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RICARDO C. ALVES FERREIRA
METODOLOGIA DO ENSINO DE FUTEBOL E FUTSAL
Tanto o futebol quanto o futsal têm forte apelo 
na sociedade brasileira e possuem vínculos com 
aspectos culturais. Poucas manifestações artísticas 
e esportivas representam tão bem a cultura 
brasileira como esses esportes, que possuem 
estilos próprios e personificam o estereótipo 
do brasileiro. Com o tempo, eles evoluíram e 
ganharam proporção de espetáculo, movimentando 
muito dinheiro e interesses às vezes escusos, 
mas, mesmo assim, sem perderem sua força de 
encantamento junto aos jovens e às crianças. 
 
Nesta obra, são levantadas questões importantes 
para o desenvolvimento do jovem nessas 
modalidades, como aspectos pedagógicos 
e metodológicos aplicados ao futebol e ao 
futsal, abordando os meios de potencializar a 
aprendizagem técnica, tática, física e psicológica, 
além de apresentar as particularidades do 
processo de crescimento e maturação, as regras, 
as leis e os direitos que regem os esportes. Tudo 
isso sem se desconectar de uma visão holística, 
pautada no entendimento de que o futebol e o 
futsal são construídos sob relações humanas e 
aliados à força atrativa que o esporte tem para 
ser utilizado como ferramenta de educação e de 
construção de valores de cidadania. 
 
O objetivo desta obra é oferecer informações e 
induzir reflexões para que o leitor consiga, por 
meio do senso crítico, encontrar soluções para 
os diversos desafios que emergirem durante sua 
caminhada como educador-treinador.
Código Logístico
59520
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6667-4
9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 6 7 4
Metodologia do ensino 
de futebol e futsal 
Ricardo C. Alves Ferreira
IESDE BRASIL
2020
© 2020 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: EnvatoElements
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
F443m
Ferreira, Ricardo C. Alves
Metodologia do ensino de futebol e futsal / Ricardo C. Alves Ferreira. - 
1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2020. 
128p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6667-4
 1. Futebol - Esporte. 2. Futsal - Esporte. 3. Educação física - 
Estudo e ensino. 4. Professores de educação física - Formação. 5. Prática de 
ensino. I. Título..
20-64482 CDD: 796.3348071
CDU: 796.33(07)
Ricardo C. Alves 
Ferreira
Doutorando em Ciências do Movimento Humano pela 
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Mestre 
em Engenharia Biomédica, com foco em fisiologia 
do exercício, e graduado em Educação Física pela 
Universidade do Vale do Paraíba (Univap). Professor no 
ensino superior, ministrando as disciplinas de Futebol 
e Futsal, Aprendizagem e Desenvolvimento Motor, 
Fisiologia do Exercício, Biomecânica e Educação Física 
Adaptada e Atividade Física em Condições Especiais. É 
preparador físico e fisiologista em equipes de futebol 
profissional, com experiência no Brasil e no exterior.
SUMÁRIO
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
meio de QR codes (códigos de barras) presentes 
no início de cada seção de capítulo.
Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
para o QR code.
Em alguns dispositivos é necessário ter instalado 
um leitor de QR code, que pode ser adquirido 
gratuitamente em lojas de aplicativos.
Vídeos
em QR code!
SUMÁRIO
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
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1 A história do futebol e do futsal 9
1.1 Origem e evolução do futebol 10
1.2 Futebol no mundo 12
1.3 Futebol no Brasil 16
1.4 Aspectos socioculturais 19
1.5 Origem e evolução do futsal 20
2 O ensino de futebol e de futsal 24
2.1 Reflexões acerca da formação do professor 25
2.2 Ambiente de aprendizagem 27
2.3 Métodos de ensino 29
2.4 Abordagens pedagógicas 32
2.5 Pedagogia dos jogos 35
2.6 Iniciação esportiva e capacidades motoras 37
3 Fundamentos técnicos do futebol e do futsal 41
3.1 Passe 42
3.2 Domínio 43
3.3 Condução 44
3.4 Drible 45
3.5 Chute 46
3.6 Cabeceio 48
3.7 Ações do goleiro 49
3.8 Relação jogador-bola 50
4 Princípios táticos do jogo 53
4.1 Modelo de jogo 54
4.2 Momentos do jogo 55
4.3 Princípios de jogo 58
4.4 Funções e posições no futebol 60
4.5 Sistemas táticos no futebol 61
4.6 Funções e posições no futsal 63
4.7 Sistemas táticos no futsal 64
5 Fisiologia e preparação física 69
5.1 Demandas fisiológicas 70
5.2 Treinamento do jovem 76
5.3 Jogos condicionantes 81
5.4 Avaliações físicas e controle de treinamento 83
6 A regra do jogo 89
6.1 Regras do futebol 89
6.2 Adaptações para categorias de base no futebol 97
6.3 Regras do futsal 99
6.4 Adaptações para categorias de base no futsal 103
7 Futebol e futsal na escola: currículo, desafios e possibilidades 106
7.1 Papel do professor 107
7.2 Currículo de formação 110
7.3 Entendendo o contexto escolar 117
7.4 Planejando a aula 118
7.5 Futebol e futsal como ferramentas de desenvolvimento humano 122
Gabarito 125
Tanto o futebol quanto o futsal têm forte apelo na sociedade brasileira e 
possuem vínculos com aspectos culturais. Poucas manifestações artísticas e 
esportivas representam tão bem a cultura brasileira como esses esportes, que 
possuem estilos próprios e personificam o estereótipo do brasileiro. Com o 
tempo, eles evoluíram e ganharam proporção de espetáculo, movimentando 
muito dinheiro e interesses às vezes escusos, mas, mesmo assim, sem 
perderem sua força de encantamento junto aos jovens e às crianças. 
A sociedade também se modificou. As grandes áreas e o espaço fértil 
para a brincadeira informal perderam lugar para a urbanização, e o futebol 
aprendido em ruas, campinhos e vielas agora passa a ser responsabilidade de 
professores em escolinhas e outros ambientes formais. 
Nesta obra, são levantadas questões importantes para o desenvolvimento 
do jovem nas modalidades, como aspectos pedagógicos e metodológicos 
aplicados ao futebol e ao futsal, abordando os meios de potencializar a 
aprendizagem técnica, tática, física e psicológica, além de apresentar as 
particularidades do processo de crescimento e maturação, as regras, as leis 
e os direitos que regem os esportes. Tudo isso sem se desconectar de uma 
visão holística, pautada no entendimento de que o futebol e o futsal são 
construídos sob relações humanas e aliados à força atrativa que o esporte 
tem para ser utilizado como ferramenta de educação e de construção de 
valores de cidadania.
O objetivo desta obra é oferecer informações e induzir reflexões para que 
você consiga, por meio do senso crítico, encontrar soluções para os diversos 
desafios que emergirem durante sua caminhada como educador-treinador.
Bons estudos.
APRESENTAÇÃO
A história do futebol e do futsal 9
1
A história do futebol 
e do futsal
O futebol é, sem dúvida, um dos esportes mais praticados no 
mundo. Os números contabilizam algo em torno de 265 milhões 
de pessoas o praticando em todo o planeta – além dos adeptos, 
torcedores e admiradores mundo afora. Muito mais do que so-
mente uma mera atividade esportiva, esse esporte se tornou um 
fenômeno global que influencia costumes e hábitos. No Brasil, o 
futebol e o futsal invadem a vida cotidiana das pessoas, o que o 
aproxima muito mais de um conceito de dimensão cultural. Para 
perguntas como “o que você vai ser quando crescer?”, nãoé difícil 
escutar a resposta: “quero ser jogador(a) de futebol”.
Já reparou que usamos metáforas futebolísticas em nossas con-
versas quase a todo momento? Quando algo nos agrada, foi “show 
de bola”, se alguém foi desprezado, foi colocado “para escanteio”, 
a quase conquista de um objetivo significa que “bateu na trave”.
Tanta influência na vida das pessoas já justificaria tal curiosida-
de em entender melhor esse fenômeno e como atingiu tamanha 
magnitude. Mas compreender a importância dele como elemento 
e parte integrante de uma sociedade é um dos papéis do educa-
dor, já que um esporte com tanta força e relevância pode ser uti-
lizado como ferramenta de educação, proporcionando inclusão 
social, oportunidades, acesso à informação e assistencialismo.
De fato, não é só futebol, caso seja um apreciador da modali-
dade, você pode, de repente, ter várias informações a respeito do 
futebol moderno, mas você sabe como esse esporte começou? 
A partir de agora te convidamos a uma viagem na história pelas 
lentes do futebol.
1.1 Origem e evolução do futebol
Vídeo O esporte que conhecemos por futebol teve origem e se desenvol-
veu na Inglaterra no século XIV, porém versões alternativas do jogo 
podem ter existido muito antes, em locais distintos e distantes. As in-
formações sobre esses jogos com bola, ancestrais do futebol, são im-
precisas, mas eles existiram e são considerados parte fundamental da 
história do esporte.
Há grandes indícios de que o futebol tenha surgido na China, e 
evidências levam os historiadores a crer que um jogo praticado com 
gestos técnicos semelhantes ao que vemos no futebol de hoje era 
praticado durante a dinastia Han, cerca de dois séculos a.C. Em um 
espaço determinado e com gols nas duas extremidades, além de uma 
espécie de rede presa a dois postes de bambu, os chineses chutavam 
um objeto esférico feito de couro recheado com pele ou penas. Esse jogo 
era chamado de cuju, que significa chutar bola. A prática era comumente 
usada para treinamento militar (KITCHING, 2015, GOLDBLATT, 2007).
Alguns fatos também apontam para o Japão, mais precisamente em 
Kyoto, durante o período Asuka (500-700 a.C.). Os japoneses pratica-
vam um jogo conhecido como Kemari, que tinha algo ritualístico e ceri-
monial em seu conceito, e a ideia básica era chutar a bola para cima, 
fazendo com que os demais participantes precisassem golpeá-la sem-
pre para o alto.
Os povos romanos também praticavam jogos envolvendo diferentes 
tipos de bolas, por exemplo, um jogo chamado harpastum. Acredita-se 
que este possa ter sido adotado e adaptado de um jogo grego chamado 
episkyros, após o domínio Romano. Esses jogos, em particular, também 
são muito similares ao rúgbi, mas, ainda assim, eles representam formas 
ancestrais do futebol e, como o cuju na China, o harpastum parece estar 
bastante associado a treinamento e preparação militar.
Stray Toki/Shutterstock
Figura 1
Representação do Kemari em 
evento folclórico no Japão
10 Metodologia do ensino de futebol e futsal
https://academic.oup.com/hwj/search-results?f_Authors=Gavin+Kitching
A história do futebol e do futsal 11
A prática de golpear uma bola parece atrair o ser humano há 
muito tempo. Jogos contendo bolas estão presentes em quase todas 
as culturas antigas ao redor do mundo. Exemplos ocorrem nas velhas 
culturas mesoamericanas há mais de três mil anos, de acordo com 
achados transcritos em rochas. É interessante o fato de que esses 
povos tinham uma exclusividade na característica do jogo: a bola 
quicava. Isso ocorria porque somente eles tinham a borracha, típica 
das florestas indígenas tropicais.
O jogo tinha algo de ritual religioso e místico, fragmentos arqueo-
lógicos mostram que locais próprios para abrigar espectadores eram 
construídos, com uma espécie de arquibancada de pedras. A bola de 
borracha variava de tamanho, era movida entre uma linha central e 
golpeada por dois oponentes ou dois times que se utilizavam dos 
ombros, das canelas, dos quadris e das nádegas. Há vestígios de 
variações desses jogos mesoamericanos e imprecisões quanto aos 
rituais de sacrifício associados a eles, mas é possível, ainda, observar 
jogos muito similares nas culturas indígenas atuais (KITCHING, 2015; 
GOLDBLATT, 2007).
1.1.1 Futebol na Idade Média
Por volta do século IX, pessoas chutavam bolas feitas de bexiga de 
porco nas ruas como forma de diversão. Alguns séculos depois, joga-
dores possuíam algo mais similar a uma bola e o esporte era pratica-
do em áreas abertas de grande escala, como grandes áreas verdes ou 
em estradas. Entretanto, não havia nenhuma regra, eram permitidos, 
então, empurrões, socos e pontapés, e parte do jogo era extrema-
mente rude e violento. Com um número incontável de jogadores que 
tentavam chegar a determinadas áreas carregando a bola, frequente-
mente as partidas eram disputadas entre duas cidades ou vilas, com 
o objetivo de chegar aos limites da cidade – alternativamente, o jogo 
poderia ser dividido entre idade ou casados e solteiros. Um jogo pa-
recido chamado La Soule era, também, praticado aproximadamente 
nesse período e parece ter se disseminado na França.
Eventualmente, o jogo ficava extremamente violento, o que o tornava 
alvo de críticas. O Rei Edward III baniu o jogo em 1365 devido à sua extre-
ma violência e o Rei James I da Escócia o proibiu em 1424.
https://academic.oup.com/hwj/search-results?f_Authors=Gavin+Kitching
Um outro exemplo de jogo similar, praticado fora 
das áreas anglo-saxônicas e célticas, também con-
siderado como precursor do futebol, é o Gioco del 
Calcio. Era praticado no período medieval e início da 
era moderna em Florença, na Itália, até quase desa-
parecer – possivelmente banido na metade do século 
XVIII. Hoje, sobrevive somente como espetáculo para 
turistas. As regras desse jogo foram publicadas por 
Giovanni Bardi, em 1580.
1.2 Futebol no mundo
Vídeo O século XIX pode ser considerado um marco importante para o 
futebol, já que a prática do jogo de bola já era bastante popular por ser 
um modo comum de diversão entre o povo. Entretanto, era, de certa 
maneira, discriminado pela aristocracia que, até então, preferia o crí-
quete e o jóquei. Apesar da disseminação da prática, uma característica 
ainda permanecia: a falta de padronização do modo de jogar. Por um 
longo período, não era clara a distinção entre futebol e rúgbi, havendo 
muitas variações relacionadas ao tamanho da bola, ao número de joga-
dores por equipe, à dimensão do campo e ao tempo de duração.
O jogo era frequentemente praticado em escolas, as mais tradicio-
nais eram a Rugby e a Eton. Na Escola Rugby, por exemplo, as regras 
permitiam segurar e correr com a bola nas mãos, dando origem ao rú-
gbi que conhecemos hoje. Na Eton, em contrapartida, a bola era gol-
peada com os pés; assim, o jogo praticado nessa escola era chamado 
de the dribbling game, ou seja, o jogo de driblar. Enquanto o da Rugby 
era chamado de the running game, traduzido como o jogo de correr.
Em 1848, Charles Thring, estudante da Universidade de Cambridge, 
surgiu com a primeira tentativa de um código universal, as 
regras de Cambridge. Essa ação é considerada 
o momento crucial no desenvolvimento 
do futebol, com estudantes das várias 
escolas se unindo para criar um código 
que agradaria a todos. Entretanto, 
não foi fácil, pois, anos depois, 
Figura 3
Modelo de chuteira e bola 
utilizados no séc. XIX
BrBtBB/Shutterstock
12 Metodologia do ensino de futebol e futsal
Figura 2
Selo em que está impresso o jogo praticado em 1827
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A história do futebol e do futsal 13
cada uma das principais escolas – Eton, Harrow, Rugby, Westminster, 
Winchester, Marlborough e Charterhouse – continuava utilizando suas 
próprias versões do futebol. Até 1863, por exemplo, a prática de carregar 
a bola com as mãos ainda ocorria em várias escolas.
Figura 4
Pintura representando a prática que deu origem ao futebol
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om
m
on
s
Podemos perceber queas dimensões do campo não eram claras. Constantemente, os 
expectadores do lado de fora recolocavam a bola em jogo com os pés, não sendo possível 
estabelecer quem era jogador ou expectador.
O desenvolvimento inicial de regras ajudou a tornar o futebol um jogo 
menos violento e brutal. O estabelecimento de regras continuou ao longo 
dos anos, sem, até aquele momento, a definição do tamanho do campo. 
O número de jogadores era variado de acordo com o tamanho do campo, 
não havia uniformes para distinguir os jogadores de uma mesma equipe e 
era comum os jogadores usarem chapéus durante a prática.
Em 1867, os representantes dos onze clubes londrinos e 
universidades marcaram uma reunião na Taverna Freemason para 
discutir os princípios e os valores morais do jogo, nascendo, assim, a 
Football Association, ou Associação do Futebol, primeira associação do 
que conhecemos hoje como futebol (AGOSTINO, 2011).
1.2.1 Profissionalismo
Em 1872, foi disputada a primeira Football Association Cup, conheci-
da como FA CUP, uma tradicional competição atualmente. Pelas regras 
da Associação de Futebol, os jogadores teriam que continuar sendo 
Era possível observar uma 
interessante diferença de estilos 
naquela época: enquanto as 
equipes da Inglaterra preferiam 
correr para frente, verticalizando 
o jogo, os escoceses tinham 
um estilo de jogar priorizando 
a troca de passes entre os 
jogadores. Isso acontecia, talvez, 
pela forte influência do rúgbi na 
forma inglesa de jogar.
Curiosidade
14 Metodologia do ensino de futebol e futsal
amadores e seria proibida qualquer compensação financeira para jogar 
por qualquer time. Mas os jogadores se mostraram insatisfeitos com o 
fato de terem que trabalhar em fábricas e ainda treinarem, enquanto os 
clubes cobravam ingressos para os expectadores assistirem às partidas.
A popularidade do esporte continuou aumentando e o número de 
expectadores também. A partir desse momento, os clubes passaram 
a pagar por seus jogadores. Para atrair mais público e conquistas, 
donos das equipes – muitas delas atreladas a fábricas – contratavam 
jogadores de outras regiões, iniciando, assim, a caracterização da 
profissionalização do futebol.
A Federação Internacional de Futebol (FIFA) foi fundada em 1904 
e sua ata de fundação contou com signatários de representantes da 
França, da Bélgica, da Dinamarca, dos Países Baixos, da Espanha, da 
Suécia e da Suíça. A Inglaterra e os outros países britânicos não se 
juntaram ao grupo no início, pois diziam que, como eles inventaram o 
jogo, não faria sentido serem subordinados a nenhuma associação. Os 
britânicos passaram a participar da associação no ano seguinte.
No início do século XX, vários países já tinham suas ligas domésti-
cas formadas e, em 1930, a FIFA organizou seu primeiro campeonato 
mundial de seleções, a primeira Copa do Mundo. Essa competição foi 
realizada no Uruguai, escolhido para comemorar o centenário da sua 
constituição. Após esse ano, o torneio mais importante de futebol, que 
até então ocorriam nos Jogos Olímpicos, passou a ser na Copa. As ligas 
domésticas se estabeleceram e aumentaram o número de participan-
tes, obrigando a criação de segundas e terceiras divisões.
Em 1991, a primeira Copa do Mundo para mulheres foi organizada 
com sede na China e, desde então, a cada quatro anos o evento acon-
tece, assim como na categoria masculina.
1.2.2 Globalização
As confederações surgiram para diferentes continentes, a criação delas 
fomentou a profissionalização e fortaleceu o esporte. A Confederação 
Sul-Americana de Futebol (Conmebol), entidade que rege o futebol 
sul-americano e é responsável por organizar as competições eliminatórias 
da Copa do Mundo da América do Sul, foi criada em 1916. Em junho de 
1954, surgiu a União das Associações Europeias de Futebol (UEFA). No 
mesmo ano, foi criada a Confederação Asiática de Futebol (AFC). Já em 
Figura 5
Linha do tempo com a 
inserção de algumas das 
regras do futebol moderno 
Fonte: Elaborada com base em FIFA, 2017; 
FIFA, 2020a; FIFA, 2020b
1871
Inserção do pênalti 
no jogo.
1909
Diferenciação do 
goleiro, que passa a 
usar cores diferentes 
dos demais jogadores.
1970
Introdução dos 
cartões amarelo e 
vermelho na Copa.
1992
Proibição do uso das 
mãos pelo goleiro 
após um recuo.
1992
Punição para 
carrinhos por trás 
com cartão vermelho 
direto.
2018
Utilização do VAR 
(Video Assistant Referee) 
na Copa do Mundo 
da Rússia para lances 
duvidosos.
A história do futebol e do futsal 15
1957 e 1961 foram criadas, respectivamente, a Confederação Africana de 
Futebol (CAF) e a Confederação de Futebol da América do Norte, Central e 
Caribe (Concacaf). Um pouco mais tarde, em 1966, surgiu a Confederação 
de Futebol da Oceania (OFC).
No fim do século XIX, havia somente alguns clubes de futebol. Inglaterra 
e Escócia tinham os primeiros jogos de clubes se enfrentando por volta 
dos anos 1870, atualmente são mais de 211 países associados à FIFA.
Além disso, devido à globalização, houve um grande aumento de 
países que participam das eliminatórias classificatórias para a Copa do 
Mundo; em 1934 eram 32 países e hoje são mais de 200 participantes.
Quadro 1
Copas do Mundo realizadas pela FIFA
ANO CAMPEÃO PLACAR VICE SEDE
1930 Uruguai 4 x 2 Argentina Uruguai
1934 Itália 2 x 1 Tchecoslováquia Itália
1938 Itália 4 x 2 Hungria França
1950 Uruguai 2 x 1 Brasil Brasil
1954 Alemanha Ocid. 3 x 2 Hungria Suíça
1958 Brasil 5 x 2 Suécia Suécia
1962 Brasil 3 x 1 Checoslováquia Chile
1966 Inglaterra 4 x 2 Alemanha Ocid. Inglaterra
1970 Brasil 4 x 1 Itália México
1974 Alemanha Ocid. 2 x 1 Países Baixos Alemanha Ocid.
1978 Argentina 3 x 1 Países Baixos Argentina
1982 Itália 3 x 1 Alemanha Ocid. Espanha
1986 Argentina 3 x 2 Alemanha Ocid. México
1990 Alemanha Ocid. 1 x 0 Argentina Itália
1994 Brasil 0 x 0 (3x2 nos pênaltis) Itália E.U.A.
1998 França 3 x 0 Brasil França
2002 Brasil 2 x 0 Alemanha Japão/Coreia do Sul
2006 Itália 1 x 1 (5x3 nos pênaltis) França Alemanha
2010 Espanha 1 x 0 Países Baixos África do Sul
2014 Alemanha 1 x 0 Argentina Brasil
2018 França 4 x 2 Croácia Rússia
Fonte: Elaborado pelo autor com base em FIFA, 2020c.
A partir da Copa de 1954, na Suíça, um marco selou o destino do fu-
tebol: a invenção da televisão. A transmissão dos jogos para oito países 
16 Metodologia do ensino de futebol e futsal
europeus colocava um fim no monopólio exercido pelo rádio. Em 1958, 
na Copa da Suécia, primeira vencida pelo Brasil, quase todos os países da 
Europa puderam acompanhar a transmissão ao vivo, enquanto outros 
continentes assistiam os jogos com aproximadamente um dia de atraso. 
Já em 1966, na Inglaterra, as redes de televisão começaram a 
pagar direitos de transmissão, já operando satélites artificiais que 
possibilitavam que os jogos ao vivo fossem vistos por dois bilhões de 
pessoas. Só a final entre Inglaterra e Alemanha mobilizou trinta e seis 
países e cerca de 400 milhões de telespectadores (AGOSTINO, 2011).
Daí em diante, fica ainda mais clara a projeção alcançada. Com 
maior interesse televisivo em transmitir jogos e mais marcas atraí-
das pelo crescente número de consumidores, o esporte alcança um 
patamar no qual os interesses esportivos se confundem com os co-
merciais. Isso fica evidente quando observamos o número de placas de 
patrocinadores espalhadas pelo campo, a quantidade de anúncios nas 
transmissões e nas camisas das equipes envolvidas, além das partidas 
sendo jogadas em horários que atendam à grade televisiva.
1.3 Futebol no Brasil
Vídeo Você sabe quem foi Charles Miller? Ao mencionar a origem do fute-
bol no Brasil, o grande expoente é, sem dúvida alguma, Charles Miller, 
figura conhecida quando se trata do assunto.
Segundo Agostino (2011), diferentemente do que você possa 
imaginar, o futebol já era jogado aqui no Brasil antes da icônica 
chegada de Charles Miller ao porto de Santos. Assim como em outras 
cidades pelo mundo (Buenos Aires, Rio de Janeiro, Gênova, Hamburgo), 
a disseminação do futebolse deu pelos próprios ingleses comerciantes, 
engenheiros de estradas de ferro, instaladores de linhas de telégrafo, 
estudantes ou educadores, e marinheiros ou soldados. Todos eram 
jogadores em potencial, fazendo demonstrações do jogo em cidades 
portuárias.
No entanto, um marco para a disseminação do esporte foi o 
entusiasmo de Charles Miller, quem apresentou a modalidade de 
maneira organizada aos clubes esportivos da época. Por esse motivo é 
considerado por muitos o “pai” do futebol no Brasil. Nascido no Brasil e 
filho de um escocês e uma brasileira de origem inglesa, ele passou boa 
parte da sua infância e adolescência estudando na Inglaterra, e foi lá 
Recomendamos a 
minissérie The English 
Game, produzida pela 
Netflix. A história se passa 
na Inglaterra no final 
do séc. XIX e mostra a 
transformação do futebol 
junto aos dilemas da 
sociedade da época.
Direção: Tim Fywell. Inglaterra: 
Netflix, 2020.
Série
A história do futebol e do futsal 17
que aprendeu a jogar o recém-criado futebol moderno. Ao voltar para 
o Brasil, em 1894, para trabalhar em uma companhia de ferro, Miller 
trouxe consigo duas bolas, uma bomba para enchê-las, um apito e um 
livro de regras universais (OLIVEIRA, 2012).
Apesar de separados por muitas barreiras, trabalho e lazer se com-
pletavam, não sendo poucos aqueles que viam o último como uma 
compensação para os sacrifícios que o primeiro impunha. Outra rea-
lidade, também bastante significativa para a difusão do jogo, foi a sua 
promoção por meio das próprias companhias capitalistas, em muitos 
casos considerando o esporte um mecanismo de disciplina e desenvol-
vimento físico e moral dos trabalhadores (AGOSTINO, 2011).
O futebol parece estar totalmente integrado ao modo de viver do 
Brasileiro, a realidade é que a química do Brasileiro com o futebol, 
as interferências socioeconômicas e os atalhos encontrados para 
a prática do esporte criaram um enredo próprio. (CARVALHO, 
2012, p. 311)
O brasileiro se adaptou ao modo de jogar, o “jeitinho brasileiro” ou 
futebol arte, como já ouvimos falar, nasceu de uma longa trajetória, 
influenciada pela corrente migratória e pelas colônias britânicas e fran-
cesas. Essa mistura de características proporcionou ao brasileiro seu 
estilo próprio, além da criatividade e da capacidade de improvisação. O 
Brasil é hoje o país com o maior número de títulos de Copa do Mundo 
e reconhecidamente uma das potências do esporte.
A Confederação Brasileira de Desportos (CBD) era a entidade res-
ponsável pelo futebol no Brasil. De 1933 até 1954, a competição 
principal era o Torneio Rio-São Paulo, que só era disputado 
por clubes desses estados. A partir de 1967, a competição pas-
sou a contar com a participação de clubes de outros estados, 
já com o nome de Torneio Roberto Gomes Pedrosa, ou 
“Robertão”. O primeiro Campeonato Brasileiro de 
Futebol, popularmente conhecido como Brasileirão, 
ocorreu em 1971. E, em 24 de setembro de 1979, foi criada a Confe-
deração Brasileira de Futebol (CBF) com a prerrogativa de garan-
tir a gestão independente do futebol brasileiro e das seleções 
brasileiras de futebol.
O futebol feminino, por sua vez, durante muito tempo foi 
marginalizado e alvo de preconceito por 
conta das políticas nacionais. Em 1941, 
Figura 6
Pelé, considerado o Rei do 
Futebol
Bonkers/Wikimedia Commons
Roberto Gomes Pedrosa, nome 
dado ao antigo campeonato bra-
sileiro de clubes, foi um jogador 
de futebol que iniciou sua carrei-
ra no Botafogo, disputou a Copa 
do Mundo de 1934 pela Seleção 
Brasileira e, posteriormente, 
tornou-se um importante 
dirigente, ocupando o cargo de 
presidente da Federação Paulista 
de Futebol.
Curiosidade
18 Metodologia do ensino de futebol e futsal
foi assinado um decreto que proibia a prática esportiva alegando-se 
não ser condizente com a natureza feminina. Assim, as mulheres foram 
proibidas de participarem de modalidades como futebol, futsal, rúgbi, 
halterofilismo, lutas e etc.; esse decreto foi revogado somente em 1979 
(BASTOS; NAVARRO, 2009).
A inserção da mulher no futebol e no futsal encontra forte relação 
com os espaços e papéis conquistados na sociedade, por meio da des-
construção, ainda que pequena, da imagem do futebol como sendo um 
esporte somente para homens. Hoje, após muito custo e luta, o futebol 
feminino vem ganhando uma projeção importante, tendo sido criados 
torneios nacionais e ligas. Estimulados pelas federações, os tradicionais 
clubes passaram a contar com equipes de mulheres e dispor de cam-
peonatos organizados pela CBF, transmitidos por emissoras televisivas. 
A ideia é de massificar o esporte e desconstruir preconceitos, atraindo 
mais praticantes, potencializando, assim, o desenvolvimento das atletas.
Quadro 2
Campeonatos organizados pela CBF
Masculino Feminino
Campeonato Brasileiro (Séries A, 
B, C, D)
Copa do Brasil
Copa do Nordeste
Copa Verde
Super Copa do Brasil
Campeonato Brasileiro – Série A1
Campeonato Brasileiro – Série A2
Copa do Brasil
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Futebol..., 2020.
A partir de 2010, a CBF passou a reconhecer os campeões dos tor-
neios disputados entre 1959 e 1970 – o conhecido “Robertão” – com 
títulos de campeão brasileiro.
O futebol brasileiro é marcado pelo forte equilíbrio na disputa pelo 
título de campeão, enquanto em outras partes do mundo os vence-
dores se limitam a três ou quatro equipes que se revezam historica-
mente. No Brasil, dezessete clubes já ganharam o título da principal 
competição nacional, o Campeonato Brasileiro.
O livro Vencer ou morrer: futebol, 
geopolítica e identidade nacional 
mergulha profundamente nos 
aspectos sociopolíticos que 
envolveram o futebol ao longo de 
sua história, as relações internas 
entre o Estado e a bola e a paixão 
do torcedor como instrumento de 
interesses pessoais. 
AGOSTINO, G. Rio de Janeiro: 
FAPERJ: 2. ed.: Mauad, 2011.
Livro
A história do futebol e do futsal 19
1.4 Aspectos socioculturais
Vídeo Assim como na Inglaterra, o futebol que antes era praticado de ma-
neira bastante informal passou a ganhar espaço nos clubes elitistas. 
Com o objetivo de impedir o acesso das classes sociais menos favore-
cidas, os primeiros torneios disputados não contavam com a partici-
pação da classe operária, os clubes estabeleciam rígidas demarcações 
sociais e os colégios onde se praticavam o esporte só aceitavam o perfil 
de estudantes da alta sociedade paulistana (CARVALHO, 2012).
Os principais times eram formados por profissionais liberais, ser-
vidores públicos e acadêmicos, e eram maioria nos campeonatos nos 
bairros elitistas. Os negros começaram a se apresentar na modalidade 
aos poucos até ganharem espaço. Isso começou a ocorrer somente em 
1923, por meio do clube Vasco da Gama, que tem origem popular e 
oportunizou a prática do esporte.
1.4.1 A Violência no futebol
O futebol possui uma capacidade incomum de unir povos, conectar 
culturas, romper idiomas e aproximar diferenças religiosas e étnicas. 
Entretanto, é importante ressaltar que esse mesmo futebol não está 
isento das mazelas da sociedade e tem sido marcado por demons-
trações de violência e vários tipos de intolerância ao longo do tempo. 
Relatos envolvendo a violência no futebol são tão antigos quanto as 
próprias regras (AGOSTINO, 2011).
Como um esporte com características tão democráticas e que 
transmite tanta alegria e paixão pode ser ao mesmo tempo tão violento? 
O futebol reflete uma microssociedade compreendida em uma sociedade 
maior, ou seja, ele revela uma face escondida na própria pessoa inserida 
dentro dessa macrosociedade. Essa pessoa invariavelmente encontra 
refúgio em grupos de torcedores com os quais se identificam, para expor 
comportamentos de racismo, homofobia e misoginia. Assim também 
acontece em redes sociais, manifestações políticas e etc.
1.4.2 O marketing e o capitalismo
O futebol tornou-se um esporte de bilhões, clubes grandes arre-
cadam com patrocinadores, venda dos direitos federativos do atleta, 
exposição de suas marcas, direitosde imagem e venda de camisas e 
20 Metodologia do ensino de futebol e futsal
de ingressos. Dessa forma, contratam jogadores cada vez mais caros e 
pagam salários exorbitantes, recebendo, em troca, mais possibilidades 
de conquistas esportivas e maior retorno financeiro.
Com a transformação do futebol, agentes e empresários encontra-
ram a mina de ouro descobrindo potenciais talentos, cheios de sonhos, 
e depositando neles toda a expectativa de uma valorização e futura 
venda. Não é incomum, nesse meio, histórias nas categorias de base de 
jovens jogadores utilizados por investidores e especuladores que “cui-
dam dos atletas” e depois os vendem para faturar fabulosas quantias 
sem se importar com a formação humana dos jogadores.
Esse panorama reflete a realidade de poucos clubes e jogadores. A 
maior parcela da classe, na verdade, enfrenta duras realidades, com sa-
lários baixos e muitas vezes atrasados, pouca ou nenhuma infraestru-
tura, além de clubes que só disputam campeonatos estaduais. Ou seja, 
esses jogadores só têm seus empregos por quatro meses, demonstran-
do a imensa diferença na pirâmide socioeconômica, assim como ocorre 
em outros setores em nossa sociedade.
As brilhantes conquistas obtidas pelas seleções brasileiras ao longo 
da história exacerbaram o sentimento de amor pelo esporte e, junto 
a isso, a identificação com o estereótipo do jovem pobre que se torna 
um astro bem-sucedido – principalmente em um país com séria desi-
gualdade social. Os jogadores de futebol passam a ser ídolos e heróis 
de crianças e jovens. Estes veem no futebol a oportunidade de mudar 
de vida. Boa parte destes jovens, entretanto, não chega a se tornar pro-
fissional e muitos dos que se tornam não chegam nem perto de con-
quistar as fortunas dos craques dos grandes clubes. Sendo essa uma 
realidade que abrange menos de 5% dos atletas profissionais.
1.5 Origem e evolução do futsal
Vídeo Assim como em vários outros esportes, divergências existem 
com relação à história do futsal, porém podemos afirmar que é um 
jogo nascido na América do Sul. Na década de 1930, o futebol já era 
extremamente popular e amplamente massificado, sendo o esporte 
preferido em clubes e escolas.
No Uruguai, o professor de Educação Física Juan Carlos Ceriani 
adaptou o tradicional jogo de futebol para a sua realidade. Para jogar 
futebol, eram necessários 22 jogadores e um campo de dimensões 
O filme Boleiros, Era uma 
vez o futebol traz em seu 
enredo histórias caricatas 
do futebol do século 
passado contadas por um 
grupo de ex-jogadores 
nostálgicos.
Direção: Ugo Giorgetti. Brasil: Paris 
Filmes, 1998.
