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16 MÉTODOS DA CRIMINOLOGIA - Copia - Copia

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MÉTODOS DA CRIMINOLOGIA
https://www.youtube.com/watch?v=x-_mySn3XBQ
https://www.youtube.com/watch?v=ZPKRWA7Bpkw
https://www.youtube.com/watch?v=rK8giKmBNRs
1.1.1.1 Conceitos, Métodos, Funções, Objetos de Estudo 
 ✓ Conceito O conceito apresentado não terá o objetivo de ser o único dentre as doutrinas a se encaixar no contexto, mas sem dúvidas pode ser considerado o que mais se amolda ao objeto do estudo. Trata-se de conceituação elaborada por Antonio Garcia-plabos De Molina e, julgamos a mais relevante vez que, dentro do próprio conceito ele avança em objeto de estudo, métodos e funções da Criminologia. Segue: 
“Ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo, e que trata de subministrar uma informação válida e constratada, sobre a gênese, dinâmica e variáveis principais do crime, contemplando-o este como problema individual e como problema social, assim como sobre os programas de prevenção eficaz do mesmo e técnicas de intervenção positiva no homem delinquente e nos diversos modelos ou sistemas de resposta ao delito”. 
No presente conceito podemos vislumbrar: 
✓ Métodos – Empírico e Interdisciplinar; ✓ Objetos – Crime, Delinquente, Vítima e Controle Social; ✓ Funções – Programas de Prevenção, Técnicas de Intervenção e Modelos ou Sistemas de resposta ao delito;
A criminologia é a ciência autônoma, empírica e interdisciplinar, que tem por objeto o estudo do crime, do criminoso, da vítima e do controle social da conduta criminosa, com o escopo de prevenção e controle da criminalidade. 
Inicialmente, afirma-se que consiste em uma ciência, pois apresenta função, método e objeto próprios, prestando-se a fornecer, a partir do método empírico, informações dotadas de validade e confiabilidade sobre o delito. 
Trata-se de uma ciência empírica, pois se baseia na experiência e na observação da realidade dos fatos, visto que seu objeto de estudo (crime, criminoso, vítima e controle social) se situa no plano da realidade e não no plano dos valores. Neste aspecto, diferencia-se do Direito, já que é considerada uma ciência do “ser”, ao passo que o Direito é uma ciência do “dever ser”, com caráter normativo e valorativo. 
Revela-se como uma ciência interdisciplinar, pois se vale do conhecimento de diversos ramos da área do saber, como a sociologia, a psicologia, o direito, a biologia, a medicina legal, a psiquiatria, a antropologia etc. 
✓ Métodos da Criminologia 
(comparativo dos métodos da ciência criminológica, com os métodos do Direito Penal). 
A Criminologia está oposta ao Direito Penal, uma vez que trabalha de forma indutiva, e não dedutiva, como o segundo. Enquanto a Criminologia utiliza um método empírico, observando a realidade para analisá-la e extrair das experiências as consequências, o Direito Penal faz uso do método dedutivo, partindo da regra geral para o caso concreto de forma lógica e abstrata. Se à criminologia interessa saber como é a realidade, para explicá-la e compreender o problema criminal, bem como transformá-la, ao Direito Penal só lhe preocupa o crime enquanto fato descrito na norma legal, para descobrir sua adequação típica. A criminologia se baseia mais em fatos que em opiniões, mais na observação que nos discursos ou silogismos. 
A presente matéria se utiliza dos métodos biológico e sociológico. Como ciência empírica e experimental que é, utiliza-se da metodologia experimental, naturalística e indutiva para estudar o delinquente, não sendo suficiente, no entanto, para delimitar as causas da criminalidade. Por consequência disso, busca auxílio dos métodos estatísticos, históricos e sociológicos, além do biológico. 
Nessa linha, corroborando ao exposto (Penteado Filho, Nestor Sampaio Manual esquemático de criminologia / Nestor Sampaio Penteado Filho. – 8. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2018):
Método é o meio pelo qual o raciocínio humano procura desvendar um fato, referente à natureza, à sociedade e ao próprio homem. 
No campo da criminologia, essa reflexão humana deve estar apoiada em bases científicas, sistematizadas por experiências, comparadas e repetidas, visando buscar a realidade que se quer alcançar. A criminologia se utiliza dos métodos biológico e sociológico. 
