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1 Sistema nervoso central: O sistema nervoso central (SNC) está localizado dentro do esqueleto axial (cavidade craniana e canal vertebral) e o sistema nervoso periférico (SNP) está fora. Alguns gânglios (conjunto de corpos celulares, localizado fora do SNC) estão localizados dentro do esqueleto axial. O encéfalo é a parte do SNC que fica dentro do crânio; já a medula se localiza dentro do canal vertebral. Encéfalo: Cada hemisfério cerebral contém quatro lobos cerebrais: (1) frontal; (2) temporal; (3) parietal e (4) occipital. Lobo frontal: são processadas as atividades intelectuais, de aprendizagem e as atividades motoras finais e precisas. Em primatas, essa região também tem grande importância no processamento de atividades motoras básicas. O lobo frontal também influencia o estado de alerta e a integração do animal com o meio ambiente. Lobo parietal: é responsável pelas informações sensitivas, tais como dor, propriocepção e toque. No entanto, os animais não parecem depender do lobo parietal para processar muitas sensações, como ocorre no homem, uma vez que o tálamo (localizado no diencéfalo) é capaz de processar mais informações sensitivas nos animais. Lobo occipital: é necessário para a visão e para processar a informação visual. Lobo temporal: processa informação auditiva e é também responsável por alguns comportamentos complexos; partes do córtex do lobo frontal e temporal estão incluídas no sistema límbico. Este é responsável por muitas emoções e por comportamentos inatos de sobrevivência, tais como proteção, reações maternas e sexuais. A área periforme do lobo temporal é responsável pela agressividade. A amígdala é um grande núcleo localizado sobre o lobo temporal, sendo parte do sistema límbico e responsável por muitas reações de medo. O diencéfalo compreende as seguintes partes: 1. Tálamo @medvetge 2 2. Hipotálamo 3. Epitálamo 4. Subtálamo O hipotálamo modula o controle do sistema nervoso autônomo de todo o organismo. O tálamo é um complexo de muitos núcleos com funções intrincadas, das quais as principais estão relacionadas com dor e propriocepção. Parte do sistema ativador reticular ascendente (SARA) projeta- se do mesencéfalo, pelo tálamo, difusamente, para o córtex cerebral. Tratos motores: Os tratos motores podem ser divididos em dois grupos: os responsáveis pelo movimento voluntário (flexores) e aqueles para postura e sustentação do corpo (extensores). O cerebelo modula a atividade dos sistemas flexores e extensores e produz flexão e extensão suaves e coordenadas. Tratos sensitivos: Os tratos espinocerebelares carregam informação proprioceptiva inconsciente para o cerebelo, fornecendo impulsos aferentes necessários para coordenar o movimento muscular. Sistema nervoso central: Medula espinhal: Composta por uma substância cinzenta no meio e branca nas periferias. Cinzenta: corpos celulares dos nervos. − Porção dorsal: neurônios somáticos aferentes e neurônios viscerais aferentes. − Porção ventral: neurônios somáticos eferentes e neurônios viscerais eferentes. Branca: fibras nervosas mielinizadas. As bainhas de mielina são formadas por oligodendrócitos, que aferem a cor esbranquiçada à substância branca. − Divididas em três funículos: dorsal, lateral e ventral. − Os funículos são compostos por fibras nervosas ascendentes e descendentes que agrupados formam fascículos ou tratos. Porção dorsal: estimulo chega pela raiz dorsal (recebe). Porção ventral: envia a resposta As fibras nervosas responsáveis pela condução da dor superficial estão localizadas na substância branca da medula. O trator motor vestíbulo-espinhal localiza-se no funículo ventral. Trato sensitivo (fascículos grácil e cuneiforme): funículo dorsal – propriocepção. @medvetge 3 Líquor: − Claro, incolor formado a partir de uma ultrafiltragem do plasma sanguíneo feita pela barreira hematoencefálica. − Produzido pelo plexo coróide nos ventrículos. − Composto por eletrólitos; baixa quantidade de glicose e rico em proteínas. − Encontrado no espaço subaracnóide − Mantém SNC e medula “suspensos” Função: sustentação, proteção, nutrição, tamponamento químico, eliminação de produtos de degradação e atua com difusor de substâncias neuroendócrinas e neurotransmissoras. Meninges: Todas as meninges formam bainhas ao redor das raízes de nervos. Dura-máter: membrana mais externa e mais rígida. Forma um tubo livre e distinto da parede do canal vertebral, chamado espaço epidural (entre o periósteo do osso e a dura-máter). Aracnoide: membrana média, delicada, separada por um espaço capilar. Parte externa forma uma membrana continua com a dura-máter; a parte mais interna se une a pia-máter por diversas trabéculas e filamentos e tendo aspecto de teias de aranha. Pia-máter: ligada a medula e ao encéfalo. Muitas artérias dentro da pia-máter penetram o tecido encefálico e medula. Sistema nervoso periférico: É o sistema que irá responder ao sistema nervoso central. Composto por: - Neurônios efetores (eferentes) − Motores e autônomos - Neurônios sensitivos Fibras aferentes (sensorial) e eferentes (motora) de nervos periféricos: − 12 pares nervos cranianos − 36 pares nervos espinhais Nervos cranianos: I par, nervo olfatório. Nervo sensitivo, cujas fibras conduzem impulsos olfatórios, originados nas fossas nasais. II par, nervo óptico. Formado por um feixe de fibras nervosas, que se originam na retina e são responsáveis pela percepção visual, e por um componente sensitivo do reflexo pupilar à luz. Cada nervo óptico une-se com o do lado oposto, formando o quiasma óptico, no qual há cruzamento parcial de suas fibras. A via visual inclui o nervo óptico, o quiasma óptico, os tratos ópticos, os corpos geniculados laterais, as radiações ópticas e o lobo occipital do córtex cerebral. Nos cães e nos gatos, 75 a 65% das fibras do nervo óptico cruzam, respectivamente, o quiasma óptico. Algumas fibras saem do trato óptico e fazem sinapse no núcleo pré-tectal e, posteriormente, no núcleo de Edinger-Westphal no mesencéfalo. As fibras desse @medvetge 4 último passam pelo nervo oculomotor (III par), provendo inervação parassimpática para a musculatura lisa da íris. Portanto, ao testar o reflexo pupilar à luz, está sendo testada parte do II e do III par. III par, nervo oculomotor; IV par, nervo troclear; VI par, nervo abducente. Nervos motores que penetram na órbita, distribuindo-se aos músculos extrínsecos do globo ocular, quais sejam: − Elevador da pálpebra superior − Reto dorsal − Reto ventral − Reto medial − Reto lateral − Obliquo dorsal − Obliquo ventral Todos esses músculos são inervados pelo nervo oculomotor, com exceção do reto lateral e do oblíquo dorsal, inervados, respectivamente, pelos nervos abducente e troclear. Quando a fixação do olhar em um objetivo tende a ser rompida por movimentos do corpo ou da cabeça, existe um reflexo de movimentação dos olhos que tem por finalidade manter essa fixação. Por exemplo, se um animal está correndo e fixa os olhos em determinado objetivo a sua frente, a cada trepidação da cabeça em decorrência da corrida, o olho se move em sentido contrário, mantendo o olhar fixo no objetivo. Assim, quando a cabeça se move para baixo, os olhos se movem para cima e vice-versa. Nistagmo é o movimento oscilatório dos globos oculares, caracterizado por um componente rápido (mesma direção) e outro lento (direção oposta). V par, nervo trigêmeo. O nervo trigêmeo é um nervo misto, contendo uma raiz sensitiva e uma raiz motora. A raiz sensitiva apresenta três ramos ou divisões: (1) nervo oftálmico, (2) nervo maxilar e (3) nervo mandibular, responsáveis pela sensibilidade dos pavilhões auriculares, pálpebras, córnea, face, cavidade oral e mucosa do septo nasal. A raiz motora do nervo trigêmeoinerva os músculos da mastigação. O nervo trigêmeo localiza-se na ponte. VII par, nervo facial. O nervo facial contém uma raiz motora, responsável pela atividade dos músculos faciais, e uma raiz sensitiva e visceral, responsável pela inervação das glândulas lacrimal, submandibular e sublingual e pela inervação do palato e dos dois terços craniais da língua (fornecendo paladar). O nervo facial tem grande importância clinica em virtude de suas reações com o nervo