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Departamento de Cartografia. 3 AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer a AngloGold Brasil Ltda pela oportunidade de realizar e concluir este curso, em especial ao Sr. Mike Schumulian, Sr. Fernando Rosa Guimarães, Sr. Jean Marc Lopez, Sra. Marcela M. G. Godoy e a Sra. Helena Lopes. Agradeço também a meus pais, irmãos, ao Fabão grande companheiro de trabalho de campo e fotógrafo e a Débora que esteve ao meu lado nesta reta final. Aos professores do curso pela valiosa transmissão de conhecimentos, atenção e amizade em especial ao professor Marcelo de Ávila Chaves, orientador deste trabalho, muito obrigado. 4 Resumo O Estado de Minas Gerais, por ser historicamente conhecido como uma região potencialmente rica em seus recursos minerais, vários estudos sobre a região do Quadrilátero Ferrífero tem sido referentes à geologia, tendo em vista o grande número de mineralizações auríferas potencialmente importantes. Há necessidade de estudar além da geologia, as características geomorfológicas fluviais e vegetação para que possa ser entendido o tipo de relevo e a dinâmica dos processos a ele inerentes. Este trabalho consiste em identificar, analisar e interpretar a relação de fatores que interferem sobre o meio físico decorrente do processo de mineração no município de Santa Bárbara, localizada no Estado de Minas Gerais. A hipótese que originou este trabalho é a tentativa de provar que a atividade mineradora não traz somente impactos negativos ao meio ambiente e entorno no qual ela está atuando. Para isso utilizou-se de técnicas de geoprocessamento no intuito de se identificar os impactos positivos e negativos causados ao meio físico da área de estudo. Ao longo deste trabalho foi possível comprovar a hipótese de referência dos estudos e até mesmo identificar outros fatores de importância que influem no impacto do meio ambiente, independente da atividade mineradora. 5 SUMÁRIO PÁG. AGRADECIMENTOS............................................................................................ 03 RESUMO................................................................................................................. 04 SUMÁRIO............................................................................................................... 05 LISTA DE FIGURAS............................................................................................. 06 1- INTRODUÇÃO................................................................................................... 07 2- OBJETIVOS....................................................................................................... 11 2.1- OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................... 11 2.2- REVISÕES BIBLIOGRÁFICAS............................................................. 11 3- MATERIAIS E MÉTODOS.............................................................................. 16 3.1- LOCALIZAÇÃO DA ÁREA.................................................................... 16 3.2- CARACTERÍSTICA DO AMBIENTE FÍSICO REGIONAL............. 18 3.2.1- CLIMA............................................................................................ 18 3.2.2- QUALIDADE DO AR................................................................... 19 3.2.3- GEOLOGIA................................................................................... 19 3.2.4- GEOMORFOLOGIA.................................................................... 21 3.2.5- SOLO.............................................................................................. 21 3.2.6- RECURSOS HÍDRICOS.............................................................. 21 3.3- METODOLOGIA...................................................................................... 23 4- RESULTADOS................................................................................................... 25 5- CONCLUSÕES................................................................................................... 33 6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................. 