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V. 5 - N0 6 Nov/Dez 2011 ISSN 1981-2922 Nesta Edição • Caderno Científi co - Periodontia • Caderno Científi co - Cariologia • Caderno Especial - Higiene Bucal Estética vermelha e branca – a base para sorrisos em harmonia. Vol. 5 • N0 6 • Nov/Dez/2011 PerioNews - Vol. 5, n.6 (novembro/dezembro/2011) - São Paulo: VM Comunicação - Divisão Cultural, 2007 Periodicidade Bimestral ISSN - 1981-2922 1. Odontologia (Periódicos) 2. Periodontia 3. Cariologia I. VM Comunicações - Divisão Cultural II. Título CDD 617.6005 Black D65 D631 Qualifi cação: Qualis Nacional B4 - Odontologia Indexação: BBO - Bibliografi a Brasileira de Odontologia LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde Em todo fi nal de ano é comum as pessoas terem a sensação de que o tempo passa rápido demais e uma pergunta sempre paira no ar: é o tempo que passa ou somos nós quem passamos? Por mais que se ten- te explicar, a questão do tempo, objeto de estudo de fi lósofos, sábios, cientistas, é cada vez mais nebulosa e inatingível. Assim, deixemos aos estudiosos essas tarefas e nos concentremos em nossas realizações. É hora de colher os frutos daquilo que semeamos no início do ano. E, em um rápido balanço de 2011, ponderamos os propósitos e os feitos, as descobertas e as conquistas e chegamos à conclusão de que a PerioNews solidifi cou ainda mais sua atuação junto aos cirurgiões-dentistas. Ampliamos nossa participação, levamos mais informação científi ca e serviços e ganhamos mais leitores. Neste ano, a revista publicou artigos científi cos de valor inestimável, resultado do trabalho de pesquisa e estudo de profi ssionais de qualidade. E trouxe à pauta interessantes debates, como a opinião de especialistas sobre halitose e biofi lme, além da abertura do Fórum Clínico para discutir temas da atualidade, como biomateriais, hipersensibilidade dentinária e complicações pós-cirúrgicas em Periodontia e Implantodontia. Todos assuntos de fundamental importância para a prática segura da Odontologia. Destaque também para a nossa participação no IN 2011 – Latin American Osseointegration Congress, o maior encontro sobre reabilitação oral com implantes da América Latina. Assim, é com satisfação que olhamos para trás e constatamos os feitos realizados. Temos certeza do dever cumprido, de ter dado o máximo para melhor informar e atualizar os cirurgiões-dentistas. “O tempo dura bastante para aqueles que sabem aproveitá-lo”, já dizia Leonardo da Vinci, considerado o maior gênio da história pela multiplicidade de talentos. No caso da PerioNews, o nosso trabalho foi bastante efi caz e o tempo permanente. Boas festas e ótima leitura. Prof. Dr. Antonio Wilson Sallum Editor científi co Editorial Revista PerioNews 2011;5(6):585 Questão do tempo 585 Revista PerioNews 2011;5(6):587 Tocando na ferida Álvaro J. Cicareli é docente dos cursos de Graduação e Pós-graduação (Aperfeiçoamento e Especialização) em Periodontia da Unicastelo, da APCD e do Curso de Mestrado em Periodontia do Centro de Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic, em Campinas. Ponto de vista Em números anteriores des- te já consagrado periódico e nesta mesma sessão Ponto de Vista, li e concordei com renoma- dos profi ssionais preocupados com transmissão, assimilação e aplicação dos conhecimentos relacionados à diagnóstico, ao planejamento e à decisão de tratamento, sedimentando assim a essência dos princípios da Periodontia: pre- venção, tratamento e preservação do estado de saúde periodontal. Embasado nestes princípios, comungo com esta preo- cupação e sou totalmente contra verdadeiras eutanásias dentárias praticadas sob argumentos inverídicos (elimi- nação da doença periodontal, estagnação da perda óssea e o apelo estético) justifi cando-se assim o ato clínico. Creio que devemos nos preocupar em identifi car e é necessário corrigir esta falha da formação e da conduta de alguns profi ssionais. Para isto, ressalto alguns pontos a considerar: atualização do profi ssional, formação do corpo docente e nível das instituições de ensino. Para ser um bom profi ssional é de fundamental im- portância estar atualizado tecnologicamente, acompa- nhando o surgimento e a evolução de novos produtos (equipamentos e materiais), como também cientifi ca- mente frequentando congressos, assinando periódicos da especialidade, ser associado a uma entidade repre- sentativa da sua especialidade e frequentando cursos de pós-graduação de “bom nível”. A abrupta procura por mestres e doutores pelas institui- ções de ensino recém-criadas na Odontologia, visando cumprir metas estipuladas pelo MEC para obter melhor avaliação da mesma, gerou uma corrida frenética de profi ssionais que almejavam uma colocação dentro de uma instituição. Com esta demanda, geraram-se inú- Álvaro J. Cicareli meros cursos de pós-graduação em nível de mestrado e doutorado para completar o quadro docente destas. Criou-se, então, a categoria de mestrado profi ssionali- zante, curso de pós-graduação que confere dupla certi- fi cação (mestre e especialista) para fornecer ao mercado profi ssional titulados. Indago: será possível manter a qualidade de ensino com dois objetivos distintos, formar um professor (acadê- mico) e um especialista (clínico), já que não existem pré-requisitos para formar uma turma desses mestrados profi ssionalizantes? Um recém-formado em dezembro pode estar cursando em janeiro um desses cursos e, após 30 meses, estará certifi cado como mestre e especialista. Milagre dos tempos modernos! Com isso, o êxodo nos cursos de especialização tornou-se uma realidade e para tentar atrair candidatos, criaram-se cursos com módulos mensais. Será que este formato de curso é válido para ensino e acompanhamento clínico da Periodontia? Acrescento, também, a preocupação com os critérios para avaliação da qualidade do ensino e das instituições em todos os níveis, que são regidos pelo Ministério de Educação e Cultura (MEC): aprovação contínua no ensino fundamental; grande difi culdade em realizar um simples Enem; período que passamos com abertura indiscrimina- da de faculdades e cursos de pós-graduação; reconheci- mento de subespecialidade a qual nosso Conselho não reconhece; ampliação do número de alunos e turmas nos cursos de pós-graduação; entidades de ensino cedendo a chancela para cursos a distância de especialização e aperfeiçoamento e alguns casos em clínicas particulares, entre tantos outros equívocos. Creio que com todos esses fatores mencionados, deve- mos, sim, fi car preocupados com a qualidade e a forma- ção de nossos periodontistas. Precisamos unir forças e não fi carmos calados em prol de uma Periodontia forte, capaz e de alto nível científi co e clínico. 587 EDITOR CIENTÍFICO Prof. Dr. Antonio Wilson Sallum (FOP-Unicamp/SP) (awsallum@terra.com.br) CONSELHO CIENTÍFICO Profs. Drs. Álvaro Francisco Bosco (Unesp-Araça- tuba/SP), Arthur Belém Novaes Júnior (Forp - USP/ SP), Benedicto Egbert Corrêa de Toledo (Unifeb/ SP), Cassiano Kuchenbecker Rösing (UFRGS/RS), Carlos Alberto Dotto (Unicid/SP), Daiane Cristina Peruzzo (FOP-Unicamp/SP), Eduardo Gomes Se- EDITORIAL Questão do tempo PONTO DE VISTA Tocando na ferida Álvaro J. Cicareli FÓRUM CLÍNICO Complicações pós-cirúrgicas em Periodontia e Implantodontia CADERNO CIENTÍFICO Trabalhos originais e inéditos em Periodontia e Cariologia PESQUISAS EM EVIDÊNCIA Leituras essenciais MERCADO LITERATURA VM Cultural Editora expande sua atuação com quatro lançamentos literários EVENTOS • Encontros da Abross promovem melhor prática da Implantodontia • No 8o Sipi foi anunciada a segunda fase da Campanha Nacional do Autoexame contra o Câncer de Boca HOMENAGEM RESPONSABILIDADE CIVIL A interrupção do tratamento Regina Célia Dalle Nogare GUIA DE PRODUTOS Guia de produtos de higiene bucal para uso domiciliar NORMAS DE PUBLICAÇÃO Como enviar seus trabalhos 585] 587]Revista PerioNews 2011;5(6):588-9 abra (UFRN/RN), Eduardo Muniz Barretto Tinoco (Uerj-Unigranrio/RJ), Eduardo Saba Chujfi (SLMan- dic/SP), Elcio Marcantonio Jr. (Unesp-Araraquara/ SP), Enilson Antonio Sallum (FOP-Unicamp/SP), Euloir Passanezi (FOB-USP/SP), Fernanda Vieira Ribeiro (FOP-Unicamp/SP), Francisco Pustiglioni (Fousp/SP), Francisco Humberto Nociti Jr. (FOP- Unicamp/SP), Getúlio da Rocha Nogueira Filho (EBMSP/BA), Henrique Cruz Pereira (Unig/RJ), José Eduardo Cezar Sampaio (Unesp/SP), José Eustáquio da Costa (UFMG/MG), José Rober- to Cortelli (Unitau/SP), Luis Antonio P. Alves de Lima (USP/SP), Magda Feres (UnG/SP), Márcio Fernando de Moraes Grisi (Forp-USP/SP), Marcio Zaffalon Casati (FOP-Unicamp/SP), Renato de Vas- concelos Alves (FOP-UPE/PE), Ricardo Guimarães Fischer (Uerj-RJ), Rui Vicente Oppermann (UFRGS/ RS), Sérgio Luís da Silva Pereira (Unifor/CE), Sô- nia Groisman (UFRJ/RJ), Urbino da Rocha Tunes (EBMSP/BA), Valdir Gouveia Garcia (Unesp-Araça- tuba/SP), Vinicius Augusto Tramontina (PUC/Pa- raná), Wagner Leal Serra e Silva Filho (Unicamp/ SP), Wilson Roberto Sendyk (Unisa/SP), Wilson Trevisan Jr. (Aonp/PR) PerioNews [ www.perionews.com.br ] Sumário 596] 679] 680] Editor Executivo: Haroldo J. Vieira (diretoria.haroldo@ vmcom.com.br); Editora e Jornalista Responsável: Cecilia Felippe Nery MTb: 15.685 (jornalismo.cecilia@ vmcom.com.br); Revisora: Vivian Arais Soares (jornalismo.vivan@vmcom.com.br); Assistente de redação: Aline Souza (jornalismo.aline@vmcom.com. br); Diretora de Arte: Miriam Ribalta (criacao.miriam@ vmcom.com.br); Assistentes de Arte: Cristina Sigaud (criacao.cris@vmcom.com.br) e Eduardo Kabello (criacao.kabello@vmcom.com.br); Webdesigner: Rodolfo Mustafe (web.mustafe@vmcom.com.br); Webmaster: Anderson Oliveira Magalhães (web. anderson@vmcom.com.br); Gerente Operacional: José dos Reis Fernandes (go.reis@vmcom.com. br); Circulação e Assinaturas: Alexandre Becsei (assinaturas.alexandre@vmcom.com.br); Gerente Nacional de Marketing e Vendas: Paulo César Raymundo (gerencia.pcraymundo@vmcom.com. br); Publicidade: Executivas de Contas: Cintia Helena Avila (atendimento.cintia@vmcom.com.br) e Érika de Carvalho (atendimento.erika@vmcom. com.br); Supervisora Comercial: Silvia Bruna; Administração: José Fernando Marino. Redação, Marketing e Publicidade: VM Comunicação - Rua Gandavo, 70 - 04023-000 São Paulo - SP - Tel.: (11) 2168-3400 - Fax: (11) 2168-3422 - www.vmcom.com.br Impressão e Acabamento: Ipsis Gráfi ca e Editora. Responsabilidade Editorial: Todos os artigos assinados, bem como conteúdos publicitários inseridos na Revista PerioNews e edições especiais, são de inteira responsabilidade dos respectivos autores, empresas e instituições. Só será permitida a reprodução total ou parcial de conteúdos desta edição com a autorização dos editores. Tiragem: 5.000 exemplares - auditada pela Circulação nacional. Revista fi liada Capa: imagem simbólica representando estética vermelha e branca. 