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UNIVERSIDADE PAULISTA APS- LEI DA LIBERDADE ECONÔMICA E A FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2021 2 ATIVIDADES PRÁTICAS SUPERVISIONADAS - APS O trabalho acadêmico realizado no segundo semestre do ano de 2021 do Curso de Direito da “Universidade Paulista” (UNIP) — São José dos Campos/SP. Retém por embasamento às respectivas “Atividades Práticas Supervisionadas” (APS), que detém por escopo a prática do conhecimento teórico adquirido ao longo do semestre. BRUNO SENA LOPES RA: T876710 GUILHERME RODRIGUES ASSUMPÇÃO RA: N407166 LEANDRO FELICIANO RA: F003558 ROBSON COLAÇO DOS SANTOS RA: F061728 SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2021 3 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................ 4 2. FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO .........................................................5 3. INTERPRETAÇÃO SEGUNDO ALEXANDRE FERNANDES ..................6 4. INTERPRETAÇÃO SEGUNDO MARIA HELENA DINIZ...........................8 5. PESQUISA DE JURISPRUDÊNCIA 1 ....................................................11 6. PESQUISA DE JURISPRUDÊNCIA 2.....................................................13 7. PESQUISA DE JURISPRUDENCIA 3.....................................................14 8. CONCLUSÃO .........................................................................................18 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 19 4 1. INTRODUÇÃO Buscando da melhor forma o entendimento da Lei n° 13.874 de 2019 lei da Liberdade econômica, fizemos a análise profunda da função social do contrato que veio junto com o Código civil de 2002. Neste trabalho conterá duas análises com perspectivas distintas dos doutrinadores Alexandre Cortez Fernandes defendendo que a função social do contrato veio para trazer equivalência entre os interesses individuas com os interesses sociais, e Maria Helena Diniz defendendo que a função social do contrato está diretamente ligada com a boa-fé objetiva e são princípios fundamentais do código civil. Logo após, foram feitas 3 pesquisas de jurisprudência destacando onde essa função social é aplicada e a aplicação do art. 421 do Código Civil, onde está a principal mudança dessa lei de 2019. 5 2. A FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO O termo de função social do contrato veio junto com a atualização do Novo Código Civil, A Lei 10.406/2002. Nada mais é do que um princípio de ordem pública do qual tem como principal característica a limitação da liberdade contratual. Este termo fica mais explicito no Art. 421, CC. A redação do artigo antes da aplicação da Lei 13.874/19, a chamada Lei de Liberdade Econômica, era a seguinte: “Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato, observado o disposto na Declaração de Direitos de Liberdade Econômica. (Redação dada pela Medida Provisória nº 881, de 2019).” O Artigo atualizado ficou da seguinte maneira: “Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019).” A Lei promoveu a alteração no princípio da intervenção mínima e corrige também o termo de liberdade de contratar para o termo de liberdade contratual. Essa mudança acarreta uma alteração da limitação da função social do contrato, pois o termo “liberdade de contratar” carrega consigo a “escolha de pessoas”, ou seja, a dignidade humana pode estar envolvida no termo escolhido na redação do novo artigo. A tal definição da função social do contrato vem junto do entendimento de que se deve respeitar acima de tudo a proteção da dignidade da pessoa humana. A dignidade da pessoa humana está presente em nosso Artigo 1º, III, em nossa Constituição Federal de 1988, ou seja, com esta base, podemos entender melhor que a definição social do contrato é algo mais intrínseco e profundo se 6 comparado a nossa Constituição Federal, do qual rege e norteia o ordenamento jurídico brasileiro 3. INTERPRETAÇÃO SEGUNDO ALEXANDRE CORTEZ FERNANDES A função social dos contratos é instrumento de movimentação da cadeia econômica e, portanto, de geração e de circulação de riquezas é por intermédio dos contratos que a economia se movimenta, eles geram empregos, criam oportunidades para promoção do ser humano, nisto que reside a sua função social. Dessa função pode-se extrair o princípio da função social que é a norma de acordo com a qual os contratos serão celebrados