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VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Aula 1: Cadeia do processo infeccioso História natural da doença é o nome dado ao conjunto de processos interativos que compreendem “as inter-relações do agente, do suscetível e do meio ambiente que afetam o processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forças que criam o estímulo patológico no meio ambiente, ou em qualquer outro lugar, passando pela resposta do ser humano ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte”. A história natural da doença, portanto, tem desenvolvimento em dois períodos sequenciados: o período epidemiológico e o período patológico. No primeiro, o interesse é dirigido para as relações suscetível-ambiente; ao segundo interessam as modificações que se passam no organismo vivo. Tanto o modelo da história natural da doença como o modelo da determinação social do processo saúde-doença constituem uma proposta que busca estabelecer ou reconhecer um conjunto de processos interativos dos diferentes fatores que explicam a ocorrência das doenças. Epidemiologia das doenças infecciosas: Presença de um agente infeccioso; A perpetuação do agente necessita da contínua transmissão de um hospedeiro infectante a um hospedeiro suscetível; Ocorrência da doença em um indivíduo depende da ocorrência nos outros membros da população; “Acontecimentos dependentes”: seriam definidos pela dependência entre a ocorrência de novos eventos (incidência) e o número de eventos presentes (prevalência). Doença transmissível: é qualquer doença causada por um agente infeccioso específico ou seus produtos tóxicos, que se manifesta pela transmissão deste agente ou de seus produtos, de um reservatório a um hospedeiro suscetível, seja diretamente de uma pessoa ou animal infectado, ou indiretamente por meio de um hospedeiro intermediário, de natureza vegetal ou animal, de um vetor ou do meio ambiente inanimado. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Nas doenças transmissíveis, o período de latência é o tempo que transcorre desde a infecção até que a pessoa se torne infectada. O período de incubação é o tempo que transcorre desde a infecção até a apresentação dos sintomas. INFECTIVIDADE: é a capacidade do agente infeccioso de poder alojar-se e multiplicar-se dentro de um hospedeiro, ocasionando a infecção. PATOGENICIDADE: é a capacidade de um agente infeccioso de produzir doença em pessoas infectadas em maior ou menor proporção. VIRULÊNCIA: A medida da virulência é o número de casos graves e fatais em proporção ao número total de casos aparentes. DOENTE: homem ou animal infectado que manifesta sinais clínicos de doença. PORTADOR: homem ou animal que abriga e excreta o agente sem manifestar alterações clínicas indicativas de doença; pode ser chamado de hospedeiros assintomáticos. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Aula 2: Portaria Nacional de Doenças de Notificação Compulsória VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Algumas doenças são classificadas como de notificação compulsória porque, para elas, é necessário conhecer cada caso ocorrido, para monitorar as mudanças no seu comportamento, desencadear as medidas de controle correspondentes, evitando a sua expansão, além de detectar a introdução de novas doenças. A notificação compulsória é a comunicação obrigatória à autoridade de saúde, realizada pelos médicos, profissionais da saúde ou responsáveis pelos estabelecimentos de saúde (públicos ou privados), sobre a ocorrência de suspeita ou confirmação de doença, agravo ou evento de saúde pública, podendo ser imediato (até 24 horas) ou semanal. As doenças de notificação compulsória devem ser notificadas independentemente se a instituição é pública ou privada. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Existe uma outra portaria de Notificação Compulsória, a PORTARIA Nº 205, de 17 de fevereiro de 2016, que dispõe sobre a lista nacional de agravos para serem notificados em ESTRATÉGIA DE VIGILÂNCIA EM UNIDADES SENTINELAS. I - Vigilância em Saúde do Trabalhador: 1 - Câncer relacionado ao trabalho 2 - Dermatoses ocupacionais 3 - Lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (LER/DORT) 4 - Perda Auditiva Induzida por Ruído – PAIR relacionada ao trabalho 5 - Pneumoconioses relacionadas ao trabalho 6 - Transtornos mentais relacionados ao trabalho II - Vigilância de doenças de transmissão respiratória: 1 - Doença pneumocócica invasiva 2 - Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) 3 - Síndrome Gripal (SG) III - Vigilância de doenças de transmissão hídrica e/ou alimentar: 1 - Rotavírus 2 - Doença Diarreica Aguda 3 - Síndrome Hemolítica Urêmica IV - Vigilância de doenças sexualmente transmissíveis: Síndrome do Corrimento Uretral Masculino V - Síndromes neurológicas pós infecção febril exantemática Aula 3: Relação do perfil de doenças de notificação compulsória com o calendário vacinal O Programa Nacional de Imunizações, nascido em 18 de setembro de 1973, chega aos 30 anos em condições de mostrar resultados e avanços notáveis. O que foi alcançado pelo Brasil, em imunizações, está muito além do que foi conseguido por qualquer outro país de dimensões continentais e de tão grande diversidade socioeconômica. O objetivo prioritário do PNI, ao nascer, era promover o controle da poliomielite, do sarampo, da tuberculose, da difteria, do tétano, da coqueluche e manter erradicada a varíola. O Regulamento Sanitário Internacional (RSI) é um dispositivo legal internacional que auxilia os países a trabalharem juntos para salvarem vidas que podem ser ameaçadas pela disseminação internacional de doenças e outros riscos à saúde. Também destina-se a reduzir o risco de disseminação de doenças em aeroportos, portos e outros riscos à saúde. Fortalece as defesas coletivas contra os riscos à saúde que o mundo globalizado de hoje enfrenta, com alto poder de disseminação. Notificar o evento sob o Regulamento Sanitário Internacional (RSI): Doenças de notificação obrigatória: Varíola; Poliomielite por poliovírus selvagem; Influenza com potencial pandêmico; Síndrome respiratória aguda grave pelo coronavírus. OU Grave repercussão em saúde pública + Evento inesperado + Risco de propagação internacional + Risco de restrições internacionais. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Hoje, o PNI tem objetivo mais abrangente. Para os próximos cinco anos, estão fixadas as seguintes metas: ampliação da auto-suficiência nacional dos produtos adquiridos e utilizados pela população brasileira; produção da vacina contra Haemophilus influenzae b, da vacina combinada tetravalente (DTP + Hib), da dupla viral (contra sarampo e rubéola) e tríplice viral (contra sarampo, rubéola e caxumba), da vacina contra pneumococos e da vacina contra influenza e da vacina anti-rábica em cultivo celular. O aperfeiçoamento do PNI, nesses 30 anos, tem um ponto especialmente importante na descentralização de suas ações. Hoje, o Programa apresenta um novo perfil gerencial, com integração entre os três níveis — municipal, estadual e federal —, que discutem juntos normas, definições, metas e resultados, propiciando a modernização continuada de sua infra-estrutura e operacionalização. É fundamental que a população tome consciência de que é preciso ir regularmente ao posto de saúde, em qualquer dia do ano — para se vacinar. A campanha é uma estratégia utilizada quando há necessidade de obter determinado resultado, para controlar mais rapidamente certa doença. As competências do Programa, estabelecidas no Decreto nº 78.231, de 12 de agosto de 1976 (o mesmo que o institucionalizou), são ainda válidas até hoje: implantar e implementar as ações relacionadas com as vacinações de caráter obrigatório; estabelecer critériose prestar apoio técnico a elaboração, implantação e implementação dos programas de vacinação a cargo das secretarias de saúde das unidades federadas; estabelecer normas básicas para a execução das vacinações; supervisionar, controlar e avaliar a execução das vacinações no território nacional, principalmente o desempenho dos órgãos das secretarias de saúde, encarregados dos programas de vacinação; centralizar, analisar e divulgar as informações referentes ao PNI. Torna-se cada vez mais evidente, no Brasil, que a vacina é o único meio para interromper a cadeia de transmissão de algumas doenças imunopreveníveis. O controle das doenças só será obtido se as coberturas alcançarem índices homogêneos para todos os subgrupos da população e em níveis considerados suficientes para reduzir a morbimortalidade por essas doenças. Essa é a síntese do Programa Nacional de Imunizações, que na realidade não pertence a nenhum governo — federal, estadual ou municipal. É da sociedade brasileira. O fato de o município ter assumido sua responsabilidade de vacinar fez com que procurasse localizar melhor as ações, ver em quais distritos e favelas devia fazer vacinações volantes, pela dificuldade de as crianças chegarem até o posto, por exemplo. Mais uma peculiaridade do PNI: é totalmente custeado com dinheiro público. O calendário brasileiro de vacinação, com oferta gratuita para toda a população, é um dos mais completos do mundo. Existem, sim, vacinas no sistema de saúde privado, mas quase todas estão incorporadas ao sistema público de vacinação, como a vacina contra gripe para idoso e a vacina contra a rubéola. O PNI deixou de ser só um programa de vacinação para criança, para ser um programa mais amplo, para toda a população. 1804: Chegada da vacina contra a varíola no Brasil. 1904: Revolta da Vacina. 1927: Introdução da vacinação contra a tuberculose no Brasil (BCG). 1942: Eliminação da febre amarela urbana no Brasil. 1966: Campanha de erradicação da varíola no Brasil. 1975: Campanha contra meningite. 1977: 1º Calendário Vacinal. 1978: Inclusão de 5 vacinas obrigatórias (DTP, poliomielite, sarampo, varíola e BCG). 1992: Plano de eliminação do tétano neonatal e do sarampo. 1995: Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola). 1998: Vacina dupla bacteriana (dT) contendo toxóide diftérico. 2002: Vacina tetravalente (difteria, tétano, coqueluche e Hib). 2012: Vacina Pentavalente (difteria, tétano, coqueluche, Hib e hepatite B). 2013: Vacina Tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela). 2014: Hepatite A, HPV e dTpa para gestantes. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Aula 4: Doenças emergentes e reemergentes Doenças infecciosas emergentes são as que surgiram recentemente numa população ou as que ameaçam expandir-se em futuro próximo. Doença completamente nova OU Doença que não existia em determinada área OU Doença que existia, mas sem a ocorrência de surtos. Exemplos: AIDS foi uma doença emergente na década de 80 quando foi descoberta; COVID-19 é uma doença emergente na atualidade; se o Ebola chegar no Brasil seria um doença emergente. Doenças infecciosas reemergentes são aquelas causadas por microrganismos bem conhecidos que estavam sob controle, mas se tornaram resistentes aos agentes antimicrobianos comuns (por exemplo, malária, tuberculose) ou estão se expandindo rapidamente em incidência ou em área geográfica (por exemplo, como ocorreu com a cólera nas Américas). Reaparecimento de doenças já eliminadas em algumas regiões do mundo com importantes mudanças no padrão de ocorrência das doenças infecciosas (Doença que já havia sido erradicada ou muito bem controlada e voltou). Exemplo: Sarampo no Brasil; poliomielite nos EUA; febre amarela no Brasil em 2018. Três etapas são necessárias para que ocorram a emergência e a reemergência de uma doença viral: 1. Introdução de um patógeno viral numa nova espécie de hospedeiro. 