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1 RENDA FUNDIÁRIA URBANA, NA TEORIA SOCIAL MARXISTA Maria Helena Rauta Ramos O QUE É A RENDA FUNDIÁRIA? Marx aborda a questão da renda fundiária em diversas de suas obras, especialmente no volume VI d'O Capital , Livro III, tratando-a como parcela da mais-valia que cabe ao proprietário da terra ou do imóvel tomado para uso pelo capitalista (MARX, 2008 c ). Nos Grundisse vê-se que a propriedade fundiária, na sociedade burguesa, só pode ser compreendida tendo como pressuposto o capital, na medida em que esta"[...] não pode existir sem ele e aparece historicamente de fato como uma forma engendrada pelo capital, posta como forma adequada a ele, da configuração histórica precedente da propriedade fundiária" (MARX, 2011 b , p. 194). No surgimento do capitalismo, a propriedade fundiária constituía um entrave a esse modo de produção. Para a remoção desse entrave à produção industrial (a propriedade fundiária nas mãos da aristocracia, no Brasil, representada pelos "coronéis"), o capitalista precisou abrir caminho à aplicação da ciência na agricultura, no sentido do pleno desenvolvimento das forças produtivas no campo, transformando o camponês em trabalhador assalariado para a extração da mais-valia. "A grande propriedade fundiária moderna é, ela mesma, o resultado tanto do comércio moderno e da indústria moderna quanto da aplicação desta última na agricultura" (MARX, 2011ª, p. 51). Muito embora todas as formas de renda fundiária guardem correspondência com os diferentes estágios do desenvolvimento histórico, elas possuem uma determinação comum: Qualquer que seja a forma específica da renda fundiária, todos os seus tipos têm de comum: o apropriar-se da renda é a forma econômica em que se realiza a propriedade fundiária, e a renda fundiária supõe propriedade fundiária, que determinados indivíduos sejam proprietários de determinadas parcelas do globo terrestre (MARX, 2008 c , p. 845). Por conseguinte, o pressuposto da renda fundiária é o monopólio da propriedade da terra, ou seja, o fato de certas pessoas disporem "[...] de determinadas porções do globo terrestre como esferas privadas de sua vontade particular, com exclusão de todas as demais vontades” (MARX, 2008c, p. 824-825). Para Marx, a renda fundiária, assim como o capital, é uma relação social, um produto social, e que há muito tempo já desapareceu “a quimera fisiocrata de a renda da terra originar-se do solo e não da sociedade” (MARX, 2003a, p. 104). 2 A renda fundiária nasce dessa relação social, entre o capitalista e o proprietário da terra (cujo monopólio da terra entrava a produção capitalista): Esse capitalista arrendatário paga ao proprietário das terras, ao dono do solo que explora, em prazos fixados, digamos, por ano, quantia contratualmente estipulada (como o que toma emprestado capital-dinheiro paga determinado juro) pelo consentimento de empregar seu capital nesse campo especial de produção (Idem, p. 926-827). Sob o capitalismo, a renda da terra é a parte da mais-valia, extraída na produção, apropriada pelo proprietário fundiário, na base de contrato estabelecido entre este (o proprietário da terra que se beneficia da renda fundiária) e o capitalista produtor (ou capitalista comerciante). A estipulação de seu valor guarda vínculos com a expectativa de trabalho excedente;que pode ser apropriado no processo capitalista da produção ou da circulação a ser ai instalado. Nesse sentido, a renda fundiária está relacionada às condições gerais da extração da mais-valia, em sua dupla condição, subjetiva e objetiva. A condição subjetiva diz respeito aos trabalhadores, aqueles que agregam valor ao produto do trabalho. A condição objetiva refere-se particularmente a meios de trabalho que possibilitem o trabalho excedente ser apropriado pelo capitalista. Junto do trabalho necessário (aquele pago em salário, aplicado em meios de subsistência para a reprodução do trabalhador), decorrente da submissão do trabalhador à produção capitalista, há que ser extraído o trabalho excedente (trabalho não pago). No espaço da circulação, os capitalistas encontram terra e capital adiantado (através de crédito bancário), condições necessárias para a realização do processo de produção. Como os capitalistas tomam emprestado esses elementos, necessários ao processo de produção, eles têm de ceder ao proprietário da terra e ao capital financeiro uma parte da mais-valia extraída na produção, sob a forma, respectivamente, de renda fundiária e de juros. A terra e o capital – que os capitalistas tomam de empréstimo aos capitalistas ociosos [na esfera da circulação] e por que têm de ceder a estes parte da mais-valia [extraída na esfera da produção] na forma de renda, juros etc. – propiciaram lucro àqueles naturalmente por ter sido uma das condições da produção do produto em geral e da parte do ;produto a qual constitui produto excedente ou configura mais-valia (MARX, 2008 a , p. 537). Mas somente o trabalho agrega valor ao novo produto, fabricado pelo trabalhador, apropriado pelo capitalista, com a extração de trabalho excedente ou trabalho não pago - mais valia -, sendo uma parte desta repassada ao proprietário da terra por seu arrendatário. Para que essa apropriação do trabalho excedente (mais-valia, trabalho não pago) ocorra, há uma lógica que domina todo o processo, expressa na lei do desenvolvimento das forças produtivas do modo de produção capitalista, significando uma tendência constante de [...] separar cada vez mais do trabalho os meios de produção e concentrar em constelações cada vez maiores os meios de produção dispersos, ou seja, converter o 3 trabalho em trabalho assalariado e os meios de produção em capital. E a essa tendência corresponde, noutro plano, o fato de a propriedade fundiária, como entidade autônoma, se dissociar do capital e do trabalho, isto é, a conversão de