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Direito Penal e Processo Penal

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SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO: RESSOCIALIZAÇÃO OU EXCLUSÃO?
Amanda Luíza Pesqueira CELESTINO¹
Bruna Lima de Oliveira Monteiro da SILVA
Francisca Iara Santos NASCIMENTO 
Marina Pereira MENDES
RESUMO: Este artigo consiste em uma breve análise sobre o funcionamento do sistema de reintegração de apenados, seus aspectos positivos, negativos, explanando também a situação dos presídios e o que traz a Lei de Execução Penal sobre tal assunto. Com a finalidade de analisar as condições do sistema penitenciário atualmente no Brasil, visto que todos os cidadãos, ainda que tenha cometido algum delito, possuem o direito de serem tratados com dignidade e respeito, aumentando a relevância da adoção de políticas que de fato promovam a recuperação, garantindo ao detento a volta ao convívio da sociedade, baseando-se na Lei de Execução Penal Brasileira (LEP) e constatando-se a indispensabilidade de uma ação que possa beneficiar um estado de ressocialização, tendo em vista o progresso integral do detento e a família. As sugestões a respeito da necessidade e relevância da reintegração para os detentos e a sociedade devem ser revistas como uma forma de ajudar na recuperação de todo um sistema. Os resultados da pesquisa se mostram negativos em relação as finalidades de punir e recuperar, sendo a inserção de políticas públicas eficientes, um meio para as mudanças propostas.
PALAVRAS-CHAVE: Reintegração, Recuperação, Sistema Penitenciário, Família.
ABSTRACT: This article consists of a brief analysis on the operation of the system of reintegration of inmates, their positives, negatives, scientific paper expounding the situation of prisons and what brings the Criminal law enforcement on such a subject. With the purpose to analyze the conditions of the penitentiary system currently in Brazil, since all citizens, even if they have committed any crime, have the right to be treated with dignity and respect, increasing the relevance of adopting policies that actually promote recovery, ensuring the inmate the conviviality of society, based on the Brazilian Penal Execution Law (LEP) and noting-if the indispensability of an action which may benefit from a State of resocialization , in view of the progress of the detainee and his family. Suggestions regarding the necessity and relevance of reintegration for the inmates and society should be reviewed as a way to help in the recovery of an entire system. The search results are negative about the purposes of punishment and recover, being the insertion of efficient public policies, a means for the proposed changes.
KEYWORDS: Reintegration, Recovery, Prison System, Family
1 INTRODUÇÃO
De acordo com a Folha de São Paulo (2014), ao prender qualquer indivíduo o Estado não visa suprimir a sua liberdade, mas garantir a liberdade da coletividade. Assim, as penas devem ser vistas como um dos instrumentos para reeducar os criminosos e prevenir que os mesmos ao saírem, voltem a delinquir novamente. A presente pesquisa parte de uma apresentação histórica da evolução das penas e da prisão. A partir disso, busca-se fazer uma discussão das formas de reinserção do preso, e de como a sociedade civil pode contribuir para esse objetivo. 
 
Mediante esse pressuposto, o referido tema surgiu a partir de uma pesquisa sobre a realidade dos detentos brasileiros, sendo relevante análise no âmbito social da reintegração familiar dos presos que deve buscar inserir o condenado à vida social sem o estigma do cárcere e com atitudes e comportamentos desvinculados da criminalidade, o que certamente contribui para a diminuição dos índices de reincidência. 
Partindo dessas premissas, surge o seguinte questionamento: diante da falta de investimento do governo, como seriam exercidas algumas possibilidades de reintegração familiar e social do preso dentro de um sistema cheio de falhas. Para buscar resposta a esta inquietação, nosso estudo tem como objetivo discutir a reintegração do preso, assim como abordar os pontos positivos e negativos dessa possível ressocialização, retratando a Lei de Execução Penal (LEP) como ponto de referência. 