Como ciência empírica e experimental que é, a criminologia utiliza-se da metodologia experimental, naturalística e indutiva para estudar o delinquente, não sendo suficiente, no entanto, para delimitar as causas da criminalidade. Por consequência disso, busca auxílio dos métodos estatísticos, históricos e sociológicos, além do biológico. Observando em minúcias o delito, a criminologia usa, portanto, métodos científicos em seus estudos. Os fins básicos (por vezes confundidos com suas funções) da criminologia são informar a sociedade e os poderes constituídos acerca do crime, do criminoso, da vítima e dos mecanismos de controle social. Ainda: a luta contra a criminalidade (controle e prevenção criminal). 
A criminologia tem enfoque multidisciplinar, porque se relaciona com o direito penal, com a biologia, a psiquiatria, a psicologia, a sociologia etc. 
Métodos da Criminologia 
Método Empírico – análise e observação da realidade. O Criminólogo é alguém que vai in loco, para estudar aquilo que pretende. Sendo assim, se o objeto de estudo de determinado criminólogo é o estudo de crimes cometidos em zonas rurais, ele certamente irá se deslocar a até as zonas rurais para que possa verificar todos os fatos e pontos relevantes. (irá conversar com os agricultores, analisará o ambiente, as pessoas, os índices, ou seja, vai realizar uma verdadeira observação da realidade, para somente depois tirar/elaborar certas conclusões). 
Questão – Empírico é o mesmo que experimental? 
Cuidado. Algumas obras de Criminologia trazem essas expressões como sinônimas trazendo que Criminologia é uma ciência experimental, mas atenção, Molina faz essa advertência e é muito relevante. Embora a maior parte da análise da observação da realidade seja empírica e experimental, não é sempre que isso acontece. 
Por quê?
Pode ser que na prática seja inviável essa experimentação, ou que ela seja até mesmo ilícita. 
Exemplo: Criminólogo quer fazer um estudo da influência do uso de drogas e eventual potencialidade delitiva. 
Ele poderá fazer uma análise empírica desse fenômeno, e para isso bastará se deslocar aos locais onde usuários vivem e frequentam, onde consomem drogas, onde eventualmente praticam os crimes, e poderá ainda, caso aceitem, entrevistá-los. 
No entanto, esse criminólogo poderá experimentar essa realidade, fazendo uso de drogas para ver a potencialidade e influência desta para o cometimento de delitos? 
Não. No Brasil essa conduta não poderia ser realizada, isso porque o simples fato dele importar a droga para consumo caracterizaria o crime previsto na lei 11.343/2006, isso sem contar os efeitos nocivos que a substância iria causar em seu organismo, estando esse violando sua integridade física e saúde, em razão do consumo. 
Se liga: 
Nesse exemplo vemos claramente que o estudo será empírico, mas nem sempre experimental. Assim, é fundamental essa diferenciação. Nesse sentido concluímos que a relação empírico/experimental, é contingencial e não necessária. 
Método Indutivo – seria aquela análise de uma situação particular para uma situação geral. Com isso o criminólogo irá analisar situações particulares e concretas para depois tecer algum tipo de conclusão. (assim ele estaria “indo” de baixo para cima). 
Questão – O Direito Penal usa o método indutivo, principalmente na aplicação da lei penal? 
Não. O Direito Penal usa o método inverso (dedutivo). Primeiro nós temos o tipo penal incriminador (saímos de uma situação abstrata) para depois verificar se a conduta praticada pelo agente se “encaixa” na norma incriminadora. 
Podemos ter a conduta e depois criar um tipo penal incriminador visando puni-la? 
Sabemos muito bem que não. Princípio da Anterioridade da Norma Penal.
Aqui ainda podemos mencionar uma relação entre o métodoempírico e o dedutivo, vez que o criminológo parte da análise do caso concreto (realidade), para depois tecer comentários, conclusões. 
Observação: muitos podem se questionar: Mas na Exposição de Motivos, na criação de normas penais, não podemos ter a contribuição da Criminologia na sua análise empírica? 
Claro que pode, mas não é um método do Direito Penal na aplicação da lei penal. 
RESUMINDO: 
O Método é empírico e não necessariamente experimental: a observação é necessária, pois o objeto da investigação pode tornar inviável ou ilícita a experimentação. Dada complexidade do fenômeno delitivo, cabe sim completar o método empírico com outras de natureza qualitativa, não incompatíveis com aquele. 