36 6 LISTA DE FIGURAS Figura 01 - Localização do Quadrilátero Ferrífero, Estado de Minas Gerais......................07 Figura 02 - Atuação da AngloGold no mundo.....................................................................08 Figura 03 - Atuação da AngloGold na América do Sul.......................................................09 Figura 04 - Mapa de localização da área de estudo, município de Santa Bárbara ..............16 Figura 05 - Vista geral da Mineração Itajobi, município de Santa Bárbara.........................18 Figura 06 - Imagem Ikonos/2002 – Limite da Bacia do Córrego do Sítio...........................23 Figura 07 - Ortofoto/1989 – Limite da Bacia do Córrego do Sítio......................................24 Figura 08 - Processo erosivo ocasionado devido a chuvas..................................................25 Figura 09 - Vista geral da barragem de contenção de finos.................................................25 Figura 10 - Assoreamento na montante da Barragem de contenção de finos......................26 Figura 11 - Solapamento das margens a jusante da Barragem de finos do Córrego do Sítio......................................................................................................................................27 Figura 12 - Gráfico de Representação do Uso e Ocupação do Solo em 1989.....................31 Figura 13 – Gráfico de Representação do Uso e Ocupação do Solo em 2000.....................32 Figura 14 - Revegetação das Cavas.....................................................................................33 Figura 15 - Revegetação dos cortes das estradas.................................................................34 Figura 16 – Revegetação da Pilha de Estéril........................................................................34 Mapa 01 – Geologia da Bacia do Córrego do Sítio..............................................................20 Mapa 02 – Topografia e Bacia do Córrego do Sótio............................................................22 Mapa 03 – Uso e Ocupação do Solo (Ikonos/2002) Córrego do Sítio ................................28 Mapa 04 – Uso e Ocupação do Solo (Ortofoto/1989) Córrego do Sítio..............................30 7 1- INTRODUÇÃO O Estado de Minas Gerais é muito conhecido por suas riquezas naturais mais precisamente na região do Quadrilátero Ferrífero, isso porque, é uma região que possui mineralizações auríferas potencialmente importantes (Fig. 01). Figura 01: Localização do Quadrilátero Ferrífero, Estado de Minas Gerais Evidenciando a atividade mineradora na região, vamos ressaltar as mineralizações de ouro, bem como as grandes empresas de atuação na área de pesquisa, extração e comercialização deste minério. Tendo em vista este trabalho, bem como a área do estudo 8 de caso selecionado, foi utilizado um dos projetos da empresaAngloGold para o desenvolvimento e levantamento dos dados necessários para o nosso estudo. A AngloGold é uma empresa de mineração internacional com atuação em diversos continentes (África, Austrália, América do Norte, América do Sul), sendo atualmente o segundo maior produtor de ouro do mundo (Fig. 02). Explora jazida de ouro em minas a céu aberto e subterrâneo, empregando milhares de trabalhadores. Possui certificação internacional NOSA, ISO 9001 E ISO 14001 comprovando seu comprometimento com a qualidade, segurança e saúde dos seus empregados e a preservação do meio ambiente. Figura 02: Atuação da AngloGold no mundo Na América do Sul, a AngloGold possui atividades minerarias no Brasil, em Minas Gerais (Mineração Morro Velho S.A e Mineração Itajobi.) e Goiás (Mineração Serra Grande S.A. em parceria com a TVX Gold – Kinross Gold Corporation) e na Argentina, Cerro Vanguardia. A empresa também desenvolve pesquisas para ouro com o objetivo de encontrar novas jazidas e também de reposição das reservas (Fig. 03). 9 Figura 03: Atuação da AngloGold na América do Sul A Mineração Itajobi Ltda (empresa controlada da Mineração Morro Velho S.A./AngloGold Brasil Ltda) é a empresa autorizada a lavrar e beneficiar o minério de ouro na Mina Córrego do Sítio, município de Santa Bárbara, Minas Gerais, ou seja, o estudo de caso deste trabalho. A atividade mineraria é vista hoje como a grande causadora de impactos negativos ao meio ambiente, com danos por vezes irreversíveis. A magnitude do impacto é função do tipo de minério a ser extraído, das técnicas e tecnologias aplicadas e principalmente do comprometimento da empresa com a prevenção da poluição ao meio ambiente. Para os diversos impactos existem métodos e técnicas que os