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Lourdes Laryssa Melo da Costa Lôbo – Turma 09 UPE Garanhuns – Prática Médica V – Gastroenterologia 1 Inflamação do revestimento do estômago, as- sociada à lesão da mucosa gástrica. Caracterizada por presença de infiltrado leuco- citário inflamatório na mucosa gástrica, que pode ou não se associar a alterações endoscó- picas. Entidade histológica bem definida que, nor- malmente, é assintomática. Gastrite ≠ Dispepsia Helicobacter pylori é fator etiológico mais co- mum. Classificação de Sidney (endoscópica e histo- lógica); Aspectos morfológicos, topográficos e etioló- gicos; o Ramo topográfico: distribuição da gastrite (antro, corpo ou todo estômago). o Ramo morfológico: Gastrite aguda: geralmente, condição transi- tória. O diagnóstico baseia-se em um infil- trado inflamatório da mucosa predominan- temente de neutrófilos, sendo mínimo, se houver, o aumento de linfócitos e plasmóci- tos. Edema, erosões e hemorragia, são co- muns. Gastrite crônica: aumento de linfócitos e plasmócitos no interior da lâmina própria. A atividade da gastrite crônica é dada pelo in- filtrado de neutrófilos que pode acompa- nhá-la na lâmina própria, criptas gástricas e epitélio superficial. Formas especiais: variedade de entidades nas quais o epitélio ou o infiltrado inflama- tório tem um modelo reconhecido, com im- plicações clínicas ou patogênicas estabele- cidas, embora seja desconhecida a etiologia exata. Pode ser a manifestação gástrica de uma doença sistêmica. o Ramo etiológico: se houver (H. pylori, au- toimune etc.). Lourdes Laryssa Melo da Costa Lôbo – Turma 09 UPE Garanhuns – Prática Médica V – Gastroenterologia 2 Bacilo Gram-negativo secretor de urease (en- zima que converte a ureia em amônia, alcalini- zando o meio ambiente), que se adere à muco- sa gástrica. Incubação – 3 a 7 dias Duração de 3-4 semanas → evolução para gas- trite crônica Inicialmente afeta todo o estômago (pangastri- te aguda superficial). Pode ser totalmente assintomática ou se apre- sentar com dispepsia (dor epigástrica, náuseas e vômitos). Quadro clínico: dor epigástrica, plenitude pós-prandial, náuseas, vômitos, mal-estar, ce- faleia. Endoscopia: exantema, erosões, úlceras. Histopatológico: gastrite neutrofílica. Gastrite crônica leve: o Fenótipo mais comum; o Forma assintomática e sem repercussões clí- nicas no futuro. Gastrite antral crônica: o Associa-se à HIPERcloridria e à úlcera péptica (principalmente duodenal); o H. pylori danifica de forma seletiva células D do antro (somatostatina) → suprime o feed- back (-) deste hormônio sobre as células G (gastrina) → hipergastrinemia → estimula a secreção ácida do corpo e fundo gástrico (os quais se encontram livres de doença nesta forma de gastrite). Pangastrite crônica grave (atrófica) o Forma menos frequente; o Destruição e atrofia das glândulas oxínticas do corpo e fundo gástrico → HIPOcloridria; o Associa-se às úlceras gástricas, à metaplasia intestinal (lesão precursora do adenocarci- noma) e à hiperestimulação do tecido linfoi- de associado à mucosa, aumentando o risco de linfoma B de baixo grau (linfoma MALT do estômago). Em todas elas, o histopatológico revela gastrite linfocítica. Atrofia acentuada na área do estômago → bactéria perde seu nicho ecológico, formado pelas células mucosas, e desaparece. Lourdes Laryssa Melo da Costa Lôbo – Turma 09 UPE Garanhuns – Prática Médica V – Gastroenterologia 3 Antro – 1ª região acometida Distribuição no estômago → indicador do pa- drão de evolução da gastrite Geralmente assintomática Achado endoscópico: nodosidade antral (espe- cificidade 90%), enantema, erosão, úlceras. Evolução para gastrite atrófica e metaplasia intestinal → condições pré-malignas. Só pode ser estabelecido por biópsia gástrica; Não há correlação entre sintomas, aspecto endoscópico e gastrite no exame histológico. Histopatológico: especificidade e sensibilida- de. Múltiplos fragmentos de biópsias devem ser obtidos para explorar os diferentes comparti- mentos da mucosa. Recomendam-se, ao me- nos, 5 amostras: o Grande e pequena curvaturas do antro distal (mucosa mucossecretora); o Pequena curvatura na incisura angularis, na qual ocorrem principalmente as alterações atrófico-metaplásicas mais precocemente; o Paredes anterior e posterior do corpo proxi- mal (mucosa oxíntica). Erradicação do H. pylori. Tipo A: Gastrite atrófica autoimune – atrofia do corpo gástrico e preservação da mucosa antral e presença de anticorpo anti-cel parietal. Tipo B: Gastrite atrófica multifocal (H. pylori) – predominantemente antral sem a presença de anticorpo anti-cel parietal. Gastrite crônica restrita a mucosa fúndica, ca- racterizada pela atrofia intensa e difusa das glândulas cloridropépticas; Doença hereditária autossômica dominante; Presença de anticorpos anti-célula parietal (mais frequente) e anti-fator intrínseco (mais específico); Evolução para anemia perniciosa em 15-20% Coexiste com outras doenças autoimunes (Ti- reoidite autoimune, Vitiligo, DM tipo I, Doença celíaca, LES, AR, Hepatite autoimune, doença de Graves). Importante fator de risco para adenocarcinoma gástrico. Manifestações: Anemia, Pólipos gástricos (hi- perplásicos), ↑ risco de neoplasia gástrica (car- cinoides, adenocarcinoma). Anemia perniciosa: anemia macrocítica associ- ada com níveis baixos de cobalamina e gastrite atrófica de fundo/corpo, na presença de anti- corpo anticélula parietal e anti-fator intrínseco. Sintomas: Fraqueza, palpitações, parestesia, anormalidades neuropsiquiátricas, anemia ou pancitopenia. Tratamento: Suplementação de ferro e vitami- na B12; Erradicação de H. pylori se presente; Seguimento endoscópico a cada 3 anos. O antro é quase sempre envolvido; Lourdes Laryssa Melo da Costa Lôbo – Turma 09 UPE Garanhuns – Prática Médica V – Gastroenterologia 4 A atrofia geralmente inicia na incisura angula- ris, podendo progredir para o antro e corpo; Em 20% - atrofia subtotal de corpo, metaplasia multifocal → ↑ risco de câncer gástrico Diagnóstico: EDA com biópsias (dificuldades devido a migração da bactéria para o corpo. Erradicação está indicada. ZARTEKA, S.; EISIG, J. N. Tratado de gastroenterologia: da graduação à pós-graduação. 2ª ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2016. JAMESON, J. L. et al. Medicina interna de Harrison. 20ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2020.