executados e interpretados, por outros termos, quando da celebração, quando da execução ou quanto da interpretação, deve-se ter em mente que ele é antes de mais nada o instrumento de realização da dignidade, primeira das partes, mas não só delas, mas também da sociedade na medida em que os contratos movimentam a economia gerando e distribuído riqueza. Segundo o princípio da função social do contrato ao lado dos próprios interesses individuais, perseguido pelo regulamento contratual a interesses extras contratuais, socialmente relevante, dignos de tutela jurídica que se relacionam com o contrato ou são por eles atingidos, tais interesses dizem respeito dentre outros, aos consumidores, a livre concorrência, ao meio ambiente e as relações de trabalho, é com base no princípio da função social dos contratos que muitos problemas contratuais vão ser solucionados Em outras palavras a função social do contrato tem como objetivo garantir que a sociedade não tenha seus direitos prejudicados mediante a contratos pactuados entre terceiro, onde seu conteúdo pode trazer prejuízo ou perda de direito a coletividade, nesse sentido faz-se mister o equilibro constitucional garantidor dos interesses da sociedade com preponderância sobre os das partes contratantes, uma vez que jamais pode-se aceitar que um contrato Inter partes 7 que beneficia seus credores e devedores venha sobrepor de forma penosa os direitos da sociedade. Deste modo a função social do contrato tem como escopo criar uma equidade entre a sociedade e o individual, que por sua vez deve abrir mão de seu interesse pessoal em prol da sociedade e toda vez que haver algum conflito de interesse que possa trazer prejuízos à coletividade está será sempre a beneficiaria na solução de tal conflito. De acordo com o doutrinador Fernandes a função social do contrato tem que estar em harmonia com os interesses da sociedade e sobreposto ao do individual das partes contratantes e que ambas devem estar em conformidade com a magna carta, porém quando houver contratos onerosos ou que retiram direitos da sociedade sempre há de preponderar o interesse da sociedade. A ideia de função social força concluir que os interesses individuais estejam conforme os interesses sociais que por sua vez devem estar conectados com a constituição. Não é possível juridicamente o conflito entre os interesses, vez que os sociais devem prevalecer. Nesse sentido, é de se perceber que tal situação ocorrerá sempre, pois todo contrato repercute na sociedade. No contrato há um entrechoque valorativo – o individual versus a coletividade -, o que reclama uma razão de equilíbrio. Dessa forma, invoca-se a dialética da complementariedade, que vem a eliminar a contradição entre a liberdade de contratar como um símbolo do individualismo em relação à função social do contrato, uma derivação do princípio da socialidade. “A liberdade de contratar e socialidade são compreendidas como estrutura complementar de bens culturais, afastando a ideia de que o social o limita e se contrapõe ao individual. [...] estão numarelação permanente e progressiva que impede a 8 compreensão de um sem o outro, pois formam uma unidade concreta da relação que constituem.” Sob o prisma liberal, o perfil social do contrato é desconsiderado, vez que prepondera a realização individual, cingido apenas à ordem pública e aos bons costumes. (FERNANDES, p.59) Portanto levando em consideração a narrativa do doutrinador Fernandes, fica evidente que a função social do contrato tem sempre que garantir que o individual celebre contratos de diversas naturezas, mas nunca em hipótese algum este vem a prejudicar o interesses e costumes da sociedade e que ainda o referido pacto firmado não contrarie a constituição. Desta forma pode-se afirmar que todos são livres para celebrar qualquer tipo de contrato, porém deve- se respeitar estritamente as regras da função social do contrato. Conforme está previsto na lei n o 10.406, de 10 de janeiro de 2002. “Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019)”, (BRASIL,2002). Este tema é abordado cotidianamente pelos tribunais superiores com entendimento pacificado no sentido que sempre prevalecerá a boa-fé e o interesse do terceiro de acordo com os limites da função social do contrato. 