eliminam ou que os deixam a níveis legalmente e ambientalmente aceitáveis. Todas as medidas a serem tomadas a fim de evitar ou minimizar os impactos demandam tempo e principalmente capital, que as empresas devem contabilizar no custo de suas operações. Atualmente, as pesquisas têm estado bastante avançadas procurando ir sempre mais além, buscando encontrar respostas para muitas questões que pudessem explicar, por exemplo, qual o significado do relevo no contexto ambiental, como interferir ou controlar o funcionamento dos processos geomorfológicos, como conviver com os processos catastróficos, como projetar (no espaço e no tempo) o comportamento dos processos e as formas de relevos resultantes. 10 Realizar um estudo ambiental consiste em procurar não só novos conceitos ambientais, mas como também novos conceitos relacionados aos processos de degradação ambiental ocasionados devido ao extrativismo mineral. 11 2- OBJETIVOS O objetivo desta pesquisa consiste em estudar as transformações e caracterizações do meio ambiente ao iniciar-se uma atividade mineraria, mapeando o processo de uso e ocupação do solo visando à análise de impactos ambientais através da ferramenta do Geoprocessamento. 2.1- OBJETIVOS ESPECÍFICOS �� Estudar as transformações do uso do solo nas Bacias e Sub-bacias do Córrego do Sítio na Região do Município de Santa Bárbara, Minas Gerais. �� Estudar a caracterização do quadro físico, através do levantamento topográfico, interpretação de imagens, mapeamentos hidrográficos, geológicos e cobertura vegetal. �� Estudar a relação entre o processo de mineração e a degradação ambiental. 2.2- REVISÕES BIBLIOGRÁFICAS Como ciência, a Geografia sempre se preocupou com a questão do estudo das paisagens. “...na Antigüidade Clássica, tais estudos faziam-se presentes com a descrição dos lugares e, da mesma forma, o horizonte geográfico ampliou-se para que os relatos sobre as terras descobertas nas Grandes Navegações fossem melhor desenvolvidas e estruturadas.” [Xavier (1994)] Contudo, na primeira metade do século XX, a real importância do estudo das paisagens, lugares e regiões, vem procurando sempre dar ênfase à interação entre o meio físico e o homem, considerando a divisão da pesquisa geográfica em duas fases: a primeira corresponde à coleta de dados realizada a partir das investigações diretas no campo; a segunda acontece após os dados serem coletados, discriminados e classificados, que os confronta, compara e correlaciona, partindo das partes para chegar a um todo. A coleta de informações sobre a distribuição geográfica de recursos minerais, propriedades, animais e plantas sempre foi uma parte importante das atividades das sociedades organizadas. Até recentemente, no entanto, isto era feito apenas em 12 documentos e mapas em papel; isto impedia uma análise que combinasse diversos mapas e dados. Com o desenvolvimento da tecnologia de informática, tornou-se possível armazenar , representar, integrar e espacializar mapas e dados, abrindo espaço para o aparecimento do geoprocessamento. O termo Geoprocessamento, é o conjunto de pelo menos quatro categorias de técnicas relacionadas ao tratamento da informação espacial: �� Técnicas para coleta de informação (Cartografia, Sensoriamento Remoto, GPS, Topografia, levantamento de dados alfanuméricos, etc.); �� Técnicas de armazenamento de informação espacial (Banco de Dados - Orientados a Objetos, Relacional, Hierárquico, etc.); �� Técnicas para tratamento e análise de informação espacial, como Modelagem de Dados, Geoestatística, Aritmética Lógica, funções topológicas e Redes; �� Técnicas para uso integrado de informação espacial, como os sistemas GIS – Geographic Information Sistems. Para Davis (2003) o significado do termo Geoprocessamento se dá como: “...uma disciplina do conhecimento que utiliza técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento da informação geográfica e que vem influenciando de maneira crescente as áreas de Cartografia, Análise de Recursos Naturais, Transportes, Comunicação, Energia e Planejamento Urbano e Regional.” Conforme Câmara e Medeiros (1997): “...o Geoprocessamento apresenta um enorme potencial, baseando-se em tecnologias de custo relativamente baixo, e atualmente tem se expandido, de forma significativa, a sua influência e aplicação na área de meio ambiente e análise de recursos naturais.” A Cartografia, a