Filme
A história do futebol e do futsal 21
enormes, além dos fatores ambientais. Assim, para facilitar o jogo, ele 
foi adaptado a um ginásio desportivo, especificamente nas demarca-
ções da quadra de basquete do clube, utilizando traves do handebol.
As divergências surgem porque em um período bem próximo, na 
década de 1940, o Futebol de Salão passou a ser jogado no Brasil. O 
professor Habib Maphuz, de uma escola em São Paulo, também teve 
a ideia de adaptar sua aula de futebol para um espaço menor e com 
menos participantes, possibilitando a prática do esporte aos moldes 
possíveis. No Brasil, esse esporte se massificou rapidamente, e as esco-
las tiveram um grande papel nesse sentido. O país também foi o maior 
divulgador da modalidade, incentivando sua internacionalização.
Em 1965, o esporte já havia se difundido por toda a América do Sul, 
resultando na criação da Confederação Sul-Americana de Futebol de 
Salão, composta por Uruguai, Paraguai, Peru, Argentina e Brasil. Após 
sua vinculação à FIFA, em 1989, o futsal começou a ter grandes torneios 
organizados, permitindo que a modalidade alcançasse uma grande vi-
sibilidade mundial.
Mas qual é o nome correto, futsal ou futebol de salão? Bom, é im-
portante que saibamos que não estamos falando do mesmo esporte. 
Apesar de ser bastante comum usarmos os dois termos, o futsal teve 
sua origem no futebol de salão; inclusive seu nome é uma abreviação 
do esporte original.
Devido à sua enorme projeção e na tentativa de normatizar as 
regras do esporte que se praticava aqui na América do Sul com as do 
indoor soccer praticado na Europa, para torná-lo um esporte olímpico, 
as regras do futebol de salão se modificaram. Com isso, popularizou-se 
sem perder as referências do esporte original, surgindo, assim, o futsal.
Segundo Bastos e Navarro (2009), o futsal é o desporto que apre-
senta o maior número de equipes e de atletas, participantes dos jogos 
escolares em todas as suas categorias, inclusive com um grande cresci-
mento na área feminina. O desenvolvimento do futsal entre as mulheres 
cresce em todo planeta. A mídia especializada considera as jogadoras 
brasileiras as melhores do mundo, além de serem hexacampeãs do Tor-
neio Mundial de Futsal Feminino e da Copa América de Futsal Feminino.
1.5.1 Variações do futebol/futsal
O futebol e o futsal, apesar de não serem considerados esportes 
genuinamente brasileiros, ajudaram a fomentar modalidades coirmãs 
1969
Foi fundada a Confederação 
Sul-Americana de Futebol de 
Salão (CSAFS).
1971
Foi fundada a Federação 
Internacional de Futebol de Salão 
(Fifusa).
1985
Realizou-se, na Espanha, o 2º 
Campeonato Mundial de Futebol 
de Salão organizado pela Fifusa. 
Novamente o Brasil venceu.
1988
Diante das dificuldades da Fifusa 
e projetando um futuro melhor 
para o futebol de salão, ficou 
decidido que a FIFA passasse a 
comandar internacionalmente 
o esporte.
1989
Foi acordada a fusão FIFA/Fifusa 
e constituída, na FIFA, com 
previsão estatutária, a Comissão 
de Futsal.
1990
O Brasil desligou-se da Fifusa e 
passou a adotar as novas regras 
de jogo emanadas da FIFA.
1992
As Copas do Mundo de 
Futsal da FIFA passaram a 
ser realizadas de quatro em 
quatro anos, seguindo o 
mesmo modelo adotado para 
o futebol.
1982
No ginásio do Ibirapuera, em São 
Paulo, a Fifusa organizou o 1º 
Campeonato Mundial de Futebol 
de Salão, com a participação 
de Brasil, Argentina, Costa 
Rica, Checoslováquia, Uruguai, 
Colômbia, Paraguai, Itália, 
México, Holanda e Japão. O Brasil 
venceu a final contra o Paraguai 
por 1 a 0.
Figura 7
Linha do tempo de curiosi-
dades do esporte
Fonte: Elaborada pelo autor com base em O 
esporte..., 2020.
22 Metodologia do ensino de futebol e futsal
tipicamente brasileiras, que contaram com a criatividade e a improvi-
sação. Alguns desses esportes são muito praticados e já conquistaram 
projeção internacional.
 • Beach Soccer, ou futebol de areia: futebol, inicialmente praticado 
nas areias de Copacabana, que ganhou o mundo e hoje é um 
esporte olímpico.
 • Futevôlei: uma mistura interessante de futebol e vôlei amplamen-
te praticado nas cidades litorâneas brasileiras e que ultimamente 
vem ganhando espaço nas cidades, com locais construídos para 
sua prática.
 • Futebol society ou futebol de 5: praticado em grama sintética e 
bastante difundido nas cidades como forma de lazer, o futebol 
de 5 também é um esporte paraolímpico, jogado por cegos com 
uma bola com guizo.
 • Futmesa: modalidade que começou como recreação dos joga-
dores de futebol – durante momento de lazer no clube ou no 
vestiário antes de iniciar os treinos –, mas hoje já existem mesas 
próprias para sua prática.
Essas modalidades, além de outros jogos associados ao futebol, são 
comuns na nossa cultura e ajudam inclusive a abrir mercados alternativos. 
O freestyle, por exemplo, é o nome dado a arte de controlar a bola de ma-
neira livre, uma mistura de futebol com malabarismo que vem ganhando 
espaço em eventos esportivos, como demonstração e competição.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A história moderna do nosso país também pode ser contada por meio 
da evolução do futebol e do futsal. Ao aprofundar nossa visão histórica da 
modalidade, estamos também abrindo caminho para discutir os próximos 
rumos e o papel desses esportes como transformadores em uma socie-
dade moderna, tecnológica e mais individualista.O futebol está longe da neutralidade. Ele serviu, em diferentes contex-
tos, contra os poderes opressivos, e para ações revolucionárias. Desde sua 
origem, o esporte vem servindo para ideais nobres, como a paralisação de 
guerras civis, a luta a favor da liberdade e o combate à fome e ao racismo, 
mas também já serviu de ferramenta para ditadores e políticos oportunistas.
Portanto, contextualizar o futebol e o futsal dentro da sociedade 
possibilita aos educadores a criação de estratégias de utilização dessas 
modalidades de forte apelo cultural e aproximá-las de outras disciplinas e 
O livro O que é Futsal, de 
Silvia Vieira e Armando 
Freitas, traz um panora-
ma sobre a história da 
modalidade.
VIEIRA, S.; FREITAS, A. Santo André: 
Casa da Palavra, 2007.
Livro
A história do futebol e do futsal 23
áreas de conhecimento. Contar a história do mundo por meio do futebol, 
por exemplo, pode ser um meio de aproximar-se do educando. Ensinar 
geografia, sociologia ou matemática baseando-se na evolução do futebol 
pode parecer um impulso interessante.
ATIVIDADES
1. Estudar a história do futebol nos permite valorizar suas origens e 
manter seus valores. O futebol nasceu como um esporte lúdico e, 
como se vê, tornou-se uma grande indústria. Discuta essa ideia.
2. Apesar de ser um ambiente sempre recheado por machismo, hoje 
podemos ver mulheres na arbitragem e em competições nacionais 
organizadas pela CBF. Você acha que já podemos considerar que a 
mulher já conquistou seu espaço no país do futebol?
3. O futebol brasileiro é reconhecido por ser celeiro de craques, pois a cada 
geração temos um novo destaque chamando atenção dos grandes clubes 
europeus. Descreva esse fenômeno pelo viés sociocultural e histórico.
REFERÊNCIAS
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Janeiro: Mauad X, 2011.
BASTOS, P. V.; NAVARRO, A. C. O futsal feminino escolar. Revista Brasileira de Futsal e 
Futebol, São Paulo, v.1, n.2, p.144-162, 2009. 
CARVALHO J. E. Geopolitica: 150 anos de futebol. São Paulo: Ed. SESI-SP, 2012.
FIFA. London’s football history: Laws of the Game. FIFA, 2017. Disponível em: https://
www.fifa.com/the-best-fifa-football-awards/news/london-s-football-history-laws-of-the-
game-2902981. Acesso em: 21 maio 2020.
FIFA. From 1863 to the Present Day. FIFA, 2020a. Disponível em: https://origin.fifa.com/
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FIFA. History of the Laws of the Game - 1990-2000. FIFA, 2020b. Disponível em: https://
www.fifa.com/news/history-the-laws-the-game-1990-2000-435. Acesso em: 21 maio 2020.
FIFA. Archive. FIFA, 2020c. Disponível em: https://www.fifa.com/fifa-tournaments/archive/. 
Acesso em: 21 maio 2020.
FUTEBOL brasileiro. CBF, 2020. Disponível em: www.cbf.com.br/futebol-brasileiro. Acesso 
em: 21 maio 2020.
GOLDBLATT, D. The Ball is round: A Global History of Football. Ed Penguin UK, 2007.
KITCHING, G. Feature: modern sport: society and competition: the origins of football: 
history, ideology and the making of ‘the people’s game’. History Workshop Journal, v. 79, n. 
I, p. 127–153, 2015.
O ESPORTE da bola pesada que virou uma paixão. CBFS, 2020. Disponível em: https://www.
cbfs.com.br/futsal-origem. Acesso em: 21 maio 2020.
OLIVEIRA, A. F. Origem do futebol na Inglaterra no Brasil. Revista Brasileira de Futsal e 
Futebol, São Paulo, v.4, n.13, p.170-174, set./out./nov./dez. 2012. 
SARMENTO, C. E. A regra do jogo: uma história institucional da CBF. Rio de Janeiro: CPDOC, 
2006. 
24 Metodologia do ensino de futebol e futsal
2
O ensino de futebol 
e de futsal
A popularidade do futebol e do futsal é um fato facilmente 
observado em nosso país, onde escolinhas de futebol são muito 
comuns. O jogo de rua, antes aprendido de maneira natural 
e livre, é agora ensinado em espaços formais, seja em clubes 
representados pelas chamadas categorias de base, em instituições 
privadas (bastante comuns nos centros urbanos, geralmente com 
campos de grama sintética) ou em organizações públicas, escolas 
e secretarias de esportes. Dessa forma, o futebol de rua passa a 
ser mediado, surgindo a figura do professor-treinador, responsável 
por conduzir o ensino.
Nesse sentido, este capítulo pretende trazer reflexões acerca 
da importância desse professor-treinador na iniciação ao futebol e 
futsal e no seu ensino, assim como a relação com o ambiente que 
cerca esse indivíduo. Ciente da sua relevância, esse agente deve 
assumir protagonismo no processo de ensino-aprendizagem. O 
contrário disso significaria destinar ao acaso a plenitude da cons-
trução das habilidades esportivas.
Além disso, trataremos da importância da criação de ambientes 
favoráveis para que esse processo ocorra, a qual não se limita 
ao espaço físico, mas atinge todo entorno. Isso implica repensar 
a aula, pois cada aspecto se torna uma parte importante do 
todo nessa trajetória. O ensino de qualquer habilidade exige 
capacitação do profissional, mas esta é especialmente demandada 
dentro do ambiente esportivo, carregado de paradigmas e com 
forte ancoragem no empirismo, no qual a cobrança por resultados 
e o olhar competitivo precoce podem ser muitas vezes um grande 
empecilho para a formação. Por fim, discutiremos diferentes 
métodos de ensino, abordando os processos pedagógicos e a visão 
humanística, para que você domine o conteúdo e possa entender 
mais sobre como ensinar futebol e futsal.
O ensino de futebol e de futsal 25
2.1 Reflexões acerca da formação do professor
Vídeo Mundo afora, o Brasil sempre despertou atenção por sua 
capacidade de revelar talentos e praticar um futebol atrevido e 
criativo. Mas que fenômeno é esse? Será um dom? Há algo diferente 
no DNA do brasileiro que já nasce craque? Ao nos depararmos com 
uma criança talentosa com a bola nos pés, não é difícil escutarmos 
frases como: “esse já nasceu com o dom!” ou “esse é um goleador 
nato!”. Contudo, será mesmo que o inatismo tem tanta presença 
assim no talento?
Claro que questões genéticas podem interferir em vários fatores, 
por exemplo, quanto às capacidades físicas, o tipo de fibra muscular 
pode influenciar diretamente a capacidade de produção de força do 
indivíduo. Porém, o fator realmente determinante para a construção 
das habilidades é a interação com o ambiente. A criança aprende vi-
venciando e experimentando por meio da diversificação e da curiosida-
de e, de fato, o talento irá emergir das oportunidades oferecidas, pelo 
interacionismo.
De acordo com Reverdito, Scaglia e Paes (2009), é possível estabele-
cer uma diferença entre as visões inatista e interacionista:
Visão inatista
Traz a ideia de que o indivíduo já 
nasce com determinada habilidade; 
o talento está na sua herança gené-
tica e basta cuidar e esperar para 
que ele desabroche.
O talento é herdado.
Visão interacionista
O talento é fruto das relações com-
plexas entre o indivíduo e o am-
biente que o cerca. A pedagogia é 
baseada no planejamento de ações 
e na construção de tarefas que favo-
reçam o desenvolvimento.
O talento é construído.
Dessa forma, romper com antigas ideias e quebrar paradigmas do 
tipo “talento é genético” ou “está no sangue” é o primeiro passo para 
assumirmos as rédeas do ensino de qualidade, formando professores 
com visão ampla, que, em primeiro lugar, entendam o contexto em que 
estão inseridos (esporte educacional, especialização ou alto rendimen-
to), ou seja, para quem se está ensinando.
26 Metodologia do ensino de futebol e futsal
O ensino de futebol evoluiu de uma prática empírica, pautada nas 
crenças e nos padrões que se repetem, ou seja, o professor reproduz o 
que ele aprendeu com seu professor que, por sua vez, também repassou 
o que sabia da maneira que aprendeu quando jogava. Além disso, o fute-
bol pode não conduzir ao alto rendimento, mas, ainda assim, não deixa de 
ter importância na vida da pessoa. Ele pode trazer valores fundamentais 
para a construção de uma sociedade melhor, como respeito, cordialidade, 
companheirismo,resiliência, além de saúde e bem-estar. Essa visão torna 
a formação e a capacitação do professor-técnico imprescindíveis, conside-
rando que, em mãos erradas, o esporte pode ter esses valores invertidos, 
tornando-se indisciplina, raiva, impaciência e intolerância. Segundo Freire 
(1989), por si só, o esporte não possui somente valores positivos. Ele pode 
ser tudo, a grande questão é o que fazemos dele.
Assim, inevitavelmente, surgem relevantes questionamentos: es-
tamos ensinando bem o futebol? Respeitamos as fases de desenvol-
vimento e permitimos a natural capacidade criativa do jogador, ou 
estamos extrapolando as exigências e mecanizando o ensino? Estamos 
oportunizando a aprendizagem democraticamente ou privilegiamos os 
mais hábeis tecnicamente ou mais aptos fisicamente? Estamos ensi-
nando somente o esporte em si ou proporcionando uma educação in-
tegral, alicerçada nos valores éticos e morais para a construção de uma 
sociedade justa e com indivíduos mais bem preparados?
Com base nessas perguntas, temos os seguintes pilares do ensino 
do futebol (FREIRE, 1998):
O futebol é um jogo de decisões a serem tomadas 
a todo momento, então, o sucesso depende da 
capacidade de tomar decisões corretas e em curto 
espaço de tempo. Portanto, saber estimular a cria-
tividade e a autonomia do aluno é imprescindível. 
Ensinar 
bem 
futebol
Ao longo dos anos, o futebol tem permanecido 
um esporte machista e excludente: meninas são 
desencorajadas a jogar desde cedo e os mais gor-
dinhos ou menos habilidosos são alvo de chacota. 
Nesse sentido, quebrar as barreiras e inserir todos 
de maneira democrática, independentemente de 
limitações físicas ou cognitivas, é um dos pilares 
do ensino de futebol. Para ensinar bem e a todos, 
a escola ideal não deve tratar igualmente pessoas 
diferentes que têm necessidades diferentes, as 
quais devem ser respeitadas. Enfim, ela deve tra-
tar a todos com respeito.
(Continua)
Ensinar 
bem 
futebol 
a todos
empirismo: visão que propõe 
todo conhecimento como 
proveniente unicamente da 
experiência, limitando-se ao 
que pode ser captado do mundo 
externo por meio dos sentidos.
Glossário
O ensino de futebol e de futsal 27
O professor-técnico deve estar alinhado às práti-
cas pedagógicas esportivas e, ao mesmo tempo, 
não deve esquecer que o futebol, pela sua força 
sociocultural, tem papel preponderante na educa-
ção e formação humana.
Ensinar 
mais do 
que futebol 
a todos
Em modalidades como o futebol e o futsal, caracterizadas pela im-
previsibilidade, mecanizar o ensino parece ser pouco útil. Devemos re-
pensar no método muito além do oferecimento de respostas prontas, 
de modo que possamos fazer as perguntas corretas e os alunos sejam 
capazes de construir suas respostas. O talento esportivo, assim como o 
talento em qualquer área, surge da qualidade e quantidade de estímu-
los oferecidos, portanto, a responsabilidade do professor de potencia-
lizar e otimizar o tempo do aluno em cada aula é crucial.
Sugerimos a leitura do li-
vro Fora de Série – Outliers, 
de Malcolm Gladwell. O 
autor descreve, em dife-
rentes capítulos, histórias 
que reforçam que o 
talento surge do ambien-
te onde o indivíduo está 
inserido e da quantidade 
de horas aplicadas para 
a construção de tal 
habilidade.
Rio de Janeiro: Sextante, 2008.
Livro
2.2 Ambiente de aprendizagem
Vídeo Os ambientes de aprendizagem mudaram bastante com a moderniza-
ção dos centros urbanos. Antes, o futebol era aprendido naturalmente e 
em ambientes informais, jogado em campinhos improvisados, em espa-
ços de dimensões e formas geométricas diversas, em pisos que poderiam 
ser de grama, areia, terra, asfalto ou lama. Também eram comuns traves 
feitas com pedaços de madeira, garrafas ou improvisadas com chinelos, e 
as bolas eram dos mais diversos tamanhos, pesos e materiais.
E quanto aos colegas e adversários? Também eram os mais diver-
sos: o time da rua debaixo, a turma da outra escola, os garotos de todas 
as idades etc. Às vezes o tempo era marcado no relógio, às vezes o jogo 
ia até escurecer o dia. O número de jogadores então... indefinido! Ou 
seja, as regras eram adaptáveis.
Perceba que, muito mais do que um retrato do Brasil de outrora, 
estamos destacando a quantidade de cenários possíveis e evidencian-
do a imprevisibilidade característica na qual o jogo era aprendido. 
Todas essas nuances auxiliaram a construir o nosso estilo de jogar, 
a melhorar a relação jogador-bola, a adaptar-nos constantemente a 
novas condições todos os dias. Esses cenários cotidianos ensinaram 
nossos maiores craques e os deram competências genuinamente 
brasileiras, como a versatilidade e destreza para um drible, o caráter 
28 Metodologia do ensino de futebol e futsal
improvisado. A diversificação dos ambientes proporcionou de modo 
natural a esses indivíduos a essência do jogo de futebol: a imprevisi-
bilidade (MACHADO et al., 2018).
Atualmente, os cenários são outros em grande parte do país. A vida 
urbana e cosmopolita se expandiu, os ambientes informais imergiram 
e hoje é mais comum o futebol ser ensinado em locais próprios para 
isso, como em clubes, escolas etc. E o ambiente, que antes era o princi-
pal mediador da construção das habilidades, foi substituído pela figura 
do treinador. Se já não temos o ambiente imprevisível que exigia que o 
indivíduo se adaptasse rapidamente durante o jogo e que estimulava 
a capacidade criativa do jogador, agora, proporcionar essas competên-
cias passou a ser de responsabilidade do profissional envolvido com o 
ensino (SCAGLIA, 1996; BETTEGA et al., 2019).
Criar um ambiente de aprendizagem é, acima de tudo, oportunizar 
o ensino e oferecer aos alunos conteúdos pedagogicamente bem ela-
borados. É importante deixar claro que quando tratamos de ambiente 
de aprendizagem, não estamos falando somente das estruturas físicas, 
mas do contexto todo. Nesse sentido, a escola tem um papel funda-
mental e não deve se apoiar exclusivamente nos aspectos competiti-
vos, o que levaria a um caráter de exclusão.
2.2.1 O ambiente escolar
É sabido que nem todas as escolas possuem espaço adequado para 
a prática do futebol ou do futsal. O mais comum é que tenhamos à 
disposição uma quadra poliesportiva, nem sempre com dimensões 
oficiais, utilizada para diversas atividades escolares simultaneamente 
– o que proporcionaria maior dificuldade na criação desses cenários. 
Essa realidade comum reforça ainda mais a importância do professor-
-técnico, pois ele deve ser capaz de criar e proporcionar atividades 
nesse espaço, possibilitando uma melhor relação do aluno com a bola 
e instigando o gosto pela prática nos estudantes.
O professor-técnico deve estar atento para que o cenário que está 
construindo para a aula, ou sessão de treino, seja favorável à apren-
dizagem, visto que as habilidades são formadas em ambientes propí-
cios para seu desenvolvimento. Percebemos, então, que deve partir do 
professor a iniciativa de manipular o ambiente e contextualizá-lo para 
que seja possível atingir seu objetivo. Algumas ações que podem ser 
desenvolvidas por esse profissional são:
Na obra O Futsal e a 
Escola: uma Perspectiva 
Pedagógica, os auto-
res apresentam uma 
proposta pedagógica 
para o ensino do futsal, 
destacando o papel da 
escola junto ao esporte 
na construção de conhe-
cimentos sociais, culturais 
e psicológicos.
VOSER, R. C.; GIUSTI, J. G. M. 2. ed. 
Porto Alegre: Penso, 2015.
Livro
https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_ebooks_2?ie=UTF8&field-author=Jo%C3%A3o+Gilberto+M.+Giusti&text=Jo%C3%A3o+Gilberto+M.+Giusti&sort=relevancerank&search-alias=digital-text
O ensino de futebol e de futsal 29
Mostrar igualdade no respei-
to e no ensino dos valores.
Cuidar para que não haja ex-
clusão por sexo, idade, peso, 
altura ou habilidade prévia.
Formular aulas estimulantes 
e participativas.
Fazer atividades dinâmicas 
em que todos possam es-
tar ativos a todo momento.
Evitar uso de filas, pois isso 
tira o foco da criança e tor-
na o exercício chato.
Ter equidadeno ensino, con-
siderando que necessidades 
diferentes merecem aten-
ções distintas. 
De acordo com Galatti e Paes (2006), quando tratamos do esporte na 
educação física escolar, os propósitos devem estar claros e condizentes 
com os pressupostos pedagógicos da escola, como a formação do indi-
víduo em sua integralidade, adotando métodos cuja ênfase é propor a 
imprevisibilidade e os problemas a serem resolvidos pelos praticantes.
2.3 Métodos de ensino
Vídeo Até recentemente, na maioria dos locais onde a prática esportiva 
é constante (principalmente o futebol), o ensino estava baseado uni-
camente em uma prática voltada a técnicas do jogo, o que não ne-
cessariamente resultava em jogar bem. Hoje, a ciência do esporte é 
contundente em nos mostrar que o futebol e o futsal são modalidades 
de características peculiares, pois o jogo se desenvolve em um ambien-
te desprovido de previsibilidade.
O ensino ideal do esporte é aquele com pressupostos metodológi-
cos pautados em necessidades reais e com uma pedagogia que respei-
te seus praticantes quanto à sua faixa etária, suas motivações e seus 
interesses. Nesse sentido, a seguir, veremos alguns métodos de ensino 
e suas diferentes características.
2.3.1 Método analítico
Também conhecido como método por partes, o método analítico 
tem origem na ideia de ensinar as habilidades com base nos funda-
mentos de uma determinada modalidade e por meio da repetição dos 
exercícios, destinados à aprendizagem dos gestos separadamente do 
jogo formal. Ou seja, é um método que fragmenta o jogo em partes, 
treina cada uma isoladamente, para depois juntá-las ao final.
30 Metodologia do ensino de futebol e futsal
O modelo tem sido usado há bastante tempo no Brasil e parte da 
premissa de se eliminar os erros e se aprimorar os gestos. Com base 
em uma visão empirista, as escolas de esportes e os clubes frequente-
mente vêm ensinando futsal e futebol, assim como outros esportes co-
letivos, dessa maneira. Ele também pode ser chamado de mecanicista, 
porque, por exemplo, o fundamento de passe é treinado de maneira 
repetitiva, isolada e exaustivamente na tentativa de especializar o 
gesto.
Por um lado, a crítica a esse modelo está na ausência do próprio jogo, 
tornando algo que é prazeroso para as crianças e jovens em algo meca-
nizado e descontextualizado. Muitas das vezes, eles nem entendem o 
motivo das repetições. Por outro, esse modelo apresenta uma evolução 
mais rápida e visível de determinada técnica e, como 
o desempenho é perceptível nos resultados de jogos 
e torneios, crê-se que esse método é eficaz.
A Figura 1 ilustra uma característica bastante 
comum ao método analítico: o uso de equipamen-
tos que não fazem parte do jogo formal para trei-
nar determinadas habilidades ou ensinar técnicas 
específicas.
Algumas características do método analítico são:
Repetição excessiva 
de movimentos.
Foco na avaliação e correção 
de um gesto isolado.
Diminuição do caráter 
coletivo.
Desinteresse da criança.
Distanciamento das situações 
reais do jogo, como enfrenta-
mentos imprevisíveis.
Apartamento da técnica da 
tática e do físico.
Dessa forma, esse método preconiza o ensino e o aprimoramento 
dos fundamentos, como passe, domínio ou controle de bola, condução, 
drible, chutes e cabeceios, buscando desenvolvê-los sem oposição ou 
enfrentamentos. Geralmente, são usadas séries de exercícios, deter-
minadas pelo tempo ou número de repetições, feitas individualmente, 
em duplas ou utilizando colunas ou filas de jogadores, que realizam 
determinado gesto, um por vez. Um exemplo seria o treino de passe 
em dupla, no qual um indivíduo fica de frente para o outro em uma dis-
tância pré-determinada pelo professor tocando a bola alternadamente.
Figura 1
Prática mais técnica e afastada da situação de jogo
Se
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nt
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ou
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te
rs
to
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O ensino de futebol e de futsal 31
2.3.2 Método global
O método global, também conhecido como método do todo, consis-
te no ensino do esporte por meio de jogos de complexidade menor, 
mas ainda com vínculos e semelhanças situacionais ao jogo formal. 
Esse método preconiza o ensino das habilidades dentro do próprio 
jogo, criando tarefas específicas para ressaltar ou induzir determina-
do gesto. O método global tem se mostrado muito mais importante 
no processo formativo do indivíduo. Na questão motivacional, ele tem 
ampla vantagem, já que permite variar os tipos de jogos, tornando 
o ensino atrativo, além de permitir a imprevisibilidade característi-
ca do esporte. Além disso, oportuniza a criatividade e induz a to-
madas de decisão.
Para Garganta e Gréhaigne (1999) e Teoldo, Guilherme e 
Garganta (2015), o futebol, assim como os demais esportes 
coletivos, tem como característica a riqueza de situações im-
previsíveis. Durante o jogo, surgem tarefas motoras de 
grande complexidade para as quais não existe um mo-
delo de execução e resolução fixo. Nesse contexto, não 
há preocupação com a forma de execução, mas sim 
com o cumprimento da tarefa. Assim, não há jeito certo 
de fazer algo, contanto que seja feito. O futebol, por ser um jogo, deve 
ser aprendido como tal, ou seja, jogando. O ensino pautado na fragmen-
tação do jogo em partes exclui a relação espaço-jogador e jogador-bola 
e restringe drasticamente a eficiência do ensino (SCAGLIA et al., 2013).
Algumas características do método global são:
Motivante, 
pois jogar é 
divertido.
Participação de 
mais alunos ao 
mesmo tempo.
Semelhança 
com o jogo 
formal.
A imprevisibili-
dade estimula 
a criatividade 
e as decisões 
mais rápidas.
Segundo Garganta et al. (2003), o jogo de futebol tem por 
característica uma elevada versatilidade perceptiva, direcional 
e motora. Além disso, o desenvolvimento é condicionado por 
múltiplos fatores, como a movimentação dos colegas de equipe e 
dos adversários, os setores e espaços onde as ações acontecem, 
Figura 2
Treinamento técnico integrado 
ao jogo
FotokostFc/Shutterstock
Para entender um pouco 
mais sobre a pedagogia e 
os métodos baseados em 
jogos, sugerimos a obra 
Pedagogia do esporte: 
Jogos esportivos coletivos. 
Os autores discutem o 
papel dos jogos coletivos 
na Educação Física, com 
suas respectivas implica-
ções no desenvolvimento 
de crianças e jovens nos 
esportes coletivos.
NAVARRO, A. C.; ALMEIDA , 
R.; SANTANA, W. C. São Paulo: 
Phorte, 2015.
Livro
https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_ebooks_2?ie=UTF8&field-author=Roberto+de+Almeida&text=Roberto+de+Almeida&sort=relevancerank&search-alias=digital-text
32 Metodologia do ensino de futebol e futsal
a distância entre os alvos, a velocidade da bola e a sua trajetória 
etc. Isso tudo ainda muda de acordo com o momento do jogo 
(momento ofensivo ou defensivo). Por isso, o método de ensino deve 
contemplar a capacidade dos jovens em se organizarem e efetuarem 
ações conforme o que o momento do jogo solicita.
2.4 Abordagens pedagógicas
Vídeo As abordagens pedagógicas e os estilos de ensino 1 são norteado-
res no processo de aprendizagem e importantes no desenvolvimen-
to do trabalho do professor. A apropriação dessas teorias capacita 
esse profissional para que ele tenha discernimento no momento da 
elaboração de conteúdos, objetivos e estratégias da aula. A aborda-
gem do ensino do esporte na escola não pode estar limitada apenas 
à transmissão de técnicas e táticas, o que seria uma visão reduzida e 
fragmentada desse fenômeno.
O esporte não é educativo por si só – aliás, o futebol pode ter tudo: 
o bem ou o mal, a sapiência ou a ignorância, o inclusivo ou o exclusivo 
–, e o professor é o responsável por transformá-lo em um objeto de 
educação e transmissor de virtudes (GOULART, 2018). Para Paes (1998, 
p. 112),
o esporte é uma representação simbólica da vida, da natureza 
educacional, podendo promover no praticante modificações 
tanto na compreensão de valores como de costumes e modo 
de comportamento, interferindo no desenvolvimento individual, 
aproximando pessoas que têm, neste fenômeno, um meio para 
estabelecer e manterum melhor relacionamento social.
Portanto, o esporte na escola não pode ter como objetivo princi-
pal formar atletas, apesar de poder ser um efeito secundário, que não 
pode ser desprezado. O objetivo maior do esporte deve ser a expan-
são de suas inúmeras possibilidades de atividades formativas. Dessa 
forma, outras dimensões, além das esportivas, devem constar na pro-
posta pedagógica, como a atenção aos aspectos sociais, culturais, his-
tóricos, antropológicos etc. (FINCK, 2011).
Pessoas aprendem de maneiras diferentes, e cada uma traz consigo 
histórias e vivências distintas. Transmitir informações é algo complexo e 
as práticas bem-sucedidas de hoje não garantem o mesmo sucesso ama-
As abordagens são teorias apli-
cadas à pedagogia e os estilos 
ou linhas de ensino se referem a 
como o professor interage com 
o aprendiz.
1
O ensino de futebol e de futsal 33
nhã, e assim também funciona com turmas diferentes. Logo, uma única 
corrente não deve orientar a prática pedagógica, mas, sim, elementos de 
diversas linhas (GOULART, 2018).
Humanizar as relações e enxergar dentro das equipes e pessoas são 
um excelente início. Pessoas têm pontos de partidas diferentes e tra-
zem consigo heranças biológicas, ambientais e culturais distintas. Por-
tanto, um ambiente de ensino democrático é aquele que enxerga cada 
indivíduo como único em sua necessidade (FREIRE, 1989).
2.4.1 A classificação das abordagens pedagógicas
A classificação das abordagens pedagógicas varia na literatura. Po-
demos observar diversos modelos – algumas vezes, diferentes somen-
te na nomenclatura ou na descrição das características, dependendo 
do autor pesquisado. É importante entender esses conceitos, mais do 
que definir exatamente todos. Desse modo, apresentamos algumas 
abordagens possíveis, de acordo com Finck (2011) e Goulart (2018):
Saúde Renovada
É voltada à valorização da prá-
tica do exercício físico, contri-
buindo para uma conscienti-
zação da importância de um 
estilo de vida ativo e saudável.
Desenvolvimentista
Defende que, na fase funda-
mental do desenvolvimento 
motor, as crianças devem 
ser envolvidas na exploração 
e experimentação das suas 
capacidades motoras. A aula 
deve privilegiar a aprendiza-
gem motora, cognitiva e afe-
tiva de acordo com o nível 
de crescimento e desenvolvi-
mento do aluno.
Humanista
Caracteriza-se por valorizar o 
aluno e não a atividade. Os pro-
fessores ajudam a desenvolver 
atitudes positivas nos jovens 
com relação ao papel da ativida-
de em suas vidas, dando signifi-
cação e proporcionado momen-
tos de escolha e criatividade.
Construtivista
O jogo assume papel de conteú-
do e estratégia, sendo o princi-
pal meio de ensino. Ele deve ser 
utilizado em um ambiente praze-
roso para o praticante.
Crítico-Superadora
Sua finalidade é a transformação 
social, tendo os temas cultura 
corporal e visão histórica como 
parte fundamental e integrante 
dos conteúdos. Além disso, visa 
desenvolver o senso crítico e 
questionador do indivíduo, esti-
mulando sua compreensão de 
mundo.
34 Metodologia do ensino de futebol e futsal
O conhecimento das abordagens pedagógicas e dos estilos de en-
sino nos ajudam a nortear nosso caminho como professores e nos 
fazem refletir sobre a maneira que interagimos com os alunos e as 
possibilidades de potencializarmos a aprendizagem. É importante 
que o professor possua um repertório amplo de técnicas e estilos – 
trabalhando, principalmente, com turmas grandes e heterogêneas –, 
e que utilize várias linhas.
Quadro 1
Benefícios do planejamento estratégico
Recomendamos a leitura 
do livro A Educação Física 
e o esporte na escola: coti-
diano, saberes e formação, 
de Silvia Finck. O livro 
trata, de maneira bastante 
abrangente, os métodos e 
as abordagens de ensino.
FINCK, S. C. M. Curitiba: 
InterSaberes, 2012.
Livro
Estilos de ensino Filosofia
Exemplo com
treinamento de passe
Comandos
Centrada no professor, tradicional.
O aluno aprende conforme instrução, de-
monstração e tomada de decisão do pro-
fessor.
O professor explica, demonstra e espera 
que o aluno execute exatamente como foi 
demonstrado.
Tarefas
O aluno tem maior responsabilidade no pro-
cesso de aprendizagem.
O professor explica e demonstra, e o aluno 
pode, por exemplo, apresentar variações no 
posicionamento do tronco, do pé de apoio 
ou na velocidade de execução.
Avaliação recíproca
Altamente centrada no aluno.
O professor determina os objetivos e con-
teúdos e os alunos são incumbidos de parti-
cipar da aprendizagem uns dos outros.