676] 685] 687] 701] 590] 686] 683] 588 Monitoramento, manutenção e restabelecimento da saúde peri-implantar Monitoring, maintenance and reestablishing of peri-implant health Ana Cristina Rosário Sobreira, Maria Cecília Fonseca Azoubel, Fábio José Barbosa Bezerra Terapia de manutenção periodontal e avaliação do nível de cooperação dos indivíduos Periodontal maintenance therapy and assessment of the level of compliance of individuals Bárbara Nascimento de Albuquerque, Simone Angélica Faria Amormino, Lidiane Cristina Machado Costa, Telma Campos Medeiros Lorentz, José Eustáquio da Costa, Fernando Oliveira Costa Cuidados bucais em pacientes cirúrgicos e internados em hospitais de Porto Alegre Oral health care in surgical and hospitalized patients in hospitals of Porto Alegre Isabele Borrajo Moreira, Eloísa Galski Slawski, Roger Junges, Cassiano Kuchenbecker Rösing Nova abordagem do tratamento não cirúrgico da periodontite agressiva New approach to non-surgical treatment of agressive periodontitis – cases report Anna Manuelle Correia de Matos, Ana Luísa Teixeira Meira, Maísa Cardozo Nascimento, Sandro Bittencourt, Érica Del Peloso Ribeiro Enxerto livre epitelizado em paciente HIV soropositivo Free epithelium graft in HIV-positive patient: case report Felipe Kiepper, Fábio Matos Chiarelli, Fausto FrizzeraBorges Filho, Eduardo Cláudio Lopes Chaves Mello Dias, Maria Rebeca Amaral Ganhoto, Alfredo Carlos Rodrigues Feitosa Estudo comparativo entre o esfi gmomanômetro e o aparelho digital de pulso na aferição da pressão arterial e da pulsação em pacientes submetidos a tratamento periodontal Comparative study between sphygmomanometer and the wrist digital monitor in measurement of blood pressure and pulse rate in patients submitted to periodontal treatment João Carnio, Simone Valenga, Marcel Rodrigo Fuganti, Fernanda Akemi Nakanishi Ito, Pedro Aloysio Kreling Avaliação clínica de um dentifrício à base de dióxido de cloro na redução dos compostos sulfurados voláteis Clinical assessment of a toothpaste based chlorine dioxide in the reduction of volatile sulfur compounds Roberto Luiz Guaitolini, Léo Guimarães Soares, Sérgio de Carvalho Weyne, Eduardo Muniz Barretto Tinoco, Márcio Eduardo Vieira Falabella, Denise Gomes da Silva Manifestações orais em pacientes diabéticos Oral manifestations in diabetic patients: a literature review Rafael Nepomuceno Oliveira, Mario Roberto Pontes Lisboa, Maria Mônica Studart Mendes Moreira Dente particulado humano no tratamento de defeitos ósseos intrabucais: estudo histológico em ratos Human particle tooth in the treatment of intraoral bone defects: a histologic study in rats Felipe Rychuv Santos, Tatiana Miranda Deliberador, Allan Fernando Giovanini, João César Zielak, Carla Castiglia Gonzaga Doença do refl uxo gastroesofágico e erosão dentária Gastroesophageal refl ux disease and dental erosion Raimundo Alexandre da Silveira Vidigal Lacerda, Sonia Groisman, Simone Gomes de Oliveira, Fernanda Pitta Ritto, Rebecca Cruz, Natalia Araújo Silva Prado, Mariana Rodrigues Gonzalez, Hélio Rodrigues Sampaio Filho 596] 669] Revista PerioNews 2011;5(6):588-9 605] ARTIGOS ORIGINAIS / ORIGINAL ARTICLES 637] 651] 611] Caderno Científi co Demais publicações VM Cultural: 619] 630] Assinatura anual - R$ 460,00 | 6 edições Internacional - US$ 280. Central de Relacionamento com o Assinante: Hunter Contact Center | Tel.: (11) 3566-6227 assinaturas@huntercontactcenter.com.br Loja virtual: www.vmstore.com.br Importante: a revista PerioNews só comercializa assinaturas através de telemarketing próprio. Não possui “vendedores” em domicílio. Compromisso com nossos leitores Facilitar o acesso a conteúdos baseados em pesquisas clínicas testadas e comprovadas. Publicar conteúdos de vanguarda, visando trazer para mais perto possibilidades futuras. Promover a discussão de temas polêmicos e fazer consenso para melhor orientar e proporcionar segurança nas várias práticas clínicas. Incentivar a produção científi ca de jovens talentos, criando prêmios de mérito para ampliar o número de pesquisadores no Brasil. Crescer continuamente o volume de artigos clínicos publicados por edição, buscando aumentar a base de informação. Disponibilizar canal on-line de consultas para solucionar eventuais dúvidas em práticas clínicas seguras. Garantir circulação da revista na data certa, evitando a quebra do fl uxo regular de atualização científi ca neste campo. 660] 643] 589 Revista PerioNews 2011;5(6):590-4 Complicações pós-cirúrgicas em Periodontia e Implantodontia Nas edições passadas, a coluna Fórum clínico abordou os biomateriais e a hipersensibilidade dentinária. Para esta edição, quatro renomados especialistas falam sobre os problemas pós-cirúrgicos em Periodontia e Implantodontia. A reabilitação oral com implantes tem benefi ciado milhões de pessoas ao redor do mundo, tornando-se hoje uma práticaessencial para a recuperação da saúde bucal e a qualidade de vida dos pacientes. Entretanto – e apesar de todo o aparato tecnológico e científi co de que dispõe –, como todo procedimento odontológico, também está sujeita a falhas e complicações pós-cirúrgicas. Assim, cabe ao cirurgião-dentista especialista atentar-se aos vários critérios se- letivos e aos fatores de risco que podem desencadear problemas pós-cirúrgicos, tanto em Periodontia quanto em Implantodontia. Para discutir o assunto foram convidados a participar desse Fórum quatro pro- fi ssionais de destacada atuação dentro das duas especialidades. Dentro de suas vi- vências e experiências, eles abordam os fatores de riscos e apontam os cuidados ne- cessários para evitar complicações pós-cirúrgicas em Periodontia e Implantodontia. 590 Revista PerioNews 2011;5(6):590-4 Fórum clínico Francisco Fernando Todescan Mestre e doutor em Periodontia – Universidade de São Paulo; Especialista em Periodontia – Ucla; Coordenador do curso de Especialização em Implantodontia – Fundecto, Fousp. ftodescan@uol.com.br A anamnese criteriosa é o ponto de partida para se evitar a ocorrência de complicações pós-cirúrgicas. É na anamnese que identifi camos o tipo de paciente, se é colaborador, se aten- de aos cuidados sugeridos, ou ainda se apresenta fatores de risco. A anamnese é que vai indicar qual a melhor abordagem para aquele tipo de paciente. Por exemplo, no caso de cardíacos e hipertensos, é imprescindível a conversa prévia com o médico, evitando drogas que pos- sam interagir com aquelas de uso frequente do paciente, além da administração de ansiolíti- cos para controle da ansiedade e, consequentemente, das alterações que possam ocorrer no pós-operatório imediato e mediato. Na anamnese também identifi camos pacientes alérgicos, que podem ou não estar cons- cientes de sua condição, ou ainda aqueles com trato digestivo sensível, em que apenas a ad- ministração de antibiótico pode levar ao desenvolvimento de uma gastrite grave, tornando o pós-operatório muito problemático, mesmo no caso de uma intervenção simples. Também são identifi cados aqueles pacientes que fazem uso de antiagregante plaquetário, que deverão inter- romper a medicação pelo menos cinco dias antes do procedimento, interrupção esta que deverá ser determinada pelo médico responsável, evitando a possibilidade de hemorragias. No caso de fumantes, a anamnese nos indica em que grau ele se enquadra. O paciente que fuma cinco cigarros por dia é diferente daquele que fuma um maço ou mais por dia. Além do pós-operatório apresentar mais edema e desconforto, certos procedimentos como regeneração guiada com enxerto e membrana apresentam altos índices de deiscência de sutura e, portanto, causam fracasso do procedimento. No caso de implantes, os índices de fracasso na osseointegração pulam de 2% para 10%, conforme mostra a literatura. Outro dado importante a ser verifi cado na anamnese é sobre o uso de bifosfonatos, especi- fi camente os injetáveis, em que a literatura mostra a ocorrência de osteonecrose dos maxilares, que pode ocorrer espontaneamente ou ser desencadeada por qualquer procedimento clínico e, uma vez iniciada, é de difícil resolução. Existem, portanto, inúmeras situações que devem ser identifi cadas antes de qualquer in- tervenção, fornecendo informações ao clínico para escolher qual técnica cirúrgica será utilizada, qual o tamanho do procedimento, quais medicamentos serão prescritos, a necessidade de am- biente hospitalar etc. Acreditamos que a maioria das complicações pós-operatórias são decorrentes de informa- ções que não foram obtidas na anamnese, complicações estas que poderiam ter sido evitadas. 