Método Interdisciplinar - A Criminologia seria uma disciplina interdisciplinar porque para a criação de seu conhecimento específico/ científico, vai se utilizar da contribuição de diversos outros ramos, de diversas outras ciências. 
Quando trabalhamos com Direito Penal, vamos buscar fundamentação jurídica, Teorias Nacionais, Teorias Estrangeiras, Tipicidade, Ilicitude, Culpabilidade, Teoria da Norma, Teoria da Pena, do Crime, etc.. 
Na Criminologia, para a produção desse conhecimento, várias outras disciplinas irão auxiliar, como por exemplo: Psicologia Criminal, Biologia Criminal, Geografia Criminal, Sociologia Criminal, etc.. 
Cuidado: isso não quer dizer que a Criminologia não tem um conhecimento próprio. Ela cria seu conhecimento científico baseado na contribuição de diversas outras áreas. 
Observação: essas considerações mencionadas serão as que encontraremos na maioria das obras sobre Criminologia, contudo, é necessário fazer uma observação quanto à obra “Manual Esquemático de Criminologia”, do Delegado de Polícia do Estado de São Paulo, Nestor Sampaio Penteado Filho, que adota como método da criminologia os métodos Biológicos e Sociológicos. 
E com relação a esses métodos, ele quer dizer que em uma análise da realidade, partindo de uma situação particular, trabalhando com essa cooperação de diversas disciplinas, a Criminologia usa também de métodos biológicos e sociológicos, não ficando restrita a questão biológica, ou somente a sociológica. Sendo assim cuidado, porque mesmo que essas
expressões sejam minoritárias no meio das doutrinas, vez ou outra, os concursos para Delegado de Polícia vêm cobrando. (principalmente no estado de São Paulo). 
Métodos do Direito Penal: 
 - Método Normativo (Ciência Normativa) 
 - Método Lógico 
 - Método Abstrato 
 - Método Dedutivo 
 Dica de Prova: 
Analisando esses métodos utilizados pelo Direito Penal, podemos facilmente eliminar muitas afirmações erradas colocadas em provas como: 
 - a Criminologia é uma ciência normativa; 
 - a Criminologia é uma ciência lógica; 
 - a Criminologia é uma ciência abstrata; 
 - a Criminologia é uma ciência dedutiva; 
Vimos que o Direito Penal se apropria dos estudos da Criminologia (Exposição de Motivos das normas penais). 
Diante disso podemos afirmar que há uma subordinação da Criminologia perante o Direito Penal? 
NÃO. Muito cuidado com isso. 
Não há subordinação da Criminologia para com o Direito Penal. 
Observação: 
Aqui, vale fazer um “link futuro” registrando que essa diferenciação entre os métodos será muito importante quando formos estudar as diferenças entre as Escolas Criminológicas, onde na verdade não houve uma “luta de/ou entre Escolas”, mas sim uma “luta de métodos”, isso porque, os “clássicos” adotavam a metodologia típica do Direito Penal como base de estudos, e os “positivistas” adotavam a metodologia típica da Criminologia. 
Nessa toada, ainda registramos que Antonio Garcia-pablos de Molina traz 02 (duas) classificações aprofundando esse conhecimento sobre métodos. Ele traz nomenclaturas próprias e, se o candidato não tiver conhecimento, dificilmente acertará na prova. Para Molina temos métodos e técnicas de investigação denominadas: Quantitativa, Qualitativa, Transversais e Longitudinais. 
Vejamos: 
Quantitativa: Estatística (método por excelência), questionário, métodos de medição. 
Explicam a etiologia, a gênese e o desenvolvimento. Por si só são insuficientes. 
Exemplo: questionar em sala de aula quem já foi vítima de crime patrimonial. 
Qualitativa: Observação participante e a entrevista. 
Permite compreender as chaves profundas de um problema. 
Exemplo: pegar os alunos que já foram vítimas de crimes patrimoniais, e fazer uma reunião para debater esse assunto e verificar outros pontos, fazer mais questionamentos. 
Transversais: tomam uma única medição da variável ou do fenômeno examinado. 
Exemplo: Estudos estatísticos. 