vestibulococlear e com estruturas da orelha média e interna, em seu trajeto intrapetroso, e com a glândula parótida em seu trajeto extrapetroso. O nervo facial passa pelo meato acústico interno, juntamente com o nervo vestibulococlear, passando depois pelo canal facial do osso petroso e orelha média, saindo do crânio pelo forme estilomastóideo. VIII par, nervo vestibulococlear. trata-se de um nervo sensitivo, composto de uma porção vestibular e uma coclear que, embora unidas em um tronco comum, têm origem, funções e conexões centrais diferentes. A parte vestibular conduz impulsos nervosos relacionados com o equilíbrio, originados em receptores da porção vestibular da orelha interna. A parte coclear é constituída de fibras que conduzem impulsos nervosos relacionados com a audição. IX par, nervo glossofaríngeo. Trata-se de um nervo misto, que inerva músculos da faringe e estruturas palatinas, em conjunto com algumas fibras do nervo vago e que supre a inervação sensitiva para o terço posterior da língua e mucosa faringeana. Este nervo também contém fibras parassimpáticas para as glândulas zigomática e parótida. Os nervos glossofaríngeo, vago e acessório originam-se de um núcleo comum, o núcleo ambíguo, localizado no bulbo. X par, nervo vago. É o maior dos nervos cranianos – é misto e essencialmente visceral; emerge do crânio e percorre o pescoço e o tórax, terminando no abdome. Nesse trajeto, o nervo vago dá origem a numerosos ramos que inervam a laringe e a faringe, controlando também a vocalização e a função laringeana. Sua principal função é fornecer inervação parassimpática para as vísceras torácicas e abdominais, exceto aquelas da região pélvica. @medvetge 5 XI par, nervo acessório. É formado por uma raiz craniana (bulbar) e uma raiz espinal (originária das raízes ventrais dos segmentos cervicais de C1-C5). Fibras da raiz craniana unem-se ao nervo vago e distribuem-se com ele, inervando músculos da laringe. Fibras da raiz espinal inervam os músculos trapézio e parte dos músculos esternocefálico e braquiocefálico. Esses músculos sustentam o pescoço lateralmente e participam dos movimentos dos o membros e parte superior dos membros torácicos. XII par, nervo hipoglosso. Trata-se de um nervo motor, apresenta seu núcleo localizado no bulbo e inerva músculos extrínsecos e intrínsecos da língua. Arco-reflexo: Um arco reflexo é a via de transmissão que um reflexo nervoso segue, como o reflexo patelar. 1. Uma pancada suave no joelho estimula os receptores sensitivos, criando um sinal nervoso. O sinal viaja ao longo de um nervo até a medula espinhal. 2. Na medula espinhal, o sinal é transmitido de um nervo sensitivo até um nervo motor. 3. O nervo motor envia, de novo, o sinal a um músculo na coxa. 4. O músculo contrai-se, fazendo com que a parte inferior da perna salte. 5. O reflexo todo ocorre sem envolver o cérebro. Não é processado no encéfalo, somente na medula. − Neurônio motor superior (NMS) − Neurônio motor inferior (NMI) NMS regula o NMI Lesão NMS: − ↑ tônus NMI − Paresia espástica e hiperreflexia (espasticidade reduz com o tempo) Lesão NMI: Paresia flácida (↓tônus) − Paresia (perda parcial) − Paralisia (perda total) Sistema nervoso autônomo: Funciona automaticamente, através dos nervos cranianos e espinais. − Composto por plexos, gânglios e pequenos nervos. − Responsável pela inervação motora dos músculos lisos e funcionamento das vísceras. − Dividido em sistema simpático e parassimpático. − Ambos os sistemas contam com pares de neurônios que conectam o SNC ao tecido. As fibras são divididas em pré-ganglionares e pós ganglionares. @medvetge 6 Simpático: Os corpos celulares dos neurônios pré-ganglionares na lateral da medula espinhal. → Seus axônios estão nas raízes ventrais dos nervos espinhais. → Duas cadeias de gânglios vertebrais que se divide em quatro partes: Ajusta o organismo para suportar situações de perigo, esforço intenso, stress físico e psíquico. Mobiliza o corpo para atividade! Parassimpático: Os neurônios pré-ganglionares estão localizados em alguns nervos cranianos e medula espinhal sacral. Responsáveis pelos