mútuas (ou não) de redução de tarifas, com ou sem fixação de cotas de importação. Tendo como exemplo a Associação Latino-Americana de Integração (ALADI). B. A zona de livre comércio: essa segunda fase da integração é caracterizada pela extinção de tarifas aduaneiras e outras restrições ao comércio entre os países participantes do acordo. A vantagem desse acordo é que cada país preserva sua autonomia na política comercial em relação aos países fora do acordo, ou seja, possuem liberdade para práticas de tarifas aduaneiras diferenciadas. Um exemplo dessa fase é o Tratado de Livre Comércio das Américas (NAFTA). C. A união aduaneira: essa fase se caracteriza pela ausência de barreiras ao co- mércio entre os países participantes do acordo. Além disso, os países membros 39UNIDADE II Blocos Econômicos devem adotar a prática de uma tarifa externa comum a ser aplicada a países fora do bloco. Um exemplo é o Mercosul. D. O mercado comum: é a fase que ocorre a eliminação de barreiras às trocas de mercadorias e fatores de produção. Portanto, os países desse mercado devem se estimular a utilizar os instrumentos de suas políticas em conjunto. O exemplo dessa fase é a União Europeia. E. A união econômica: se refere à fase de integração que envolve perda de sobe- rania nacional para gerir determinadas políticas. É uma fase em que se estabe- lece uma autoridade supranacional com aplicação das políticas comuns entre os países partícipes da união e o exemplo para essa fase é a União Europeia. F. A união política: é a fase que constituiu a formação de uma confederação de estados que discutem apenas as áreas acordadas entre esses estados. Tra- ta-se de uma união política que deve ter práticas de cooperação no âmbito da política externa e de defesa. Ou seja, é uma fase em que os países não apenas adotam políticas em comum, mas tem uma cooperação nas políticas de defesa de setores estratégicos para os países do acordo, sendo que a União Europeia também é o único bloco que chegou nessa fase de integração. Assim, a União Europeia é o bloco econômico que apresenta a fase mais avançada de integração econômica. G. A integração econômica total: considerado o estágio mais avançado de integra- ção econômica sendo caracterizado pela criação de uma moeda única comum e de um banco central regional independente, em que se configura a formação de uma união monetária. Esse estágio pressupõe a perda total de autonomia dos estados nacionais na gestãoda política monetária. Ainda não chegamos nessa etapa de integração, por isso não há exemplos para citar. O multilateralismo se refere à participação de vários países que se esforçam para atingir um objetivo comum. Seria necessário adequar as regras do comércio mundial ao chamado livre comércio e aos benefícios para o bem-estar econômico, garantindo o livre comércio em escala mundial. Portanto, o multilateralismo visa beneficiar o comércio entre os países em todo o mundo, para gerar ganhos não apenas para um grupo de países, mas para o máximo de países no mundo por meio das regras do comércio mundial. 40UNIDADE II Blocos Econômicos SAIBA MAIS Existem muitos trabalhos na literatura científica que falam sobre políticas e/ou estraté- gias comerciais, um exemplo é o artigo intitulado de A Rodada Doha, as mudanças no regime do comércio internacional e a política comercial brasileira, de autoria de Susan Elizabethth Martins Cesar e Eiiti Sato, em que discutem os atuais desafios do multilate- ralismo tradicional no comércio, presentes nos impasses da Rodada Doha, diante das novas realidades do comércio internacional globalizado. O artigo está disponibilizado nos anais do Encontro Nacional de Economia por meio do link: https://www.redalyc.org/pdf/358/35823357011.pdf. REFLITA A presente unidade mostrou as relações comerciais que cada país pode ter com o resto do mundo, com diferentes políticas e estratégias comerciais. Pautado nos conhecimen- tos adquiridos, o Brasil poderia adotar alguma ação diferente em relação ao comércio internacional para contribuir com a retomada do crescimento econômico? 