O professor explica e demonstra, os alunos 
podem apresentar variações e o processo 
se dá por avaliação e feedbacks dos próprios 
colegas (trabalho em dupla, por exemplo).
Programação 
individualizada
Um número maior de decisões é transferido 
ao aprendiz.
O aluno pode assumir seu próprio ritmo.
Mostra respeito pelas individualidades.
O professor explica e demonstra vários mo-
dos de execução, com níveis de dificuldade 
diferentes, e o aluno executa aqueles de 
acordo com o seu grau de habilidade.
Descoberta orientada
ou descoberta guiada
O professor estabelece uma resposta pré-
-determinada e esperada para o problema. 
Então, faz perguntas considerando que elas 
produzam a necessidade da busca de alter-
nativas para a solução por parte dos alunos.
O professor separa pequenos grupos e os 
orienta sobre a tarefa, mas não especifica a 
forma de execução. Em alguns momentos, 
ele interrompe a prática e faz questiona-
mentos sobre o gesto, no sentido de esti-
mular que parta do aluno a descoberta da 
melhor forma.
Solução de problemas
O aluno é definitivamente o centro. Ele 
passa a ser o elemento ativo, formulando 
perguntas e buscando respostas. O 
professor seleciona o conteúdo e estimula 
a curiosidade.
A tarefa, o modo (movimentando ou para-
do), a formação (duplas, trios), a execução 
(pé direito ou esquerdo) etc. são criados 
pelos alunos. Após a sessão, o professor 
discute com eles, propondo como é possível 
melhorar.
Fonte: Adaptado pelo autor com base em Goulart, 2018.
O ensino de futebol e de futsal 35
Com base nas teorias pedagógicas tradicionais e na busca de uma 
estrutura que possa ser mais eficiente, surge como nova perspectiva a 
chamada Pedagogia Não-Linear (PNL). Para Machado et al. (2018), a PNL 
é representada em sua essência pelos jogos reduzidos e seu aspecto- 
-chave é a manipulação das tarefas, do ambiente e do indivíduo. Ela não 
segue uma construção linear de conhecimento, mas oferece ajustes 
para atender às necessidades do aluno. Também segundo os autores, 
essa visão é baseada nos princípios do futebol de rua.
No vídeo Ed Física Brasil 
entrevista - João Claudio 
Machado, o Prof. Dr. João 
Cláudio Machado, da 
Universidade Federal do 
Amazonas, fala sobre as 
novas abordagens pedagó-
gicas aplicadas ao futebol. 
Vale a pena conferir!
Disponível em: https://youtu.
be/7W4Gkv6yMK0. Acesso em: 15 
jun. 2020.
Vídeo
2.5 Pedagogia dos jogos
Vídeo Quando falamos de jogo, qual é a primeira coisa que vem à sua ca-
beça? Muita confusão é gerada com relação a essa definição. Quando o 
assunto é jogo, para muitas pessoas, a primeira ideia que surge é o re-
sultado do jogo anterior do seu time de coração. Já para outras, a ideia 
de jogo está atrelada à brincadeira ou à ludicidade. De fato, o jogo é 
tudo isso e está no meio dessas duas ideias, sendo, então, tarefa difícil 
defini-lo. Podemos entender que tudo que fica entre a brincadeira des-
compromissada e o esporte extremamente rígido poderia ser chama-
do de jogo. Segundo Huizinga (1999, p. 2), “no jogo, existe alguma coisa 
‘em jogo’ que transcende as necessidades imediatas da vida e confere 
um sentido à ação. Todo jogo significa alguma coisa”.
As tarefas criadas dentro dos jogos devem obedecer ao grau de com-
plexidade condizente com as faixas etárias ou com o nível de adaptação 
do indivíduo. Devem funcionar como ferramenta de estímulo para que a 
criança aprenda a pensar de maneira crítica e a resolver problemas com-
plexos, trabalhede maneira colaborativa, e comunique-se com eficácia.
Nesse sentido, é fundamental observarmos que diferentes tipos 
de jogos dependem de tarefas e propostas distintas. Por exemplo, os 
jogos cooperativos são aqueles em que não há competição entre os 
participantes do time e o sucesso do jogo depende da participação 
em conjunto. Já os jogos pré-desportivos são aqueles que procuram 
se assemelhar ao esporte sobre o qual se pretende ensinar. Além do 
mais, o jogo é uma atividade extremamente indicada para satisfazer 
a necessidade de movimento do ser humano, é um conteúdo que 
representa esforço e conquista, servindo como um importante veículo 
de cultura (SCAGLIA et al., 2013).
https://youtu.be/7W4Gkv6yMK0
https://youtu.be/7W4Gkv6yMK0
36 Metodologia do ensino de futebol e futsal
O jogo funciona muito bem como ferramenta pedagógica, pois tem 
por característica ser divertido e motivante. Afinal, quem não gosta 
de jogar? Porém, esses aspectos se perdem caso as proposições do 
jogo superestimarem a capacidade de entendimento do indivíduo, por 
exemplo, se o jogo estiver complexo para aquela faixa etária, a crian-
ça provavelmente não o entenderá e logo se desmotivará. O contrário 
também é verdadeiro. Subestimar a capacidade da criança, propondo 
tarefas fáceis, fará com que ela perca o interesse.
Para melhor entender como os jogos podem ser utilizados dentro 
de uma lógica pedagógica dos esportes coletivos, Scaglia et al. (2013) 
propuseram uma divisão baseada na referência estrutural e funcional 
do jogo e, com base nessas definições, a criação de matrizes de jogos 
que auxiliam no processo de organização do método.
Referência estrutural Referência funcional
É tudo que está presente fisica-
mente no jogo, como bola, baliza, 
dimensão do campo, número de 
jogadores etc.
Rege o jogo, fazendo ele funcionar, 
como a lógica do jogo, as operações 
e as regras.
Com base nesses conceitos, Scaglia et al. (2013) identificam as ma-
trizes de jogos e as classificam em: jogos conceituais, jogos conceituais 
em ambiente específico, jogos específicos e jogos contextuais. Vamos 
entender um pouco mais sobre eles?
Os jogos conceituais são aqueles cujas referências estruturais e 
funcionais não respeitam fielmente a lógica do jogo esportivo coletivo 
especificado. Logo, os conteúdos, evidenciados ao longo do processo 
de organização, são diversificados, gerando a manifestação de inúme-
ras ações conceituais presentes em todos os jogos esportivos coleti-
vos, e não apenas no jogo esportivo coletivo que se almeja ensinar. Por 
exemplo: um jogo de campo reduzido 4 x 4 m em que dois jogadores se 
enfrentam com o objetivo de somente manter a posse de bola.
Os jogos conceituais em ambiente específico obedecem às 
referências estruturais do jogo que se quer ensinar, por exemplo, no 
futebol, o tamanho do campo e a presença das traves. Nesse tipo de 
jogo, os conceitos desenvolvidos nos jogos conceituais são colocados 
em um ambiente formal, dentro de um espaço físico semelhante ao 
do jogo formal. Contudo, varia quanto ao cumprimento da lógica 
O ensino de futebol e de futsal 37
formal (adaptada segundo o conceito trabalhado), pois o processo 
de organização sistêmico terá ações diferentes das especificamente 
exigidas no jogo esportivo coletivo pretendido, para a obtenção das 
formas de pontuação provenientes das modificações das regras. Por 
exemplo: em um espaço de quadra oficial e com número de jogadores 
oficiais, somente será permitido o chute a gol depois de dez passes 
consecutivos na quadra ofensiva.
Nos jogos específicos, as referências estruturais e funcionais não 
são alteradas em relação às da lógica do jogo pretendido. Assim, a maior 
aproximação ao jogo formal (regras oficiais) e os conceitos aplicados 
fazem parte de um modelo de jogo pré estabelecido. Por exemplo: um 
treino coletivo, no qual se estabelece previamente os comportamen-
tos, como transição defensiva rápida e compactação da equipe.
Por fim, os jogos contextuais são idênticos a uma competição for-
mal. Eles devem manter as referências estruturais e funcionais asso-
ciados aos desafios emocionais da competição. Portanto, trata-se dos 
jogos amistosos e oficiais.
Sugerimos a leitura do 
livro Homo ludens: o jogo 
como elemento da cultura. 
Nessa interessante obra, 
o autor filosofa sobre a 
ideia de enxergar uma 
espécie derivada do 
homo sapiens e destaca 
que o jogo está implícito 
na natureza, estando em 
tudo e se relacionando 
com o ser nas próprias 
relações humanas. Dessa 
forma, a reflexão reforça 
a importância do jogo.
HUIZINGA, J. São Paulo: Perspectiva, 
1999.
Livro
2.6 Iniciação esportiva e capacidades motoras
Vídeo A iniciação ao futebol ou ao futsal costuma ser bastante precoce, 
alicerçada ainda pela crença de quanto antes melhor. O nível de 
compreensão e adequação do conteúdo oferecido aos jovens ainda é 
pequeno, e é necessária a disseminação do conhecimento, que deve partir 
de professores de Educação Física, principais mediadores dessa relação.
Iniciar precocemente no esporte não é o problema real, e, sim, a es-
pecialização e a imposição de gestos e ações motoras específicas a uma 
criança, que podem trazer futuros prejuízos à saúde. A especificidade 
do esporte, principalmente se direcionado ao âmbito competitivo, exi-
ge ações motoras para as quais o jovem nem sempre já está maturado, 
sem contar com as exigências psicológicas oriundas das cobranças por 
parte de pais e até de professores.
A iniciação esportiva deve estar pautada na ideia de ampliação do 
universo cognitivo e motor. Para Goulart (2018), a infância é o melhor 
momento para a estimulação cerebral, pois é quando ocorre a maior 
plasticidade neural. Nesse contexto, as estratégias didáticas têm um papel 
fundamental para o desenvolvimento neurológico. O futebol, por exemplo, 
38 Metodologia do ensino de futebol e futsal
pode ser utilizado como pano de fundo para inserir a criança em práticas 
motoras variadas e lúdicas, que despertem o encantamento e a satisfação. 
É interessante ressaltar que, normalmente, o ser humano se interessa 
pelas atividades prazerosas, e experiências negativas e traumáticas 
tendem a afastar a criança. Imagine uma criança cobrada excessivamente 
e exposta diante de seus colegas por algum erro ou alguma derrota. Essa 
experiência negativa poderia resultar em traumas incorrigíveis.
A aula de Educação Física é a oportunidade de iniciar esse processo, 
que deve ser de longo prazo e multilateral, e o professor deve discernir 
o futebol ou futsal na escola da equipe de competição escolar. Ambos 
podem ser incentivados, mas em momentos diferenciados. O futebol e 
o futsal na escola fazem parte do conteúdo curricular da Educação Físi-
ca e de todas as suas dimensões. Já a competição é um instrumento 
alternativo, que não deixa de ser importante, mas deve fazer parte do 
processo de ensino e não deve atrapalhá-lo (FINCK, 2011).
O respeito às fases de desenvolvimento motor 
também é imprescindível para o sucesso da forma-
ção atlética a longo prazo. O desenvolvimento motor 
serve como suporte ao trabalho diário e é um pro-
cesso contínuo e dependente de todos os domínios 
do ser humano: cognitivo, afetivo-social e motor 
(GOULART, 2018). Crianças em período pré-púbere, 
por exemplo, não estão biologicamente aptas a re-
ceber determinadas cargas de treinamento, muitas 
vezes propostas com o intuito de fazê-las competir 
melhor e conquistar vitórias. Porém, elas podem es-
tar ativamente abertas a receber outros estímulos 
que não foram oferecidos. Isso se chama janela de 
oportunidade ou período sensível.
Nesse sentido, na abordagem do esporte na es-
cola, o professor poderá utilizar alguns elementos 
do jogo, principalmente o seu caráter lúdico. Além 
disso, algumas estratégias poderão ser aplicadas 
no encaminhamento do processo de ensino-apren-
dizagem, como a adaptação das regras, o redimen-
sionamento do espaço, a alteração do número de 
participantes e a composição das equipes.
Sugerimos a leitura da 
BaseNacional Comum 
Curricular (BNCC), docu-
mento que regulamenta 
o conteúdo essencial a 
ser trabalhado nas esco-
las brasileiras públicas e 
particulares de educação 
básica.
Disponível em: http://
basenacionalcomum.mec.gov.br/
images/BNCC_EI_EF_110518_
versaofinal_site.pdf. Acesso em: 15 
jun. 2020.
Leitura
O efeito da idade relativa é um fenômeno bastante comum 
observado em diversos esportes e com forte apelo no futebol. 
Para entender do que estamos falando, basta fazer um 
levantamento dos principais jogadores inscritos nas principais 
competições esportivas e observar suas datas de nascimento. O 
resultado observado será um número maior de atletas nascidos 
nos primeiros meses do ano. Por que será? Será que algum 
arranjo astral ou forças ocultas poderiam explicar o que leva os 
nascidos em janeiro, fevereiro, março e abril a serem mais bem 
sucedidos esportivamente?
Não! Isso é explicado pela vantagem biológica momentânea. Sa-
bemos que as turmas são divididas por faixas etárias, mas existe 
uma vantagem biológica entre as crianças nascidas em janeiro 
em comparação com as nascidas em novembro. Essa vantagem 
pode ser física (peso, altura, força, velocidade, agilidade etc.) ou 
cognitiva (raciocínio, tomada de decisão etc.). Além disso, elas 
têm experiências, vivências e mais tempo de participação em 
jogos e brincadeiras, afinal são dez meses a mais.
Quando o clube, a escola ou o professor prioriza o resultado 
da competição, sobrepondo os títulos e troféus ao ensino do 
esporte, acaba privilegiando os que possuem a vantagem 
momentânea, ou seja, chutam mais forte, correm mais rápido, 
saltam mais alto. O problema reside na maturação. Aqueles ga-
rotos menos desenvolvidos de outrora possuem tanto potencial 
esportivo (ou até mais) quanto os outros, mas lhes foi tirada 
a oportunidade de prática em uma fase importante e, como 
vimos, o tempo de prática e a qualidade são imprescindíveis 
para a formação esportiva.
Saiba mais
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf
O ensino de futebol e de futsal 39
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ensino do futebol e do futsal em qualquer dimensão institucional 
é contaminado por crenças e costumes, muitas vezes distantes de uma 
prática responsável e clara. Dessa forma, o profissional de Educação Física 
deve ter um olhar bastante atento às novas abordagens pedagógicas.
O ambiente escolar tem o potencial de ser o fio condutor de práticas 
de ensino que se tornem referências para outras entidades. Na falta de 
uma linguagem metodológica universal para o ensino do futebol, o exem-
plo pode partir de dentro da escola por meio de professores engajados. 
Além disso, a escola deve ser um espaço democrático e alicerçado na con-
vivência, e os alunos devem ter acesso a competências diversas, sejam 
elas cognitivas, motoras, afetivas ou sociais. A transmissão do conteúdo 
deve ir além dos aspectos técnicos e táticos, alcançando os valores huma-
nos e éticos com o objetivo de construir a cidadania. A assimilação está 
atrelada a um vínculo afetivo, então, o fato de o aluno se sentir acolhido 
conta muito. Por isso, não esqueça: o afeto afeta.
ATIVIDADES
1. É comum olharmos um jogador de futebol habilidoso e pensarmos 
que ele nasceu para jogar. Porém, o talento esportivo parece ter pouca 
relação com o inatismo. Discorra sobre esse tema.
2. Considerando que o futebol também sofre bastante influência do 
método analítico, comum no ensino de modalidades esportivas no 
Brasil, explique esse método de ensino usando suas próprias palavras.
3. Observe o diálogo de duas crianças a seguir:
- Benício, qual jogo você acha mais legal?
- O jogo que eu sei jogar, ué!
Agora, reflita sobre a resposta simples, mas repleta de informação 
dentro do contexto da pedagogia dos jogos, dada pela segunda criança 
e anote suas considerações.
REFERÊNCIAS
BETTEGA, O. B. et al. Formar o treinador e o jogador nas categorias de base do futebol: 
Engendrando na interação e/ou na especificidade? Movimento, Porto Alegre, v. 25, e25021, 
jan./dez. 2019. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/88087/52673. 
Acesso em: 15 jun. 2020.
FINCK, S. C. M. A educação física e o esporte na escola. Curitiba: Ibepex, 2011.
40 Metodologia do ensino de futebol e futsal
FREIRE, J. B. Educação de corpo inteiro. São Paulo: Scipione, 1989. 
FREIRE, J. B. Pedagogia do futebol. 2. ed. Campinas: Autores Associados, 1998.
GALATTI, L. R.; PAES, R. R. Fundamentos da Pedagogia do esporte no cenário 
escolar. Movimento & Percepção, Espírito Santo do Pinhal, v. 6, n. 9, jul./dez. 2006. 
Disponível em: http://ferramentas.unipinhal.edu.br/movimentoepercepcao/include/
getdoc.php?id=253&article=79&mode=pdf. Acesso em: 15 jun. 2020.
GARGANTA J.; GRÉHAIGNE, J. F. Abordagem sistêmica do jogo de futebol: moda ou 
necessidade? Movimento, Porto Alegre, v. 5, n. 10, 1999. Disponível em: https://seer.ufrgs.
br/Movimento/article/view/2457/1122. Acesso em: 15 jun. 2020.
GARGANTA, J. et al. Fundamentos e práticas para o ensino e treino do futebol. In: TAVARES, 
F. (org.). Jogos desportivos coletivos: Ensinar a jogar. Porto: FADEUP, 2013.
GOULART, A. R. Jogos pré-desportivos na educação física escolar: linhas de ensino de 
desenvolvimento motor e psicomotricidade. São Paulo: Labrador, 2018.
HUIZINGA, J. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. São Paulo: Perspectiva, 1999.
PAES, R. R. Esporte educacional. In: 1º CONGRESSO LATINO AMERICANO DE EDUCAÇÃO 
MOTORA; 2º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MOTORA. Anais [...] Foz do Iguaçu, 
1998. 
MACHADO, J. C. et al. Enhancing learning in the context of Street football: a case for 
Nonlinear Pedagogy, Physical Education and Sport Pedagogy, v. 24, n. 2, p. 176-189, 2018. 
Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/17408989.2018.1552674. 
Acesso em: 15 jun. 2020.
REVERDITO, R. S.; SCAGLIA, A. J.; PAES, R. R. Pedagogia do esporte: panorama e análise 
conceitual das principais abordagens. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 3, p. 600-610, jul./set. 2009. 
Disponível em: http://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/motriz/article/
download/2478/2477. Acesso em: 15 jun. 2020.
SCAGLIA, A. et al. O ensino dos jogos esportivos coletivos: as competências essenciais 
e a lógica do jogo em meio ao processo organizacional sistêmico. Movimento, Porto 
Alegre, v. 19, n. 4, out./dez. 2013. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/
view/37893/27534. Acesso em: 15 jun. 2020.
SCAGLIA, A. J. Escolinha de futebol: uma questão pedagógica. Motriz, Rio Claro, v. 2, n. 
1, jun. 1996. Disponível em: https://www.ludopedio.com.br/v2/content/uploads/270142_
V2n1_REL07.pdf. Acesso em: 15 jun. 2020.
TEOLDO, I.; GUILHERME, J.; GARGANTA, J. Para um futebol jogado com ideia: concepção, 
treinamento e avaliação do desempenho tático de jogadores e equipes. Curitiba: Appris, 
2015.
https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/2457/1122
https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/2457/1122
Fundamentos técnicos do futebol e do futsal 41
3
Fundamentos técnicos 
do futebol e do futsal
São conhecidas como fundamentos as técnicas tradicionalmen-
te usadas e consideradas fundamentais para a prática do futebol 
ou do futsal. As ações técnicas do jogo são determinantes para o 
sucesso da equipe ou do jogador em um duelo individual, desse 
modo, é importante, então, desenvolver conhecimentos e compe-
tências que permitam saber organizar-se nas diferentes fases e 
nos diferentes momentos do jogo, de acordo com possibilidades 
de ações criadas e que surgem na partida (GARGANTA et al., 2013).
O ensino dos esportes coletivos, como o futebol e o futsal, tem 
sido pautado tradicionalmente pela fragmentação. São observa-
das, com certa frequência, as ações técnicas sendo treinadasse-
paradamente do jogo; esse método é conhecido como tecnicista 
ou analítico e consiste na repetição exaustiva dos gestos. Essa prá-
tica é criticada por especialistas da pedagogia do esporte por não 
oferecer substancialmente o que se espera de um jogador, por 
exemplo, competências cognitivas e tomadas de decisões rápidas. 
Apesar de reconhecer a importância dos gestos técnicos, ensinar 
a alguém como executar corretamente um movimento parece não 
fazer sentido algum quando assistimos a uma partida de futebol 
ou futsal, pois não existe um jeito certo, o jeito certo é o que resol-
ve o problema apresentado.
Neste capítulo, iremos destacar as ações técnicas mais comuns 
utilizadas durante o jogo, sem a pretensão de esgotá-las e, muito 
menos, de caracterizá-las como movimentos fechados. As ações 
do jogo são próprias de cada jogador e podem ser modificadas 
para atender ao momento da partida, portanto seria leviano nu-
merar e limitar os fundamentos técnicos, bem como selecionar o 
fundamento certo ou errado para determinar o sucesso ou não 
da tarefa. 
42 Metodologia do ensino de futebol e futsal
3.1 Passe 
Vídeo O passe, caracterizado pelo ato de impulsionar a bola e fazê-la che-
gar a um companheiro de equipe, é uma das ações mais importantes 
do jogo coletivo, aliás, é esse fundamento que dará sentido à coletivi-
dade, permitindo a interação entre os integrantes da equipe. A palavra 
passe por si só já é autoexplicativa no que concerne à manutenção da 
posse de bola.
O ato de passar a bola pode ser feito com diversas superfícies do 
corpo, como os pés, a coxa, o peito, os ombros, a cabeça ou as mãos. 
O mais comum é observarmos o passe com a parte interna do pé, pois 
permite maior precisão, dependendo da orientação corporal. Porém, 
variações das mais diversas são bem-vindas, por exemplo, o passe com 
o lado externo do pé confere à bola um efeito extraordinário.
O passe apresenta direções, trajetórias e distâncias também variadas. 
Os passes de longas distâncias são chamados de lançamento e o passe 
que precede uma finalização ao gol é chamado de assistência. Quanto 
maior o repertório do jogador, mais habilidoso ele é considerado.
Entre os maiores passadores, podemos citar Paulo Roberto Falcão, 
Andrés Iniesta, David Beckham, Zico, Ronaldinho Gaúcho, Franz 
Beckenbauer, além de muitos outros que durante suas carreiras 
ficaram conhecidos pela capacidade de fazer a bola chegar ao seu 
destino com eficiência e oportunismo.
Para aprimorar o passe, é possível fazer um exercício conhecido 
como Bobinho 4 contra 1. Nessa atividade, os quatro jogadores, em um 
espaço de 6 x 6 m, devem manter a posse de bola com passes entre 
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ck
Bem sucedida será a tarefa se, por exemplo, o atleta conseguir 
fazer a bola chegar a um companheiro, vencer um duelo com um 
adversário ou ter êxito contra um goleiro. Não caberá aqui a indu-
ção de determinado gesto, mas apresentá-los com o cuidado de 
que eles só tenham sentido dentro de um contexto e principal-
mente que o gesto não se sobreponha à ação, isso significa dizer 
que o ensino deve estar pautado na intencionalidade, na resolução 
dos problemas e não em um gesto mecanizado.
Fundamentos técnicos do futebol e do futsal 43
eles. Só é permitido dar um toque na bola enquanto o jogador no cen-
tro da rodinha deve interceptar e roubar a bola. Após três intercepta-
ções, troca-se o jogador do meio.
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6 m
6 m
trajeto da bola
intenção do jogador
Esse exercício estimula os jogadores a treinar o passe dentro de 
uma brincadeira comum e em situação de jogo. Com isso, os atletas 
precisam estar ativos, preparados para orientar o corpo de modo a 
executar o movimento, já que a bola se apresenta em condições alea-
tórias, aumentando o repertório dos participantes.
No canal SoccerCoachTV, 
há vários vídeos que 
permitem visualizar, por 
meio do método de jogo, 
modelos de treinamento 
técnico de aprimoramen-
to de passe praticados 
por grandes equipes do 
futebol mundial.
Disponível em: https://www.
youtube.com/channel/UCgKCQ-
JCkYrRKwqr-17inQsQ. Acesso em: 
3 jun. 2020.
Vídeo
3.2 Domínio 
Vídeo O domínio, também chamado de controle ou recepção, é caracteriza-
do pelo ato de interferir na trajetória da bola, reduzindo sua velocidade 
e a amortecendo, ao ponto de o jogador tê-la completamente sobre 
seu controle. Assim como o passe, ele apresenta ações técnicas e graus 
de complexidade bastante variados.
A área de contato do corpo com a bola pode ser desde os 
pés, até a coxa, o peito e a cabeça, por exemplo. A dificuldade é 
influenciada pela velocidade da bola empregada pelo passador, 
quanto mais rápida a bola, menos tempo para se pre-
parar para a ação. O espaço para se executar tam-
bém influencia muito na complexidade. A distância 
do oponente mais próximo, a altura da bola e seu 
efeito só aumentam o desafio do executor.
No futsal, a ação de dominar a bola ganha 
uma variação mais comum, denominada pisada. 
Essa prática utiliza-se da sola do pé para o domínio, gesto que 
também pode ser visto no futebol, mas com menos fre-
quência devido ao solado do calçado.
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to
ck
44 Metodologia do ensino de futebol e futsal
Para exemplificar o domínio de bola é impossível não citar nomes 
como Zinedine Zidane, Ronaldinho Gaúcho, Roberto Carlos e Johan Cruyff.
Para aprimorar o domínio da bola, uma sugestão é a realização de 
exercícios como o Bobinho 5 contra 2. Nessa atividade, os cinco jogado-
res, em um espaço também de 6 x 6 m, devem manter a posse de bola 
com dois toques obrigatórios de cada (domina e passa), enquanto os 
dois jogadores no centro do círculo devem interceptar e roubar a bola. 
Após três interceptações, troca-se os dois jogadores centrais.
trajeto da bola
intenção do jogador6 m
6 m
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O jogo se assemelha ao anterior e pode ser usado como progressão. 
O domínio é fundamental para que o jogo funcione e os jogadores 
precisam estar atentos e dominar rápido para não perderem a bola. 
A orientação corporal mudará de acordo com a direção em que a bola 
vem e o componente cognitivo (concentração, raciocínio, elaboração 
de estratégias e atenção) está presente mais uma vez, assim como no 
exercício anterior.
3.3 Condução 
Vídeo A condução consiste no ato de se deslocar em campo ou em quadra 
mantendo a bola sob seu controle. Esse fundamento caracteriza uma 
ação individualizada por meio de toques contínuos, normalmente utili-
zando os pés que garantem mais velocidade e precisão, porém outras 
partes do corpo também podem ser utilizadas.
Essa técnica tem grande valia durante a transição ofensiva, ou seja, 
logo após a recuperação da bola, esse é o ato de progredir com ela, 
aproveitando o momento de desorganização do adversário. Conduzir a 
bola em velocidade pode surpreender o sistema defensivo do oponen-
te e normalmente associa-se aos chamados contra-ataques.
A obra Futsal: metodolo-
gia da participação, de 
Santana, traz métodos 
de ensino do futsal para 
crianças, privilegiando a 
participação e desen-
volvendo o prazer pelo 
esporte.
SANTANA, W. C. 3. ed. São Paulo: 
Companhia Esportiva, 2018.
Livro
https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_ebooks_1?ie=UTF8&field-author=Wilton++Carlos+de+Santana&text=Wilton++Carlos+de+Santana&sort=relevancerank&search-alias=digital-text
Fundamentos técnicos do futebol e do futsal 45
No futsal, essa ação tem mais variações do que no futebol de cam-
po. Na quadra, a superfície e o solado do calçado permitem o uso da 
sola do pé para a condução, conhecida como “pente”. No campo, a 
ação fica limitada devido à irregularidade do terreno.
Como exemplo de jogadores com ótima capacidade de condução 
de bola, aliando técnica e velocidade, podemos citar Kaká, que du-
rante sua carreira protagonizou importantes momentos, além de 
Kylian Mbappé e Neymar.
Para a prática e o aprimoramento dessa técnica, é 
possível utilizar o jogo da condução. É uma brincadeira 
que faz parte da cultura de rua e pode ser utilizadacomo um jogo adaptado. Cada participante tem uma 
bola e deve conduzi-la ao outro lado da quadra, o pegador 
não tem bola e deve tentar pegar a bola de um dos participantes no 
momento da travessia.
trajeto da bola
intenção do jogador
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Variações podem ser realizadas para adaptar o grau de dificuldade, 
como o aumento ou a diminuição do espaço da quadra ou o aumento 
do número de pegadores.
3.4 Drible 
Vídeo
O drible é uma das técnicas mais difíceis e admiradas pelos torce-
dores. A habilidade nessa técnica depende muito da criatividade, da 
versatilidade e da ousadia do executor. Esse recurso é utilizado para 
transpor e se desvencilhar, desconstruir e desorganizar o sistema de-
fensivo do adversário por meio do duelo um contra um. Muito associa-
do à beleza do jogo, o jogador driblador normalmente é o protagonista 
do momento ofensivo.
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46 Metodologia do ensino de futebol e futsal
O driblador pode ter estilos e características distintas e alguns dribles 
são bastante conhecidos e ganharam nomes e apelidos, como “caneta” ou 
“rolinho”, “elástico”, “drible da vaca”, “chapéu” ou “touca”, “pedalada” etc.
Temos grandes exemplos de dribladores que abrilhantaram o 
futebol com suas fintas desconcertantes e repertório surpreendentes. 
Entre eles, podemos citar Pelé, Marta, Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho 
Gaúcho, Lionel Messi, Paulo Roberto Falcão, Maradona, Garrincha, Neymar 
e Robinho.
Para treinar essa técnica, podemos utilizar o Jogo do enfrenta-
mento. Essa atividade é baseada em uma brincadeira de rua cha-
mada contrinha. Em um campo com dimensões reduzidas, de 10 x 10 
m, por exemplo, os jogadores 
se enfrentam em um contra 
um, com o objetivo de fazer o 
máximo de gols em um minuto 
de jogo.
O jogo vai exigir coragem e 
induzir a criatividade. O partici-
pante irá tentar diversas vezes 
fazer o gol com base no en-
frentamento. Podem ser utili-
zados goleiros ou golzinhos 
– sem goleiro.
3.5 Chute 
Vídeo O chute, também conhecido como remate ou finalização, 
é o ato final da construção da jogada, é a concretização da 
estratégia de ataque e tem como objetivo fazer com que 
a bola adentre a meta e vença o goleiro adversário. O 
chute geralmente ocorre no terço final do campo ou 
logo após o meio da quadra de futsal. Além das jo-
gadas de construção, é chamado de chute também 
o golpe de reposição de bola em jogo, normalmen-
te chamado de bola parada. Como exemplos, temos 
o tiro de meta, tiro livre direto (cobranças de falta) e 
penalidades.
trajeto da bola
intenção do jogador
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10 m
10
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O livro Futebol Sistêmico: 
Conceitos e Metodologias 
de Treinamento, de Belozo 
e Lopez, apresenta con-
ceitos voltados ao trei-
namento dos aspectos 
técnicos, táticos e físicos 
por meio dos jogos, tema 
bastante pertinente 
para complementar os 
estudos na área.
BELOZO, F.; LOPEZ, C. Jundiaí: Paco 
Editorial, 2017.
Livro
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Fundamentos técnicos do futebol e do futsal 47
Há diversas variações quanto à superfície de contato com a bola. 
As áreas do pé que tocam a bola podem ser a parte interna, externa, 
o peito do pé, o bico do pé e o calcanhar. Essas superfícies de contato 
podem proporcionar trajetórias e alturas das mais diversas.
O chute ganha versões e, consequentemente, diferentes nomencla-
turas de acordo com o modo executado e as situações exigidas. Alguns 
exemplos são:
 • Chapada: é a finalização utilizando a parte interna do pé, confere 
mais precisão e é usada nas situações próximas ao gol.
 • Voleio: a bola é chutada a meia altura sem tocar no chão previa-
mente, é um recurso utilizado quando o domínio é inviável.
 • Sem-pulo: a bola é chutada com o peito de pé após um salto.
 • Trivela: chute que utiliza a parte externa do pé, ganhando efeito 
surpreendente.
 • Bicicleta: gesto complexo e recurso utilizado quando a bola vem 
alta e o jogador está de costas para o alvo.
 • Bate-pronto: oferece a superfície do peito do pé para bater na 
bola imediatamente após ela ter tocado o solo.
Destacar exímios chutadores, assim como nas outras ações, é uma 
tarefa difícil e a escolha depende, também, de gosto individual, do jeito 
de bater na bola, da força empregada e dos belos gols marcados. Aqui, 
ousaremos citar Roberto Carlos e Branco, ícones no quesito força, mas 
temos também outros exímios finalizadores, como Ronaldo, Romário, 
Cristiano Ronaldo, Roberto Rivelino e Roberto Dinamite.
Como prática dessa técnica, temos o jogo da rebatida. A rebatida é um 
jogo bastante conhecido na cultura das brincadeiras de rua com bola. Nes-
se jogo, são formadas duas equipes de dois componentes, cada equipe 
tem direito a seis chutes (a aproximadamente 15 m do gol) – três chutes 
de cada jogador –, enquanto a outra equipe se posiciona como defensor 
e goleiro.
Se, com o chute, a equipe fizer um gol, ganha um ponto, mas se os 
goleiros derem a rebatida, a dinâmica muda e um dos defensores sai 
para tentar pegar a bola enquanto os atacantes devem tentar fazer o 
gol, que nessa situação vale dois pontos. Caso a bola pegue na trave, o 
gol passa a valer três pontos. Soma-se os pontos conquistados a cada 
chute das equipes e a que tiver mais pontos ganha o jogo.
48 Metodologia do ensino de futebol e futsal
trajeto da bola
intenção do jogador
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A rebatida é um exemplo de como uma brincadeira informal pode 
ser mais eficiente para treinar técnicas do que o treino de fundamen-
tos, pois ela possui o chute como ponto de partida, mas tem também 
drible, passe, defesa, emoção, competitividade e o principal: diversão.
3.6 Cabeceio 
Vídeo O cabeceio é um recurso muito comum nas bolas altas. Nos mo-
mentos ofensivos do jogo, ele também é utilizado como passe para um 
colega e para a finalização da jogada ao gol. Nesse caso, os protagonis-
tas da ação são os atacantes, especialistas em golpear a bola para o gol 
adversário. Nos momentos defensivos, o recurso é utilizado para inter-
ceptação de um passe aéreo ou para afastar a bola para o mais longe 
possível de sua meta em situações de perigo. Variações são observadas 
no modo de contato com a bola dependendo da velocidade, força e 
altura pretendida com a ação. Para a finalização ao gol no momento 
ofensivo, é mais comum observarmos a utilização da área frontal da 
cabeça, a chamada testada. Essa técnica é menos comum no futsal 
do que no futebol, já que o esporte de quadra se caracteriza 
por menos jogadas aéreas e mais bola no chão.
Quem você considera grandes cabeceadores? Entre os que 
marcaram época, podemos citar Romário e Pelé como ícones do 
cabeceio, além de Gabriel Batistuta, Cristiano Ronaldo, Jardel e Jürgen 
Klinsmann.
Para treinar essa técnica, podemos utilizar o jogo do cabeceio, 
ou futcabeça. Nessa atividade, a lógica do jogo formal permanece a 
mesma, mas a estrutura pode ser alterada, diminuindo as dimensões 
do campo e só valem gols feitos de cabeça após lançamentos 
para a área.
