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FACULDADE MARIA MILZA BACHARELADO EM ODONTOLOGIA MAGNO ANDRADE DOS SANTOS CONDIÇÃO PERIODONTAL EM PRONTUÁRIOS DE PACIENTES ATENDIDOS EM UMA CLÍNICA ESCOLA DO RECÔNCAVO BAIANO GOVERNADOR MANGABEIRA - BA 2017 MAGNO ANDRADE DOS SANTOS CONDIÇÃO PERIODONTAL EM PRONTUÁRIOS DE PACIENTES ATENDIDOS EM UMA CLÍNICA ESCOLA DO RECÔNCAVO BAIANO Monografia apresentada na Faculdade Maria Milza, no curso de Bacharelado em Odontologia, na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II, ministrada pela Profª Dra. Andréa Jaqueira da Silva Borges como requisito de avaliação para obtenção do grau de Bacharel em Odontologia. Profº Ms. Thenyson Luis Farias dos Reis Orientador Profª Drª Andréa Jaqueira da Silva Borges Coorientadora GOVERNADOR MANGABEIRA – BA 2017 Dados Internacionais de Catalogação Santos, Magno Andrade dos S237c Condição periodontal em prontuários de pacientes atendidos em uma clínica escola do recôncavo baiano / Magno Andrade dos Santos. – Governador Mangabeira – Ba, 2017. 64 f. Orientador: Prof. Me. Tenyson Luis Farias dos Reis Coorientadora: Profa. Dra. Andréa Jaqueira da Silva Borges Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Odontologia) – Faculdade Maria Milza, 2017. 1. Periodontia. 2. Gengivite. 3. Periodontite. I. Reis, Tenyson Luis Farias dos. II. Borges, Andréa Jaqueira da Silva. III. Título. CDD 617.632 MAGNO ANDRADE DOS SANTOS CONDIÇÃO PERIODONTAL EM PRONTUÁRIOS DE PACIENTES ATENDIDOS EM UMA CLÍNICA ESCOLA DO RECÔNCAVO BAIANO Aprovado em: _______/ _____/ ________ BANCA EXAMINADORA _______________________________________________ Proª Dr. Thenysson Luis Farias dos Reis(Orientador) Faculdade Maria Milza (FAMAM) ______________________________________________ Profª Drª Kaliane Rocha Soledade (Membro avaliadora) Faculdade Maria Milza (FAMAM) _____________________________________________ Profª Drª Andréa Jaqueira da Silva Borges Coorientadora e (Profa. TCC) Faculdade Maria Milza (FAMAM) GOVERNADOR MANGABEIRA – BA 2017 Dedico, Primeiramente a Deus por ter me proporcionado a oportunidade de estudar em uma Instituição de Excelência. Aos meus Pais, que ao longo da minha jornada acadêmica, sempre me incentivaram, apoiaram e ajudaram. Às minhas irmãs, Cintia e Daiana, meu amado sobrinho Gabriel, meus cunhados Leonardo e Mauricio, a minha avó Guiu, que sempre me apoiaram muito na realização desse sonho. À minha coordenadora, Janelara Almeida, que cuidou de mim como uma Mãe nessa caminhada, seu carinho, amor e apoio foi fundamental e ao professor, José Geraldo, por todos os conselhos, ensinamentos, técnicas e dicas transmitidos. Hoje sou apaixonado pela saúde pública graças ao senhor. AGRADECIMENTOS A Deus, acima de tudo, por ter me proporcionado a oportunidade de estudar em uma Instituição de Excelência, pela companhia incansável, sobretudo nos momentos de solidão, por ter iluminado o meu caminho me dando força para continuar lutando nos momentos de dificuldades e de cansaço, permitindo-me cumprir mais uma etapa da minha vida acadêmica; À Cirurgiã-Dentista, Carolina Ribeiro, por ter me proporcionado a vivência prática, lá em 2012, quando queria ver o que um dentista faz no dia a dia da clínica, e tirar de vez qualquer dúvida sobre essa escolha dessa linda profissão; Aos meus pais, pelo amor incondicional, pelos ensinamentos, pelo incentivo aos meus atos e por ter me direcionado ao caminho da honestidade e humildade, que sempre me incentivaram na escolha profissional que fiz, sem interferir, o que foi de extrema importância para hoje eu ser um profissional realizado na área escolhida. Essa vitória também é de vocês; Aos meus familiares, em especial as minhas irmãs, Cintia e Daiana, minha avó Guiu. Vocês foram determinantes na formação do meu caráter. Saibam que vocês me ajudaram a construir e trilhar este caminho; Aos meus cunhados Leonardo e Mauricio por todo apoio dado, por entender meus estresses e serem ótimos esposos as minhas irmãs. A todos das famílias Lessa e Andrade por estarem sempre comigo, em especial aos meus primos, o apoio de vocês foi fundamental nessa conquista. Aos meus amigos de todas as horas Anderson, Fernanda Silva, Dhainne, Neno, Adriana, Fernanda Vilas Boas, Nem, Neto, Binho, Euller, Vinicius, Egnaldo, Kaliane, Dahiane e a todos os meus colegas que muito me ensinam no dia a dia, e me incentivaram muito durante essa caminhada, sou eternamente grato a Deus pela amizade de vocês; À professora, Dr. Larissa Rolin, por ter me dado o privilégio de ser bolsista. Você me proporcionou uma oportunidade ímpar de crescimento intelectual, profissional/ético, que considero imprescindível para um aluno de graduação. À minha amiga Ms. Tiana Cerqueira que me ajudou demais no início da faculdade, você não sabe a falta que me fez quando saiu da FAMAM; Aos meus amigos de graduação, a Hellen, Daiane, Nalize, Maiara, Soraia, Débora, Almy, Talita, Tainara, Hildes, Cleiton, Luisi e Edmilton, e a todos os demais colegas de turma, pela amizade, companheirismo e incentivo, a minha vitória é de vocês também; A dona Cleuza Lemos e toda sua família, que sempre me incentivaram a driblar todas as barreiras impostas pela vida e lutar pelos meus sonhos, vocês moram em meu coração, espero continuar sendo exemplo em suas bocas sempre; À dona Tereza e todos de sua família, por cada oração que fez pedindo a Deus por mim e todos da minha família, por todas as palavras de carinho e incentivo durante toda a minha vida muito obrigado; À toda equipe das USF, Vanjú, Manoel Cardoso e Isidório Pereira, em especial as cirurgiãs-dentistas Ana, Adriana e Mileide, por terem me recebido tão bem, durante o período de estágio, sem dúvidas, foram tempos de muito aprendizado ao lado de cada um de vocês, levarei cada dica e conselhos com muito carinho por toda minha vida; A todos os cirurgiões-dentistas e funcionários da Clínica Odontomédica Vida, sem dúvidas foi o melhor estágio da minha vida, levarei comigo para sempre cada conhecimento técnico aí adquirido, em especial as amizades que construirmos, amo vocês; A todos da chapa1 do Centro Acadêmico de Odontologia Nagahama que estiveram juntos comigo desde a criação até o fim da primeira gestão; À minha coordenadora e Mãe, Msc. Janelara Almeida, por cuidar tão bem de mim, muitas das vezes como um filho mesmo, me apoiando e incentivando sempre, durante esse árduo caminho da vida acadêmica, levarei comigo para sempre todos os seus ensinamentos, puxões de orelhas, conselhos, carinho, você é uma mulher iluminada dotada de inteligência e capacidade em tudo que faz, você mudou a história da CLIOF, por isso não poderia ser nada menos que nossa Paraninfa. Te amo... Ao professor José Geraldo toda a minha gratidão e carinho, você é um exemplo de profissional para mim, seguirei atentamente todas as suas dicas, conselhos e ensinamentos a mim transmitidos até aqui, pois se engana quem pensa que deixarei de aprender com o senhor depois dessa etapa finalizada, você faz qualquer um se apaixonar ainda mais pela odontologia principalmente pelo SUS, que Deus te ilumine cada dia mais, para que você possa continuar seguindo esse lindo e admirável caminho na docência; À professora,Dra. Andrea Jaqueira, por toda ajuda a mim concedida desde as suas primeiras aulas, durante toda a minha graduação e principalmente neste trabalho, sua ajuda foi muito importante para que eu conseguisse chegar a este resultado final, bastante feliz e satisfeito pelo trabalho desenvolvido, a pesquisa me escolheu e você me incentivou muito a seguir esse caminho; Ao meu orientador, professor Me. Thenysson reis, o meu muito obrigado por tudo, sempre muito disposto e solicito a