Topografia, o GPS (Sistema de Posicionamento Global) e o Sensoriamento Remoto são ciências e técnicas que se relacionam com o geoprocessamento. O Sensoriamento Remoto é uma disciplina científica que junta os conhecimentos e técnicas usadas para a observação, análise, interpretação e a gestão do 13 espaço terrestre utilizando-se de medidas adquiridas a partir de plataformas aéreas, espaciais, terrestres ou marítimas. Esta ciência permite a interpretação visual dos dados (fotografias aéreas e imagens orbitais) sob forma digital ou analógica buscando a identificação de feições impressas nessas imagens e a determinação de seu significado. Com o Sensoriamento Remoto podemos obter resultados mais precisos quando trabalhamos com a degradação ambiental enfatizando a geomorfologia fluvial, geologia e vegetação ou cobertura vegetal entre outros processos das quais possam sofre danos ambientais. Em relação a geomorfologia fluvial, segundo Christofoletti (1980): “...a Geomorfologia Fluvial engloba o estudo dos cursos de água, detém os processos fluviais e nas formas resultantes do escoamento das águas e o das bacias hidrográficas, onde considera as principais características das bacias hidrográficas que condicionam o regime hidrológico. Essas características ligam-se aos aspectos geológicos, às formas de relevo, e aos processos geomorfológicos, às características hidrológicas e climáticas, à biota e à ocupação do solo.” Nos últimos três séculos, as atividades humanas têm aumentado a sua influência sobre as bacias e sub-bacias de drenagem. Hoje, há grande interesse no homem como agente geomorfológico onde ressaltam dois gruposde mudanças fluviais induzidas pelo homem. O primeiro grupo se refere a modificações ocorridas diretamente no canal fluvial para controlar as vazões (armazenamento das águas em reservatório ou desvio de águas) ou para alterar a forma do canal, imposta pelas obras de engenharia, visando à estabilização das margens, atenuar os efeitos de enchentes, inundações, erosão ou deposição de material. O segundo grupo relaciona-se às mudanças fluviais indiretas que resultam das atividades humanas, realizadas fora da área dos canais, mas que modificam o comportamento da descarga e da carga sólida do rio. Tais atividades estendem-se para a bacia hidrográfica e estão ligadas ao uso da terra, como a remoções da vegetação, 14 desmatamento, emprego de práticas agrícolas indevidas, construção de prédios e urbanização. O aproveitamento das águas fluviais, como o fechamento de um rio para a formação do reservatório ou barragens, está associado a uma série de alterações fluviais, em especial na dinâmica fluvial. Esses impactos no canal fluvial são, na maioria, fenômenos localizados que ocasionam efeitos em cadeia, com reações muitas vezes irreversíveis. Em relação à geologia, tem-se como conceito a ciência da Terra, de seu arcabouço, da sua composição, de seus processos internos e externos e de sua evolução. O campo de atividade da Geologia é, por conseguinte, a porção da terra constituída de rochas que, por sua vez, são as fontes de informações. A origem da maioria dos depósitos minerais está estritamente ligada aos movimentos da crosta terrestre e é explicada pela teoria conhecida por tectônica de placas. Durante a história geológica do planeta Terra, iniciada há 3,8 milhões de anos (idade dos registros geológicos mais antigos), vários episódios tectônicos e magmáticos de grande transcendência na configuração da superfície terrestre ocorreram e estão documentados nas rochas em todos os continentes. Como tais fenômenos produziram grandes transformações importantes nos seres vivos já existentes, incluindo episódios de extinções em massa, conseqüentemente produziram variações significativas no material geológico arquivado na crosta e, posteriormente decifrado pelos geólogos. As estatísticas demonstram que ao Brasil, confere a posição de maior detentor de reservas minerais no mundo e vem mantendo essa posição há alguns anos no quadro mundial das reservas minerais, onde destacamos a região do Quadrilátero Ferrífero no Estado de Minas Gerais. O Quadrilátero Ferrífero é uma região montanhosa de grande beleza natural, a qual apresentam concentrações econômicas de ouro que estão relacionados à evolução do Supergrupo Rios das Velhas e Supergrupo Minas, com evidência de hidrotermalismo associado. As minas de ouro, hoje em atividade, são subterrâneas com cerva de 1 a 3 km de profundidade, e lavram minérios primários com teores de 5 a 12 gramas da substância por tonelada de rocha. Desta destacam-se as minas localizadas em Nova Lima, Santa Bárbara e Barão de Cocais. Em relação à vegetação ou cobertura vegetal, denomina-se como um conjunto de plantas que cobre uma região apresentando uma estrutura, fisionomia e uma 15 composição que podem ser objetos de estudos. Varia bastante conforme o clima, a altitude e insolação, donde existirem tipos muito diversos como, por exemplo, cerrado caatinga e a floresta. 