Dessa forma, trataremos sobre dados de reincidência no país que usa o sistema de ressocialização e de práticas eficazes para melhorar o sistema penitenciário brasileiro. Para tanto, é feita uma demonstração de teorias que subsidiaram as afirmações e descobertas desse estudo baseado em autores como MV Bill (2006); Foucault (1987); Greco (2010), dentre outros. Contudo, esperamos que os resultados obtidos possam contribuir para um olhar mais crítico sobre a realidade carcerária e sobre suas consequências na vida dos detentos e posteriormente no âmbito social.
2 SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
De acordo com o Instituto Brasileiro de Ciência Criminais (IBCCRIM) (2012), com a criação da nova Constituição (1824), o Brasil dá inicio uma reforma em seu sistema punitivo: exclui-se as penas de açoite, a tortura, o ferro quente e outras penas que envolvem crueldade; determina-se que as cadeias devem ser contar com segurança, estarem limpas e bem arejadas, com diversas casas para a separação dos réus, conforme as circunstâncias, e natureza dos seus crimes. 
O instituto afirma que, até 1830, o Brasil não tinha um Código Penal próprio pois ainda era parte de uma colônia portuguesa, e assim era obrigado a se submeter às Ordenações Filipinas, que em seu livro V trazia o rol de crimes e penas que seriam aplicados no Brasil. 
É ressaltado também que, com o Código Criminal do Império, em 1830, a pena em forma de prisão é introduzida no Brasil, das seguintes formas: a prisão simples e a prisão com trabalho (que podia ser perpétua); com o novo Código Criminal a pena de prisão passa a assumir um papel predominante no rol das penas, mas as penas de morte e de galés (trabalhos forçados e também poderia ser perpétua) ainda se mantinham. As penitenciárias do Brasil ainda eram precárias e sofriam de variados problemas; em 1828 a Lei Imperial de 1º de outubro cria as Câmaras Municipais e, entre suas atribuições, têm em seu art. 56 da mesma Lei, o seguinte texto:
“Art. 56. Em cada reunião, nomearão uma commissão de cidadãos probos, de cinco pelo menos, a quem encarregarão a visita das prisões civis, militares, e ecclesiasticas, dos carceres dos conventos dos regulares, e de todos os estabelecimentos publicos de caridade para informarem do seu estado, e dos melhoramentos, que precisam”.
Conforme o Instituto, nos anos seguintes, Samuel das Neves apresenta em seus projetos em sua maioria, a mesma realidade que já havia sido mostrada, críticas a precariedade dos estabelecimentos prisionais, constantando ofensa clara à Constituição de 1824, que defendia instituições prisionais “limpas, seguras e bem arejadas (...)”, no relatório de 1841 a comissão já tratava a Cadeia como uma “escola de imoralidade erecta pelas autoridades, paga pelos cofres públicos”.
No final do século XIX o problema penitenciário presente no estado de São Paulo é aparente, inicia-se um movimento em busca da modernização de todo o sistema penitenciário, não só dos estabelecimentos, mas também das leis e defendendo a criação de várias instituições que iriam compor uma rede de prevenção e repressão ao crime e de tratamento ao criminoso, afirma o IBCCRIM. E a nova penitenciária, a Penitenciária do Estado, em seu projeto original, de Samuel das Neves, iria contar com 1.200 vagas, oficinas de trabalho, tamanho de celas adequado, assim como boa ventilação e iluminação das mesmas. O projeto então é passado para estudo de sob a supervisão de Ramos de Azevedo, renomado arquiteto, sofrendo pequenas adequações em sua estrutura e é inaugurada em 1920, mesmo não estando completamente concluída.
2.1 REINSERÇÃO DO PRESO E O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO
A reinserção do preso na sociedade é uma das medidas de maior importância no processo carcerário e que no Brasil é um ponto onde o Estado não procura investir, causando assim um grande número dereincidência por parte dos presos. De acordo com o Informe Regional de Desenvolvimento Humano (2013-2014) do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), p. 129. o percentual de reincidência no Brasil é um dos mais altos. Destacam-se os casos de Brasil e Chile, onde esses dados chegam a 47,4% e 68,7%, respectivamente. Em todo caso os percentuais das mulheres presas foram proporcionalmente menores. 