2. Adaptação do patógeno ao novo hospedeiro. 3. Disseminação do patógeno para uma grande quantidade de indivíduos da nova espécie para desencadear surtos, epidemias ou pandemias. Entre os fatores que influenciam as emergências infecciosas citam-se o comércio internacional, a demografia e o comportamento humano, a suscetibilidade humana a infecções, a pobreza e a desigualdade social, a guerra e a fome, a falta de continuidade das medidas preventivas de saúde pública, a indústria e a tecnologia, as modificações do clima e do tempo, a alteração dos ecossistemas, a adaptabilidade e a alteração genômica do microrganismo, o desenvolvimento econômico, o uso da terra e a possibilidade de detecção e identificação do microrganismo. A facilidade de transporte, viagens, turismo e comércio entre as diversas nações do mundo torna fácil e rápida a disseminação de uma doença que surge numa população localizada em área geográfica remota para diversas partes do mundo. Atenção: Nem sempre uma doença é infecciosa é transmissível. O tétano, por exemplo, é uma doença infecciosa, porém não é transmitido de uma pessoa para outra! Recomendações gerais: 1. Definir prioridades entre as doenças emergentes e reemergentes e desenvolver e atualizar frequentemente as normas para prevenção e controle tanto individual como de saúde pública. Entre as prioridades, sugerem a inclusão de febre amarela, dengue, microrganismos resistentes a antimicrobianos (malária, tuberculose e doenças entéricas), sarampo, pólio, cólera e outras doenças transmitidas por alimentos, febres hemorrágicas virais e raiva. 2. Elaborar estratégias para a difusão de informações precisas e atualizadas para a população geral. 3. Definir diferentes formas de manter uma educação continuada tanto da população geral como dos profissionais de saúde. 4. Desenvolver esforços para ações intersetoriais, incluindo treinamento das pessoas que fazem a vigilância aberta, independentemente dos profissionais de saúde. 5. Reduzir o acesso a antimicrobianos e monitorar a sensibilidade a antibióticos de modo a otimizar seu uso. Desenvolver vigilância e planos operativos padronizados para surtos regionais ou nacionais, incluindo o treinamento das equipes. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Situação das doenças infecciosas e parasitárias (DIP) no Brasil: MALÁRIA: Doença infecciosa aguda, causada pelo protozoários do gênero Plasmodium (falciparum, vivax, malariae e ovale). Cursa com febre alta intermitente e calafrios paroxísticos. Amazonia (endêmica); Região malarígena (Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins); Na década de 40 houve interrupção extra-amazonica. DENGUE: Vetor transmissor é o mosquito Aedes aegypti (1976). Relação com o clima tropical. Primeira epidemia em 1981 em Boa Vista/Roraima. Atualmente: 80% das Américas. FEBRE AMARELA: Vetor transmissor é o mosquito Aedes aegypti. A Febre Amarela Urbana foi erradicada. Atualmente a população é acometida pela Febre Amarela SILVESTRE (sazonal – abril /maio). Mais comum em homens (agricultores, pescadores). ZIKA: Em 1952, em Uganda, foram detectados os primeiros casos de infecção por zika em seres humanos. Em 2015 foi confirmada a circulação do vírus no Nordeste do Brasil. É transmitido por mosquitos, especialmente do gênero Aedes e a transmissão inter-humana, por meio de relação sexual, já foi comprovada. Até o momento não há evidências de transmissão por meio da amamentação. LEISHMANIOSE VISCERAL: Agente etiológico Leishmania chagasi. Vetor transmissor mosquito Lutzomyia. Reservatórios são os cães. Início anos 80: áreas rurais precárias – houve expansão. Maior incidência no Nordeste. Sexo masculino é o mais acometido (60%). TUBERCULOSE: Agente etiológico Mycobacterium tuberculosis. Emergência mundial (Brasil ocupa a 18ª posição). Tratamento eficaz: 1940. São fatores de risco o sexo masculino(2x maior) e a menor escolaridade. HANSENÍASE: Mycobacterium leprae. Incubação de 5 anos. Comprometimento dermatológico e neurológico. Normalmente o diagnóstico é feito quando a doença já está instalada. DIARREIA INFLANTIL AGUDA: Pode ser causada por vírus, bactérias, parasitos, toxinas. Relação com infraestrutura, educação, higiene, aleitamento materno. SARAMPO: Grande potencial de disseminação. População mais vulnerável são os menores de 1 ano (letalidade elevada). 1992: campanha com redução. 2007: erradicado. Em 2018 o Brasil perde certificado de erradicação. DIFTERIA: Reservatório: nasofaringe homem. Alta proporção de assintomáticos. Transmissão pessoa a pessoa. Secreções oronasais. Tratamento adequado: baixa letalidade. TÉTANO NEONATAL: Doença infecciosa não contagiosa. Clostridium tetani (esporos em galhos, terra, fezes, poeira). Coto umbilical: alta letalidade – material contaminado. Vacinação de mulheres em idade fértil: passa imunidade para o feto. Redução significativa no Brasil DOENÇA MENINGOCÓCICA: Neisseria meningitidis (A, B, C, W, Y). Transmissão de pessoa a pessoa, podendo causar meningites e septicemias. Epidemias países desenvolvidos. Incidência subestimada pela subnotificação. Sorogrupo A e C, depois B mais frequente. HIV: 60% contato sexual (1/3 HSH), usuários drogas e transfusão hemoderivados. Atualmente houve aumento dos casos em mulheres e heterossexuais. Redução da transmissão vertical. Aulas 5 e 6: Doenças e agravos não transmissíveis Doenças crônicas não transmissíveis (DCNT): maior problema global, com elevado número de mortes prematuras, perda de qualidade de vida, alto grau de limitação, incapacidade e impactos econômicos. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C DCNT caracterizam-se por: Etiologia múltipla; Muitos fatores de risco; Longo período de latência; Origem não infecciosa; Associação com incapacidades; História natural prolongada; Longo curso assintomático. São muito influenciadas pelas condições de vida, e não unicamente resultado unicamente de escolhas individuais. Necessitam de abordagem sistemática para o tratamento, exigindo novas estratégias dos serviços de saúde. Atingem todas as camadas socioeconômicas, principalmente idosos de baixa escolaridade e renda (vulnerabilidade). A OMS inclui como doenças crônicas (compartilham os mesmos fatores de risco, possibilitando uma em abordagem comum): 1) Doenças cardiovasculares HAS; Doença isquêmica do coração; Doenças cerebrovasculares; Doença vascular periférica. 2) Neoplasias Cigarro é o maior fator de risco para câncer e outras DCNT. HPV e câncer do colo do útero. 3) Doenças respiratórias crônicas DPOC (limitação ao fluxo do ar, predominantemente irreversível, geralmente progressiva, associada a resposta inflamatória do pulmão e agentes agressores); asma (hiper- responsividade das vias aéreas inferiores e limitação ao fluxo aéreo, reversível espontaneamente ou com tratamento.); rinite alérgica; tuberculose; pneumonias; câncer de pulmão. 4) Diabetes mellitus É um fator de risco para DCV e HAS, além da própria gravidade da doença. Os fatores de risco são sedentarismo e tabagismo. Outras doenças crônicas, porém, que diferem das demais DCNT por não compartilharem os mesmos fatores de risco: Desordens mentais e neurológicas; Doenças ósseas e articulares; Osteoporose; Desordens genéticas; Doenças bucais; Doenças autoimunes; Patologias oculares e auditivas. As DCNT podem também cursar com eventos agudos ou emergenciais, como crises hipertensivas e infarto agudo do miocárdio, entre outros. Além disso, existem outras doenças, como hanseníase e HIV/AIDS, que, embora crônicas, não estão incluídas entre as DCNT por serem doenças transmissíveis VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C O Brasil tem experimentado, nas últimas décadas, importantes transformações em seu padrão de mortalidade e morbidade em função dos processos de transição epidemiológica, demográfica e nutricional. Com relação à transição epidemiológica, ocorreram importante redução das doenças infecciosas e aumento das DCNT, acidentes e violências. O aumento de idosos na população acarreta aumento da carga de doenças, em especial as DCNT. A epidemia de DCNT tem afetado mais as pessoas de baixa renda, as quais estão mais expostas aos fatores de risco e têm menos acesso a serviços de saúde. Além disso, essas doenças criam um círculo vicioso, levando as famílias a um maior estado de pobreza. Existe forte evidência que correlaciona os determinantes sociais, como educação, ocupação, renda, gênero e etnia, à prevalência de DCNT e aos fatores de risco. O tratamento para diabetes, câncer, doenças do aparelho circulatório e doença respiratória crônica pode ser de curso prolongado, onerando os indivíduos, as famílias e os sistemas de saúde. Os custos diretos correspondem aos gastos com assistência médica, medicamentos, internações, exames, procedimentos, fisioterapia e reabilitação. Os custos indiretos estão ligados a perdas na produção e na renda, à perda de produtividade e de empregos e em razão de absenteísmos. Os custos intangíveis são difíceis de estimar e referem- se a renda familiar, cuidados informais e outros. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Para a vigilância epidemiológica das DCNT não há interesse em conhecer casos individualizados, na medida em que a prevenção não está centrada na ação imediata sobre um único agente que produziria a doença, pois suas etiologias são quase sempre multicausais. Aqui, a ênfase central está em estabelecer os níveis de exposição aos fatores de risco, que são diversos e também estão associados, em sua maioria, a diversas doenças ao mesmo tempo. A violência não é um fenômeno contemporâneo, há relatos históricos do uso da violência. Segunda metade do século XX torna-se um tema relevante no setor da saúde, na medida que configura uma das principais causas de morbimortalidade no Brasil e no mundo. Principal causa de óbito entre indivíduos de 11 a 44 anos, sobretudo em homens. A maior parte não leva a óbito, mas deixa marcas irreversíveis. Relatório sobre violência e saúde (OMS): o uso da força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha qualquer possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Tipos de violência: a) violência dirigida contra si mesmo (auto-inflingidas): suicídio, ideação suicida, tentativa de suicídio e auto-abuso. b) violência interpessoal: familiar ou comunitária. c) violência coletiva: atos violentos, âmbitos macrossociais, políticos etc. Aula 7: Política Nacional de Promoção à Saúde (PNPS) Em 1986, a 8ª Conferência Nacional de Saúde tinha como tema “Democracia é Saúde” e constituiu-se em fórum de luta pela descentralização do sistema de saúde e pela implantação de políticas sociais que defendessem e cuidassem da vida. Era um momento chave do movimento da Reforma Sanitária brasileira e da afirmação da indissociabilidade entre a garantia da saúde como direito social irrevogável e a garantia dos demais direitos humanos e de cidadania. O relatório final da 8ª CNS lançou os fundamentos da proposta do SUS. Ações de melhoria da qualidade de vida dos sujeitos e coletivos. Cuidar da vida de modo que se reduza a vulnerabilidade ao adoecer e as chances de que ele seja produtor de incapacidade, de sofrimento crônico e de morte prematura de indivíduos e