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Fundamentos técnicos do futebol e do futsal 49
trajeto da bola
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Como só valem gols de cabeça, também serão trabalhados os 
passes altos. Diminuindo as dimensões do campo, possibilitaremos 
mais chances de finalização ao gol. Como variação, podemos sugerir 
a não utilização dos goleiros, o que permite que as jogadas sejam 
concluídas, não havendo saídas do gol e interceptações.
O filme Pelé: O Nascimento 
de uma Lenda, de Michael 
Zimbalist, narra a história 
de vida e carreira do con-
siderado melhor jogador 
de futebol de todos os 
tempos.
Direção: Michael Zimbalist. Brasil; 
EUA: Imagine Entertainment, 2016.
Filme
3.7 Ações do goleiro 
Vídeo O goleiro tem uma função bastante especifica, e indiscutivelmente 
foi a que mais evoluiu ao longo dos anos. Devido ao avanço técnico-tá-
tico-físico, o futebol se tornou muito dinâmico e veloz e o jogador dessa 
função teve que se adaptar, aprimorando todos os aspectos pertinen-tes ao jogo (GONÇALVES; NOGUEIRA, 2006).
Entre as ações mais comuns utilizadas pelo goleiro estão a pegada, 
reposição com as mãos, reposição com os pés, entrada de frente, que-
da lateral (baixa, alta e meia altura), saída de gol por baixo e saída de 
gol por cima. Como o jogo se desenha diferentemente em cada situa-
ção, as ações do goleiro não se limitam às citadas aqui e para cada ação 
citada, variações são comumente observadas: vai depender da decisão 
do indivíduo.
Diante de situações de jogo e modificações nas regras – antes era 
permitido pegar com as mãos após o recuo de um colega –, é neces-
sário que o goleiro desenvolva, também, fundamentos dos jogadores 
de linha, tais como: passe, lançamentos de média e longas distâncias, 
domínio, chute, drible, cabeceio e proteção, entre outros.
Entre os goleiros de maior destaque podemos ci-
tar Gordon Banks, Gianluigi Buffon, Sepp 
Maier, Cláudio Taffarel, Rogério Ceni 
e Marcos.
ednal/Shutterstock
50 Metodologia do ensino de futebol e futsal
Para o treino das técnicas dessa posição, são recomendados os jo-
gos com o goleiro. É um pequeno jogo de cinco contra cinco. Em um 
campo de dimensões reduzidas, 40 x 30 m, esse jogo ficará extrema-
mente dinâmico e ocorrerão finalizações a todo momento, exigindo ex-
trema atenção e reações rápidas dos goleiros.
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40 m
30
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trajeto da bola
Como o espaço está reduzido, as finalizações ao gol serão constan-
tes, os goleiros experimentarão chutes vindos das mais diversas di-
reções e trajetórias. Na variação para o futsal, é necessário reduzir a 
quadra para 25 x 20 m.
3.8 Relação jogador-bola 
Vídeo Não existe uma maneira correta de se efetuar um gesto, mas te-
mos várias ações e gestos mais comuns no futsal e no futebol, os quais 
podemos enfatizar com a criação de tarefas para o desenvolvimento 
de tais técnicas (JUNIOR, 1998). Cada ação técnica básica possui uma 
função de auxiliar na resolução de uma tarefa, porém restringi-las é 
um grande equívoco. Os diversos elementos que formam a técnica 
criam a base do jogo e facilitam todas as ações táticas necessárias 
para o sucesso da equipe.
O domínio da técnica do jogo depende da relação do jogador com a 
bola, e essa relação não deve ser enxergada somente pelo gesto visível. 
Uma boa relação com a bola inicia-se antes dela chegar até o jogador, 
a inteligência deve preceder o gesto, entender a situação apresentada, 
por exemplo, a velocidade da bola, a altura da bola, a orientação es-
Assista ao vídeo Treina-
mento Específico Global de 
Goleiros, publicado pelo 
canal Luis Henrique de 
Moraes, em que identifi-
camos o desenvolvimento 
de algumas habilidades 
técnicas por meio do 
treinamento específico 
para goleiros com ações 
combinadas.
Disponível em: https://www.you-
tube.com/watch?v=QCF0ZyM5wlo. 
Acesso em: 3 jun. 2020.
Vídeo
Fundamentos técnicos do futebol e do futsal 51
pacial, a orientação corporal; e esses mecanismos mentais devem ser 
trabalhados. Por essa razão, o ensino de futebol baseado somente na 
mecânica em si parece ter, de fato, pouca relação com as necessidades 
de ensino. Se as aulas ou os exercícios propostos dentro dessas neces-
sidades oferecerem condições diversificadas e oportunidades para os 
jogadores vivenciarem e experimentarem diversos tipos de execução 
de um domínio, por exemplo, eles serão muito mais inteligentes na 
ação do que algum indivíduo que aprendeu a dominar a bola arremes-
sada com a mão pelo colega de treino.
Existe uma relação estreita entre excelência em recursos técnicos 
e a quantidade de horas a que foram expostos a essa vivência. 
Portanto, jogar bem está relacionado a jogar muitas vezes, e não 
necessariamente a treinar a técnica várias vezes. Um pianista talentoso 
de jazz que improvisa com eximia classe só atingiu esse nível tocando 
e se relacionando com essa complexidade de música. No futebol e no 
futsal é a mesma coisa, a relação corpo-bola no jogo é diferente da 
relação corpo-bola no treino técnico. No treino técnico, o ambiente é 
previsível, a bola chega várias vezes na mesma altura, com a mesma 
velocidade e da mesma direção.
Uma forma de treinar as técnicas, é criar pequenos jogos, baseados 
nos momentos do jogo formal no qual esses pequenos jogos privile-
giem alguma determinada técnica. Esse tipo de jogo deve ser ajustado 
para induzir os jogadores a fazerem as ações dentro do contexto de 
improvisações e aleatoriedades.
As habilidades técnicas dependem da relação corpo-bola nos mo-
mentos ofensivos e defensivos do jogo.
 • Ações defensivas exigirão a capacidade de recuperar a bola ou 
neutralizar o adversário por meio de, por exemplo, carga com o 
corpo, interceptação, desarme, carrinho e cabeceio.
 • Ações ofensivas exigirão a capacidade de manutenção da posse 
de bola e progressão de jogo. Para tanto, podem ser usados: fin-
ta, domínio, passe, chute e cabeceio.
A dificuldade da técnica é determinada pelo grau de complexidade 
do jogo, sendo o processo pedagógico baseado no aumento progressivo 
das tarefas ou nas necessidades e potencialidades de cada aluno para 
a plenitude do aprendizado.
52 Metodologia do ensino de futebol e futsal
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Existe a preocupação eminente com o processo formativo a longo pra-
zo, principalmente no ensino de jovens e crianças. Por essa razão, o foco 
não deve estar empregado na repetição e reprodução de gestos descon-
textualizados com o esporte.
Para a capacidade de execução das técnicas de maneira eficiente, a 
competência motora é fundamental, assim como a coordenação dos mo-
vimentos elementares para a execução. No entanto, devemos pensar o 
ensino do esporte não como a construção de gestos técnicos, mas com 
ações de qualidade para que o atleta consiga se sair bem em qualquer 
situação imposta pelo jogo.
ATIVIDADES
1. As ações técnicas são importantes para o desenvolvimento e a 
construção do jogo, porém especialistas defendem que o ensino não 
deve estar pautado só na execução do gesto. Discuta esse tema.
2. As habilidades técnicas podem ser divididas em ações de momentos 
ofensivos e momentos defensivos. Isso significa que defensores 
devem priorizar nos treinos as ações defensivas, correto? O que você 
pensa sobre isso?
3. Suponha que você trabalhe em uma escola de futsal com crianças 
de sete a oito anos. Sabendo que a relação com a bola é importante, 
quanto mais repetir o gesto técnico, mais domínio sobre esse gesto 
a criança terá e mais visível será a evolução. Quão vantajoso você 
imagina que isso será no desenvolvimento esportivo a longo prazo?
REFERÊNCIAS
GARGANTA, J. et al. Fundamentos e práticas para o ensino e treino do futebol. In: TAVARES, 
F. (org.). Jogos Desportivos Coletivos. Ensinar a jogar. Porto: Editora FADEUP, 2013.
GONÇALVES, G. Á.; NOGUEIRA, R. M. O. O treinamento específico para goleiros de futebol: 
o uma proposta de macrociclo. Estudos, vida e saúde, Goiânia, v. 33, n. 4, p. 531-543, 
jul./ago. 2006. Disponível em: http://seer.pucgoias.edu.br/index.php/estudos/article/
view/136. Acesso em: 2 jun. 2020.
JUNIOR, N. B. A Ciência do esporte aplicada ao Futsal. Rio de Janeiro: Sprint, 1998.
Princípios táticos do jogo 53
4
Princípios táticos do jogo
A palavra tática tem origem grega e significa manobra estratégica. 
Inicialmente atribuída ao comando de tropas do exército, a expres-
são foi apropriada pelo esporte utilizando-a com o mesmo sentido: 
elaborar estratégias para obtenção da vitória. Porém, elaborar es-
tratégias parte de um pressuposto de que há um plano de ação 
em jogo. Para qualquer atividade cotidiana, organizar-se parece ser 
imprescindível ao almejar o êxito. E no contexto do futebol e do fut-
sal, que são modalidades coletivas com alto grau de complexidade e 
aleatoriedade, os planos de ação deverão ser ainda mais detalhados 
entre os participantes e, além disso, alicerçados em movimentos 
sincronizados.
Desde que o futebol e o futsal evoluíram para esportes profissio-
nais, as equipes passaram a se estudar mais e buscar meiosde se 
tornarem mais competitivas. Em um jogo em que a vitória depende 
de fazer mais gols do que levar, é preciso pensar em estratégias e, 
mais do que isso, executá-las com sucesso.
A execução dessas ações coordenadas, chamadas de táticas, de-
pende de práticas, ou seja, para isso, os jogadores precisam ter claro 
entendimento do que deve ser feito, onde dever ser feito e por que 
deve ser feito. As práticas que levam o indivíduo a se apropriar da tática 
ou estratégia é também conhecida por nós como treino.
Bom, se o treino é importante, o que devemos treinar? Como pode-
mos potencializar o entendimento dos nossos jogadores? O que pode-
mos fazer para que cumpram sua função? Como deve ser a disposição 
deles em quadra ou em campo? Este capítulo se propõe a responder 
a essas perguntas com base na interpretação do próprio leitor sobre o 
que está escondido por trás do jogo macro. A interação dos jogadores 
em diversos momentos característicos pode ser entendida como jogos 
menores dentro do próprio jogo, e moldar os comportamentos dos 
jogadores nesses momentos específicos pode ser um ponto de partida 
para tentar responder sobre o que devemos treinar.
54 Metodologia do ensino de futebol e futsal
4.1 Modelo de jogo 
Vídeo O que quer dizer modelo de jogo? Esse termo ficou conhecido por 
ser utilizado pelos estudiosos do esporte, mas poucas pessoas sabem, 
de fato, ao que ele se refere. Você sabe? É bastante comum que haja 
certa confusão entre modelo de jogo e sistema tático, porém o mo-
delo é muito mais do que a maneira com que o treinador posiciona 
sua equipe em campo. Segundo Gouveia (2019), o modelo representa 
a interação entre os jogadores e como eles expressam sua identidade 
para cada momento do jogo.
Para Dias (2014), o modelo de jogo é tudo. É a aproximação do 
que realmente acontece no jogo com o que o treinador gostaria 
que acontecesse. Em outras palavras, é a materialização das ideias 
do professor-treinador para sua equipe. Segundo Gouveia (2019), é 
um padrão regular que orienta as ações de uma equipe dando a ela 
identidade e forma. E, de acordo com Leitão (2009), o modelo de jogo 
se refere ao conjunto de orientações e ações para a partida e o modelo 
de organização de jogo constitui a originalidade da equipe, sendo com 
base nisso que o treino para preparação coletiva e desenvolvimento 
individual passa a fazer sentido. Para isso, torna-se imprescindível que 
o treinador tenha claras suas intenções para aplicá-las a um modelo 
que traduza suas ideias a algo concreto.
A escolha do modelo de jogo deve estar intimamente ligada ao local 
onde se insere, pois nem sempre as ideias do treinador, por melhores 
que sejam, funcionam em todos os contextos. Por isso, é importan-
te para o treinador o conhecimento adequado do ambiente onde está 
inserido, como a cultura do país ou região, o clima local, o clube/insti-
tuição, sua história e valores, os jogadores que possui, os adversários 
etc. (DIAS, 2014). O sucesso do modelo depende de o treinador adaptar 
suas ideias a todo esse contexto e buscar a identidade que se espera.
De acordo com Gouveia (2019), mesmo que o modelo esteja defini-
do, ele nunca está completamente terminado, pois pode e deve evoluir 
qualitativamente, por meio do diálogo, da melhor interpretação por 
parte dos jogadores e de mais soluções aos problemas que surgem, po-
rém isso deve acontecer sem alterar a configuração da ideia principal.
Sabe-se que os jogos coletivos com características de invasão, como 
o futebol ou futsal, devem ser entendidos conforme a sua totalidade, e 
Princípios táticos do jogo 55
a construção do modelo ou estilo de jogar deve estar pautada nos di-
ferentes momentos de jogo, ou seja, o modelo de jogo será construído 
com base no que se espera do comportamento da equipe nesses vários 
momentos. O treinador pode se perguntar: “o que eu quero que a mi-
nha equipe faça assim que recupera a bola? Finalize a jogada o mais rá-
pido possível ou mantenha a bola por mais tempo?”, “e quando minha 
equipe perde a bola? Pressione o adversário ou feche os espaços de 
progressão?”. Esses são exemplos genéricos e mais adiante estudare-
mos melhor os diferentes momentos e exemplos de comportamentos.
Dias (2014) e Gouveia (2019) ainda salientam que não existe um mo-
delo de jogo melhor ou pior, a criação depende de todo um processo 
de acumulação de experiências e autocríticas para aprendizagem cons-
tante. O modelo vai se construindo na ideia original do treinador e nas 
interações com os jogadores, sendo, também, importante a capacidade 
do treinador de se adaptar às intercorrências que afetam o processo. 
Assim, fica claro que o sistema tático, apesar de ser alvo das análises 
de comentaristas e torcedores, não é o ponto mais importante, mas 
deve ser entendido como a estrutura que permitirá a execução mais 
adequada do modelo pensado.
São classificados como esportes 
de invasão aqueles que possuem 
características comuns na sua ló-
gica de progressão e de conquista 
de terreno do adversário para 
chegar à meta, como o futebol, 
futsal, basquetebol, handebol, 
rúgbi, futebol americano etc.
Curiosidade
Para buscar mais 
informações sobre 
o assunto, não deixe 
de acessar o site 
da Universidade do 
Futebol. Lá é possível 
acessar diversos 
artigos, reportagens e 
vídeos produzidos por 
renomados especialistas 
do futebol e do futsal.
Disponível em: https://
universidadedofutebol.com.br/. 
Acesso em: 24 jun. 2020.
Site
4.2 Momentos do jogo 
Vídeo O futebol e o futsal são classificados como esportes coletivos de 
invasão e possuem características em comum. Durante a partida de 
ambas as modalidades, podemos enxergar quatro momentos, que 
surgem durante o jogo de maneira aleatória (DIAS, 2016). A identificação 
desses diferentes momentos é o que deverá guiar o professor- 
-treinador, facilitando a análise do jogo e o processo de estruturação 
do treino. É com base nisso que o treino se dá e os comportamentos 
são praticados, e isso explica a importância do treino.
Figura 1
Os momentos do jogo
Transição 
ofensiva
Transição 
defensiva
Organização 
ofensiva
Organização 
defensiva
Adaptada pelo autor com base em Gouveia, 2019. 
56 Metodologia do ensino de futebol e futsal
Para modular a unidade de treinamento da equipe, o treinador deve 
se perguntar qual comportamento coletivo e individual é esperado em 
cada um desses momentos.
4.2.1 Momento de organização ofensiva
A organização ofensiva refere-se aos comportamentos que a equi-
pe assume quando possui a bola, começa a construir a jogada, procu-
ra progredir no terreno e cria as situações para gol. Essa organização 
pode ter seu início no tiro de meta com o goleiro, ao passar pelo setor 
de meio de campo, até chegar ao campo adversário, ou seja, ela pode 
utilizar um extenso território, saindo, praticamente, de uma extremida-
de à outra e utilizando jogadores de diversas posições e funções. Com 
base nessas características, surge a ideia de dividir esse momento em 
fases ou submomentos de acordo com a zona de campo. Essa divisão 
permite melhor entendimento da organização ofensiva.
A organização ofensiva é dividida em 3 fases ou submomentos:
 • 1a Fase – Fase de construção: é geralmente iniciada pelo golei-
ro na saída de bola e tem como objetivo avançar ao terreno do 
adversário.Figura 2
Fases da organização ofensiva
1ª - Fase de 
construção
2ª - Fase 
de criação
3ª - Fase de 
finalização
so
ftp
ixe
l/S
hu
tte
rs
to
ck
 • 2a Fase – Fase de criação: é o momen-
to de criação e tentativa de desequili-
brar a defesa adversária; acontece no 
meio de campo.
 • 3a Fase – Fase de Finalização: já pró-
ximos à meta adversária, os jogado-
res têm como objetivo criar situações 
de finalização e gols.
Essa divisão em submomentos de acor-
do com as zonas do campo baseadas na 
progressão (iniciando de cima para baixo) 
é um facilitador para entender em qual 
setor a equipe é mais frágil, auxiliando o 
professor-treinador a mapear cada eta-
pa e construir tarefas mais específicasde 
treinamento.
Princípios táticos do jogo 57
4.2.2 Momento de organização defensiva
A organização defensiva são os comportamentos assumidos pela 
equipe quando os jogadores não possuem a bola e pretendem se orga-
nizar para impedir que a equipe adversária faça gols. A ideia é fechar os 
espaços para minimizar as chances do adversário (DIAS, 2016). As ações 
pré-determinadas aqui serão fundamentais para compor um modelo de 
jogo e, nesse momento, o comportamento da equipe deverá ser treina-
do para que as ações sejam coordenadas. Um exemplo simples disso é a 
adoção de uma marcação por zona – por setor –, ou marcação individual, 
na qual cada jogador tem o seu oponente específico.
4.2.3 Momento de transição ofensiva
A transição ofensiva corresponde ao momento transitório entre a 
ocasião em que a equipe recupera a bola e o momento em que começa 
a se organizar ofensivamente, por isso também é chamada de transi-
ção defesa-ataque. Nesse curto espaço de tempo, observam-se atitudes 
dos jogadores envolvidos e essas atitudes podem se transformar em 
padrões. Em suma, corresponde aos comportamentos adotados logo 
após a recuperação da bola, ou seja, melhorar a eficiência desse mo-
mento tende a surpreender a equipe adversária, valendo-se da desor-
ganização momentânea do oponente.
4.2.4 Momento de transição defensiva
A transição defensiva se refere às ações logo após a perda da bola. 
Normalmente se espera que o comportamento de resposta deva ser 
imediato a fim de não permitir que o adversário se aproveite da desor-
ganização momentânea. Os momentos de transição são considerados 
fundamentais no futebol e no futsal modernos, pois possuem potencial 
para desequilibrar. Assim, equipes que executam a transição defensiva 
imediata e de maneira coletiva conseguem se aproveitar dos segundos 
de desordem ou de alguma indecisão proporcionados pelo time que 
está atacando.
É importante salientar que essa divisão serve apenas de referência, 
ou seja, é uma orientação e se torna evidente somente no plano didá-
tico, pois durante os jogos esses momentos acontecem aleatoriamente 
e de modo imprevisível (GOUVEIA, 2019).
Recomendamos a página 
Pedagogia do Futsal, do 
professor Wilton Santana, 
um dos maiores nomes 
do esporte na atualidade. 
No site, é possível acessar 
vídeos de treinamento, 
além de material didático 
para leitura.
Disponível em: https://
pedagogiadofutsal.com.br/. Acesso 
em: 24 jun. 2020.
Site
58 Metodologia do ensino de futebol e futsal
4.3 Princípios de jogo 
Vídeo Os princípios de jogo correspondem a toda intenção traduzida em 
comportamentos individuais e coletivos para construção das ideias de 
jogo (DIAS, 2014). Esses princípios, ainda segundo o autor, podem ser 
classificados em fundamentais, específicos e relacionados com a ideia 
de jogo. Os princípios táticos são definidos como um conjunto de nor-
mas sobre o jogo que proporcionam aos jogadores a possibilidade de 
atingirem rapidamente soluções táticas e, por possuírem esse caráter, 
precisam ser subentendidos e estar presentes nos comportamentos 
dos jogadores durante uma partida (COSTA et al., 2009).
Para Dias (2014), os princípios fundamentais se referem a recusar a 
inferioridade numérica e criar superioridade numérica a todo momento 
durante o jogo. Os princípios específicos são divididos em ofensivos (mobi-
lidade, espaço, progressão e penetração) e defensivos (cobertura, conten-
ção, equilíbrio e compactação). Já os princípios relacionados com a ideia 
de jogo estão ancorados nos momentos de uma partida citados na sessão 
anterior, as organizações e transições, tanto ofensivas como defensivas.
Observe a seguir alguns exemplos de princípios que podem ser ado-
tados a cada momento. Você irá perceber que, passo a passo, construi-
remos a maneira de jogar.
Princípios da organização ofensiva: posse de bola e rápida cir-
culação com verticalização das jogadas. O exemplo de princípio aqui 
proposto por Dias (2014) deixa claro o objetivo para esse momento 
e com o propósito preestabelecido fica mais fácil definir os conteú-
dos das sessões de treinamento, ou seja, adotaremos ao treinamento 
tarefas que possibilitem alcançar essas metas. Suponha agora que o 
princípio seja jogar com amplitude máxima do campo (CORREIA, 2014), 
isso significa que quando minha equipe possui a bola, eu preciso criar 
situações para que essa condição se concretize. Nesse contexto, en-
tram os subprincípios, ou seja, o que eu preciso fazer para o princípio 
funcionar. Nesse caso, podemos citar troca de passe em segurança, 
circulação da bola até provocar erro do adversário, e dar o menor nú-
mero de toques possível por jogador. Ao optar como princípio ofensivo 
a verticalização e rápida finalização ao gol, temos, então, que propor 
circunstâncias que induzam a esse comportamento coletivo desejado, 
como a infiltração, a ultrapassagem e as jogadas de linha de fundo.
Princípios táticos do jogo 59
Princípios da organização defensiva: defender por zona e manter 
média pressão. Assim como no exemplo anterior, os princípios da orga-
nização defensiva podem conter derivações que ajudarão a condicionar 
os jogadores a cumprirem a função. Exemplos são induzir o adversário 
para o lado do campo, fazer a cobertura do colega e orientar o corpo 
para fechar a possível progressão da bola. Observe que nesse exemplo 
o professor-treinador terá como missão buscar meios para condicionar 
os atletas a cumprirem esse princípio (GOUVEIA, 2019). Podemos usar 
também como princípio da organização defensiva a compactação. Com 
base nessa ideia, manipulamos o treinamento para que os jogadores se 
adaptem e se posicionem próximos uns aos outros quando estiverem 
sem a bola, a fim de inibir a progressão do oponente e fechar sua meta.
Princípios da transição ofensiva: aproveitar a desorganização 
posicional do adversário. Para Dias (2018), com base nesse princípio, 
o treino deve conter elementos que permitam êxito nesse aspecto, 
como promover a saída da bola da área de pressão por meio de uma 
movimentação de um jogador de frente, ou adquirir profundidade para 
ganhar tempo na organização ofensiva da equipe (GOUVEIA, 2019). 
Podemos também utilizar como princípio o famoso contra-ataque, 
que consiste em sair em maior velocidade possível para finalizar ao gol 
adversário após a recuperação da bola.
Princípios da transição defensiva: diminuir os espaços e investir ra-
pidamente contra o portador da bola. Nesse caso, o objetivo será pres-
sionar imediatamente o adversário que possui a bola, evitando que ele 
a tire do setor e progrida. No caso de insucesso na reação imediata, 
um comportamento adequado pode ser o de fechar o lado de dentro 
do campo, impossibilitando a progressão diretamente ao gol. Outro 
exemplo seria a contenção, ou seja, a indução do comportamento de 
atrasar a progressão do adversário, com o intuito de permitir que os 
companheiros restabeleçam suas posições defensivas.
Com base no treinamento pautado nos princípios de jogo, adequados 
ao modelo sugerido pelo professor-treinador, os jogadores passam a ado-
tar comportamentos individuais e coletivos que sincronizam e facilitam a 
estratégia da equipe. O treino organizado pelos princípios auxilia os jo-
gadores na orientação corporal em relação à bola, na proteção à própria 
baliza, nas ações diante aos adversários, nas relações com companheiros 
e nas melhores respostas ao dinamismo do jogo (COSTA et al., 2009).
Recomendamos a leitura 
de Sport Lisboa e Benfica 
2013/2014: uma visão 
sobre o modelo de jogo 
de Jorge Jesus e sua ope-
racionalização, de Hugo 
Dias. O autor analisa 
com detalhes o trabalho 
do treinador Jorge Jesus 
(técnico do Flamengo), 
durante sua temporada 
no Benfica. O livro ainda 
detalha os modelos e 
princípios de jogo pre-
feridos e utilizados pelo 
treinador português.
DIAS, H. Estoril: Prime Books, 2014.
Livro
60 Metodologia do ensino de futebol e futsal
4.4 Funções e posições no futebol 
Vídeo É possível encontrar definições e variações diversas paraas po-
sições dos jogadores, ou seja, a distribuição obedece a uma divisão 
simples do campo, que tem partes de defesa, meio-campo e ataque 
(GUIMARÃES et al, 2014). As posições clássicas do futebol são as de 
goleiro, zagueiro, meio-campo e ataque. Essas posições variam den-
tro do contexto da estrutura escolhida e suas funções também po-
dem ser diversificadas.
O goleiro tem como função proteger sua meta e, para isso, é permitido 
a esse jogador o uso de qualquer parte do corpo dentro da área. Segundo 
Guimarães et al. (2014), a posição de goleiro foi a que mais evoluiu, devido 
às modificações das regras, como a proibição do uso das mãos no recuo 
para dentro da área, o que aumentou a frequência do uso dos pés. Dessa 
forma, passes médios e longos são pré-requisitos de um bom goleiro, 
além de boa agilidade e rapidez nas decisões para saídas de gol.
Os zagueiros devem, principalmente, impedir a progressão do 
adversário e proteger seu goleiro, ou seja, devem ocupar os espaços 
do campo defensivo, sendo fortes no jogo aéreo e afastando a bola 
em situações de perigo. No momento ofensivo são eles que iniciam a 
construção da jogada. Geralmente, zagueiros têm menos mobilidade 
do que os outros jogadores, mas procuram manter o setor resguardado 
e organizado, precisando de velocidade para a cobertura defensiva.
Os laterais possuem importante função defensiva e, também, ofen-
siva. No momento da organização defensiva, geralmente preenchem o 
espaço mantendo a linha dos zagueiros centrais e, em seguida, explo-
ram o corredor adversário ajudando a equipe a progredir (GUIMARÃES 
et al., 2014). Comumente são jogadores que possuem boa capacida-
de física devido à exigência imposta para cumprir esse papel. Depen-
dendo da estrutura tática, esses atletas são chamados de alas e atuam 
mais ofensivamente. Possuem como características boa técnica para 
cruzamentos, força no duelo 1 contra 1, e entendimento de jogo para 
reduzir os espaços do adversário com a bola (GOUVEIA, 2019).
Entre os meio-campistas há várias funções específicas e, nesse 
caso, as nomenclaturas também podem variar. Os meias com funções 
defensivas são chamados de volantes, que têm papel crucial, pois devem 
dar equilíbrio e sustentação à estrutura da equipe (GOUVEIA, 2019). 
Princípios táticos do jogo 61
Os meias armadores são os criadores, responsáveis pela criatividade 
da equipe. Os jogadores dessa função normalmente raciocinam com 
extrema velocidade e ditam o ritmo da partida. Os meios extremos 
possuem função semelhante à dos alas, sendo uma posição bastante 
comum quando se opta por jogar com meio-campistas em linha. Jogam 
próximos à linha lateral ofensiva e movimentam-se para abrir espaços 
para os laterais (COSTA et al., 2014).
Os atacantes são os jogadores mais próximos das metas adversárias 
e criam as maiores e melhores oportunidades de gol, com o dever de 
ter a capacidade de jogar entrelinhas. As variações comuns são as de 
atacante de beirada de campo e atacante de área, também chamado 
de centroavante. O primeiro tem características de muita mobilidade, 
geralmente é rápido e se move verticalmente para romper a linha 
adversária; o segundo possui competência destacada como finalizador 
da equipe, boa capacidade de ocupação de espaços e, geralmente, é 
bom cabeceador. É o jogador que tem a função de finalizar as jogadas 
(GUIMARÃES et al., 2014).
Indicamos o livro A pirâ-
mide invertida: a história 
da tática no futebol, de 
Jonathan Wilson. Essa 
obra percorre a história 
da tática do futebol 
desde a origem do jogo 
com elementos de 
cultura e curiosidades. 
Várias ilustrações ajudam 
o leitor a compreender as 
estruturas táticas citadas.
Wilson, J. Campinas: Grande Área, 
2016.
Livro
4.5 Sistemas táticos no futebol 
Vídeo O sistema tático é também chamado de estrutura e permite uma 
distribuição dos jogadores no espaço de jogo para cumprimento das 
propostas de organização da equipe (GOUVEIA, 2019). Ao longo dos 
anos, o futebol evoluiu em diversos aspectos, inclusive na maneira dos 
jogadores se organizarem em campo. Segundo Guimarães et al. (2014) 
e Leitão (2009), o primeiro time a adotar esse sistema foi o Nottingham 
Forest, em 1880, e em seguida copiado por diversas equipes britânicas, 
originando o que ficou conhecida como formação clássica: goleiro, dois 
zagueiros, três meias e cinco atacantes.
A partir de 1925 e da evolução das regras de jogo – principalmente 
a do impedimento –, os jogadores adotaram uma estratégia para rom-
per a linha da formação clássica. Esse sistema ficou conhecido como 
WM, que tinha estruturação 3-2-2-3 e é considerado pelos estudiosos 
do futebol como o ponto de partida para todos os demais sistemas 
modernos (LEITÃO, 2009).
62 Metodologia do ensino de futebol e futsal
Por volta da década de 1950, mais um defensor foi 
adicionado à linha de defesa dando origem ao quarto 
zagueiro e à linha de quatro defensores, originalmen-
te o 4-2-4. Em seguida, surge o 4-3-3 e logo o 4-4-3 
com suas variações: losango e quadrado no meio de 
campo (LEITÃO, 2009). Já na década de 1980 se popu-
larizou o 3-5-2. As estruturas táticas mais comuns, 
apesar de diversificações, estão apresentadas na fi-
gura a seguir.
Figura 3
Estruturação 3-2-2-3
so
ftp
ixe
l/S
hu
tte
rs
to
ck
Figura 4
Formações 4-4-2 e variações (com quadrado no meio/com losango/com 2 linhas)
so
ftp
ixe
l/S
hu
tte
rs
to
ck
Sistema 4-1-4-1 Sistema 3-5-2
O sistema tático nada mais é que operacionalizar as ideias. Para 
Leitão (2009), por exemplo, o esquema tático só faz sentido como re-
ferência se potencializar a ação dos jogadores e os comportamentos in-
dividuais e coletivos da equipe, para o cumprimento da lógica do jogo, 
Para maior aprofunda-
mento nesse assunto 
recomendamos o livro 
Periodização Tática: o 
futebol arte alicerçado 
em critérios, que destaca 
conceitos e aplicações 
práticas destes, além de 
propostas de organização 
e planejamento de treino, 
como a estruturação do 
treino semanal dentro do 
modelo de jogo.
PIVETTI, B. São Paulo: Phorte, 2012.
Livro
Princípios táticos do jogo 63
ocupação mais equilibrada do espaço de jogo, a manutenção da posse 
da bola e a aproximação do alvo.
Então, não se trata de construir uma referência com fim em si mes-
ma. A lógica do jogo não pode, jamais, ser perdida de vista. De fato, o 
sistema tático é unicamente a estrutura posicional que permitirá aos 
jogadores melhor sintonia coletiva.
4.6 Funções e posições no futsal 
Vídeo A evolução do futsal o tornou um esporte muito mais dinâmico que no 
passado, ou seja, antigamente, as funções e os posicionamentos nesse 
esporte eram mais específicos. No futsal contemporâneo, os jogadores 
atuam no princípio de ocupação de espaços na quadra, então, o conceito 
de posicionamento se tornou obsoleto. Assim, os atletas não possuem 
mais posições fixas, mas funções, às vezes múltiplas, determinadas de 
acordo com suas características (FERRAZ, 2013). Porém, tradicionalmen-
te, podemos reconhecer as seguintes funções e posições:
Ily
a 
ko
vs
hi
k 
/S
hu
tte
rs
to
ck
Figura 5
Posições tradicionais e distribuição em quadra
Goleiro
Fixo 
Ala
Pivô
O goleiro tem como papel principal o uso das mãos para evitar gols 
da equipe adversária. Fisicamente, ele se destaca pela agilidade e pelas 
reações rápidas. Além dessas características já conhecidas, o goleiro de 
64 Metodologia do ensino de futebol e futsal
futsal possui mais funções, ele é o primeiro jogador na fase de constru-
ção da equipe. Portanto, além das habilidades defensivas, o goleiro de 
futsal é fundamental na reposição de bola e na participação com os pés 
nos momentos ofensivos (BATISTA et al., 2014).
O fixo destaca-se pela capacidade de desarme e de liderança na or-
ganização defensiva da equipe, porém, assim como o goleiro, participa 
ativamente da fase inicial da construção das jogadas. Por isso, o bom 
passe é uma das características para exercer bem essa função. Na fase 
de criação, o fixo geralmente inicia manobras ofensivase se apresenta 
como alternativa para a finalização de média e longa distância.
Os alas normalmente atuam pelas laterais da quadra e têm função 
fundamental na criação das jogadas. Possuem como característica mobili-
dade e habilidade, sendo responsáveis pelas ações criativas de desequili-
brar o sistema defensivo da equipe adversária com dribles e fintas.
O pivô é o jogador referência do momento ofensivo, tanto para re-
ceber e distribuir as bolas comandando o ataque quanto para se mo-
vimentar, abrindo, assim, espaços para os demais jogadores chegarem 
por trás. Normalmente o jogador que recebe essa função tem boa orien-
tação corporal para jogar de costas para o gol e boa capacidade física 
para giros rápidos, além de excelente finalização (BATISTA et al., 2014).
4.7 Sistemas táticos no futsal 
Vídeo No futsal, a estrutura tática – ou sistema tático – é o termo conhecido 
para descrever o posicionamento de cada jogador dentro da formação 
da equipe. Os sistemas utilizados dependem das características especí-
ficas dos jogadores, suas funções determinadas, adversário enfrentado 
e situação do jogo. Não é incomum uma equipe variar sua estrutura 
tática mais de uma vez dentro o jogo. A maneira de posicionar a equipe 
em quadra varia conforme a intenção coletiva do time e para facilitar o 
senso e a orientação de espaço em quadra, algumas referências espa-
ciais são utilizadas pelo treinador para facilitar a compreensão.