4. INTERPRETAÇÃO SEGUNDO MARIA HELENA DINIZ O direito no todo está em constante evolução, em compasso com a evolução da sociedade, um exemplo é o contrato, instituto de formalização de vontades entre as partes, que desde o primeiro contrato firmado até hoje sofreu muitas mudanças. O contrato não é mais aquele de força obrigatória e absoluta como em outrora, há princípios que o norteiam e que trazem ao contrato algumas limitações ao direito de contratar. 9 Maria Helena Diniz, compreende o contrato da seguinte forma: “O contrato constituiu uma espécie de negócio jurídico, de natureza bilateral ou plurilateral, dependendo, para a sua formação, do encontro da vontade das partes, por ser ato regulamentador de interesses particulares, reconhecida pela ordem jurídica, que lhe dá força criativa. (DINIZ, 2004, p.23)” O princípio da função social do contrato não deixa de ser uma mera elucidação teórica no contexto atual do direito brasileiro, em razão da evolução nos trazer à época dos princípios sociais, de propriedade por exemplo, que antes era considerado como absoluto e intangível. O contrato passa a ter uma função no seio da sociedade, devendo cumprir os seus objetivos entre os contratantes e todos ao seu redor, beneficiários ou não deste contrato. A função social e a boa-fé objetiva são princípios fundamentais do Código Civil 2002 - CC. No contrato, as partes estão em posição horizontal, devendo agir com boa-fé objetiva, cooperação, honestidade e lealdade. Engloba apenas os contratantes e está nos arts. 422, 113 e 187. Função social do contrato é a relação dos contratantes com a sociedade, pois produz efeitos perante terceiros. Bens que a sociedade protege, como o meio ambiente, a vida, o trabalho, a segurança, bem como todos os direitos e garantias individuais garantidos pela Constituição. A principal consequência jurídica da função social dos contratos é a ineficácia de relações que acaba por ofender interesses sociais, a dignidade da pessoa. É possível em um contrato ótimo para as partes haver boa-fé. No entanto, esse contrato pode ofender a terceiros, no caso, a sociedade. O contrato ótimo para empresas pode lesar consumidores, afetando, por exemplo, a livre iniciativa. Ou seja, satisfaz interesses individuais, mas afeta os metaindividuais. 10 "Um acidente de veículo cuja causa tenha sido um defeito mecânico provoca prejuízo também a terceiro." Esse prejuízo é de consumo e não de trânsito e aplica-se o Código de Defesa do Consumidor. Pelo princípio da função social, a seguradora tem que proteger o segurado e todas as pessoas por ele prejudicadas. "Uma pessoa que adquire um apto por contrato, mas o terreno hipotecado e o construtor não pagam o financiamento. O agente financeiro tem de liberar a escritura porque a hipoteca não atinge o adquirente, em razão de dever anexo de protegê-lo, de acordo com a Súmula 308 Superior Tribunal de Justiça." Em outro caso, quando o contrato satisfaz as partes, não lesa a sociedade, mas causa interferência a terceiro, isto é, com acordo de uma das partes, outra é prejudica. O prejudicado pode exigir indenização da outra parte à vista da culpa subjetiva, e por ausência da boa-fé objetiva. E, do terceiro ofensor por atentar contra boa-fé e função social. A concretização da função social e a boa-fé objetiva serão norteadas pelos direitos fundamentais constitucionais. Função social e boa-fé são emanações do princípio constitucional da solidariedade. Há, portanto, relatividade dos princípios constitucionais, pois inexistem princípios absolutos. Pelo princípio da unicidade da Constituição, faz-se juízo de proporcionalidade e de razoabilidade. No caso de uma ocorrência concreta, deve-se verificar qual princípio tem maior dimensão, se o princípio da autonomia privada ou o da boa-fé objetiva. Eficácia horizontal dos direitos fundamentais é solidariedade no Código Civil, via função social e boa-fé. 11 Já a eficácia vertical é a obrigatoriedade de tais direitos para juiz e legislador infraconstitucional - CR, art. 5°, § 1o. A autonomia privada continua sendo base do direito civil, porém relativizada, como instrumento de realização do direito das partes e não de exclusão social. 