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TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA Técnicas Diagnósticas em Podologia Sabrynna Brito Oliveira Sabrynna Brito Oliveira GRUPO SER EDUCACIONAL gente criando o futuro A podologia é a área da saúde voltada ao estudo dos pés, dedicando-se ao exame diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças vinculadas a eles. Para isso, o po- dólogo deverá conhecer os principais métodos de diagnóstico, entendendo o princípio da técnica, equipamentos utilizados, interferentes e intercorrências, assim como a interpretação dos resultados. Nessa matéria, estudaremos as principais técnicas diagnósticas em podologia, suas características, aplicações e particularidades. Além disso, observaremos o comporta- mento dos resultados dessas técnicas, a fim de compreender e interpretar os resul- tados dos exames. Vale ressaltar que é de extrema importância que o diagnóstico seja realizado com competência, seriedade e embasamento teórico, visando um trabalho de qualidade e seguridade ao paciente. SER_POD_TEDIPO_CAPA.indd 1,3 16/06/20 10:29 © Ser Educacional 2020 Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro Recife-PE – CEP 50100-160 *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Imagens de ícones/capa: © Shutterstock Presidente do Conselho de Administração Diretor-presidente Diretoria Executiva de Ensino Diretoria Executiva de Serviços Corporativos Diretoria de Ensino a Distância Autoria Projeto Gráfico e Capa Janguiê Diniz Jânyo Diniz Adriano Azevedo Joaldo Diniz Enzo Moreira Sabrynna Brito Oliveira DP Content DADOS DO FORNECEDOR Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 2 15/06/20 16:23 Boxes ASSISTA Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple- mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado. CITANDO Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante para o estudo do conteúdo abordado. CONTEXTUALIZANDO Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstra-se a situação histórica do assunto. CURIOSIDADE Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado. DICA Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado. EXEMPLIFICANDO Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto. EXPLICANDO Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da área de conhecimento trabalhada. SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 3 15/06/20 16:23 Unidade 1 - Principais exames de imagem utilizados nos diagnósticos em podologia Objetivos da unidade ........................................................................................................... 12 Negatoscopia e leitura de exames por imagem ............................................................ 13 Evolução dos exames diagnósticos por imagem ....................................................... 13 Princípio e componentes dos exames por imagem ................................................... 16 Negatoscópio ................................................................................................................... 22 Aplicação dos exames de imagem em membros inferiores .................................... 24 Angiografia venosa, arterial e Doppler ............................................................................ 26 Técnicas em angiografia e estratégias de obtenção de imagem ........................... 27 Aplicações e interpretação de exames ....................................................................... 28 Doppler .............................................................................................................................. 30 Densitometria óssea ............................................................................................................ 32 Tecido ósseo..................................................................................................................... 33 Princípio da técnica e componentes ........................................................................... 35 Sintetizando ........................................................................................................................... 38 Referências bibliográficas ................................................................................................. 39 Sumário SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 4 15/06/20 16:23 Sumário Unidade 2 - Exames complementares Objetivos da unidade ........................................................................................................... 43 Ressonância magnética ...................................................................................................... 44 Fundamento da técnica .................................................................................................. 44 Obtenção da imagem ...................................................................................................... 47 Leitura de exames ........................................................................................................... 51 Tomografia computadorizada ............................................................................................. 52 Fundamento da técnica .................................................................................................. 52 Leitura de exames .......................................................................................................... 55 Interpretação do hemograma ............................................................................................. 55 Elementos figurados do sangue .................................................................................... 57 Eritograma ........................................................................................................................ 60 Leucograma ...................................................................................................................... 61 Interpretação e principais alterações no hemograma ............................................. 62 Sintetizando ........................................................................................................................... 67 Referências bibliográficas ................................................................................................. 68 TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 5 SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 5 15/06/20 16:23 Sumário Unidade 3 - Exames microbiológicos Objetivos da unidade ........................................................................................................... 71 Exames laboratoriais das onicomicoses ......................................................................... 72 Micoses e onicomicoses ............................................................................................... 73 Biologia fúngica ............................................................................................................... 77 Etiologia das onicomicoses ........................................................................................... 84 Micológico direto e cultura ............................................................................................... 85 Exame micológico direto ................................................................................................ 87 Cultura ............................................................................................................................... 