sanar todas as minhas dúvidas; À professora, Dra. Kaliane que deu uma grande contribuição para esse trabalho, o que seria de mim sem você, que Deus lhe ilumine cada dia mais, serei eternamente grato; A todos os meus tutores, vocês são peça fundamental na minha formação, com certeza lembrarei de vocês nas horas de sufoco e alegrias na minha vida profissional; A todos os amigos, colegas e funcionários da FAMAM e da CLIOF que sempre torceram por mim, incentivando-me ao longo da minha vida acadêmica e colaborando de alguma forma; Gostaria de agradecer em especial a Sueli e Neide por me ajudarem durante as coletas de dados, sempre me acalmando e me dando forças quando eu mais precisava, a todos os pacientes que cederam seus prontuários, e os demais que, de alguma forma, incentivaram, participaram, colaboraram e acreditaram neste trabalho... “A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê.” (Arthur Schopenhauer) RESUMO Os estudos epidemiológicos surgiram para preencher uma importante lacuna na identificação de doenças e agravos, buscando a prevenção de surtos e propiciando a realização de ações assistenciais primárias e ações de promoção e prevenção de saúde. A doença periodontal acomete a gengiva e o osso danificando as estruturas de suporte dos dentes podendo levar a perda dental em estágios mais avançados da doença. Diversos fatores estão associados ao acometimento da doença periodontal, sendo deles de natureza biológica, ambiental e comportamental, dentre eles está o estresse, fumo, carências vitamínicas, diabetes mellitus, determinados medicamentos, alterações hormonais, anormalidades genéticas, deficiências neutrofílicas, infecções pelo HIV, doenças renais e obesidade. Nessa perspectiva, o estudo teve como objetivo avaliar em prontuários a condição periodontal de pacientes atendidos em uma clínica escola localizada no Recôncavo Sul Baiano. O estudo foi realizado na Clínica Integrada de Odontologia da Faculdade Maria Milza CLIOF - FAMAM, localizada no município de Cruz das Almas – BA. A coleta de dados foi realizada em 300 prontuários, analisando os fatores sociodemográfico e econômico, os índices de placa, a presença de bolsa periodontal e nível clinico de inserção, através do PSR. Dos prontuários analisados 31,3% do sexo masculino e 68,7% do sexo feminino, destes se autodeclaram 24,3% brancos, 75,7% pardos ou negros. Quanto a faixa etária, 51% abaixo de 35 anos e 49% apresentam mais de 35 anos, sendo que 41,3% convivem com companheiro e 58,7% declararam ser solteiros. Foi verificado que 11,6% saudáveis, 52,0% apresentam gengivite e 36,4% acometidos por periodontites, sendo que apenas 7,3% chegaram a clínica com queixa inicial periodontal. Também, foi observado que 24% tem alguma patologia sistêmica que tem correlação com as doenças periodontais e com relação aos hábitos de vida 6,6% são fumantes, 43,3% faz ingestão de bebida alcoólica e 12,3% faz regime alimentar, e 40,6%, faz algum tipo de atividade física regularmente. Quando analisados em relação a condição de saúde bucal, 93,0% responderam que tem uma salivação normal, 34,3% relataram ter halitose autopercebida, 47,3% da população estudada é acometida por sangramento gengival, sendo que destes apenas 2,% dos pacientes foram classificados como saudáveis, 5,6%) apresentavam lesão intrabucal no momento dos exames, e um índice de placa acima de 30% presente em 90,6% dos pacientes. Diante dos dados, considerara-se que existe um número significativo de pacientes portadores de doenças periodontais em algum estágio de evolução da doença. A falta de informação, prevenção e promoção da saúde bucal ainda é uma das grandes causadoras da maioria dos casos de problemas periodontais. Mais estudos epidemiológicos se fazem necessário, para que se tenha um maior conhecimento, sobre a realidade da saúde periodontal de pacientes do Recôncavo Baiano. Palavras-chave: Periodontia. Gengivite. Periodontite. ABSTRACT Epidemiological studies have emerged to fill an important gap in the identification of diseases and diseases, seeking the prevention of outbreaks and providing primary care actions and health promotion and prevention actions. Periodontal disease affects the gingiva and bone, damaging the supporting structures of the teeth and leading to tooth loss in later stages of the disease. Several factors are associated with the involvement of periodontal disease, being of biological, environmental and behavioral nature, such as stress, smoking, vitamin deficiencies, diabetes mellitus, certain medications, hormonal changes, genetic abnormalities, neutrophilic deficiencies, HIV infections, kidney disease and obesity. In this perspective, the study had as objective to evaluate in medical records the periodontal condition of patients attended at a school clinic located in the Recôncavo Sul Baiano. The study was carried out in the Integrated Clinic of Dentistry of the Maria Milza School CLIOF - FAMAM, located in the municipality of Cruz das Almas - BA. Data collection was carried out in 300 charts, analyzing sociodemographic and economic factors, plaque indices, presence of periodontal pocket and clinical level of insertion, through PSR. Of the medical records analyzed, 31.3% were male and 68.7% female, 24.3% were white, 75.7% were brown or black. As for the age group, 51% under 35 years and 49% present more than 35 years, with 41.3% living with a partner and 58.7% declared to be unmarried. It was verified that 11.6% healthy, 52.0% presented gingivitis and 36.4% had periodontitis, and only 7.3% arrived at the clinic with initial periodontal complaints. Also, it was observed that 24% had some systemic pathology that has correlation with the periodontal diseases and in relation to the habits of life 6.6% are smokers, 43.3% makes ingestion of alcoholic beverage and 12.3% makes diet, and 40.6% do some kind of physical activity regularly. When analyzed in relation to the oral health condition, 93.0% answered that they had a normal salivation, 34.3% reported having halitosis self-perceived, 47.3% of the population studied is affected by gingival bleeding, of which only 2% of the patients were classified as healthy, 5.6%) presented intrabuccal lesion at the time of the exams, and a plaque index above 30% present in 90.6% of the patients. In view of the data, it was considered that a significant number of patients with periodontal diseases exist at some stage of evolution of the disease. The lack of information, prevention and promotion of oral health is still one of the great causes of most cases of periodontal problems. Further epidemiological studies are necessary, in order to have a better knowledge, about the reality of the periodontal health of patients from the Recôncavo Baiano. Key words: Periodontics. Gingivitis. Periodontitis. LISTA DE FIGURAS Figura 1- Modelo para avaliação do índice de placa corada, utilizado em uma das etapas da anamnese da Clínica Escola ...................................................... 25 Figura 2- Modelo para avaliação do PSR, utilizado em uma das etapas da anamnese da Clínica Escola ..............................................................................25 Figura 3- Modelo da sonda OMS, utilizada para avaliação do PSR .................. 26 TABELAS Tabela 1 - Variáveis sociodemográficas encontradas nos prontuários de pacientes da Clínica Escola, referente ao período do segundo semestre de 2013 a 2017 ........................................................................................................................... 