Os problemas relacionados ao espaço podem ser ilustrados da 
seguinte maneira: para superar os adversários, a equipe deve 
coordenar as ações ofensivas, com o intuito de finalizar de ma-
neira bem-sucedida; e defensivas, com o intuito de impedir a fi-
nalização adversária bem-sucedida. (BATISTA et al., 2014, p. 1042)
Recomendamos o livro 
Futsal, de Antônio Navarro 
e Roberto Almeida, que 
aborda a iniciação espor-
tiva, o alto rendimento, a 
psicologia do esporte, a 
fisiologia do exercício, a 
educação física escolar, 
o treinamento esportivo 
(físico, tático e técnico) e 
convida a uma reflexão 
sobre a educação, as rela-
ções sociais e, até mesmo, 
econômicas, entre os que 
vivem do futsal.
NAVARRO, A. C.; ALMEIDA, R. São 
Paulo: Phorte, 2008.
Livro
Princípios táticos do jogo 65
É denominada como sistemas de jogo a maneira como os atletas se 
dispõem em quadra. Os sistemas comumente utilizados são as forma-
ções 2x2, 2x1x1, 3x1, 1x3, 4x0, 0x4, além dos sistemas em rodízio. O 
sistema de jogo representa a base da formação da equipe e funciona 
de modo interdependente com os padrões de jogo.
Para Michelin et al. (2012), com base na definição do sistema ado-
tado, o segundo passo é definir o tipo de marcação que a equipe de-
verá utilizar. Basicamente, pode-se definir a marcação zonal – ou por 
zona –, em que cada jogador fica responsável por um setor da quadra; 
marcação individual, em que cada jogador fica responsável por marcar 
individualmente seu oponente, independentemente do local da quadra 
em que se encontrar; ou marcação mista, que seria uma combinação 
desses dois panoramas, em que se marca individualmente após o mo-
mento que o adversário adentrar determinada zona.
Na figura a seguir destacaremos algumas das formações de jogo 
utilizadas no futsal, segundo Freitas, Henrique e Nolasco (2008).
Figura 6
Formações de jogo
Ily
a 
ko
vs
hi
k 
/S
hu
tte
rs
to
ck
2-2 2-1-1 3-1 1-3 4-0
 Sistema 2x2
Esse sistema é o mais utilizado na iniciação ao esporte pela simpli-
cidade e facilidade de entendimento por parte das crianças. É conside-
rado o precursor de outros sistemas atuais e consiste em utilizar duas 
linhas de dois jogadores. A posição inicial é formada por um fixo e um 
ala posicionados um em cada lado externamente à área, ou outros dois 
jogadores, pivô e ala, alinhados um em cada lado na quadra de ataque.
66 Metodologia do ensino de futebol e futsal
 Sistema 2x1x1
O sistema 2x1x1 pode ser considerado uma progressão do sistema 
anterior, relativamente simples e de fácil aprendizagem. Assim como a 
ilustração da Figura 6, dois jogadores de defesa se posicionam normal-
mente ao lado da área, um dos alas em uma posição média e o pivô 
buscando explorar o espaço mais próximo ao gol adversário.
 Sistema 3x1
Esse é um dos sistemas mais utilizados no futsal, pois possibilita 
inúmeras variações e implementações de jogadas ensaiadas, além do 
surgimento das variações de rodízio. Possui excelente balanço defen-
sivo como característica, porém exige grande capacidade física para as 
transições para o ataque. O pivô normalmente irá se posicionar próxi-
mo à marca do pênalti do adversário, os alas e o fixo se movimentam e 
são responsáveis pela construção das jogadas e por encontrar o pivô.
 Sistema 1x3
Nesse sistema, extremamente ofensivo, apenas um jogador perma-
nece fixo na defesa e três jogadores no ataque. Parece ser um sistema 
viável para equipes de alto nível técnico e em situações extremas de 
desvantagem no placar.
 Sistema 4x0
Esse sistema é caracterizado pela colocação dos quatro jogadores 
na parte defensiva da quadra, e é usado em situação de vantagem no 
placar para a manutenção do resultado. É um sistema que exige expe-
riência dos jogadores e bom período de treinamento, portanto, é mais 
comum ser observado em equipes de alto rendimento.
Um termo bastante utilizado no futsal é padrão de jogo, que se refe-
re a diversas formas de movimentação dos atletas nas quais ocorrem 
trocas de posições de modo planejado e organizado. Ele é representa-
do pelo modo como a equipe age sobre determinadas situações. Ape-
sar da imprevisibilidade do jogo, as equipes buscam a padronização 
baseada nos eventos que se repetem ao longo do tempo, passíveis de 
serem modeláveis (BATISTA et al., 2014; FREITAS, HENRIQUE, NOLASCO, 
2008). Os padrões seguem o sistema de jogo adotado e consistem em 
movimentos coordenados denominados de manobras na literatura es-
portiva(MICHELIN, 2012).
Para aumentar o 
conhecimento na área de 
treinamento tático, acesse 
a página Periodização 
tática, de Vitor Frade. 
O professor Frade é 
referência no assunto e o 
site possui diversos artigos 
e matérias.
Disponível em: http://
periodizacaotactica.com/. Acesso 
em: 24 jun. 2020.
Site
http://periodizacaotactica.com/
http://periodizacaotactica.com/
Princípios táticos do jogo 67
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os pontos aqui apresentados permitem ao futuro professor com-
preender que a elaboração e estruturação do treino técnico-tático deve 
obedecer a princípios para que faça algum sentido no jogo. Cada sessão 
de treinamento, ou unidade de treinamento, deve possuir um propósito 
para que os processos ou caminhos que levam a equipe ao sucesso ou 
o jogador ao desempenho máximo sejam alicerçados. Portanto, só pode-
mos esperar que aconteça no jogo o que foi proposto em treinamento.
É comum nos depararmos com o professor ou treinador que se indis-
põe com a equipe, gesticula com veemência ou cobra excessivamente, às 
vezes aos berros, devido ao erro coletivo numa jogada ou ação individual 
equivocada. O treinador precisa pensar: “será que os preparei correta-
mente?”, “será que consegui transmitir o que eu quero?”, “será que sei 
o que eu quero?”. O treino deveria servir exatamente para isso, ajustar 
comportamentos para cada momento do jogo, e esses comportamentos 
devem estar em concordância com as ideias de como jogar bem.
ATIVIDADES
1. Neste capítulo, foi abordada a importância de se adotar um modelo de 
jogo, pois este parece ser um ponto fundamental para que as unidades 
de treino tenham sentido e objetivo. Por qual razão o sucesso do 
modelo depende da compreensão do contexto local?
2. A expressão jogar bem é subjetiva e pessoal, mas na busca por um 
significado, é possível definir que o jogar bem resulta da coerência 
entre o plano ideológico e o prático. O que isso quer dizer?
3. Suponhamos que você assuma o comando de uma equipe competitiva 
de determinado colégio. Com base nos estudos deste capítulo, qual é 
o critério para a escolha do esquema tático?
REFERÊNCIASBATISTA, N. R. et al. Modelo do jogo de futsal e subsídios para o ensino. Movimento, Porto 
Alegre, v. 20, n. 3, p. 1039-1060, jul./set. 2014. Disponível em: http://www.redalyc.org/
articulo.oa?id=115332101010. Acesso em: 24 jun. 2020.
CORREIA, P.; RIBAS, T.; SILVA, V. Uma ideia de jogo, momento de organização ofensiva, 1 ed. 
Estoril: Prime Books, 2014.
COSTA, I. T. et al. Princípios Táticos do Jogo de Futebol: conceitos e aplicação. Motriz, Rio 
Claro, v. 15, n. 3, p. 657-668, jul./set. 2009.
DIAS, H. Sport Lisboa e Benfica 2013/2014: uma visão sobre o modelo de jogo de Jorge Jesus e 
sua operacionalização. Estoril: Prime Books, 2014.
68 Metodologia do ensino de futebol e futsal
DIAS, H. A Construção de um jogar. Estoril: Prime Books, 2016.
FERRAZ, M. P. M. Análise das possibilidades táticas do sistema 3 x 1 no futsal. EFDeportes, 
Buenos aires, ano 18, n. 180, 2013. Disponível em: https://www.efdeportes.com/efd180/
taticas-do-sistema-3x1-no-futsal.htm. Acesso em: 24 jun. 2020.
FREITAS, D. C.; HENRIQUE, J.; NOLASCO, R. C. Aspectos técnicos, táticos e regulamentares do 
futsal sob a ótica de treinadores experts. Efdeportes, Buenos aires, ano 13, n. 125, 2008.
GOUVEIA, V. Futebol: treinar para jogar. 1 ed. Estoril: Prime Books, 2019.
GUIMARÃES, M. B. et al. As posições no futebol e suas especificidades. Bras Futebol, v. 7, n. 
2, p. 71-83, jul./dez., 2014.
JUNIOR, N. B. A ciência do esporte aplicada ao Futsal. Rio de Janeiro: Sprint, 1998.
LEITÃO, R. A. A. O jogo de futebol: investigação de sua estrutura, de seus modelos e da 
inteligência de jogo do ponto de vista da complexidade. Campinas, 2009. Tese (Doutorado 
em Educação Física) – Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas. 
Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/274779. Acesso em: 24 jun. 
2020.
MICHELINI, M. C. et al. Futsal: Tática defensiva contemporânea e a teoria de ensino dos 
jogos esportivos coletivos de Claude Bayer. Revista da Faculdade de Educação Física da 
UNICAMP, Campinas, v. 10, n. 1, p. 20-37, jan./abr. 2012.
https://www.efdeportes.com/efd180/taticas-do-sistema-3x1-no-futsal.htm
https://www.efdeportes.com/efd180/taticas-do-sistema-3x1-no-futsal.htm
http://www.efdeportes
http://repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/274779
Fisiologia e preparação física 69
5
Fisiologia e preparação física
Para entendermos o papel que um programa de treinamento 
pode desempenhar no organismo humano, adentraremos no uni-
verso da fisiologia do exercício, mais precisamente naquela aplicada 
ao futebol e ao futsal. Por meio de adaptações fisiológicas, propor-
cionadas pelo treino, são promovidas melhorias nas capacidades e, 
consequentemente, maior aptidão física para o esporte. O futebol, 
assim como o futsal, é um esporte considerado de característica 
acíclica e intermitente – ou seja, durante o tempo total de jogo, os 
atletas se submetem a ações com diferentes tipos de esforços, 
como corridas em diferentes velocidades e distâncias, saltos, arran-
ques, acelerações e desacelerações, mudanças de direção etc.
Neste capítulo, conheceremos as competências físicas impor-
tantes para o desempenho do jogador, pois é com base no enten-
dimento das demandas do jogo que se elabora e se estrutura o 
treinamento. Também discutiremos os cuidados com o processo 
de formação esportiva de crianças e jovens, denominado desenvol-
vimento esportivo em longo prazo. 
É preciso que a formação do atleta seja vista como uma constru-
ção alicerçada por diversos blocos, que deverão estar devidamente 
encaixados. Cada etapa desse processo exige um olhar especial, e 
deixar de enxergar as crianças como adultos em miniaturas já é um 
bom começo. Os modelos de desenvolvimento de crianças sempre 
obedeceram ao critério da idade cronológica. Porém, novas pro-
postas de modelo vêm sendo estudadas para que a idade biológica 
de cada uma seja respeitada, já que, dependendo do período ma-
turacional, a assimilação e acomodação dos conteúdos propostos 
têm resultados diferentes. Com isso, será possível elaborar uma 
estrutura de trabalho que leve em consideração o período propício 
para determinadas capacidades físicas.
70 Metodologia do ensino de futebol e futsal
É com base nessas informações que o professor/treinador inicia 
o processo de criação e passa a ser capaz de responder a estas per-
guntas: o que treinar? Quando treinar? Quem treinar? As demandas 
fisiológicas dependerão de tudo o que acontece no jogo, do estilo 
da equipe, da exigência do adversário, dos fatores ambientais e dos 
aspectos psicológicos. Mas, apesar de cada partida oferecer uma 
condição, é possível traçar um perfil das modalidades em questão.
5.1 Demandas fisiológicas 
Vídeo O desempenho esportivo é determinado pelas características técni-
cas, táticas, físicas e psicológicas. Nas últimas décadas, o aspecto físico 
tem sido grande alvo de interesse de pesquisadores na busca pelo en-
tendimento sobre como o treinamento pode alterar os fatores fisioló-
gicos e aumentar a performance (BANGSBO, 2015).
O futebol é uma modalidade que depende de muitas variáveis fisioló-
gicas. Assim, tanto o metabolismo aeróbio quanto o anaeróbio estão pre-
sentes, e os esforços de alta intensidade com curta duração se interpõem 
aos períodos de menor intensidade e maior duração. Essa característica, 
associada à diversificação de gestos, conceitua o esporte como intermiten-
te e acíclico, do ponto de vista fisiológico (BARROS NETO; GUERRA, 2004).
O treinamento pode ser considerado um conjunto de tarefas que 
objetiva abalar a homeostase orgânica, ou seja, causar estresse físico. 
A adaptação a essa sequência de estímulos levará ao que alguns auto-
res chamam de supercompensação – termo utilizado para identificar a 
condição física melhorada. Porém, para que saibamos o que ou quanto 
se deve ser treinado, é necessário possuirmos um aprofundado conhe-
cimento das características da modalidade. Desse modo, quais são as 
demandas fisiológicas em uma partida de futebol ou futsal?
Para se ter uma correta informação sobre as cargas fisiológicas du-
rante a partida e para a estruturação racional do treinamento, as ob-
servações devem ser feitas em jogos oficiais. As sobrecargas impostas 
durante uma partida, para melhor entendimento, são divididas em car-
gas internas e cargas externas.
As cargas internas correspondem às respostas do organismo 
ao esforço. Frequência cardíaca (FC), lactato sanguíneo ou pres-
Fisiologia e preparação física 71
são arterial são algumas respostas fisiológicas ao estímulo recebido 
(BOURDON et al., 2017). Já as cargas externas se referem à tarefa a 
que o indivíduo é exposto (o que está fazendo), como a distância per-
corrida, o tempo de duração e os arranques realizados. Sendo assim, 
os fatores a serem identificados são: distância total percorrida; por-
centagem da corrida em alta intensidade; tempo de jogo; número de 
arranques e acelerações; e a frequência cardíaca, que corresponde à 
carga interna (GOMES; SOUZA, 2008).
Para Bourdon et al. (2017), a mensuração das cargas é fundamental 
e as cargas internas e externas devem ser utilizadas de maneira com-
binada para caracterizar o nível de esforço. A tecnologia hoje auxilia na 
mensuração rápida e precisa de muitas dessas ações de jogo; a grande 
maioria dos clubes, nas principais ligas, utilizam aparelhos GPS (global 
position system) acoplados a um frequencímetro, o qual permite a leitu-
ra, em tempo real, das ações dos jogadores em campo.
com bola mais de 23 km/h
de 19,1 a 23 km/h
de 14,1 a 19 km/h
de 11,1 a 14 km/h
de 0 a 11 km/h
Figura 1
 Distribuição das médias de velocidade da distância total percorrida por uma equipe em uma partida
Fonte: FIFA, 2020, p. 126.
O gráfico apresentado na Figura 1 demonstra a distribuição das 
velocidades, utilizadas pelos jogadores, dentro da média da distância 
total percorrida. As características mudam bastante de acordo com a 
função e posição em campo; porém, em média, um jogador percorre 
uma distância total de 10 a14 km, segundo FIFA (2020). 
Podemos observar, pelo gráfico, que uma pequena parte desse to-
tal corresponde a altas intensidades, o que representaria, de acordo 
com FIFA (2020), 500 a 800 m de corridas em alta intensidade (19 a 
23 km/h) e 200 a 350 m de arranques (+ de 23 km/h). Apesar de haver 
grande predominância dos deslocamentos de média e baixa intensida-
72 Metodologia do ensino de futebol e futsal
des, são as ações intensas, as quais definem o jogo, que poderiam supor 
uma maior relevância do metabolismo aeróbio (FIFA, 2020).
Em uma análise feita com base em 370 jogos da Premier League 
– primeira divisão da Inglaterra e um dos campeonatos mais importan-
tes do mundo –, durante a temporada 2005/2006, foram encontrados os 
seguintes valores de corridas de alta intensidade e distância total percor-
rida por posição: meias extremos com 3.138 e 11.535 m; meios-campis-
tas com 2.825 e 11.450 m; laterais com 2.605 e 10.710 m; atacantes com 
2.341 e 10.314 m; e zagueiros com 1.834 e 9.885 m (BRADLEY et al., 2009).
00
:0
0:
00
00
:1
5:
00
00
:3
0:
00
 
00
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00
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00
60
70 
80
90
100
%
 d
e 
FC
 m
áx
.
Tempos de partida (hr:min:seg)
Figura 2
Variação da frequência cardíaca durante uma partida
Fonte: FIFA, 2020, p. 125.
O treinamento físico tem como objetivo capacitar o futebolista a su-
perar as demandas físicas solicitadas durante o jogo. A Figura 2 repre-
senta a resposta média da frequência cardíaca (FC) durante uma partida 
de futebol; a zona de 90 a 100 apresenta os valores acima de 90% da FC 
máxima, demonstrando que, em boa parte do jogo, a equipe se mantém 
nas zonas de 70 a 80 e de 80 a 90. Essa informação ressalta a importân-
cia de se ter um bom condicionamento do sistema cardiorrespiratório.
5.1.1 O treinamento aeróbio
Para Barros Neto e Guerra (2004), os objetivos do treinamento ae-
róbio são: aumentar a capacidade do sistema cardiovascular em trans-
Fisiologia e preparação física 73
portar oxigênio aos músculos solicitados; aumentar a capacidade dos 
músculos em utilizar o oxigênio fornecido e em oxidar ácidos graxos; 
e, por fim, aumentar a velocidade de recuperação após ações intensas.
O treinamento de resistência aeróbia é de importância substancial, 
pois o aumento das capacidades aeróbias do organismo forma a base 
funcional necessária para o aperfeiçoamento de outros aspectos. No 
futebol e no futsal, essa é a base de apoio para a resistência específica 
(GOMES; SOUZA, 2008).
Os exercícios mais eficientes para o desenvolvimento da capaci-
dade aeróbia devem ser feitos no nível um pouco abaixo do limiar 
anaeróbio, ou seja, em intensidades nas quais os níveis de lactato 
permaneçam entre 3 a 4 mol (BARROS NETO; GUERRA, 2004). Com 
essa intensidade, é possível manter um equilíbrio entre os níveis de 
FC, acidose e consumo máximo de oxigênio.
Para Bangsbo (2015), o treinamento aeróbio pode ser divido em três 
áreas: aeróbio de baixa intensidade, de moderada intensidade e de alta 
intensidade; além disso, ele pode ocorrer com base na frequência cardía-
ca. Em esportes coletivos, esse treinamento se dará em forma de jogo.
Resistência especial é o nome utilizado para se referir ao treina-
mento voltado ao aumento da capacidade aeróbia dentro das espe-
cificidades do jogo, utilizando-se da estrutura e da funcionalidade da 
partida para se aproximar do aspecto biomecânico da atividade. Esses 
aspectos serão abordados na sessão 5.3.
5.1.2 O treinamento anaeróbio
O treinamento anaeróbio pode ser dividido em lático e alático. 
O primeiro possui o objetivo de aumentar a capacidade do músculo 
em realizar atividades de alta intensidade e em um maior número de 
vezes. Segundo Gomes e Souza (2008), o fator limitante da capacida-
de de produção de energia por esse sistema é a alta concentração 
de lactato, produto da glicólise anaeróbia, que pode levar à diminui-
ção da capacidade contrátil dos músculos. Ao determinar a duração 
do exercício para o treinamento, deve-se levar em consideração que, 
por volta dos 20 a 40 segundos em intensidade alta, esse sistema 
atinge seu limite. Portanto, o método mais eficiente para um melhor 
aproveitamento desse sistema é o intervalado.
74 Metodologia do ensino de futebol e futsal
Já no treinamento anaeróbio alático, a fonte energética majoritária 
é fornecida pelos fosfatos de alta energia, o ATP-CP (BARBANTI, 2010). 
Esse treinamento tem por objetivo aumentar a força e a velocidade, as 
quais propiciarão um consequente aumento da força de salto, acele-
ração e potência. Para o aumento da potência do sistema alático, os 
exercícios propostos devem ser de curtíssima duração, com pausas 
para a recuperação.
Para Bangsbo (2015), o intuito do treinamento anaeróbico é aumentar 
o potencial de desempenho nos exercícios de alta intensidade, podendo 
ser dividido em treino da velocidade e treino da velocidade resistida, por 
meio do método intervalado. Ainda, segundo o autor, o treino da velo-
cidade corresponde à ação de alta intensidade em um curto período de 
tempo. Já o treino de resistência de velocidade pode ser dividido em pro-
dução da velocidade e manutenção da velocidade, o que podemos ob-
servar na Tabela 1. Assim, a produção se refere ao exercício com duração 
de até 40 segundos e a manutenção ao exercício que dura no máximo 90 
segundos. É importante notar o tempo de recuperação entre elas.
Tabela 1
Princípios do treinamento de velocidade e treinamento de velocidade resistida
Exercício(s) Recuperação Intensidade (%)
Número de 
repetições
Treinamento 
de velocidade
2 - 10 seg.
>10x o tempo 
de exercício
100 2 - 20
Resistência de 
velocidade 
(produção)
10 - 40 seg.
>5x o tempo 
de exercício
70 - 100 2 -10
Resistência de 
velocidade 
(manutenção)
10 - 90 seg.
<3x o tempo 
de exercício
40 - 100 2 - 15
Fonte: Adaptada de Bangsbo, 2015.
Segundo Barbanti (2010), o treinamento físico se baseia em três 
princípios biológicos: sobrecarga, especificidade e reversibilidade. O 
princípio da sobrecarga se refere a como as adaptações fisiológicas e 
morfológicas do organismo dependem da sobrecarga imposta ao in-
divíduo pelo volume, pela intensidade e pela densidade de treino. O 
princípio da especificidade se fundamenta no fato de que um treina-
mento específico tem efeitos específicos sobre o organismo; assim, 
Fisiologia e preparação física 75
quanto mais próximo do jogo for o treino, melhor será a adaptação e 
as respostas. Por fim, o princípio da reversibilidade é sobre como as al-
terações conquistadas com treinamento têm caráter transitório, isto é, 
a inatividade ou o baixo estímulo tende ao retorno aos estados iniciais.
Figura 3
Capacidades condicionantes aplicadas ao futebol
Desempenho anaeróbio:
• máxima potência 
anaeróbia; 
• capacidade anaeróbia;
• frequência de 
produção de energia.
Força muscular:
• concêntrica;
• excêntrica;
• isométrica;
• frequência de 
produção de força.
Desempenho aeróbio:
• máxima potência 
aeróbia;
• capacidade aeróbia.Mas
ter
13
05
/ S
hu
tte
rst
oc
k
ResistênciaForça
Velocidade
Fonte: Elaborada pelo autor.
O treinamento de força ocorre com base nos valores porcentuais de 
1 RM para mensuração da carga máxima (100%). Desse modo, a aplica-
ção das cargas próximas a 60% promove resistência muscular, a 80% 
proporciona o aumento da força máxima e hipertrofia e acima de 90% 
propicia a força neural (BARBANTI, 2010).
Os tipos de contração muscular são: concêntrica, excêntrica e iso-
métrica. A força de contração concêntrica é caracterizada pelo encur-
tamento da fibra e pode ser vista na ação do chute. A fase excêntrica é 
definida pelo alongamento das fibras durante a contração e é comum 
nas desacelerações, muito usadas no futsal. Já a contração isométrica 
é aquela cuja produção de força não gera movimento, ela é estática; 
podemos exemplificar a força isométrica com a estabilização após a 
aterrissagem de salto para cabecear uma bola.
A ciência atual já reconhece que é possível aumentare desenvolver 
a força sem impor altas cargas, por meio de um modelo em que uma 
A obra Treinamento de 
força em futebolistas 
aborda, com detalhes, o 
treinamento de força para 
futebolistas, além dos 
conceitos e da contextua-
lização dessa capacidade 
durante o jogo. O livro 
destaca os cuidados e 
também a importância de 
programas de força para 
jovens atletas.
ARRUDA, M. de; HESPANHOL, J. São 
Paulo: Phorte, 2009. 
Livro
76 Metodologia do ensino de futebol e futsal
carga média deslocada em alta velocidade permite os ganhos de força 
compatíveis ao implemento de cargas altas. Apesar da literatura reco-
mendar a divisão das manifestações da força em força máxima, força 
rápida e força resistente, todas elas dependem do potencial de força 
máxima, ou seja, se esta aumentar, todas as outras também aumen-
tarão (BARBANTI, 2010; LOTURCO, 2018). Além do mais, o uso dessa 
técnica no exercício de salto vertical apresenta íntima correlação com 
as ações de alta velocidade.
5.2 Treinamento do jovem 
Vídeo O treinamento de jovens e crianças requer muito cuidado por parte 
do professor e dos treinadores. Um dos principais equívocos, que po-
demos observar na prática, é a tendência de reproduzir em crianças os 
métodos e modelos de treino aplicados aos adultos. Dependendo da 
fase ou do estágio de desenvolvimento, a carga ou o tipo de treino ofe-
recido à criança pode não produzir nenhum efeito benéfico ou, ainda 
pior, pode acarretar respostas fisiológicas adversas.
Ao iniciar uma criança ou um jovem em uma estrutura esportiva, é 
extremamente importante que o treinamento não seja visto como uma 
unidade isolada, mas como parte de um processo de desenvolvimento 
em longo período (LLOYD; OLIVER, 2012).
A busca por um modelo adequado de desenvolvimento esportivo, 
em longo prazo, tem sido observada ao longo de décadas. Atualmente, 
a ciência ajuda a entender algumas particularidades a respeito do or-
ganismo das crianças, norteando os caminhos para professores e trei-
nadores esportivos. Será que um jovem de 10 anos, por exemplo, está 
apto para receber um treinamento de força? Qual o melhor momento 
para se inserir a resistência? Com que idade se deve utilizar cargas? 
Essas perguntas podem ser respondidas pelos períodos sensíveis.
Os períodos sensíveis são aqueles nos quais o indivíduo está mais 
apto a receber certo conteúdo e responder bem a determinado estímulo. 
O período sensível pode ser entendido, metaforicamente, como a janela 
aberta. Desse modo, a janela de oportunidade vai estar mais ou menos 
aberta em dados períodos. A fim de determinar os períodos sensíveis, 
para receber e responder a treinos de força, resistência, velocidade e 
habilidades, os marcadores maturacionais são usados como referência.
Fisiologia e preparação física 77
O modelo a seguir é proposto por Lloyd e Oliver (2012) para uma es-
truturação de trabalho pautado no desenvolvimento esportivo. O mo-
delo propõe a utilização dos períodos sensíveis ao treinamento como 
norte para a elaboração do conteúdo de treino.
Figura 4
Representação do modelo de desenvolvimento esportivo em meninos e meninas
Idade
cronológica
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 +
MATURAÇÃO
PRÉ-
-INFÂNCIA
INFÂNCIA ADOLESCÊNCIA ADULTO
MENINOS IDADES PRÉ-PVC PVC IDADES PÓS-PVC
QUALIDADES 
FÍSICAS
Movimentos fundamentais
Movimentos 
específicos
Força
Velocidade
Agilidade
Hipertrofia
MENINAS IDADES PRÉ-PVC PVC IDADES PÓS-PVC
QUALIDADES 
FÍSICAS
Movimentos funda-
mentais
Movimentos 
específicos
Força
Velocidade
Agilidade
Hipertrofia
Fonte: Adaptada de Lloyd e Oliver, 2012.
As estratégias de desenvolvimento esportivo, propostas por Lloyd e 
Oliver (2012), propõem que, nos períodos iniciais, antes do começo da 
puberdade, as atividades sejam focadas no desenvolvimento das habi-
lidades fundamentais (saltar, correr, arremessar etc.), atribuindo maior 
importância à variação de movimentos e menor importância à especia-
lização esportiva. Assim, conforme o período de puberdade vai se apro-
ximando, maior importância vai sendo atribuída aos treinos específicos.
Observe que a força é um componente que pode ser trabalhado 
em todas as fases; porém, é importante ressaltar que o seu desenvol-
vimento não está necessariamente ligado à ideia de levantar pesos. Já 
78 Metodologia do ensino de futebol e futsal
a hipertrofia – essa sim relacionada ao deslocamento de altas cargas –, 
não deve ser iniciada antes do período púbere. Em diversos países, há 
programas voltados para o estímulo e a participação de atividades que 
contemplem o repertório motor da criança, construindo suas habilida-
des básicas até que ela esteja apta para receber os estímulos específi-
cos e melhorar as respostas aos treinamentos das capacidades físicas.
Estudos recentes mostram que a iniciação esportiva que contempla 
atividades variadas ou multiesportivas constrói adultos mais ricos em mo-
vimento, com menor número de lesões e maior longevidade como atleta. 
Com isso, desenvolve-se uma sociedade mais ativa, refletindo também na 
saúde pública do país.
5.2.1 Maturação biológica
Você sabe qual é a diferença entre idade biológica e idade 
cronológica?
Essa resposta pode auxiliar os professores a não negligenciarem o 
processo de formação esportiva, algo que ainda vemos com alguma 
frequência. A idade cronológica se refere aos anos de vida da criança, 
enquanto a idade biológica diz respeito à maturação sexual. A matura-
ção biológica é um processo que ocorre em todos os tecidos, órgãos e 
sistemas do corpo; a avaliação desse processo permite identificar o 
progresso ou estado atual de maturação (MALINA et al., 2015).
Juntamente com a maturação sexual, ou puberdade, outras caracte-
rísticas também se apresentam; algumas são visíveis, outras nem tan-
to, mas o fato é que essas características influenciarão nas capacidades 
motoras e cognitivas dos jovens. As crianças que maturam 
mais rapidamente e antecipam a idade cronológica são 
chamadas de precoces. Já aquelas que demoram mais 
tempo para atingir a puberdade (menarca ou esper-
marca) são denominadas tardias. A Figura 5 mostra 
um exemplo dessa situação, na qual há crianças 
inseridas em uma mesma turma, porém com 
condições de maturação bastante distintas.
O grande problema dessas diferenças 
reside no momento que, dentro do cenário 
esportivo, essas crianças são expostas às mes-
Figura 5
Crianças da mesma idade 
em um treino de futebol
m
atim
ix/Shutterstock
Fisiologia e preparação física 79
mas cargas de trabalho, exigências ou competições, sendo comparadas 
entre si. Obviamente, as crianças precoces terão ampla vantagem em 
alguns quesitos fundamentais para o esporte – como força, velocidade 
e agilidade – e, então, chutarão mais forte, saltarão mais alto e correrão 
mais rápido. Se as deixarmos expostas ao mesmo tratamento, é possível 
que estejamos cometendo grande injustiça.
O pico de velocidade de crescimento (PVC) diz respeito ao momento 
que a estatura da criança aumenta mais rapidamente. Ele é conhecido 
popularmente como estirão de crescimento e tem sido utilizado para ca-
racterizar o período de aumento de concentração hormonal, apresentan-
do transformações no desenvolvimento esportivo (LLOYD; OLIVER, 2012).
Assim como o PVC, as características sexuais secundárias também 
indicam o estado maturacional. Elas são utilizadas por pediatras como 
um método para identificar a idade biológica, estando relacionados 
com o PVC (MALINA et al., 2015).
Figura 6
Curva do pico de velocidade de crescimento
PVC
M
en
in
as
 - 
al
tu
ra
 c
m
/a
no
a
fase de 
estirão 
início do período 
de estirão 
menarca 
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
4 6 8 10 12 14 16 18
idade
pelos pubianos
seios
PVC
M
en
in
os
 - 
al
tu
ra
 c
m
/a
no
b
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
4 6 8 10 12 14 16 18
idade pelos pubianos
pênis
testículos
Fonte: Adaptada de Balyi, 2016.
Durante a puberdade, uma série de transformações são observadas 
no jovem, o que é considerado um marco para o inícioda fase de espe-
cialização do indivíduo. Observe, na Figura 6, que as meninas possuem 
o PVC próximo aos 12 anos de idade. Assim, após o pico de crescimento, 
ocorre a menarca devido ao aumento da secreção do hormônio estra-
diol, que proporcionará transformações morfológicas, como o aumento 
de gordura corporal, dos seios e do quadril (MALINA et al., 2015), poden-
do refletir negativamente no desempenho da jovem jogadora.
80 Metodologia do ensino de futebol e futsal
Já os meninos atingem o pico por volta dos 14 anos, dando início 
à maturação. O modelo de desenvolvimento de atletas em longo pe-
ríodo, proposto por diversas instituições mundo afora, preza pela atri-
buição de cargas e competências físicas coerentes com as capacidades 
biológicas da criança. A seguir, veremos algumas dessas capacidades e 
suas características relacionadas ao desenvolvimento.
 • Força: o treinamento de força para crianças e jovens sempre foi 
tema de discussão. Hoje, é aceitável que crianças possam, de ma-
neira segura, participar de atividades que envolvam a força, des-
de que de modo adequado e orientado (LLOYD; OLIVER, 2012). 
Porém, é importante salientar que o desenvolvimento de força 
está associado a vários fatores, como os neurais e hormonais. 
Então, a janela de oportunidade para essa valência estará mais 
aberta por volta de 12 a 18 meses após o PVC.
 • Velocidade: em concordância com o modelo, qualquer efeito de 
treinamento será resultado de adaptações neurais. Pesquisas 
indicam que o desenvolvimento da velocidade em jovens atle-
tas pode ser influenciado pela maturação. No entanto, durante 
o período pré-púbere, há boas respostas para os treinamentos 
de ativação neural, como arranques e treino pliométrico. Já para 
o treino neural e estrutural (força e pliometria), são observadas 
respostas melhores em adolescentes.
 • Hipertrofia: o modelo de desenvolvimento de atletas, proposto 
por Lloyd e Oliver (2012), sugere que a hipertrofia deve ser inicia-
da por volta dos 14 anos para os meninos e aos 12 anos para as 
meninas – período intimamente ligado ao PVC, no qual os níveis 
de secreção hormonal aumentam. Portanto, os treinamentos vol-
tados para o aumento de volume muscular não terão efeito antes 
do período proposto.
 • Potência: é a habilidade para produzir altos níveis de potência, 
sendo fundamental para o sucesso esportivo; porém, a janela de 
oportunidade para a potência parece estar mais aberta durante a 
adolescência, permanecendo na fase adulta.
 • Mobilidade: o modelo propõe que um programa de mobilidade e 
flexibilidade possa ser inserido na infância, de 5 a 11 anos de idade. 
Essa capacidade servirá como uma das mais importantes estrutu-
ras para a saúde a longo prazo do indivíduo. Os meninos demons-
tram uma diminuição dessa capacidade após completarem 9 anos 
Fisiologia e preparação física 81
de idade, por isso a importância de se trabalhar o quanto antes 
com a mobilidade, potencializando o período sensível.
 • Agilidade: é considerada um componente bastante discutível e 
com pouca base na literatura pediátrica. Apesar de não haver dú-
vidas de que é uma capacidade extremante importante para o 
futebol e futsal, não há um período sensível determinado para 
essa valência no modelo de desenvolvimento.