16 3- MATERIAIS E MÉTODOS 3.1- LOCALIZAÇÃO DA ÁREA Santa Bárbara localiza-se a 112km da capital mineira, Belo Horizonte, nas coordenadas geográficas de Lat. 20°03’18’’ S e Long. 43°35’25’’ W (SAD69), no limite dos municípios de Barão de Cocais, Caeté, Rio Acima, Itabirito, Ouro Preto, Mariana, São Gonçalo do Rio Abaixo e Rio Piracicaba, onde localiza-se a Bacia Hidrográfica do Córrego do Sitio que representa a área de estudo deste trabalho. Figura 04: Localização do município de Santa Bárbara e delimitação da área de estudo Conforme a Prefeitura Municipal de Santa Bárbara, a origem da cidade está ligada ao ciclo das minerações, sendo atribuído ao bandeirante Antônio da Silva Bueno sua fundação em 1704. Em homenagem à santa do dia, batizaram o rio encontrado de Ribeirão Santa Bárbara, ato próprio da tradição religiosa herdada dos reinóis e da observação empírica e dimensão observadora e perspicaz que marcavam a nomeação dos lugares devassados. Neste local encontraram ouro em grande quantidade, 17 construindo o arraial de Santo Antônio do Ribeiro de Santa Bárbara, onde toda uma população aventureira e ambiciosa desloca-se para a região. Muitos dos forasteiros chegam do nordeste emigrados da área açucareira. A economia do açúcar sofria concorrência de novas zonas fornecedoras de produtos tropicais ao mercado europeu, e o estado de estagnação e pobreza trouxe uma leva de homens em busca de tesouros nas Minas, onde encontrariam uma realidade totalmente nova. Das várias características que diferenciavam a sociedade açucareira da sociedade mineira, destaca-se a possibilidade de mobilidade social, quase inexistente no nordeste e relativamente fácil nas minas. No nordeste, uma pessoa sem terras dificilmente poderia adquirir prestígio e poder. Nos centros de mineração, ao contrário, qualquer aventureiro, desde que conseguisse uma boa lavra, poderia tornar-se importante. A sociedade mineira foi também à primeira sociedade formada no Brasil sem base econômica na grande propriedade agrícola; os locais de mineração tinham pequena extensão. Todavia, ambas as sociedades eram patriarcal e escravocrata. Os negros escravos, cujo valor atingiu, nas Minas, os preços equivalentes a um quilo de ouro, eram explorados ao máximo, sofrendo constante vigilância para impedir que se apoderassem do ouro extraído. O arraial prosperou rapidamente, logo sendo construídas as igrejas de Santo Antônio, das Mercês, do Rosário e do Bonfim, dentro do princípio sacral que norteava a vida dos mineradores. Mas as reservas de ouro de aluvião se esgotam em meados do século XVIII. Somente cem anos após, em 1861, é que a atividade de exploração do ouro é retomada. Desta vez são os ingleses que organizam a “Santa Bárbara Mining Company” e tentam explorar o metal no distrito de Piracicaba. O esforço não obtém resultados. Entretanto, com o decréscimo do rendimento das lavras, as áreas de plantação ganharam importância. Ao final do século XIX Santa Bárbara consolida a sua importância como município, um dos maiores do Estado, tendo renovado suas atividades econômicas. Sede de comarca, em 1878, contando com uma população de 47.200 habitantes, espalhados por onze distritos. Desenvolvem-se várias indústrias: tecidos, laticínios, vinhos, alimentos, além de produção agrícola tradicional como o cultivo do arroz, do feijão, do milho, cana-de-açúcar e do chá. No século XX, a partir da década de 50, novos rumos mudam a cidade: a expansão de grandes projetos siderúrgicos em municípios próximos ativa a exploração do minério de ferro, passando Santa Bárbara a produzir carvão vegetal e impulsionando a 18 silvicultura local. O início das atividades de mineração foi em maio de 1990, tendo se estendido até junho de 1998, além do período