população. O SUS, como política do estado brasileiro pela melhoria da qualidade de vida e pela afirmação do direito à vida e à saúde, dialoga com as reflexões e os movimentos no âmbito da promoção da saúde. Entende-se que a promoção da saúde é uma estratégia de articulaçãotransversal na qual se confere visibilidade aos fatores que colocam a saúde da população em risco e às diferenças entre necessidades, territórios e culturas presentes no nosso País, visando à criação de mecanismos que reduzam as situações de vulnerabilidade, defendam radicalmente a equidade e incorporem a participação e o controle sociais na gestão das políticas públicas. Objetivo geral: Promover a qualidade de vida e reduzir vulnerabilidade e riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes – modos de viver, condições de trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura, acesso a bens e serviços essenciais. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Objetivos específicos: I – Incorporar e implementar ações de promoção da saúde, com ênfase na atenção básica; II – Ampliar a autonomia e a corresponsabilidade de sujeitos e coletividades, inclusive o poder público, no cuidado integral à saúde e minimizar e/ou extinguir as desigualdades de toda e qualquer ordem (étnica, racial, social, regional, de gênero, de orientação/opção sexual, entre outras); III– Promover o entendimento da concepção ampliada de saúde, entre os trabalhadores de saúde, tanto das atividades-meio, como os da atividades-fim; IV – Contribuir para o aumento da resolubilidade do Sistema, garantindo qualidade, eficácia, eficiência e segurança das ações de promoção da saúde; V – Estimular alternativas inovadoras e socialmente inclusivas/ contributivas no âmbito das ações de promoção da saúde; VI – Valorizar e otimizar o uso dos espaços públicos de convivência e de produção de saúde para o desenvolvimento das ações de promoção da saúde; VII – Favorecer a preservação do meio ambiente e a promoção de ambientes mais seguros e saudáveis; VIII – Contribuir para elaboração e implementação de políticas públicas integradas que visem à melhoria da qualidade de vida no planejamento de espaços urbanos e rurais; IX – Ampliar os processos de integração baseados na cooperação, solidariedade e gestão democrática; X – Prevenir fatores determinantes e/ou condicionantes de doenças e agravos à saúde; XI – Estimular a adoção de modos de viver não-violentos e o desenvolvimento de uma cultura de paz no País; XII – Valorizar e ampliar a cooperação do setor Saúde com outras áreas de governos, setores e atores sociais para a gestão de políticas públicas e a criação e/ou o fortalecimento de iniciativas que signifiquem redução das situações de desigualdade. Diretrizes: I – Reconhecer na promoção da saúde uma parte fundamental da busca da equidade, da melhoria da qualidade de vida e de saúde; II – Estimular as ações intersetoriais, buscando parcerias que propiciem o desenvolvimento integral das ações de promoção da saúde; III – Fortalecer a participação social como fundamental na consecução de resultados de promoção da saúde, em especial a equidade e o empoderamento individual e comunitário; IV – Promover mudanças na cultura organizacional, com vistas à adoção de práticas horizontais de gestão e estabelecimento de redes de cooperação intersetoriais; V – Incentivar a pesquisa em promoção da saúde, avaliando eficiência, eficácia, efetividade e segurança das ações prestadas; VI – Divulgar e informar das iniciativas voltadas para a promoção da saúde para profissionais de saúde, gestores e usuários do SUS, considerando metodologias participativas e o saber popular e tradicional. Responsabilidades do Gestor federal: Promover a articulação com os estados para apoio à implantação e supervisão das ações referentes às ações de promoção da saúde; Pactuar e alocar recursos orçamentários e financeiros para a implementação desta Política, considerando a composição tripartite; Adotar o processo de avaliação como parte do planejamento e da implementação das iniciativas de promoção da saúde, garantindo tecnologias adequadas; Estabelecer instrumentos e indicadores para o acompanhamento e avaliação do impacto da implantação/implementação da Política de Promoção da Saúde; Buscar parcerias governamentais e não-governamentais para potencializar a implementação das ações de promoção da saúde no âmbito do SUS; Identificação, articulação e apoio a experiências de educação popular, informação e comunicação, referentes às ações de promoção da saúde; Promoção de cooperação nacional e internacional referentes às experiências de promoção da saúde nos campos da atenção, da educação permanente e da pesquisa em saúde; Divulgação sistemática dos resultados do processo avaliativo das ações de promoção da saúde. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Responsabilidades do Gestor estadual: Implementar as diretrizes da Política de Promoção da Saúde em consonância com as definidas no âmbito nacional e as realidades loco-regionais; Pactuar e alocar recursos orçamentários e financeiros para a implementação da Política, considerando a composição bipartite; Manter articulação com municípios para apoio à implantação e supervisão das ações de promoção da saúde; Desenvolvimento de ações de acompanhamento e avaliação das ações de promoção da saúde para instrumentalização de processos de gestão; Estabelecer instrumentos e indicadores para o acompanhamento e a avaliação do impacto da implantação/implementação desta Política. Responsabilidades do Gestor municipal: Pactuar e alocar recursos orçamentários e financeiros para a implementação da Política de Promoção da Saúde; Participação efetiva nas iniciativas dos gestores federal