Longitudinal: tomam várias medições, em diferentes momentos temporais. 
Exemplo: Estudos de seguimento (follow up), as biografias criminais, os ‘case studies’. Os Modernos estudos sobre carreiras criminais. 
Observação - aqui podemos fazer uma reflexão: 
Quando falamos em Criminologia Atual, não podemos mais ficar “presos” aos pontos que estudamos na Escola Clássica e Positiva. Isso porque, essas Escolas estavam preocupadas somente em conceituar quem é o delinquente, o que é o delito, qual a contribuição da vitima, qual o tipo de pena que deveria ser adotada para determinado caso, enfim, tinha-se uma preocupação etiológica, causal do fenômeno explicativo. 
O atual e moderno estudo da Criminologia já toma outra vertente, são chamados de “estudos de carreiras criminais”. Assim estudam-se as atuais discussões de Criminologia (os filmes mostram muito isso - no FBI, nas Universidades de Direito dos EUA, nas agências de controle, na Scotland Yard, na CIA, etc..), e com isso podemos perceber que esses estudos, são estudos de carreiras criminais, por exemplo, o estudo sobre serial killers. 
Exemplo: Adianta simplesmente estudar o serial killer e estabelecer um conceito de delito e conceito de delinquente?
Não. A Criminologia atual vai “pegar” esse individuo e estudar de que forma ele foi atuado ou atingido na sua vida toda. Seria um estudo de carreira criminal: qual foi seu primeiro contato com o crime; como era sua relação familiar; de que forma o primeiro crime o influenciou para que ele cometesse o segundo crime; (esses são exemplos de técnicas longitudinais que irão analisar vários métodos de medição). 
Vejam que a Criminologia atual está mais relacionada na carreira criminal, onde se utiliza de diversos períodos da vida do infrator e se analisa alguns aspectos. 
Curiosidade: lembramos ainda que os estudos da Criminologia Atual não se voltam necessariamente no caráter repressivo (estudos de pessoas que já são criminosas), os estudos vão além desse grupo de pessoas. 
Em Portugal, temos notícias que de já estão analisando e fazendo modelos de prevenção baseados em Criminologia com crianças de 06 e 07 anos. Estão observando o comportamento dessas crianças, verificando de que forma: 
• As escolas passam valores; • As escolas analisam os diversos perfis dessas crianças; • É oferecido ou veiculado um sonho ou modelo de sucesso para essas crianças; • Essas crianças absorvem os valores internos de sua residência, etc.. 
Tudo isso para prevenir que no futuro elas se tornem criminosas. Assim, pequenos desvios de conduta, nessa fase tão precoce da vida já são observados pela “Moderna Criminologia". 
❌ Cuidado: 
Não se trata de afirmação de que determinada criança tem um gene criminoso (Teoria de Lombroso), que nasceu criminosa e é só uma questão de tempo para que isso se exteriorize. Não! Não é nada disso! 
A Moderna Criminologia tem como forma de estudo analisar como “vários fatores”, ou seja, “razões multifatoriais” podem impactar na criminalidade. 
Hoje no Brasil quais são os principais aspectos relacionados à Criminologia? 
O Sistema Prisional. Temos que ele é uma espécie de aquário. Ao analisarmos o que ocorre lá dentro, vemos um campo fértil para a discussão da Criminologia. Podemos trabalhar questionamentos como: 
De que forma esse indivíduo constrói uma carreira criminal, baseado em seu cárcere, ou em sua primeira prisionalização? (e,diga-se de passagem, trata-se de um ponto que posteriormente será discutido muito ao falarmos na Teoria do Labeling Approach, nas Teorias de Conflito).
Finalizando, temos que, quando falamos nesses métodos e técnicas trabalhados por Antonio Garcia-pablos de Molina, (métodos longitudinais) é o que a atual e moderna Criminologia tem feito como base de estudo pelo mundo todo. 
✓ Objetos da Criminologia – Delito, Delinquente, Vítima e Controle Social. 
Embora tanto o Direito Penal quanto a Criminologia se ocupem em estudar o crime, ambos dedicam enfoques diferentes para o fenômeno criminal. 
O Direito Penal é ciência normativa, visualizando o crime como conduta anormal para a qual fixa uma punição, conceitua crime como conduta (ação ou omissão) típica, antijurídica e culpável (corrente causalista). 