Embora o sistema carcerário não seja o único fator que influencia na reincidência do delito, a deficiência nos programas de reabilitação, as condições prisionais difíceis e a exposição a redes criminosas nos cárceres combinam-se e influem negativamente como aspectos reprodutores da violência e do crime. A recuperação e a reinserção do indivíduo na sociedade é tarefa não somente do Estado, pois se trata de um assunto de extrema complexidade e que abrange o desejo de ser uma nova pessoa, à família e a sociedade.
A LEP (Lei de Execução Penal, Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984) inicia seu texto nos apresentando o objetivo da execução penal, conforme descreve o seu artigo 1º: “A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado”. Em outras palavras, percebemos que a Lei possui duas finalidades: efetivar o que foi sentenciado e dá sentido para que se cumpra a pena de forma humanizada e, assim, o apenado volte ao meio social sem mais delinquir. Nesse mesmo sentido o jurista Bitencourt (2002, p.130) assegura:
[...] A Lei de Execução Penal (LEP), já em seu art. 1º, destaca como objetivo do cumprimento de pena a reintegração social do condenado, que é indissociável da execução da sanção penal. Portanto, qualquer 6modalidade de cumprimento de pena em que não haja a concomitância dos dois objetivos legais, quais sejam, o castigo e a reintegração social, com observância apenas do primeiro, mostra-se ilegal e contrária à Constituição Federal. 
 Nesse sentido, Bitencourt (2002) destaca que o primeiro artigo trata justamente do alcance da LEP tanto aos presos condenados quanto aos presos provisórios. Portanto, estão abrangidas todas as prisões vistas anteriormente, de natureza cautelar, e a prisão decorrente de sentença condenatória transitada em julgado.
Conforme Rogério Greco (2010), o grande problema também presente em nossa sociedade é quando o preso cumpre sua pena e é devolvido ao convívio em sociedade em que se encontra sem nenhuma perspectiva, sendo que existe um grande preconceito nas empresas, que ficam receosos de contratarem ex-presidiários
2.2 ASPECTOS POSITIVOS DA RESSOCIALIZAÇÃO
Dessa forma, tendo em vista os assuntos abordados sobre a ressocialização, partiremos agora para os aspectos positivos de tal programa no sistema penitenciário brasileiro. Podemos afirmar que o exercício da ressocialização acarreta ao detento circunstâncias digna para sua reestruturação psicológica, assim como emocional, viabilizando que o mesmo volte a viver em sociedade sem grandes oportunidades de vir a delinquir outra vez. De acordo com Marcão (2005, p.1):
A execução penal deve objetivar a integração social do condenado ou do internado, já que adotada a teoria mista ou eclética, segundo o qual a natureza retributiva da pena não busca apenas a prevenção, mas também a humanização. Objetiva-se por meio da execução, punir e humanizar.
Nesse sentido, o autor da citação afirma que o objetivo da execução penal é possibilitar condições condizentes para sua inserção social e percebemos uma realidade contestável ao se deparar com os presídios que são mais conhecidos como depósitos humanos, e não se conjuga com a saúde física, e também mental que um ser humano necessita ter.
Como abrange Foucault (1987), em sua obra Vigiar e Punir, a reintegração dos detentos tem o objetivo de acarretar a dignidade, resgatar a autoestima do detento, levar aconselhamento psicológico e conjuções em busca de um amadurecimento pessoal, além de projetar e realizar projetos de proveito profissional, entre outras maneiras de incentivo com a finalidade de assegurar que os direitos básicos do apenado sejam priorizados. A Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), retrata em seu artigo 1º que “Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”.
Com base nessa declaração, podemos ressaltar que se o apenado cometeu um erro, é seu dever arcar com as consequências do ato, porém não deverá ser esquecido quanto a sua condição de ser humano, sendo tratado, portanto com humanidade e nas condições necessárias para que ao retornar à convivência em sociedade, não volte a cometer os mesmos erros, ou a fazer qualquer imprudência criminal. Mirabete (2002, p.23) explana que:
O direito, o processo e a execução penal constituem apenas um meio para a reintegração social, indispensável, mas nem por isso o de maior alcance, porque a melhor defesa da sociedade se obtém pela política social do estado e pela ajuda pessoal.