 • Resistência: anteriormente, era vista como uma capacidade a 
ser trabalhada durante o período pré-púbere. Porém, como há 
várias evidências de alterações no sistema cardiovascular central 
e periférico e na função neuromuscular e metabólica relaciona-
das ao crescimento, o modelo de desenvolvimento não deter-
mina um período específico, mas atenta para a importância do 
treino de resistência durante a infância, dando, também, atenção 
especial ao momento próximo à fase adulta, quando os sistemas 
cardiorrespiratórios parecem estar mais aptos.
Durante a idade pré-púbere, os meninos e as meninas seguem simi-
lares no que diz respeito à velocidade, coordenação, resistência e força, 
portanto, é possível e recomendável a participação conjunta sem dis-
tinção. Desse modo, o modelo de desenvolvimento sugere que, nesse 
período, seja oferecido e privilegiado, para meninos e meninas, um pro-
grama que contenha movimentos fundamentais básicos e atividades 
que aumentem o repertório motor da criança (LLOYD; OLIVER, 2012).
O vídeo Maturação e 
idade biológica no esporte, 
publicado pelo canal 
cdechecchi, apresenta 
uma matéria original-
mente exibida pelo 
canal esportivo SportTV, 
que discute a matura-
ção e a relação entre 
idade biológica x idade 
cronológica de crianças e 
adolescentes inseridos no 
esporte, dando destaque 
a quando esse fator 
é negligenciado por 
treinadores na formação 
esportiva.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=zcn3QwANVs8. Acesso 
em: 23 jun. 2020
Vídeo
5.3 Jogos condicionantes 
Vídeo Refere-se a jogos condicionantes o método de treinamento que se 
baseia na estrutura do jogo para o condicionamento físico; ele parte do 
princípio de que o desenvolvimento das competências técnico-táticas, 
dentro de uma lógica progressiva e evolutiva dos estímulos, gera adap-
tações físicas e psicológicas (DIAS, 2016).
Diferentemente de um planejamento chamado de periodização 
tradicional, em que os aspectos físicos são pensados e treinados 
isoladamente, nesse panorama mais moderno, chamado por al-
guns autores de periodização tática, o treino físico se integra ao 
jogo por meio de jogos de dimensões menores ou jogos reduzidos. 
No treino integrado, o treinador procura criar tarefas e exercícios, 
https://www.youtube.com/watch?v=zcn3QwANVs8
https://www.youtube.com/watch?v=zcn3QwANVs8
https://www.youtube.com/watch?v=zcn3QwANVs8
82 Metodologia do ensino de futebol e futsal
dentro do jogo, que exijam comportamentos coerentes com a de-
manda fisiológica que se queira desenvolver (DIAS, 2016).
Os jogos reduzidos são exercícios modificados, jogados em espaços 
menores; eles podem integrar todos os aspectos, desde os puramen-
te físicos até o comportamento técnico-tático. Esses jogos podem ser 
utilizados como um meio eficaz de treinamento para a melhoria da ca-
pacidade aeróbia e de desempenho, visto que, quando comparados 
com treinos de corridas tradicionais, não foram encontradas diferenças 
significativas (GOUVEIA, 2019).
A lógica desse método é treinar o futebol jogando futebol, manipulan-
do a unidade de treino por meio da intensidade e do tempo de duração. 
Diversos autores destacam que a maior parte do treinamento físico deve 
ser feita com bola, pois assim podem ser atribuídas vantagens, como: o 
desenvolvimento dos grupos musculares específicos e a associação das 
técnicas e táticas, proporcionando otimização do tempo e maior motiva-
ção quando comparada ao treino físico sem bola (GOMEZ; SOUZA, 2008).
Na elaboração de tarefas de jogo para condicionamento, devemos 
nos atentar a alguns fatores, como a dimensão do campo, o número 
de jogadores, a presença ou não do goleiro, a inferioridade ou supe-
rioridade numérica e a intensidade, dependendo da exigência do jogo.
A literatura científica dá alguns caminhos para ajudar nessa elaboração 
com base em respostas fisiológicas de jogos reduzidos. Assim, conforme o 
número de jogadores participantes diminui, devemos aumentar a intensi-
dade do exercício, resultando em maior participação e toques na bola por 
jogador; porém, quanto menos jogadores envolvidos, menos componen-
tes táticos são observados, já que os jogadores tendem a se movimentar 
sem obedecer às suas funções específicas (TURNER; STEWART, 2014).
Tabela 2
Exemplo de formatos de jogos condicionantes em espaço reduzido
Número de 
jogadores
Dimensão 
do campo Tempos Notas
3 vs. 3 25 x 20 m
6 x 1 min 
(1,5 min de pausa)
 • Componente tático limitado.
 • Alto número de ações por jogador.
 • Alta intensidade.
 • Aumento das acelerações e desa-
celerações e mudanças de direção.
4 vs. 4 30 x 25 m
6 x 2 min 
(1,5 min de pausa)
(Continua)
Fisiologia e preparação física 83
Número de 
jogadores
Dimensão 
do campo Tempos Notas
5vs. 5 40 x 30 m
4 x 4 min 
(2 min de pausa)
 • Componente tático moderado.
 • Moderado ou alto número de 
ações por jogador.
 • Moderada ou alta intensidade.
 • Aceleração/desaceleração e corri-
das de altas velocidades.
7 vs. 7 60 x 25 m
5 x 8 min 
(2 min de pausa)
8 vs. 8 70 x 40 m
3 x 12 
(2 min de pausa)
 • Alto componente tático.
 • Baixo número de ações por jogador.
 • Baixa intensidade e aumento de 
descanso entre as ações.
 • Aumento das corridas de alta velo-
cidade.
 • Alta ênfase aeróbica.
11 vs. 11 90 x 65 m
4 x 12 (2 min de 
pausa)
Fonte: Adaptada de Turner e Stewart, 2014.
Outros estudos também apontam que os formatos com menor nú-
mero de jogadores, como os de 2 a 6 por equipe, podem possibilitar 
maiores ações de alta intensidade. Além disso, atentam que o estímulo 
verbal por parte do treinador possui grande influência para o aumento 
da intensidade do jogo (PASQUARELLI et al., 2010).
Para a elaboração das tarefas dos jogos, é importante ressaltar 
que, quanto mais ampla a área de jogo, mais tempo haverá para 
as tomadas de decisão dos jogadores, o que normalmente torna as 
ações mais lentas. Em contrapartida, quanto menor o campo, me-
nos tempo haverá para as decisões e, com isso, ações mais rápidas 
serão induzidas, inclusive constantes acelerações e desacelerações 
com mudanças de direção (TURNER; STEWART, 2014).
No vídeo 2v2v2+1 
Possession Game for 
Soccer!, publicado pelo 
canal Championship 
Productions, é possível 
observar alguns exem-
plos de jogos reduzidos 
que possuem a finalidade 
de aumentar as capacida-
des motoras, juntamente 
com a velocidade de 
raciocínio e de tomada de 
decisão.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=YcNJF0iSWtQ. Acesso em: 
23 jun. 2020.
Vídeo
5.4 Avaliações físicas e controle de treinamento 
Vídeo As avaliações físicas são fundamentais em qualquer esporte, 
pois, ao conhecer profundamente o estado atual do indivíduo, po-
demos identificar suas necessidades e, consequentemente, elabo-
rar um plano adequado. Quando tratamos de esportes coletivos, 
essa importância é ainda mais evidente. Os testes fisiológicos po-
https://www.youtube.com/watch?v=YcNJF0iSWtQ
https://www.youtube.com/watch?v=YcNJF0iSWtQ
https://www.youtube.com/watch?v=YcNJF0iSWtQ
84 Metodologia do ensino de futebol e futsal
dem fornecer informações referentes aos pontos fortes e fracos do 
atleta (POWERS; HOWLEY, 2017).
Segundo Barros Neto e Guerra (2004), pelas características da mo-
dalidade, a avaliação da aptidão física deve contemplar a harmonia 
entre a força, velocidade, flexibilidade e resistência geral e específica, 
acompanhada da composição corporal.
Dentro desse contexto, alguns testes clássicos têm sido utilizados 
para atender às demandas específicas do futebol e do futsal. A avaliação 
do consumo máximo de oxigênio é aceita como a melhor forma de quan-
tificar a capacidade para exercícios prolongados. Além disso, há o padrão 
ouro, que é o método direto, no qual se utiliza a espirometria para captar 
as trocas gasosas durante o esforço na esteira (BARROS NETO; GUERRA, 
2004). Todavia, existem diversos protocolos indiretos, com menor custo, 
que podem ser usados como alternativas válidas cientificamente.
A avaliação anaeróbia estima a participação metabólica dos sis-
temas energéticos, do anaeróbio lático e do alático. Para a avaliação 
anaeróbia, é essencial que o teste aplicado empregue os músculos 
envolvidos no esporte em questão (POWERS; HOWLEY, 2017). Nessa 
esfera, um dos testes bastante utilizado é o de saltos, horizontais e ver-
ticais, para mensurar o desempenho neuromuscular. Existem diversos 
protocolos para atender às necessidades específicas do esporte, já que a 
capacidade de produção de força nos saltos tem alta correlação com as 
ações de velocidade. 
Dois dos testes mais conhecidos são o Counter Moviment Jump (CMJ) 
e o Squat Jump. Esses são testes utilizados e validados para a potência 
de membros inferiores e força de membros inferiores, respectivamente 
(TURNER, STEWART, 2014). Além de permitirem o acompanhamento da 
evolução do atleta, de modo prático e rápido, também têm sido usados 
como ferramenta para indicar fadiga no controle de carga.
Muita atenção tem sido dedicada a estratégias para diminuir o risco 
de lesões esportivas. Essas lesões não só causam prejuízos esportivos 
e financeiros, como também colocam em risco a saúde e o bem-estar 
do indivíduo. Entre as diversas linhas de abordagem para conter esse 
problema, está o controle da carga de treino. Controlar a carga é tão 
importante quanto realizar o planejamento – se não mais importante. 
O descontrole e, por via de regra, o excesso de treinamento podem 
Fisiologia e preparação física 85
expor o jovem atleta ou adulto a condições extremas, nas quais o efeito 
do treino passa a ser prejudicial.
O controle de carga é um ponto crucial para gerenciar a qualidade 
do treino do atleta; a diminuição da força de salto juntamente a outros 
critérios, por exemplo, pode representar uma fadiga neuromuscular 
proveniente do exercício. Com o monitoramento frequente, é possível 
identificar se o programa de treinamento traz benefícios e adaptações 
positivas ou se traz possíveis quedas no rendimento, provenientes de 
excessos de jogos e treinos. A identificação precoce de possíveis qua-
dros como esse permite uma intervenção imediata, reequilibrando as 
cargas, reajustando a alimentação e cuidando da recuperação.
Além do controle da fadiga neuromuscular, uma outra ferramen-
ta importante para a identificação da carga de treino é a percepção 
subjetiva de esforço (PSE). A PSE é um questionário simples e muito 
utilizado no treinamento desportivo; a escala indicada representa a 
estimativa da intensidade do exercício e os escores podem ser utili-
zados como indicadores do esforço, pois têm forte correlação com a 
intensidade do exercício (POWERS; HOWLEY, 2017).
A PSE é frequentemente usada como um modo de controlar a car-
ga de treinamento, pois, com base nas respostas apresentadas pelos 
atletas, o treinador pode reajustar a sobrecarga. Estudos relacionados 
com overtraining têm demonstrado que indicadores psicológicos, como 
a PSE, são mais sensíveis e consistentes do que indicadores fisiológicos 
(BOURDON et al., 2017). Além disso, medidas como a PSE podem ser 
aplicadas e reportadas em alguns minutos, enquanto biomarcadores 
fisiológicos podem demorar dias.
O vídeo Segredos do 
Esporte com Irineu Loturco 
e o NAR-SP (ESPN), publica-
do pelo canal NAR-SP, 
exibe uma matéria do 
canal esportivo ESPN, 
em seu programa 
Segredos do Esporte, 
que apresenta uma 
entrevista com o Prof. 
Dr Irineu Loturco, um 
dos maiores nomes da 
ciências do esporte e o 
diretor do Núcleo de Alto 
Rendimento (NAR-SP), na 
qual ele discute o esporte 
e treinamento. 
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=t098ZXnbdcc. Acesso em: 
23 jun. 2020.
Vídeo
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os treinos de futebol e de futsal devem estar intimamente ligados às 
ações que ocorrem durante o jogo. Logo, entender bem as características 
do esporte com o qual estamos lidando é um dos pilares para potencializar 
as ações dos atletas. Dependendo da posição ou função do jogador, suas 
demandas fisiológicas são diferentes. Então, o modelo de jogo adotado pela 
equipe, a sincronia e a organização desta estão associados às exigências 
motoras durante a partida. Uma equipe desorganizada será evidentemen-
te mais exigida; as dimensões física, tática, técnica e psicológica, apesar de 
serem interdependentes, estão interagindo o tempo todo durante uma par-
https://www.youtube.com/watch?v=t098ZXnbdcc
https://www.youtube.com/watch?v=t098ZXnbdcc
https://www.youtube.com/watch?v=t098ZXnbdcc
86 Metodologia do ensino de futebol e futsal
tida. Portanto, a preparação física não deve ser vista como uma estrutura 
afastada das outras dimensões, visto que elas fazem parte do mesmo jogo 
e, por isso, o treino ou a preparação deve ter esse olhar ampliado.
Grande parte das pesquisas relacionadas à intensidadede jogo são 
realizadas com o futebol. Isso porque, apesar da forte similaridade entre 
os esportes, no futsal são necessárias mais pesquisas para identificar as 
ações em quadra. Essa limitação pode ser explicada pela dificuldade de 
utilizar o GPS em ambientes fechados, como o ginásio esportivo, no qual o 
sinal é frágil. Nesses casos, a fidedignidade da coleta pode ser comprome-
tida, resultando em poucas publicações científicas sobre o tema.
A preparação do jovem atleta é uma constante preocupação e não 
deve ser negligenciada. O processo de crescimento da criança possui par-
ticularidades fisiológicas e, por isso, o programa de treinamento deve res-
peitar as fases de desenvolvimento. A exposição do jovem ou da criança a 
programas de treinamento com cargas elevadas e estímulos incoerentes 
com sua capacidade de resposta pode acarretar prejuízos irreversíveis, 
osteomusculares ou psicológicos, na formação desse indivíduo.
Tanto para adultos quanto para jovens e crianças o treinamento deve 
ser muito bem planejado e pautado nos conhecimentos científicos, prin-
cipalmente em esportes coletivos, nos quais a quantidade e a heteroge-
neidade entre os atletas é comum, a complexidade e a responsabilidade 
do treinador/professor aumenta ainda mais e o controle deve ser indivi-
dualizado e focado na necessidade de cada um. As demandas físicas nos 
esportes coletivos são complexas, e o elemento chave precisa ser identi-
ficado para cada atleta. Além disso, o efeito de diversos tipos de treinos 
para promover melhorias no desempenho precisa ser entendido antes do 
programa de treinamento ser iniciado.
As divisões de turmas, seja na aula de Educação Física na escola ou em 
treinos de equipes em clubes esportivos, normalmente seguem o critério 
da idade cronológica. Por exemplo, em uma turma com meninas entre 
10 e 12 anos, podem haver condições biológicas altamente distintas por 
conta da maturação de cada uma das alunas. Esse panorama se repete 
Brasil afora, refletindo o problema da formação esportiva. Desse modo, 
expor esses indivíduos ao mesmo esforço físico, competindo entre si e 
com mesmo nível de cobrança não parece justo, já que vimos que, quanto 
mais próximo estiverem da puberdade, mais rápidos, mais fortes e mais 
cognitivamente preparados estarão.
Os excessos àqueles que estão em estágios inferiores podem poten-
cializar os riscos de lesão, causar frustração esportiva por não conse-
Fisiologia e preparação física 87
guirem acompanhar a turma ou, até mesmo, resultar no abandono do 
esporte. Para amenizar esse problema, políticas públicas devem ser pro-
postas para qualificar o ensino esportivo, assim como ocorre em países 
como Canadá, Nova Zelândia e Austrália, que possuem planos estratégi-
cos para o desenvolvimento de esporte.
Fica claro, então, que planejar o treinamento não é tarefa fácil. Portan-
to, o profissional deve construir uma relação de respeito e empatia com 
os comandados, para que seja possível minimizar os erros na formação 
esportiva e obter desempenhos de alto rendimento no futebol e no futsal.
ATIVIDADES
1. Foi destacada a questão da idade biológica versus idade cronológica. 
Descreva como esse aspecto pode influenciar a formação e o 
desenvolvimento de crianças e jovens no esporte.
2. Se você fosse responsável pela estruturação de treinamento de 
uma equipe e pelo desenvolvimento das capacidades físicas, de que 
maneira você poderia potencializar o desempenho e minimizar os 
erros de sobrecarga que poderiam resultar em lesões? Discuta o tema.
3. Basear o desenvolvimento das capacidades condicionantes nos 
jogos rompe com o modelo tradicionalista de se focar na forma 
física isoladamente. Quais as vantagens de se utilizar esse meio mais 
moderno de preparação física?
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A regra do jogo 89
6
A regra do jogo
O futebol, comparado a outros desportos, é considerado um 
esporte de regras simples e objetivas, o que parece ser um dos 
motivos de sua massificação em qualquer parte do mundo. O 
futsal, buscando conquistar seu espaço entre os europeus, se 
modificou muito do original para chegar ao que conhecemos 
hoje, apesar de manter sua essência.
Neste capítulo, você conhecerá as regras do futebol e do futsal, 
curiosidades sobre elas e abordagens sobre as possíveis adapta-
ções para as categorias de base, na busca da inclusão das crianças 
e de facilitar o processo educacional e pedagógico.
Este capítulo não pretende formar árbitros e/ou auxiliares 
de arbitragem, mas fornecer um panorama para que o futuro 
profissional de educação física possa conhecer o jogo e transmitir 
para seus alunos as regras fundamentais.
6.1 Regras do futebol 
Vídeo As primeiras regras do futebol foram originalmente elaboradas em 
1863 e três anos depois foi criada a International Football Association 
Board (IFBA), que até hoje, junto à FIFA, responde pelas regras do 
esporte. Qualquer proposta de mudança de regras deve passar pela 
aprovação da IFBA, que tem como função preservar ao máximo 
as regras originais e a identidade do esporte. O reconhecido estilo 
conservador da International Board se pauta em aspectos como 
justiça, legitimidade, integridade, respeito, segurança, diversão dos 
participantes e como a tecnologia pode beneficiar o jogo.
Apesar de serem consideradas simples, as regras do futebol esbarram 
na subjetividade de lances interpretativos, o que pode causar polêmicas 
e discussões. A autonomia, nesses casos, é toda do árbitro principal. Não 
alheio às transformaçõestecnológicas e na tentativa de proporcionar mais 
90 Metodologia do ensino de futebol e futsal
justiça no jogo, o futebol passou a contar com o árbitro de vídeo a partir 
da Copa do Mundo de 2018, fato marcante para o esporte que passou 
por poucas alterações ao longo dos anos. Conforme destacado na intro-
dução, nesta seção apresentaremos ao aluno um resumo das 17 regras 
do futebol. Esse resumo está baseado no manual de regras mais recente 
publicado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF, 2019).
 Regra 1 – Campo de Jogo
O campo de jogo deve ser construído por completo com grama 
natural ou artificial, ou até híbrido (grama natural e artificial), porém, 
neste caso, não deve haver uma zona do campo apenas natural e ou-
tra apenas artificial. É importante ressaltar que, para o uso de grama 
artificial, a permissão estará condicionada à aprovação dos órgãos res-
ponsáveis pela competição.
O campo de jogo obedecerá a forma retangular e deverá ter linhas 
de marcação contínuas de 12 cm de largura. O campo será dividido ao 
meio por uma linha que une uma lateral à outra, ao centro dessa linha 
haverá um ponto central e um círculo com 9,15 m de raio. A dimensão 
do campo deve ter entre 90 e 120 m de comprimento e 45 e 90 m de lar-
gura, porém, para partidas internacionais e, recentemente, para jogos 
do Campeonato Brasileiro da primeira divisão foi adotada uma medida 
padrão de 105 por 68 m (CBF, 2019).
A Figura 1 aponta as principais medidas e marcações que compõem 
um campo de futebol.
Sh
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A 
16,5 m
90 – 120 m
45
 –
 9
0 
m
5,5 m
11
 m
5,5 m
11 m
1 m
9,15 m
40
,3
 m
Linha de meio campo
9,15 m
Círculo 
central
Meio de campo
Marca 
do
 pênalti
Grande 
área
Gol
7,31 
x 
2,44 m
Figura 1
Campo de jogo com respec-
tivas marcações
Fonte: Elaborada pelo autor.
A regra do jogo 91
Os postes de meta possuem duas traves verticais, unidos por uma 
barra transversal horizontal chamada de travessão. A altura dos postes 
é de 2,44 m e a distância entre eles é de 7,32 m.
 Regra 2 – A bola
Toda bola deve ter circunferência entre 68 e 70 cm e peso entre 410 
e 450 g, além de apresentar pressão equivalente a 0,6 – 1,1 atmosferas 
(600 – 1100 g/cm2) ao nível do mar (CBF, 2019).
 Regra 3 – Número de jogadores
É permitida a utilização de 11 jogadores para iniciar a partida em 
cada equipe, sendo um deles obrigatoriamente o goleiro. Caso alguma 
equipe possua menos de 7 jogadores, a partida não será iniciada ou 
deverá ser interrompida, no caso de expulsão ou abandono.
Se o regulamento da competição determinar que os nomes de to-
dos os jogadores e dos substitutos devem ser relacionados antes do 
início da partida, e se qualquer equipe começar o jogo com menos de 
11 jogadores, somente os jogadores e substitutos cujos nomes foram 
indicados na relação inicial poderão completar a equipe e participar 
da partida quando chegarem.
O número máximo de substituições em competições oficiais 
das respectivas principais divisões de ambos os gêneros é três.
Em partidas eliminatórias e decisivas, em que após resultado 
empatado haja a prorrogação, será permitida uma substituição a mais. 
Em partidas amistosas, é possível a flexibilização dessa regra em co-
mum acordo entre as duas equipes e os árbitros para promover maior 
participação (CBF, 2019).
 Regra 4 – Equipamento
Para atender medidas de segurança, não é permitido o uso de 
joias, colares ou qualquer outro acessório. O material esportivo obri-
gatório é composto de camisa, calções, meiões, caneleiras e calçados.
As cores do uniforme das duas equipes devem ser diferentes en-
tre si e também diferentes do uniforme do árbitro. Já os goleiros de-
vem ter cores diferentes dos demais integrantes da partida, tanto os 
jogadores de linha quanto os árbitros (CBF, 2019).
Figura 2
Padrão de uniformes
grebeshkovm
axim
/Shutterstock 
92 Metodologia do ensino de futebol e futsal
 Regra 5 – O árbitro
O árbitro é o responsável pela partida, ele tem autoridade para fa-
zer cumprir as regras do jogo e deve controlar a violência e atuar como 
cronometrista. Esse profissional tem a decisão final para os fatos que 
ali acontecem, porém não pode mais alterar sua decisão após o reiní-
cio do jogo ou após o término do primeiro ou segundo tempo. Se após 
um dos períodos o árbitro sair do campo de jogo para dirigir-se à área 
de revisão ou para ordenar que os jogadores regressem ao terreno de 
partida, continua sendo possível modificar uma decisão relativa a um 
incidente ocorrido antes de finalizar um dos tempos do jogo.
É papel do árbitro punir qualquer infração grave, e ele deve inter-
pretar conforme a regra, decidindo a punição com base no tipo de con-
tato físico e impacto que essa infração teve no andamento do jogo, 
avaliando as medidas disciplinares com cartão amarelo ou expulsão. 
O árbitro tem a prerrogativa de aplicar medidas disciplinares desde a 
ocasião em que sobe no gramado até o momento de saída do campo 
de jogo após o fim da partida. No caso de um jogador cometer uma 
infração passível de expulsão antes do jogo, o árbitro tem autoridade 
para impedir a participação do jogador (CBF, 2019).
 Regra 6 – Os outros oficiais de arbitragem
Os árbitros assistentes são responsáveis por dar suporte ao árbitro 
principal na condução do jogo. Eles indicam quando a bola ultrapassa 
a linha de campo e assinalam uma saída lateral ou para a linha de fun-
do. Além disso, têm a responsabilidade de apontar uma 
posição de impedimento. Outra responsabilidade atri-
buída ao árbitro auxiliar é a condução da substituição 
quando for solicitada.
O quarto árbitro tem a responsabilidade de veri-
ficar o material ou equipamento utilizado pelos jo-
gadores, controlar o entorno da partida e informar 
ao árbitro principal sobre qualquer acontecimento, 
vistoriar as bolas, apresentar o tempo de acréscimo 
indicado pelo árbitro principal e conduzir a substituição.
O árbitro assistente de vídeo (VAR) é aquele que acompanha o jogo 
de uma cabine equipada com monitores de vídeo e pode auxiliar o ár-
bitro da partida em situações de erro claro e óbvio ou incidente grave 
cometido e não percebido. Os lances que permitem a intervenção do 
Se uma segunda bola, um 
objeto ou um animal entrar no 
campo de jogo e causar alguma 
interferência, o árbitro deve 
parar o jogo e recomeçá-lo com 
uma bola ao chão. Essa regra 
não é válida se a bola estiver 
entrando na meta, e o árbitro 
deve validar o gol caso a bola 
ultrapasse completamente a 
linha (CBF, 2019).
Curiosidade
Figura 3
Árbitro assistente de vídeo
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ck
 
A regra do jogo 93
VAR são situações de gol, pênaltis, cartão vermelho direto e na identifi-
cação incorreta de algum jogador (CBF, 2019).
 Regra 7 – A duração do jogo
Uma partida de futebol oficial possui 90 minutos que são divididos 
em dois períodos de 45 minutos cada, com um intervalo de 15 minutos. 
Deve ser acrescido um tempo para compensar os minutos perdidos em 
paralisações durante a partida, como, por exemplo, atendimentos mé-
dicos, substituições, paradas para a hidratação, comemoração de gols 
e outras intercorrências (CBF, 2019).
 Regra 8 – Início e reinício de jogo
Um tiro inicial é concedido nos dos dois períodos de jogo, um para 
cada equipe. O tiro inicial também é utilizado logo após um gol para 
um novo reinício de jogo. Outras formas de reiniciar o jogo podem ser 
observadas nos tiros livres, pênaltis, arremessos laterais, tiros de meta 
e escanteio, assim como a bola ao chão.
Para o tiro de saída do meio de campo, os jogadores, exceto o joga-
dor executante, devem permanecer atrás da linha da bola até que esta 
seja tocada; enquanto os adversários devem permanecer a uma distân-
cia de 9,15 m da bola, ou seja, atrás da marca do círculo central. A bola 
entra em jogo logo após ser tocada e nitidamente se mover. É possível 
marcar um gol contra a equipe adversária no tiro de saída. Caso a bola 
entre no gol da equipe executante do tiro de saída, serámarcado um 
tiro de canto para o adversário (CBF, 2019).
 Regra 9 – Bola em jogo e fora de jogo
A bola só será considerada como fora de jogo se ultrapas-
sar completamente a linha, sendo lateral ou de meta, inde-
pendentemente da altura da bola, seja pelo chão ou pelo alto 
(CBF, 2019).
Também será considerada bola fora de jogo quando houver 
uma interrupção da partida pelo árbitro por qualquer motivo, 
por exemplo, para um atendimento médico a algum jogador ou 
por imprevisto de qualquer natureza.
 Regra 10 – Determinação do resultado do jogo
Será marcado gol quando uma equipe conseguir fazer com 
que a bola ultrapasse a linha passando por entre os dois postes 
e por baixo do travessão. Caso o goleiro lance a bola com as 
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Figura 4
Somente a bola D está fora 
de jogo. 
94 Metodologia do ensino de futebol e futsal
mãos e ela entre na meta adversária, não será marcado gol, mas sim 
um tiro de meta. O time que conseguir o maior número de gols vence 
a partida. Se duas equipes obtiverem o mesmo número de gols ou não 
marcarem, será decretado empate (CBF, 2019).
 Regra 11 – Impedimento
O jogador estará em posição de impedimento se, quando estiver 
na metade do campo adversário, qualquer parte de sua cabeça, cor-
po ou pés estiver mais próxima da linha de meta adversária do que 
a bola e o penúltimo adversário. É importante salientar que estar em 
posição de impedimento sem participar ativamente da jogada não 
constitui infração.
Um jogador em posição de impedimento só deve ser punido se tiver 
participação ativa do lance, por exemplo, ao encostar na bola passada 
ou tocada por um companheiro. Além disso, é passível de punição nas 
seguintes situações: ao impedir o adversário de jogar ou de poder jogar 
a bola ao obstruir claramente sua linha de visão; ao disputar a bola com 
o adversário; ao tentar claramente pegar a bola que se encontre próxi-
ma de si, quando essa ação causar impacto no adversário; ao praticar 
uma ação óbvia que tenha impacto claro na possibilidade de o adversá-
rio jogar a bola; ao ganhar vantagem da posição de impedimento por 
jogar a bola ou interferir em um adversário quando a bola tiver sido 
desviada ou rebotada em um dos postes ou no travessão da meta, em 
um oficial de arbitragem ou em um adversário, jogada por um adversá-
rio para fazer uma defesa deliberada (impedir que a bola entre em sua 
meta) (CBF, 2019).
Caso o jogador em posição de impedimento 
receba a bola jogada deliberadamente por um 
adversário, ele não deve ser punido. Uma defe-
sa deliberada se caracteriza quando um jogador 
intencionalmente joga ou tenta jogar a bola que 
vai em direção ou que está muito próxima de sua 
meta, com qualquer parte do corpo, exceto com 
as mãos, a menos que seja o goleiro em sua pró-
pria área de pênalti (CBF, 2019).
Figura 5
Marcação de impedimento
Fonte: Elaborada pelo autor. 
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G
A regra do jogo 95
 Regra 12 – Faltas e incorreções
Os tiros livres indiretos e diretos e o pênalti só podem ser marcados 
por faltas e infrações cometidas quando a bola estiver em jogo.
Será concedido um tiro livre direto a favor da equipe adversária 
do jogador que praticar uma das seguintes ações considerada pelo 
árbitro como imprudente: contato temerário ou com uso de força 
excessiva do tipo fazer carga em um adversário; saltar sobre ele; dar 
ou tentar dar um pontapé no jogador adversário; empurrá-lo; golpeá-
lo ou tentar golpeá-lo; dar uma entrada ao disputar a bola com um 
adversário; dar ou tentar dar um calço ou uma rasteira em um jogador 
do time oponente.
I. Imprudência significa que um jogador demonstra falta de 
atenção ou consideração; ou atua sem precaução em relação a 
um adversário, quando participa de uma disputa com ele. Não é 
necessária qualquer sanção disciplinar.
II. Temeridade significa que um jogador não considera o risco ou as 
consequências para seu adversário. O jogador deve ser advertido 
com cartão amarelo.
III. Uso de força excessiva significa que um jogador excede a força 
necessária e assume o risco de causar lesão em um oponente. O 
jogador deve ser expulso.
Será considerada infração e concedido um tiro direto caso um 
jogador toque a bola com as mãos ou os braços de maneira volun-
tária, agarre um adversário, atrapalhe a movimentação, morda ou 
cuspa em alguém.
Quanto à infração do toque de mão na bola, são geradas muitas 
dúvidas e discussões e vale salientar que a infração será marcada se 
a mão ou braço encontrar-se em arranjo não natural expandindo a 
extensão do corpo para baixo, para os lados ou para cima (CBF, 2019).
Será concedido um tiro livre indireto quando houver uma jogada 
perigosa ou um boqueio à progressão de um adversário sem qualquer 
contato; quando um jogador usar linguagem inapropriada ou gestos 
que caracterizem insultos ou ofensas; ou quando atrapalhar o goleiro. 
Também será concedido tiro indireto se o goleiro conservar a bola nas 
mãos por tempo superior a seis segundos ou usar as mãos para tocar 
a bola após esta ter sido recolocada em jogo.
96 Metodologia do ensino de futebol e futsal
Em geral, as infrações devem ser punidas com advertência verbal. 
Além disso, a reiteração dessas infrações ou as de natureza flagrante 
podem ser punidas com cartão amarelo ou cartão vermelho. O cartão 
amarelo é utilizado para comunicar uma advertência e o cartão ver-
melho para comunicar uma expulsão (CBF, 2019).
 Regra 13 – Tiros livres
São conferidos a favor da equipe adversária do jogador que come-
ter alguma infração. Para indicar um tiro livre indireto, o árbitro deve 
manter um braço levantado até que o tiro seja executado. Em um tiro 
direto, o gol é confirmado se a bola entrar diretamente após a execu-
ção. Porém, na execução de um tiro livre indireto, se a bola adentrar 
diretamente será marcado um tiro de meta.
Se a bola, na cobrança de um tiro livre direto ou indireto entrar di-
retamente na meta da própria equipe, será marcado um tiro de canto. 
A execução dos tiros deve ser exatamente no local da infração, a não 
ser que seja um tiro livre indireto a favor da equipe atacante cometido 
na área de meta da equipe adversária. Nesse caso, será executado com 
a bola posicionada em cima da linha de meta e no local mais próximo 
da infração. Para a execução, a bola deve estar parada e o executor 
deve dar apenas um toque até que seja tocada por outro jogador de 
qualquer equipe. Antes ser tocada, todos os jogadores da equipe con-
trária devem estar no mínimo a 9,15 m da bola. Um tiro livre pode ser 
executado levantando a bola com um pé ou com os dois pés simulta-
neamente (CBF, 2019).
 Regra 14 – Tiro penal
O tiro penal, mais conhecido como pênalti, é concedido quando um 
jogador comete uma infração em sua área penal. Para a execução, todos 
os jogadores, com exceção do batedor, devem estar no mínimo a 9,15 m 
da meta e o goleiro deve permanecer sobre a linha das balizas, de frente 
para o executante e entre os postes da meta até a bola ser tocada. O bate-
dor tem que impulsionar a bola para a frente e não pode dar um segundo 
toque consecutivo. Antes do primeiro toque, o goleiro deve ter um dos pés 
tocando a linha (CBF, 2019).
 Regra 15 – Arremesso lateral
É lateral para uma equipe quando seu adversário toca pela última 
vez na bola antes desta sair pela linha lateral do campo, ultrapassan-
A regra do jogo 97
do-a por baixo ou por cima. Por meio de uma cobrança de lateral, não 
pode haver gol diretamente se a bola entrar, nesse caso, será concedi-
do um tiro de meta.
Para a execução do arremesso lateral, o jogador deve se manter de 
frente para o campo e ter os pés tocando a linha ou fora do campo de 
jogo. A bola deverá ser arremessada com as duas mãos partindo da nuca 
e passando por cima da cabeça. Vale ressaltar que o jogador que exe-
cutou o lateral não pode tocar a bola pela segunda vez, caso arremesse 
intencionalmente em um adversário sem que aja de maneira agressiva, 
o árbitro pode permitir que o jogo prossiga (CBF, 2019).Regra 16 – Tiro de meta
Quando a bola ultrapassar a linha de meta, pelo chão ou pelo alto, 
após tocar em algum jogador da equipe atacante, será concedido um tiro 
de meta à equipe defensiva. É possível e deve ser validado um gol após 
uma cobrança de tiro de meta, mas somente contra a equipe adversária; 
se na cobrança, por um acaso, a bola adentrar seu próprio gol, será con-
cedido um tiro de canto para a equipe adversária.