previamente esperado onde foram produzidos 5.000 kg de ouro neste período. O projeto gerou 280 empregos diretos e aproximadamente 800 indiretos, além de impostos para o estado e município A Mineração Itajobi Ltda é detentora de quase 980 ha de terreno, dos quais cerca de 1/3 do imóvel, são áreas destinadas a reservas florestais legais. As áreas trabalhadas no empreendimento correspondem a 10% do imóvel. Figura 05: Vista geral da Mineração Itajobi, município de Santa Bárbara 3.2- CARACTERÍSTICA DO AMBIENTE FÍSICO REGIONAL De acordo com a ECOS, empresa responsável pela elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e pela elaboração do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), ambos elaborados no anode 1989, podemos descrever as características do clima, a qualidade do ar, a geologia, a geomorfologia, o solo e recursos hídricos. 3.2.1- CLIMA O clima dominante é temperado e semi-úmido, com duas estações bem definidas: uma de chuva entre os meses de novembro e fevereiro, e outra seca entre maio e agosto. A precipitação pluviométrica anual é de 1520mm. 19 A temperatura média anual é de 20ºC, com máxima no verão de 34ºC e mínima no inverno de 6ºC. 3.2.2- QUALIDADE DO AR Eventualmente, a proximidade de estradas de terra e a circulação limitada, resultam na geração de poeiras, verificando ainda localmente, pequena poluição atmosférica advinda da produção de carvão vegetal, em pequenas carvoarias, que são dissipadas rapidamente pelos ventos da região. Os ventos predominantes, de acordo com os dados obtidos da Estação Meteorológica de João Monlevade, são oriundos de leste, proveniente de área pouco impactada na geração de poeiras e gases, mantendo pois, o ar relativamente puro quanto às concentrações de partículas e gases, e com suas características de ”background” regional preservadas. Nas proximidades das reservas naturais do Parque Nacional do Caraça, o ar é bastante puro, ajudado pelo fato da região ter tradição maior para agro- pecuária e extrativismo vegetal, possuindo poucas industrias poluidoras. 3.2.3- GEOLOGIA A geologia é caracterizada por rochas pré-cambrianas, constituídas predominantemente por metassedimentos e metavulcânicas. Mais de 90% da área em foco é ocupada por rochas do grupo Nova Lima, Supergrupo Rio das Velhas, cortadas por diques e sills, encobertas parcialmente pelo aluvião do Rio Conceição, na aba leste do anticlinal Conceição. A pequena parcela restante correspondente ao mesmo Supergrupo (Mapa 01). 20 21 3.2.4- GEOMORFOLOGIA A região é caracterizada por grandes desníveis, cujas altitudes variam de 720m a 2070m acima do nível do mar. A feição regional de maior altitude é o Maciço Catas Altas – Caraça, enquanto a de menor altitude é a planície do Rio Santa Bárbara. Os caracteres geomorfológicos são expressos sobretudo pela grande resistência à erosão das rochas itabiríticas e quartizíticas, as quais constituem as maiores serras da região, constrastantes com os peneplanos ondulados das áreas de xistos e filitos, onde a forma dos vales é bastante aberta. 3.2.5- SOLO Os solos predominantes da área em estudo, são de contato de afloramentos rochosos com latossolo vermelho e amarelado. 3.2.6- RECURSOS HÍDRICOS A rede hidrográfica é relativamente densa, sendo integrada pelo Rio Conceição e o Córrego do Sítio, situados na área de influência da mineração. O Córrego do Sítio apresenta condições favoráveis às diversificações de espécies e ao aumento do número de organismos, sem indícios de impactos negativos no meio aquático (Mapa 02). 22 23 3.3- METODOLOGIA Estudo referente à geologia, hidrografia, vegetação e topografia, foi analisado e feito uma interpretação de forma interativa, ou seja, foi feita uma correlação com os diversos aspectos geomorfológicos da região em estudo. As informações foram obtidas na AngloGold Brasil Ltda, através de imagens Ikonos (2002), Ortofotos (1989), mapas geológicos, EIA/RIMA e trabalhos de campo cujo objetivo era obter informações faltosas e comparar com os novos dados coletados. � Figura 06: Imagem Ikonos/2002 – Limite da Bacia do Córrego do Sítio � � � 24 Figura 07: Ortofoto/1989 – Limite da Bacia do Córrego do Sítio Após a conclusão das etapas de estudo e a construção da base cartográfica contendo, a delimitação da Bacia do Córrego do Sítio, mapas de geologia, drenagem e topografia, utilizaram-se as imagens Ikonos e