A partir desta afirmação, podemos exprimir que o elo familiar e outras relações afetivas sociais podem conservar os apenados distantes da criminalidade. Essa perspectiva é então, relevante para a realização eficaz da ressocialização, pois apresentam uma maior compressão entre dos condenados e os mais adjuntos deles, ocasionando assim, uma maior ponderação do detento acerca de sua vida em geral. De acordo com o professor Calhau (2008, p.1), considera que:
 A recuperação do preso não se dá ATRAVÉS da pena privativa de liberdade, mas APESAR da pena privativa de liberdade. O que os profissionais penitenciários devem ter objetivo não é ‘tratar’ os presos ou impingir-lhes um ‘ajuste ético’, mas sim planejar-lhes, com sua participação, experiências crescentes e significativas de liberdade, de encontro significativo, refletido e consciente com o mundo livre.
Nesse sentido, a função primordial deve ser colocada em exercício com o apresto do apenado para sua regressão à coexistência social em circunstâncias de conservar uma vida e uma convivência em compatibilidade com os padrões vistos como habituais, sendo assim produtivo à sociedade sendo eficaz em seu autêntico papel de pena privativa de liberdade, mas, exercido pela “eficácia invertida” deste sistema, realiza encargos criminógenos, estigmatizantes e de reincidência.
De acordo com o artigo 3º da Lei de Execução Penal: “Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei”, portanto, a reinserção desse cidadão deve passar primeiramente pela priorização e zelo de seus direitos.
Em vista disso, o artigo “O sistema carcerário brasileiro” (2013; p. 129) salienta que devemos ter a consciência de que quando o indivíduo se situa em uma situação carcerária, acaba sacrificando alguns de seus direitos, como sua liberdade, ficando isolada de qualquer tipo de convívio familiar ou social, seu direito de ir e vir é proibido, além de perder sua autoimagem, pois ao entrar na prisão, o indivíduo recebe um número de registro e suas roupas e pertences são substituídos por uniformes passando a ser obrigado a ter uma postura de submissão e restrição de comportamento. Sua intimidade é reduzida através da divisão de estadia com outros detentos. 
O artigo também afirma que a exposição dos condenados dentro dos presídios é imensamente comprometida através dos banhos de sol, visitas ao pátio, pois cada passo é vigiado e pode se tornar ameaçado em relação aos demais presos. Suas visitas se tornam públicas, seu direito ao voto abolido, assim como sua responsabilidade frente aos próprios filhos, sua dignidade em vista de se manter dispondo do fruto de seu trabalho é vetado e a convivência com pessoas desconhecidaspode se tornar conflituosa e em muitos casos trágica. Conforme salienta, Bitencourt (2004, p. 44) que, “não via na crueldade da pena um fim em si mesmo, iniciando um progressivo abandono do conceito tradicional, que considerava que a pena devia causar profunda dor e sofrimento.”
Tais fatos ferem os direitos humanos dos presidiários, pois de acordo com artigo 41 da Lei de Execução Penal constituem direitos do preso:
I - Alimentação suficiente e vestuário;
II - Atribuição de trabalho e sua remuneração;
III - previdência social;
IV - Constituição de pecúlio;
V - Proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação;
V.l. - exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena;
Vll - assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa;
Vlll - proteção contra qualquer forma de sensacionalismo;
 IX - Entrevista pessoal e reservada com o advogado;
X - Visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados; 
Xl - chamamento nominal;
Xll - igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da individualização da pena; 
Xlll - audiência especial com o diretor do estabelecimento;
XIV - representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito;
XV - Contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes.
Parágrafo único - Os direitos previstos nos incisos V, X e XV poderão 
ser suspensos ou restringidos mediante ato motivado do diretor do estabelecimento.
(LEP, Lei nº 7.210/84, artigo 41).
Nesse sentido, os artigos da Lei de Execução Penal asseveram que o criminoso, qualquer que seja seu nível de declínio, não teve sua dignidade abortada, porque a mesma é uma característica essencial e irrenunciável ao ser humano, que compõe o soberano valor que deve guiar o Direito, assim como o detento, que ainda que em circunstância de prisão não perde sua posição de cidadão, devendo ser estimado como tal.