toda propriedade fundiária à forma adequada ao modo capitalista de produção (MARX, 2008 c , p. 1163). Marx identifica, portanto, três classes sociais fundamentais no capitalismo: Os proprietários de mera força de trabalho, os de capital e os de terra, os que têm por fonte de receita, respectivamente, salário, lucro e renda fundiária, em suma, os assalariados, os capitalistas e os proprietários de terra, constituem as três grandes classes da sociedade moderna baseada no modo de produção capitalista (Idem). A renda da terra, no capitalismo, nada mais é que uma fração da mais-valia apropriada pelos proprietários da terra. A luta pela apropriação de superlucros, no capitalismo contemporâneo (cujas transformações mais significativas estão relacionados aos processos de globalizaçao e financeirização da economia (e a partir de 2008, ao processo de crise estrutural do capitalismo sob a forma político-econômica neoliberal), leva os capitais a uma concorrência desenfreada, sendo pressionados pela busca de ganhos especulativos, os quais podem ser explicados pela categoria marxiana de capital fictício. COMO SE CARACTERIZA A TERRA URBANA NA SOCIEDADE CAPITALISTA CONTEMPORÂNEA? No capitalismo contemporâneo, os processos de produção e circulação das mercadorias ocorrem de forma globalizada e dominados pela financeirização, portanto caracteriza-se pela tendência de se fixar em polos produtivos mais poderosos e privilegiar a acumnulação de riqueza e capital fictícios. O que vai incidir na distribuição da mais-valia e, portanto, na renda fundiária. Isso porque alguns tipos particulares de superlucros se transformam em rendas fundiárias. A produção de mais-valia e de produto excedente aumenta na mesma medida em que, com a produção capitalista, a produção de mercadorias acresce e por conseguinte a produção de valor. E na mesma medida em que aquela aumenta, desenvolve-se a capacidade da propriedade fundiária de apoderar-se – em virtude do monopólio sobre a terra – de partecrescente da mais-valia, e de elevar por isso o valor da sua renda e o próprio preço do solo (MARX, 2008 c , p. 849). Na sociedade contemporânea, a terra urbana se caracteriza pelo grau de aglomeração espacial de meios de produção e reprodução social. Nesse sentido, a cidade pode ser definida como suporte da produção e, ao mesmo tempo uma força social produtiva; consequentemente se particulariza em função da posição ocupada no processo ampliado de produção. Há cidades industriais, cidades comerciais, cidades administrativas, sede da política etc. Por trás dessas particularidades, dinâmicas gerais, determinadas pelas forças produtivas nelas instaladas, encontram-se vinculadas às relações sociais de produção entre pessoas, 4 relações estas que se ocultam, manifestando-se como se fossem uma relação social entre coisas. Isso quer dizer que os fenômenos urbanos mantêm conexões com as relações sociais de produção, com as formas pelas quais os homens produzem e reproduzem seus meios de sobrevivência. EM QUE CONSISTE A RENDA FUNDIÁRIA URBANA? A concepção de renda fundiária urbana não se assenta na análise das transações de mercado; ao contrário, ela é elaborada tomando como referência as relações sociais de produção subjacentes a essas transações. Isso porque partimos do pressuposto que a renda fundiária urbana só pode ser compreendida buscando seus nexos com a mais valia extraída no processo de produção das mercadorias, ou seja, através da descoberta de seus nexos a partir da teoria do valor trabalho elaborada por Marx. A renda fundiária ou, no caso, a renda fundiária urbana é uma relação social, que assume uma forma material relacionada ao processo de produção e reprodução social. Por renda fundiária urbana compreende-se a parcela paga pelo arrendatário, ou locatário, ao proprietário de terrenos (ou de qualquer outro imóvel) localizados na cidade, para obter o direito de uso. A renda fundiária urbana refere-se, também, portanto, àquele rendimento obtido em empreendimentos edificados em áreas urbanas. A renda fundiária urbana não é explicada pela "lei da oferta e da procura", ou pelo "processo de especulação" de áreas urbanas, na medida em que não são tais processos que determinam a fixação do valor de troca dos terrenos, ou do valores extraídos mediante arrendamentos ou alugueis. Isso posto, afirmamos que a renda fundiária não é uma mera consequência do desequilíbrio entre a oferta de imóveis e sua demanda. As falsas noções, que relacionam a renda fundiária urbana ao "déficit habitacional", encontram sustentação na ideologia liberal, como também num fato empírico: o desequilíbrio permanente entre a oferta e a procura de habitações. Em contraste com a demanda crescente, e de forma permanente, do solo urbano (ao concentrar nas cidades população e atividades produtivas, que induz a um consumo per capita crescente do solo), a oferta de solo "apresenta rigidez estruturais: raridade física do solo servido pelos equipamentos públicos, raridade ligada à regulamentação limitando o direito de construir, raridade artificialmente produzida pela 5 retenção especulativa dos proprietários" (TOPALOV, 1984, p. 10)1. A esse desequilíbrio permanente da oferta e da procura se agregam fatores agravantes ligados ao caráter imperfeitamente concorrencial do mercado: primeiro e sobretudo, o fato de que os bens sejam infungíveis e não substituíveis (um terreno, num lugar dado, é no limite um bem único) limita a concorrência das ofertas; em seguida, a fraca transparência das transações reforça o efeito precedente. Desse modo, o solo urbano, enquanto uma mercadoria, é coberto pelo manto do fetichismo, escondendo as reais determinações da renda fundiária obtida na cidade. Conforme ressalta Rubin, “[...] a teoria de Marx sobre o fetichismo da mercadoria não ocupou o lugar que merece no sistema econômico marxista. [...] A teoria do fetichismo é, per