41UNIDADE II Blocos Econômicos CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a), chegamos ao final desta unidade conhecendo sobre as políticas comerciais e as estratégias do comércio internacional. Foi estudado na unidade sobre os instrumentos de política comercial, que acarretam um aumento do preço dos produtos importados para o favorecimento da indústria nacional. Foi verificado que existem custos e benefícios da política comercial, os custos podem ser medidos pela perda do excedente do consumidor e os benefícios podem ser medidos pelos ganhos do excedente do produtor. Pois, com o aumento dos preços, o pro- dutor apresenta ganhos, enquanto os consumidores apresentam prejuízos, visto que devem pagar os bens mais caros. Além disso, o governo também ganha com a arrecadação. Os outros instrumentos de política comercial também resultam no aumento de pre- ços das importações, porém existem outras diferenças. As cotas de importações apenas limitavam as importações no país doméstico, assim, diferente do que ocorria com a política de tarifa, o governo não arrecadava. Na política de subsídios às exportações, além do governo não arrecadar, ainda arcava com os pagamentos de subsídios às empresas. E a política de restrições voluntárias às exportações, diferente das demais, não era adotada pelo país doméstico, era realizada pelo país estrangeiro. No entanto, geralmente essa política era adotada a pedido do país doméstico, desse modo, a arrecadação era destinada ao país estrangeiro. Por último, foi estudo sobre a criação dos blocos econômicos e suas especificações. Sendo que os blocos podem ser classificados em regionalismo, integração econômica e multilateralismo. Além disso, foi verificado que a integração econômica mais avançada que existe é a União Europeia. Assim, chegamos ao final da unidade, esperamos que tenha gostado. Ótimo estudo! 42UNIDADE II Blocos Econômicos LEITURA COMPLEMENTAR PIANI, G.; KUME, H. Fluxos bilaterais de comércio e blocos regionais: uma aplicação do modelo gravitacional. Rio de Janeiro: IPEA, 2000. 17 p. (Texto para Discussão, n. 749). MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Economia Internacional. Autor: Edgar Cândido Carmo e Jefferson Mariano. Editora: Saraiva. Ano: 2017. Sinopse: Economia Internacional apresenta um panorama dos principais temas em discussão atualmente sobre a área, como: comércio internacional, livre comércio e protecionismo, integração econômica e blocos regionais, globalização, sistema financeiro internacional, taxa de câmbio e balanço de pagamentos. Em sua terceira edição atualizada e ampliada, a obra ganha um novo ca- pítulo que aborda a crise financeira global e seus impactos sobre a economia brasileira. De maneira clara e sem complicações, trata-se de um conteúdo que ajudará os graduandos a se familiari- zarem com os conceitos e as terminologias utilizadas na economia moderna. FILME/VÍDEO Título: Babel Ano: 2006 Sinopse: Um ônibus repleto de turistas atravessa uma região montanhosa do Marrocos. Entre os viajantes estão Richard (Brad Pitt) e Susan (Cate Blanchett), um casal de americanos. Ali perto os meninos Ahmed (Said Tarchani) e Youssef (Boubker At El Caid) manejam um rifle que seu pai lhes deu para proteger a peque- na criação de cabras da família. Um tiro atinge o ônibus, ferindo Susan. A partir daí o filme mostra como esse fato afeta a vida de pessoas em vários pontos diferentes do mundo: nos Estados Uni- dos, onde Richard e Susan deixaram seus filhos aos cuidados da babá mexicana; no Japão, onde um homem (Kôji Yakusho) tenta superar a morte trágica de sua mulher e ajudar a filha surda (Rinko Kinkuchi) a aceitar a perda; no México, para onde a babá (Adriana Barraza) acaba levando as crianças; e ali mesmo, no Marrocos, onde a polícia passa a procurar suspeitos de um ato terrorista. 43 Plano de Estudo: • Taxas de câmbio. • Regimes cambiais e sua influência no fluxo comercial e na economia como um todo. • O balanço de pagamentos e sua relação com as políticas comerciais. Objetivos de Aprendizagem: • Conceituar e contextualizar a taxa de câmbio, regimes cambiais e o balanço de pagamentos. • Compreender os tipos de regimes cambiais e o balanço de pagamentos. • Estabelecer a importância dos regimes cambiais e do balanço de pagamentos. UNIDADE III Taxas de Câmbio e Regimes Cambiais Professor Doutor Marcos Aurélio Brambilla 44UNIDADE III Taxas de Câmbio e Regimes Cambiais INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), bem-vindo(a) à terceira unidade da apostila. Nesta unidade vamos conhecer mais alguns aspectos relevantes sobre a economia internacional. Nesse contexto, será abordado mais afundo sobre as transações entre os países no comércio internacional e como são contabilizadas essas transações. Como já vimos, o comércio gera ganhos para a economia mundial. No entanto, algumas economias podem se beneficiar, enquanto outras podem apresentar prejuízos no comércio internacional. Inicialmente, foram apresentados os conceitos e definições das taxas de