O cidadão que é preso tem direito a auxílio como uma importante maneira de minimizar tais fatos como os citados a pouco nos presídios, assim como uma forma de iniciar através da ressocialização um processo de reabilitação, recuperando os valores humanos, conduzindo diante a sua condição humana. Através disso, tanto o preso, o internado ou egresso devem ter monitoramento e assistência social, psicológica, material, educacional, à saúde, à segurança, religiosa e assistência jurídica.
2.3 ASPECTOS NEGATIVOS DA FALTA DE RESSOCIALIZAÇÃO 
Para Marcão (2005), a reincidência é considerada por muitos uma consequência das falhas do sistema penitenciário, e através dela percebemos o quanto nosso sistema é carente e repleto de objetivos que não saem do papel. A maioria dos detentos ao deixarem as penitenciárias, independentemente do tempo que passaram presos, voltam a cometer delitos porque se deparam com as mesmas situações e dificuldades que o fizeram ingressar no mundo do crime. 
Segundo, o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do sistema carcerário (2009) : "Em 2008 a taxa de reincidência dos detentos em relação ao crime chegava a 70% ou 80% conforme a Unidade da Federação (UF). Entretanto, a CPI não produziu pesquisa que pudesse avaliar a veracidade deste número e baseou boa parte de suas conclusões nos dados informados pelos presídios." 
De acordo com a juíza Ana Paula Amaro da Silveira, em entrevista ao Jornal Cruzeiro do Vale (2011), a principal causa para que os jovens cometam delitos é a falta de perspectiva e de projetos de vida. Dentre as motivações para a prática de pequenos atos criminosos podemos citar: a falta de moradia, de um emprego fixo e falta de amparo familiar; os ex-detentos ao saírem da penitenciária se deparam com a mesma situação que os levou a praticar os atos, que consequentemente o induz a prática de novos atos, levando assim a reincidência. É dever do Estado dar assistência aos detentos e suas famílias, prevenir crimes e orientar o retorno a convivência em sociedade. Ou seja, o Estado tem o total dever de criar soluções para a carência existente nos meios sociais, mas não é o que acontece, o único trabalho que é realizado é o de domínio jurídico, após cumprir a pena os detentos são arremessados na sociedade sem nenhuma perspectiva de vida. E deixa claro que o serviço público é carente e não consegue desempenhar seu papel de forma eficaz. 
Sabemos que a falta de ressocialização, quando o apenado não recebe muito apoio, é quase uma certeza absoluta que eles vão retornar diversas vezes para a cadeia. Convivemos em nosso país com presídios superlotados, em situações desumanas, sem nenhuma estrutura de colocar em prática o que dita a Lei e o que tanto prega os Direitos Humanos. 
De acordo com a Carta Constitucional de 1988, artigo 5º, inciso XLIX, é assegurado "o respeito à integridade física e moral." A situação nos presídios é degradante, cheia de limitações, os presos vivem em salas apertadas, sem capacidade para suportar a quantidade de pessoas presentes. Todas as situações desumanas levam os detentos a situações comportamentais (como estresse, agitação, sofrimento) que acabam afetando no comportamento disciplinar. A falta de ressocialização e de programas sociais é somada ao preconceito e a falta de oportunidades aos que já cometeram delitos e as condições desumanas presentes nos presídios faz do cárcere uma escola do crime, gerando consequências graves para o condenado, sua família e para sociedade. 
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O direito a dignidade do homem é um direito intrínseco e que se inicia a partir do nascimento, por isso a grande importância do estudo desse tema. O caos que envolve a falta de dignidade humana na punição dos apenados vem se tornando cada vez maior, e não há ideias para se reverter a situação na qual o sistema penitenciário brasileiro se encontra. Há leis, mas não há eficácia pela falta de comprometimento e de ação do Estado, a falta de educação está totalmente ligada a esse problema, no entanto, se criam leis para reverter, mas é necessário que sejam postas em prática. 