se, a base de todo o sistema econômico de Marx, particularmente de sua teoria do valor” (1987, p. 18-19). Este autor atribui a teoria do fetichismo à elevada envergadura de ser capaz de eliminar a ilusão da mente dos homens, que leva à aceitação da aparência dos fenômenos (movimento das coisas - como por exemplo, a dinâmica imobiliária - e seus de seus preços de mercado) como essência dos fenômenos econômicos. DE ONDE PROVÉM OS SUPERLUCROS EXTRAÍDOS NO SOLO URBANO? A fonte de superlucros no solo urbano é geralmente decorrente de condições não reprodutíveis pelo capital, ou de desigualdades pré-constituídas, disponíveis em um ponto particular inerente ao local em que está situado o terreno; "[...] trata-se de superlucros de localizações suscetíveis, segundo a estrutura das relações de produção, de manter a forma de sobrelucro do capital ou de ser convertido em rendas diferenciais apropriadas pela propriedade fundiária" (TOPALOV, 1984, p. 89). O proprietário do solo urbano se apropria de parte da renda que é produzida sobre seu terreno. Isso porque [...] na valorização econômica da propriedade privada, no desenvolvimento da renda fundiária, aparece como sendo peculiar a circunstância de o montante dessa renda não ser determinado pela intervenção do beneficiário, mas pelo desenvolvimento do trabalho social, que dele não depende e que não participa [...]. O nível da renda fundiária (e com ela o valor da terra) aumenta no curso do desenvolvimento social; é resultado da totalidade do trabalho social. Assim crescem o mercado e a procura dos produtos da terra, e imediatamente a procura de terra, ou seja, da condição de produção de todos os ramos, inclusive não-agrícolas, porfiam por obter (MARX, 2008c, p. 848). 1 A tradução é de nossa responsabilidade. 6 O capital é incorporado à terra urbana por meio da ação do trabalhador, quando obras são realizadas sobre parcelas do solo urbano. Caso o arrendatário faça obras no terreno arrendado, ou no imóvel alugado, quando se encerra o contrato, o proprietário deste imóvel recebe, inteiramente grátis, as benfeitorias ali instaladas. Esse valor agregado pode ter caráter mais ou menos transitório (adubação, cultivo) ou permanente (canais de drenagem, obras de irrigação, terraplanagem ou edificações). Quando o proprietário volta a arrendar, ou a vender sua propriedade imobiliária, o valor de seu imóvel fica acrescido em decorrência desse trabalho ter se coagulado no imóvel. Com isso se verifica que o nível da renda fundiária e, por consequência, o valor da terra ou do imóvel construído sobre ela, decorre do resultado da totalidade do trabalho social nela incorporado. Não é um processo casual que a terra aumente de valor no decorrer do desenvolvimento social, e muito menos que esta valorização seja relativa à "lei da oferta e procura". A elevação da renda da terra depende, especialmente, do grau de instalação das condições gerais da produção (meios de comunicação e transporte) e da concentração da força de trabalho. Os serviços de infra-estrutura são determinantes para o crescimento da renda da terra. Como lembrou Marx: “Foi maravilhosa a drenagem feita pela máquina a vapor. Onde havia pântanos e areia, vê-se hoje um mar exuberante de trigo numa terra que proporciona agora as mais altas rendas” (MARX, 2003 b , p. 802-803). E esta é uma função do Estado (eletrificação rural, redes de água, drenagem de águas fluviais e esgotamento, telefonia, cabiamentos para internet, entre outros). Dessa instalação decorre a elevação da renda da terra. 2 Os proprietários que dispõem de terrenos melhor aquinhoados, ou seja, provido de valores úteis complexos (em áreas de aglomeração de infra-estrutura urbana, equipamentos e serviços coletivos), são requisitados por capitalistas para permitir seu uso no processo produtivo; e daí seu proprietário vai usufruiu uma certa renda fundiária; como também,ao contrário, o proprietário pode impedir esse uso. No caso de ceder às pressões de um capitalista, as excepcionais condições podem proporcionar superlucros extraordinários na atividade ali instalada. Parte desses superlucros se transforma em renda fundiária, que cabe ao proprietário do terreno que permitiu seu uso para a produção capitalista, terreno provido de recursos natural e/ou de trabalho social coagulado. Tais beneficiamentos são incorporados à terra, valorizando-a, aparecendo algumas vezes como despesas de capital, sendo que grande parte das obras é o Estado que assume, mas 2 O Estado da moderna cidade do capitalismo, desde sua emergência a formas mais avançadas e complexas de seu desenvolvimento é, por excelência, um agente produtor do espaço urbano com significativo papel na elevação das rendas das classes possuidoras, atuando de diversas formas na produção e reprodução de formas desiguais de acesso e usufruto da terra e das localizações pelas distintas classes. 7 seu efeitos úteis são apropriados pelo arrendatário capitalista e pelo proprietário da terra. Dessa maneira, os superlucros são originados enquanto diferenças de produtividade do trabalho, resultado de condições exteriores ao capital. A simples expansão do cultivo, acompanhada da correspondente aplicação mais ampla do solo, dentro da relação social, capital e trabalho, produz o crescimento da totalidade das rendas fundiárias no meio rural. COMO É EXTRAÍDA A RENDA DIFERENCIAL EM TERRAS URBANAS? A concepção de renda diferencial é apropriada para pensar a renda fundiária urbana. Para Marx, a renda diferencial não decorre apenas da diferença dos tipos de solo (grau de fertilidade e localização); agregam-se “[...] as desigualdades na maneira como se reparte entre os arrendatários o capital (e a capacidade de crédito)” (MARX, 2008 c , p. 898), ou seja, a quantidade de capital aplicado na produção. Pode-se afirmar que em toda parte onde o capital desenvolve um processo produtivo, existe