591 Revista PerioNews 2011;5(6):590-4 Márcio de Moraes Professor livre-docente; Coordenador do Curso de Pós-graduação em Clínica Odontológica; Coordenador do Curso de Especialização em Implantodontia – FOP- Unicamp. mmoraes@fop.unicamp.br Inicialmente, as complicações estão intimamente relacionadas a algumas importantes situações que não precisam estar nesta ordem, necessariamente, mas todas devem ser observadas: 1) Falta de planejamento cirúrgico protético: esquecendo o básico. O paciente vem buscar a reabilitação com a prótese, assim, o implante nas cirurgias reconstrutivas é procedimento pré-protético. O planeja- mento é reverso. Assim, mesmo não fazendo prótese, sempre faço a apresentação do planejamento ao paciente junto a um protesista. 2) Cuidado com a pesquisa sobre a saúde do paciente. Nos dias de hoje, a medicina nos levará a uma idade bastante avançada por meio de medidas terapêuticas efi cazes. Com isto, estamos a cada ano com novas drogas no mercado ou novos meios de encarar a terapêutica aplicada. Exemplos são os anticoagulantes e antiagregadores plaquetários (ex.: supende-se AAS para cirurgia? O mesmo para Marevan, Varfarina, Clexa- ne?). Também, novas drogas (como alendronato, pamidronato, ácido zoledrônico, risedronato) utilizadas no tratamento da osteoporose e em pacientes com tumores ósseos têm de ser avaliadas e os pacientes individualizados quanto à oportunidade cirúrgica. Estes são apenas exemplos de como o cirurgião-dentista deve se atualizar sobre terapêutica. 3) Vontade de solucionar todo e qualquer caso da maneira que o paciente nos solicita, muitas vezes com a expectativa alta demais para o caso por parte dele. Assim, a conversa franca, aberta, limitando o caso ao que é possível realizar poderá evitar problemas, inclusive jurídicos. Tenho feito laudos a pedido de juízes em processos de pacientes contra cirurgiões-dentistas e posso afi rmar que a falta de informação sobre o tratamento é a causa mais comum de queixas dos pacientes que se sentem prejudicados. Além do plane- jamento do caso em si, fumantes, diabéticos não compensados, entre outras patologias de base (solicite exames complementares e consultas com o médico do paciente!) devem ter o tratamento adiado, inde- pendente da ameaça em mudar de profi ssional. 4) Avaliar os dentes vizinhos ao implante. Se nos alertarmos para uma “nova” visão ou a pouca observação sobre o osso que circunda uma região a ser operada, temos algumas situações em que um dente com uma área radiográfi ca difusa, seja mista radiolúcida/radiopaca que não “chama” a atenção, este dente que pode ou não ter o tratamento endodôntico já realizado, mas nos mostra um osso sugestivamente reacio- nal a uma infl amação “passada”. Cuidado com esta situação, pois muitas vezes a alteração é subclínica, o paciente assintomático e o sistema está em equilíbrio. Porém, quando perfuramos o osso, com o aqueci- mento, com a quebra do sistema ósseo, do equilíbrio, uma situação de osteomielite pode ocorrer. Sei da difi culdade de convencer um paciente a tratar ou retratar um canal de algo que não dói, no entanto, tenho observado alguns casos de infecção óssea, com complicações desde a perda do implante até segmentos ósseos por uma osteomielite. 592 Revista PerioNews 2011;5(6):590-4 Fórum clínico A anamnese sempre se constituiu em um dos exames mais confi áveis de avaliação das condições pré-cirúrgicas do paciente, independentemente de exames complementares. Mesmo hemogramas, amplamente utilizados como exames de rotina, são citados na literatura médica por alterarem a condu- ta clínica preestabelecida em somente 0,1% a 2,7% dos casos. Também, a contagem leucocitária e de plaquetas, realizada rotineiramente, é anormal em menos de 1,1% dos exames e raramente leva a alterações do planejamento clínico. Em vista disso, a avaliação pré-cirúrgica reforça o papel de uma anamnese muito bem fundamentada, de um exame físico adequado e, quando necessários, de exames comple- mentares defi nidos a partir de dados sugestivos encontrados na anamnese e no exame físico do paciente. Assim, também os protocolos medicamentosos pré-operatórios, orientados para preservar e proteger as condições sistêmicas denossos pacientes, têm sido parcialmente revistos, como por exemplo a prescrição de antimicrobianos, rotina que diversos trabalhos científi cos desaconselham em vista de não haver diferenças estatísticas com o não uso dos mesmos. Acredita-se que mais de 95% dos pacientes que se sub- metem a cirurgia eletiva não requerem exames pré-cirúrgicos, desde que não tenham doença aguda ou crônica. No entanto, enfermidades como diabetes, hipertensão, cardiopatia, reu- matismo, osteoporose, alergia e mesmo usuários de antipla- quetários e fumantes, apesar de não se constituírem como contraindicações absolutas aos procedimentos implantodôn- ticos e periodontais, apresentam, sim, riscos cirúrgicos ineren- tes às suas condições de momento. Cabe assim, ao profi ssional, a decisão de requerer encami- nhamento médico e exames pré-cirúrgicos que julgar necessá- rios, a fi m de estabelecer cuidados pré-cirúrgicos indispensá- veis na prevenção de complicações pós-cirúrgicas indesejáveis. Estas podem incluir hemorragias, alterações metabólicas, vas- culares ou mesmo neurológicas, podendo, inclusive, colocar em risco a vida do paciente. Assim, como postura pré-cirúrgica, adequada para evitar ou minimizar essas complicações, deve-se prover controles ri- Marcolino Antonio Pellicano Mestre em Reabilitação Oral – FOB-USP; Coordenador do curso de especialização em Implantodontia – APCD, Regional de Jundiaí; Especialista em Periodontia e Implantodontia. marcolino@pellicano.com.br gorosos de glicemia, interrupção do ato de fumar, semanas an- tes e após o procedimento, interrupção pré-cirúrgica por sete a dez dias do uso de antiplaquetários, controles pré e transci- rúrgicos da oximetria e pressão arterial de pacientes cardíacos ou hipertensos e conscientização de pacientes osteoporóticos, usuários de bifosfonatos, do risco de osteonecroses dos ma- xilares. Evidentemente, por promoverem apoptose de osteoclas- tos, a terapia por bifosfonatos tem sua razão de ser, princi- palmente em casos de metástases ósseas, doença de Paget e osteoporoses severas, mas, infelizmente, a despeito do risco de seus efeitos colaterais, observa-se hoje abrangência ainda maior em suas prescrições, até mesmo para casos leves de os- teopenia. Se a classe médica sugerisse aos pacientes pelo menos tratamento odontológico prévio ao início da terapia com bi- fosfonatos, provavelmente, teríamos ainda menor incidência de osteonecroses. Também, aos cardiopatas é necessária cons- cientização, mas do papel prejudicial das infl amações crônicas, no que diz respeito à deposição de ateromas nas paredes das artérias, condição esta conhecida como aterosclerose resultan- te de níveis aumentados do LDL-colesterol na corrente sanguí- nea. Constituem-se na principal causa de doença coronariana e outras formas de doenças cardíacas. Segundo pesquisa recente, a fração LDL do colesterol só se torna formadora de ateroma em presença de infl amações e dentre estas se evidencia a periodontite, a qual, nesse sentido, se torna coadjuvante na progressão da aterosclerose. Em vista disso, para estes cardiopatas, o controle da doença periodon- tal torna-se extremamente importante por evitar obstruções arteriais adicionais. Para algumas dessas patologias citadas preconiza-se an- tibioticoterapia profi lática pré-cirúrgica, adequando-a às pos- síveis condições alérgicas do paciente. Preconiza-se, também, neste e nos demais casos citados, sedação consciente com benzodiazepínicos, a qual nos proporciona etapas transcirúrgi- cas bem controladas, otimizando, com certeza, pós-operató- rios cirúrgicos imediatos e tardios. 