Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ATRIBUIÇÕES DO ANALISTA, DO TÉCNICO E DO ASSESSOR JURÍDICO APRESENTAÇÃO Prof. Ma. Raiza Eloa Brambilla Catanio ● Mestra em Ciências Jurídicas, pela UniCesumar (Universidade Cesumar); ● Bacharel em Direito (UniCesumar); ● Pós-graduanda em Docência no Ensino Superior (Uniasselvi); ● Assessora de Magistrado no Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJPR). Olá aluno (a)! Tudo bem? Nessa Unidade do Curso seguiremos juntos um caminho acerca das atribuições do assessor jurídico, do analista judiciário e do técnico judiciário e, antes de qualquer conteúdo, que me apresentar a vocês, explicando um pouquinho da minha trajetória profissional. Sou a prof. Raiza, graduada em Direito, Mestra em Ciências Jurídicas e pós- graduanda em Docência no Ensino Superior. No ano de 2016, ainda durante a graduação, fui contratada como estagiária voluntária junto a Secretaria da 7ª Vara Cível de Maringá, local onde atuei com analistas e técnicos por quase um ano, aprendendo sobre as funções, andamentos de processos e atendimento ao público. No ano seguinte, em 2017, fui aprovada em processo seletivo para vaga de estágio remunerado junto ao Gabinete da 4ª Vara Criminal de Maringá, onde permaneci até concluir minha graduação, em 2018, aprendendo sobre as atividades do magistrado, bem como as atividades de assessoramento. Em 2019, após a terminar a graduação, já estava aprovada como Bolsista CAPES no programa de Mestrado da UniCesumar, em Ciências Jurídicas, mesmo ano em que fui convidada pelo Magistrado Titular do Gabinete da 4ª Vara Criminal, para desempenhar a função de sua assessora de gabinete. Desde então, ocupo esse cargo e atuo como servidora comissionada no Tribunal de Justiça do Paraná, razão pela qual, tenho muito conteúdo e conhecimento a oferecer. Espero que nossa jornada aqui seja de muito sucesso. APRESENTAÇÃO DA APOSTILA E prezado(a) aluno(a), se você se interessou pelo assunto desta disciplina, esse já é o início de uma grande jornada que vamos trilhar juntos a partir de agora. Proponho, junto com você, construir nosso conhecimento sobre as atribuições das atividades de assessor jurídico, técnico e analista judiciário, abordando conceitos fundamentais sobre as temáticas. Além de conhecer seus principais conceitos e definições vamos explorar os campos de atuação, requisitos e deveres inerentes a cada cargo. Na unidade I começaremos a nossa jornada a partir de uma breve conceituação geral sobre os cargos, esta noção é necessária para que possamos trabalhar as próximas unidades do livro de maneira mais completa. Na sequência, partiremos ao estudo atinente ao analista judiciário, o conceito do cargo, as funções que lhe são atribuídas, bem como seus deveres. Já na unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos sobre as atividades do técnico jurídico, abordando as características gerais do cargo, suas funções e atribuições, bem como seus deveres. Ao final, faremos uma diferenciação acerca dos cargos de analista e técnico jurídico. A III unidade, é destinada ao estudo da carreira do assessor jurídico, ocasião em que também abordaremos todos os conceitos atinentes ao cargo, suas respectivas atribuições, deveres e funções, além da captação para a vaga de assessor jurídico no direito público e no direito privado. E por fim, trataremos sobre a responsabilidade civil, administrativa e penal dos servidores aqui estudados, nas unidades anteriores, abordando as nuances gerais da responsabilidade civil, administrativa e penal, no exercício das atividades de analista, técnico e assessor jurídico, finalizando este material com a exemplificação com casos práticos destas responsabilidades. Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta jornada de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional. Muito obrigada e bom estudo! 1 UNIDADE I DOS CARGOS E DO ANALISTA JURÍDICO Prof. Ma. Raiza Eloa Brambilla Catanio1 Plano de Estudo desta Unidade: ● Das características gerais sobre os cargos; ● Da conceituação de analista jurídico; ● Das funções atribuídas ao analista; ● Dos deveres atinentes à função de analista jurídico. Objetivo de Aprendizagem: Prezado (a) aluno (a), esta primeira unidade acerca do estudo das atribuições do analista, do técnico e do assessor jurídico será dividida nos 04 tópicos acima elencados, sendo que em cada um deles aprenderemos questões básicas e gerais atinentes a cada cargo como uma breve introdução ao conteúdo da disciplina e, na sequência, adentraremos no estudo mais aprofundado em relação ao cargo de analista jurídico, abordando os conceitos necessários, suas respectivas funções e quais seus deveres enquanto analista. Desta forma, por meio da compreensão destas profissões, serão estabelecidas suas respectivas importâncias para o sistema judiciário brasileiro e a prestação jurisdicional como forma de acesso à justiça. 1 Mestra em Ciências Jurídicas pela Universidade Cesumar – UniCesumar, pós-graduanda em Docência no Ensino Superior, pela Uniasselvi, Assessora Jurídica no Tribunal de Justiça do Estado do Paraná – TJPR. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/6265742338541943. E-mail: raizaeloa@hotmail.com. 2 INTRODUÇÃO Caro (a) aluno (a), com esse material, espero contribuir para seu aprendizado, conceituando e contextualizando o tema, proporcionando a compreensão das atividades dos servidores públicos, sobretudo, do analista, profissional a ser abordado neste momento. E desta forma, por meio do ensino, estabelecer a importância desta função ao judiciário e contribuir para seu crescimento pessoal e profissional. Então vamos lá! 3 TÓPICO I Das características gerais sobre os cargos ● Você sabe quem é o analista, o técnico e o assessor jurídico? Em linhas gerais, os analistas, técnicos e assessores jurídicos são servidores públicos, que atuam em órgãos governamentais, integrados em cargos do Distrito Federal, Estados e da União. A Constituição Federal do Brasil de 1988, em seu artigo 125 diz que os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos na Carta e que a competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça. Ou seja, desse dispositivo extrai-se que os Tribunais possuem grande autonomia para regular suas atividades e necessidades, podendo estabelecer normas próprias com lei estadual de organização judiciária. Assim, todos os Tribunais do país, e seus respectivos juízos podem criar mecanismos de regulamentação de suas peculiaridades, como decretos, portarias, entre outros. Mas o que são os Tribunais? O Tribunal refere-se ao órgão soberano cuja finalidade é resolver litígios e conflitos necessários à sociedade e ao convívio social, ou seja, é onde há o efetivo exercício da jurisdição, da aplicabilidade das leis, da regulamentação da vida em sociedade. No Brasil, podemos constatar a existência do Superior Tribunal federal (STF), Superior Tribunal de Justiça (STJ), Tribunais de Justiça Estaduais (TJPR, TJSC, TJSP, entre outros), Tribunais Regionais Federais, Tribunais do Trabalho, etc., presentes em todos os Estados da Federação e também em todas as regiões. Fonte: Shutterstock Figura 1 - Deusa da Justiça 4 Assim, é importante esclarecer que a justiça se divide em vários territórios de jurisdição, em várias competências. Existe a justiça estadual, a justiça federal, a justiça do trabalho, etc. e toda essa divisão se deve pela necessidade de organização jurisdicional, a fim de garantir a presteza da atividade jurídica.Diante dessa necessidade de organização, para funcionamento da justiça, existem leis federais que versam sobre servidores públicos e suas respectivas carreiras e por isso podemos afirmar que, que apesar de cada Estado elaborar sua própria organização e regulamentação quanto aos tribunais e órgãos judiciais, não existem diferenças discrepantes, na medida que Leis Federais atuam como um norte dessa divisão e organização. Neste sentido, podemos citar a Lei nº. 8.112, de 11 de setembro de 1990, que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais. Já em seus artigos iniciais, a lei conceitua o servidor como pessoa legalmente investida em cargo público e, na sequência, afirma que cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor, sendo que estes cargos são criados por meio de leis, com denominação própria e vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter efetivo ou em comissão, acessíveis a todos os brasileiros. E ainda, a Lei nº. 11.416 de dezembro de 2006 regulamenta as carreiras dos servidores do poder Judiciário da União, ocasião em que em seu artigo 2º, prevê a existências dos cargos de analista judiciário, técnico judiciário e auxiliar judiciário. Do mesmo modo, a Lei Federal nº. 11.415, de 2006, versa sobre as carreiras dos servidores do Ministério Público e também em seu artigo 2º, trata da existência dos cargos de analista, técnico e assessor jurídico. Assim, afere-se que cada Estado da União possui suas próprias normas de regulamentação quanto à atividade da justiça e organização jurisdicional, no entanto, apesar de várias, guardam similitude, sobretudo diante da existência de leis federais que regulamentam de forma geral o assunto. Ademais, os requisitos de ingresso nas carreiras são estabelecidos em lei federal e também porque as necessidades de trabalho são semelhantes, mesmo que de um Estado para outro. As maiores variações não dizem respeito ao 5 trabalho em si, mas sim na distribuição e lotação dos servidores, todavia, as