5. PESQUISA DE JURISPRUDENCIA 1: "Tribunal de Justiça de Minas Gerais TJ-MG - Apelação Cível : AC 0002635-45.2015.8.13.0145 MG - APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO COMINATÓRIA C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - CONTRATO DE SEGURO DE VIDA - RESCISÃO UNILATERIAL - COMUNICAÇÃO PRÉVIA - AUSÊNCIA - INEXISTÊNCIA DE JUSTIFICATIVA - VIOLAÇÃO DA BOA-FÉ OBJETIVA E FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO - DANOS MORAIS CONFIGURADOS. É extremamente desleal a conduta da seguradora, que após receber o prêmio por anos, enquanto lhe era conveniente, cancela a apólice sem qualquer comunicação formal prévia e justificativa plausível, violando os princípios da boa fé objetiva, da cooperação, da confiança e da lealdade. A pessoa idosa que contratara o seguro para resguardar a si e a sua família, acreditando estar segurada por seguro de vida, quando percebe o rompimento abrupto de tais proteções, por vontade unilateral da seguradora ré, sofre dano moral, intensa aflição com o desligamento da cobertura securitária. A fixação do valor da indenização por danos morais pauta-se pela aplicação dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade." 12 Neste caso, confere-se que a função social do contrato foi violada, devido à falta de comprometimento da seguradora para com a senhora que havia contratado os serviços desta. Fere a boa-fé que lhes foi depositada e mais, os danos causados nas particularidades são também vinculados a esse descaso. O crescente número de idosos é visível no Brasil, bem como a desvalorização deles. No contexto social capitalista, as pessoas com idade avançada, por, na maioria das vezes, estarem afastadas das atividades produtivas, são esquecidas pelo governo e pela população. Consequentemente, essa parcela de indivíduos é excluída e injustiçada, não sendo respeitada como deveria. Na conjuntura atual vigente, a busca pela fabricação excessiva é o objetivo central das empresas. Porém, os idosos, por não terem a mesma força física que os demais, são suprimidos desse cenário e passam a ter grande tempo ocioso, que não é preenchido com atividades governamentais, como tarefas culturais voltadas para essa faixa etária. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), apenas 7% do mercado de trabalho éocupado por idosos, o que aumenta o isolamento social e diminui o exercício da mente. É imprescindível salientar, ainda, que a sociedade não valoriza a sabedoria dos mais velhos e desconsidera a função destes. Primeiramente, há uma espera excessiva em hospitais e postos de saúde que ignoram as condições de saúde dos idosos. Outrossim, faltam assentos nos transportes coletivos que, constantemente, são ocupados por outras pessoas e, em casos mais graves, eles são abandonados pelas famílias ou moram nas ruas. Em consequência disso, muitos idosos se sentem inúteis e desamparados, o que pode gerar depressão e agravar as enfermidades. Vemos com esse descaso da seguradora, fica visível como são carentes de boa-fé essas instituições. Consigna-se a função social do contrato no sentido de apresentar segurança aqueles que estão em acordo com o estipulado pela empresa. 13 6. PESQUISA DE JURISPRUDENCIA 2: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 522.731-GO (2003/0086836-7) Relator: Ministro Carlos Alberto Menezes Direito Agravante: Banco de Crédito Nacional S/A Advogados: Raphael de Leandro e Medeiros Rogério Reis de Avelar Agravado: Manoel Siqueira Marques Advogados: Frederico Carvalho Lopes Micael Heber Mateus EMENTA Agravo regimental. Recurso especial não admitido. Hipoteca. Construtora. Agente financeiro. Precedentes. 1. A Segunda Seção desta Corte, no julgamento do EREsp n. 415.667- SP, Relator o Ministro Castro Filho, DJ de 21.06.2004, consolidou o entendimento de que a garantia hipotecária firmada pela construtora com a instituição bancária não atinge o terceiro adquirente da unidade autônoma. 2. A alegada ausência de oportuno registro do instrumento de permuta não afasta o direito do terceiro adquirente, baseado na aquisição de boa-fé, conforme entendimento consolidado na Súmula n. 84-STJ. 3. Agravo regimental desprovido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental. Os Srs. Ministros Nancy Andrighi, Castro Filho e Antônio de Pádua Ribeiro votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, ocasionalmente, o Sr. Ministro Humberto Gomes de Barros. Brasília (DF), 14 de setembro de 2004 (data do julgamento). Ministro Antônio de Pádua Ribeiro, Presidente Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, Relator. (BRASIL, 2004, AGRAVO REGIMENTAL NO 14 AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 522.731-GO (2003/0086836-7) Nesta jurisprudência