593 Revista PerioNews 2011;5(6):590-4 Mario Groisman (com a colaboração de Eduardo Pinto Ferreira) Mestre em Ciências Dentais – Universidade de Lund, Suécia; Especialista em Periodontia – Uerj; Especialista em Implantodontia – CFO; Professor do curso de Especialização em Implantodontia – São Leopoldo Mandic. mario@mariogroisman.com.br As complicações pós-operatórias mais comuns em pro- cedimentos cirúrgicos orais são dor, edema e, com menor frequência, infecção. O uso racional de medicação corticosteroi- des tem sido indicado para controle de edema do trauma cirúr- gico. Dexametasona 4,0 mg administrada em dois comprimidos uma hora antes do procedimento e um comprimido, de forma opcional, seis horas após o procedimento, se mostra efi ciente no controle parcial do edema, com eventual desconforto. A utilização de antibióticos pré-operatórios tem indicação absoluta em condições cardíacas associadas à endocardite in- fecciosa, a seguir: alto risco – próteses valvares e endocardite infecciosa prévia; risco moderado – más-formações cardíacas congênitas, cardiomiopatias hipertrófi cas e prolapso de válvula mitral com regurgitação. Estas seguem a recomendação da As- sociação Americana de Cardiologia que prevê, como primeira escolha, uso de amoxicilina 2 g (quatro cápsulas de 500 mg) uma hora antes do procedimento e, para pacientes alérgicos à penicilina, a recomendação é a clindamicina 600 mg (dois com- primidos de 300 mg) uma hora antes do procedimento. O uso da antibioticoterapia pré e pós-operatória para pa- cientes hígidos como protocolo em Implantodontia tem sido assunto de grande discussão e contrassensos. A opção como conduta tem sido descrita em casos de procedimentos mais extensos que envolvam manipulação de enxertos ósseos e seio maxilar . A avaliação clínica permitirá avaliar pacientes que fazem uso corrente de medicamentos sistêmicos relevantes ao pro- cedimento cirúrgico ambulatorial, tais como anticoagulantes orais e antiagregantes plaquetários. Para pacientes portadores de cardiopatias que utilizam medicamentos que interferem na coagulação é prudente o contato com o médico assistente para o ajuste ou suspensão da medicação. Alguns médicos car- diologistas contraindicam a suspensão da medicação ou ale- gam ser desnecessário. Geralmente, pacientes usuários diários de AAS deverão suspender a medicação pelo menos cinco dias antes do procedimento. Casos de instabilidade sistêmica do paciente podem ser temporários, mas situações de comprometimento sistêmico, muito graves, podem tornar o procedimento contraindicado, quando o risco da cirurgia é maior que seus benefícios e o pa- ciente necessita de mais cuidados médicos. Podemos destacar: 1) doenças cardiovasculares graves não controladas; 2) diabetes instável; 3) doença renal em estágio fi nal; 4) discrasias sanguí- neas graves; 5) gestantes em primeiro e terceiro trimestres. Pacientes sob cuidados médicos devem obedecer aos se- guintes cuidados: pacientes com história de infarto do miocár- dio não devem ser atendidos nos primeiros seis meses após o evento; pacientes cardiopatas, diabéticos e hipertireoideanos moderados, todos controlados, podem ser submetidos a pro- cedimentos cirúrgicos ambulatoriais que não excedam o limite de 40 µg de adrenalina; profi laxia antibiótica aos pacientes com riscos de encodardite infecciosa; observar a utilização da medi- cação anticoagulante. Idade – extremos de idade devem ser observados. Diabéticos – o cuidado na manipulação do paciente diabético se refere aos eventos relacionados à hipoglicemia, portanto, é necessário que este paciente esteja sob controle médico. O pós-operatório imediato leva usualmente a limitações alimen- tares e um período de estresse transoperatório pode diminuir a oferta de energia e um aumento da necessidade de glicose, podendo haver risco iminente de queda de glicemia. Os pa- cientes são candidatos à sedação e devem ser orientados a se alimentarem normalmente antes do procedimento, além de não utilizarem ou diminuir a dose de insulina subcutânea. Por possuírem baixa função leucocitária, diabéticos não compen- sados diante de um processo infeccioso não têm o mesmo po- der de combate que um paciente saudável, portanto, cuidados com terapia antibióticadevem ser observados. Hipertensão arterial – o paciente hipertenso pode receber tra- tamento odontológico-cirúrgico eletivo, desde que esteja com- pensado adequadamente e se respeite a dose máxima de adre- nalina de 0,1 mg. Pacientes com PA superior a 160/100 mmHg podem necessitar de um controle adicional. Um parecer médico é importante, pois o paciente obedecerá a critérios individuais de acordo com seu cardiologista. Asma – a ansiedade pode ser fator desencadeante desta con- dição. Uso de anti-infl amatórios não hormonais podem preci- pitar crises. O uso de broncodilatadores deve estar disponível. 594 RESUMO O emprego dos implantes osteointegráveis (IOI) representa atualmente uma opção terapêutica viável para pacientes edêntulos parciais ou totais. Embo- ra a ocorrência da osteointegração apresente previsibilidade comprovada por consistentes trabalhos, a instalação de doença peri-implantar infl amatória re- presenta uma ameaça à estabilidade e à longevidade almejadas. Este trabalho se propôs a revisar na literatura aspectos importantes sobre o monitoramento e a manutenção da saúde peri-implantar, bem como apresentar condutas te- rapêuticas indicadas para a doença peri-implantar. Com base nesta revisão, foi possível observar a importância de monitoramento e manutenção e considerar a Terapia de Suporte Interceptativa e Cumulativa (TSIC) como uma forma racio- nal e objetiva de conduzir casos de IOI, visando à manutenção da saúde. Unitermos – Mucosite; Peri-implantite; Monitoramento; Manutenção; Trata- mento. ABSTRACT At present, the use of osseointegratable implants (OII) is a feasible therapeutic option for partially or totally edentulous patients. Although the occurrence of osteointegration is predictable, as proved by consistent studies, the onset of infl ammatory peri-implant diseases represents a threat to the desired stability and longevity. The aim of this study was to review important aspects in the literature about monitoring and maintenance of peri-implant health, as well as to present therapeutic conduct indicated for peri-implant disease. Based on this review, it was possible to observe the importance of monitoring and maintenance, and consider the Cumulative Interceptive Support Therapy (CIST) as a rational and objective manner for conducting cases of OII, with a view to maintaining health. Key Words – Mucositis; Peri-implantitis; Monitoring; Maintenance; Treatment. Monitoramento, manutenção e restabelecimento da saúde peri-implantar *Especialista em Periodontia – ABO/BA. **Doutora em Ciências Médicas, professora da Disciplina de Farmacologia – Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Salvador, BA, Brasil. ***Mestrando em Periodontia – Unip; Diretor Clínico e Científi co – Inepro. Revisão da literatura Ana Cristina Rosário Sobreira* Maria Cecília Fonseca Azoubel** Fábio José Barbosa Bezerra*** Monitoring, maintenance and reestablishing of peri-implant health Recebido em ago/2011 Aprovado em set/2011 Revista PerioNews 2011;5(6):596-603596 Revista PerioNews 2011;5(6):596-603 Periodontia INTRODUÇÃO O advento da osteointegração na Implantodontia abriu novas perspectivas para a reabilitação oral1-2 em pacientes edêntulos parciais ou totais e esta tem demonstrado, através de estudos longitudinais, tratar-se de uma modalidade tera- pêutica em que os resultados atingem níveis notórios de su- cesso3-4. Apesar disso, ocasionalmente, alguns implantes osseoin- tegráveis (IOI) são perdidos5. Um dos fatores associado ao seu sucesso é a manutenção da saúde peri-implantar e, por esse motivo, após três décadas de osseointegração bem sedimen- tada, a Implantodontia deparou-se com um problema até en- tão considerado irrelevante: a perda de IOI em decorrência de patologias peri-implantares com destruição tecidual6-7. O maior risco à doença peri-implantar reside na susceti- bilidade dos tecidos ao ciclo de infecção/infl amação, associa- do à relação de causa/efeito entre o acúmulo de biofi lme e o desenvolvimento de alterações infl amatórias peri-implantares, onde os sinais clínicos são semelhantes aos encontrados na doença periodontal1,5,7. Portanto, para a manutenção da saúde peri-implantar torna-se imperativa a instituição de um regime efetivo de prevenção (monitoramento/manutenção) e quando uma con- dição patológica for diagnosticada, a intervenção terapêutica deve ser iniciada7. Neste contexto, a terapia progressiva de manutenção individualizada, específi ca e racional vem sendo proposta com o objetivo de prevenir e/ou tratar as doenças peri-implantares6. O objetivo deste artigo foi revisar os conceitos de monito- ramento/manutenção e discutir a aplicabilidade e a efetividade das condutas empregadas para a prevenção e/ou restabeleci- mento da saúde peri-implantar. REVISÃO DA LITERATURA Doença peri-implantar A doença peri-implantar infl amatória é descrita como uma alteração patológica dos tecidos ao redor dos IOI, onde o agente etiológico é o biofi lme bacteriano1,8-9, e pode ser clas- sifi cada como mucosite peri-implantar ou peri-implantite10-11. A mucosite peri-implantar é um processo infl amatório reversível que afeta os tecidos moles ao redor dos IOI, em fun- ção ou não, sem detecção de perda óssea. Clinicamente, essa patologia apresenta características semelhantes à gengivite, onde pode ser observado aumento de volume de tecido gen- gival, sensibilidade dolorosa ao toque e sangramento a sonda- gem. A progressão da infl amação peri-implantar com perda de tecido ósseo de suporte é conhecida como peri-implantite. Tal enfermidade pode cursar com: edema, sangramento, eventual supuração, alto índice de biofi lme bacteriano, aumento da pro- fundidade de sondagem, imagem radiográfi ca de reabsorção da crista óssea alveolar, aumento do fl uxo do fl uido intrassulcular e, em casos avançados, mobilidade6,8,10,12-14 (Figuras 1). Considerações microbiológicas Tendo em vista o fator etiológico primário do fracasso dos IOI, torna-se indispensável conhecer os patógenos que coloni- zam as superfícies dos IOI1. Os microrganismos que colonizam as regiões circunjacentes ao IOI saudável são semelhantes aos que povoam os dentes natu- rais saudáveis10-11,14 e compatíveis com a saúde peri-implantar1,4,14. Contrariamente, a microbiota associada com a doença peri-implantar inclui patógenos relacionados à doença perio- dontal que apresentam elevada virulência, podendo produzir