qualificações e requisitos exigidos nos editais de concurso tendem a ser parecidos, se não semelhantes. O ingresso nessas carreiras pode se dar de duas formas: 1. Mediante concurso público de títulos ou de provas; 2. Ou por nomeação em cargos de comissão (conhecidos como cargos de confiança). Em relação aos cargos de comissão, cabe dizer que nesta modalidade os servidores podem ser nomeados e exonerados a qualquer tempo (ad nutum), não possuindo estabilidade, devendo ser ressaltado que qualquer pessoa pode ser nomeada, desde que preencha os requisitos necessários. O Estatuto dos Funcionários do Poder Judiciário do Estado do Paraná (Lei nº. 16.024/08), em seu art. 6º, §2º, dispõe que “Os cargos de provimento em comissão envolvem atribuições de direção, de assessoramento e de assistência superior e são de livre nomeação e exoneração, satisfeitos os requisitos fixados em lei ou regulamento”. Sobre os cargos de confiança, por assim o serem – de livre nomeação – existem alguns requisitos legais que devem ser observados, como o nepotismo, a teor do que dispõe a Súmula nº. 13 do Supremo Tribunal de Justiça, aprovada em Sessão Plenária no ano de 2008, que disciplinou a questão e firmou o entendimento de que: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal. E ainda, para a investidura em cargo público, devem estar contemplados também, os seguintes requisitos do art. 5º, da Lei 8.112/90: Art. 5o São requisitos básicos para investidura em cargo público: I - a nacionalidade brasileira; II - o gozo dos direitos políticos; 6 III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais; IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo; V - a idade mínima de dezoito anos; VI - aptidão física e mental. E mencionada lei, em seus parágrafos seguintes ainda faz ressalvas no que concerne aos requisitos para ingresso em cargo público, ao prever que a depender do cargo, suas respectivas atribuições podem justificar a exigência de outros requisitos estabelecidos em lei; define que às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de se inscrever em concurso público para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras e que para tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso; bem como que as universidades e instituições de pesquisa científica e tecnológica federais podem prover seus cargos com professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os procedimentos desta Lei. (Art. 5º, §§ 1º, 2º e 3º, Lei 8.112/90). As funções desses servidores são essenciais para a prestação jurisdicional, na medida em que cada vez mais se busca uma celeridade dos processos, sobretudo diante do aumento das demandas judiciais. Cada um destes servidores, dentro dos seus quadros de atuação, desenvolve atividades indispensáveis ao Poder Judiciário e por consequência, para toda a sociedade, na resolução de conflitos, assessoramento, andamento processual, suporte técnico, operacional, jurídico e administrativo, na proteção de interesses individuais e coletivos. Resumidamente, podemos afirmar que as atividades profissionais do analista, do técnico e do assessor contribuem para o funcionamento e aperfeiçoamento da justiça, garantindo a prestação jurisdicional e o andamento processual. SAIBA MAIS O termo “assessoramento” não se aplica somente em relação ao assessor! Assessorar é prestar assistência, e tanto os técnicos quanto os analistas judiciários prestam, também, atividades de assessoramento à atividade judiciária, ao conferir prazos de processos, numerar autos, arquivar e organizar 7 documentos, triar processos, entre outras funções. Então, caso vejam esse termo em materiais de apoio, livros ou outros meios, lembrem-se dessa observação para não se confundirem e achar que todo aquele que faz “assessoramento” é de fato assessor (MASSAD, 2016, p. 38). #SAIBA MAIS# ● Quem pode ser analista, técnico e assessor jurídico? Antes de adentrarmos em cada função, faremos uma breve diferenciação destes profissionais, para então termos uma noção melhor de quem são, quais suas principais características e funções, sem causar confusões entre eles, pois, mesmo que suas atividades por vezes se confundam, são distintas. Conforme Fernanda Marinela (2010, p. 543-544) Os servidores públicos constituem o grupo de servidores estatais que atuam nas pessoas jurídicas da Administração Pública de direito público, nas pessoas da Administração Direta (entes políticos: União, Estados, Municípios e Distrito Federal) e nas pessoas da Administração Indireta (as autarquias e fundações públicas de direito público). Para esses servidores, a relação de trabalho é de natureza profissional de caráter não eventual, sob o vínculo de dependência com as pessoas jurídicas de direito público. A carreira de analista judiciário é bastante diversificada e possui várias áreas de especialidade. O requisito para o cargo é ter diploma em nível superior na área de atuação a ser ocupada em instituição de ensino reconhecida pelo Ministério da Educação (diploma em engenharia civil, em psicologia, medicina,biblioteconomia). (MASSAD, 2016). Ex: necessária conclusão de curso em psicologia para cargo de analista judiciário em Vara da Infância e Juventude. O assessor judiciário, da mesma maneira, precisa de formação em nível superior, mas neste caso, restrita a área do direito, uma vez que atua diretamente com processos judiciais, pesquisa de jurisprudências, doutrinas e legislações, pré-análises de processos e elaboração de pareceres jurídicos. Portanto, para o assessor judiciário é indispensável a formação no curso de Direito, em instituição de ensino reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC). 8 Para ser técnico judiciário, por sua vez, é necessária somente a formação em nível médio ou curso técnico equivalente, em instituição de ensino reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC). Sua atuação por vezes se volta mais às áreas administrativas e de suporte técnico do Poder Judiciário, podendo também, trabalhar em cartórios judiciais, varas, gabinetes, etc. ● Estrutura de um Gabinete e Secretarias Primeiramente, o que é um gabinete? Trata-se de um espaço físico, uma estrutura, onde os magistrados, procuradores, promotores, desembargadores e seus colaboradores (entre os quais, o assessor) exercem suas atividades. Assim, podemos afirmar que o gabinete é o local de trabalho dos juízes, promotores e outros membros do Poder Judiciário e, portanto, ali são realizadas quase todas as funções exercidas nessas carreiras, como por exemplo: a elaboração de peças jurídicas, decisões, despachos, arquivamento de feitos, andamento processual, organização de documentos, triagem de processos, verificação de prazos, etc. No Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) cada gabinete de desembargador tem uma disponibilidade de cargos, conforme o quadro abaixo: Quadro 1 – Disponibilidade de Cargos TJPR CARGO QUANTIDADE SIMBOLOGIA* REQUISITO Secretário de desembargador 01 DAS-4 Formação em curso superior de qualquer área Assessor de desembargador 01 DAS-4 Graduação específica em Direito Assessor II de desembargador 01 DAS-5 Graduação específica em Direito Assistente de desembargador 01 1-C Graduação específica em Direito 9 Assistente II de desembargador 01 3-C Carteira de habilitação válida, categoria “B” Oficiais de gabinete de desembargador 02 1-C Ensino médio completo *A simbologia diz respeito às denominações de letras e números dos cargos e atuam como referências ao enquadramento e à remuneração do servidor. Fonte: (MASSAD, 2016, p. 27) A estrutura dos gabinetes dos magistrados, em especial, de primeiro grau, varia muito de acordo com a comarca e a vara em que atuam. A estrutura e o número de funcionários disponibilizados deve ser proporcional ao número de feitos que tramitam. No gabinete de Juiz de Entrância Final, conforme informações do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (Lei nº. 20.329 - 24 de setembro de 2020): Quadro 2 - Disponibilidade de Cargos TJPR – Entrância Final CARGO QUANTIDADE SIMBOLOGIA* REQUISITO Servidor efetivo 01 - Desde que bacharel em Direito Assistente II de Juiz de Direito 02 1-C Graduação específica em Direito Assistente III de Juiz de Direito 01 3-C Graduação específica em Direito Estagiário de Graduação 02 - Cursando graduação em Direito *A simbologia diz respeito às denominações de letras e números dos cargos e atuam como referências ao enquadramento e à remuneração do servidor. Fonte: Lei nº. 20.329/20, art. 15, online. Todos os cargos de gabinete são comissionados e podem ser preenchidos por funcionários do quadro da Secretaria do Tribunal de Justiça, inclusive, há uma orientação do Conselho Nacional de Justiça – instituição pública que atua para o aperfeiçoamento do sistema judiciário brasileiro, controlando sua atuação administrativa e financeira – dispondo que pelo menos vinte por cento dos cargos em comissão da área de apoio direto à atividade 10 judicante e cinquenta por cento da área de apoio indireto à atividade judicante deverão ser destinados aos servidores das carreiras judiciárias. BREVE CONSIDERAÇÃO: diferente do que ocorre nos gabinetes de 2º grau, onde o assessor não possui tanta participação nos atos processuais, no primeiro grau, o assessor ou assistente do magistrado tem ampla participação na movimentação dos processos e se torna peça imprescindível, sobretudo em razão da concentração do juiz nos autos de audiência e envolvimento com as partes (MASSAD, 2016). E o que é uma