ortofotos (Fig. 06 e 07), juntamente com a base cartográfica, como ponto de partida para iniciarem-se os trabalhos de campo. Através de fotos e mapeamento local, foi identificado e posteriormente modificado às transformações do meio físico na base cartográfica obtida anteriormente. A utilização da ferramenta do geoprocessamento possibilitou umas visões globais e circunstanciadas do ambiente, tornando o estudo mais fácil e preciso. Para isso utilizou softwares como MapInfo 6.5 para a construção de toda a base cartográfica e elaboração dos mapas; e o ER-Mapper 6.2 para o georreferenciamento das imagens Ikonos e Ortofotos. Como forma de comparação e identificação das transformações do meio físico no entorno da bacia do Córrego do Sítio, foram elaborados mapas de Uso e Ocupação do Solo para que, através destes mapas possa obter um resultado que comprovem os objetivos deste trabalho. 25 4- RESULTADOS Este trabalho consegue identificar três tipos diferentes de resultados baseados em três análises diferenciadas, sendo o trabalho em campo, interpretação de imagens através do Sensoriamento Remoto e Análise Espacial dos Dados adquiridos através da formulação de bases cartográficas e Banco de Dados. Através dos conhecimentos básicos de geografia e da realidade local, identificada durante os trabalhos em campo, identificamos que o assoreamento de córregos e rios, através da erosão de cavas, depósitos de bota-fora e cortes de estradas, sendo um impacto negativo de alta magnitude (Fig. 08). Para evitar tais impactos são adotadas medidas de revegetação. Os efluentes pluviais carregando sólidos em suspensão, são direcionados para uma barragem de contenção de finos, resguardando a qualidade dos recursos hídricos (Fig. 09). Figura 08: Processo erosivo ocasionado devido a chuvas Figura 09: Vista geral da barragem de contenção de finos 26 Com as fortes chuvas e a falta de revegetação das cavas, a quantidade de sedimento que escoa para os córregos formadores da bacia do Córrego do Sítio, conseqüentemente, acaba chegando à barragem de finos, ocasionando o assoreamento da montante da barragem (Fig 10). Figura 10: Assoreamento na montante da Barragem de contenção de finos Na porção mais a jusante da barragem, identificou-se uma grande área de pastagem com a presença de gados leiteiros e cavalos pertencentes a uma fazenda local da região (Fig. 11). 27 Figura 11: Solapamento das margens a jusante da Barragem de finos do Córrego do Sítio. Por se tratar de uma área de pastagem, a vegetação presente é de gramíneas e com poucas árvores que acabam ocasionando processos erosivos, solapamentos das margens, que são identificados em alguns pontos de curvatura do córrego. Através da interpretação de imagens possibilitou-se a elaboração do mapa de Uso e Ocupação do Solo, tendo como base a Ikonos (2002), permitindo uma melhor identificação de áreas construídas, representadas pelas fazendas locais; áreas plantadas, cujo cultivo em sua maioria é de café, capim e milho; área de solo exposto, que em sua maioria são áreas que estão sendo preparadas para plantio e cavas da mineração; campo ou área de pastagem, presença de gado leiteiro e cavalos; e por fim a área de mata que detém a maior parte de toda a área de estudo (Mapa 03). 28 � 29 Como forma de comparação e identificação das transformações do meio físico no entorno da bacia do Córrego do Sítio, foi elaborado um segundo mapa de Uso e Ocupação do Solo utilizando-se as mesmas técnicas de geoprocessamento mas diferenciando apenas nas imagens, pois nesta fase trocou-se a imagem Ikonos (2002) pela Ortofoto (1989) (Mapa 04). � 30 31 Fazendo uma comparação dos mapas de Uso e Ocupação do Solo, pode-se observar que a presença da Mineração Itajobi e de fazendas locais na bacia do Córrego do Sítio, interfere de forma positiva e negativa no meio físico. Comparando os dados obtidos através da análise do mapa de uso e ocupação do solo, podemos observar pelo gráfico,que a utilização do espaço geográfico naquela época, antes da implantação da mineração era mais bem distribuída principalmente quando deparamos com uma presença considerável de mata na região (Fig. 12). Figura 12 – Gráfico de representação do uso e ocupação do solo no ano de 1989 Já no ano de 2000, através da análise do mapa de usos e ocupação do solo e os dados obtidos em campo, podemos observar no gráfico ocorreu uma