processos de "descanso ou digestão". Resguarda energia! Convulsões: Convulsão é um distúrbio desencadeado por uma descarga elétrica neuronal anormal e excessiva, provocando ou não perda de consciência, movimentos motores e fenômenos viscerais, sensoriais e psíquicos, caracterizando-se, pois, por atividade nervosa qualitativa ou quantitativamente alterada, em parte ou em todo o cérebro. Pode ser desencadeada por um estímulo sensorial, químico ou elétrico, ou ainda por enfermidades intrínsecas do SNC. Devido às características eletroencefalográficas e clínicas, as convulsões são classificadas em generalizadas ou primárias e em parciais ou focais. As convulsões generalizadas manifestam-se principalmente em decorrência de distúrbios metabólicos, intoxicações, deficiências nutricionais e epilepsia hereditária. Caracterizam-se por uma descarga elétrica difusa no córtex cerebral, ocorrendo ao mesmo tempo manifestações clínicas simétricas e sincrônicas em todo o corpo. Podem ou não causar perda de consciência – se não houver, são ditas leves; do contrário, graves. A convulsão é dividida em três ou quatro fases, dependendo do autor: (1) pródromo, (2) aura, (3) icto; e (4) pós-icto. Pródromo é um período de duração variável (de minutos a dias) que antecede o episódio convulsivo e que pode ou não ser identificado pelo proprietário; nessa fase, o animal pode exteriorizar nervosismo, ansiedade, temor inusitado ou extrema atividade física. Aura, esse termo se refere ao início da convulsão, conscientemente vivenciado por humanos. Por esse motivo, não pode ser identificado em animais, os quais são incapazes de comunicar verbalmente esse fenômeno. Icto é a convulsão propriamente dita e tem duração variável, de segundos a minutos. Podem ocorrer várias manifestações, tais como perda de consciência, queda, convulsões tônico-clônicas, movimentos anômalos dos membros (pedalar), relaxamento de esfíncteres, salivação excessiva e movimentos mastigatórios. Pós-icto é a fase do episódio convulsivo que, por sua duração geralmente longa, é muitas vezes confundida com o icto. Ela se manifesta por um quadro típico de exaustão ou sonolência, agressividade, temor exagerado, não reconhecimento do proprietário, cegueira transitória e desorientação. Muitas vezes, o animal mostra-se extremamente ativo e deambula @medvetge 7 continuamente, urina e defeca em grande quantidade e frequência, mostra-se sedento e esfomeado. Deve-se determinar como começam as convulsões: − São focais (apenas uma porção do corpo, por exemplo, um membro) e depois se tornam generalizadas (todo o corpo) ou se são generalizadas desde o início − Há ou não perda de consciência − O animal cai, urina, defeca ou vocaliza durante a convulsão − Existe salivação intensa − As convulsões são tônicas (rigidez) ou tônico- clônicas (contrações musculares bruscas). Devo medicar ou não? Depende, o que vai guiar é a frequência da crise. Exame neurológico: →Determinar se existe disfunção (primária x secundária) → Estabelecer localização e extensão → Estabelecer diagnóstico e prognóstico Identificação do animal: − Idade −Predisposições Anamnese: − Determinar ao início e evolução da doença − Nível de consciência − Mudança de comportamento, personalidade ou convulsões − Avaliação de nervos craniais e locomoção − Antecedentes mórbidos − Ambiente onde vive − Manejo − Tratamentos anteriores Início da doença: A descrição do início da doença pode ser um dado importante para o diagnóstico. Quando o início é súbito, os sinais desenvolvem-se rapidamente, geralmente alcançando sua intensidade máxima em 24h. Assim, podem sugerir, por exemplo, traumatismos, intoxicações ou acidente vascular cerebral. Mudanças de comportamento: Deve-se obter o máximo de informações do proprietário (ex: se houve alguma mudança de comportamento do animal); animais com lesões no lobo periforme, por exemplo, podem apresentar agressividade excessiva. Lesões no lobo frontal podem incapacitar o animal em reconhecer o próprio dono e causam incapacidade para o aprendizado. Exame físico geral: − Parâmetros vitais − Inspeção abdominal − Mucosas − TPC − Estado de hidratação − Frequência cardíaca e pulmonar − Linfonodos − Avaliação das mamas Exame físico especifico: O objetivo é descrever as anomalias neurológicas apresentadas pelo paciente e, principalmente, localizar a lesão. Uma vez determinado a lesão, apontaremos os possíveis diagnósticos diferenciais adequados ao caso clinico observado. Para tanto, pode-se utilizar o acrônimo “DINAMITV”. Considerando os diagnósticos diferenciais para o paciente, o clinico deverá escolher os exames complementares, serão necessários para o diagnostico definitivo e prognóstico do paciente: @medvetge 8 Os exames complementares frequentemente utilizados são: − Líquor − Mielografia − Mielotomografia − Exames laboratoriais − Biópsias − RX − TC − RM − Eletro diagnóstico Exame físico mental e comportamental: Os instrumentos abaixo estão relacionados com a avaliação física mental e comportamental em relação aos aspectos neurológicos. − Martelo neurológico − Lanterna − Haste de algodão − Pinça hemostática Os principais componentes a serem avaliados são: 1. Estado mental e comportamento 2. Postura e atitude 3. Locomoção 4. Nervos craniais 5. Reações posturais (propriocepções – como o animal irá se comportar naquele ambiente) 6. Reflexos espinhais 7. Sensibilidade dolorosa Obs: em pacientes politraumatizados, a ordem deve ser alterada para minimizar movimentações excessivas que põem agravar as lesões. Avaliação de estado mental: Preciso associar o estado mental ao seu comportamento: − Agressividade − Andar compulsivo − Delírio Obs: deixar o animal andar livremente pelo ambiente. Postura e atitude: É realizado por meio da avaliação do olho e da cabeça do animal em relação à posição do restante do corpo. Head tilt (o animal balança a cabeça só para um lado) e Head press (a cabeça do animal é pressionada sobre a parede) posições anormais e frequentemente observadas. Held Tilt A postura deve ser avaliada observando-se todo o corpo do animal. Posturas anormais: Rigidez de descerebração: − O animal apresenta opistótono (posição anormal causada por fortes espasmos musculares), extensão rígida dos 4 membros e alteração de estado mental, estupor ou coma. − Causas: lesões no tronco encefálico Rigidez de descerebelação: − O animal apresenta opistótono, aumento do tônus extensor em membros torácicos, quadril flexionado e estado mental normal. − Causas: lesões cerebelares @medvetge 9 Postura de Schiff-Sherrington: − Animal apresenta aumento do tônus extensor em membros torácicos, sinais de neurônio motor superior em membros pélvicos (alterações em membros posteriores também). − Causas: lesões na medula espinhal torácica ou lombar cranial. Outras alterações de postura: Cifose, lordose e escoliose podem indicar dor cervical ou tóraco-lombar, fraqueza de músculos epaxiais e má formação congênita. Postura com base ampla podem indicar doenças cerebelares ou vestibulares (afeta o equilíbrio do animal). Posições palmígrada ou plantígrada (o animal anda com a “palma da mão”) podem indicar doenças do sistema nervoso periférico como, por exemplo, a polineuropatia. Lateralização da cabeça Marcha: Importante que o animal caminhe em superfície plana e não escorregadia, fazendo voltas e desvios. Verificamos: − A marcha do paciente está normal? − Caso esteja anormal, quais os membros acometidos? − Qual é o problema? Os problemas de locomoção mais frequentes em animais com alterações neurológicas são: − Claudicação − Paresia/plegia − Ataxia − Andar em círculos Classificação do paciente em relação á avaliação da marcha e aos membros afetados: Tetra (paresia/plegia): paralização de membros torácicos e pélvicos. Para (paresia/plegia): paralização de membros pélvicos. Hemi (paresia/plegia): paralização de membros torácicos e pélvicos do mesmo lado. Mono (paresia/plegia): paralização de apenas um dos membros. Ataxia e movimentos anormais: A ataxia ocorre quando o animal não é capaz de realizar a atividade motora normal e coordenada devido a lesões no cerebelo, sistema vestibular ou em tratos proprioceptivos gerais (medula espinhal e tronco cerebral caudal). Tipos de ataxia: Proprioceptiva: o anima perde a noção da localização dos membros no espaço. Pode apresentar estação em base ampla e arrasta e cruza os membros acometidos ao andar. Cerebelar: o animal apresenta inabilidade para controlar a taxa e amplitude de movimentos. A estação é em base ampla com ocorrência de oscilações do tronco, tremores de intenção na cabeça e hipermetria. Vestibular: o animal pode apresentar lateralização da cabeça, postura agachada com base ampla, perda de equilíbrio com inclinação, queda, rolamento lateral e andar em círculos. @medvetge 10 Durante o exame neurológico, os animais também podem apresentar movimentos normais que devem ser caracterizados pelo clínico, entre eles: tremores, miotomias, mioclonias. Pares de nervos cranianos: Geralmente se avalia até o oitavo nervo craniano. Nervo olfatório: o teste é feito cobrindo-se os olhos do paciente e aproximando-se um pouco de alimento diante de suas narinas. Animais saudáveis farejam o alimento. Obs: substancias com odor forte, como amônia ou álcool não devem ser utilizadas no teste, pois podem estimular terminações nervosas do trigêmeo, causando falsos resultados. Nervo óptico: o teste é feito por reflexo de ameaça em que o clinico deve tampar um dos olhos do animal com uma das mãos. Com a outra mão, faz um movimento de ameaça e aproximação repentina em direção aos olhos do animal. Animais saudáveis respondem fechando a pálpebra. O teste de algodão também é utilizado para verificar a integridade nervo óptico. Pode ser feito colocando- se um chumaço de algodão no alto, ao lado do cão, soltando-o para verificar se o paciente acompanha ou segue o movimento do objeto. Ao avaliar o posicionamento ocular, o médico deve verificar se os dois pontos de reflexão da luz nas córneas localizam-se no mesmo local do globo ocular; em animais estrábicos, isso não acontece. Para avaliação do reflexo óculo-cefálico, é necessário movimentar a cabeça do animal de um lado para o outro e de cima para baixo. O objetivo é observar se o globo ocular faz movimentos rápidos na mesma direção do movimento da cabeça. A avaliação do reflexo pupilar à luz é feita tampando-se ambos os olhos do paciente com uma das mãos enquanto aguarda-se a ocorrência de midríase (pupila dilatada) bilateral. Em seguida, o clínico deve manter um dos olhos do paciente fechado e remover a posição da mãodo outro olho, iluminando-o com a luz de uma lanterna. Espera -se que ocorra a miose. @medvetge 11 5º par de nervo craniano – trigêmeo: É dividido em duas porções: motora e sensitiva. A porção motora do trigêmeo pode ser avaliada com o exame de palpação dos músculos temporais e masseter, em busca de atrofia ou assimetria, e abrindo- se a boca do animal para verificar o tônus muscular. Animais com lesão na parte motora do trigêmeo podem não ser capazes de fechar a boca. A porção sensitiva do trigêmeo é dividida em três ramos: oftálmico, maxilar e mandibular. Para avaliar o ramo oftálmico, utiliza-se a haste de algodão tocando a comissura palpebral medial, nessa avaliação, a resposta do animal saudável é piscar. Pode-se também embeber a haste de algodão em solução fisiológica estéril e tocar a córnea do animal. A resposta, em animais saudáveis, é a retração do globo ocular que depende da função normal do nervo abducente. Para avaliar o ramo maxilar do trigêmeo, a haste de algodão deverá tocar a comissura lateral do olho e a resposta normal do paciente é piscar. O ramo mandibular do trigêmeo é avaliado tocando- se com a haste de algodão em região próxima à base da orelha do animal. A resposta, em animais saudáveis, é piscar. Outros testes que avaliam os ramos oftálmico e maxilar são feitos com a haste de algodão tocando o septo nasal, porção externa da narina. Os olhos do animal deverão estar cobertos e sua resposta deverá ser o movimento de afastar a cabeça. O exame neurológico do par de nervos facial é feito ao verificar se o animal apresenta assimetria facial, como por exemplo, ptose de orelha, ptose de pálpebra e ptose de lábios. Observe na imagem a seguir, como a lesão do par de nervos facial levou o animal a desenvolver ptose em