a possibilidade de extrair renda fundiária (inclusive no solo urbano); e enquanto houver a propriedade privada de parcelas de área agricultável (meio rural) ou apropriados para a edificações (meio urbano), existe a renda absoluta, aquele quantum necessariamente extraído por seu proprietário, também sobre os maus terrenos, quando o controle da produção nos mesmos passa a ser exercido pelo capital. No caso da renda fundiária urbana, interessa-nos focalizar a renda diferencial que [...] aparece e segue as mesmas leis da renda diferencial agrícola. Onde quer que os recursos naturais possam ser objeto de monopólio e assegurar ao industrial que os explora um lucro suplementar – trate-se de quedas d‟água, minas de ricos veios, águas piscosas ou terrenos para construir bem situados– apodera-se desse lucro suplementar, na forma de renda, subtraindo-o do capital ativo, aquele que detém o privilégio de dono desses recursos em virtude de título de propriedade sobre uma parcela do globo terrestre (MARX, Livro III, vol. 6, 2008c, p. 1025, grifo nosso). A propriedade fundiária provoca, portanto, pelo adiantamento da renda diferencial, a transferência dos superlucros de localização, a redução das taxas de lucro internas das unidades de produção a taxa de lucro médio, de homogeneização do espaço para os capitais individuais (TOPALOV, 1984, p. 89-90). AS PÉSSIMAS CONDIÇÕES HABITACIONAIS DE PARCELAS DA CLASSE TRABALHADORA ESTÃO RELACIONADAS À ELEVAÇÃO DA RENDA FUNDIÁRIA URBANA, OU SEJA, A EXTRAÇÃO DA RENDA DIFERENCIAL? Marx se refere à particularidade da renda fundiária urbana quando fala sobre os terrenos destinados à construção (2008 c , p. 1025-1033). Baseado em Smith, ele diz que a renda 8 no solo urbano possui três características: a) a localização dos terrenos exerce uma influência decisiva para obtenção de uma renda diferencial; b) esta renda indica a passividade de seu proprietário que, diferentemente do capitalista industrial, em nada contribui para o desenvolvimento da localidade; e, c) nos terrenos para construção, o preço de monopólio geralmente predomina, especialmente na exploração despudorada da miséria. E o poder imenso que deriva dessa propriedade fundiária, quando na mesma mão se junta ao capital industrial, capacita este a impedir praticamente de residirem neste planeta os trabalhadores na luta pelo salário. Parte da sociedade exige da outra um tributo pelo direito de habitar a terra, pois de modo geral na propriedade fundiária se inclui o direito do proprietário de explorar o solo, as entranhas da terra, o ar e por conseguinte o que serve para conservar e desenvolver a vida (MARX, 2008 c , p. 1025- 1026). O aumento das fábricas e o adensamento do solo urbano, com o deslocamento de trabalhadores do campo para a cidade, provocam a elevação da renda fundiária urbana e deterioração das condições de habitação da classe trabalhadora. É o que Marx já identificava na realidade da vida londrina: Mesmo a parte da classe trabalhadora em melhor condição, juntamente com os vendeiros e outros elementos da classe média inferior, sofre em Londres cada vez mais a maldição das condições vis de habitação, à medida que prosseguem os "melhoramentos" e a demolição de velhas casas e velhas ruas, à medida que aumentam as fábricas e o afluxo humano na metrópole e se elevam os aluguéis ao elevar-se a renda fundiária urbana. (MARX, 2003 b , p 765). A renda da terra urbana cresce, quanto mais empresas são instaladas numa dada cidade: É difícil encontrar uma casa em Londres que não esteja cercada por um sem-número de corretores. O preço da terra em Londres é sempre mais elevado em relação à renda anual, pois todo comprador especula com a possibilidade de se desfazer da propriedade mais cedo ou mais tarde por um preço de expropriação fixado por um júri ou de ganhar uma valorização extraordinária com a proximidade de qualquer grande empreendimento. Em consequência disso há um comércio regular de compras de contratos de locação, prestes a expirar. Dos que traficam neste negócio não se pode esperar outra coisa, a não ser extrair o máximo possível dos inquilinos e entregar a casa na pior condição possível aos seus sucessores (MARX, 2003 b , p 765). A renda fundiária, relativa a terrenos para construção, guarda relação com o aumento da população, do qual decorre a crescente necessidade de habitações. Mas ela é determinada pelo trabalho social incorporado, no solo urbano, em infra-estrutura, em meios de produção e em meios de reprodução social (do tipo habitacional e decorrente de política sociais públicas (instalações educacionais, de saúde pública e culturais, entre outras). Parcelas de capital constante fixo se incorporam à terra na instalação de “[...] edifícios industriais, ferrovias, armazéns, estabelecimento fabris, docas, etc.” (Idem), ou seja, das condições gerais da produção capitalista e meios de produção. A propriedade fundiária exerce seu poder de cobrança de tributo em dois planos: “[...] a exploração da terra com o fim de reprodução ou de 9 extração, e o espaço, elemento necessário a toda produção e a toda atividade humana” (Ibidem). Pode-se afirmar que, a deterioração das condições de habitação acontece como consequência da elevação da renda fundiária urbana. Analisando ainda as condições em Londres, Marx asseverou que Nas cidades de progresso rápido, em particular onde a construção se faz com métodos fabris com em Londres, o que constitui objeto principal de especulação nessa indústria não é o imóvel construído, mas a renda fundiária [...] E não se deve esquecer que, ao expirar o arrendamento que geralmente dura 99 anos, perde o especulador em construções ou seu sucessor o direito sobre o solo que retorna ao último proprietário, com todas as edificações que nele se erguem e com arenda fundiária mais do que duplicada ou triplicada no período do contrato (MARX, 2003 b , p. 