28 Tabela 2 - Diagnóstico periodontal realizado nos prontuários de pacientes da Clínica Escola, referente ao período do segundo semestre de 2013 a 2017. ........................................................................................................................... 29 Tabela 3 - Relação entre os dados socioeconômicos e diagnóstico periodontal, encontrados nos prontuários de pacientes da Clínica Escola, referente ao período do segundo semestre de 2013 a 2017. ........................................................................................................................... 30 Tabela 4 - Dados de saúde geral de acordo com o diagnóstico realizado nos prontuários de pacientes da Clínica Escola, referente ao período do segundo semestre de 2013 a 2017 ................................................................................... 31 Tabela 5. Dados de saúde geral de acordo com o diagnóstico realizado nos prontuários de pacientes da Clínica Escola, referente ao período do segundo semestre de 2013 a 2017 ................................................................................... 33 Tabela 6. Hábitos de vida de acordo com o diagnóstico realizado nos prontuários de pacientes da Clínica Escola, referente ao período do segundo semestre de 2013 a 2017 ................................................................................... 34 Tabela 7. Outros dados relacionados a saúde bucal de acordo com o diagnóstico realizado nos prontuários de pacientes da Clínica Escola, referente ao período do segundo semestre de 2013 a 2017 ............................................. 35 LISTA DE SIGLAS AIDS - Síndrome da Imunodeficiência Adquirida CLIOF – Clínica Integrada de Odontologia da FAMAM CPI - Índice Periodontal Comunitário DM - Diabetes Mellitus DST - Doença Sexualmente Transmissível FAMAM – Faculdade Maria Milza HIV - Vírus da Imunodeficiência Humana NIC - Nível de Inserção clínico OMS - Organização Mundial de Saúde PSR - Registro Periodontal Simplificado SS - Sangramento Subgengival SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 14 2 REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................... 17 2.1 O PERIODONTO ........................................................................................ 17 2.2 DOENÇAS PERIODONTAIS ........................................................................ 18 2.3 ÍNDICES PERIODONTAIS ........................................................................... 21 2.4 PREVENÇÃO, PROMOÇÃO E TRATAMENTO ........................................... 21 3 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS........................................................ 23 3.1 TIPO DE ESTUDO ....................................................................................... 23 3.2 LOCAL DO ESTUDO ................................................................................... 23 3.3 OBJETO DO ESTUDO ................................................................................. 23 3.4 PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS DE COLETA ............................... 24 3.5 ASPECTOS ÉTICOS.................................................................................... 26 3.6 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................ 27 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................... 28 5 CONCLUSÃO ................................................................................................. 37 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 38 ANEXO A Autorização da Clínica Escola para a realização da pesquisa .......... 44 ANEXO B Parecer Consubstanciado do Comitê de Ética em Pesquisa de nº 2.323.750 ........................................................................................................... 47 ANEXO C Modelo da Anamnese e do Termo de Consentimento Livre E Esclarecido da Clínica Escola ............................................................................ 54 14 1 INTRODUÇÃO Levantamentos epidemiológicos em saúde bucal são importantes instrumentos para identificar os agravos, principalmente os de caráter reversíveis, que são detectados precocemente, o que propicia a prática de ações assistenciais primárias (BRASIL, 2011). O prontuário do paciente tem papel fundamental enquanto fonte de informação para a pesquisa epidemiológica, para a inteligência epidemiológica e para a pesquisa clínica, ressaltando aspectos relacionados com a qualidade necessária para que o prontuário cumpra não apenas sua função primordial na assistência ao paciente, como instrumento de avaliação, mas que sirva como fontes de dados nos estudos proporcionando descobertas no campo da saúde, trazendo grandes benefícios para a população (GALVÃO; RICARTE, 2012). Os estudos epidemiológicos em periodontia têm demonstrado altas prevalências de sangramento gengival e cálculo dental entre os diversos grupos populacionais, inclusive no dos adolescentes (BRASIL, 2004; BRASIL, 2011; SANTOS et al., 2007). As pesquisas epidemiológicas periodontais, segundo Lindhe, Lang e Karring, (2014), são realizadas para indicar a frequência e a gravidade da ocorrência das doenças periodontais em variadas populações, buscando evidenciar os possíveis fatores de risco para o surgimento dessas patologias e fornecer subsídios para a realização de planejamentos de ações profiláticas e terapêuticas eficientes contra as doenças encontradas em determinada população. Estudos dessa natureza têm procurado tornar claro, para a população, os determinantes do processo de adoecimento periodontal. No caso específico da saúde gengival e periodontal, o processo saúde/doença apresenta vários estágios. Em estágios iniciais o quadro de adoecimento pode ser reversível se houver uma melhora da higienização bucal (remoção do biofilme) realizada pelo indivíduo. O acumulo da placa bacteriana, em detrimento da má higiene bucal, é apontada como principal fator etiológico das doenças periodontais. Diversos outros fatores também são apontados como os, socioeconômicos, a susceptibilidade do indivíduo e a presença de determinadas doenças sistêmicas, também podem contribuem, para o 15 surgimento e desenvolvimento das doenças periodontais (VIEIRA; PÉRET; PÉRET FILHO, 2010). Para obter saúde bucal é necessário que o conjunto biológico e psicológico estejam em perfeito funcionamento, permitindo assim o indivíduo realizar funções básicas como a da fala, mastigação e deglutição de uma maneira correta, além de interferir diretamente na sua autoestima e confiança no seu convívio social, sentindo-se bem e feliz com o sorriso saudável (LOPES et al., 2011). A doença periodontal é uma patologia infecto-inflamatória que atua nos tecidos de suporte dentário (gengiva) e nos tecidos de sustentação, que são compostos por (cemento, ligamento periodontal e osso alveolar). A sua manifestação clínica se dá através de gengivite e/ou periodontite (LINDHE; LANG; KARRING, 2014; MARIN et al., 2012). Segundo Santos et al. (2011), a doença periodontal se apresenta como uma das principais questões de saúdepública nos países subdesenvolvidos, em desenvolvimento e até mesmo nos desenvolvidos, pela sua alta taxa de prevalência nas populações respectivamente. Dentre as afeções da cavidade bucal apresenta-se em segundo lugar no número de incidência, desta forma sendo a doença crônica que mais acomete a dentição humana. A idade que o paciente inicia a doença periodontal e a progressão desta podem ser alteradas por determinantes de risco de ordem biológica, ambiental e comportamental, tendo sua prevalência bastante variada devido aos inúmeros fatores de riscos associados, como o tabagismo, diabetes, sobrepeso/obesidade aspetos socioeconômicos e culturais, grau de escolaridade, dentre outros (FONSECA et al., 2013; PETERSEN; OGAWA, 2012). Esta patologia pode ser classificada em: gengivite, que afeta os tecidos de proteção (gengiva livre, gengiva inserida e papila interdentária), e periodontite que acomete os tecidos de inserção (osso alveolar, cemento e ligamento periodontal) (LINDHE; LANG; KARRING, 2014; MELO et al., 2016). Programas preventivos que esclareçam a população sobre as doenças envolvendo o periodonto possuem papel fundamental na resposta destes pacientes a terapia periodontal. Para a execução de ações preventivas, é necessário dimensionar a prevalência das doenças e condições periodontais da população (ALVES FILHO, 2014). 