Com a bola parada e em qualquer ponto da área de meta deve ser 
executado por qualquer jogador da equipe, geralmente o goleiro ou 
outro defensor. Os jogadores da equipe adversária devem encontrar-
-se fora da área penal até que a bola entre em jogo (CBF, 2019).
 Regra 17 – Tiro de canto
Será concedido um tiro de canto quando a bola ultrapassar a linha 
de meta, e tiver sido tocada por último por um jogador da equipe de-
fensora (CBF, 2019). Os gols feitos diretamente da cobrança de um tiro 
de canto são válidos e chamados de gols olímpicos.
Recomendamos uma 
visita à página oficial da 
Confederação Brasileira 
de Futebol. Nesse site, é 
possível consultar o Livro 
nacional de Regras 2020, 
além de notícias diversas 
do universo futebolístico 
e também acessar uma 
plataforma de cursos de 
arbitragem e treinadores.
Disponível em: https://www.cbf.
com.br/a-cbf. Acesso em: 3 jul. 
2020.
Site
6.2 Adaptações para categorias 
de base no futebol 
Vídeo Apesar de consolidadas e serem reconhecidas mundialmente por sua 
solidez, as regras podem e devem ser flexibilizadas para atender certas 
demandas. Para que haja a democratização e a inclusão do esporte, é pos-
sível criar adaptações estruturais. Grande parte dos praticantes do futebol 
são do público infantil e adaptar as regras permite adequar as realidades 
possíveis à criança, proporcionando, acima de tudo, segurança.
https://www.cbf.com.br/a-cbf
https://www.cbf.com.br/a-cbf
98 Metodologia do ensino de futebol e futsal
Foi aprovada pela International Board a possibilidade de as federa-
ções e associações de cada país adotarem adaptações para as catego-
rias de base, principalmente nas fases iniciais. As adaptações podem 
ser nas dimensões do campo, no tamanho e peso da bola, na altura e 
largura das traves, no número de jogadores, no tempo de duração da 
partida, no número de substituições, nas medidas disciplinares etc.
Além do quesito segurança, por exemplo, utilizando bolas mais le-
ves e diminuindo o tempo para não expor a criança a cargas altas, as 
adaptações e flexibilizações são favoráveis à aprendizagem e ao de-
senvolvimento do esporte. Em um campo com medidas oficiais, 11 por 
11, uma criança de 7 anos provavelmente tocaria pouco na bola e es-
taria desconectada do jogo. Imagine agora um goleiro de 10 anos de-
fendendo uma meta oficial, que tarefa injusta, não? O quão frustrante 
seria a partida para esses exemplos citados. Essas alterações buscam 
aproximar a criança do jogo, incluí-las, entusiasmá-las.
Segundo a FIFA (2016), por meio do seu progra-
ma para crianças, para o melhor desenvolvimento 
em diversos aspectos, as competições antes dos 
10 anos de idade não são aconselhadas. Até essa 
idade, torneios e festivais utilizando 5 contra 5 ou 7 
contra 7 seriam o mais adequado.
Para as categorias sub-9 (abaixo de 9 anos), o 
recomendado é o uso do campo com dimensões 
menores, representado na Figura 6 pela marcação 
preta mais grossa, além de um tempo de jogo de 
no máximo 30 minutos.
Para as categorias sub-11 (de 9 e 10 anos), o 
recomendado é o uso do campo com dimensões 
exemplificadas na figura pela marcação preta mais 
fina e tempo de jogo de até 50 minutos. As traves 
também podem ser reduzidas em suas dimensões e 
a bola pode ter pesos e tamanho menores.
Ainda segundo o plano Grassroots (FIFA, 2016), 
as traves ou balizas podem ser adaptadas para 5 x 
7 m, além de eliminar a regra de impedimento.
Fonte: Elaborada pelo autor. 
Figura 6
Tamanhos de quadra
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A/ Shutterstock 
Jogo 5 x 5
Jogo 7 x 7 
40 m
20 m
40 m
60 m
A regra do jogo 99
6.3 Regras do futsal 
Vídeo O futsal, apesar de ter se originado do futebol e possuir semelhanças 
nas suas ações técnicas, se difere bastante quanto às regras. São diferenças 
significativas, por exemplo, nas reposições de bola, como laterais e tiros de 
metas em que no futebol se utiliza as mãos e os pés para estas reposições, 
respectivamente, enquanto no futsal essa ordem é contrária.
Assim como na Seção 6.1, aqui apresentaremos uma versão resumi-
da das regras, porém baseada na edição 2019/2020 do livro de regras 
oficiais da Confederação Brasileira de Futebol de Salão (FPFS, 2019).
 Regra 1 – Quadra de jogo
As dimensões da quadra devem obedecer às medidas de 25 a 42 m 
de comprimento por 16 a 25 m de largura. Para jogos oficiais, o pa-
drão utilizado é a medida 40 m x 20 m. As traves, conhecidas também 
como metas, possuem 2 m de altura e 3 m de largura. As marcações 
devem ser bem visíveis, pois normalmente em quadras poliesportivas 
há outras marcações. É necessário utilizar linhas com 8 cm de largura. 
As linhas maiores são também chamadas de 
linhas laterais e as duas menores são chama-
das de linhas de meta ou linhas de fundo.
A quadra deve conter uma linha que di-
vide suas duas metades. No ponto médio 
dessa linha há uma marca em forma de cír-
culo medindo 10 cm, usado para o início e 
reinício de jogo e um círculo maior de 3 m 
de raio.
A área tem um formato de semicírculo e 
possui raio de 6 metros. O ponto do tiro de 
canto está nos cantos da quadra. Há ainda 
uma marca para o tiro livre direto sem bar-
reira, também chamado de segundo ponto 
penal, que fica a 10 m da meta adversária e 
de frente para o gol e uma demarcação a 5 m 
da linha de meta, que determina o limite do 
goleiro na cobrança desse tiro (FPFS, 2020).
Fonte: Elaborada pelo autor. 
Figura 7
Quadra de futsal
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na
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 16 a 25 m
5 m
6 m
3 x 2 m
10 m
3 m
25
 a
 4
2 
m
100 Metodologia do ensino de futebol e futsal
 Regra 2 – A bola
O padrão da bola deve obedecer às medidas de no mínimo 62 cm 
e de no máximo 64 cm, pesando de 410 a 430 g, e deve ser feita 
com couro ou material similar (FPFS, 2020).
 Regra 3 – Número de jogadores
Em uma partida de futsal são permitidos no máximo 5 jo-
gadores em quadra, sendo quatro jogadores de linha e o go-
leiro. Caso uma das equipes esteja com menos de 3 jogadores, 
a partida não deve ser realizada, e se uma equipe no meio da 
partida ficar com menos de 3 jogadores por conta de expulsão ou 
abandono, o jogo deve ser interrompido. Para a suplência ou o banco 
de reservas, uma equipe pode contar com mais nove jogadores.
Uma recente modificação proposta pela FIFA determina que dos jogado-
res reservas somente 5 poderão permanecer em processo de aquecimen-
to, os demais deverão estar sentados no banco (FPFS, 2020).
 Regra 4 – Equipamento dos jogadores
Não é permitido o uso de objetos considerados perigosos para a 
saúde do jogador e demais participantes, portanto, joias, anéis, pulsei-
ras etc. devem ser retirados antes de adentrar a quadra de jogo. O 
material exigido oficialmente é camisa de manga curta ou comprida, 
calções, tênis, meias de cano longo e caneleiras. O uniforme do goleiro 
deve diferir das cores dos demais participantes do jogo, seus compa-
nheiros, adversários e arbitragem (FPFS, 2020).
 Regra 5 – Arbitragem principal e auxiliar
Para a partida ser conduzida, haverá dois ár-
bitros, o auxiliar e o principal que deverão zelar 
para o bom andamento da partida. Entre deveres 
e poderes são 56 itens. Resumidamente, o árbi-
tro principal têm o papel de controlar e condu-
zir a partida com o auxílio dos auxiliares fora de 
quadra, inibindo a violência e fazendo cumprir as 
regras do jogo.
Cabe também ao árbitro apontar e identifi-
car ao anotador os jogadores que cometerem 
infrações ou que fizerem gol. Na Figura 9 ob-
Figura 9
Sinais do árbitro para identificar os jogadores
Fonte: FPFS, 2020.
Figura 8
Bola oficial 
Bu
gB
ar
p/
B
ik
im
ed
ia 
Bo
mm
ons
A regra do jogo 101
servamos de que maneira o árbitro indica as respectivas numera-
ções dos jogadores (FPFS, 2020).
 Regra 6 – Cronometrista e anotador
Além dos árbitros dentro da quadra, no jogo deve conter um cro-
nometrista e um xanotador, também conhecidos como mesários. O 
cronometrista deve estar atento e controlar o tempo de jogo, e o 
anotador confere as fichas dos jogadores inscritos para a partida e 
anota na súmula as faltas cometidas, individuais e coletivas, os gols, 
os cartões e outras possíveis ocorrências (FPFS, 2020).
 Regra 7 – Duração da partida
A partida de futsal tem duração de 40 minutos, divididos em pri-
meiro e segundo tempo. Vale ressaltar que esses dois tempos de 20 
minutos são cronometrados e o relógio para toda vez que a bola está 
fora de jogo (FPFS, 2020).
 Regra 8 – Bola de saída
A bola de saída – ou tiro de saída – é utilizada para início e reinício 
de jogo. Antes de a partida começar será sorteada a equipe que sairá 
com a bola no primeiro tempo e, consequentemente, seu adversário 
o fará no início da segunda etapa. Após cada gol, o reinício se dá no 
mesmo local (FPFS, 2020).
 Regra 9 – Bola em jogo e fora de jogo
A bola será considerada como fora de jogo sempre que ultrapassar 
completamente as linhas da quadra, laterais ou de meta, sendo por 
cima ou por baixo. Estará fora de jogo também quando a bola tocar o 
teto do ginásio ou se em alguma ocasião a partida for paralisada pelo 
árbitro da partida (FPFS, 2020).
 Regra 10 – Contagem de gols
Será gol quando uma equipe conseguir fazer com que a bola aden-
tre a meta adversária, ultrapassando completamente a linha de meta 
(FPFS, 2020).
 Regra 11 – Impedimento
Não há, para o futsal, uma regra de impedimento (FPFS, 2020).
 Regra 12 – Faltas e incorreções
Falta é qualquer infração cometida por um jogador enquanto a bola 
estiver em jogo. A infração pode ser punida com tiros livres diretos, 
102 Metodologia do ensino de futebol e futsal
indiretos e pênaltis. Para tiros diretos, serão consideradas atitudes 
como derrubar o jogador adversário, empurrar, bater, cuspir, segurar, 
jogar com imprudência, jogar perigosamente etc. Caso essas situações 
ocorram nos limites da área, será assinalada uma penalidade máxima.
Será concedido um tiro indireto para a equipe adversária quando 
forem verificados atos como permanecer com a bola por mais de 4 
segundos na área penal, ou caso o goleiro receba uma bola do compa-
nheiro de equipe após lateral ou escanteio, além de atrasar ou retardar 
o tempo da partida e atrapalhar a reposição do goleiro.
Os cartões são usados como medidas disciplinares e têm como 
objetivo coibir a violência. O cartão amarelo é utilizado em caso de 
má conduta – também conhecida como conduta antidesportiva –, por 
exemplo, desrespeitar os árbitros, atrapalhar ou impedir o reinício 
do jogo e fazer simulações. Já o cartão vermelho é utilizado em 
situações de violência do jogador, por meio de jogo desproporcional, 
gestos obscenos, ofensivos; impedir com a mão, não sendo o goleiro, 
a marcação de um gol; cuspir em alguma pessoa durante a partida; 
comprometer a integridade física de um jogador; impedir de modo 
ilegal a tentativa de finalizar um gol (FPFS, 2020).
 Regra 13 – Tiros livres
Os tiros livres são concedidos como consequência de infrações ou 
faltas cometidas pelo adversário. São chutes de reposição da bola após a 
paralisação devido à infração, classificados em tiro livre direto e indireto.
O tiro direto acontece quando a falta representar imprudência, ação 
temerária utilizando força excessiva. O tiro livre direto por falta acumu-
lativa ocorre a partir do momento em que uma equipe comete a sexta 
falta, ou seja, assim que a equipe comete a quinta infração, o anotador 
deve avisar aos jogadores que o limite de faltas coletivas se esgotou. 
Assinalada a falta, a bola deverá ser posicionada na segunda marca 
penal se o local da falta for atrás da referida marca, caso seja à frente 
dela, a bola deve ser posicionada no local da infração. Os tiros livres 
indiretos não são acumulativos (FPFS, 2020).
 Regra 14 – Penalidade máxima
A penalidade máxima é conferida quando uma infração é cometida 
dentro da área penal. É um tiro direto cobrado da marca do pênalti, lo-
calizada no limite da área penal de frente para o gol. Todos os jogadores, 
A regra do jogo 103
exceto o executor do lance e o goleiro adversário, deverão estar atrás 
da linha da bola. O batedor só pode dar um toque na bola e terá quatro 
segundos para execução após o sinal do árbitro (FPFS, 2020).
 Regra 15 – Tiro lateral
Acontece toda vez que a bola sai de jogo pela linha lateral da qua-
dra. Deve ser executado com os pés, no local onde a bola saiu. O exe-
cutor deve estar de frente para a quadra e o adversário deve respeitar 
uma distância mínima de 3 m para a execução. Se o chute saído da 
lateral for para o gol, deverá ser validado somente se houver desvio de 
outro jogador (FPFS, 2020).
 Regra 16 – Arremesso de meta
Será concedido um arremesso de meta sempre que a bola, após ter 
sido tocada pela última vez por jogador da equipe atacante, sair pela li-
nha de meta, ultrapassando-a completamente. Para a execução, a bola 
deve estar nas mãos do goleiro e este deve lançá-la de qualquer ponto 
de dentro da área (FPFS, 2020).
 Regra 17 – Tiro de canto
É assinalado tiro de canto quando a bola é tocada por último pela 
equipe que está defendendo e sai completamente pela sua linha de 
meta. Para a execução, a bola deve estar posicionada dentro do quarto 
de círculo e deve ser cobrado em 4 segundos. Se a bola entrar na meta 
adversária após a cobrança, o gol é validado. Caso um gol seja feito 
contra a própria meta, com ou sem desvios de outros jogadores, não 
será validado (FPFS, 2020).
Indicamos o site oficial da 
Confederação Brasileira 
de Futebol de Salão, que 
traz diversas informações 
sobre o mundo do futsal, 
além de disponibilizar 
o livro de regras mais 
recente, notícias sobre 
a seleção brasileira e as 
principais competições 
nacionais. 
Disponível em: https://www.cbfs.
com.br/. Acesso em: 3 jul. 2020.
Site
6.4 Adaptações para categorias de base 
no futsal 
Vídeo O futsal apresenta possíveis variações para democratizar a partici-
pação na modalidade, é importante que essas adaptações sejam feitas 
coerentes com as respectivas idades e os respectivos graus de desen-
volvimento. Com relação às dimensões da quadra, não haverá tanta 
necessidade de modificação, pois o futsal já possui espaço diminuído 
em sua estrutura, porém quando a quadra possui dimensões máximas, 
uma adaptação também é bem-vinda. A adequação dos jogos deve ser 
enxergada com cuidado pelos professores e responsáveis.
https://www.cbfs.com.br/
https://www.cbfs.com.br/
104 Metodologia do ensino de futebol e futsal
O futsal, em sua essência, já é uma adequação e adaptação do futebol. 
Suas regras permitem a participação maior dos indivíduos, o número de 
substituições ilimitado e o maior número de toques na bola por partida 
já demonstra essa característica. Ainda assim, podemos ser mais flexíveis 
de acordo com a necessidade do público. Na organização de festivais de 
futsal, caberá ao professor de educação física, então, observar se as traves 
são muito altas, se a bola é muito pesada e se o tempo não é excessivo. 
Caberá a esse profissional ponderar sobre todas essas situações, além de 
conscientizar federações e ligas para tal importância.
No futsal, as bolas têm tamanhos e pesos diferentes para adequar-
-se às categorias de base, conforme apresentado na tabela a seguir.
Tabela 1
Classificação das categorias e suas respectivas bolas 
Categoria Sexo Peso Circunferência
Adulto e sub-20 Masc./Fem. 410 g a 430 g 62,5 cm a 63,5 cm
Sub-17 e sub-15 Masc./Fem. 400 g a 440 g 62 cm a 64 cm
Sub-13 Masc./Fem. 350 g a 380 g 55 cm a 58 cm
Sub-11 e sub-9 Masc./Fem. 300 g a 330 g 52 cm a 55 cm
Inferior ao sub-9 Masc./Fem. 250 g a 280 g 49 cm a 52 cm
Fonte: Adaptada pelo autor com base em FPFS, 2020.
Existe a opçãode também adaptar as dimensões da quadra para 
atender à iniciação esportiva, isso se faz importante principalmente ao 
treinar em quadras com dimensões oficiais (40 x 20 m).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O professor de futebol e futsal não precisa ter necessariamente forma-
ção em arbitragem para ser capaz de ensinar as modalidades em questão, 
porém é imprescindível que tenha o domínio das regras para poder trans-
mitir os valores do jogo. O esporte não tem a pretensão de resolver todos 
os problemas da educação, mas por trás do respeito às regras do jogo 
está o respeito por toda regra, respeitar a ética do jogo ensina a respeitar 
as éticas de civilidade e convivência.
O professor de Educação Física é o transmissor e divulgador das regras 
do jogo por meio das aulas, dos treinos e das competições. É com ele que 
No vídeo Benjamín A - 
Levante UD (4-0, Semifinal 
Íscar Cup), publicado 
pelo canal FC Barcelona, 
podemos observar uma 
partida das categorias de 
base em que fica claro 
que as competições para 
crianças são organizadas 
e adequadas para aten-
der às capacidades dos 
pequenos aprendizes. 
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=4XZUwkvVQ7w. Acesso 
em: 3 jul. 2020.
Vídeo
 https://www.youtube.com/watch?v=4XZUwkvVQ7w.
 https://www.youtube.com/watch?v=4XZUwkvVQ7w.
 https://www.youtube.com/watch?v=4XZUwkvVQ7w.
A regra do jogo 105
o esporte informal começa a caminhar para a formalidade. Em escolas 
ou demais instituições, a participação em campeonatos e festivais é uma 
ferramenta educacional importante e motivadora. Normalmente, caberá 
ao profissional de educação física a responsabilidade pela organização, 
estruturação e arbitragem dos jogos. Sugerimos que você esteja atento às 
modificações e às possíveis alterações das regras para manter-se sempre 
atualizado, principalmente no futsal que historicamente apresenta mu-
danças nas regras praticamente todos os anos.
ATIVIDADES
1. Imagine que você é um árbitro de futsal e momentos antes de iniciar 
a partida uma das equipes compareceu com apenas três jogadores. 
Durante o jogo, um desses atletas foi advertido com o segundo cartão 
amarelo e foi, consequentemente, expulso. Qual postura deve ser 
adotada nesse caso? E se a competição fosse na categoria sub-9?
2. Se durante uma partida de futebol um defensor toca a bola com o 
braço involuntariamente estando dentro da área, qual seria a decisão 
do árbitro?
3. Na cobrança de um pênalti, o goleiro se adianta e um dos atacantes 
invade a área antes de o batedor tocar a bola, que é defendida pelo 
goleiro. Qual deve ser a decisão do árbitro?
REFERÊNCIAS
CBF. Livro de regras 2019-2020. CBF, 23 out. 2019. Disponível em: https://www.cbf.com.br/a-
cbf/arbitragem/aplicacao-regra-diretrizes-fifa/livro-de-regras-2019-2020-portugues. Acesso 
em: 2 jul. 2020.
FIFA. Manual FIFA de futebol base. Grassroots, 2016. Disponível em: https://grassroots.fifa.
com/fileadmin/user_upload/pdfs/grassroots_2016__e.pdf. Acesso em: 2 jul. 2020.
FPFS. Livro nacional de regras 2020. FPFS, 2020. Disponível em: http://www.
federacaopaulistadefutsal.com.br/novo/wp-content/uploads/2020/03/Livro-Nacional-de-
Regras-2020-Paraguassu-em-PDF.pdf. Acesso em: 2 jul. 2020.
106 Metodologia do ensino de futebol e futsal
7
Futebol e futsal na 
escola: currículo, desafios 
e possibilidades
Você já se perguntou qual seria a função do futebol e do futsal nas 
aulas de Educação Física? Será que esportes que já são praticados 
em outros ambientes, ofertados em escolinhas e clubes, têm lugar na 
escola? E o professor de Educação Física, qual seria o papel dele no 
processo de ensino-aprendizagem? Quais seriam suas obrigações e 
como ele pode conduzir o processo? Questões como essas reforçam 
a importância de aprimorar os conhecimentos acerca das modalida-
des e qual seria a melhor forma de transmiti-las.
Apesar de se diferirem em alguns aspectos, como regras e di-
mensões espaciais, ambos os esportes possuem a mesma lógica e 
consequentemente muita proximidade no quesito técnico-tático, 
sendo aqui tratados como sinônimos muitas vezes. Aliás, na escola, 
a modalidade se modifica e se adapta ao contexto, sem nomenclatu-
ra formal e específica. Quer um exemplo? Crianças jogando durante 
o intervalo das aulas informalmente em uma disputa de 6 contra 6. 
Não é futsal, nem futebol, mas os esportes em sua plena manifesta-
ção. As duas modalidades estão ali presentes.
O futebol e o futsal têm grande força de atração entre os 
jovens e podem ser usados como ferramenta de integração com 
outras disciplinas, ressignificando a Educação Física, muitas vezes 
vista somente como recreação e extensão do intervalo. Aproveita-
-se desse aspecto afetivo do esporte para qualificar as aulas de 
Educação Física, atribuindo a ela uma função mais ampla, ajudando 
a despertar a atenção, a curiosidade e o interesse pela participação.
Assim, este capítulo pretende discutir o futebol e o futsal dentro 
da escola e o papel dos professores nessa relação. Conhecer como 
planejar o conteúdo para facilitar a operacionalização, entendendo 
as dificuldades, respeitando as diferenças, democratizando o ensino.
7.1 Papel do professor 
Vídeo Refletir sobre o papel do professor/treinador é imprescindível para 
que possamos qualificar o ensino das modalidades dentro das organi-
zações, seja na escola, nos clubes ou nas escolinhas esportivas. Apesar 
das diferenças presentes na finalidade e no funcionamento dos espor-
tes em diferentes contextos, a postura do mediador está pautada nos 
mesmos princípios. Não há dúvidas de que o esporte escolar deve estar 
alicerçado em valores educacionais que contribuam para a promoção de 
inclusão, autonomia, inserção, cooperação e cidadania (GALATTI; PAES, 
2006). Entretanto, valores como esses ficam comprometidos quando o 
professor, influenciado pelo modelo de treinador de equipe profissional, 
passa a dar maior importância para os resultados esportivos.
A competitividade exacerbada desnorteia o processo educativo e 
o desenvolvimento esportivo, pois pressupõe a importância maior ao 
imediatismo, além do resultado do produto acima do processo.
Diversos autores têm debatido sobre esse tema e sugerido 
competências e ações que caracterizariam o papel do profissional que 
atuará dentro da quadra ou do campo. A preocupação se justifica 
quando são observados profissionais privilegiando a imposição física 
como critério de seleção, ou seja, maior prestígio e atenção para alguns 
poucos e consequente exclusão e desassistência para outros.
A busca por títulos em categorias de base é outro fator importante a 
ser discutido. Essa postura pode estar submetendo crianças à cobran-
ça inadequada e à pressão psicológica, o que pode ter como resultado 
a desmotivação ou a não aprendizagem plena, já que o foco foi dado 
ao resultado e não ao aprendizado. Nos estudos condu-
zidos por Galatti e Paes (2006), os autores consideram 
fundamental que o professor seja 
portador de boas práticas 
e recomendam que, 
para exercer a fun-
ção, o profissional 
deve obedecer às 
seguintes regras:
Figura 1
Treinador/professor
Sh
ut
te
rs
to
ck
/m
at
im
ix
107Futebol e futsal na escola: currículo, desafios e possibilidades
108 Metodologia do ensino de futebol e futsal
Proporcionar a oportunidade para construção das habilidades motoras 
básicas.
1
2
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10
Potencializar a técnica e tática por meio de treinos e experiências 
específicas, para que essas ações façam sentido.
Valorizar as múltiplas inteligências, enxergando que cada indivíduo 
pode apresentar uma competência.
Possibilitar a transformação e o ensinamento de valores.
Construir relações pessoais, cooperação, empatia e respeito.
Ensinar e desenvolver elementos básicos que compõem a lógica do 
jogo, os momentos de atacar e os momentos de defender.
Estimular as competências cognitivas, por meio de tarefas condizentes 
às capacidades individuais e do grupo.
Despertar o prazer e interesse pela prática esportiva, como praticante 
e espectador, despertandoa convivência com esporte para a vida.
Promover autonomia, autoestima e autoconfiança.
Criar metáforas e conexões do esporte com a vida. 
Compete ao professor estabelecer vínculos entre a aula de futebol ou 
futsal e o projeto pedagógico da escola, adaptando-a ao contexto da insti-
tuição, número de alunos por turma, horário e faixa etária, com o objetivo 
de favorecer o desenvolvimento em suas individualidades, respeitando 
suas fases sensíveis de aprendizagem e proporcionando condições de se 
aprender o esporte por meio dele mesmo (GALATTI; PAES, 2006).
Futebol e futsal na escola: currículo, desafios e possibilidades 109
Independentemente da faixa etária ou do ambiente em que se ensina, 
essas condutas são baseadas nas relações humanas e são importantes 
para o processo pedagógico de qualquer natureza. O mediador da ativi-
dade deve ter plena certeza da sua influência no processo formativo dos 
jovens. Nesse âmbito, faz-se necessário destacar alguns aspectos negati-
vos comumente observados em escolinhas de futebol, escolas ou clubes. 
Para Garganta et al. (2013), os principais equívocos e comportamentos que 
devem ser evitados no processo de desenvolvimento esportivo são:
Utilizar métodos de ensino extremamente tradicionalistas para ensinar 
as técnicas do futebol, ao invés do ensino do jogo.
1
2
3
4
5
6
7
Expor os jovens antes do período adequado a competições e jogos, 
colocando em confronto adversários de nível desigual às vezes.
Especializar precocemente ao esporte e a funções específicas, sem que 
se atenda a formação integral.
Comportar-se de maneira autoritária e inibir opiniões e expressões 
individuais.
Planificar os treinos em função de jogos, campeonatos e torneios, além 
de não prestigiar o calendário escolar, como provas, férias, trabalhos. 
Usar repetições excessivas de exercícios analíticos, transformando o 
treino em monótono e desmotivador.
Reprimir o erro, desencorajando a tentativa e a descoberta.
O professor de Educação Física, como personagem mediador do pro-
cesso ensino-aprendizagem no futebol e no futsal, deve estar ciente das 
suas responsabilidades na vida dos jovens e das crianças. A ele cabe a 
busca pelo conhecimento e a continuidade de seu processo evolutivo por 
meio de capacitações e trocas de experiências com colegas. Além disso, es-
pera-se que ele seja autocrítico e se permita momentos de autorreflexão.
Analisar os pontos positivos e negativos, após uma sessão de treino 
ou uma aula, por exemplo, é um exercício importante no processo 
Indicamos o vídeo 
Passaporte SporTV: projeto 
da federação alemã de 
futebol desenvolve esporte 
no país, publicado pelo 
site SporTV. Nesse vídeo 
é apresentado o modelo 
de desenvolvimento 
esportivo para o futebol 
na Alemanha, onde es-
porte e educação andam 
juntos. 
Disponível em: http://sportv.
globo.com/videos/copa-2014/t/
ultimos/v/passaporte-sportv-
projeto-da-federacao-alema-
de-futebol-desenvolve-esporte-
no-pais/3410696/. Acesso em: 6 
jul. 2020.
Vídeo
110 Metodologia do ensino de futebol e futsal
de crescimento do professor, pois assim como em qualquer área, 
continuamos a nos desenvolver ao longo da vida e as experiências 
durante esse trajeto nos tornam mais preparados e aprimoram nosso 
processo criativo.
7.2 Currículo de formação 
Vídeo É muito importante estabelecer diferenças para o esporte em sua 
expressão de acordo com o nível de referência e experiência que o in-
divíduo possui. Segundo Rezer (2009), apesar de futebol e futsal apre-
sentarem regras específicas e diferenças estruturais, o ensino como 
conteúdo pedagógico na escola na compreensão crítica e no conheci-
mento da cultura corporal de movimento são iguais, portanto são con-
ceituados como futebóis.
A construção de um currículo formativo e de desenvolvimento para 
esses esportes está ancorada em valores como proporcionar ensino-
-treino organizado, estruturado na ideia de desenvolvimento a longo 
prazo e proposta orientada pelo jogo, além de garantir o acesso a um 
treino pautado no jogo e no jogador, estimulando-o a criar situações de 
aprendizagem (GARGANTA et al., 2013).
Para diferenciar o conteúdo a ser entregue, Garganta (2013) o dis-
tingue em níveis básico, elementar, intermediário e especialização, de 
acordo com as referências que o indivíduo possui do esporte. Essa di-
visão permite, então, nortear o planejamento e a estruturação de um 
plano de treinamento a longo prazo.
Nível básico: Obsessão pela bola – caracteriza-se pela fase na qual 
o entendimento do jogo é elementar, assim como a relação com a bola. 
As técnicas não estão apuradas, o jogo fica desorganizado e é comum a 
aglomeração ao redor da bola. Não há uma consciência clara do obje-
tivo do jogo, que é a marcação de gols, e tudo gira em torno do espaço 
onde a bola se encontra, gerando problemas quanto ao envolvimento 
e à participação no jogo.
Nível elementar: Iniciação ao jogo – os gestos técnicos ainda são fre-
quentes e a ocorrência de erros técnicos constantes influencia a fluidez 
da partida, porém já se observam melhorias quanto ao entendimento 
de jogo e de funções e posições ainda em estruturas simplificadas, como 
jogos de 4 contra 4 ou 3 contra 3. Começam a aparecer alguns princípios 
de jogo, como penetração, cobertura ofensiva e cobertura defensiva.
Futebol e futsal na escola: currículo, desafios e possibilidades 111
Nível intermediário: Organização posicional da equipe – as técnicas já 
possuem maior desenvolvimento e a diminuição de erros técnicos permi-
te maior continuidade no jogo. É possível observar, nessa fase, maior com-
plexidade nos princípios, como a mobilidade e o equilíbrio coletivo. Além 
disso, há maior consciência de posicionamento e funções nos diferentes 
períodos e momentos do jogo. Manifesta-se, também, a compreensão do 
aspecto coletivo e das conexões setoriais em que a equipe se beneficia das 
ações individuais.
Nível de especialização: Refinamento da dinâmica coletiva – o nível 
agora permite maior organização e complexidade, pois os jogadores apre-
sentam qualidades técnicas e táticas de modo contextualizado em relação 
às ações apresentadas. Além da constante mobilidade e do equilíbrio po-
sicional, o jogo é muito mais coletivo e interativo entre os participantes.
Quadro 1
Faixas etárias e respectivos conteúdos dos momentos ofensivos e defensivos
Defesa Ataque
5 anos – 8 anos
Jogos variados e diversificados com passagens pelas funções ofensivas e defensivas de maneira livre.
9 anos – 11 anos
Referências baseadas no oponente, pouca limitação 
de espaço, ênfase na devesa por setor, ocupação 
de espaços e aproximação com abordagem, dobra 
de marcação, fechamento de linha. Posicionamento 
atrás e à frente da linha da bola, principalmente nos 
momentos de recomeço do jogo (tiro de meta, falta, 
lateral e escanteio).
Desenvolver jogo direto (passes longos), mas apre-
sentando opções para um jogo de passes curtos. 
Procurar equilíbrio setorial na distribuição dos joga-
dores, pois as movimentações centram-se muito na 
trajetória da bola. Referenciais que facilitem a orga-
nização ofensiva no momento de recomeço do jogo. 
Busca por situações de superioridade numérica.
12 anos – 14 anos
Educar a defesa individual por setor em espaço de-
limitado. Estimular compactação em largura e pro-
fundidade. Priorizar ações mais setoriais do que in-
dividuais. Pressionar o portador da bola, induzindo 
para o lado mais fraco. Apresentação de noções de 
retorno para trás da linha da bola em momentos de 
quebra de marcação. Bloqueio de corredores, prin-
cipalmente o central. Desenvolvimento de ações ini-
ciais com o goleiro atuando na cobertura.
Inserção de jogo de passes curtos. Reforçar movi-
mentos em compactação, movimentos com alter-
nância simples de posições durante a construção 
ofensiva. Incrementar movimentos com e sem bola 
para situações de superioridade numérica dese-
quilibrando a defesa adversária. Usar espaços nos 
corredores laterais do campo ofensivo por meio da 
circulação da bola, para,assim, propiciar situações 
de finalização.
(Continua)
112 Metodologia do ensino de futebol e futsal
Defesa Ataque
15 anos – 17 anos
Aperfeiçoar a defesa individual por setor com refe-
rências zonais. Constituir linhas defensivas e com-
pactação do bloco. Criação de zonas de pressão. 
Movimentações que consigam induzir a bola para 
zonas de pressão. Estratégias coletivas para reequi-
líbrio após quebras de linhas defensivas. Desenvol-
vimento de ações de pressing na busca da retomada 
da posse de bola.
Jogo com maior frequência de passes curtos, apro-
ximação e abertura de linhas de passe. Criação de 
linhas de passe em todos os setores. Utilização do 
goleiro como linha de passe facilitadora da manuten-
ção da posse de bola. Criação de movimentos mais 
frequentes com alternância de posições. Movimenta-
ções para quebra de linhas defensivas do adversário 
e consequente abertura de espaços para infiltrações.
≥ 17 anos
Direcionado aos interesses inerentes ao modelo de jogo exposto pelo treinador.
Fonte: Adaptado pelo autor com base em Bettega et al., 2015
No primeiro estágio, a proposta é alicerçada no repertório motor e 
em movimentos fundamentais. Além disso, não há a preocupação com 
a especialização, por isso, jogos variados e bastante lúdicos são os mais 
indicados nessa fase. Note que conforme as idades vão subindo, o grau 
de complexidade aumenta, assim como as informações e o número de 
tarefas. Isso acontece até o último estágio, no qual é caracterizada a con-
solidação das habilidades e o conteúdo vai depender do modelo de jogo e 
dos princípios adotados pelo treinador. O jogador já possui elementos em 
seu repertório e consegue adaptar-se às necessidades do modelo.
7.2.1 Vertentes do esporte
Para o profissional que pretende trabalhar com futebol e futsal, co-
nhecer as características do meio onde o esporte está inserido é de 
fundamental importância, pois isso determinará o perfil de trabalho e a 
postura adequada do professor. Assim como não devemos reproduzir 
com crianças os treinos que atletas adultos e profissionais realizam, 
também o comportamento do professor não deve ser semelhante aos 
exemplos de treinadores de alto rendimento, ou seja, é preciso deixar 
claro que são universos diferentes.
A Lei n. 9.615 de 24 de março de 1998, a Lei Pelé (BRASIL, 1998), 
no Capítulo III, trata da natureza e das finalidades do desporto e os 
Futebol e futsal na escola: currículo, desafios e possibilidades 113
classifica de modo a diferenciar em desporto educacional, desporto de 
participação, desporto de formação e desporto de rendimento. 