889). Na cidade, a exploração capitalista "[...] tem por base material a produção de edifícios" (TOPALOV, 1984, p. 97). O solo urbano e os imóveis aí construídos encontram-se submetidos à lógica da extração da mais-valia, uma vez que a terra urbana vai se tornar o suporte da valorização do capital aí investido, mediante a "aplicação de um capital adiantado para produzir um capital acrescido, dando origem a uma renda fundiária e concorrendo para a criação de uma sociedade de locatários" (RAUTA RAMOS, 2008, p. 198). Existe uma concorrência acirrada nos muitos e variados usos do solo urbano, os quais encontram-se relacionados não somente aos custos e à densidade populacional, como também aos preços de mercado. Topalov resume, assim, o conceito de renda diferencial: [...] os custos de produção (e portanto os preços de produção) de uma mercadoria são diferentes segundo o lugar de sua produção, enquanto que se preço regulador de mercado (ou preço de produção social) é único; resulta disso, para os capitais colocados em valorização nas localidades favoráveis, superlucros, transformáveis em rendas diferenciais. Para o custo de produção, é preciso entender o custo global da mercadoria em seu lugar de colocação à disposição do usuário: o que inclui os custos de transporte, quer eles sejam internos ao processo de produção (transporte dos meios e objetos de trabalho) ou quer eles concernem ao produto final (transporte em direção ao lugar de mercado) (1984, p. 95). Então conclui que a renda diferencial depende dos preços e não o contrário, e que os preços dependem das condições de produção e não do mercado. Para este autor, em relação aos terrenos urbanos, "Todas as rendas são 'diferenciais' pois que variam de um ponto ao outro da aglomeração e o limite desta e sua periferia agrícola" (1984, p. 178). Esse processo particular de produção é realizado por um empreendedor privado (um construtor ou uma empresa), com vistas à obtenção de lucro. "Segundo a localização do terreno, a taxa de lucro interno da operação variará, ao preço uniforme de venda do produto, porque os custos localizados de produção do terreno construtível variarão" (TOPALOV, 1984, p. 97). E os edifícios construídos ou em construção se destinam a usos sociais diversos. Por conseguinte, são variáveis as rendas diferenciais. 10 QUAIS SÃO OS USOS SOCIAIS DAS CONSTRUÇÕES EM TERRENOS URBANOS? No meio urbano, além dos equipamentos coletivos, dos complexos de infraestruturas, próprios de grandes regiões econômicas e metropolitanas, a instalação de meios de produção e de circulação das mercadorias geram efeitos úteis de aglomeração, ampliando o valor de uso do espaço urbano, resultante da conjunção de um processo particular de valorização de um capital e de uma configuração espacial, que é determinada por objetos imobiliários e fluxos de forças de trabalho e mercadorias, fluxos articulados a esses objetos, existentes de forma autônoma a cada capital particular. Portanto, a cidade capitalista apresenta uma dupla característica: - concentração crescente dos "equipamentos e serviços coletivos", criando progressivamente um modo de vida, novas necessidades sociais, no dizer de alguns, uma "civilização urbana"; - o modo peculiar de concentração do conjunto dos meios de reprodução do capital e da força de trabalho, produzindo "efeitos úteis de aglomeração" e sendo uma condição determinante da acumulação e desenvolvimento do capital [...] (RAUTA RAMOS, 2003, p. 136). Por conseguinte, pode-se identificar uma diversidade de usos sociais dos imóveis localizados em áreas urbanas, a depender de sua localização e outras condições particulares. Um uso social importante para o capital é aquele destinado à construção instalações que vão se constituir em base de um novo processo produtivo, ou seja, voltado à extração de mais-valia (edifícios para fábrica, usina, escritório de estudos técnicos de apoio às indústrias etc.). Também há aqueles imóveis que servem de suporte à circulação das mercadorias (comércio, banco etc.), necessários à realização da mais-valia, extraída no processo de produção (ou seja, para que seu processo de compra e venda se efetive). É também no processo de circulação que a mais-valia é distribuída entre as diferentes frações da classe capitalista, seja em forma lucro (industrial e comercial), em forma de juros bancários ou em forma de renda fundiária. Outro uso social é aquele destinado à habitação, um meio essencial de reprodução social, e seu mercado é fragmentado, portando residências colocadas para venda (ou aluguel) em espaços diferenciados a integrantes de segmentos das distintas classes sociais. "A depender das condições de construção da habitação, como por exemplo, a localização, a infra-estrutura urbana, sua dimensão, materiais usados, tipos de acabamento etc., ela se destina a uma ou outra classe, ou fração de classe" (RAUTA RAMOS, 2008, p. 208). Topalov distingue no 11 mercado habitacional três segmentos: a) o destinado a uma faixa da população de elevado poder aquisitivo (burguesia e as altas camadas médias); b) o correspondente à produção da massa de habitação (camadas médias médias e médias baixas; e c) aquele dirigido aos segmentos mais empobrecidos (a grande massa da classe trabalhadora). Acrescentamos aquele segmento produzido com capital desvalorizado, a chamada habitação de interesse social, responsabilidade assumida pelo Estado (que segue lógica similar a da construção de equipamentos públicos de infra-estrutura). A habitação "social" é, em primeiro lugar, a fração do parque imobiliário cujas condições físicas são muito inferiores à norma corrente de consumo. O mal estado de manutenção dessas habitações e sua falta de conforto as colocam num submercado específico. Os preços que aí se formam não são regulados por aqueles da construção A massa de lucro extraída desses empreendimentos capitalistas