várias regiões da face: O nervo facial também é responsável pela enervação da glândula lacrimal. Por isso, animais com lesão nesse par tendem a apresentar ceratoconjuntivite seca de origem neurogênica. Nesse sentido, o teste lacrimal de Schirmer é indicado para avaliação do nervo facial. O nervo vestibulococlear apresenta duas porções: coclear e vestibular. Durante a avaliação do ramo coclear, o examinador produz um barulho atrás do animal. Esse deve responder virando a cabeça ou as orelhas em direção ao barulho. É importante conversar com o proprietário a respeito de mudanças na capacidade auditiva do animal. @medvetge 12 Para avaliar o ramo vestibular, o clínico deve verificar a ocorrência de inclinação de cabeça, estagna a normal e estrabismo posicional. Para avaliar a presença de head tilt ou inclinação da cabeça, é necessário posicionar uma folha de papel na altura dos olhos do animal e observar o posicionamento dos olhos em relação à folha. Além disso, pode-se observar o g lobo ocular do animal par a determinar a presença de nistagmo patológico. O veterinário deverá determinar se o nistagmo é horizontal, vertical ou rotacional; se ocorre mudança de direção e qual é o lado da fase rápida do nistagmo. Otites média-internas são a causa mais comum de SVP. Prognóstico é bom se mantido antibioticoterapia prolongada (mínimo 3 meses). Algumas vezes há necessidade de drenagem do conteúdo a partir de uma osteotomia de bula timpânica. Pólipos nasofaríngeos inflamatórios são frequentes em felinos d e 1 a 5 anos de idade e podem apresentar sinais vestibulares além de déficits auditivos e sinais respiratórios. Normalmente há necessidade de retirada cirúrgica. Doenças vestibulares idiopáticas nos cães idosos são também conhecidas com o “doença vestibular do cão idoso” e frequentemente referidas como “AVCs” por seu início agudo em animais de idade mais avançada. O diagnóstico é feito pela exclusão de todas as outras causas de SVP. O tratamento é de suporte e o prognóstico é bom. A melhora costuma acontecer em 2 ou 3 semanas podendo permanecer alguma inclinação de cabeça. Reações posturais: Esses testes determinam se os indivíduos podem reconhecer o posicionamento de seus membros no espaço (propriocepção). Teste de propriocepção em cães: Para avaliação da propriocepção consciente, é importante que o animal esteja fora da mesa de exame. A avaliação dos membros pélvicos ocorre com o médico posicionando a mão embaixo da pelve do paciente para sustentar o peso do animal. Em seguida, o clínico puxa a ponta de um dos membros pélvicos do paciente e, soltando- a, verifica o seu retorno à posição normal no chão. Teste de saltitar: Teste de saltitar e teste de posicionamento tátil em felinos Em felinos, os testes de reações posturais podem ser feitos em cima da mesa, desde que sua superfície seja revestida com material antiderrapante. O teste de saltitar é feito segurando-se o paciente e permitindo que apenas um dos membros pélvicos esteja liberado para o teste. Deve se fazer o movimento lateral com o animal e observar se o membro liberado saltita. O teste de posicionamento tátil é feito segurando- se o animal no colo e liberando um dos membros ( pélvico ou torácico) para o teste. Posicione o paciente lateralmente em relação à mesa, encostando levemente a parte superior de um dos membros na beirada da mesma. Erga um pouco o animal roçando na mesa. O paciente deve responder erguendo o membro e colocando-o acima da mesa. @medvetge 13 O teste de posicionamento tátil também deve ser feito, da mesma maneira, com os membros torácicos. Durante a verificação do posicionamento tátil, o médico não deve permitir que o animal veja a mesa. O paciente deve apenas sentir a sua superfície. Reflexos espinhais: A avaliação dos reflexos espinhais é a forma mais confiável para classificar distúrbios neurológicos relacionados à lesão de neurônio motor superior (NMS) ou lesão de neurônio motor inferior (NMI), sendo que: NMS: leva o animal a apresentar paresia ou plegia com membros espásticos, presença de tônus muscular aumentado e reflexos espinhais normais ou aumentados. NMI: causa paresia ou plegia com membros flácidos, diminuição ou ausência do tônus muscular e reflexos espinhais reduzidos ou ausentes. Para que o clínico possa fazer a avaliação de reflexos espinhais, o animal deve estar contido em decúbito lateral, calmo e relaxado. Para avaliação dos reflexos espinhais, são realizados os seguintes testes: − Avaliação do tônus muscular − Avaliação do reflexo patelar − Reflexos de retirada de membros torácicos e pélvicos − Reflexo cutâneo do tronco − Reflexo perineal Reflexo de retirada de membros torácicos e pélvicos: Deve-se pinçar o espaço interdigital do dígito lateral e do dígito medial dos membros pélvicos e torácicos do animal. Em resposta, o animal deve tentar flexionar todo o membro. Caso o animal apresente lesão de neurônio motor superior, pode-se observar a ocorrência do reflexo extensor cruzado, ou seja, à medida que o animal flexiona o membro pinçado, estica o membro contrário. Nos membros torácicos do animal, os reflexos mais confiáveis para avaliação neurológica são o reflexo flexor e o reflexo de retirada. Repete-se o mesmo movimento de pinçar o espaço interdigital do dígito lateral do membro torácico e aguardar a resposta de retração por parte do animal. Reflexo cutâneo do tronco: A avaliação do reflexo cutâneodo tronco é feita com o auxílio de uma pinça hemostática. Pinça-se a pele do animal na altura da região lombossacra e espera-se que haja contração bilateral do músculo cutâneo do tronco. Se o reflexo estiver presente na região lombossacra, não há necessidade de continuar o exame cranialmente. @medvetge 14 Reflexo perineal: Utiliza-se a pinça hemostática para pinçar a região perineal do cão e verificar a ocorrência de contração dos músculos do períneo e da cauda. Palpação da coluna: Exames que podem provocar dor no animal, tais como palpação da coluna vertebral e avaliação da sensibilidade dolorosa, devem ser realizados ao final do exame neurológico. A palpação epaxial (acima do eixo do esqueleto) da coluna tem como objetivo a diferenciação entre doenças neurológicas com ou sem a presença de dor espinhal. Os seguimentos vertebrais torácico, lombar e lombossacro devem ser palpados durante o exame. A palpação se inicia nas vértebras T1 e T2 seguindo em direção caudal, sempre mantendo os dedos em formato de V invertido, posicionando- os no espaço intervertebral para pressionar as raízes nervosas. A palpação da coluna é realizada em três fases: − Palpação leve − Palpação mediana − Palpação intensa Palpação leva: avaliar a presença de crepitação, dores muito intensas e desvios angulares da coluna. Caso algumas dessas alterações manifestem, a coluna deve ser palpada com extremo cuidado, e, se houver necessidade, deve- se interromper o exame. Próxima etapa, na palpação mediana e palpação intensa aplica-se maior pressão durante o exame com o objetivo de investigar pontos de dor na coluna espinhal. A palpação da coluna cervical é feita palpando- se a face ventral do pescoço do animal. Em animais com dores cervicais, deve-se evitar a manipulação excessiva do pescoço, tais como elevar a cabeça do animal ou mover o pescoço de um lado para o outro, para não piorar a sensação de dor no paciente e agravar a lesão na coluna cervical. Dor profunda: Ao final do exame neurológico, é avaliada a presença ou ausência de dor profunda. O teste de dor profunda é realizado principalmente em pa cientes com paralisias ou em animais com graves déficits motores. Utilize uma pinça hemostática e pince a extremidade distal dos dígitos dos membros - torácicos e pélvicos - do animal. Deve-se observar o comportamento e a resposta do paciente : vocalização, virar a cabeça em direção ao membro, tentar morder o examinador. A resposta positiva ao teste envolve mais ações por parte do paciente que simplesmente a flexão e retirada do membro. @medvetge 15 O exame de dor profunda é um importante parâmetro para indicar o prognóstico de doenças, sendo que, animais que não sentem dor apresentam prognóstico pior que animais capazes de sentir dor profunda. @medvetge
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