endotoxinas, as quais iniciam uma resposta infl amatória asso- ciada à doença periodontal e/ou peri-implantar1,4,15-17. Figuras 1 – Aspecto clínico de mucosite (a) e peri-implantite (b). A B 597 Revista PerioNews 2011;5(6):596-603 Sobreira ACR • Azoubel MCF • Bezerra FJB Estudos consistentes sugerem que o biofi lme subgengi- val de dentes naturais pode infl uenciar a microfl ora subgen- gival do IOI em pacientes parcialmente edêntulos, servindo como reservatórios de patógenos periodontais pelo princípio da infecção cruzada18. Segundo importante trabalho1, este as- pecto microbiológico enfatiza a importância do controle de placa bacteriana peri-implantar, antes e após a execução do procedimento. Monitoramento versus manutenção O procedimento de monitoramento é conceituado como um conjunto de índices e técnicas que deve ser empregado durante períodos variáveis de proservação, indicando de ma- neira objetiva e numérica a estabilidade interfacial IOI/osso e IOI/tecido mole, enquanto que a manutenção consiste em um grupo de técnicas e dispositivos de diferentes níveis de com- plexidade utilizados em conjunto ou separadamente e que vi- sam manter a saúde peri-implantar6,15. Durante o primeiro ano após a instalação do IOI e da pró- tese, o paciente deve ser rechamado a cada três meses para revisão, especialmente se tiver perdido dentes por doença pe- riodontal. Se 12 meses após a instalação, os IOI estiverem está- veis e o tecido peri-implantarsaudável, um intervalo de quatro a seis meses pode ser implementado18. Monitoramento da saúde dos tecidos peri-implantares O monitoramento deve ser realizado de maneira siste- mática e constar do plano de tratamento inicial como sendo parte integrante da terapia reabilitadora e de fundamental importância pelo fato de que a coleta periódica de dados de- monstrará a evolução, fornecendo subsídios para instituição de procedimentos adequados de manutenção6,15. Devido à similaridade entre doença periodontal e peri-im- plantar, os parâmetros clínicos de saúde/doença empregados são os mesmos, sendo estes: índice de placa, índice gengival, índice de sangramento a sondagem, profundidade de sonda- gem, nível de inserção clínica, mobilidade, supuração, nível ou densidade óssea em radiografi as e avaliação microbiológica5,11,14. Índice de placa O biofi lme se forma nos dentes e em superfícies artifi ciais expostas ao meio oral15,18. Diante disto, o monitoramento do biofi lme bacteriano através dos índices de placa é de suma im- portância na prevenção das patologias6. Determinados índices são utilizados para o registro dos níveis de placa, mas todos apresentam a limitação de não identifi carem a presença de patologia ou mesmo o nível de risco apresentado pelo paciente. Contudo, estatisticamente, pacientes com baixos índices de placa tendem a desenvolver, em média, menos doença peri-implantar. Por esse motivo, o acúmulo de placa ao redor dos IOI sempre deve ser avaliado e documentado no prontuário do paciente6,8. Existem alguns índices de placa que podem ser emprega- dos para avaliação de dentes e implantes19-21. A modifi cação de um índice usado para dentes19 tornou possível um sistema de índice de placa20 semiquantitativo para avaliar o desempenho da higiene oral em implantes através dos seguintes escores numéricos: 0 = placa não detectada; 1 = placa identifi cada pela sonda colocada próxima à margem do IOI; 2 = placa visível a olho nu; 3 = placa em abundância15. Os valores obtidos denotarão a capacidade de higieni- zação do paciente, onde níveis reduzidos serão objetivos do tratamento de manutenção e níveis elevados poderão estar correlacionados com doença peri-implantar6,14. Índice de sangramento O índice de sangramento demonstra alterações infl ama- tórias presentes na doença peri-implantar6,18. Existem dois índices que habitualmente são empregados para verifi car o sangramento gengival e podem ser utilizados para verifi cação do sangramento peri-implantar: o índice gengival e o índice de sangramento a sondagem9,22-23. Um Índice de Sangramento Modifi cado foi proposto20 para implantes, no qual as avaliações são graduadas com os seguintes escores: 0 = sem sangramento quando a sonda pe- riodontal é inserida ao longo da margem gengival adjacente ao IOI; 1 = isolado ponto de sangramento visível; 2 = sangramento forma uma confl uente linha vermelha na margem; 3 = sangra- mento abundante15. Figura 2 – Sonda de plástico. 598 Periodontia Revista PerioNews 2011;5(6):596-603 A presença de faces sangrantes deverá ser comparada com índices prévios constantes do prontuário e servirá como referência para a evolução clínica do caso, onde ausência de sangramento associa-se fortemente à condição de saúde6,11. Sondagem peri-implantar A sondagem é um método simples e confi ável para afe- rições da estabilidade interfacial dos IOI. Apesar disso, alguns trabalhos não recomendam a sondagem frequente, devido a possibilidade de ocorrer um rompimento entre o epitélio jun- cional e a superfície do IOI, facilitando a penetração de patóge- nos no tecido15,18. Seguindo essa premissa, um autor14 afi rmou que a sondagem deve ser evitada durante os primeiros três meses após a conexão do abutment, no sentido de evitar al- terações e permitir o estabelecimento do selamento de tecido mole e ainda recomendou que após o citado período, o exame deve ser executado apenas nas visitas de manutenção. Para a mensuração peri-implantar são indicadas sondas milimetradas plásticas rígidas para não gerar danos à superfície de titânio11 (Figura 2). Por sua vez, a mensuração da profundi- dade de sondagem ao redor dos IOI é muito sensível à variação de forças em relação aos dentes naturais14,18; por isso, o uso de sondas com carga controlada, variando de 15 a 30 N, apresen- tará resultados mais confi áveis6,14. Na condição de saúde, o índice médio de profundidade de sondagem é de 3 mm11,15,22-24. Esta afi rmação foi reforçada por relevante trabalho16 que relatou que em IOI com sucesso, geralmente, a penetração da sonda é de 3 mm e a localização do nível de osso peri-implantar pode estar entre 1-1,5 mm api- cal à posição da extremidade fi nal da sonda11,14. A sondagem deverá ser realizada em seis faces para cada IOI: MV, V, DV, ML, L e DL e os resultados deverão ser registrados em milímetros e anotados no prontuário6,9. Alterações na profundidade de sondagem durante os períodos de proservação denotarão presença de bolsa peri-implantar devido à perda óssea ou hipertrofi a de tecido mole e deverão ser tratados de acordo com terapia de manu- tenção adequada6. Supuração A secreção purulenta é composta por neutrófi los que es- tão presentes sempre que a doença está ativa. Grande número destas células tem sido relacionado à infl amação tecidual, suge- rindo que a supuração pode ser um sinal de peri-implantite e que o processo requer uma terapia anti-infecciosa imediata11,15. Mobilidade O íntimo contato entre o osso e o IOI é o maior requisito para o sucesso do IOI15. A mobilidade indica defi ciência de os- seointegração e estágio fi nal da doença peri-implantar e, por- tanto, serve como um teste diagnóstico específi co na decisão da remoção do IOI4,9,15-16. Figura 4 – Cureta plástica para IOI da Hu-Friedy. Figura 3 – Aspecto radiográfi co de peri-implantite. 599 Revista PerioNews 2011;5(6):596-603 Sobreira ACR • Azoubel MCF • Bezerra FJB Exame radiográfi co A avaliação radiográfi ca periódica é um método clínico válido para diagnóstico da saúde periodontal e interfacial IOI/ osso6,14,24. Além disso, é indicada quando a sondagem não pode ser usada para avaliar o IOI instalado em áreas estreitas ou com falta de acesso devido à instalação protética14. Atualmente, dispõe-se de técnicas aprimoradas envolven- do análise digital e também avaliação eletrônica que fornecem grande precisão de dados. Porém, no âmbito clínico, técnicas simplifi cadas realizadas adequadamente são viáveis e poderão ser utilizadas durante o período de proservação de reabilitação protética para acompanhamento da adaptação das próteses fi xas sobre IOI, identifi cação de nível e condições do osso cir- cunvizinho9. Dentre as técnicas disponíveis, a periapical é a preconizada quando o objetivo é o detalhamento da interface osso/IOI, po- dendo ser realizada por fi lme ou imagem digitalizada e permi- tindo a avaliação de alterações na altura do osso peri-implantar e a detecção de defeitos ósseos angulares25. As radiografi as periapicais convencionais deverão ser realizadas pela técnica do paralelismo9,6,14 (Figura 3). As radiografi as intraorais digitalizadas apresentam uma facilidade de obtenção imediata de imagem, dispensando o processamento e a exposição do paciente à radiação. Adicio- nalmente, possuem como importante recurso a possibilidade de diagnosticar regiões de tecido ósseo com maior ou menor densidade, através da inversão de cores, podendo indicar áreas onde a interface apresenta tecido fi broso ou de baixa qualida- de6,11,14,25-26. Lesões recentes podem não ser observadas nas radiogra- fi as até que se tornem mais avançadas14; porém, as alterações clinicamente mais signifi cativas ocorrem no primeiro ano do IOI em função. Sendo assim, o controle radiográfi co deve ser realizado de seis a 12 meses após a instalação da prótese fi xa sobre IOI9. Posteriormente, radiografias de controle em pacien- tes assintomáticos devem ser realizadas em intervalos de dois/ três anos, ou quando clinicamente necessário, enquanto que os dentes