secretaria (ou cartório judicial)? Por cartório judicial se entende o local onde o servidor da Justiça exerce seu ofício (seu trabalho) e também o local onde são armazenados os processos, documentos relativos aos feitos judiciais e demais objetos que sejam necessários e/ou pertinentes a algum processo e que devem permanecer em cartório judicial, ou apreendidos. Nas secretarias a lotação dos servidores varia de acordo com a entrância (inicial, intermediária ou final), bem como pela demanda de trabalho. Uma secretaria é composta por pelo menos 01 analista/escrivão e técnicos judiciários. Nos termos do § 1º, do art. 14 da Lei nº. 20.329/20, por Secretaria haverá um cargo em comissão de Chefe de Secretaria e um cargo em comissão de Supervisor de Secretaria, sendo que o § 2º define que nas unidades em que houver Analista Judiciário Sênior, a estes será destinado o cargo de Chefe de Secretaria. Ou seja, na secretaria, servidores públicos investidos no cargo por concurso público, também podem receber cargos em comissão. Por exemplo: um analista que recebe um cargo de chefia: ele continua sendo analista, mas em cargo de Chefe de Secretaria. A título de exemplificação da estruturação (quantidade de servidores), uma Vara Cível da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba possui uma distribuição anual média de 1.900 processos, sendo seu quadro de servidores composto por 01 analista e 07 técnicos judiciários (além de estagiários e do gabinete). 11 Veja o quadro abaixo: Quadro 3 - Lotação Paradigma de Servidores por Secretaria - Triênio 2018, 2019 e 2020 – TJPR Fonte: TJPR, online. ● Síntese deste tópico A atividade jurisdicional necessita de colaboradores para seu bom funcionamento e daí, então, surgem os cargos de técnicos, analista e assessor judiciários e, ao mesmo tempo em que são funções distintas, também são complementares diante de suas finalidades finais: a garantia da prestação jurisdicional. As atividades jurídicas dentro de um fórum não dependem exclusivamente dos magistrados e desembargadores, mas sim em conjunto com as funções desempenhadas por todos os servidores. Cada gabinete e serventia deve respeitar a distribuição de competência e de jurisdição e atuar naquilo em que estiver designado, de forma que suas respectivas atuações sejam delimitadas e organizadas, garantindo-se a presteza da Justiça. 12 Dadas essas breves considerações gerais acerca do tema, partiremos agora ao estudo mais detalhado sobre os conceitos da função de analista jurídico, seus deveres e atribuições. Seguimos! 13 TÓPICO II Da conceituação de Analista Jurídico ● Do Analista Jurídico O analista judiciário, como já salientado anteriormente, deve ter formação em nível superior em qualquer área de graduação (a depender do cargo). Pode ser da área do Direito e trabalhar em cartórios, ou com juízes, desembargadores e promotores, auxiliando na movimentação de processos e pareceres jurídicos. O art. 4º da Lei nº. 11.416/06, que disciplina as carreiras dos servidores do poder Judiciário da União determina que incumbe Analista Judiciário as atividades de planejamento; organização; coordenação; supervisão técnica;assessoramento; estudo; pesquisa; elaboração de laudos, pareceres ou informações e execução de tarefas de elevado grau de complexidade. Por sua vez, o art. 5º, inciso III da Lei nº. 16.748, de dezembro de 2010, que reestrutura os quadros de pessoal do Poder Judiciário do Estado do Paraná e as carreiras de seus servidores, dispõe que integram o respectivo quadro de servidores do TJPR os: [...] Auxiliares da Justiça de Nível Superior (AJS) composta por cargos de provimento efetivo de Analista Judiciário, Psicólogo Judiciário e Assistente Social Judiciário, destinados à área de apoio direto à prestação jurisdicional, com atribuições de elaboração e execução de atos processuais e laudos, cujo requisito de ingresso é a formação superior correlacionada com a especialidade e com habilitação legal, se for o caso. A Constituição do Estado do Paraná, em seu art. 243-B, define que o assessoramento jurídico do Poder Judiciário, bem como a supervisão dos seus órgãos de consultoria e de assessoramento jurídicos, serão exercidos, privativamente, por bacharéis em Direito, desta forma, é possível concluir que para o analista judiciário é necessária a formação em Direito, já para o Psicólogo Judiciário, por exemplo, é necessária a formação na área da Psicologia. Na área judiciária o profissional deve realizar os serviços relativos à área jurídica, abrangendo o processamento de feitos, análise e pesquisa de legislações, consulta a jurisprudências, doutrinas e demais atualizações 14 pertinentes ao Direito, além de elaborar pareceres, certidões, e informações jurídicas nos processos em que estiver incumbido de fazê-lo. O próprio Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, na Lei nº. Lei 20.329, de 24 de setembro de 2020 que alterou em partes os dispositivos da Lei nº. 16.023/08, versa sobre a existência de analistas nas áreas da psicologia e da assistência social, denominando-os, respectivamente, como Psicólogo Judiciário e Assistente Social Judiciário, que assim como o Analista Judiciário, voltam-se ao apoio direto à prestação jurisdicional, naquilo que lhes couber. Outrossim, referida lei ainda trata dos profissionais de Apoio Especializado Superior, que também se enquadram como analistas e é composta por servidores cuja especializadas seja nas áreas de apoio indireto à prestação jurisdicional de análise de sistemas, contabilidade, engenharia, economia, estatística e medicina, cujo requisito de ingresso é a formação em curso superior correlacionado com a especialidade e com habilitação legal, se for o caso. Cabe dizer que profissionais, digamos, “fora da área do direito” são necessários na medida em que o direito versa sobre quase todas as áreas da vida e por vezes são necessários laudos técnicos sobre o assunto, a serem confeccionados por profissionais capacitados, assim como outros estudos, exames e pareceres. Isso ocorre porque os magistrados e representantes do Ministério Público não possuem conhecimento em diversas áreas quem muitas vezes estão relacionadas às ações judiciais que lhes são incumbidas, sendo que o conhecimento técnico sobre o assunto é fundamental na resolução de conflitos e indispensável para que o juiz forme sua convicção e para que as partes se manifestem nos autos. Veja o art. 5º da Lei 20.329/2020: Lei nº. 20.329/2020 - Art. 5º - Divide a estrutura funcional da parte permanente do Quadro de Pessoal do Poder Judiciário do Estado do Paraná nas seguintes carreiras, organizadas segundo os requisitos de investidura, atribuições, complexidade, grau de responsabilidade e peculiaridades do cargos: [...] II - Apoio Especializado Superior (AES) composta por cargos de provimento efetivo com atribuições especializadas nas áreas de apoio indireto à prestação jurisdicional de análise de sistemas, contabilidade, engenharia, economia, estatística e medicina, cujo requisito de 15 ingresso é a formação em curso superior correlacionado com a especialidade e com habilitação legal, se for o caso; III - Auxiliares da Justiça de Nível Superior (AJS) composta por cargos de provimento efetivo de Analista Judiciário, Psicólogo Judiciário e Assistente Social Judiciário, destinados à área de apoio direto à prestação jurisdicional, com atribuições de elaboração e execução de atos processuais e laudos, cujo requisito de ingresso é a formação superior correlacionada com a especialidade e com habilitação legal, se for o caso; [...]. (grifo não original) Portanto, mesmo sem possuírem formação jurídica, esses profissionais que se enquadram como analistas são indispensáveis para a prestação jurisdicional. O Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina, em seu site, traz considerações acerca do cargo de Analista Jurídico, asseverando que o requisito escolar para investidura no cargo é ser portador de diploma de curso superior em Direito e descreve as atribuições do servidor, que serão vistas no próximo tópico desta Unidade. Outrossim, a Lei Complementar nº. 406 de 2008, alterada pela Lei Complementar nº. 699/17, em seu artigo 1º, §2º, assevera que resta estabelecida, no citado Tribunal de Justiça, a seguinte habilitação profissional para a categoria funcional de Analista Administrativo. Segue a transcrição: “Portador de diploma de curso superior em Administração, Ciências Contábeis, Ciências Econômicas ou Direito". § 3º As atribuições das categorias funcionais de Analista Jurídico e Analista Administrativo serão definidas por resolução do Presidente do Tribunal de Justiça do Estado. Não diferente, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, com a Lei nº. 13.807 de 2011, atualizada pela Lei nº. 14.722 de 2015 dispõe sobre a criação do cargo de Analista Judiciário para lotação preferencial em cargos de provimento efetivo, oportunidade que dispõe que referidos cargos serão distribuídos conforme as seguintes áreas de atividade: I - Área Judiciária – abrangendo, em termos gerais, processamento dos feitos, análise e pesquisa de legislação, doutrina e jurisprudência, elaboração de textos jurídicos, e demais atribuições previstas em regulamento; 16 II - Área Administrativa – atividades relacionadas com recursos humanos, material e patrimônio, orçamento e finanças, contratos e licitações, transporte e segurança e demais funções complementares de apoio administrativo; e III - Área de Apoio Especializado – atividades a demandar dos titulares, registro no órgão fiscalizador do exercício da profissão ou que exijam o domínio de habilidades específicas, a critério da administração, tais como: saúde, contadoria, arquitetura, engenharia, comunicação social, biblioteconomia, informática, programação visual, taquigrafia, assistência social, administração e economia, dentre outras. Exemplificando, na área especializada necessita-se que os serviços sejam efetuados por profissionais capacitados na área, com a devida formação, registro no órgão fiscalizador do exercício da profissão ou o domínio de habilidades específicas, a critério da administração. Um analista da área de apoio especializado, que seja assistente social, trabalhe com serviço social, ele poderá atuar nas varas e promotorias de direito de família, na proteção da criança e do adolescente, idosos, vítimas de violências sexual, doméstica, etc. Já na área do apoio administrativo, o profissional deve efetivar a formalização de determinados atos processuais de mero expediente (mero andamento), certificações em geral, escrituração, finanças, segurança, ou seja, atua no andamento da justiça sob um viés administrativo, em complementação à área judiciária e de apoio especializado. Por fim, a área do analista judiciário com formação exclusiva em Direito é voltada à atuação na área jurídica, no processamento de feitos, entre outras atividades relativas aos processos e que demandam conhecimento técnico e jurídico. Desta forma, emsíntese podemos concluir que há um leque de atuação para o cargo de analista, podendo este ter formação em direito, ou em outras áreas que serão determinadas de acordo com as necessidades de cada ente da federação e seus respectivos órgãos. Aqui neste material foi abordado um pouco sobre as legislações relativas ao analista na região sul do país, sendo possível constatar pequenas diferenças de nomenclatura, de cargos e áreas, a depender das necessidades de cada região. 17 É importante salientar que o Brasil possui 27 unidades federativas e em cada uma delas existirão diferenças, mas, além disso, muitas semelhanças. Por isso, é impossível tratar de todos os temas conforme a regulamentação de cada Estado! Este material elenca apenas alguns Estados, como forma de expor a existência de legislações sobre a carreira, a sua importância e necessidade. Os exemplos fornecem uma base sólida e útil ao seu aprendizado, na medida em que as regulamentações são parecidas nas diversas unidades federativas e como salientado no início desta unidade, a teor do que leciona a Constituição Federal de 1988, é dever de cada Estado organizar sua justiça e leis de organização judiciária (art. 125). REFLITA Por que a atuação do analista judiciário é tão relevante para a atividade jurisdicional? Existe uma relação de interdependência entre as funções de analista, técnico e assessor judiciário? Fonte: a autora. #REFLITA# TÓPICO III Das funções atribuídas ao Analista 18 Neste tópico, depois de assimiladas as conceituações sobre o analista judiciário, passaremos a trabalhar suas atribuições junto ao seu local de trabalho. O papel do analista é de auxiliar na elaboração de peças técnicas nas áreas de sua especialidade (ex: contador, pedagogo, assistente social, etc.), jurídicas e/ou administrativas, no acompanhamento processual, em atos processuais, audiências, atendimento ao público, etc. O Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina, em sua página na Web traz algumas informações sobre as atribuições do analista jurídico portador de diploma em graduação no curso de Direito, descrevendo que lhe incumbe, dentre outras coisas as atividades de planejamento, organização, coordenação, supervisão técnica, estudo, pesquisa, elaboração de laudos, pareceres ou informações e execução de tarefas de elevado grau de complexidade. Acrescentando como objetivo fundamental da carreira, fornecer suporte jurídico-administrativo aos órgãos do Tribunal de Justiça e da Justiça de Primeiro Grau, e também, atuar como conciliador ou mediador, por designação da autoridade judiciária a que estiver subordinado2. Exemplos típicos de atribuições da categoria: a) Dar andamento a processos administrativos e judiciais e ao expediente do órgão em que estiver lotado; b) Elaboração de certidões, informações, relatórios, pareceres e expedientes diversos, de acordo com a natureza do órgão no qual estiver lotado; c) Atendimentos às partes e interessados, em processos judiciais e administrativos; 2 TJSC. Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Analista Jurídico. Disponível em: https://www.tjsc.jus.br/web/servidor/analista-juridico. Figura 2 - Ilustração Justiça Fonte: Shutterstock 19 d) Análise e pesquisa de legislação, doutrina e jurisprudência; e) Orientação e execução de tarefas e elaboração de estudos e projetos nos assuntos relacionados à sua área de formação; f) Exercer, quando designado pela Direção do Foro, a Chefia de Cartório, nos termos da Lei Complementar 406/08, com os encargos de fedatário; g) Outras atividades correlatas e de mesma natureza e grau de complexidade. E passaremos a tratar das atividades de assessoramento do analista, recapitulando neste ponto, uma observação dos tópicos anteriores, onde explica- se que o termo “assessoramento” não se aplica somente ao assessor! Nessas atividades desde o servidor auxiliar a atuação dos magistrados e dos membros do Ministério Público. Com a Reforma do Judiciário, ocorrida em 2004, houve a implementação de medidas de celeridade processual e duração razoável do processo, pois como bem aponta Cappelletti e Garth (1988, p. 20-21): Uma justiça que não cumpre suas funções em um prazo razoável é, para muitas pessoas, uma Justiça inacessível. Neste sentido foi que se passou a dar mais atenção e ênfase aos analistas (bem como técnicos e assessores judiciários), na medida em que a função de assessoramento por eles desempenhada contribui de forma grandiosa para a celeridade processual, sendo uma de suas principais atribuições junto ao local onde está lotado, a triagem dos feitos. Todo processo possui um início (seja a petição inicial, o recebimento de denúncia, etc), um meio (produção de provas, audiência de instrução e julgamento, etc.) e um fim (o julgamento, a sentença, a condenação, a absolvição, etc.) E todos esses processos tramitam independente de suas fases, necessitando de diferentes decisões, manifestações e movimentações. A triagem atua como uma forma de otimizar o serviço e incumbe ao analista jurídico, por exemplo, dar o devido seguimento ao feito, auxiliando o magistrado da causa ou membro do Ministério Público. 20 Ainda, cada processo possui suas peculiaridades, prazos e custas processuais, que devem ser observados atentamente pelo servidor. E, apesar de o analista judiciário ter um cargo bastante reconhecido, por vezes recebendo função comissionada de chefia, ele não precisa estar sempre envolvido em funções estritamente técnicas, elaborando peças jurídicas em um gabinete apertado ou, se for área não-jurídica, escrevendo pareceres e estudando casos apresentados. O analista não precisa estar sempre envolvido em funções estritamente técnicas: nada impede que um analista judiciário com formação jurídica atenda ao público, e isso não é nenhum demérito! Pelo contrário, o contato com pessoas é estimulante e necessário, tanto por parte do usuário do serviço público, que quer ser bem atendido, quanto para quem atende. O atendimento ao público é muitas vezes o primeiro contato entre o cidadão e a justiça, razão pela qual é de suma importância que o servidor aja com lisura, com eficiência (art. 37, da CF) e também que se faça compreender, pois o acesso deve ser para todos. Para atender o público, cuide de sua linguagem, seja comunicativo, atencioso e objetivo. Conforme o CNJ (resolução 215/2015), todos os “órgãos administrativos e judiciais do Poder Judiciário devem garantir às pessoas naturais e jurídicas o direito de acesso à informação, mediante procedimento objetivo e ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão”. O Poder Judiciário se divide em diferentes órgãos de atuação na prestação jurisdicional, com a competência definida pela Constituição Federal de 1988. Existem variações quanto ao funcionamento de todos os órgãos da Justiça (tribunais, colegiados, etc.). A atuação do analista judiciário é de suma importância para o funcionamento da justiça, seja diante de sua atuação em gabinetes, em varas, cartórios judiciais, no primeiro ou no segundo grau de jurisdição. Não se esqueça que essa é uma profissão versátil, varia de acordo com a competência, jurisdição, conveniência e necessidade de serviço. Trata-se de uma atividade com muita atuação e exigido grau de responsabilidade. Engana- se aquele que acha que o analista, seja da área do direito ou de áreas especializadas tem uma atuação mecânica e monótona. 