Por seu turno, a Criminologia vê o crime como um problema social, um verdadeiro fenômeno comunitário, abrangendo quatro elementos constitutivos, a saber: 
 - a incidência massiva na população (não se pode tipificar como crime um fato isolado); - a incidência aflitiva do fato praticado (o crime deve causar dor à vítima e à comunidade); 
- persistência espaço-temporal do fato delituoso (é preciso que o delito ocorra reiteradamente por um período significativo de tempo no mesmo território) e; 
-consenso inequívoco acerca de sua etiologia e técnicas de intervenção eficazes (a criminalização de condutas depende de uma análise minuciosa desses elementos e sua repercussão na sociedade). 
Desde os primórdios até os dias de hoje a Criminologia sofreu mudanças importantes em seu objeto de estudo. Houve tempo em que ela apenas se ocupava do estudo do crime (Beccaria), passando pela verificação do delinquente (Escola Positiva). Após a década de 1950, alcançou projeção o estudo das vítimas e também os mecanismos de controle social, havendo uma ampliação de seu objeto, que assumiu, portanto, uma feição pluridimensional e interacionista. 
Atualmente o objeto da Criminologia está dividido em quatro vertentes: delito, delinquente, vítima e controle social. Vimos anteriormente que na Criminologia tradicional a vítima e o controle social não integravam a ciência enquanto objeto de estudo. 
Dessa forma, temos que até o século XX, tínhamos apenas o estudo do delito e do delinquente, vindo somente depois a Criminologia se preocupar com o estudo da vítima e do controle social.
Com isso reforçamos a fixação com o seguinte questionamento: 
Hoje em nosso atual estágio de evolução científico, podemos considerar somente o crime e o criminoso para análise criminológica? 
Não. Diversos fatores influenciam, desde fatores físicos; ambientais; local onde o crime é cometido. Até aspectos relacionados com o clima e momento político devem ser verificados. Pontos relacionados à sociologia; valor de sucesso; sociedades competitivas; modelo de sistema de governo; etc.. Tudo isso pode influenciar e deixar essa análise mais complexa e completa. Por esse motivo os atuais objetos da Criminologia são 04 (quatro): Delito, Delinquente, Vítima e Controle Social. 
RESUMINDO 
Temos que por muito tempo, o objeto tradicional de estudo da Criminologia foi embasado pelos ideais da Escola Positiva (Lombroso, Garofalo, Ferri), sendo subdividido em dois: DELITO e DELINQUENTE. Nos meados do Século XX, particularmente de sua metade até os dias atuais, foram acrescentados dois outros pontos de interesse: VÍTIMA e CONTROLE SOCIAL. Hoje, portanto, é pacífica a divisão do objeto da Criminologia em quatro vertentes: DELITO, DELINQUENTE, VÍTIMA e CONTROLE SOCIAL. 
Qual seria então o objeto da criminologia? 
O estudo do crime, do criminoso, da vítima e do controle social (objeto atual) e que trata de fornecer uma informação segura sobre a gênese, dinâmica e variáveis principais do evento delitivo.
Análise dos OBJETOS da Criminologia: ❖ Delito - iniciamos esse objeto com a seguinte provocação: 
O conceito de delito para a Criminologia é o mesmo do que para o Direito Penal? 
Não. O que temos no Direito Penal é uma ciência normativa, lógica e abstrata, para criar, sobretudo normas penais incriminadoras e assim viabilizar a persecução penal. Por certo prisma podemos concordar que o Direito Penal trabalha com o estudo do fenômeno da criminalidade, em sua prevenção. Nesse sentido, o Direito Penal pode sim ser considerado uma forma jurídica abstrata de controlar a sociedade. 
Conforme exposto acima, tanto o Direito Penal quanto a Criminologia se ocupam em estudar o crime, ambos dedicam enfoques diferentes para o fenômeno criminal. O direito penal é ciência normativa, visualizando o crime como conduta anormal para a qual fixa uma punição. O direito penal conceitua crime como conduta (ação ou omissão) típica, antijurídica e culpável (corrente causalista). Já a Criminologia vê o crime como um problema social, um verdadeiro fenômeno comunitário. 
MAS ATENÇÃO – Reforçamos o tema porque foi objeto de cobrança na prova de Escrivão de Minas Gerais: 
O conceito de delito para Criminologia é o mesmo do Direito Penal? 