naturais devem ser controlados com menor intervalo9. Segundo um estudo14, o intervalo que tem sido racionalmen- te recomendado (na ausência de problemas clínicos) é de um, três e cinco anos, com possibilidade de tomadas subsequentes a depender da situação clínica apresentada pelo paciente. Já ou- tro trabalho18 sustenta que as radiografi as devem ser realizadas sempre em 12 a 18 meses, durante estas visitas de manutenção. No primeiro ano, a avaliação do nível cervical da crista óssea deverá demonstrar perda óssea fi siológica de aproximadamente 1,5 mm, com média subsequente anual não superior a 0,1 mm. Desse modo, reduções acentuadas no nível da crista óssea indi- cam patologias peri-implantares e deverão ser tratadas6,18. Os IOI que falham geralmente exibem radiografi camente um espaço radiolúcido que pode ser mínimo ou largo, acom- panhado de defeito na crista alveolar18. Testes microbiológicos O conhecimento da composição do biofi lme bacteriano em condições de saúde ou doença contribui sobremaneira para a defi nição do risco e instituição de terapia de manu- tenção adequada. Logo, a análise microbiológica é um recur- so auxiliar em diagnóstico e tratamento de casos de doenças peri-implantares, fornecendo diretrizes para estabelecimento do prognóstico e instituição do tratamento mais adequado14. A identifi cação da qualidade bacteriana presente poderá ser feita através de métodos diagnósticos específi cos, exem- plo: microscopia de contraste de fase ou campo escuro, testes enzimáticos, métodos imunológicos, detecção molecular, cul- tura microbiológica, sondas de DNA, reação de cadeia polime- rase, anticorpos monoclonais17. Todo tratamento voltado para o controle qualitativo do biofi lme bacteriano deverá ser apoiado em diagnóstico preciso do agente etiológico para que o tratamento de manutenção instituído possa solucionar o problema6. Terapia de manutenção do implante O sucesso do IOI é estreitamente relacionado aos cuidados profi ssionais adequados e à cooperação do paciente via cui- dados preventivos caseiros efetivos14,18. Portanto, é necessário A avaliação radiográfi ca periódica é um método clínico válido para diagnóstico da saúde periodontal e interfacial IOI/osso6,14,24. Além disso, é indicada quando a sondagem não pode ser usada para avaliar o IOI instalado em áreas estreitas ou com falta de acesso devido à instalação protética14. 600 Periodontia Revista PerioNews 2011;5(6):596-603 para cada paciente um regime de manutenção individualizado com rechamadas regulares visando criterioso monitoramento do tecido peri-implantar, da condição da prótese implantossu- portada, bem como a determinação da complexidade da tera- pia de manutenção para manter saúde ao redor do IOI6,11,15,18. Na literatura existem diversos regimes de manutenção, embo- ra ainda não tenha sido elucidado qual o mais efetivo7. Dados consistentes sugerem um protocolo de rechamadas a cada três meses no primeiro ano de instalação dos IOI, pelo fato das lesões de mucosite poderem exibir progressão apical após três meses de desenvolvimento do biofi lme ao redor dos IOI e, após o primeiro ano, a depender dos fatores de risco, com- prometimento com a higiene oral e achados nos índices de monitorização, o intervalo de rechamada poderá ser estendido para seis meses se a situação clínica estiver estável10,14. Alguns autores têm sugerido que reabilitações protéticas implantossuportadas com múltiplas unidades devem ser re- movidas periodicamente com o intuito de acessar mobilidade, saúde gengival e estado de higiene oral, porém, esta forma de proceder não é universal. Um importante trabalho18 defendeu a realização do procedimento e afi rmou que as próteses reti- das por parafusos devem ser removidas no mínimo uma vez por ano para facilitar o acesso ao tecido peri-implantar. Motivação do paciente O êxito na motivação do paciente quanto à realização dos procedimentos de higiene oral requer que o profi ssional reali- ze dois passos básicos: o primeiro consiste na orientação sobre necessidade, técnica e frequência de uso dos recursos neces- sários e o segundo consiste no exercício da motivação através de conselho, retirada de dúvidas e esclarecimento sobre os re- sultados positivos obtidos26. É importante que o paciente en- tenda o seu papel principal como responsável pela sua higiene oral e sucesso do IOI11,14. Higiene oral do paciente Os pacientes devem ser orientados quanto à higienização bucal antes mesmo da instalação do IOI, que deve ser enfatiza- da em todas as consultas de manutenção. Para tanto, devem ser incluídos o uso de dispositivos e técnicas apropriadas para cada caso18. As escovas tradicionais ou elétricas devem apresentar cer- das macias ou extramacias, a cabeça deve ter tamanho pequeno ou médio e os pacientes deverão ser orientados a realizar prefe- rencialmente a Técnica de Bass Modifi cada6,9,18. Embora não exista um consenso a esse respeito, acredita-se que seja a mais indi- cada em pacientes portadores de IOI. Outros recursos também são indicados para auxiliar a higienização, a exemplo de escovas unitufo, fi o ou fi ta dental, passa fi o, além de escovas interpro- ximais com haste de náilon ou plástica e dentifrícios com baixa abrasividade onde o abrasivo seja o carbonato de cálcio7,14,18. Durante o período pós-cirúrgico, antissépticos contendo digluconato de clorexidina (0,12% ou 0,2%) devem ser utiliza- dos e, após este período, o uso rotineiro de outros colutórios tem sido indicado principalmente para pacientes com incapa- cidade física7,14,18. Estas ações de higienização doméstica irão manter a in- tegridade da superfície transmucosa do IOI, evitando infecção peri-implantar, aumentando a longevidade do tratamento11. Profi laxia profi ssional A profi laxia profi ssional consiste na remoção de biofi lme bacteriano e cálculo da superfície abutment/IOI7. Quando ape- nas o biofi lme está presente, para removê-lo, deve-se utilizar taça de borracha em baixa rotação e uma pasta profi lática com baixa abrasividade (exemplo: abutment Glo, Nupro fi ne, óxido de estanho, pedra-pomes)6,7,14,18. Alguns autores14,18 defendem a ideia de que os sistemas abrasivos com jato de ar apresen- tam efeito mínimo na superfície de titânio e, por isso, podem ser usados na remoção de placa e manchamentos, evitando a exposição excessiva e prolongada que pode causar alterações indesejáveis. Um estudo6 indicou o uso do jato de bicarbonato com pó de baixa abrasividade, com intervalo mínimo de 30 dias entre as sessões de profi laxia, seguido de polimento com taça de borracha e pasta profi lática de granulação fi na. No entanto, na presença de cálculo, devem ser utilizadas curetas plásticas, de fi bra de carbono, de tefl on, banhadas a ouro ou de titânio ao invés de curetas metálicas que podem arranhar e alterar a superfície do IOI6,18 (Figura 4). Neste con- texto, cabe salientar que algumas curetas plásticas são muito fl exíveis, difi cultando a remoção do cálculo, ao passo que ins- trumentos plásticos reforçados com grafi te são mais rígidos e podem ser afi ados14. No caso das curetas de ouro, deve-se evi- tar a afi ação para não expor o metal duro prejudicial à super- fície do IOI18. Instrumentos ultrassônicos com pontas plásticas também são adequados para manutenção dos IOI14,18. Restabelecimentos da saúde peri-implantar Uma vez diagnosticada a doença peri-implantar, modali- dades terapêuticas podem ser implementadas para o restabe- lecimento da saúde, onde o tipo de abordagem será determi- nada a partir do monitoramento/manutenção peri-implantar, de acordo com a severidade da doença4. 601 Revista PerioNews 2011;5(6):596-603 Sobreira ACR • Azoubel MCF • Bezerra FJB Terapiaprogressiva de manutenção ou terapia de suporte interceptativa e cumulativa (TSIC) Um relevante trabalho24 sobre o tratamento das doenças peri-implantares propôs o seguimento da denominada terapia progressiva de manutenção ou terapia de suporte interceptati- va e cumulativa (TSIC), que fornece diretrizes para o tratamen- to adequado de tais doenças. Este método baseia-se na detec- ção precoce da doença para que seja feita a interceptação do problema com terapia apropriada. A base para este sistema é a rechamada regular do paciente e a partir dos dados coletados pelos índices de monitoramento, história clínica pregressa e perfi l bioemocional do paciente, são indicados cinco níveis de terapia de manutenção progressiva (Tabela 1). Segundo a TSIC proposta por importante trabalho4, a tera- pia A envolve estímulo à higiene oral, remoção profi ssional de depósitos duros e polimento periódico com taça de borracha e pasta profi lática e pode ser empregada em situações clínicas onde pode haver ou não placa e sangramento, a profundidade de sondagem é inferior a 4 mm e não há perda óssea radio- gráfi ca. Esta terapia também está indicada para os casos de mucosite peri-implantar. A terapia B envolve os passos clínicos da terapia A com- binada com a utilização de antissépticos bucais, irrigação in- trassulcular com clorexidina (0,12% ou 0,2%) e/ou utilização de clorexidina tópica nas situações clínicas onde há presença de placa e sangramento, secreção purulenta e profundidade de sondagem entre 4-5 mm, isto é, nos casos onde há mucosite com edema gengival ou peri-implantite com perda óssea leve. Já na terapia C é possível associar a terapia B com os an- timicrobianos específi cos, em situações clínicas onde há placa e sangramento, com presença ou não de