21 No primeiro e no segundo grau de jurisdição, os analistas ainda podem participar das sessões de audiência (ou de julgamento). SAIBA MAIS É importante ressaltar que a função de analista não está restrita ao Poder Judiciário Estadual!! Na Justiça Federal, na Justiça do Trabalho, na Justiça Eleitoral e demaisTribunais Superiores também existe referida profissão de analista. Fonte: (MASSAD, 2016). #SAIBA MAIS# Requisitos de ingresso ao cargo de analista: 1. Requisito exigido para cargo de analista judiciário em concurso realizado pelo Tribunal Regional Federal Área e especialidade Requisito Judiciária – judiciária Diploma ou certificado, devidamente registrado, de conclusão de curso superior em Direito, fornecido por instituição de nível superior reconhecida pelo MEC. Judiciária – oficial de justiça avaliador federal Diploma ou certificado, devidamente registrado, de conclusão de curso superior em Direito, fornecido por instituição de nível superior reconhecida pelo MEC. Diploma ou certificado, devidamente registrado, de conclusão de curso 22 Analista da área de apoio especializado – informática superior completo, em qualquer área de formação, fornecido por instituição de nível superior reconhecida pelo MEC, acompanhado de curso de especialização com carga horaria mínima de 360 (trezentos e sessenta) horas na área de Análise de Sistemas, ou qualquer curso superior de Informática devidamente reconhecido. Fonte: (MASSAD, 2016, p. 55-56) 2. Requisito exigido para cargo de analista judiciário em concurso realizado pelo Tribunal de Justiça do Paraná Especialidade Requisito Judiciário Diploma ou certificado de curso de nível superior em Direito, reconhecido pelo MEC. Psicologia Diploma ou certificado de curso de nível superior em Psicologia, reconhecido pelo MEC. Contabilidade Diplomas ou certificados de curso de nível superior em Contabilidade, reconhecido pelo MEC. Assistência Social Diplomas ou certificados de curso de nível superior em Assistência Social, reconhecido pelo MEC. Fonte: (MASSAD, 2016, p. 58) 23 TÓPICO IV Dos deveres atinentes à função de analista jurídico E passaremos agora ao último tópico desta Unidade sobre o cargo de analista judiciário, ocasião em que trabalharemos sobre a ética, o sigilo profissional, segredo de justiça e demais deveres do analista. ● Da Ética Tem-se por ética um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana e da sociedade. Atua como um instrumento de equilíbrio, para que ninguém saia prejudicado. E não confunda a ética com leis!! Ela está mais relacionada a um sentimento de justiça social. E por ser uma construção social, baseada em todo um contexto histórico e sociocultural (e também econômico) a ética é consagrada como um ramo da ciência que estuda os valores e princípios morais humanos e da sociedade, de forma que é possível, portanto, se falar em ética nas relações profissionais. Uma coisa que se deve ter em mente é de que os servidores públicos (seja analista, assessor, juiz, promotor) são profissionais que detém um vínculo de trabalho profissional com órgão e entidades do governo, e todas as atividades de órgãos do governo, afetam a vida em sociedade, sendo de extrema relevância que os servidores apliquem em seu trabalho valores éticos, para que então, toda a sociedade possa acreditar na eficiência e lisura dois serviços públicos. E por esta razão, a lei inclusive prevê sanções e mecanismos que penalizam servidores que ajam em desacordo com suas atividades e condutas profissionais. Um exemplo é a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101/2000), assim como a Lei nº. 8.027/1990, que trata-se do Código de ética dos servidores públicos, e dispõe sobre normas de conduta dos servidores públicos 24 civis da união, das autarquias e das fundações públicas. Veja o art. 2º da Lei nº. 8.027/1990: Art. 2º São deveres dos servidores públicos civis: I - exercer com zelo e dedicação as atribuições legais e regulamentares inerentes ao cargo ou função; II - ser leal às instituições a que servir; III - observar as normas legais e regulamentares; IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais; V - atender com presteza: a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, ressalvadas as protegidas pelo sigilo; b) à expedição de certidões requeridas para a defesa de direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal; VI - zelar pela economia do material e pela conservação do patrimônio público; VII - guardar sigilo sobre assuntos da repartição, desde que envolvam questões relativas à segurança pública e da sociedade; VIII - manter conduta compatível com a moralidade pública; IX - ser assíduo e pontual ao serviço; X - tratar com urbanidade os demais servidores públicos e o público em geral; XI - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder. A referida norma ainda trata sobre desvios de conduta, faltas e infrações, versando sobre possíveis punições administrativas (que mais à frente serão estudadas). No Estado do Paraná, a Lei n° 16.024, de 19 de dezembro de 2008, Estatuto dos Funcionários do Poder Judiciário elenca vários deveres do funcionário público, sendo eles: Art. 156. São deveres do funcionário: I - assiduidade; II - pontualidade; III - urbanidade; IV - manter conduta compatível com a moralidade administrativa; V - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; VI - lealdade e respeito às instituições a que servir; VII - observar as normas legais e regulamentares; VIII - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais; IX - atender com presteza: a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, ressalvadas às protegidas por sigilo; b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal; c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública; X - levar ao conhecimento da autoridade superior as irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo; 25 XI - zelar pela economia do material e conservação do patrimônio público; XII - guardar sigilo sobre assunto da repartição XII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; XIII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder; XIV - atender prontamente às convocações para serviços extraordinários; XV - zelar pela manutenção atualizada dos seus dados cadastrais perante a administração pública; XVI - apresentar-se convenientemente trajado em serviço ou com uniforme determinado; XVII - proceder na vida pública e na vida privada de forma a dignificar o cargo ou a função que exerce; XVIII - cumprir os prazos previstos para a prática dos atos que lhe são afetos ou que forem determinados pela autoridade administrativa ou judiciária a que estiver vinculado; XIX - comunicar à Secretaria do Tribunal de Justiça e restituir imediatamente os valores que perceber indevidamente como remuneração; XX - frequentar os cursos instituídos pela administração do Tribunal de Justiça para aperfeiçoamento ou especialização; XXI - submeter-se à inspeção médica quando determinada pela autoridade competente. O que se deve ter como ponto de referência em relação à ética do servidor público é a busca por um padrão de comportamento ético, para que a partir disso, se possa julgar a atuação dos servidores. Para tanto, o artigo 37, da CF/88 traz alguns princípios que regem a Administração Pública: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência. Portanto, o servidor deve sempre agir pautado nesses princípios. ● Sigilo Profissional A Lei nº. 8.027/1990, em seu art. 2º, VII, dispõe que é dever do servidor guardar sigilo sobre assuntos da repartição, desde que envolvam questões relativas à segurança pública e da sociedade, e assim, o sigilo se constitui como um dever a ser cumprido pelo analista, sendo que o seu descumprimento implica em punições, a teor do que prescreve a Lei nº. 8.112/1990. O servidor público tem o dever de procederde forma a agir com discrição e à salvaguarda de documentos Figura 3 - Profissional do Direito 26 sigilosos, preservando em ambiente apropriado as informações afetas ao seu trabalho. Não pode o analista, por exemplo, tornar públicas as decisões ou demais atos sigilosos executados dentro de seu ambiente profissional. ● Segredo de Justiça Também é dever do analista zelar pelo sigilo de processos judiciais ou demais investigações e atos que sejam uma exceção ao princípio da publicidade, na medida em que pode envolver a intimidade de alguma pessoa, seus dados pessoais, sigilos fiscais, de dados, de telefonia, etc. Em determinadas situações admite-se a publicidade restrita aos envolvidos no processo, preservando-se a dignidade das pessoas. Sendo dever do analista, a garantia desse segredo de justiça (MASSAD, 2016). ● Documentos Oficiais e Participação em Atos Oficiais E encerrando essa Unidade, vamos trabalhar os documentos a serem elaborados pelo analista e sua participação em atos oficiais. Atualmente, a maioria dos processos são eletrônicos. A modernização dos sistemas de integração e de comunicação permitiram uma maior agilidade nos feitos e na comunicação, aperfeiçoando a prestação jurisdicional. Há exemplo disso, no TJPR os servidores têm acesso a um chat particular de comunicação online, um sistema de comunicação por mensagens (mensageiro) e o sistema Hércules onde são agilizados diversos requerimentos e procedimentos internos, dispensando a impressão de papel, deslocamentos, etc. Todavia, apesar dessa modernização, a redação das comunicações e contatos oficiais deve respeitar os preceitos de cada órgão do Poder Judiciário em que estiver atuando. A redação é elemento essencial e os pronomes de tratamento devem ser sempre observados. Além dos pronomes de tratamento, outro ponto importante, é a impessoalidade da redação, o uso padrão e culto de linguagem, a clareza, concisão, formalidade e uniformidade do texto. Fonte: Shutterstock 27 E já por ato processual, se entende como qualquer ato praticado por quaisquer das pessoas envolvidas na relação jurídica processual, com vistas a produzir uma consequência jurídica. Incluem, portanto, petições, recursos e movimentações. No Novo CPC encontram-se previstos