significativa diminuição da área de mata e o aparecimento de área de assoreamento que não era diagnosticada no ano de 1989. (Fig. 13) 32 Figura 13 – Gráfico de representação do uso e ocupação do solo no ano de 2000 Com relação à presença da mineração na região, destacam-se como pontos positivos às gerações de empregos diretos ou indiretos, geração de divisas para o Estado e município e desenvolvimento de novas tecnologias; como pontos negativos pode-se destacar o aumento de solo exposto, área onde se localiza as cavas das minas de céu aberto; assoreamento a montante da barragem de finos; a não revegetação das cavas nas proximidades da bacia do Córrego do Sítio e a abertura de novas estradas. Nas fazendas locais, por também interferirem de forma significativa no meio físico, destacam-se como pontos positivos à atividade agrícola, cultivo de milho, café, capim, mandioca e produção de leite e a geração de empregos diretos e indiretos. Já como pontos negativos à presença de áreas de solo exposto; o aumento de áreas de campo ou pastagem, na qual acaba interferindo nas margens dos córregos pertencentes à bacia ocasionando a erosão e solapamento nos pontos de curvatura e o esgoto doméstico que em sua maioria é lançado nos córregos sem que haja algum tipo de controle. 33 5- CONCLUSÕES A atividade mineraria gera muitas de riquezas logicamente para as companhias que as exploram e também para as comunidades em que se situam, seja sob a forma de empregos diretos e indiretos, arrecadação de impostos e divisas para o país principalmente no caso de exportações dos bens minerais. Os impactos ambientais são na maioria das vezes contornados, seja minimizando ou mesmo eliminando-os. Devido às características próprias de cada empreendimento, tais como o tipo de mineralização e o local onde se localiza, alguns impactos podem ser mais ou menos agressivos e devem ser tratados com enfoques diferentes, ou seja, se estiver próximo a um grande centro urbano deve-se adotar diferentes ações para a solução dos problemas, que pode ser diferente de outra localizada em região remota, longe de centros populosos. Como forma de prevenção e diminuição dos impactos ao meio ambiente na área de atuação das mineradoras sugere-se a revegetação das cavas (Fig. 14), cortes das estradas (Fig. 15) e pilhas de estéril (Fig. 16); criação de drenos das estradas; viveiro com capacidade de produção de mudas por ano suficientes para garantir a revegetação das áreas desmatadas e controle da qualidade da água. Figura 14: Revegetação das Cavas. 34 Figura 15: Revegetação dos cortes das estradas. Figura 16: Revegetação da Pilha de Estéril. Em relação às pequenas fazendas locais encontradas na área de estudo, as medidas mitigadoras das quais podem amenizar a erosão e solapamento das margens do Córrego do Sítio, seria realizar um programa de preservação das nascentes e as margens dos córregos pertencentes à bacia, realizando trabalhos de revegetação e criação de fossas sépticas para esgoto doméstico. Conclui-se então após a realização deste trabalho que o objetivo proposto foi alcançado, isto é, pode-se identificar, analisar e interpretar a relação dos fatores que interferem no meio ambiente utilizando a ferramenta do geoprocessamento, demonstrando 35 que o impacto da atividade mineradora traz aspectos positivos para a área de trabalho, bem como o seu entorno. Seria necessário um estudo mais aprofundado desta questão, bem como uma análise por outros profissionais das variáveis em questão, para o desenvolvimento de um diagnóstico ambiental multidisciplinar mais complexo e completo, visando a formulação de um plano de ação de revitalização das áreas atingidas negativamente pelas ações expostas ao longo deste estudo. 36 6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS �� XAVIER, H. Considerações sobre a percepção da paisagem geográfica. Caderno de Geografia. Belo Horizonte nº 6, v. 5, 1994 p. 21-26 �� ECOS. EIA/RIMA Projeto Córrego do Sítio, Santa Bárbara, MG. Mineração Itajobi Ltda. Maio, 1989. �� CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia. São Paulo, Edgard Blücher, 2ª. Ed., 1980. 188 p. �� GUERRA, A. T., GUERRA, A. J. T. Novo Dicionário Geológico-Geomorfológico. Rio de Janeiro. Bertrand Brasil, 1997. 652 p. �� GUERRA, A. T., CUNHA, S. B. Geomorfologia e Meio Ambiente. 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