câmbio, como interfere nas transações no comércio internacional, quais os tipos de taxas de câmbio e quais suas utilidades. Em seguida, será abordado o que são e como funcionam os regimes cambiais nas nações, sendo que são adotados como um tipo de política econômica, em que depende dos objetivos do governo. Além disso, foi verificado como os regimes cambiais impactam na economia e quais os impactos para a economia mundial. Por fim, vamos conhecer a estrutura do Balanço de Pagamentos que representa um registro contábil de todas as transações internacionais realizadas de um país com o resto do mundo, ou seja, as transações entre residentes e não residentes. E, ainda, qual a importância de conhecer essas contas e identificar qual a real situação financeira de uma nação no comércio internacional, para que, assim, o governo tome as melhores decisões em termos de políticas comerciais. Desejamos um ótimo estudo a todos! 45UNIDADE III Taxas de Câmbio e Regimes Cambiais 1 TAXAS DE CÂMBIO O câmbio é considerado um dos preços mais importantes em uma economia aber- ta, pois o valor das transações comerciais entre os países é dado por meio desse preço. Sendo assim, o câmbio possui um papel fundamental na economia, sendo utilizado por todos, de forma diretaou indireta. De acordo com Krugman e Obstfeld (2005), a taxa de câmbio pode ser definida como o valor pago de uma moeda para adquirir outra. Portanto, a taxa de câmbio entre dois países pode ser obtida de duas formas, uma para cada país, sendo que a valor da taxa de câmbio é dado pelo preço em unidades monetárias do país doméstico, para adquirir uma unidade monetária do país estrangeiro. Considere dois países, Brasil e Estados Unidos, sabemos que R$ 4,00 vale US$ 1,00. Considerando o Brasil como país doméstico, o valor da taxa de câmbio é de R$ 4,00 / US$ 1,00. Para achar a taxa de câmbio em que, os Estados Unidos é o país doméstico, devemos verificar quantos dólares são necessário para comprar um real, sabemos que US$ 1 vale R$ 4,00, portanto, dividimos 1 / 4, então, a taxa de câmbio para os Estados Unidos é de US$ 0,25 / R$ 1,00. De acordo com Ratti (1997), a variação na taxa de câmbio é dada pela oferta e demanda por moeda estrangeira. Com um aumento da demanda por moeda estrangeira, ocorre uma depreciação cambial, ou seja, há uma elevação da taxa de câmbio, pois são necessárias mais unidades de moeda doméstica para comprar uma unidade de moeda 46UNIDADE III Taxas de Câmbio e Regimes Cambiais estrangeira. Por outro lado, um aumento da oferta de moeda provoca uma apreciação cambial, ou seja, uma redução na taxa de câmbio, assim, é necessário menos unidades de moeda doméstica para comprar uma unidade de moeda estrangeira. Consequentemente, como a taxa de câmbio se refere à relação dos preços entre o país doméstico e o país estrangeiro, uma depreciação cambial no país doméstico, provoca uma apreciação cambial no país estrangeiro, enquanto a apreciação no país doméstico resulta em uma depreciação cambial no país estrangeiro (SALVATORE, 2000). Para as transações comerciais entre as nações, a moeda com maior aceitação é o dólar, com isso, os bens e serviços negociados no comércio internacional devem ser co- mercializados nessa moeda. Além dessa moeda, o Euro (€) e a Libra Esterlina (£) também apresentam grande aceitação. Com uma alteração no valor da taxa de câmbio, o preço de bens e serviços no comércio internacional pode ficar mais caro ou mais barato. Sabendo o valor da taxa de câmbio entre euro e dólar, podemos verificar qual o valor das exportações da Espanha para os Estados Unidos. Sendo o valor ganho em euros para a Espanha e o valor gasto para os Estados Unidos; sendo o valor do câmbio de € 1,00 / US$ 1,00 e o valor total das exportações de computadores de US$ 100.000,00, dado por 100 unidades desta mercadoria, temos que o valor gasto para os Estados Unidos é de US$100.000,00, enquanto o valor ganho da Espanha era de € 100.000,00. Considerando as mesmas informações apresentadas no parágrafo anterior, uma depreciação cambial da Espanha, onde eleva a taxa de € 1,00 / US$ 1,00 para € 2,00 / US$ 1,00, provoca alterações nos gastos dos Estados Unidos e nos ganhos dos Estados Unidos para essa comercialização. Para os Estados Unidos a taxa de câmbio é de US$ 0,50 / € 1,00, assim, o valor gasto dos Estados Unidos é de US$ 50.000,00, enquanto o ganho das exportações da Espanha é de € 100.000,00. Isso mostra que houve uma depreciação cambial para a Espanha e, com isso, hou- ve um benefício para as exportações. Para os Estados