no Livro IV, nos arts. 188 a 293. Com mais especificidade, os arts. 206 a 211 trazem sobre os atos do escrivão ou do chefe de secretaria: Seção V Dos Atos do Escrivão ou do Chefe de Secretaria Art. 206. Ao receber a petição inicial de processo, o escrivão ou o chefe de secretaria a autuará, mencionando o juízo, a natureza do processo, o número de seu registro, os nomes das partes e a data de seu início, e procederá do mesmo modo em relação aos volumes em formação. Art. 207. O escrivão ou o chefe de secretaria numerará e rubricará todas as folhas dos autos. Parágrafo único. À parte, ao procurador, ao membro do Ministério Público, ao defensor público e aos auxiliares da justiça é facultado rubricar as folhas correspondentes aos atos em que intervierem. Art. 208. Os termos de juntada, vista, conclusão e outros semelhantes constarão de notas datadas e rubricadas pelo escrivão ou pelo chefe de secretaria. Art. 209. Os atos e os termos do processo serão assinados pelas pessoas que neles intervierem, todavia, quando essas não puderem ou não quiserem firmá-los, o escrivão ou o chefe de secretaria certificará a ocorrência. § 1º Quando se tratar de processo total ou parcialmente documentado em autos eletrônicos, os atos processuais praticados na presença do juiz poderão ser produzidos e armazenados de modo integralmente digital em arquivo eletrônico inviolável, na forma da lei, mediante registro em termo, que será assinado digitalmente pelo juiz e pelo escrivão ou chefe de secretaria, bem como pelos advogados das partes. § 2º Na hipótese do § 1º, eventuais contradições na transcrição deverão ser suscitadas oralmente no momento de realização do ato, sob pena de preclusão, devendo o juiz decidir de plano e ordenar o registro, no termo, da alegação e da decisão. Art. 210. É lícito o uso da taquigrafia, da estenotipia ou de outro método idôneo em qualquer juízo ou tribunal. Art. 211. Não se admitem nos atos e termos processuais espaços em branco, salvo os que forem inutilizados, assim como entrelinhas, emendas ou rasuras, exceto quando expressamente ressalvadas. 28 Desta forma, visualiza-se que os analistas têm em suas atribuições o dever de praticar atos de documentação, de comunicação e de logística. Os atos de comunicação são aqueles onde o analista ou escrivão transfere para determinado suporte as declarações emitidas pelos sujeitos do processo. Ex: a representação que dá início ao processo e é autuada pelo analista, que insere as informações pertinentes do processo e lavra os termos necessários. Já os atos de comunicação são aqueles realizados com o intuito de dar ciência às partes, dar conhecimento sobre algum acontecimento do processo. É um ato indispensável. Ex: intimação e citação. Os termos mais comuns redigidos pelo escrivão são os de juntada, vista, conclusão e recebimento, que fazem o processo “caminhar”. O analista dá o andamento no processo, faz o intermédio de comunicação entre as partes. O ato de juntada é quando o analista certifica o ingresso de alguma petição ou documento nos autos. Vista é o ato de franquear o auto às partes para que se manifestem sobre algum evento. Conclusão é quando o processo é encaminhado ao juiz, para alguma deliberação. E por fim, o recebimento se configura como sendo o ato em que o analista ou escrivão documenta o momento em que os autos voltaram ao cartório após uma vista ou conclusão. E já os atos de logística dizem respeito ao recebimento e depósito de valores entregues pelas partes, a presença em audiências lavrando termos, as certidões do analista certificando o que correu em sua presença. SAIBA MAIS Você sabia que o analista possui fé pública? Pois é!! Ele possui e todo ato e documentação por ele realizada são cobertos por presunção de verdade. Fonte: a autora. #SAIBA MAIS# 29 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta Unidade pudemos pincelar o que seria o técnico, o assessor e o analista judiciários, adentrando com mais afinco no estudo relativo ao analista. Trata-se este de um servidor indispensável à prestação jurisdicional, que detém inúmeras atribuições e deveres, que devem ser cumpridos e respeitados, sobretudo diante das imposições constitucionais. Como bem visto cada Ente da Federação pode dispor sobre suas próprias regras de organização, distribuição e demais normativas relativas à justiça, sendo que apesar de serem diferentes em cada Estado, guardam muitas semelhanças. O analista judiciário, servidor de nível superior, auxilia em sua área de formação. E em tendo formação na área jurídica, pode auxiliar na elaboração de peças processuais, e demais andamentos relativos ao processo, podendo inclusive ser chamado para preencher o cargo de assessor de magistrado, desembargador, promotor, etc. (a depender de onde esteja lotado). Foi possível com esse aprendizado, compreender a importância do analista judiciários, da triagem de feitos, análise e andamento processual, verificação de prazos, pagamento de custas, fases do processo, etc. É uma atividade de grande importância para a prestação jurisdicional, além de ser uma ótima carreira a ser seguida. 30 LIVRO Título: Atribuições do assessor jurídico, do analista judiciário e do técnico judiciário. Autor: Carlos Eduardo Massad. Editora: Intersaberes Sinopse: Quais são as atribuições de assessores jurídicos, analistas judiciários e técnicos judiciários? Quais requisitos esses profissionais precisam preencher para ingressar nessas carreiras? Em que áreas atuam?Sem dúvida, as atividades desempenhadas por esses profissionais são de extrema importância para o bom funcionamento da estrutura jurídica de nosso país. Conhecendo melhor as responsabilidades desses cargos, você poderá compreender como o trabalho de assessores jurídicos e analistas e técnicos judiciários é relevante para a sociedade no que diz respeito ao acesso do cidadão à justiça. O conteúdo que você encontrará neste livro ampliará sua percepção sobre o funcionamento do Poder Judiciário no Brasil. Título: Acesso à Justiça Autor: Mauro Cappelletti; Bryant Garth Editora: Fabris Sinopse: Nesta obra, os autores sugerem três movimentos (ou ondas) que podem contribuir para o acesso à justiça e solucionar problemas da prestação jurisdicional, sendo eles: a assistência judiciária, a representação jurídica para os interesses difusos e enfoque de acesso à Justiça. Trata-se de um livro interessantíssimo e de grande utilidade para aqueles que desejam ingressar na carreira dos concursos públicos ou cargos comissionados na área jurídica. 31 FILME/DOCUMENTÁRIO Documentário: JUSTIÇA Direção e Roteiro: Maria A. Ramos Data de Lançamento: 2004 Sinopse: Este documentário (disponível no YouTube) expõe o dia a dia do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e todos seus personagens (servidores públicos, réus, familiares, etc.) e oferece ao público uma reflexão sobre o sistema judicial brasileiro e as estruturas de poder vigentes no país. 32 LEITURA COMPLEMENTAR Artigo: O Servidor Público no Mundo do Trabalho do Século XXI Autores: Carla Vaz dos Santos Ribeiro e Deise Mancebo Revista Psicologia: Ciência e Profissão Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S141498932013000100015&script=sci_a rttext&tlng=pt> Resumo: O texto aborda as repercussões do discurso depreciativo da sociedade dirigido ao servidor público – em muito intensificado pelas mutações no mundo do trabalho na virada do século XX para o XXI – na subjetividade dessa categoria e investiga como esses trabalhadores convivem com a utilização corrente de estereótipos negativos que desqualificam e desvalorizam a sua atividade laboral. O texto discute ainda como a falta de reconhecimento e de valorização interfere no sentido atribuído pelos servidores públicos à sua vida profissional. O texto analisa também as transformações ocorridas no setor público nas últimas décadas, em especial, as mudanças provocadas a partir da implementação da Reforma do Estado, de 1995, no Brasil, constata que a crise do Estado- providência influência de maneira decisiva as políticas, as estruturas e a cultura das organizações estatais e identifica um novo cenário que gera significativos impactos na produção da subjetividade da categoria; por fim, questiona se ainda há espaço para o servidor público no mundo do trabalho contemporâneo. 33 REFERÊNCIAS BRASIL. Código de Processo Civil (2015). Brasília, DF: Senado, 2015. BRASIL. Constituição (1988). Constituição Federal. Brasília, 1988. BRASIL. Lei nº 11.415, de 15 de dezembro de 2006. Brasília, 2006. BRASIL. Lei nº 11.416, de 15 de dezembro de 2006. Brasília, 2006. BRASIL. Lei nº 8.027, de 12 de abril de 1990. Brasília, 1990. BRASIL. Lei nº 8.112, de 11 de setembro de 1990. Brasília, 1990. CAPPELLETTI, M.; GARTH, B. Acesso à justiça. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 1988. CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Resolução do CNJ nº 215, de 16 de dezembro de 2015. Brasília, 2015. MARINELA. F. Direito Administrativo. Niterói: Impetus, 2010. PARANÁ. Constituição (1989). Constituição do Estado do Paraná, de 05 de outubro de 1989. Curitiba, 1989. PARANÁ. Lei Estadual nº 16.023, de 19 de dezembro de 2008. Curitiba, 2008. PARANÁ. Lei Estadual nº 16.024, de 19 de dezembro de 2008. Curitiba, 2008. PARANÁ. Lei Estadual nº 16.024, de 19 de dezembro de 2008. Estatuto dos Funcionários do Poder Judiciário. Curitiba, 2008. PARANÁ. Lei Estadual nº 16.748, de 29 de dezembro de 2010. Curitiba, 2010. PARANÁ. Lei Estadual nº 20.329, de 24 de setembro de 2020. Curitiba, 2020. RIO GRANDE DO SUL. Lei Estadual nº 13.807, de 17 de outubro de 2011. Porto Alegre, 2011. SANTA CATARINA. Lei Complementar nº 406, de 25 de janeiro de 2008. . Florianópolis, 2008. SHUTTERSTOCK. Imagem. Disponível em: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/lady-justice-blindfolded-beam- balance-sword-1917918482. Acesso em: 19 maio 2021. SHUTTERSTOCK. Imagem. Disponível em: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/law-justice-notary-work-concept- young-1819449371. Acesso em: 19 maio 2021. 