16 O Brasil está passando por uma transição demográfica e epidemiológica importante; onde ocorre um crescente processo de envelhecimento da população, e a diminuição dos índices de cárie nas faixas etárias mais jovens, são fenômenos observados em epidemiologia bucal (PEREIRA, 2009; RONCALLI, 2006). Em relação à condição periodontal dos adolescentes brasileiros não é possível afirmar que este declínio ocorra com a mesma intensidade em todas as regiões brasileiras, porém a tendência é que ocorra de forma gradual a diminuição desses índices (BRASIL, 2004; BRASIL, 2011). Diante do exposto, surgiu o seguinte questionamento: Qual a condição periodontal apresentada nos prontuários de pacientes atendidos em uma clínica escola localizada no Recôncavo Sul Baiano? Esta pesquisa teve como objetivo geral analisar a condição periodontal apresentada nos prontuários de pacientes atendidos em uma clínica escola localizada no Recôncavo Sul Baiano. O estudo justifica-se pelo alto índice de pacientes portadores de patologias periodontais no Brasil, sendo esta umas das doenças mais prevalentes no pais, principalmente no recôncavo Baiano. Apesar de ser considerado um problema de saúde pública, ainda existe uma escassez de pesquisas cientificas na região, tornando o estudo relevante para a mudança da realidade da saúde bucal desta localidade, buscando a implantação de ações estratégicas de saúde especificas para essa população. 17 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 O PERIODONTO Define-se como periodonto (peri, ao redor, em torno; odonto, dente) os tecidos que suportam e revestem os dentes, os quais consistem no cemento, no ligamento periodontal, no osso que reveste o alvéolo são classificados como (periodonto de inserção) e a gengiva que está em intimo contato com os dentes é definida como (periodonto de proteção). Para que ocorra o perfeito funcionamento do periodonto é necessário que a integridade da estrutura e da interação entre esses vários tecidos, estejam saudáveis. Esse conjunto de tecidos formam uma articulação fibrosa especializada, gosfose, cujos componentes tem origem ectomesenquimal. Quando saudáveis, esses tecidos representam uma barreira efetiva contra-ataques de bactérias ao periodonto (BATH-BALOGH; FEHRENBACH, 2008; MADEIRA; RIZZOLO, 2010; NANCI, 2008). A gengiva livre é aquela que circunda os dentes formando um colarinho. Nas faces de contato, esse colarinho forma a papila interdental, que é mais triangular nos dentes anteriores e mais quadrada nos dentes posteriores, chamada de zona de COL; esta variação de formato está diretamente associado a diferença que tem entre os pontos de contatos anteriores dos posteriores. Existe uma fenda entre o dente e a gengiva livre, definida de sulco gengival, seu interior é rico em substância proteica chamado fluido gengival que realiza as funções de defesa. As fibras gengivais formam uma trama de fibras que auxiliam na inserção do periodonto de proteção ao colo do dente (MADEIRA; RIZZOLO, 2010). Ainda de acordo com os autores supracitados o epitélio da gengiva livre, que fica localizado no fundo do sulco gengival tem em média (0,5 a 2mm de profundidade) fixa-se a toda periferia do dente, nas proximidades da junção cementoesmalte. É a inserção epitelial, responsável por protege biologicamente e mecanicamente o fundo do sulco gengival, na tentativa de manter sempre preservada e intacta. A gengiva inserida é o tecido que reveste todo o osso alveolar dos arcos dentários, é classificada como uma mucosa do tipo mastigatória. No seu estado sadio, apresenta-se com uma coloração rosada a róseo-avermelhada, podendo ter 18 áreas de pigmentação melânica. Seca, torna-se opaca, firme e imóvel (NANCI, 2008). Clinicamente sua superfície apresenta um relevo pontilhado, que é conferido devido a pequenas depressões proporcionando à superfície da gengiva inserida um aspecto de casca de laranja. A quantidade e posição de pontilhados é variável nas diferentes regiões da cavidade oral sadia. Clinicamente é possível distinguir a junção mucogengival, que é composta por uma linha fina e sinuosa localizada entre a gengiva inserida rosada e a mucosa alveolar avermelhada (BATH-BALOGH; FEHRENBACH, 2008). A gengiva inserida é constituída de uma camada espessa formada principalmente de epitélio paraqueratinizado, que recobre a ampla vascularização da lâmina própria conferindo ao tecido um aspecto rosa pálido (NANCI, 2008). Alguns pacientes apresentam pigmentação melânica no epitélio, geralmente pacientes da raça negra tem mais probabilidade devido à alta taxa de produção de melanina no seu organismo. Com isso pode originar áreas planas, localizadas ou difusas, cuja coloração varia do marrom ao marrom escuro (BATH-BALOGH; FEHRENBACH, 2008; NANCI, 2008). Os autores acima chamam atenção que a melanina é um pigmento formado por melanócitos, que são derivados de células da crista neural, os sinais clínicos de pigmentação são variáveis sendo baseados no grau de atividade produtora de melanina pelos melanócitos, que é regulado por programação genética. A gengiva marginal possui uma translucidez maior que a gengiva inserida, embora sejam semelhantes clinicamente, tendo a cor rosa pálido, a opacidade e a firmeza. Porém, a gengiva marginal não tem os característicos pontilhados da gengiva inserida, e seus tecidos são moveis, livres da superfície dos dentes, facilmente observado com uma sonda periodontal (BATH-BALOGH; FEHRENBACH, 2008). A inervação dos tecidos gengivais do periodonto são realizadas por ramos terminais das fibras nervosas periodontais e por ramos dos nervos infra-orbitário e palatino, ou ainda dos nervos lingual, mental e bucal (NANCI, 2008). 2.2 DOENÇAS PERIODONTAIS 19 O termo doenças periodontais é comumente utilizado para relatar as doenças que acometem a gengiva, causando danos aos tecidos de suporte das unidades dentárias e ao osso que serve de ancoragem aos dentes nos maxilares, podendo ser reversíveis ou não a depender do grau da doença. As ocorrências dessas patologias estão associadas com fatores etiológicos de ordem biológica, ambiental e comportamental podendo assim ter início e progressão variados de paciente para paciente (SANTOS et al., 2014). Segundo Brunetti (2007), o biofilme dental, anteriormente denominado placa bacteriana, é definido como uma organização microbiana imersa numa matriz extracelular de polímeros que são derivados dos microrganismos e do hospedeiro,encontrada fixada nos dentes e estruturas não renováveis da cavidade bucal. O biofilme é o principal fator etiológico para a ocorrência das doenças periodontais. Vários estudos afirmam que alguns fatores como, estresse, fumo, carências vitamínicas, diabetes mellitus, determinados medicamentos, alterações hormonais, anormalidades genéticas, deficiências neutrofílicas, infecções pelo HIV, doenças renais e obesidade, estão diretamente associados ao surgimento e aumentam o risco de periodontites mais graves (BARBOSA et al., 2013; LIMA; CHAVES; VENTURATO, 