e estadual no que diz respeito à execução das ações locais de promoção da saúde e à produção de dados e informações fidedignas que qualifiquem a pesquisas nessa área; Realização de oficinas de capacitação, envolvendo equipes multiprofissionais, prioritariamente as que atuam na atenção básica Ações específicas: Alimentação saudável, segurança nutricional, combate à fome e estímulo à amamentação. Prática corporal/ atividade física. Prevenção e controle do tabagismo; aumentar o acesso do fumante aos métodos eficazes para cessação de fumar; reduza a aceitação social do tabagismo. Redução da morbimortalidade em decorrência do uso abusivo de álcool e outras drogas. Redução da morbimortalidade por acidentes de trânsito. Prevenção da violência e estímulo à cultura de paz. Promoção do desenvolvimento sustentável. Aula 8: Política Nacional de Humanização (PNH) Uma política pública no SUS voltada para ativação de dispositivos que favoreçam ações de humanização no âmbito da atenção e da gestão da saúde no Brasil. A Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS tem como propósitos: Contagiar trabalhadores, gestores e usuários do SUS com os princípios e as diretrizes da humanização; Fortalecer iniciativas de humanização existentes; Desenvolver tecnologias relacionais e de compartilhamento das práticas de gestão e de atenção; Aprimorar, ofertar e divulgar estratégias e metodologias de apoio a mudanças sustentáveis dos modelos de atenção e de gestão; Implementar processos de acompanhamento e avaliação, ressaltando saberes gerados no SUS e experiências coletivas bem-sucedidas. Para isso, o HumanizaSUS trabalha com três macro-objetivos: Ampliar as ofertas da Política Nacional de Humanização aos gestores e aos conselhos de saúde, priorizando a atenção básica/fundamental e hospitalar, com ênfase nos hospitais de urgência e universitários; Incentivar a inserção da valorização dos trabalhadores do SUS na agenda dos gestores, dos conselhos de saúde e das organizações da sociedade civil; Divulgar a Política Nacional de Humanização e ampliar os processos de formação e produção de conhecimento em articulação com movimentos sociais e instituições. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Na prática, os resultados que a Política Nacional de Humanização busca são: Redução de filas e dotempo de espera, com ampliação do acesso; Atendimento acolhedor e resolutivo baseado em critérios de risco; Implantação de modelo de atenção com responsabilização e vínculo; Garantia dos direitos dos usuários; Valorização do trabalho na saúde; Gestão participativa nos serviços. Princípios Transversalidade: A Política Nacional de Humanização deve se fazer presente e estar inserida em todas as políticas e programas do SUS. A PNH busca transformar as relações de trabalho a partir da ampliação do grau de contato e da comunicação entre as pessoas e grupos, tirando-os do isolamento e das relações de poder hierarquizadas. Transversalizar é reconhecer que as diferentes especialidades e práticas de saúde podem conversar com a experiência daquele que é assistido. Juntos, esses saberes podem produzir saúde de forma mais corresponsável. Indissociabilidade entre atenção e gestão: As decisões da gestão interferem diretamente na atenção à saúde. Por isso, trabalhadores e usuários devem buscar conhecer como funciona a gestão dos serviços e da rede de saúde, assim como participar ativamente do processo de tomada de decisão nas organizações de saúde e nas ações de saúde coletiva. Ao mesmo tempo, o cuidado e a assistência em saúde não se restringem às responsabilidades da equipe de saúde. O usuário e sua rede sócio-familiar devem também se corresponsabilizar pelo cuidado de si nos tratamentos, assumindo posição protagonista com relação a sua saúde e a daqueles que lhes são caros. Protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e coletivos: Qualquer mudança na gestão e atenção é mais concreta se construída com a ampliação da autonomia e vontade das pessoas envolvidas, que compartilham responsabilidades. Os usuários não são só pacientes, os trabalhadores não só cumprem ordens: as mudanças acontecem com o reconhecimento do papel de cada um. Um SUS humanizado reconhece cada pessoa como legítima cidadã de direitos e valoriza e incentiva sua atuação na produção de saúde. Métodos O HumanizaSUS, aposta na INCLUSÃO de trabalhadores, usuários e gestores na produção e gestão do cuidado e dos processos de trabalho. A comunicação entre esses três atores do SUS provoca movimentos de perturbação e inquietação que a PNH considera o “motor” de mudanças e que também precisam ser incluídos como recursos para a produção de saúde. Humanizar se traduz, então, como inclusão das diferenças nos processos de gestão e de cuidado. Tais mudanças são construídas não por uma pessoa ou grupo isolado, mas de forma coletiva e compartilhada. Incluir para estimular a produção de novos modos de cuidar e novas formas de organizar o trabalho. Mas incluir como? As rodas de conversa, o incentivo às redes e movimentos sociais e a gestão dos conflitos gerados pela inclusão das diferenças são ferramentas experimentadas nos serviços de saúde a partir das orientações da PNH. Incluir os trabalhadores na gestão é fundamental para que eles, no dia a dia, reinventem seus processos de trabalho e sejam agentes ativos das mudanças no serviço de saúde. Incluir usuários e suas redes sócio familiares nos processos de cuidado é um poderoso recurso para a ampliação da corresponsabilização no cuidado de si. Diretrizes Acolhimento: O QUE É? Processo constitutivo das práticas de produção e promoção de saúde que implica responsabilização do trabalhador/equipe pelo usuário, desde a sua chegada até a sua