Como vimos, não. 
Contudo teve uma frase polêmica no certame acima mencionado que dizia o seguinte: 
Os objetivos da Criminologia e do Direito Penal são os mesmos, mas a metodologia e a forma de agir seriam diferentes. 
Veja, muito cuidado: 
Os objetivos da Criminologia não são diversos do Direito Penal, vez que nela: estudamos os fenômenos do crime; tentamos explicar e prevenir o delito; buscamos a melhor forma de intervenção positiva ao infrator; se estuda o melhor modelo de prevenção e resposta aos delitos, etc..
Parei na 21
O que diverge a Criminologia do Direito Penal são os métodos utilizados. O Direito Penal fica vinculado de certa forma a dogmática jurídica, e justamente essa vinculação é motivo de criticas pela Criminologia. A Criminologia vai criticar o Direito Penal, porque ele trabalha com um “pano de fundo” baseado num critério político, de dominação de poder (quem cria normas penais incriminadoras? Na Teoria seríamos nós, vez que todo Poder emana do Povo, mas na prática tais normas são criadas pelo Poder Legislativo dominado por diversos interesses). 
Sendo assim, a metodologia de estudo da Criminologia e do Direito Penal são completamente diferentes, mas os seus objetivos desaguam num denominador comum. Com isso, a AFIRMATIVA APRESENTADA NA PROVA DE ESCRIVÃO DE MINAS GERAIS TEM UM CUNHO VERDADEIRO, ou seja, sim a Criminologia e o Direito Penal possuem os mesmos objetivos, apesar de muitos ao realizarem uma análise rápida e superficial da afirmativa acharem que não. Nessa toada, verificamos a importância da distinção de conceito, objeto e objetivo. 
Na Criminologia iremos nos preocupar com 04 (quatro) características do conceito de delito: 
• Incidência massiva na população: O que isso significa? Por que a Criminologia adota a incidência massiva na população, na sociedade como uma característica do conceito de delito? Porque o delito não pode ser um fato isolado, ele precisa tem uma incidência massiva na população. E aqui vale mencionar a crítica de Sérgio Salomão Shecaira à criminalização do tipo penal que temos no Brasil que é o de “molestar cetáceo” (incomodar baleias, constranger golfinhos). 
Curiosidade – Caso do Golfinho encalhado na praia do Rio de Janeiro. Na década de 80 no Rio de Janeiro, um filhote de golfinho ficou encalhado na areia da praia e um indivíduo que estava em volta do cetáceo (como os demais curiosos) enfiou um palito de sorvete que tinha em sua mão na narina do animal. Na sequência devido à obstrução nasal causada pelo palito de sorvete, o filhote veio a morrer. 
• Incidência aflitiva: O crime é capaz de causar constrangimento, angústia? O crime é algo necessariamente ruim, constrangedor (claro que em maior e menor grau) à uma pessoa individualmente considerada ou a um número determinado de pessoas
Quando temos um crime como o de pesca irregular, temos a violação de um bem jurídico de uma pessoa individualmente considerada? Não. O ecossistema, sua manutenção e equilíbrio são os violados. 
Ainda sobre a incidênciaaflitiva temos a seguinte pontuação: 
Sérgio Salomão Shecaira faz novamente outra crítica a nossa legislação. Temos uma lei penal no Brasil (bastante antiga, mas ainda em vigor), que pune criminalmente a utilização da expressão “couro sintético” em mercadorias. Ou seja, se usarmos a expressão couro sintético estamos cometendo um crime, isso porque se é couro não é sintético, e se é sintético não é couro. Essa conduta tem incidência aflitiva? 
Ao lermos uma etiqueta com tais dizeres ficamos constrangidos? 
Obviamente que não. Temos aqui então mais uma prova de que num viés criminológico essa conduta não poderia ser considerada como um delito para a Criminologia, tão pouco para o Direito Penal. 
• Persistência Espaço-temporal: além de ter incidência massiva na população, ter incidência aflitiva, a conduta considerada criminosa deve acontecer com certa regularidade no espaço e no tempo para que possa de fato ser mantida nesse conceito de delito. (Atenção: não é que a conduta deve ocorrer em todo lugar do mundo, mas deve haver essa persistência no espaço e no tempo de determinada localidade). 