34 SHUTTERSTOCK. Imagem. Disponível em: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/black-holding-weighing-scale- inclined-other-285432824. Acesso em: 19 maio 2021. STF. Súmula Vinculante nº 13, de 29 de agosto de 2008. Brasília, Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menusumario.asp?sumula=1227. Acesso em: 26 maio 2021. TJPR. Lotação Paradigma de Servidores por Secretaria - Triênio 2018, 2019 e 2020 – TJPR. 2020. Disponível em: https://www.tjpr.jus.br/documents/13302/17194517/Anexo+I+- +Quadros+I+e+II+-+11.05.2021.pdf/f9cdc093-f5de-6bab-e43a-44ecd22df6ab. Acesso em: 24 maio 2021. 1 UNIDADE II DO TÉCNICO JURÍDICO Prof. Ma. Raiza Eloa Brambilla Catanio1 Plano de Estudo desta Unidade: ● Das características gerais do cargo de técnico jurídico; ● Das funções/atribuições do técnico jurídico; ● Dos deveres da função de técnico jurídico; ● Das diferenças e similitudes entre analistas e técnicos jurídicos Objetivo de Aprendizagem: Prezado (a) aluno (a), agora daremos início aos estudos relativos ao cargo de técnico judiciário, tema este, que faz parte da Unidade II da nossa disciplina de Atribuições do Analista, do Técnico e do Assessor Jurídico. Dividiremos esse material em 04 tópicos, onde abordaremos as características gerais deste cargo, quais suas funções e atribuições, bem como seus deveres, sendo que por fim, trabalharemos as semelhanças e diferenças entre o técnico judiciário e o analista (função estudada na unidade anterior). 1 Mestra em Ciências Jurídicas pela Universidade Cesumar – UniCesumar, pós-graduanda em Docência no Ensino Superior, pela Uniasselvi, Assessora Jurídica no Tribunal de Justiça do Estado do Paraná – TJPR. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/6265742338541943. E-mail: raizaeloa@hotmail.com. 2 INTRODUÇÃO Caro (a) aluno(a), essa unidade tem como objetivo principal elucidar todas questões relativas ao tema e desta forma, acrescentar conteúdo e sabedoria à sua jornada acadêmica. Será uma nova unidade de conceituação, contextualização e novos aprendizados acerca desta profissão em crescente demanda e que diariamente têm se demonstrado como uma atividade essencial à prestação jurisdicional, sendo, portanto, merecedora de nossa atenção e estudo. Então seguimos adiante, para mais uma unidade com muito estudo e conhecimento! 3 TÓPICO I Das características gerais do cargo de técnico jurídico ● Você sabe quem é o técnico jurídico? Recapitulando brevemente o tema da unidade anterior, os analistas, técnicos e assessores jurídicos são servidores públicos e atuam em órgãos governamentais, integrados em cargos do Distrito Federal, Estados e da União. O cargo de técnico jurídico, assim como o do analista, está previsto na Lei nº. 11.416 de dezembro de 2006, que regulamenta as carreiras dos servidores do poder Judiciário da União, bem como, pela Lei Federal nº. 11.415, de 2006, versa sobre as carreiras dos servidores do Ministério Público. Importante relembrarmos que cada Ente Federativo possui autonomia paracriar e editar suas normas de regulamentação em relação às atividades da justiça, conforme o art. 125 da Constituição Federal de 1988. E da mesma forma que ocorre com os analistas, os técnicos jurídicos trabalham para que a prestação jurisdicional ocorra como deve ser: com celeridade e amplo acesso. Sua atividade é essencial e indispensável para a Justiça e também para toda a sociedade. Existem duas formas de ingresso nas carreiras jurídicas de analista, assessor e técnico, sendo que para esta última, é necessária somente a formação em nível médio ou curso técnico equivalente, em instituição de ensino reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC). Anteriormente à Carta Maior de 1988 (Constituição Federal) as atribuições anteriormente estudadas relativas ao cargo de Analista Judiciário, eram privativas dos Servidores que detinham destaque na prestação do serviço Figura SEQ Figura \* ARABIC 1 - Técnico Jurídico 4 público e investiam em seu aperfeiçoamento técnico e acadêmico, e consequentemente profissional. Era realizado um procedimento interno de concurso e em caso de aprovação, referidos profissionais davam sequência à suas carreiras junto ao Ente Público, mas agora na função de Analista Judiciário. Sucintamente, tratava- se de uma promoção do servidor que trabalhava com eficiência e presteza, sobretudo diante do aumento de sua remuneração e de suas responsabilidades (ARAÚJO, c2006-2021). Com o passar dos anos, a carreira de analista foi dividida em duas: Analista e Técnico Judiciário, sendo que durante a inscrição em concurso público já há a diferenciação entre os cargos, a depender da qualificação do candidato (formação em nível superior). A atuação do técnico jurídico, por vezes, se volta mais às áreas administrativas e de suporte técnico do Poder Judiciário, podendo também, trabalhar em cartórios judiciais, varas, gabinetes. São servidores que prestam grande auxílio no andamento dos processos e atendimento ao público. Trata-se o Técnico Judiciário de um servidor público, cuja atuação se dá nos tribunais e demais espaços da Justiça, ou seja, é um profissional que pode trabalhar junto à Justiça Federal (TRF), Estadual (TJ), Justiça do Trabalho (TRT) ou Justiça Eleitoral (TRE). É um cargo que possui ampla concorrência, haja vista a dispensa de diploma em nível superior e as excelentes remunerações e gratificações e também por possuir ampla área de atuação. Geralmente referidas áreas podem ser (MASSAD, 2016): ● Área Administrativa (somente ensino médio completo) ● Área Administrativa – Especialidade Contabilidade (ensino médio + Curso técnico de Contabilidade) ● Área Administrativa – Especialidade Enfermagem (ensino médio + Curso técnico de Enfermagem) Figura SEQ Figura \* ARABIC 2 - Técnica Jurídica Fonte: shutterstock 5 ● Área Administrativa – Tecnologia da Informação (ensino médio + Curso técnico de Informática) Na área de apoio especializado ou técnico (ensino médio + curso técnico) os serviços serão realizados somente por servidores devidamente aprovados no concurso público para o cargo de Técnico Judiciário que apresentem o devido registro, nos respectivos órgãos fiscalizadores do exercício da profissão ou o domínio de habilidades específicas. Exemplo: Especialidade Enfermagem (ensino médio + diploma em curso técnico de Enfermagem) Já quanto à área de apoio administrativo, os serviços dizem respeito a formalização de atos processuais, escrituração em livros, digitalização de documentos, certificação dos atos processuais, de ofícios e demais comunicações pertinentes ao processo, atendimento ao público, entre outras. Ainda, além de o técnico judiciário desempenhar inúmeras funções no Poder Judiciário brasileiro, também pode atuar junto ao Ministério Público e, muito embora seja um profissional sem formação em nível superior de graduação em Direito, deve possuir conhecimentos sobre a estrutura e funcionamento dos órgãos onde está lotado atuando como servidor. A Lei nº. 11.416/2006, que dispõe sobre a carreira dos servidores do Poder Judiciário da União, prescreve em seu art. 8º, inciso II, que é requisito de escolaridade para o ingresso no cargo de técnico judiciário, o curso de ensino fundamental. O art. 4º, inciso II da referida Lei, leciona que a atribuição da carreira de técnico judiciário está voltada para a execução de tarefas de suporte técnico e administrativo. No Estado do Paraná, as Leis nº. 16.023/2008, nº. 16.748/2010 e nº. 20.329/2020 tratam das carreiras dos funcionários públicos do quadro pessoal do Poder Judiciário, e determinam como requisito para ingresso no cargo de técnico jurídico a conclusão de cursos de ensino médio ou curso técnico equivalente ou ainda curso superior correlacionado com a especialidade da área de apoio, em sendo o caso. Vejamos: Art. 5°. Divide a estrutura funcional da parte permanente do Quadro de Pessoal do Poder Judiciário do Estado do Paraná nas seguintes carreiras, organizadas segundo os requisitos de investidura, 6 atribuições, complexidade, grau de responsabilidade e peculiaridades dos cargos: (Redação dada pela Lei 20329 de 24/09/2020). [...] Art. 6°. Divide a estrutura funcional da parte suplementar do Quadro de Pessoal do Poder Judiciário do Estado do Paraná nas seguintes carreiras: (Redação dada pela Lei 20329 de 24/09/2020).