secreção purulenta, profundidade de sondagem igual a 5 mm e presença de perda óssea radiográfi ca. Nestes casos é recomendável a obtenção de amostra microbiológica para constatação da fl ora anaeróbi- ca e adequada seleção do antimicrobiano. Os fármacos empre- gados são: tetraciclina, metronidazol, clindamicina, amoxicilina com clavulanato de potássio11,24. A terapia D, por sua vez, envolve os passos da terapia C, combinada com procedimentos cirúrgicos (ressectivos ou re- generativos) e pode ser empregada em situações clínicas onde há muita placa, sangramento abundante, podendo ha- ver ou não pus, profundidade de sondagem maior que 5 mm e presença de perda óssea radiográfi ca. Em defeitos ósseos horizontais, as técnicas ressectivas são as mais indicadas, en- quanto a regeneração óssea tem aplicabilidade em defeitos infraósseos circunferenciais e defeitos de duas ou três pare- des24. Evidências experimentais sugerem que a reosseointe- gração pode ser possível através de procedimentos apropria- dos de descontaminação da superfície do IOI por jato abrasivo e ataque ácido11,24. Por fi m, a terapia E envolve a terapia D e é indicada em casos de perda óssea avançada ou mobilidade, onde o trata- mento mais apropriado é a explantação preservando o osso remanescente para a instalação de um segundo IOI posterior- mente4,10,24 (Tabela 1). DISCUSSÃO O advento da osseointegração na Odontologia, indiscuti- velmente, vem abrindo novas perspectivas na reabilitação oral de pacientes edêntulos totais ou parciais1-2. Os implantes os- seointegráveis (IOI) atualmente são considerados como terapia associada a altos índices de sucesso a longo prazo e represen- tam uma opção terapêutica viável, vantajosa e segura3,5,10-11,16. TABELA 1 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA TERAPIA DE SUPORTE INTERCEPTATIVA E CUMULATIVA (ADAPTADO DE MOMBELLI; LANG24) Placa Sangramento Supuração Profundidade de sondagem (mm) Perda óssea Terapia + ou - - - < 4 - A + + ou - - < 4 - A ++ + + ou - 4-5 + ou - A+B +++ ++ + ou - 5 + A+B+C +++ +++ + ou - 5 ++ A+B+C+D +++ +++ + ou - > 5 +++ E 602 Periodontia Revista PerioNews 2011;5(6):596-603 Apesar disso, os tecidos moles e duros peri-implantares mostram-se susceptíveis à microrganismos patogênicos, ca- pazes de gerar um processo imunoinfl amatório que pode se manter confi nado à mucosa peri-implantar, sendo denomina- da mucosite, ou estender-se para tecido ósseo circunjacente, caracterizando a peri-implantite5,7,14. Diante da possível perda do IOI, que está vinculada à frus- tração de grande expectativa por parte do paciente e altos custos inerentes à terapia, há atualmente grande e justifi cada preocupação no que diz respeito ao diagnóstico preciso e à prevenção de patologias peri-implantares1,4-5,17. O monitoramento e a manutenção aparecem como con- dutas cruciais para a obtenção e/ou manutenção da saúde e vi- sam a garantia da longevidade do IOI. De fato, a literatura cien- tífi ca correlata sustenta que estes são os únicos meios seguros e previsíveis em busca do sucesso almejado4,6-7,15,18. A Terapia de Manutenção Interceptativa e Cumulativa apresenta-se como um recurso racional e que provê diretrizes concretas para a instituição do tratamento em função da con- dição clínica específi ca apresentada por cada paciente6,24. Apesar do advento de aprimorados recursos/diagnósticos e inovadoras modalidades terapêuticas, ainda observa-se a ne- cessidade de estudos prospectivos e longitudinais, sobretudo na área básica, que envolve recursos e técnicas de higiene oral e suas particularidades quanto ao uso em IOI, visto que a tera- pia de remoção de causa é a chave para a prevenção. Adicio- nalmente, é necessário ponderar sobre a viabilidade clínica de alguns recursos terapêuticos, a exemplo de antibióticos para uso local ou membranas usadas em regeneração óssea guiada, que apresentam alto custo e estão muitas vezes indisponíveis no Brasil, fatores que difi cultam o seu emprego. CONCLUSÃO O tratamento com IOI é uma opção terapêutica adequada e segura para a reposição de unidades dentárias perdidas, mas que precisa ser monitorada, objetivando a detecção precoce de alterações e instituição de terapêutica apropriada, visando ainda uma fi nalidade maior: a manutenção da saúde e a garan- tia da longevidade do IOI. Nota de esclarecimento Nós, os autores deste trabalho, não recebemos apoio fi nanceiro para pesquisa dado por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Nós, ou os membros de nossas famílias, não recebemos honorários de consultoria ou fomos pagos como avaliadores por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não possuímos ações ou investimentos em organizações que também possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Não recebemos honorários de apresentações vindos de organizações que com fi ns lucrativos possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não estamos empregados pela entidade comercial que patrocinou o estudo e também não possuímos patentes ou royalties, nem trabalhamos como testemunha especializada, ou realizamos atividades para uma entidade com interesse fi nanceiro nesta área. Endereço para correspondência: Ana Cristina Rosário Sobreira Av. Getúlio Vargas, 223 – Sala 104 – Ed. Patrimonial Rabelo – Centro 42800-005 – Camaçari – BA anacristina_sobreira@yahoo.com.br REFERÊNCIAS 1. de Lorenzo JL, Simionato MRL, de Lorenzo A. Infecção: principal causa de insucessos em implantes dentários. Rev. ABO Nac 1997;5(6):321-4. 2. Bain CA. Implant installation in the smoking patient. Periodontol 2000 2003;33:185-93. 3. El Askary AS, Mefert RM, Grifi n T. Porque os implantes dentários falham? Parte II. Implant Dent 2000;7:44-54. 4. American Academy of Periodontology. Dental implants in periodontal therapy. Position Paper, J Periodontol 2000;71:1934-42. 5. Muller E, Gonzalez YM, Andreana S. Tratamento da Peri-implantite: Conclusões Clínicas e Microbiológicas – Relato de um Caso. Implant Dent 1999;8:247254. 6. Soares APF. Monitoramento e Manutenção da Saúde Peri-implantar. In: Bezerra FJ, LenharoA. Terapia Clínica Avançada em Implantodontia. São Paulo: Ed. Artes Médicas, 2002.p.271-290. 7. Esposito M, Worthington HV, Coulthard P, Thomsen P. 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Sendo consenso que inúmeros fatores podem infl uenciar na progressão e/ou gravidade desta doença. Além disso, são infecções com alto potencial para recorrência e, eventualmente, perda dentária. A terapia pe- riodontal objetiva controlar e/ou eliminar a etiologia microbiana e os fatores de riscos contribuintes para susceptibilidade e gravidade da periodontite, im- pedindo a progressão e a recorrência da doença, preservando a dentição em estado de saúde, conforto e função com estética. A terapia de manutenção periodontal (TMP) é uma parte integrante da terapia, iniciada após a terapia periodontal ativa ser completada em intervalos que variam de acordo com a condição e o risco de cada indivíduo. Outro fator importante a considerar em relação a periodicidade é o nível de controle do biofi lme dental do indivíduo, ou seja, quanto menor este controle, menor deve ser o intervalo para a rechama- da. Entretanto, sabe-se que indivíduos com doenças crônicas tendem a coope- rar pobremente, especialmente se a doença não é percebida de forma amea- çadora, se a terapia consome tempo ou se os sintomas não são perturbadores. Assim, o objetivo desta revisão foi avaliar criticamente os estudos realizados com o intuito de avaliar o grau de cooperação dos indivíduos durante a TMP. Unitermos – Doença periodontal; Manutenção periodontal; Cooperação cons- ciente. ABSTRACT Periodontal disease is an infl ammatory condition of periodontal tissues. Is cha- racterized by progressive destruction of the tissues that support the tooth in the oral cavity. There is consensus that many factors that may infl uence the progression and/or severity of this disease. Furthermore, they are infections with a high potential for recurrence, and eventually tooth loss. Periodontal therapy aims to control and/or eliminate microbial etiology and the risk fac- tors contributors to susceptibility and severity of periodontitis, preventing the progression and recurrence of the disease, preserving the dentition in a state of health, comfort and function with esthetic. The periodontal maintenance therapy (PMT) is an integral part of the therapy, initiated after active perio- dontal therapy to be completed at intervals that vary depending on condition and risk of each individual. Another important factor to consider in relation to periodicity is the level of biofi lm control of the individual, in other words, the lower this control, the smaller should be the interval for the recall. However it is known that individuals with chronic diseases tend to cooperate poorly, especially if the disease is not perceived as threatening, if the therapy is time consuming or if symptoms are not disturbing. Thus the purpose of this review is to critically evaluate the studies in order to evaluate the degree of coopera- tion of individuals during PMT. Key Words – Periodontal disease; Periodontal maintenance; Compliance. Terapia de manutenção periodontal e avaliação do nível de cooperação dos indivíduos *Mestrandas em Periodontia – Faculdade de Odontologia – UFMG. **Professores de Periodontia – Faculdade de Odontologia – UFMG. Revisão da literatura Bárbara Nascimento de Albuquerque* Simone Angélica