• Inequívoco consenso da necessidade de punição, de criminalização de um delito: nesse ponto temos que determinada conduta possa ter as 03 (três) características já mencionadas acima, contudo ainda sim não há na sociedade inequívoco consenso de que ela deva ser criminalizada. 
(O exemplo mais clássico que temos, e inclusive é o adotado por Shecaira, é a conduta/prática do uso do álcool). Vale ainda mencionar que a única diferença entre o consumo do álcool e da maconha no Brasil seria essa ultima característica apresentada: inequívoco consenso da necessidade de criminalização. 
 Curiosidade: é importante deixar aqui como curiosidade que a proibição do uso de determinadas substâncias tem mais haver com o próprio controle do uso de drogas do que com o consumo em si. A maconha, por exemplo, fora criminalizada nos Estados Unidos porque era uma droga utilizada pelos mexicanos, e o seu uso atrapalhava a produtividade destes em seus trabalhados, fazendo com que ficassem mais lerdos prejudicando a produção das fábricas americanas. A criminalização do ópio no Egito também tem haver com a dominação de terras. No Brasil muito se falou na criminalização da maconha, porque esta era a substância utilizada pelos negros. Nesse passo, aqueles que se aprofundam um pouquinho mais nesse tema podem perfeitamente perceber que se trata muito mais de controle, dominação e poder do que de consumo. Como prova disso lembramos que as drogas utilizadas pelas classes superiores foram criminalizadas muito tempo depois das acima mencionadas. 
 RESUMINDO 
Na visão da Criminologia, o crime é um fenômeno social, o qual exige uma percepção apurada para que seja compreendido em seus diversos sentidos. A relatividade do conceito de delito é patente na Criminologia, que o observa como um problema social. Diferentemente do Direito Penal, (ciência segundo a qual para a conduta ser considerada crime basta que viole uma lei penal preenchendo os requisitos tipicidade, ilicitude e culpabilidade), a Criminologia trabalha com requisitos diversos para conceituar crime. Para a criminologia, somente se pode falar em delito se a conduta preencher os seguintes elementos constitutivos: 
a) incidência massiva na população: reiteração na sociedade. Exemplo: incomodar cetáceo não é um comportamento que se repete diuturnamente na sociedade brasileira. Portanto, embora a conduta seja crime para o Direito Penal (art. 1º da Lei 7.643/87), para a criminologia lhe falta esse requisito. 
b) incidência aflitiva: produção de dor à vítima e à sociedade. Exemplo: utilizar inadequadamente a expressão couro sintético não traz aflição para a comunidade, embora se trate de delito para o Direito Penal (art. 1º da Lei 4.888/65 e art. 196 do Código Penal), para a criminologia é um irrelevante. 
c) persistência espaço-temporal: prática ao longo do território por um período de tempo relevante. Exemplo: a conduta de desatarraxar o esguicho do para-brisa do Fusca, conduta que virou febre na década de 60, não deve receber tratamento criminal especial. 
d) consenso sobre sua etiologia e técnicas de intervenção: concordância sobre suas causas e métodos de enfrentamento. Exemplo: o consumo imoderado de bebida alcoólica não tem contra si uma rejeição ampla e pacífica, daí porque não deve ser considerado crime. 
❖ Delinquente: 
Não apenas o crime interessa à criminologia. O estudo do delinquente se mostra muito sério e importante. Dentro da Criminologia, as diversas escolas existentes, tanto as surgidas no âmbito da Criminologia Tradicional quanto da Criminologia Moderna, apresentam diferentes elementos sobre o delinquente. Conhecer cada uma dessas correntes é fundamental, e nada melhor que compreender “quem é o criminoso” em cada uma para dominar as demais questões da ciência criminológica. 
Quem é o delinquente, quem é o criminoso para a Criminologia? 
Não iremos esgotar os conceitos de delinquente para a Criminologia, mas de forma didática apresentaremos conceitos trazidos pelas Escolas Clássica, Positiva, Correcionalista, sobre o que seria delinquente para os Marxistas e qual seria o conceito de delinquente para a moderna e atual Criminologia. 
Delinquente – Escola Clássica: 
 (lembrando que a Escola Clássica encontra-se na etapa pré-cientifica da Criminologia) 
Quem era o delinquente para os Clássicos? 