2014; QUEIROZ et al., 2011). Diversos estudos têm demostrado que as doenças periodontais têm a capacidade de exacerbar patologias sistêmicas como a hipertensão, partos prematuros de bebês com baixo peso, resistência no controle do diabetes, doenças respiratórias, dentre outas (BARBOSA et al., 2013; LIMA; CHAVES; VENTURATO, 2014; QUEIROZ et al., 2011; SANTOS et al., 2014;). Os autores Kinane e Lindhe (1999) afirmam que microorganismos do biofilme desempenham papel central no processo patogênico das doenças periodontais e apontam o alisamento radicular e a manutenção rigorosa da higiene bucal como estratégias universais para interromper a ação deletéria microbiana. De acordo com Narvai e Frazão (2008), no Brasil, o comprometimento periodontal das pessoas aumenta com a idade. Há cada dez jovens, quatro estão saudáveis e há cada dez adultos, dois desfrutam de saúde gengival. As formas mais comuns das doenças periodontais são a gengivite e periodontite. As gengivites constituem-se em inflamação localizada nos tecidos de revestimento periodontal por reação imunológica aos produtos bacterianos do 20 biofilme dental, bem como ação direta das toxinas produzidas pelos microorganismos. Quando não tratada corretamente, sua evolução culmina na periodontite. Esta patologia se caracteriza pela destruição de caráter irreversíveis dos tecidos de suporte dentários, com extensão da inflamação do sulco gengival para o epitélio juncional, perda de inserção conjuntiva, perda óssea alveolar e, em estágios mais avançados, falência do periodonto de sustentação levando à perda do elemento dentário. Diversos autores classificam as gengivites em duas fases, aguda e crônica. Sendo a aguda causada em resposta a uma agressão patogênica intensa, tendo rápida evolução do quadro, dentre elas o tipo mais comum é a gengivite úlcero- necrosante, apresentado quadros de dor, sangramento, ulcerações, necrose tecidual, e alteração de cor. Quando na fase crônica apresenta uma gengiva flácida, lisa e brilhante, a sua coloração fica mais avermelhada podendo ocorrer edema e sangramentos recorrentes (LINDHE; LANG; KARRING, 2014). A gengivite crônica é causada quando há presença do biofilme desencadeando uma inflamação, que é reversível pelo controle da placa através da escovação correta e uso do fio dental, sem causar grandes prejuízos como a perda de inserção. A gengivite apresenta-se clinicamente pela inflamação da gengiva, que fica avermelhada e edemaciada, podendo chegar a sangrar durante a escovação ou de forma espontânea (SOUTO et al., 2013). Segundo o autor supracitado, histologicamente, é possível observar que ocorre um aumento considerável da permeabilidade vascular, com exsudação de proteínas plasmáticas, aumento da migração celular de neutrófilos, linfócitos e, casos mais graves como na doença crônica, ocorre também maior presença de plasmócitos. A gengivite é a forma inicial da doença periodontal, a evolução para uma periodontite só ocorre em pacientes que tem predisposição a doença com alguns fatores de risco associados. No Brasil, em média 15% da população sofre com alguma forma da periodontite, um dado preocupante, pois essa patologia compromete o osso alveolar, associado com micro-organismos, que na maioria dos estudos são encontrados, bacilos anaeróbicos gram-negativos, sendo as bactérias mais ocorrentes e associadas, Porphyromonas gingivalis, Tannerella forsythia, e Aggregobacter actinomycetemcomitans (ÁVILA et al., 2011). 21 2.3 ÍNDICES PERIODONTAIS Existem diversas maneiras de mensurar a gravidade das lesões periodontais, sendo possível alcançar o correto diagnóstico. Dentre os parâmetros clínicos analisados podemos citar: índice de placa, índice de sangramento, profundidade de sondagem de sulco/bolsa periodontal, nível clínico de inserção e grau de mobilidade dentária. Alguns desses parâmetros são obtidos com o auxílio da sonda milimetrada, a qual é inserida em seis pontos de cada dente correspondentes às faces mesiovestibular, mediovestibular, distovestibular, mesiolingual, mediolingual e distolingual, registrando no periograma os valores encontrados em cada um desses sítios (BATISTA et al., 2011; LINDHE; LANG; KARRING, 2014). De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2011), para estudos de caráter epidemiológico, avaliações simplificadas são preconizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) desde 1994. Para levantamentos sobre condição periodontal, temos o Índice Periodontal Comunitário (CPI), conhecido como PSR (Periodontal Screening and Recording) complementado pelo exame de Perda de Inserção Periodontal (PIP) realizado em populações adulta e idosa. O CPI verifica a ocorrência de sangramento, cálculo e presença de bolsa periodontal (rasa e profunda) levando em consideração o exame por sextante (grupos de 6 dentes entre os 32 da arcada dentária). O PSR tem sido amplamente adotado nas pesquisas, devido ao seu objetivo de avaliar de forma rápida e simples as condições periodontais dos indivíduos, sendo pratico na identificação de saúde e doenças periodontais (OLIVEIRA et al., 2015). Segundo o Ministério da Saúde, especificamente, com relação ao CPI, o modo de aferição foi modificado no sentido de obter a prevalência individualizada dos agravos (sangramento, cálculo e bolsa). Demostrando uma nova estratégia necessária, pois o CPI tradicional, relatava apenas o pior índice encontrado em cada sextante, o que tende a mascarar o quadro desses agravos na população estudada (BRASIL, 2011), 2.4 PROMOÇÃO, PREVENÇÃO E TRATAMENTO 22 Para que ocorra uma efetiva promoção e prevenção das doenças periodontais, é de extrema importância, que se estabeleça uma comunicação clara entre o cirurgião-dentista e o paciente, fazendo com que ele tenha consciência de que a realização do controle da sua saúde bucal é plenamente de sua responsabilidade (MAÇANEIRO et al., 2015). Ainda de acordo com os autores citados acima, o Cirurgião-Dentista tem um papel importantíssimo na transmissão do conhecimento adquirido previamente, devendo levar a população as orientações necessárias, e buscar mobilizar os pacientes para realização do trabalho preventivo das lesões por doença periodontal, tendo assim uma população mais esclarecida e consciente reduzindo consequentemente o número de casos da doença. Hoje em dia temos uma gama de métodos e técnicas descritas na literatura para realização de todo tipo de terapia periodontal, vale ressaltar que a melhor técnica é sempre aquela que o profissional consegue executar com maior grau de precisão e segurança, devendo essa ser eleita para condução do caso. É de fundamental importância que o paciente entenda sobre a patologia que lhe acomete, para que ele responda de forma satisfatória ao tratamento, fazendo a sua parte em casa, buscando modificação nos hábitos de higiene bucal, o que nem sempre é fácil de se conseguir, buscar soluções como propor a ele se desafiar na busca pela mudança dos hábitos, visando melhorar a sua qualidade de vida (FERREIRA et al., 2013; MENDEZ; GOMES, 2013). Com os avanços nas pesquisas e o conhecimento atual da doença periodontal tem se preocupado bastante antes com o ser humano, em seu âmbito mais abrangente. Ao cirurgião dentista promotor da saúde bucal cabe compreender a sua dinâmica,sendo os primeiros passos a dedicação ao conhecimento anatômico, pedra fundamental para a construção de um saber (MADEIRA; RIZZOLO, 2010). 