na cidade varia também em função de outros gastos, que provocam a elevação do preço de produção do imóvel, como por exemplo: custos de demolição (quando o terreno encontra-se localiza prédio que precisa ser removido), custos de evicção (pessoas que precisam ser evacuadas do local onde será construído o imóvel), custos com infra-estruturas (quando o terreno encontra-se desprovido das instalações necessários dos serviços urbanos, e que o Estado não assume). corrente, mas determinados unicamente pela situação de mercado que caracteriza geralmente uma penúria estrutural (TOPALOV, 1987, p. 417-418). O que leva Topalov a concluir: - Quanto mais o nível socialmente requerido das infraestruturas é elevado, mais elevado é o custo (suposto privado) da realização dessas sobre os terrenos que delas são desprovidos, mais elevada a renda diferencial sobre os terrenos onde elas são preexistentes à construção. - Quanto mais a parte do custo de instalação das infra-estruturas financiada sobre fundos públicos é importante, menos elevada é a renda diferencias sobre os terrenos já equipados (TOPALOV, 1984, p. 100). Nesse mercado, a construção do imóvel visa a preencher funções diferenciadas: A depender da função a que se destina a desempenhar (enquanto valor de uso), a construção de determinado edifício pode ser classificada na seção I - meios de produção, ou na seção II - meios de consumo. Se no prédio for instalada uma fábrica, a mercadoria final será aplicada como meio de produção, e não como meio de consumo final; portanto, ela se enquadra na seção I - meios de produção. Ao contrário, se é um edifício de unidades habitacionais, sua função é destinada a servir como meio residencial, enquadrando-se na seção II - meios de consumo (RAUTA RAMOS, 2008, p, 208). Neste último caso, faz-se "[...] objeto de um consumo final, ser valor de uso diretamenteutilizado para a reprodução da força de trabalho (ou ao consumo da burguesia capitalista)” (TOPALOV, 1984, p. 97). E a renda fundiária, nesse setor da indústria da construção civil - a habitação -, é resultante da diferenciação de custos de uso localizados. Seus proprietários ou locatários usufruem de maior ou menor conforto, a depender de sua localização, de sua dimensão em termos de área construída e área livre, dos materiais e tipos de acabamento utilizados. Mas o locatário de uma unidade habitacional, ao exercer o direito de seu uso, não aufere lucro, visto que seu valor de uso é servir como meio de reprodução social da 12 família que ali reside, por isso, esta renda fundiária é paga com salários dos familiares ou outras rendas, sendo portanto gastos de renda e não de capital. Esta renda fundiária é estipulada considerando-se o mercado de habitações no espaço em que estão localizadas e as características do imóvel. Por exemplo, a unidade habitacional, tipo apartamento, além de impostos (IPTU, por exemplo) há gastos acrescidos com condomínio e taxas conexas, o que tende a diminuir a renda fundiária que ali pode ser extraída. E dependendo da distância do centro urbano, há custos elevados em sua construção no transporte dos meios de produção e objetos do trabalho. Também para seu uso, há um dispêndio maior ou menor com passagens até o local de trabalho. Tudo isso afeta a renda fundiária aí extraída. A construção de imóveis cujo valor de uso consiste em servir como equipamentos de serviços coletivos, "[...] não terá formação de renda autônoma, nem mesmo ao nível da produção do edifício. É o nível de renda formado pelos usos capitalistas do solo que se imporá ao agente (público) do fornecimento (não mercantil) do serviço" (TOPALOV, 1984, p. 97). Entretanto, observa-se que, com a difusão da ideologia neoliberal, cresce cada vez mais a prestação de serviços coletivos submetidos à lógica mercantil, visando à obtenção de lucros, em diversas áreas sociais (saúde, educação, telefonia, internet etc.). Assim, O processo de estruturação e organização social dos equipamentos e serviços coletivos pode ser assim visualizado: - de um lado, a lógica das infra-estruturas e dos serviços públicos organizados com base em relações de consumo não inteiramente mercantis, além do sistema de transporte - rede de rodovias e transportes coletivos -, que determina o grau de acessibilidade a equipamentos e serviços coletivos, à localização dos grandes equipamentos públicos, como universidades, hospitais e centros de formação profissional, aos serviços de correio, às redes de telecomunicações e às superinfovias; - de outro lado, a lógica mercantil dos serviços privados que organiza o consumo mercantil, englobando o sistema bancário, o sistema comercial - comércio varejista, grandes centros comerciais, cafés, restaurantes, hotéis etc. -, o sistema de medicina liberal, a rede de cinemas, e de teatros, as universidades privadas e outros (RAUTA RAMOS, 2003, p. 139). Para Topalov, existem dois tipos de renda fundiária urbana, enquanto renda diferencial. O primeiro ligado ao processo de produção dos imóveis, e o segundo vinculado a sua utilização pelo capital industrial, capital comercial e capital aplicado em serviços. O primeiro tipo de renda fundiária urbana, referente ao próprio processo da produção dos imóveis, depende, principalmente, da localização do terreno (mais ou menos próximo ao mercado e provido de efeitos úteis da aglomeração capitalista), como também de uma série de outras condições: dimensão em termos de área construída e área livre, materiais e tipos de acabamento utilizados. Dessa relação social participam pelo menos quatro agentes, os quais recebem uma parte da mais-valia extraída no processo de construção dos imóveis e venda no mercado: 13 - o proprietário de terreno urbano (ou o capital fundiário urbano que atualmente já detém parcelas significativas de terras urbanas); - as empresas promotoras do empreendimento que tomam emprestado o capital