[...] III - Auxiliares da Justiça (AUJ) composta por cargos de provimento efetivo com atribuições de suporte técnico e administrativo relativos a diligências externas e cumprimento de atos processuais, de fiscalização de crianças e adolescentes e da execução das leis que os assistem e de apregoamento, cujo requisito de ingresso é a formação em curso de ensino médio; (Incluído pela Lei 20329 de 24/09/2020). IV - Intermediária (INT) composta por cargos de provimento efetivo com atribuições técnicas nas áreas de apoio direto e indireto à prestação jurisdicional, cujo requisito de ingresso é a formação em curso de ensino médio, ou curso técnico equivalente, correlacionado com a especialidade, se for o caso. (Redação dada pela Lei 20329 de 24/09/2020). E aqui novamente citando a página da Web do Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina, referido site, ao dispor sobre a função de Técnico Judiciário traz algumas informações e denominações da categoria2: Ou seja, descreve sumariamente que ao técnico judiciário ficam incumbidas as atividades relacionadas com serviços de organização, execução e controle de serviços técnicos-administrativos, bem como atuar como conciliador ou mediador, por designação da autoridade judiciária a que estiver subordinado. 2 TJSC. Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Técnico Judiciário. Disponível em: https://www.tjsc.jus.br/web/servidor/tecnico-judiciario-auxiliar. Fonte: (TJSC, online) Figura SEQ Figura \* ARABIC 3 - Site TJSC 7 Já o Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul ao dispor sobre a carreira de técnico judiciário, a divide em três áreas (Lei nº. 13.807 de 17 de outubro de 2011, atualizada até a Lei nº. 14.722, de 19 de agosto de 2015): ● Da área judiciária; ● Da área administrativa; ● Da área de apoio especializado E como já explicado na Unidade anterior, os técnicos judiciários podem exercer suas funções nos cartórios judiciais, locais estes onde o servidor da Justiça exerce seu ofício (seu trabalho) e também o local onde são armazenados os processos, documentos relativos aos feitos judiciais e demais objetos que sejam necessários e/ou pertinentes a algum processo e que devem permanecer em cartórios judiciais, ou apreendidos. Nas secretarias a lotação dos servidores varia de acordo com a entrância (inicial, intermediária ou final), bem como pela demanda de trabalho. Uma secretaria é composta por pelo menos 01 analista/escrivão e técnicos judiciários. Devendo ser ressaltadonovamente, que a quantidade de técnicos por comarca, vara, secretaria, etc. varia de acordo com a demanda processual, distribuição de feitos e competências. Requisitos de ingresso ao cargo de técnico: 1. Edital 001/2017 – Concurso Público para provimento de vagas do cargo de Técnico Judiciário do quadro de pessoal do 1º Grau de Jurisdição do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná: Cargo Requisito Técnico Judiciário Certificado de conclusão de Ensino Médio, fornecido por instituição de ensino reconhecida pelo Ministério da Educação e Cultura - MEC. Fonte: TJPR, online. 8 2. Edital 01/2020 – Concurso Público para o provimento de cargos vagos e à formação de cadastro de reserva do quadro de pessoal efetivo do Poder Judiciário do Estado de Santa Catarina: Cargo Requisito Técnico Judiciário Auxiliar Certificado, devidamente registrado, de conclusão de curso de nível médio (antigo 2º grau) expedido por Instituição de Ensino reconhecida por Conselho Estadual de Educação ou por Conselho Nacional de Educação. Fonte: Edital 01/2020, TJSC, online. 3. Requisitos exigidos para cargos de técnico judiciário em concurso realizado pelo Tribunal Regional Federal: Especialidade Requisito Administrativa Comprovante de conclusão de ensino médio ou equivalente, devidamente reconhecido por órgão competente para tal. Segurança e Transporte Comprovante de conclusão de ensino médio ou equivalente, devidamente reconhecido por órgão competente para tal e carteira nacional de habilitação, no mínimo, categoria “D”. Contabilidade Conclusão de curso de ensino médio ou equivalente e curso de técnico de contabilidade, devidamente reconhecidos por órgão competente para tal, e registro no Conselho Regional de Contabilidade (CRC). 9 Tecnologia da Informação Comprovante de conclusão de ensino médio ou equivalente, devidamente reconhecido por órgão competente para tal. Fonte: (MASSAD, 2016, p. 56-57) As atividades administrativas e técnicas realizadas pelos servidores são de grande valia para a prestação jurisdicional e têm sua relevância, dadas às necessidades de cada órgão e Estado. 10 TÓPICO II Das funções/atribuições do técnico jurídico Neste tópico, depois de assimiladas as conceituações sobre o técnico judiciário, quem é, qual a forma de ingresso na carreira, etc., passaremos a trabalhar suas atribuições e funções junto ao seu local de trabalho. O papel do técnico é prestar apoio às áreas do Poder Judiciário e desta forma, desempenhar atividades gerais, de cunho administrativo ou especializado, a depender de sua especialidade ou formação. Como salientado, fazem parte de suas tarefas o atendimento ao público em geral, instruir as partes sobre o processo, fornecer informações, redigir documentos judiciais e administrativos, bem como podem realizar atividades relacionadas com as funções de administração de recursos humanos, materiais e patrimoniais, orçamentários e financeiros e controle interno da repartição, desde que aptos para tanto (2021). O Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina, em sua página na Web traz algumas informações sobre as atribuições do técnico jurídico portador de diploma em ensino médio ou curso técnico, devidamente reconhecimento pelo MEC3. Exemplos típicos de atribuições da categoria: Atribuições gerais a) Atender aos advogados e ao público, prestando as informações solicitadas; b) Elaborar atas de julgamento e de sorteios de jurados; 3TJSC. Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Técnico Judiciário. Disponível em: https://www.tjsc.jus.br/web/servidor/tecnico-judiciario-auxiliar. Figura SEQ Figura \* ARABIC 4 - Técnico Jurídico Fonte: shutterstock 11 c) Autuar inquéritos, cartas precatórias, ações, execuções fiscais e demais processos; d) Fazer juntada de documentos nos processos; e) Digitar audiências, quando indicado pelo Escrivão, e demais expedientes do cartório; f) Realizar o cadastramento dos processos em andamento, partes e testemunhas, vinculando-as ao processo; g) Registrar e acompanhar a movimentação de processos e respectiva localização no cartório; h) Providenciar o acondicionamento físico dos processos no cartório, de acordo com o respectivo registro lançado no sistema; i) Elaborar e controlar a carga e remessa de processos; j) Emitir carga de mandado e expedientes diversos; k) Receber e remeter petição intermediária; l) Providenciar o apensamento, desapensamento e reunião de processos; m) Executar mudança de classe de processos; n) Cadastrar e emitir pauta de audiência; o) Conferir registro de objetos e valores apreendidos; p) Manter atualizados os registros no sistema, pertinentes às suas atribuições; q) Executar outras tarefas correlatas a critério de seu superior imediato. Na função de depositário público a) Guardar, conservar e administrar os bens a si confinados; b) Requerer a cautela bens deterioráveis e sujeitos a depreciação; c) Sugerir a locação dos imóveis desocupados sob sua administração; d) Promover com a renda dos imóveis sob sua guarda, as reparações dos mesmos, mantendo-os segurados contra o fogo e pagar os tributos, com autorização do juiz da causa; e) Diligenciar despejo dos prédios confinados à sua guarda, e cobrança judicial dos aluguéis em mora; f) Efetuar a inscrição no registro competente, do ato determinante do depósito de imóveis, quando omissas as partes; 12 g) Prestar informação ao juiz e aos interessados, quando solicitado, permitindo o exame dos objetos depositados; h) Submeter os livros ao exame do juiz e do órgão do ministério público; i) Registrar em livro próprio os depósitos recebidos e entregues, bem como os deixados em mãos de particulares; j) Escriturar, em livro especial para cada vara, a receita e despesa dos depósitos, remetendo o balanço mensal da escrituração ao juiz competente no prazo legal; k) Executar outras tarefas correlatas a critério de seu superior imediato. Na função de partidor a) Fazer o esboço de partilha ou sobre partilha judiciais; b) Executar outras tarefas correlatas a critério de seu superior imediato. Na função de porteiro de auditórios a) Apregoar a abertura e o encerramento das sessões do júri; b) Apregoar as pessoas chamadas às audiências e sessões do júri; c) Apregoar os bens nas hastas públicas e vendas judiciais, animando os respectivos atos; d) Cumprir as determinações do juiz para a manutenção da ordem, disciplina e fiscalização do foro; e) Afixar e desafixar editais; f) Executar outras tarefas correlatas a critério de seu superior imediato. Outros exemplos típicos a) Elaborar, datilografar e/ou digitar, conferir instruções, ordens de serviços, pareceres, ofícios memorandos, boletins, relatórios, acórdãos, declarações, certidões, formulários, tabelas, atos, editais, quadros, mapas estatísticos, termos de audiência, pauta de julgamentos, carta de ordem, carta de sentença, traslado de agravo de instrumento, processamento dos recursos extraordinário, especial, ordinário e outros documentos em geral; b) Elaborar e processar as alterações necessárias em terminais de computador e sistema usuário; 13 c) Participar de Comissões em geral, secretariando ou servindo como membro; d) Efetuar o cadastramento de fornecedores; e) Atender ao público em geral, recebendo e prestando informações; f) Preparar processos para julgamento, bem como calcular custas processuais; g) Operar em terminais de computador, máquina composer, telex, fax, micros e microfilme; h) Processar a movimentação e ascensão funcional, judicial e extrajudicial, executando os atos necessários para a sua concretização; i) Emitir empenhos e efetuar os respectivos depósitos
Compartilhar