23 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 3.1 TIPO DE ESTUDO A pesquisa contemplou um estudo descritivo com uma abordagem de cunho quantitativo, pois houve a necessidade de descrever os dados presentes nos prontuários e ao mesmo tempo mensurá-los. Assim, um estudo do tipo descritivo tem o como principal objetivo averiguar e descrever com exatidão as diversas características existentes em um determinado fenômeno ou população, sendo que este tipo de estudo pode ter sua coleta padronizada por meio de questionários ou até mesmo observações (GIL, 2008). A pesquisa quantitativa apresenta-se como um estudo preciso e confiável, na qual utiliza recursos e técnicas estatísticas para traduzir numericamente as informações (SILVA; MENEZES, 2005). 3.2 LOCAL DO ESTUDO A pesquisa foi realizada em uma Clínica Escola, localizada em um município do Recôncavo Baiano. É um centro de referência odontológica que possibilita, não só a comunidade do Recôncavo, como também de diversas outras regiões, tratamento odontológico nas diversas especialidades, propiciando aos graduandos do curso de Odontologia a aplicação dos conhecimentos teóricos e práticos referentes as diversas áreas do curso. 3.3 FONTE DE DADOS Os dados foram coletados em prontuários do arquivo morto referente a atendimentos realizados na Clínica Escola a partir do segundo semestre de 2013 ao primeiro semestre de 2017, totalizando 300 prontuários que apresentaram tratamento odontológico concluído e preenchidos corretamente. Os critérios de inclusão para a seleção dos prontuários selecionados para o referido estudo foram: -Ter termo de consentimento livre e esclarecido da Clínica assinado; 24 -Pacientes com idade igual ou superior a 18 anos; - Com os exames de índice de placa corada e PSR devidamente preenchidos. -Ter concluído o tratamento. Os critérios de exclusão dos prontuários foram: - Prontuários de pacientes desdentados totais. - Prontuários ilegíveis ou rasurados que deixavam em dúvida a confiabilidade dos dados; 3.4 PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS DE COLETA Inicialmente, foram agendadas as datas e horários para o acesso aos prontuários na Clínica Escola. Em seguida, de posse dos prontuários foi feita a organização e triagem, em que foram sendo colocados na devida ordem sequencial (ano) e ao mesmo tempo fazendo a pré-análise do material, separando por grupos seguindo os critérios de inclusão e exclusão, sendo que os prontuários que não se enquadravam nos critérios de inclusão foram arquivados novamente. Após seleção dos prontuários, foi utilizada uma planilha do Excel onde os dados foram sendo tabulados seguindo a seguinte ordem: sexo, cor, idade, data de nascimento, estado civil, escolaridade, profissão, cidade, zona urbana ou rural, queixa principal, história médica, fumo, bebida alcoólica, DST, regime alimentar, atividade física, nível de salivação, sangramento gengival, exame físico intrabucal, índice de placa corada e PSR. Dos dados coletados, dois eram imprescindíveis: a condição periodontal do paciente e o PSR, os quais seguiram os seguintes procedimentos demonstrados abaixo. A realização da coleta do índice de placa corada, é oferecido para o paciente um comprimido de evidenciador de placa, composição: Fucsina Básica (2%), Sacarina Sódica, Lactose, Ciclamato de Sódio e Excipientes, e solicitado que ele faça bochecho durante três minutos, as faces que tem placa bacteriana aderida são pigmentadas de roxo, com o auxílio de um espelho clinico é realizada a inspeção 25 das faces que foram coradas, para ser pintada no odontograma (Figura 1) pelo anotador, posteriormente é realizado a quantificação das faces que foram coradas. Figura 01- Modelo para avaliação do índice de placa corada utilizado em uma das etapas da anamnese da Clínica Escola Fonte: Anamnese da Clínica Escola Já na avaliação do índice de bolsa periodontal e do índice de inserção óssea, é feito, inicialmente, o preenchimento do PSR (Figura 2), que é o periograma simplificado, realizado com o auxílio de um espelho clinico e da sonda periodontal OMS, passando pelos pontos mesiovestibular, mediovestibular, distovestibular, mesiolingual, mediolingual e distolingual de cada dente. Figura 02- Modelo para avaliação do PSR utilizado em uma das etapas da anamnese da Clínica Escola Fonte: Anamnese da Clínica Escola 26 Figura 03 - Modelo da sonda OMS, utilizada para avaliação do PSR Fonte: https://pbs.twimg.com/media/CSWlajdUsAAw0Ao.jpg Nesse procedimento o anotador regista apenas o valor em milímetros mais alto encontrado em um grupo de 6 dentes, ao invés de registrar o índice encontrado em cada ponto separadamente, onde 0 significa estado de saúde periodontal, 1 e 2 gengivite, 3 e 4 periodontite. 3.5 ASPECTOS ÉTICOS Inicialmente, através de ofício da Coordenação do Curso de Odontologia, foi solicitado a autorização da Clínica Escola (ANEXO A) para a realização da pesquisa nas suas dependências. Após autorização, a pesquisa foi cadastrada na Plataforma Brasil que posteriormente encaminhou para um Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), sendo aprovado sob o parecer consubstanciado de nº 2.323.750 (ANEXO B), em respeito às normas éticas em pesquisa com seres humanos, como consta na Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. A Resolução 466/12 fundamenta-se nos principais documentos internacionais que emanaram declarações e diretrizes sobre pesquisas que envolvem seres humanos e incorpora, sob a ótica do indivíduo e das coletividades, os quatro 27 princípios básicos da bioética: autonomia, não maleficência, beneficência e justiça, visando assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade científica aos sujeitos da pesquisa e ao Estado. Desta maneira, uma pesquisa é considerada ética quando atende os princípios da autonomia, que se refere ao respeito à dignidade do sujeito da pesquisa; beneficência, onde se deve ao máximo trazer benefícios e o mínimo de risco ao sujeito; não maleficência, evitando danos ao indivíduo pesquisado; e a justiça e equidade, dando atenção à relevância social da pesquisa dando garantias iguais aos participantes da pesquisa. Somente após a aprovação pelo referido Comitê de Ética foi realizado o presente estudo. A coleta dos dados nos prontuários dos pacientes da Clínica foi condicionada à assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido da mesma, (ANEXO C), em concordância com as normas e diretrizes do Comitê de Ética e as Resoluções Éticas Brasileiras, em especial a Resolução CNS 466/12. 3.6 ANÁLISE DOS DADOS Para a análise dos dados foi considerada como variável dependente a presença ou ausência das doenças periodontais. As variáveis independentes foram as características sociodemográficas. Na análise estatística foi utilizado o softwar SPSS versão 22.2. A frequência das variáveis analisadas (sócio-demográficas, de saúde sistêmica, hábitos e saúde bucal) que foram dispostas em tabelas de acordo com sua ocorrência nos grupos considerados com saúde periodontal, gengivite e periodontite separadamente. 