Unidos, enquanto importador, essa mudança no câmbio representou uma apreciação cambial, portanto, também acarretou em um benefício, pois o custo de importação dos computadores ficou menor. Por outro lado, essa alteração na taxa de câmbio não é benéfica para a importação na Espanha e para os exportadores nos Estados Unidos. Nesse sentido, podemos destacar as vantagens e desvantagens da depreciação cambial e da apreciação cambial. Podemos citar como vantagens da depreciação cambial o incentivo às exportações no país, pois o país fica mais competitivo no comércio interna- cional, gerando, assim, melhores saldos na balança comercial. Por outro lado, prejudica os 47UNIDADE III Taxas de Câmbio e Regimes Cambiais importadores, com o aumento dos preços dos produtos importados, e em uma situação de alta inflação, pode agravar mais a situação, levando esse aumento de preços aos consu- midores. Quanto à apreciação cambial, traz incentivos aos importadores, com o preço de bens e serviços mais baratos, e pode contribuir para barra da inflação. No entanto, a apre- ciação cambial não é benéfica para os exportadores, com a redução do ganho no comércio internacional, pois a nação fica menos competitiva no comércio internacional. Conforme Gonçalves (1998), existem dois tipos de taxa de câmbio, a taxa nominal de câmbio e a taxa real de câmbio. Até agora vimos a taxa nominal de câmbio, que se refere a quantas unidades monetárias do país doméstico são necessárias para adquirir uma unidade monetária do país estrangeiro. Formalmente, esse tipo de taxa de câmbio pode ser expresso por: Em que, ● 𝑒𝑒 : representa a taxa nominal de câmbio; ● 𝑃𝑃 : representa o preço do país doméstico; ● 𝑃𝑃∗ : representa o preço do país estrangeiro. Em relação à taxa real de câmbio: é a taxa em que se podem realizar trocas de bens e serviços de um país pelos bens e serviços de outro país. Portanto, a taxa de câmbio real compara os preços de bens domésticos e importados na economia doméstica, ou seja, em moeda local. A taxa real de câmbio depende da taxa nominal de câmbio estrangeiro e dos preços dos bens nos dois países medidos em moedas locais. Assim, a equação da taxa real de câmbio pode ser expressa por: No qual, ● 𝑒𝑒𝑅𝑅 : representa a taxa real de câmbio; ● 𝐸𝐸 : representa a taxa nominal de câmbio estrangeiro; ● 𝑃𝑃 : representa o preço do país doméstico; ● 𝑃𝑃∗ : representa o preço do país estrangeiro. 𝑒𝑒 = 𝑃𝑃 𝑃𝑃∗ 𝑒𝑒𝑅𝑅 = 𝐸𝐸 .𝑃𝑃∗ 𝑃𝑃 48UNIDADE III Taxas de Câmbio e Regimes Cambiais A taxa real câmbio, diferente da taxa nominal, ela compara o preço de bens e serviços entre dois países na moeda do país local. Enquanto a taxa nominal de câmbio apresenta o preço em unidades de moeda doméstica em relação a uma unidade da moeda estrangeira. Para uma melhor compreensão, segue uma aplicação prática. No comércio de notebooks entre Brasil e Estados Unidos, sabendo que o Brasil é o país doméstico, vamos considerar que um notebook custa R$ 3.000,00 no Brasil e nos Estados Unidos esse mesmo notebook custa US$ 1.500, sendo que a taxa nominal de câmbio para os Estados Unidos é de R$ 0,25 US$/R$. Vamos identificar qual a taxa mais depreciada para o país doméstico, ou seja, para o Brasil. Inicialmente, devemos identificar qual a taxa nominal de câmbio. Sabe-se que a taxa nominal de câmbio para os Estados Unidos é R$ 0,25 US$/R$, portanto, sabemos que, enquanto o preço local (P) é R$ 1,00, o preço do país estrangeiro é US$ 0,25, então temos que a taxa nominal de câmbio é: Sabemos o preço da taxa nominal de câmbio, agora podemos calcular o preço da taxa real de câmbio para o notebook. Como a taxa real de câmbio é referente aos bens e serviços, vamos utilizar o preço do notebook nos países: Diante desse cenário, verificamos que a taxa real de câmbio é mais apreciada que a taxa nominal de câmbio. O que influencia a taxa real de câmbio é o nível de preços dos bens e serviços de uma economia em relação à outra. Considerando Brasil e Estados Unidos, quanto maior a inflação no Brasil, ceteris paribus1, mais depreciada fica a taxa real de câmbio e, assim, os bens e serviços brasileiros ficam mais baratos que os bens e serviços nos Estados Unidos, desestimulando as importações. Ao mesmo tempo em que há uma apreciação da taxa real de câmbio nos Estados Unidos, sendo que para eles é mais vantajoso importar do Brasil que consumir os bens e serviços no seu país, visto que os bens e serviços ficam mais caros nos Estados Unidos. Com um aumento de preços no país estrangeiro (Estados
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