As condições dos presídios não atendem as suas finalidades de ressocialização, o indivíduo que deveria sair com anseios diferentes nos quais entrou, acaba se tornando pior, pelo descuido das entidades governamentais, e pelas injustiças cometidas no local que se cumpre a pena. 
O objetivo geral do presente trabalho foi apresentar uma crítica ao programa de reintegração de apenados, e mostrar uma das causas sobre a reincidência dos presos brasileiros, explanando-se os pontos negativos e positivos sobre o tema, tendo como ponto de referência a LEP (Lei de Execução Penal), e informando as situações gerais das penitenciárias. Esse assunto em debate tem devida importância ao tratar de interesses que englobam toda a sociedade e o comprometimento do Estado com o bem-estar social. 
Diante disso, se observa a falta de políticas públicas, e a falha da ação da norma, é preciso que haja uma mudança na aplicação, e que se ressalte que a falta do apoio familiar está ligado diretamente aos crimes cometidos. A mudança deve começar pela melhoria das estruturas das penitenciárias, oferecendo atividades que possam trazer uma mudança de perspectiva fora do sistema prisional, como cursos profissionalizantes, como trabalhos que possam diminuir a pena, e que possam proporcionar um ganho, para que o detento não se sinta tão inútil na criação dos seus filhos.
4 REFERÊNCIAS
BILL Mv; Falcão. Meninos do Tráfico. RJ: Objetiva, 2006.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. Vol. 1. 8ª ed. São Paulo. Editora Saraiva, 2003. DELMANTO, Celso Código Penal Comentado . 6ª ed. Edição Renovar, 2002, p. 130.
BRASIL. Constituição (1988). 
BRASIL. Lei 1º de Outubro de 1828, de 18 de outubro de 1828. Regimentodas Câmaras Municipais. Diário Oficial da república Federativa do Brasil. Brasília, DF, 18 out. 1828. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lim/LIM-1-10-1828.htm 
CALHAU, Lélio Braga. Bullying: o que você precisa saber: identificação, prevenção e repressão. Niterói, RJ: Impetus, 2009. CNJ. Bullying – Projeto Justiça nas Escolas, 2008, p.1.
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o sistema carcerário brasileiro, 2009. Disponível em: bd.camara.leg.br/bd/handle/bdcamara/2701
Constituição da República Federativa do Brasil. Senado Federal: Brasília, DF: Senado Federal, 1988. 
Declaração Universal dos Direitos Humanos – ONU, 1948.
Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM). A evolução histórica do sistema prisional e a Penitenciária do Estado de São Paulo, setembro-dezembro de 2012. Disponível em: http://www.ibccrim.org.br/revista_liberdades_artigo/145-HISTORIA
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. Trad. Lígia M. Ponde Vassalo. Petrópolis: Vozes, 1987. 
FERNANDES, Bruna Rafaela; RIGHETTO, Luiz Eduardo Cleto. O sistema carcerário brasileiro. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 4, n.3, p. 115-135, 3º Trimestre de 2013. Disponível em: www.univali.br/ricc - ISSN 2236-5044
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. Rio de Janeiro: IMPETUS, 2010. 
LEP (Lei de Execução Penal) Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984
MARCÃO, Renato. Curso de execução penal. Imprenta: São Paulo, Saraiva, 2005.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo penal: 18 ed. rev. e atual. 
PEREIRA, Fernanda. Por que tantos adolescentes estão se envolvendo na criminalidade?.Cruzeiro do Vale: Santa Catarina, 2011. Disponível em: www.cruzeirodovale.com.br/geral/por-que-tantos-adolescentes-estao-se-envolvendo-na-criminalidade-/
AGÊNCIA BRASIL. Por um sistema carcerário digno e eficiente. Jornal Folha de São Paulo: São Paulo, 2014. Disponível em: www1.folha.uol.com.br/paywall/signup-colunista.shtml?http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/1187090-tendenciasdebates-por-um-sistema-carcerario-digno-e-eficiente.shtml
PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO (PNUD). Atlas do desenvolvimento humano no Brasil. Disponível em: http://www.pnud.org.br/atlas/
 
1
¹Estudantes do curso de Direito da Faculdade de Ciências Sociais e Aplicadas de Petrolina - FACAPE
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