28 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO As doenças periodontais refletem diretamente na qualidade de vida de individ́uos e estão associadas à perda dental (BASSANI; LUNARDELLI, 2006). Nesse sentido, foi realizado, inicialmente, o levantamento de aspectos sociodemográficos e econômicos nos 300 prontuários selecionados (segundo semestre de 2013 a 2017) dos pacientes atendidos da Clínica Escola para posteriormente fazer a relação dos mesmos com os outros aspectos relativos as condições periodontais (Tabela 1). Tabela 1- Variáveis sociodemográficasencontradas nos prontuários de pacientes da Clínica Escola, referente ao período do segundo semestre de 2013 a 2017. Variáveis N % Sexo Masculino Feminino 94 206 31,3 68,7 Cor Branca Negra/Parda 73 227 24,3 75,7 Idade ≤ 35 Anos > 35 Anos 153 147 51 49 Estado Civil Com companheiro Sem companheiro 124 176 41,3 58,7 Escolaridade ≤ 4 anos > 4 anos 51 249 17 83 Remuneração Com Sem 262 38 87,3 16,7 Fonte: Dados da pesquisa, 2017. Verificou-se que 68,7% dos prontuários eram de pacientes do sexo feminino, de predominância parda ou negra (75,7%), em que 51% com idade igual ou abaixo de 35 anos, sendo que 58,7 % encontravam-se, na época da consulta, sem 29 companheiro, tendo mais de 4 anos de estudo (83%) e que 87,3% tinham renda fixa, ou seja, estavam inseridos no mercado de trabalho. Assim, dados sociodemográficos e econômicos quando associados a variáveis de saúde são de grande importância para tomadas de decisões, atuando como um indicador da necessidade de um monitoramento mais detalhado e com uma amostra maior para determinação da situação de saúde bucal no Recôncavo Baiano. Nóbrega et al. (2016) ao avaliarem 132 pacientes, encontraram índices mais elevados nos escolares do gênero masculino, porém sem diferença estatisticamente significativa. Nessa perspectiva, foi verificado o índice de alteração periodontal registrados nos prontuários, sendo constatado um elevado índice de pacientes que apresentavam alguma alteração periodontal, que vão desde a infamação gengival à perdas óssea mais graves (88%), como demonstrado na Tabela 1 a seguir. Tabela 2- Diagnóstico periodontal realizado nos prontuários de pacientes da Clínica Escola, referente ao período do segundo semestre de 2013 a 2017. Número total Saudável Gengivite Periodontite 300 100% 35 12% 156 52% 109 36% Fonte: Dados da Pesquisa, 2017. O diagnóstico periodontal encontrado nos prontuários odontológicos avaliados foi baseado no exame simplificado, PSR, o qual apenas permitiu aferir se existe ou não a presença de alguma alteração no periodonto. Devido a limitação do PSR, não houve como avaliar qual a extensão e gravidade das lesões periodontais. Além disso, o risco de falso-positivos para presença de bolsas periodontais e falso- negativos com a realização de exame em dentes índices e imprecisão das medidas de profundidade de sondagem torna ainda mais frágil a conclusão diagnóstica. Desta forma, o PSR acaba por mascarar o quadro real do paciente. Entretanto, configura-se em um exame de triagem inicial, servindo de base para uma melhor e mais profunda investigação em casos de alterações encontradas. Em estudo realizado por Melo et al. (2016) em que avaliaram 233 prontuários, em relação ao PSR, não houve registro de pacientes com código 0 (saúde periodontal) e 1 (sangramento à sondagem), em 129 prontuários (55%) foi 30 encontrado o código 2 que representa (presença de retentores de placa), o código 3 em 44 prontuários (19%) e o código 4 em 50 fichas (26%), em 114 registros foram encontrados o código asterisco (49%). Fonseca et al. (2015) analisaram 2700 sextantes, sendo que 791 (29,30%) estavam sadios, 1392 (51,56%) apresentavam sangramento, 94 (3,48%) tinha cálculo e 422 (15,63%) com sangramento e cálculo, e um perdido (0,03%). Verificou- se que 49 (10,89%) indivíduos tinham todos os sextantes acometidos por sangramento e 15 (3,33%) foram classificados com sangramento e cálculo em todos os sextantes. Nessa mesma pesquisa mencionada acima, foi observado que o sextante superior anterior, apresentou menos alteração gengival, quando comparado com os demais; em relação à prevalência das alterações gengivais, o sextante superior posterior esquerdo apresentou maior prevalência de sangramento. O cálculo foi mais frequente no sextante anterior inferior, e o sextante superior esquerdo, foi mais acometido por sangramento e cálculo. Dentro desse contexto, foram feitas correlações entre as variáveis sociodemográficas e econômicas com os diagnósticos periodontais como demonstram a tabela 3 a seguir. Tabela 3-Relação entre os dados socioeconômicos e diagnóstico periodontal encontrados nos prontuários de pacientes da Clínica Escola, referente ao período do segundo semestre de 2013 a 2017. Variável Saudável N % Gengivite N % Periodontite N % Sexo Masculino Feminino 9 25,7 26 74,3 50 32,1 106 67,9 35 32,1 74 67,9 Cor Branca Negra/Parda 10 28,6 25 71,4 39 25,0 117 75,0 24 22,0 85 78,0 Idade ≤ 35 Anos > 35 Anos 18 51,4 17 48,6 83 53,2 73 46,8 52 74,7 57 52,3 Estado Civil Com companheiro Sem companheiro 8 22,9 27 77,1 61 39,1 95 60,9 55 50,5 54 49,5 Escolaridade 31 ≤ 4 anos > 4 anos 8 22,9 27 77,1 31 19,9 125 80,1 12 11,0 97 89,0 Remuneração Com Sem 26 74,3 9 25,7 105 82,7 22 17,3 81 89,0 10 11,0 Fonte: Dados da Pesquisa, 2017. A pesquisa demonstra que as mulheres cuidam mais da saúde do que os homens, dando sempre prioridade ao processo de saúde-doença e buscando os serviços de saúde de forma rotineira, podendo assim diagnosticar patologias em estágios iniciais, ou até mesmo evitar o surgimento através de conhecimentos adquiridos durante a vida. Dos indicadores socioeconômicos analisados a escolaridade foi o que teve um número mais expressivo quando associado a presença de gengivite leve. Estes dados refletem a importância dada à saúde bucal dos filhos por parte dos pais, pois em estudo realizado por Fontes et al. (2014) foi observado a correlação direta com o nível de instrução, em que quanto mais informados, mais cuidados e atenção eles têm com seus filhos. De acordo com estudos de Melo et al. (2016) durante pesquisa com 233 prontuários a gengivite foi a patologia periodontal mais prevalente nos pacientes, seguida pela periodontite crônica e pela periodontite agressiva respectivamente. Estes ainda afirmam que as doenças periodontais acometem uma parcela significativa da população Brasileira, sendo considerada uma das principais causas referentes à prevalência das doenças periodontais. A tabela 4 abaixo traz os dados relativos a saúde geral e doença periodontal encontradas nos prontuários selecionados no estudo. Tabela 4- Dados de saúde geral de acordo com o diagnóstico realizado nos prontuários de pacientes da Clínica Escola, referente ao período do segundo semestre de 2013 a 2017. Variável Saudável N % Gengivite N % Periodontite N % Com queixa Periodontal Sim Não 2 5,7 33 94,3 10 6,4 146 93,6 10 9,2 99 90,8 32 Hipertensão Sim Não 5 14,3 30 85,7 20 12,8 136 87,2 19 17,4 90 82,6 Diabetes Sim Não 1 2,9 34 97,1 7 4,5 149 95,5 5 4,6 104 95,4 Fonte: Dados da Pesquisa, 2017. Um dado chama bastante atenção nesta pesquisa, apenas (6,6%) dos prontuários indicaram que os pacientes com algum grau de doença periodontal chegaram ao estabelecimento de saúde com queixa principal associado à sua condição periodontal, o que demonstra claramente que a maioria da população ainda não tem conhecimento satisfatório para auto identificar os problemas periodontais que são acometidos, deixando claro que a prevenção e promoção da saúde bucal, não está sendo satisfatória para esse grupo estudado.Salienta-se ainda que, nas fases iniciais e de lesão estabelecida da periodontite não existe sensação dolorosa, o que dificulta a auto percepção da doença pelo paciente. Associado a este fato, o diagnóstico das periodontites só é alcançado quando existe uma avaliação minuciosa da presença ou não das bolsas periodontais, ou seja, profundidade de sondagens maiores que 4 mm, e existência do sangramento. O que acontece é que nem sempre este exame é realizado em consultas odontológicas de rotina, subnotificando a presença de uma doença que, quando não corretamente tratada, poderá culminar com lesões irreversíveis da estrutura periodontal. De acordo com Costa e Pimentel (2015), o tempo que o paciente é acometido com a doença é um fator relevante para analisar os riscos e comorbidades que estão associadas ao diabetes mellitus. A hipertensão e a diabetes tem influência direta na progressão e gravidade das doenças