supracitada há uma lide que tenta pacificar um contrato celebrado entre uma instituição financeira, uma construtora e um cliente adquirente de um determinado imóvel, no caso em tela a instituição financeira tenta conseguir o direito de recebimento de uma garantia hipotecária pactuada com a construtora, pacto este que coloca à disposição da instituição financeira determinados bens como garantia de um empréstimo para investimento em um empreendimento imobiliário e que o cliente processado é o comprador de um desses imóveis que foi objeto de garantia fiduciária. Nesse mesmo sentido proclama a Súmula 308 do Supremo Tribunal de Justiça. “A hipoteca firmada entre a construtora e o agente financeiro, anterior ou posterior à celebração da promessa de compra e venda, não tem eficácia perante os adquirentes do imóvel”. Portanto fica evidente que o contrato celebrado entre a instituição financeira e a construtora não atinge o terceiro de boa-fé, uma vez que adquiriu o imóvel sem ter conhecimento desta garantia hipotecária e que ainda que se soube não tinha nenhuma obrigação com o contrato celebrado. Nesse sentido o Superior Tribunal de Justiça entendeu que se aplica a questão da função social do contrato, onde o contrato firmado entre a instituição financeira e a construtora não atinge o comprador do imóvel. Sendo assim ele não poderá sofrer nenhum prejuízo no contrato o qual não é parte interessada, e que deve ser garantido todos os direitos como comprador do imóvel, independentemente de cláusulas do contrato de garantia hipotecária firmado entre a instituição financeira e a construtora. 7. PESQUISA DE JURISPRUDÊNCIA 3 Abaixo segue um caso concreto na utilização da função social do contrato, ou melhor dizendo, do Artigo 421, CC. 15 O processo é de um motorista de aplicativo, que durante a alteração de cadastro do carro utilizado por um novo do qual havia comprado o seu ID na plataforma da empresa foi bloqueado. Na decisão do bloqueio da conta consta como compartilhamento de contas e junto a fatos de comprovação de que houve esse compartilhamento pela parte ré do processo e de acordo com o contrato estabelecido entre as partes, a empresa utilizou como parte de sua defesa o Artigo 421, CC, pois o contrato entre as partes é regido pelo Código Civil. O entendimento na decisão final consta como uma parte da relação contratual descumpre com um de suas normas estabelecidas em contrato, é mantida a decisão de que a parte recorrente é vencida. Segue abaixo a decisão: “JUIZADO ESPECIAL. DIREITO CIVIL. TRANSPORTE INDIVIDUAL DE PASSAGEIROS. APLICATIVO. DESLIGAMENTO DO CONDUTOR. RESILIÇÃO UNILATERAL. LIBERDADE CONTRATUAL. ARTIGO 421DO CÓDIGO CIVIL. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 1. Trata-se de recurso interposto pela parte autora em face da sentença que julgou improcedentes os pedidos para que fosse efetuado o imediato desbloqueio do seu acesso à plataforma da ré, além da condenação ao pagamento de lucros cessantes e danos morais. Relata que era motorista do aplicativo desde o ano de 2016 trabalhando com veículo alugado, sendo que foi surpreendido com o bloqueio da sua conta efetivado no dia seguinte após promover a alteração do veículo na plataforma para um novo automóvel que adquiriu. Sustenta que a situação caracteriza relação de consumo, sendo que não há demonstração de que ocorreu o alegado compartilhamento da sua conta. Inclusive, assinala que os documentos juntados pela ré para comprovar o alegado apenas indicam o registro de um motorista diverso, sem qualquer liame com os fatos nos autos. Assevera que o bloqueio unilateral ofende a ampla defesa. 2. Não incide o CDC na situação indicada nos autos, uma vez que a relação entre o motorista e a plataforma virtual de transporte remunerado privado de individual de passageiros é regida pelo Código Civil. Precedente: (Acórdão 16 1098112, 07001468620188070005, Relator: ARNALDO CORRÊA SILVA, Segunda Turma Recursal, data de julgamento: 23/5/2018, publicado no DJE: 28/5/2018. Pág.: Sem Página Cadastrada.). 3. A parte autora relata que atuava como motorista no aplicativo desde 2016, sendo que no dia subsequente à alteração na plataforma quanto ao veículo que utiliza foi surpreendido com o bloqueio da sua conta. Por outro lado, a parte ré sustenta que teria ocorrido o compartilhamento de contas, juntando aos autos fotografias do autor, além da cópia do cadastro de um outro motorista. 