saída. Ouvindo sua queixa, considerando suas VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C preocupações e angústias, fazendo uso de uma escuta qualificada que possibilite analisar a demanda, colocando os limites necessários, garantindo atenção integral, resolutiva e responsável por meio do acionamento/articulação das redes internas dos serviços (visando à horizontalidade do cuidado) e redes externas, como outros serviços de saúde, para continuidade da assistência quando necessário. COMO FAZER? Implica prestar um atendimento com resolutividade e responsabilização, com uma postura de escuta e compromisso em dar respostas às necessidades de saúde trazidas pelo usuário que inclua sua cultura, saberes (rompimento com a lógica da exclusão) e capacidade de avaliar riscos. É construir uma proposta com a equipe local orientando, quando for o caso, o paciente e a família em relação a outros serviços de saúde para continuidade da assistência estabelecendo articulações com estes serviços para garantir a eficácia desses encaminhamentos. Gestão Participativa e Cogestão: O QUE É? Cogestão significa a inclusão de novos sujeitos nos processos de gestão (análise de contexto e problemas; processo de tomada de decisão). Sendo exercida não por poucos ou alguns, mas por um conjunto mais ampliado de sujeitos que compõem a organização, assumindo-se o predicado de que “todos são gestores de seus processo de trabalho”. O prefixo “co”, nesta perspectiva, indica para o conceito e a experimentação da gestão um duplo movimento: a adição de novas funções e adição de novos sujeitos. COMO FAZER? A organização e experimentação de rodas é uma diretriz da cogestão. Rodas para colocar as diferenças em contato de modo a produzir movimentos de desestabilização que favoreçam mudanças nas práticas de gestão e de atenção. A PNH distingue arranjos/dispositivos de cogestão em dois grupos: o primeiro grupo diz respeito à organização do espaço coletivo de gestão que permita o acordo entre necessidades e interesses de usuários, trabalhadores e gestores; o segundo grupo refere-se aos mecanismos que garantem a participação ativa de usuários e familiares no cotidiano das unidades de saúde. Deverão ser organizados espaços coletivos de gestão para a produção de acordos e pactos entre usuários, trabalhadores e gestores. Ex.: Colegiados Gestores de Hospitais, de Distritos Sanitários e Secretarias de Saúde, Colegiado Gestor da Unidade de Saúde, Mesas de Negociação Permanente, Contratos de Gestão, Contratos Internos de Gestão, Câmara Técnica de Humanização (CTH), Gerência de Porta Aberta, entre outros, são arranjos de trabalho que permitem a experimentação da cogestão no cotidiano da saúde. Ambiência: O QUE É? Organização de espaços saudáveis e acolhedores de trabalho, tendo, como um dos seus dispositivos, a elaboração de Projetos Cogeridos de Ambiência, como proposta de mudança das práticas, dos processos e das relações de trabalho pautada na construção coletiva e participativa. A Ambiência é a “Diretriz Espacial” para as demais diretrizes da PNH, apontando-se um duplo desafio que é o de sintonizar “o que fazer” com o “como fazer”, ou seja, o conceito de Ambiência é o método para a construção coletiva dos espaços de saúde. COMO FAZER? Modo de fazer: o método da tríplice inclusão da PNH. Na produção do espaço de saúde devem interceder os saberes que potencializam mudanças. A intercessão de diferentes campos do saber e das profissões, tais como dos arquitetos, dos engenheiros, dos médicos, dos nutricionistas, dos enfermeiros, dos usuários, entre outros, embora muitas vezes provoque tensionamentos, valoriza o processo de construção coletiva a partir de diferentes olhares. Trata-se, assim, de um modo de fazer que afirme as especificidades do saber de cada um em uma relação de interferência para a produção de um objetivo comum. Clínica ampliada e compartilhada: O QUE É? Prática interdisciplinar com a proposta de entender o significado do adoecimento e tratar a doença no contexto de vida propõe qualificar o modo de se fazer saúde. Ampliar a clínica é aumentar a autonomia do usuário do serviço de saúde, da família e da comunidade. É integrar a equipe de trabalhadores da saúde de diferentes áreas na busca de um cuidado e tratamento de acordo com cada caso, com a criação de vínculo com o usuário. A VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C vulnerabilidade e o risco do indivíduo são considerados e o diagnóstico é feito não só pelo saber dosespecialistas clínicos, mas também leva em conta a história de quem está sendo cuidado, de modo a possibilitar decisões compartilhadas e compromissadas. COMO FAZER? Utilizando recursos que permitam enriquecimento dos diagnósticos (outras variáveis além do enfoque orgânico, inclusive a percepção dos afetos produzidos nas relações clínicas) e a qualificação do diálogo (tanto entre os profissionais de saúde envolvidos no tratamento quanto destes com o usuário), de modo a compreender a doença e se responsabilizar na produção de sua saúde, possibilitando decisões compartilhadas e compromissadas com a autonomia e a saúde dos usuários do SUS. Para implantar essa diretriz da PNH é importante também que sejam discutidas outras orientações, como o Projeto Terapêutico Singular, Equipe de referência e apoio matricial, co-gestão e o acolhimento. Valorização do Trabalhador: O QUE É? É importante dar visibilidade à experiência dos trabalhadores e incluí-los na tomada de decisão, apostando na sua capacidade de analisar, definir e qualificar os processos de trabalho. COMO FAZER? O Programa de Formação em Saúde e Trabalho e a Comunidade Ampliada de Pesquisa são possibilidades que tornam possível o diálogo, intervenção e análise do que gera