periodontais, sendo amplamente discutido e relatados na literatura. Nesta pesquisa apenas (11,3%) dos prontuários com diagnóstico de hipertensão apresentavam condição periodontal saudável, enquanto apenas (7,6%) dos diabéticos tinham estado de saúde periodontal. Almeida et al. (2015) durante sua pesquisa dividiram os pacientes em grupos de compensados (HbA1c < 7%) e descompensados (HbA1c ≥ 7%), correspondendo a 26,47% e 73,53% da amostra, respectivamente. Quando analisados com relação à 33 condição periodontal, dos indivíduos compensados (n= 9), 22,22% apresentaram gengivite e 33,33% apresentaram bolsas profundas, enquanto que os valores para os indivíduos descompensados (n= 25) foram 32,0% e 40,0%, respectivamente. A perda de inserção periodontal foi identificada em níveis parecidos. Os prontuários de indivíduos com mau controle glicêmico tiveram percentuais significativamente maiores de sítios afetados no NIC (64,29 %). Os dados apresentaram que 35,30% de indivíduos com diabetes mellitus tipo 1 (n= 12) e 64,70% tipo 2 (n= 22). No grupo dos diabéticos tipo 1 houve um maior percentual de bolsas profundas (54,19%) e de NIC (9,3%); enquanto maiores índices de SS (44,90%) e NIC (6,99%) estiveram presentes em indivíduos que estão acometidos pela doença por cinco anos ou mais (ALMEIDA et al., 2015). Também, foi feito o levantamento de informações relativas a saúde sistêmica nos prontuários, obtendo-se os dados que estão dispostos na tabela 5 a seguir. Tabela 5-Dados de saúde sistêmica de acordo com o diagnóstico realizado nos prontuários de pacientes da Clínica Escola, referente ao período do segundo semestre de 2013 a 2017. Variável Saudável N % Gengivite N % Periodontite N % Distúrbios da Tireoide Sim Não 0 0 35 100 5 3,2 151 96,8 3 2,8 106 97,2 Problemas Respiratórios Sim Não 1 2,9 34 97,1 7 4,5 149 95,5 6 5,5 103 94,5 Problemas Mentais Sim Não 1 2,9 34 97,1 7 4,5 149 95,5 2 1,8 107 98,2 DST Sim Não 2 5,7 33 94,3 2 1,3 154 98,7 3 2,8 106 97,2 Doença Cardíaca Sim 0 0 3 1,9 1 0,9 34 Não 35 100 153 98,1 108 99,1 Fonte: Dados da Pesquisa, 2017. Existem diversas outras patologias que tem demostrado associação direta nos problemas periodontais, nessa pesquisa foram encontrados, pacientes com problemas periodontais associadas com: Distúrbios da Tireoide, Problemas Respiratórios, Problemas Mentais, DST, Doença Cardíaca, tendo baixos níveis de pacientes saudáveis periodontais quando analisados com casa variável isoladamente. Além disso, os conhecimentos dos aspectos epidemiológicos de uma doença são de extrema importância para que se faça um correto planejamento e uma boa organização dos serviços (OLIVEIRA et al., 2015). Segundo Barros et al. (2017) as doenças periodontais parecem apresentar relação direta com a infecção por AIDS e HIV, juntamente com outras manifestações orais prevalentes, podem ser uma importante variável no diagnóstico e prognóstico destas condições. Quanto aos hábitos de vida, também foram levantados dados para que fosse possível fazer novas inferências da presença ou não das doenças periodontais como apresentado na tabela 6. Tabela 6-Hábitos de vida de acordo com o diagnóstico realizado nos prontuários de pacientes da Clínica Escola, referente ao período do segundo semestre de 2013 a 2017. Variável Saudável N % Gengivite N % Periodontite N % Fumo Sim Não 2 5,7 33 94,3 6 3,8 150 96,2 12 11,0 97 89,0 Bebida Sim Não 13 37,1 22 62,9 64 41,0 92 59,0 53 48,6 56 51,4 Regime Alimentar Sim Não 6 17,1 29 82,9 20 12,8 136 87,2 11 10,1 98 89,9 35 Atividade Física Sim Não 15 42,9 20 57,1 71 45,5 85 54,5 36 33,0 73 67,0 Fonte: Dados da Pesquisa, 2017. O estilo de vida que se leva reflete diretamente na condição de saúde bucal e sistêmica do indivíduo, podendo causar alterações temporárias ou definitivas, o consumo rotineiro de fumo e bebida alcoólica, tem sido bastante evidenciado em conjunto com alterações periodontais, sendo agravantes claros no processo da doença. Por outro lado, a prática de atividades físicas e uma boa alimentação através de uma dieta balanceada, tem sido cada dia mais adotada por pessoas que buscam o controle ou cura de algumas doenças crônicas. Por fim, foram elencados outros dados relacionados à saúde bucal que permitissem compreender mais ainda sobre o objeto pesquisado (Tabela 7). Tabela 7-Outros dados relacionados à saúde bucal de acordo com o diagnóstico realizado nos prontuários de pacientes da Clínica Escola, referente ao período do segundo semestre de 2013 a 2017. Variável Saudável N % Gengivite N % Periodontite N % Salivação Normal Alterada 33 94,3 2 5,7 148 94,9 8 5,1 98 89,9 11 10,1 Halitose Auto-percebida Sim Não 6 17,1 29 82,9 54 34,6 102 65,4 43 39,4 66 60,6 Sangramento Gengival Sim Não 8 22,9 27 77,1 75 48,1 81 51,9 62 56,9 47 43,1 Lesão Intrabucal Sim Não 2 5,7 33 94,3 5 3,2 151 96,8 10 9,2 99 90,8 Índice de Placa ≤ 30% > 30% 8 22,9 27 77,1 14 9,0 142 91,0 6 5,5 103 94,5 Fonte: Dados da Pesquisa, 2017. 36 Dos pacientes analisados (93%), declararam tem uma salivação normal, satisfatória no seu dia a dia, destes (34,3%) apresentam halitose auto percebida. O sangramento gengival, está presente em (48,3%) seja ele espontâneo ou provocado. Quando analisado o Índice de placa esses números crescem assustadoramente para (90,6%), um índice muito alto, que tem influência direta na doença periodontal. Guardia et al. (2017) evidencia na sua pesquisa com 39 pacientes, através de entrevista quando questionados qual o motivo de sangramento na gengiva, 33 (84,61%) responderam que é devido à inflamação gengival e apenas 6 (15,38%) responderam não saber motivo do sangramento. Rodrigues et al. (2014) questionou 66 pacientes em relação ao que os entrevistados conhecem como placa bacteriana, verificou-se que 37,9% já ouviram falar, mas não sabem explicar o que é. O que pode sugerir que faltam informações de uma maneira mais fácil de ser compreendida pelo paciente, oferecidas pelas equipes de saúde públicas do município.A partir do momento que há uma compreensão da placa bacteriana como um biofilme dental, é possível se observar uma série de mudanças no “olhar” sobre o que se considera processo saúde-doença periodontal que, por sua vez, conduz a uma proposição de uma atenção profissional diferenciada, visando diminuir os riscos associados e as patologias inerentes (AMBROSIO; CALDEIRA, 2016). 37 5 CONCLUSÃO Dentro das limitações do presente estudo, pode-se concluir que existe um elevado número, de pacientes atendidos na Clínica Escola com doenças periodontais em algum estágio de evolução da doença, o que leva a pensar que no Recôncavo essas doenças periodontais podem ser bem significativas entre a população. Considerando que o PSR é um exame periodontal limitado, em que pode-se ter apenas uma noção prévia da condição periodontal dos indivíduos, os quais tiveram seus prontuários analisados, com possibilidade de, em exames de maior acurácia como o periograma completo, o total de indivíduos com diagnóstico de alguma patologia periodontal desta amostra seja ainda mais expressivo. A falta de informação, prevenção e promoção da saúde bucal ainda é uma das grandes causadoras da maioria dos casos de problemas periodontais. Assim, mais estudos epidemiológicos se fazem necessário, para que se tenha um maior conhecimento, sobre a realidade da saúde periodontal de pacientes do Recôncavo Baiano. 38 REFERÊNCIAS ALMEIDA, B. B. de et al. Condições Periodontais Em Portadores De Diabetes Mellitus Atendidos No Centro De Referência Sul Fluminense De Diabetes E Hipertensão De Vassouras-RJ. Braz J Periodontol, Belo Horizonte, v. 24, n. 4, p.14- 23, dez. 2015. 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