Faria Amormino* Lidiane Cristina Machado Costa* Telma Campos Medeiros Lorentz** José Eustáquio da Costa** Fernando Oliveira Costa** Periodontal maintenance therapy and assessment of the level of compliance of individuals Recebido em mar/2011 Aprovado em mar/2011 605 Revista PerioNews 2011;5(6):605-10 de Albuquerque BN • Amormino SAF • Costa LCM • Lorentz TCM • da Costa JE • Costa FO INTRODUÇÃO A terapia de manutenção periodontal (TMP) é um progra- ma de visitas periódicas dos indivíduos que fi nalizaram a tera- pia ativa com o intuito de prevenir a recorrência da doença1. A doença periodontal pode ser defi nida como uma condição infl amatória do periodonto de suporte, desencadeada pelo acúmulo de bactérias anaeróbias gram negativas, na região subgengival e caracterizada pela destruição progressiva dos tecidos que suportam os dentes na cavidade bucal1. Assim, a doença pode causar defeitos ósseos que podem gerar mobi- lidade dental, diminuir a função mastigatória ou até mesmo levar à perda dentária2. A terapia de manutenção periodontal tem se mostrado efetiva em manter a saúde, quando adaptada para cada caso particular. Indivíduos não mantidos em um programa de ma- nutenção supervisionado subsequente ao tratamento ativo mostram sinais óbvios de recorrência da doença periodontal (ex.: aumento da profundidade da bolsa periodontal, perda óssea, perda dentária). A preservação da saúde periodontal de indivíduos tratados requer um programa positivo como aquele requerido para a eliminação da doença periodontal3. Vários estudos clínicos longitudinais sobre o resultado dotratamento periodontal, ressaltam o papel decisivo da TMP no sucesso dos casos clínicos4-9. Em todos estes estudos, as pro- fundidades de sondagens e os níveis de inserção clínica foram mantidos como resultado de um cuidadoso programa de ma- nutenção profi ssional com intervalos de rechamadas variando entre três a seis meses. O objetivo do presente estudo foi realizar uma revisão crí- tica da literatura acerca da terapia de manutenção periodontal, em relação ao grau de cooperação dos indivíduos e o seu re- fl exo na saúde bucal. REVISÃO DA LITERATURA A terapia de manutenção periodontal foi conceituada como procedimento para sustentar os resultados da terapia inicial através de um sistema de rechamadas periódicas profi s- sionais e a manutenção de ótimo controle do biofi lme dental supra e subgengival, tanto quanto descobrir e remover irritan- tes que não foram eliminados durante o tratamento e a fase de cicatrização10. Outros autores consideraram como fase de manutenção o ato de prevenir a perda de inserção11. A manutenção periodontal é uma parte integral da terapia periodontal para indivíduos com história de doenças periodon- tais infl amatórias. Iniciada após a terapia periodontal ativa ser completada, é uma extensão da mesma, sendo a condição do indivíduo o grande indicador, para se determinar os interva- los entre um atendimento e outro12. Os indivíduos devem ser informados sobre o processo da doença, as alternativas tera- pêuticas, as complicações potenciais e sua responsabilidade no tratamento. As consequências do não tratamento devem ser explicadas. A falha em cooperar com o programa de manuten- ção periodontal pode resultar na recorrência da progressão da doença13. Os objetivos terapêuticos da TMP são: minimizar a recor- rência e a progressão da doença periodontal em indivíduos que tenham sido tratados previamente de gengivite e perio- dontite; reduzir a incidência de perda dentária através do mo- nitoramento da dentição e qualquer substituição protética dos dentes naturais; aumentar a probabilidade de localizar e tratar, de uma maneira periódica, outras doenças ou condições en- contradas dentro da cavidade oral12. Para alguns autores não existe um intervalo certo entre as visitas dos indivíduos, sendo que o fator mais importante a considerar em relação a periodicidade seria o nível de controle do biofi lme dental do indivíduo, ou seja, quanto menor este controle, menor o espaço de tempo para a rechamada13-14. Al- guns indivíduos, também, teriam maior tendência à formação de cálculo do que outros, necessitando de maior frequência. Portanto, o tempo correto deverá ser baseado na atividade da doença. Já outros estudiosos defi nem o intervalo entre as consul- tas de acordo com classifi cações próprias, que se baseiam em atividade da doença, controle do biofi lme dental do indivíduo, presença de trabalhos protéticos extensos, sítios com indica- ção cirúrgica não realizada, entre outras15-16. Há ainda alguns que realizam a avaliação da saúde periodontal de acordo com o índice de placa, índice gengival, profundidade de sondagem, perda de inserção para defi nir os intervalos11. Dois autores defi niram indiscriminadamente o intervalo trimestral para qualquer indivíduo, não importando nenhum dos parâmetros anteriormente citados para a individualização da TMP dos indivíduos17-18. Dentre todos os autores já citados, a maioria demonstra que não existe um intervalo entre as rechamadas que seja con- siderado ideal. O correto é planejar os retornos de acordo com o risco de cada indivíduo e o grau de acometimento da doen- ça13-16. Indivíduos que possuem doença com maior gravidade devem ser rechamados com intervalo menor e no caso de con- dições sistêmicas (diabetes, etiologias que contraindicam pro- 606 Revista PerioNews 2011;5(6):605-10 Periodontia cedimentos cirúrgicos, menopausa, osteoporose entre outras) ou locais (presença de trabalhos protéticos extensos, diastemas, grande número de restaurações, entre outras) que difi cultam o controle da periodontite. Terapia de manutenção versus saúde periodontal Foi realizado um estudo longitudinal por seis anos, para a avaliação do efeito da TMP na saúde periodontal. Os indivíduos foram submetidos ao tratamento periodontal adequado e durante o período de cicatrização de dois meses, uma profi laxia dentária profi s- sional foi feita a cada duas semanas. Após este período, dados clínicos foram obtidos e um em cada três indivíduos foi afastado da clínica, enquanto os outros dois foram incorporados em um programa de manutenção profi ssional com rechamadas uma vez a cada três meses. Estes indivíduos mantiveram uma excelente higiene bucal e uma frequência muito baixa de sítios com sangramento. Além disso, a profun- didade de sondagem e o nível de inserção fo- ram mantidos inalterados por um período de seis anos. Em contrapartida, os indivíduos que não foram rechamados demonstraram sinais óbvios de periodontite recorrente nos reexa- mes de três e seis anos4. Através da avaliação de 78 indivíduos, seguidos por um programa de manutenção com profi laxia a cada três meses, autores concluíram que níveis de inserção e profundidade de bolsa após tratamento periodontal poderiam ser manti- dos perto dos níveis pós-tratamento em um período de sete anos, quando profi laxia profi ssional de três em três meses era instituída, a despeito das variações inevitáveis na efi cácia do controle do biofi lme dental pelo indivíduo. As reduções iniciais pós-tratamento nas profundidades de sondagem e variações nos níveis de inserção foram mais favoráveis em indivíduos com boa higiene bucal do que nos de pobre higiene, mas estas diferenças não eram signifi cantes após três ou quatro anos de manutenção19. Em um estudo realizado com 39 indivíduos, por um pe- ríodo de manutenção de 60 meses, com intervalos de recha- madas a cada seis meses, concluiu-se que os índices de san- gramento e de profundidade de sondagem permaneceram estáveis durante todo o período. Uma perda gradual de in- serção a sondagem ocorreu em sítios inicialmente rasos (36%) e em sítios vestibulares (36%), do que para sítios inicialmente profundos (4%). Observaram, também, uma tendência para recidiva dos ganhos iniciais de inserção, para sítios moderada- mente profundos ou profundos20. Um estudo longitudinal de 15 anos realizado com 375 indivíduos adultos avaliou a efi cácia de um programa preven- tivo, baseado no controle de placa para cárie e DP. Durante o curso da pesquisa, nos seis primeiros anos, os indivíduos fo- ram rechamados uma vez a cada dois/três meses, recebendo controle de placa e aplica- ção tópica de fl uoretos. A partir do nono ano do pe- ríodo do estudo, 95% dos participantes retornaram para medidas preventivas somente uma a duas ve- zes ao ano. No fi nal dos 15 anos, relataram que ocorreu baixa incidência de cárie e quase nenhuma perda adicional de tecido periodontal de suporte. Sugeriram que a melhoria do desempenho da HO, o uso diário de dentifrícios fl uoretados e a limpeza profi ssional dos dentes, re- petida regular e efetivamente, previne a recorrência de doenças dentais5. Através de estudos realizados em 16 indivíduos, consta- tou-se que níveis de placa e sangramento a sondagem perma- neceram constantes no período de manutenção (42 meses). Apenas o nível de inserção sofreu ligeiro aumento, observado mais em sítios vestibulares do que linguais. O mesmo foi dis- cernível para sítios proximais e furca. Quando ocorreu supura- ção, esta foi mais frequente em sítios inicialmente profundos do que aumentados de profundidade durante o período de terapia de manutenção21. Foi realizado um estudo retrospectivo em um grupo de 418 indivíduos que receberam manutenção durante seis anos, em intervalos que variavam entre três e seis meses. Esses indi- víduos foram divididos
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