Segundo o artigo 3º, o desporto pode ser reconhecido em qualquer 
das seguintes manifestações:
Desporto educacional, praticado nos sistemas de ensino e em 
formas assistemáticas de educação, evitando-se a seletividade, a 
hiper competitividade de seus praticantes, com a finalidade de al-
cançar o desenvolvimento integral do indivíduo e a sua formação 
para o exercício da cidadania e a prática do lazer. Esta manifes-
tação está subdividida em Esporte Educacional e Esporte Escolar. 
Ambas compreendem o ambiente escolar. (BRASIL, 1998)
 O esporte educacional deve ser inclusivo, promover a participação 
e incentivar a cooperação e a disciplina. De acordo com Tubino (2010), 
o esporte escolar permite competições e é oferecido aos alunos com al-
gum interesse e talento esportivo, porém essa prática deve estar à frente 
dos princípios da formação para a cidadania. 
Desporto de participação, de modo voluntário, compreenden-
do as modalidades desportivas praticadas com a finalidade de 
contribuir para a integração dos praticantes na plenitude da vida 
social, na promoção da saúde e educação e na preservação do 
meio ambiente. (BRASIL, 1998)
Também conhecido como esporte-lazer ou esporte comunitário, ele 
é caracterizado por maior espontaneidade e está atrelado aos fins de 
saúde e qualidade de vida. As regras podem ser oficiais, adaptadas ou 
inventadas. Para Tubino (2010), o esporte-lazer tem como princípios a 
participação, o prazer e a inclusão.
Desporto de rendimento, praticado segundo normas gerais 
desta Lei e regras de prática desportiva, nacionais e internacio-
nais, com a finalidade de obter resultados e integrar pessoas e 
comunidades do País e estas com as de outras nações. Também 
conhecido como esporte de Desempenho, tem como objetivo 
aumentar a performance e atingir resultados, vencer campeo-
natos, bater recordes e recompensas financeiras. Ainda assim 
a ética deve ser uma referência como fio condutor nas relações 
dos competidores em jogos e treinamentos. (BRASIL, 1998)
Nessa manifestação esportiva, dois tipos de termos são utilizados: 
esporte de rendimento ou de alto rendimento (TUBINO, 2010). O alto rendi-
mento pode ser representado, por exemplo, por atletas de nível olímpi-
co. Já atletas do esporte de rendimento também buscam desempenho, 
mas não necessariamente têm o esporte como profissão principal.
114 Metodologia do ensino de futebol e futsal
Desporto de formação, caracterizado pelo fomento e aquisição 
inicial dos conhecimentos desportivos que garantam compe-
tência técnica na intervenção desportiva, com o objetivo de pro-
mover o aperfeiçoamento qualitativo e quantitativo da prática 
desportiva em termos recreativos, competitivos ou de alta com-
petição. (BRASIL, 1998)
Nessa inclusão, ocorrida em 2015, a ideia foi diferenciar o rendi-
mento de adultos e jovens. O tratamento a esses grupos não deve ser 
igual, sendo o desenvolvimento o foco dos jovens (TUBINO, 2010).
Quadro 2
Manifestações do esporte e princípios fundamentais
ESPORTE
Formas de exer-
cício do direito 
ao esporte
Esporte-educação Esporte-lazer Esporte-desempenho
Divisões das for-
mas de exercício 
ao esporte
Esporte 
educacional
Esporte escolar Esporte-lazer Rendimento
Alto- 
-rendimento
Princípios
Participação 
Educação 
Cooperação
Responsabili-
dade
Inclusão
Desenvolvimen-
to esportivo
Espírito espor-
tivo
Participação 
Prazer
Desenvolvimento 
esportivo
Desenvolvimento esportivo
Competição – Êxitos
Superação
Fonte: Tubino, 2010, p. 44.
O esporte educacional possui características inerentes, muito dife-
rentes do esporte de alto rendimento, ou seja, o objetivo fundamental 
do primeiro é a participação. Apesar de não possuir o mesmo apelo mi-
diático dos grandes eventos esportivos, o esporte educacional atinge o 
maior número de pessoas, como fenômeno da inclusão social, promo-
vendo saúde e desenvolvimento intelectual e humano (TUBINO, 2010).
É fundamental que enxerguemos qualquer programa esportivo 
como um potencial educativo. O benefício dessa participação é suprir 
as necessidades da motricidade, enriquecendo o aprendizado de mo-
vimentos básicos e específicos do esporte. Além disso, é objetivo que 
esse ambiente de aprendizagem transcenda as barreiras do jogo para 
trabalhar os conceitos e valores intrínsecos ao esporte: a cooperação, o 
respeito mútuo, a solidariedade, a inclusão social e o exercício da cidada-
Futebol e futsal na escola: currículo, desafios e possibilidades 115
nia, garantindo e aprimorando a inclusão e o desenvolvimento humano 
(TUBINO, 2010). Ademais, cria-se uma cultura de movimento, reconheci-
damente benéfica à saúde física/psicossocial/mental das pessoas.
7.2.2 Esporte como direito
O esporte é, por lei, um direito do cidadão e deve ser concedido a 
todos os indivíduos de 0 a 18 anos de idade com a perspectiva indispen-
sável de educação e lazer. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), 
em seu artigo 71, afirma que “a criança e o adolescente têm direito a 
informação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos 
e serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em desenvol-
vimento” (BRASIL, 2017). A oferta deve ser concedida à participação de 
todos sem distinção alguma, não apenas aos mais talentosos e com po-
tencial para se tornarem jogadores de futebol profissional, por exemplo.
Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2018), a edu-
caçãofísica como componente curricular trata da cultura corporal de 
movimento que se manifesta das mais diversas formas e com diversos 
significados.
Para a Unesco, por meio da sua Carta Internacional da Educação Fí-
sica da Atividade e do Esporte, publicada em 2015, a educação física e 
o esporte são um direito fundamental de todos e a participação deve 
ser incentivada durante toda a vida. A carta reforça o discurso da im-
portância da prática, citando que as experiências positivas de jogos, 
atividades lúdicas e esportivas devem ser disponibilizadas a todos. Ain-
da, a atividade física orientada pode ajudar a estabelecer uma base de 
conhecimento, habilidade, atitudes e motivação, aspectos necessários 
para a participação ao longo da vida na atividade e no esporte. A seguir 
está o artigo 1º da referida carta internacional.
Artigo 1 – A prática da educação física, da atividade física e 
do esporte é um direito fundamental de todos.
1.1 Todo ser humano tem o direito fundamental de acesso à edu-
cação física, à atividade física e ao esporte, sem qualquer tipo 
de discriminação com base em etnia, gênero, orientação sexual, 
língua, religião, convicção política ou opinião, origem nacional ou 
social, situação econômica ou qualquer outra.
1.2 A liberdade de desenvolver habilidades físicas, psicológicas e 
de bem-estar, por meio dessas atividades, deve ser apoiada por 
todos os governos e todas as organizações ligadas ao esporte e 
à educação.
116 Metodologia do ensino de futebol e futsal
1.3 Oportunidades inclusivas, assistivas e seguras para a partici-
pação na educação física, na atividade física e no esporte devem 
ser disponibilizadas a todos os seres humanos, em especial 
crianças de idade pré-escolar, pessoas idosas, pessoas com defi-
ciência e povos indígenas.
1.4 É um direito de toda menina e de toda mulher ter oportuni-
dades iguais de participar em todos os níveis e funções de su-
pervisão e decisão na educação física, na atividade física e no 
esporte, seja para fins recreativos, para a promoção da saúde ou 
para o alto rendimento esportivo.
1.5 A diversidade da educação física, da atividade física e do es-
porte é uma característica fundamental do seu valor e atração. 
Jogos, danças e esportes, tradicionais e indígenas, também em 
suas formas modernas e emergentes, demonstram o rico patri-
mônio cultural do mundo e devem ser protegidos e promovidos.
1.6 Todos os seres humanos devem ter oportunidades plenas 
de alcançar um nível de realização que corresponda a suas ca-
pacidades e a seus interesses, por meio da educação física, da 
atividade física e do esporte.
1.7 Todos os sistemas de educação devem considerar o devido lugar 
e a importância da educação física, da atividade física e do esporte, 
para estabelecer um equilíbrio e fortalecer os vínculos entre as ati-
vidades físicas e os outros componentes da educação. Da mesma 
forma, eles devem assegurar que uma educação física inclusiva e de 
qualidade seja parte obrigatória do ensino primário e secundário, 
e que o esporte e a atividade física, na escola e em todas as outras 
instituições educativas, tenham um papel integral na rotina diária 
de crianças e jovens. (UNESCO, 2015, p. 4, grifos do original)
A Carta Internacional da Educação Física, da Atividade Física e do Es-
porte ainda destaca em seu artigo 2º , que “a atividade física e o esporte 
podem proporcionar uma ampla gama de benefícios às pessoas, às co-
munidades e à sociedade em geral” (UNESCO, 2015, p. 3). Portanto, po-
líticas públicas devem ser estimuladas e cobradas para oferecer maior 
abrangência nos programas socioeducativos. Isso é reforçado pelo ar-
tigo 3°: “todas as partes interessadas devem participar da criação de 
uma visão estratégica que identifique as opções e as prioridades políti-
cas” (UNESCO, 2015, p. 4).
A pesquisa e as evidências científicas também são temas contem-
plados pela Unesco e considerados aspectos indispensáveis para o de-
senvolvimento da educação física, da atividade física e do esporte. Vale 
ressaltar, também, o destaque para a qualificação exigida ao profissional 
O livro O futsal e a 
escola: uma perspectiva 
pedagógica, apresenta 
o futsal como uma 
modalidade viável a ser 
desenvolvida na escola, 
proporcionando desen-
volvimento esportivo 
sem se desprender do 
viés educacional, além de 
aspectos relacionados 
à formação humana. O 
material tem grande valia 
aos profissionais de edu-
cação física na constru-
ção do planejamento e da 
execução das aulas. 
VOSER, R. C.; GIUSTI , J. G. M. Porto 
Alegre: Penso, 2015.
Livro
Futebol e futsal na escola: currículo, desafios e possibilidades 117
e o valor dos espaços e das estruturas físicas de qualidade e seguros 
para as práticas de educação física e, consequentemente, das práticas 
esportivas em que se inserem o futebol e o futsal (UNESCO, 2015).
7.3 Entendendo o contexto escolar 
Vídeo Um tema importante a ser discutido é o futebol e o futsal dentro do 
contexto escolar. Como esses esportes podem contribuir para a edu-
cação? Aprender por meio do que nos dá prazer parece ser muito mais 
eficiente. Se dentro da escola, na sala de aula, dermos a opção de os 
jovens ficarem ou saírem, quantos ficariam ali? E se essa opção fosse 
dada na aula de futebol lá do clube? Bom, se você concordar que ha-
verá uma grande diferença, então concordamos que o futebol tem o 
papel de atrair.
Nesse sentido é que o poder público, as instituições de ensino e o 
professor devem atuar, criando estratégias para que o futebol seja o 
meio de auxiliar o indivíduo a se tornar melhor. Muitos paradigmas fo-
ram construídos ao longo do tempo dentro da educação física escolar, 
como a utilização das aulas para a descoberta de talentos esportivos ou 
o desenvolvimento da aptidão física e a formação de equipes competi-
tivas (FINK, 2011).
Essa visão ficou impregnada à imagem das aulas de Educação Físi-
ca. Do outro lado está a evidente importância da formação integral do 
ser, a inclusão social e a participação a qual todos têm direito. Segun-
do a BNCC (2018), ao longo da educação básica 1 , os 
alunos devem desenvolver as competências gerais, 
resultando em um processo de formação humana 
que aponte à construção de uma sociedade justa, 
democrática e inclusiva.
Galatti e Paes (2006) reforçam que a educação 
física escolar deve preocupar-se com a formação integral dos alunos, 
atuando nos aspectos motor, cognitivo, afetivo e social. O esporte ofere-
cido pela escola conjectura a formação do indivíduo em sua totalidade, 
pois aqueles que aprendem de fato o esporte desenvolvem habilidades 
diversificadas que contribuirão para o melhoramento das qualidades fí-
sicas, além da ampliação de valores morais e sociais (CAVALCANTI, 2013).
Correspondente à educação 
infantil, ao ensino fundamental e 
ao ensino médio.
1
118 Metodologia do ensino de futebol e futsal
Na escola, o futebol que prestigia a formação de equipes reduz seu 
significado incluso no processo educacional. Mas isso não configura a 
exclusão da competição esportiva e da valorização do talento, estas 
também são bem-vindas e podem muito bem fazer parte do ambiente 
escolar. Muitos dos jovens e das crianças matriculados nas escolas pú-
blicas espalhadas pelo país não têm condições de frequentar e praticar 
esportes em clubes, devido às distâncias impostas pelas condições eco-
nômicas, sociais e geográficas. “A escola, tanto privada como pública, 
deve oferecer espaço para o aprendizado e para o treinamento esporti-
vo, pois a maioria dos jovens não tem acesso a clubes socioesportivos” 
(FINK, 2011, p. 107).
O futebol tem o dever de aproximar a atividade física e a educação do 
jovem de maneira prazerosa e consensual. Qualquer relação impositiva 
será superficial e trará desgastes no futuro, assim também é no espor-
te. Aulas que proporcionam experiências positivas tendem a refletir em 
engajamento e continuidade. Entretanto, ambientes onde o professor 
privilegia os melhores pensando no campeonato escolar, pressiona de-
masiadamente osalunos, atua com rigidez e autoritarismo e inibe suas 
decisões e opiniões, o que tende a gerar experiências traumáticas, além 
de causar afastamento e desinteresse pela aula ou pela atividade.
O método dos jogos pedagógicos na escola é uma boa alternativa. 
Especialistas observam que, durante o jogo, os praticantes têm em co-
mum o gosto por ele e por quererem desfrutar possibilidades ofereci-
das. Assim, o ato de jogar dificilmente se tornará enfadonho, o mesmo 
não se pode dizer com relação ao modo como, por vezes, o futebol é 
ensinado e treinado (GARGANTA et al., 2013).
7.4 Planejando a aula 
Vídeo A sessão semanal, ou microciclo, auxilia o professor a organizar a 
distribuição de conteúdos em cada unidade de treino. Cada semana 
deve possuir um objetivo que contenha os aspectos técnicos, táticos, 
físicos e psicossociais inseridos de acordo com o nível de aptidão e a 
necessidade identificada. O microciclo deve estar em consonância com 
o planejamento macro, também chamado de macrociclo (planejamento 
semestral/anual), porém salientamos que o microciclo deve ser flexível 
e adaptável.
Futebol e futsal na escola: currículo, desafios e possibilidades 119
Pessoas têm pontos de partida distintos e evoluem em diferentes 
velocidades, ou seja, o desenvolvimento não é linear e reestruturar a 
aula para se adaptar à necessidade do aluno é uma das grandes vir-
tudes do professor. Por esse motivo, o professor deve estar atento às 
demandas pessoais e coletivas que se apresentam durante o processo 
de desenvolvimento. Além disso, o planejamento e a construção dos 
conteúdos não devem ser fechados, mas, sim, permitir a inserção e a 
modificação de elementos que podem tornar o treinamento mais rico.
A sessão de treino é o último passo no processo de planejamento, 
as sessões ou aulas devem ter relação com a que a precede e a subse-
quente. Cada sessão deve ser estruturada do mesmo modo, ou seja, 
com a mesma estrutura organizacional, normalmente dividida em três 
blocos que consistem em primeira parte ou aquecimento, parte princi-
pal e parte final. Essa divisão permite que o professor-treinador insira 
os conteúdos e os distribua coerentemente de acordo com o tempo 
destinado a cada um desses blocos.
Figura 2
Professor em momento de integração com os alunos 
Sh
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/ R
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Para a estruturação da sessão de treinamento, alguns componentes 
são levados em consideração. Esses aspectos são flexíveis e auxiliam a 
organizar a prática.
120 Metodologia do ensino de futebol e futsal
 • Espaço: mantenha a organização do espaço simples e entendível, 
desde a organização inicial até pequenas alterações durante a 
sessão. É importante o cuidado para não reconfigurar o ambiente 
drasticamente, isso pode deixar a aula confusa e atrapalhar sua 
dinâmica.
 • Tempo: o tempo do exercício pode ser flexível, permitindo 
a fluência da atividade para atingir as metas da aula. Porém, 
é importante o extremo cuidado com o excesso de volume, 
principalmente para crianças. A utilização de pausas para 
recuperação e feedbacks 2 pode ser uma alternativa.
 • Intensidade: é sempre preferível a utilização de períodos curtos 
de estímulo com intensidade elevada seguidos de pausas, pois 
assim o jogo também se apresenta. As pausas podem ser estra-
tégicas e utilizadas para considerações e explanações por parte 
do professor.
 • Regras: é possível usar diferentes regras para os jogos e as práti-
cas, adaptando-as às características dos jogadores participantes. 
Assim, será possível a realização do exercício, além de torná-lo 
estimulante.
 • Número de jogadores: a utilização de menos ou mais jogado-
res é uma alternativa importante para estimular as capacidades 
técnicas, físicas e cognitivas. É possível criar superioridade ou in-
ferioridade numérica em uma das equipes para diminuir ou au-
mentar o grau de dificuldade do jogo.
A aula deve proporcionar um ambiente rico, com tarefas desafia-
doras que estimulem a curiosidade e o interesse. Fazer com que haja 
participação e interação de todos durante toda a aula é fundamental 
para a motivação dos alunos, por isso alguns comportamentos clássi-
cos devem ser evitados: não deixar os alunos em filas ou colunas, não 
paralisar a aula a todo momento para correções e não deixar alunos no 
banco de reserva ou esperando. É possível criar exercícios dinâmicos 
que permitam a participação da turma.
Uma sessão de treino ou uma aula pode obedecer à seguinte 
estrutura:
Feedback é um termo em inglês 
utilizado para sugerir uma in-
formação resposta ou avaliação 
sobre algo realizado.
2
Futebol e futsal na escola: currículo, desafios e possibilidades 121
Quadro 3
Estrutura de treino
UNIDADES ATIVIDADES
Parte inicial (aquecimento) 
– 10 minutos
Conversa inicial
Brincar
Ativação e preparação
Parte principal 
– 40 minutos
Jogo conceitual com tarefa 
simples
Jogo mais complexo
Transferência 
Parte final – 10 minutos
Volta à calma
Diálogo de conciliação 
Feedback de aprendizagem
TOTAL = 60 minutos
Fonte: Elaborado pelo autor.
No Quadro 3 podemos observar um modelo de distribuição de con-
teúdo. Nesse exemplo, propomos uma sessão dividida em três partes 
ou unidades: i) parte inicial; ii) parte principal; iii) parte final. Porém, 
vale deixar claro que pode-se utilizar quantas unidades forem necessá-
rias, ficando a critério do professor.
A parte inicial seria a fase de ambientação da atividade proposta, po-
pularmente chamada de aquecimento. Essa parte deve ser utilizada para 
uma conversa inicial, apresentação das atividades e objetivos propostos. 
Em seguida, uma brincadeira, que pode ser, preferencialmente, uma ati-
vidade lúdica relacionada à parte principal, ou uma preparação para os 
gestos, contendo mobilidade, flexibilidade e ativação neuromuscular.
A parte principal pode ser subdividida, mas não necessariamen-
te. Em nosso exemplo foi planejado um jogo conceitual, jogos mais 
simples em sua estrutura e funcionalidade (3 contra 3). Em seguida, 
o grau de complexidade do jogo aumenta, assim como as dimensões 
122 Metodologia do ensino de futebol e futsal
da quadra (3 contra 3 com apoio) e, depois, o jogo formal: 4 contra 4 
com goleiro.
A parte final é utilizada como volta à calma, um momento de abran-
dar os ânimos, com diálogo e feedback. Isso favorece o momento de 
reforço positivo e acomodação do aprendizado.
7.5 Futebol e futsal como ferramentas 
de desenvolvimento humano 
Vídeo Assim como já discutido anteriormente, o futebol e o futsal têm forte 
apelo midiático e grande popularidade entre os brasileiros, sendo mo-
dalidades que ultrapassam a esfera esportiva e têm conotação cultural 
em nosso povo. Características como essas não podem ser desperdiça-
das e devem ser utilizadas como ferramenta de desenvolvimento hu-
mano, auxiliando no processo educacional da criança e do jovem.
Por que não utilizarmos o futebol, por exemplo, para despertar o in-
teresse por geografia, conhecendo a localização e as características dos 
países que disputarão a próxima Copa do Mundo? Ou que tal discutir 
história ou política usando os países-sede, talvez debatendo estatística 
e matemática para probabilidades de uma equipe ser bem-sucedida 
em um torneio, além de outros aspectos que podem ser aproximados, 
como saúde, meio ambiente, sexualidade, ética etc.
A escola deve ser um ambiente rico e democrático, assim como o fute-
bol. A aula de Educação Física é o elo que liga esses dois universos, e pensar 
por esse aspecto permite refletir, além de favorecer o entendimento da 
forte relação de interdependência existente entre eles. Atividades que des-
pertam o interesse das pessoas possuem essa responsabilidade agregada.
Ensinar pelo esporte traz maior significado à nossa profissão. 
Segundo Garganta et al. (2013), a maior contribuição que podemos 
oferecer é uma formação consistente, valorizando as competências dos 
jovens e auxiliando-os a encontrar seu caminho. Os valores associados 
a relações humanas já estão intrínsecos noesporte, mas devem ser 
reforçados positivamente, como o companheirismo, a solidariedade, a 
gentileza, o respeito às regras, a tolerância, além de valores individuais, 
como a disciplina, a resiliência, a motivação e o entusiasmo (GARGANTA 
et al., 2013; GALATTI; PAES, 2006).
Futebol e futsal na escola: currículo, desafios e possibilidades 123
O futebol e o futsal como manifestações esporti-
vas devem ser compreendidos como um fenômeno 
social e imprescindível para assegurar os direitos à 
cidadania. Esse pressuposto reforça o reconheci-
mento do esporte como direito de todo cidadão já 
garantido pela nossa constituição. O esporte é fruto 
das relações humanas e esse princípio deve ser sem-
pre lembrado.
Na obra Metodologia dos jogos condicionados 
para o futsal e educação física escolar, o professor 
Balzano propõe reflexões sobre o jogo e sua 
relação com o desenvolvimento humano. Além 
disso, o autor destaca diretrizes metodológicas 
para o ensino do futsal na escola e oferece uma 
coletânea de 178 jogos, divididos por objetivos, 
idades e fundamentos, entre outros aspectos.
BALZANO, O. N. 1. ed. São Paulo: Fontoura, 2012.
Livro
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O esporte em suas mais diversas manifestações deve ser estimula-
do dentro da escola, porém com viés mais profundo, ou seja, além da 
visão do esporte vendido pelos veículos midiáticos, trazendo significado 
para o aprendizado da modalidade. Observamos atualmente as aulas 
de Educação Física e manifestações esportivas perdendo cada vez mais 
espaço na escola, sendo delegada essa função a clubes e outros espa-
ços específicos. Na contramão a esse movimento, a sociedade contem-
porânea vem valorizando cada vez mais os valores contidos no esporte. 
Características como competitividade, senso de coletividade, trabalho em 
equipe, respeito a regras e hierarquia, responsabilidade e disciplina, re-
siliência e flexibilidade são exigências do mercado de trabalho atual, por 
exemplo, e claramente inerentes ao esporte.
Nesse processo, o professor tem papel fundamental e sua atuação nas 
aulas de Educação Física deve incluir ações pedagógicas que favoreçam 
a inserção do esporte na cultura e na vivência do indivíduo por toda a 
vida, desenvolvendo os hábitos saudáveis que a prática esportiva pode 
proporcionar. É importante sabermos que qualidades como amorosida-
de, empatia, respeito e tolerância são fundamentais para a bem-sucedida 
prática pedagógica.
Independentemente da vertente do esporte e dos objetivos aos quais 
se propõe, está claro que o futebol e o futsal são fenômenos culturais que 
se manifestam por meio das relações humanas. Enxergá-los apenas pelo 
viés da performance é reduzir a visão sobre uma condição humana com-
plexa. Independentemente da idade a qual se destinam e do ambiente em 
que são oferecidos, o futebol e o futsal, pela sua magnitude, devem cumprir 
o papel de promover a saúde mental e física. 
124 Metodologia do ensino de futebol e futsal
ATIVIDADES
1. Quanto às vertentes do esporte, a Lei Pelé diferencia as manifestações 
esportivas pela sua finalidade. O futebol e o futsal inseridos nesse 
contexto devem obedecer a essas diretrizes. Qual é a importância 
dessa diferenciação?
2. A escola, tanto privada como pública, deve oferecer espaços para o 
aprendizado e o treinamento esportivo, pois a maioria dos jovens não 
tem acesso a clubes socioesportivos. Discuta sobre esse tema.
3. Como seria uma sessão de treino ou aula de futebol e futsal elaborada 
por você? Como você dividiria a sessão e quais elementos inseriria? 
Exercite sua criatividade baseada na estrutura demonstrada aqui.
REFERÊNCIAS
BETTEGA, O. B. et al. Formação de jogadores de futebol: princípios e pressupostos para 
composição de uma proposta pedagógica. Movimento, v. 21, n. 3, p. 791-801, jul./set. 2015.
BRASIL. Lei n. 9.615, de 24 de março de 1998, Diário Oficial da União, Poder Executivo, 
Brasília, DF, 24 mar. 1998. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/Leis/
L9615consol.htm. Acesso em: 3 jul. 2020.
BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente. Brasília, DF: Senado Federal, Coordenação 
de Edições Técnicas, 2017. Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/
handle/id/534718/eca_1ed.pdf. Acesso em: 3 jul. 2020.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2018. 
Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_
versaofinal_site.pdf. Acesso em: 3 jul. 2020.
CAVALCANTI, L. A. Fatores que motivam alunos, professores e gestores na prática e 
desenvolvimento do futsal escolar. Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo, v. 5, n. 
18, p. 284-290. jan./dez. 2013.
FINK, S. C. M. A Educação e o esporte na escola. Cotidiano, saberes e formação. 2 ed. Curitiba: 
Ibepex, 2011.
GALATTI, L. R.; PAES, R. R. Fundamentos da Pedagogia do esporte no cenário escolar. 
Movimento & percepção, v. 6, n. 9, jul./dez. 2006.
GARGANTA, J., et al. Fundamentos e práticas para o ensino e treino do futebol. In: TAVARES, 
F. (org.). Jogos Desportivos Coletivos. Ensinar a jogar. Porto: Editora FADEUP, 2013.
REZER, R. Pressupostos orientadores para o ensino dos “futebóis” na educação física 
escolar. Cadernos de Formação RBCE, v. 1, n. 1, p. 71-87, set. 2009.
TUBINO, M. J. G. Estudos brasileiros sobre o esporte: ênfase no esporte-educação. Maringá: 
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2015. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000235409_por. Acesso 
em: 3 jul. 2020.
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/534718/eca_1ed.pdf
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https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000235409_por
Gabarito 125
GABARITO 
1 A história do futebol e do futsal
1. A profissionalização só faz bem ao esporte, já que organiza e 
estabelece direitos e deveres. Entretanto, é importante que os valores 
fundamentais do esporte não sejam desvirtuados e que cuidados 
sejam tomados para que a busca pelo lucro não se sobreponha à 
formação humana, intrinsecamente ligada ao esporte.
2. As mulheres conquistaram um espaço importante no cenário 
futebolístico, mas isso ainda está longe do ideal. Mais oportunidades 
poderiam ser oferecidas em diversos cargos, mas ainda vemos 
preconceito nos estádios e nos clubes. A mudança já começou, porém 
não pode estacionar.
3. O fenômeno pode ter relação com as constantes ondas imigratórias 
no Brasil. Recebemos povos de diversas origens e captamos um 
pouquinho de cada perfil. Com um país de dimensões territoriais 
imensas, as interações podem ter contribuído para um jeito brasileiro 
exclusivo de jogar.
2 Metodologia do ensino de futebol e futsal
1. O inatismo reflete a ideia de que alguém traz, em sua herança genética, 
as habilidades de determinada área. Porém, essa ideia é limitada em 
seu conceito, já que é possível comprovar que as habilidades também 
são construídas com base em experiências e vivências de qualidade. 
Portanto, o interativismo parece explicar melhor a construção do 
talento esportivo.
2. O método analítico oferece um aprendizado específico das técnicas 
e dos fundamentos do futebol e futsal, mas exclui a ideia da 
imprevisibilidade presente no jogo e prioriza o gesto mecânico. Dessa 
forma, ele desfavorece um ensino integrado e mais próximo da 
realidade desse esporte.
3. Para que seja útil como ferramenta de ensino, o jogo deve contemplar 
principalmente as competências das crianças de modo coerente com 
as fases de desenvolvimento e momento biológico. Dessa forma, 
deve principalmente atrair as crianças com tarefas plausíveis às suas 
capacidades, senão a atividade será desmotivadora.
126 Metodologia do ensino de futebol e futsal
3 Fundamentos técnicos do futebol e do futsal
1. O ensino das técnicas deve estar pautado na ideia de contextualizar o 
que está sendo aprendido. O foco somente no movimento desfavorece 
o aprendizado do esporte como um todo, mecanizando e criandorepetidores de gestos e não pensadores do jogo.
2. As habilidades técnicas são divididas em ações de momentos ofensivos 
e momentos defensivos, porém deve ser ofertada a oportunidade de os 
alunos vivenciarem todos os aspectos do jogo. Portanto, principalmente 
durante o processo de aprendizagem, o ensino não deve fragmentado.
3. A repetição contínua de determinado gesto tende, de fato, a proporcionar 
uma especialização e tão logo uma execução mais desenvolta dessa 
habilidade. A curto prazo, essa criança parecerá mais habilidosa do 
que as outras, mas a longo prazo, essa repetição não será vantajosa, 
pois os cenários mudam, assim como a dificuldade do jogo. Então, o 
gesto aprendido em condição fechada nem sempre refletirá o jogo em 
si. É importante ressaltar, também, o risco aumentado de lesões por 
repetições excessivas, principalmente nas idades menores.
4 Princípios táticos do jogo
1. O sucesso do modelo depende de diversos fatores e o treinador deve 
levar em consideração todos eles, por exemplo, a imposição de regras, 
regimentos e métodos que deve estar alinhada com a cultura local, com 
as condições climáticas e estruturais e com os costumes dos indivíduos 
para não se tornar um empecilho. É importante que saibamos ajustar as 
ideias iniciais ao ambiente de interação.
2. O jogar bem, segundo o autor, está associado com a materialização da 
ideia inicial do professor, ou seja, quanto mais a realidade do jogo estiver 
próxima ao que foi pensado na elaboração do plano. Portanto, jogar bem 
está associado à execução do que foi treinado.
3. O critério de escolha do esquema ou sistema tático deve estar apoiado na 
ideia e no modelo de jogo, assim como nas características dos jogadores 
em realizar determinadas funções. Ou seja, o esquema deve estar de 
acordo com as peças que possuímos para a melhor execução das ideias.
Gabarito 127
5 Fisiologia e preparação física
1. A idade cronológica é a contagem temporal dos anos do indivíduo, 
já a idade biológica representa sua atual fase de desenvolvimento 
do organismo. O grande problema relacionado a esse tema é que 
a distribuição ou divisão das equipes utiliza o critério cronológico, 
ou seja, inseridas na equipe podem haver pessoas em fases de 
desenvolvimento bem distintas. Desse modo, não observar essas 
particularidades pode induzir o professor a comprometer o processo 
de formação. Alguns dos problemas observados são: exposição a 
cargas excessivas, insucesso esportivo, subestimação de potencial, 
menos participação em treinos e jogos, desmotivação etc.
2. Para minimizar os riscos de lesões esportivas e potencializar os ganhos 
com o treinamento, é importante o controle de cargas. Por meio de testes 
e avaliações, como o teste de salto vertical, é possível identificar a fadiga 
neuromuscular do atleta e, assim, reorganizar o conteúdo de treino a ele 
oferecido.
3. Diversos especialistas do treinamento esportivo concordam que treinar 
em condições semelhantes à competição favorece melhores adaptações. 
Estudos mostram que é possível desenvolver as capacidades físicas 
por meio de jogos adaptados. Como vantagem, esse método aumenta 
a inteligência de jogo, além de otimizar o tempo de trabalho, focando 
exclusivamente na intensidade semelhante e esperada do jogo.
6 A regra do jogo
1. No caso citado, em uma partida oficial, o árbitro não deve permitir a 
continuidade do jogo, encerrando-o, pois segundo a Regra 3, não é 
permitida a realização de uma partida com uma equipe com menos de 
três jogadores. Porém, a segunda parte da questão traz a necessidade 
de enxergar com outros olhos a rigidez da regra. Caso não haja um 
regulamento específico para essa competição nessa situação, caberá o 
bom senso dos organizadores e professores envolvidos, ou seja, uma 
suspensão temporária ou uma advertência verbal pode fazer com que a 
regra seja mais flexível e não haja a necessidade de excluir o jovem.
2. Caso o toque na bola com as mãos ou os braços seja involuntário e a 
posição desses membros não esteja ampliando a extensão do corpo, 
por exemplo, braços abertos ou acima da cabeça, não será marcada 
a infração. Por isso, é importante que o jogador esteja ciente de que 
128 Metodologia do ensino de futebol e futsal
na utilização de qualquer gesto dos braços que dê margem a uma 
interpretação contrária dessa citada, será assinalado o pênalti.
3. Nessa situação, deve ser repetida a cobrança de pênalti, pois os dois 
jogadores cometeram a infração, tanto o goleiro quanto o jogador 
invasor. Como o goleiro se beneficiou dessa infração, a cobrança deve 
ser executada novamente.
7 Futebol e futsal na escola: currículo, desafios e 
possibilidades
1. A diferenciação do esporte por suas diferentes manifestações, descrita 
pela Lei Pelé, é importante para garantir a equidade esportiva e a 
participação de todos, sem distinção de mais ou menos aptidão. Assim, 
fica claro ao professor que deve se entender o contexto em que o esporte 
está inserido e para quem ele está sendo oferecido. O indivíduo que se 
destaca como potencial atleta deverá ser direcionado para um centro ou 
um clube específico.
2. A escola é um ambiente que deve privilegiar a educação e formação 
integral do indivíduo. Isso não significa excluir a oportunidade a 
competições e jogos, até porque muitos dos locais no nosso país estão 
distantes dos grandes centros urbanos, e poucos têm acesso a clubes, 
seja por situação socioeconômica ou por oportunidade. Vale lembrar que 
o acesso à competição deve obedecer aos devidos cuidados, além de 
respeitar as individualidades.
3. É importante que a sessão de treino tenha começo, meio e fim. Que 
seja bem planejada e atenda às necessidades da turma. Uma estrutura 
de treino pode conter: parte inicial, com duração de dez minutos, 
deve valorizar a integração e preparar para a próxima atividade com 
brincadeiras e exercícios gerais; parte principal, com duração de quarenta 
minutos, precisa de tarefas que estimulem a participação de todos e 
atendam o objetivo principal da aula ou sessão de treino, com um mini 
jogo e o jogo formal; e a parte final, que tem o objetivo de diminuir o calor 
e a tensão proporcionados pelos exercícios, além de ser usada como 
momento de reflexão e de conversa sobre o que foi aprendido na aula. 
Tem duração de dez minutos.
RICARDO C. ALVES FERREIRA
METODOLOGIA DO ENSINO DE FUTEBOL E FUTSAL
Código Logístico
59520
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6667-4
9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 6 7 4
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