Era o pecador que optou pelo mal. Tal conceituação se dava porque os clássicos acreditavam no livre-arbítrio, na vontade racional do homem. 
(para os clássicos o delinquente era aquele indivíduo que, por um juízo de valor seu ‘pessoal’ optou por cometer crimes). 
Para a Escola Clássica, o criminoso era um ser que pecou, que optou pelo mal, embora pudesse e devesse escolher o bem. 
Nesse passo, ao optar realização de delitos o homem acabava por romper um elo de confiança com a sociedade, ou seja, quebrava de certa forma um ‘contrato social’
(link com Contrato Social de Rousseau). Contrato social grosso modo foi um modelo criado para que um Ente fictício pudesse regulamentar sociedade. 
(Antes do modelo do Contrato Social, a sociedade vivia em “guerra”, no sentido de os mais fortes e armados para o combate, vencia). 
Hoje essa não é mais uma realidade (ou pelo menos não deveria ser). Atualmente contamos com instrumentos jurídicos para solucionar os conflitos existentes entre os indivíduos. E para que chegássemos ao modelo que temos hoje, algumas liberdades foram limitadas pelo Estado para que houvesse a harmonia na sociedade. 
O crime para os clássicos seria então uma opção do homem que resultava na “quebra do contrato social”, ou seja, mesmo diante do livre arbítrio optava por ser um delinquente, infrator da norma. Delinquente – Escola Positiva/Positivista: 
(aqui já estamos dentro da etapa científica da Criminologia) 
Quem era o delinquente para os Positivistas? 
Os Positivistas de uma forma geral consideravam que o homem delinquente era um ser anormal, problemático, que possuía essa característica em seu DNA (nascia selvagem e criminoso) ou ainda que poderia ser influenciado por fatores físicos, sociais, antropológicas. Para Garofalo, o homem possuía uma anomalia psíquica e moral (como se fosse um déficit moral) e esse fato justificava as condutas criminosas. 
Resumindo, para os positivistas o criminoso seria um prisioneiro de sua própria patologia ou de processos causais alheios. Assim, para eles o problema do crime estava sempre no criminoso. 
A Escola Positiva entendia que o criminoso era um ser atávico, preso a sua deformação patológica (às vezes nascia criminoso). 
Delinquente - Escola Correcionalista: 
(Escola pouco mencionada pela doutrina. Não teve influência na América do sul. Um ou outro país Latino baseou-se nos estudos apresentados por essa Escola. Dessa forma não será estuda na linha do tempo das Escolas Criminológicas, justamente por não trazer muitos conceitos e influências à Criminologia do Brasil além de não ser objeto de cobrança em provas). 
Outradimensão do delinquente foi confeccionada pela Escola Correcionalista, na qual o criminoso era um ser inferior e incapaz de se governar por si próprio, merecendo do Estado uma atitude pedagógica e de piedade. 
Para a Escola Correcionalista o delinquente era um animal inferior, um ser débil. E como um animal inferior e débil o Estado não deveria puni-lo, mas sim protegê-lo e orientá-lo. 
Resumindo, temos que para a Escola Correcionalista a atitude do Estado deveria ser sempre a de proteção e orientação. 
Observação - Talvez a única influência que o Brasil tenha tido com os estudos da Escola Correcionalista, tenha sido no tratamento dado ao adolescente infrator. 
(A Delegacia de Infrações cometidas por menores em Minas Gerais, por exemplo, é chamada Delegacia de Orientação e Proteção ao Menor Infrator). 
Assim, se o menor está em estágio de amadurecimento mental, intelectual, o Estado deve agir para orientá-lo e protegê-lo, dando o tratamento adequado para que ele possa entender o caráter ilícito de seus atos e de alguma forma se ressocializar, evitando que essa prática se torne frequente. 
(Reflexão: justamente por esse motivo é necessário analisar com cautelosos critérios a questão da menoridade penal). Delinquente – Marxismo: Quem era considerado culpado pela criminalidade para Marx? 
A própria sociedade, diante de certas estruturas econômicas. O modo de criação capitalista para essa parcela dos estudiosos era o que fomentava as desigualdades sociais e potencializava as condutas criminosas. Para os adeptos dessa Escola, atribui-se a responsabilidade do crime a determinadas estruturas econômicas, de maneira que o criminoso torna-se mera vítima daquelas

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