4. Ainda que pela prova acostada pela parte ré não fique claro o alegado compartilhamento de contas (uma vez que as fotografias de verificação ID 29225261, pág. 3 coincidem com a imagem do autor, enquanto que a parte ré não elucidou qual a correlação do prontuário ID 29225261, págs. 4/5 com o autor), destaca-se que a relação entabulada entre as partes possui natureza civil, sendo que o artigo 421 do Código Civil assinala a liberdade contratual, com a mínima intervenção estatal. A possiblidade de cancelamento do acesso ao aplicativo também possui amparo nas cláusulas 8.1 e 8.2 do contrato entabulado entre as partes (?8.1. O Motorista Parceiro concorda que a 99, à sua livre discrição, poderá suspender ou cancelar sua utilização do serviço, incluindo, mas não se limitando: (i) por descumprimento e/ou violação destes Termos; (...)(ix) pelo uso inadequado ou abusivo do aplicativo, incluindo a utilização por terceiros ou transferência de sua conta (....) 8.2. o motorista parceiro concorda que o término de seu acesso ao serviço, por qualquer razão constante destes termos, pode ocorrer sem uma notificação prévia e todas as informações e dados constantes poderão ser permanentemente apagados.? - ID 29225259, p. 9). 5. Portanto, apesar da parte autora questionar o bloqueio imediato e as suas razões, além da suposta ofensa à ampla defesa, destaca- se que independente da motivação da parte ré, a autonomia da vontade na liberdade contratual assegura o direito à resilição contratual (artigo 473 do Código Civil), sobretudo quando entende que a outra parte na relação contratual tenha descumprido alguma norma do seu interesse. Demonstrada a pretensão na resilição contratual, não existia necessidade de instaurar procedimento mediante ampla defesa para a extinção do vínculo contratual, sendo impossível impor à parte ré a manutenção da relação 17 contratual indesejada, bem como ausente o dever de reparar os supostos danos alegados pela parte autora. 6. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. Sentença mantida. Condeno a parte recorrente vencida ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios que fixo em 10% do valor da causa. Contudo suspendo a exigibilidade na forma do art. 98, § 3º, do NCPC. 7. A súmula de julgamento servirá de acórdão, consoante disposto no artigo 46 da Lei nº 9.099/95. Acórdão CONHECIDO. NÃO PROVIDO. UNÂNIME.” 18 8. CONCLUSÃO Conclui-se, após análise, que a Lei de Liberdade Economia - 13.874/2019 traz consigo, o crescimento econômico brasileiro, visto que em sua fundamentação, traz também uma flexibilização comercial. Seus princípios são a boa-fé particular perante o pode público, e principalmente o princípio da intervenção mínima citado no parágrafo único do art. 421 do CC. Que defende o fato de o Estado intervir o menos possível nas relações particulares e seus incisos trazem segurança jurídica às partes litigantes. Foi visto também casos em que a boa-fé foi violada em contratos com seguradora e uma violação a esses princípios trazidos com a alteração do código civil é passível de processo, como visto na nossa primeira pesquisa de jurisprudência. 19 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS https://www.google.com/amp/s/ambitojuridico.com.br/cadernos/direito- civil/funcao-social-do-contrato/amp/ https://www.conjur.com.br/2020-mar-30/direito-civil-atual-funcao-social- contratos-lei-liberdade-economica-coronavirus https://www.migalhas.com.br/depeso/16458/funcao-social-do-contrato-no- codigo-civil-2002 https://www.migalhas.com.br/amp/quentes/270855/consumidor-idoso-e- hipervulneravel-e-deve-ser-protegido-pelo-cdc--aponta-especialista https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-45/indenizacao-por-dano-moral- do-consumidor-idoso-no-ambito-dos-contratos-de-planos-e-de-seguros- privados-de-assistencia-a-saude/amp/ https://tjdf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/1315149916/7143650820218070003- df-0714365- 0820218070003?__cf_chl_captcha_tk__=yvamefZgccisQdlC5ZDhlc5w52C2QL nvJJCILqgHHBA-1637181236-0-gaNycGzNC-U https://www.institutoformula.com.br/principais-alteracoes-trazidas-pela-lei-n-13- 874-2019-lei-da-liberdade-economica-no-codigo-civil/ https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10704778/artigo-421-da-lei-n-10406-de-10- de-janeiro-de-2002 BRASIL. 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