adiantado para empregá-lo nesse processo de produção, - as empresas construtoras contratadas para produzir as habitações; e - o empreendedor imobiliário capitalista que através de seus corretores se responsabilizam pela circulação dos imóveis. O segundo tipo de renda fundiária aparece no momento de uso eventual do imóvel construído, destinando-o à produção de mais-valia (instalação de fábricas) ou extração de lucros (neste caso, unidades de comércio e de prestação de serviços). Nessa situação, a renda fundiária para obtenção do direito de uso de um imóvel urbano é estipulada através de contrato, na base da expectativa de mais-valia ou lucro a ser obtido pelo empreendimento. Outros fatores influenciam na obtenção maior ou menor dessa renda fundiária urbana: o custo fiscal localizado, o custo localizado da força de trabalho e ainda a localidade onde se encontra o imóvel construído, visto que constitui um dos determinantes na velocidade de rotação do capital ali investido (caso esteja mais distante ou mais próximo do mercado consumidor). Segundo Topalov, [...] as taxas de lucro poderão variar no espaço em função das velocidades de rotação desiguais do capital engajado. E nesse caso, as condições externas ao capital que determinam essas variações não são reprodutíveis e são monopolizáveis; elas estão na base de superlucros de localização permanentes, transformáveis em renda diferencial (1984, p. 104). As formas dominantes sucessivas da divisão capitalista do trabalho, no ramo da indústria da construção civil dirigido a habitações (unidades colocadas à venda voltadas para o consumo final na função residencial), "(...) produzem, portanto, espaços produtivos, que lhes são coerentes e, pela mediação dos sistemas autônomos de produção da habitação e dos equipamentos coletivos de consumo, espaços específicos de produção de uma força de trabalho diversificada" (Idem, p. 172). Rendas são engendradas na construção de habitações que guardam particularidades vinculadas à diferenciação do espaço urbano produzido pela aglomeração capitalista. De partida se observam duas zonas, uma urbanizada e outra não urbanizada. Há permissão para se construir na zona não urbanizada, embora não seja atendida por serviços de infra-estrutura urbana, em geral, a chamada periferia da cidade, cujo entorno faz fronteira com o meio rural. A habitação construída nessa localidade oferece poucas vantagens em termos da extração de superlucros. Para esta zona são empurradas as frações mais empobrecidas da classe 14 trabalhadora, sendo aí construídas habitações sem os serviços requeridos de infra-estrutura, configurando-se o processo de segregação sócio-espacial. Na zona urbanizada, observa-se, em geral, uma área residencial das classes dominantes, onde os preços (em geral, não somente dos terrenos) se elevam e deslocam aqueles de baixo poder aquisitivo para a periferia urbana; e uma área residencial intermediária, isto é, de habitações comuns, destinadas às camadas médias médias e médias inferiores. Portanto, "A depender das condições de construção da habitação, como por exemplo, a localização, a infraestrutura urbana, sua dimensão, materiais usados, tipos de acabamento etc., ela se destina a uma ou outra classe ou fração de classe" (RAUTA RAMOS, 2008, p. 208). Sabemos que a demanda solvável de imóveis residenciais "[...] é atendida por dois segmentos de mercado: o primeiro é o da construção nova, onde a promoção privada assume papel importante; o segundo é aquele de imóveis usados, colocados à venda" (Idem, p. 211) ou para locação. Sobre essa questão, este autor francês afirma que: O mercado de imóveis de segunda mão se caracteriza, em grande parte, por habitações de reduzido conforto, cujo valor é bastante inferior ao das habitações novas. Este mercado é ampliado ou se retrai, em função da políticade financiamento de habitações, que por vezes oferece alguma vantagem para esse tipo de aquisição (TOPALOV, 1987, p. 369). Numa correspondência com as condições de vida das classes fundamentais (burguesia e proletariado) e suas diferentes frações, os agentes mobilizados em processo de construção nova perseguem a busca de superlucros (rendas obtidas pela venda acima do preço regulador de mercado), sendo que um primeiro grupo de promotores escolhem locais valorizados, bem aquinhoados com recursos naturais, áreas litorâneas banhadas por mar, e já servidas com infra-estrutura urbana de qualidade. Constroem condomínio de luxo, com habitações lineares de elevada dimensão e área livre, além da área de circulação comum, onde implantam serviços especiais (como mecanismos de segurança, dada o aumento da violência urbana), valorizando ainda mais esse equipamento coletivo. Sua construção se expande hoje ainda mais nas grandes metrópoles brasileiras, inclusive ocupando periferias já urbanizadas e valorizadas, próximas a florestas e outros recursos naturais. Um segundo grupo, procura "[...] a redução do preço do imóvel pela construção ampliada de unidades, grandes edifícios, construído no mesmo espaço urbano, com uma enorme quantidade de apartamentos" (RAUTA RAMOS, 2008, p. 212), produzindo uma massa de habitações voltadas para os grupos sociais de baixo poder aquisitivo. "Em ambos os casos prevalece a lógica da acumulação capitalista, privilegiando a estratégia de mercado utilizada por seus agentes" (Idem). Esses são alguns aspectos mais gerais da produção do fenômeno urbano nos moldes do sistema capitalista. Referências bibliográficas 15 MARX, K. (2003a). O Capital. O processo de reprodução do capital. Livro 1, vol. 1. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. ____. (2003b). O Capital. O processo de reprodução do capital. Livro 1, vol. 2. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. ____. (2008a). O Capital. O processo de circulação do capital. Livro 2, vol. 3. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. ____. (2008b). O Capital. O processo Global de produção do capital. Livro 3, vol. 5. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. ____. (2008c). O Capital: O processo Global de produção do capital. Livro 3, vol. 5. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. ____. (2011a) Introdução. In: Grundrisse: Manuscritos econômicos de 1857-1858. Esboço da crítica da economia política. São Paulo: Boitempo, p. 37-64. ____. (2011b). Grundrisse: Manuscritos econômicos de 1857-1858. Esboço da crítica da economia política. São Paulo: Boitempo, RAUTA RAMOS, M. H. (2003). Políticas urbanas, conselhos locais e segregação socioespacial. In: RAUTA RAMOS, M. H. (Org.). Metamorfoses sociais e políticas urbanas. Rio de Janeiro: DP&A, p. 133-150. _____. (2008). Habitação, um meio de reprodução social. In: GOMES, M. de F. C. Interlocuções urbanas, cenários, enredos e atores. Rio de Janeiro: Arco Iris, p. 197-215. RUBIN, I. I. (1987). A teoria marxista do Valor. São Paulo: Ed. Polis, (Coleção Teoria e História 13). TOPALOV, C. (1974). Les promoteurs immobiliers. Paris: La Haye. ____. (1987) Le logement en France. Histoire d'une marchandise impossible. Paris: PUF. ____. (1984). Le profit, la rente et la ville: eléments de théorie. Paris, Economica. MARX, K. (2003a). O Capital. O processo de reprodução do capital. Livro 1, vol. 1. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. ____. (2003b). O Capital. O processo de reprodução do capital. Livro 1, vol. 2. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. ____. (2008a). O Capital. O processo de circulação do capital. Livro 2, vol. 3. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. ____. (2008b). O Capital. O processo Global de produção do capital. Livro 3, vol. 5. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. ____. (2008c). O Capital: O processo Global de produção do capital. Livro 3, vol. 5. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 16 ____. (2011a) Introdução. In: Grundrisse: Manuscritos econômicos de 1857-1858. Esboço da crítica da economia política. São Paulo: Boitempo, p. 37-64. ____. (2011b). Grundrisse: Manuscritos econômicos de 1857-1858. Esboço da crítica da economia política. São Paulo: Boitempo, RAUTA RAMOS, M. H. (2003). Políticas urbanas, conselhos locais e segregação socioespacial. In: RAUTA RAMOS, M. H. (Org.). Metamorfoses sociais e políticas urbanas. Rio de Janeiro: DP&A, p. 133-150. _____. (2008). Habitação, um meio de reprodução social. In: GOMES, M. de F. C. Interlocuções urbanas, cenários, enredos e atores. Rio de Janeiro: Arco Iris, p. 197-215. RUBIN, I. I. (1987). A teoria marxista do Valor. São Paulo: Ed. Polis, (Coleção Teoria e História 13). TOPALOV, C. (1974). Les promoteurs immobiliers. Paris: La Haye. ____. (1987) Le logement en France. Histoire d'une marchandise impossible. Paris: PUF. ____. (1984). Le profit, la rente et la ville: eléments de théorie. Paris, Economica. 17 .............. Rubin retoma, entrando na polêmica discussão acerca do trabalho produtivo e improdutivo, o Livro I de O Capital, Capítulo XIV, quando Marx afirma que “a produção capitalista não é apenas produção de mercadorias, porém, substancialmente, produção de mais valia. O operário não produz para si mesmo, mas para o capital. Por isso, não basta que produza em termos gerais; tem que produzir concretamente mais valia. Dentro do capitalismo só é produtivo o operário que produz mais valia para o capitalista, ou que trabalha para tornar rentável o capital.” (MARX, apud RUBIN, 1987, p. 277-278). Para Marx, “no sistema de produção capitalista, trabalho produtivo é, pois, trabalho que produz mais valia para seu empregador, trabalho que transforma as condições objetivas de trabalho em capital, e o dono destas em capitalista, ou seja, o trabalho cria seu próprio produto como capital” (MARX apud RUBIN, 1987, p.283). Em contrapartida, “o trabalho improdutivo é aquele que, „não se troca com capital, mas diretamente com renda, isto é, com salários ou lucro (inclusive, é claro, as distintas categorias dos que compartilham, com co-sócios, o lucro do capitalista, por exemplo, o juro e a renda da terra)‟ (MARX apud RUBIN, 1987, p.283). Assim, conforme assevera Rubin, Marx abstraiu-se completamente do conteúdo, “do caráter e resultados concretos, úteis, do trabalho. Tratou o trabalho apenas do ponto de vista de sua forma social.” (1987, p. 283). ;;;;;;;;;;;;;;;; Tipo de arquivo Microsoft Word (versão 97-2003 e seguintes). Configuração das páginas Tamanho do papel: A4 Margem superior: 3 cm Margem inferior: 2 cm Margem esquerda: 3 cm Margem direita: 2 cm Os capítulos, títulos e subtítulos deverão ser ordenados segundo os seguintes critérios Título: Times New Roman, tamanho 14, caixa alta e normal. Subtítulo: Times New Roman, tamanho 12 e negrito. Sub-Subtítulo: Times New Roman, tamanho 12 e itálico. Configuração do corpo do texto Times New Roman, tamanho 12, parágrafo justificado. Espaçamento entre caracteres e palavras: simples. Espaçamento entre linhas: 1,5 linhas. Deslocamento do parágrafo: 2 cm. Número de palavras: mínimo de 4.000 e máximo de 6.000 palavras, incluindo bibliografia e notas de rodapé. Numeração de páginas: Posicionar embaixo da página, à direita; Utilizar fonte Times New Roman em tamanho 11, normal. Tabelas, quadros, ilustrações e gráficos: Títulos em Times New Roman, tamanho 11, normal e justificado, sem deslocamento do parágrafo; Utilizar legendas com fonte Times New Roman em tamanho 10. As notas de rodapé deverão ter a seguinte formatação: fonte Times New Roman, tamanho 9, parágrafo justificado. Tamanho do arquivo: Máximo 3 Mb. Conteúdo da primeira página Título do trabalho, centralizado, em caixa alta. Resumo do trabalho: Tamanho máximo de 250 palavras, em um único parágrafo, no mesmo idioma do trabalho. 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