sofrimento e adoecimento, do que fortalece o grupo de trabalhadores e do que propicia os acordos de como agir no serviço de saúde. É importante também assegurar a participação dos trabalhadores nos espaços coletivos de gestão. Defesa dos Direitos dos Usuários: O QUE É? Os usuários de saúde possuem direitos garantidos por lei e os serviços de saúde devem incentivar o conhecimento desses direitos e assegurar que eles sejam cumpridos em todas as fases do cuidado, desde a recepção até a alta. COMO FAZER? Todo cidadão tem direito a uma equipe que cuide dele, de ser informado sobre sua saúde e também de decidir sobre compartilhar ou não sua dor e alegria com sua rede social. Aula 9: Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNSTT) 1943: Criação da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) apenas os trabalhadores da CLT tinham direito a saúde. 1980: Organização do Movimentos da Saúde do Trabalhador. Constituição Federal de 1988: Garantiu a atenção integral a saúde para todos, independentemente do vínculo empregatício. Portaria 1339 de 1999: Lista de doenças relacionadas ao trabalho. Portaria 1823 de 2012: PNSTT Desenvolvimento da atenção integral à saúde do trabalhador, com ênfase na vigilância, visando a promoção e proteção da saúde dos trabalhadores e a redução da morbimortalidade decorrentes dos modelos de desenvolvimento e dos processos produtivos. Trabalho como um determinante do processo saúde-doença. Todo trabalhador tem direito a prestação de serviços de saúde, priorizando pessoas e grupos em situação de maior vulnerabilidade. Finalidade (PAV): Promoção à saúde + Assistência à saúde + Vigilância em saúde. Princípios: Universalidade; Integralidade; Equidade; Participação e controle social; Descentralização; Hierarquização; Responsabilidade Sanitária; Precaução. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Estratégias: Integração da Vigilância em Saúde do Trabalhador junto a Vigilância em Saúde e com a APS; Análise do perfil produtivo e da situação de saúde dos trabalhadores; estruturação da RENAST no contexto da Rede de Atenção à Saúde; Articulação intersetorial; Apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas; Desenvolvimento e capacitação de recursos humanos. Saúde do Trabalhado refere-se a um campo do saber que visa compreender as relações entre o trabalho e o processo saúde/doença. RENAST (REde Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhado): - Principal estratégia de organização da Saúde do Trabalhador no SUS; - Rede nacional de INFORMAÇÕES e PRÁTICAS DE SAÚDE com o propósito de implementar ações assistências, de vigilância, prevenção e promoção da saúde do trabalhador; - Reconhecimento e identificação da população trabalhadora e seu perfil sócio ocupacional no território; - Reconhecimento e identificação dos potenciais riscos e impactos (perfil de morbi-mortalidade) à saúde dos trabalhadores, das comunidades e ao meio ambiente, advindos das atividades produtivas no território; - Suspeita e ou identificação da relação entre o trabalho e o problema de saúde apresentado pelo usuário, para fins de diagnóstico e notificação dos agravos relacionados ao trabalho; - Preenchimento do laudo de exame médico da CAT (Comunicação do Acidente de Trabalho) nos casos pertinentes; - Deve integrar a rede de serviços do SUS por meio do CEREST. CEREST (CEntros REgionais de Saúde do Trabalhador): - Órgão físico (existem estaduais e regionais); - Observatório da saúde do trabalhador (realiza ações de vigilância por meio de denúncias, ajuda e multas); - Educação continuada, apoio matricial e estudos/pesquisas; - Promove ações para melhorar as condições de trabalho e a qualidade de vida do trabalhador, por meio da prevenção e vigilância. CAT: A empresa deve comunicar o acidente à Previdência Social até o 1º dia útil. Após apresentar a CAT, o requerente é examinado pelo perito médico do INSS e, só a partir daí, será concedido ou não o benefício. Ato inseguro: é o ato praticado pelo homem, consciente de que o que está fazendo está contra as normas de segurança. Condição insegura: é a condição do ambiente de trabalho que oferece perigo ou risco ao trabalhador. Problemas relacionados ao trabalhado: LER-DORT; Antracose; Bissinose; Surdez; Dermatose ocupacional; Câncer de pele; Siderose; Catarata; Doenças por função; Doenças psicossociais. Doença profissional: Há relação de causa e efeito direta, pois com a supressão do agente a doença deixa de existir; são doenças que não se manifestam de forma súbita(ex: Siderose). Doença do trabalho: O trabalho é concorrente para a doença, um fator de risco, mas não necessariamente determinante. É uma moléstia comum, que pode atingir qualquer pessoa, mas é provocado por condições especiais em que o trabalho é realizado (ex: LER). Uma política pública no SUS voltada para ativação de dispositivos que favoreçam ações de humanização no âmbito da atenção e da gestão da saúde no Brasil. A Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS tem como propósitos: Contagiar trabalhadores, gestores e usuários do SUS com os princípios e as diretrizes da humanização; Fortalecer iniciativas de humanização existentes; Desenvolver tecnologias relacionais e de compartilhamento das práticas de gestão e de atenção; Aprimorar, ofertar e divulgar estratégias e metodologias de apoio a mudanças sustentáveis dos modelos de atenção e de gestão; Implementar processos de acompanhamento e avaliação, ressaltando saberes gerados no SUS e experiências coletivas bem-sucedidas. Acolhimento: Gestão Participativa e Cogestão: Ambiência: Clínica ampliada e compartilhada: Valorização do Trabalhador: Defesa dos Direitos dos Usuários:
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