88 Preparação e coleta.............................................................................................................90 Sintetizando ........................................................................................................................... 94 Referências bibliográficas ................................................................................................. 95 TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 6 SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 6 15/06/20 16:23 Sumário Unidade 4 - Exames microbiológicos II Objetivos da unidade ........................................................................................................... 99 Processamento de amostras ............................................................................................ 100 Antifungigrama ................................................................................................................... 105 Princípio da técnica e métodos .................................................................................. 108 Aplicação ........................................................................................................................ 111 Cultura bacteriana.............................................................................................................. 112 Crescimento bacteriano ............................................................................................... 112 Cultura de bactérias ...................................................................................................... 117 Diagnóstico microbiológico de bactérias envolvidas em infecções ungueais ............... 120 Aplicação da cultura bacteriana na podologia ........................................................ 123 Sintetizando ......................................................................................................................... 125 Referências bibliográficas ............................................................................................... 126 TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 7 SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 7 15/06/20 16:23 TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 8 SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 8 15/06/20 16:23 A podologia é a área da saúde voltada ao estudo dos pés, dedicando-se ao exame diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças vinculadas a eles. Para isso, o podólogo deverá conhecer os principais métodos de diagnóstico, entendendo o princípio da técnica, equipamentos utilizados, interferentes e intercorrências, assim como a interpretação dos resultados. Nessa matéria, estudaremos as principais técnicas diagnósticas em podolo- gia, suas características, aplicações e particularidades. Além disso, observare- mos o comportamento dos resultados dessas técnicas, a fi m de compreender e interpretar os resultados dos exames. Vale ressaltar que é de extrema importância que o diagnóstico seja realiza- do com competência, seriedade e embasamento teórico, visando um trabalho de qualidade e seguridade ao paciente. TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 9 Apresentação SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 9 15/06/20 16:23 À minha família, incentivadora incondicional dos meus sonhos. A professora Sabrynna Brito Oliveira é doutora em Microbiologia pela Univer- sidade Federal de Minas Gerais - UFMG (2019), possui mestrado em Microbiolo- gia Humana e Médica pela Universidade Federal do Ceará - UFC (2014) e é gradua- da em Biomedicina pela Universidade Federal do Piauí - UFPI (2012). Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/2498047677232858 TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 10 A autora SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 10 15/06/20 16:23 PRINCIPAIS EXAMES DE IMAGEM UTILIZADOS NOS DIAGNÓSTICOS EM PODOLOGIA 1 UNIDADE SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 11 15/06/20 16:23 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Conhecer métodos de diagnósticos por imagem em podologia; Descrever o princípio das técnicas estudadas; Demonstrar a utilização dos exames e seus resultados. Negatoscopia e leitura de exa- mes por imagem Evolução dos exames diagnós- ticos por imagem Princípio e componentes dos exames por imagem Negatoscópio Aplicação dos exames de ima- gem em membros inferiores Angiografia venosa, arterial e Doppler Técnicas em angiografia e es- tratégias de obtenção de imagem Aplicações e interpretação de exames Doppler Densitometria óssea Tecido ósseo Princípio da técnica e compo- nentes TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 12 SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 12 15/06/20 16:23 Negatoscopia e leitura de exames por imagem Pelo menos 80% da população mundial apresenta problemas nos pés, sen- do que eles podem ser corrigidos por meio de uma avaliação e tratamento adequados. Dentre as principais patologias ou alterações que acometem os pés, podemos citar: pé plano, pé cavo, pé calcâneo, pé varo, síndrome do túnel do tarso, síndrome do encarceramento da artéria e do nervo poplíteo, encarce- ramento do nervo plantar medial, pé insensível, ruptura dos ligamentos, dedos em garra, dedos sobrepostos, insufi ciência arterial aguda, insufi ciência-arterial crônica com úlceras, insufi ciência venosa, gangrenas, celulite, gota, onicomico- ses, ceratite plantar, pé diabético, rachaduras cutâneas e pé em mata-borrão. Os exames de imagem como a radiografi a, comumente chamada de raio-X, são de fundamental importância no diagnóstico e acompanhamento terapêu- tico em podologia. No entanto, é preciso que o profi ssional esteja atento à natureza sutil dos achados radiográfi cos, pois qualquer equívoco na interpretação pode afetar o diagnóstico radiológico. Dos fatores que podem infl uenciar a interpretação do resul- tado, podemos citar: obtenção incorreta da imagem, qualidade da imagem, iluminação do ambiente de leitura dos resultados, qualidade do aparelho de leitura das imagens e inexperiência profi ssional. O aparelho de leitura das imagens, o negascópio, é um equipamento simples e de muita utilidade na interpretação de exames de raio-X e deve estar em conformidade com as normas e recomendações estabelecidas. Evolução dos exames diagnósticos por imagem A radiologia é uma especialidade médica que envolve todos os aspectos das imagens anatômicas. É muito importante no diagnóstico, pois fornece in- formações sobre morfologia, função e atividade celular do tecido examinado. A partir da descoberta dos raios X, em 1895, a radiologia ampliou as pos- sibilidades de elucidação diagnóstica de muitas doenças, além de fornecer informações mais precisas sobre a anatomia humana. Os raios X também fo- ram utilizados como tratamento de muitas enfermidades, como a micose no couro cabeludo. A técnica caiu em desuso após a descoberta do antifúngico TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 13 SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 13 15/06/20 16:23 griseofulvina, em 1958, porém, antes disso, ela foi responsável pelo trata- mento de mais de 300 mil pessoas. O entusiasmo decorrente da descoberta dos raios X e de outras radiações foi acompanhado de um uso intenso e descontrolado das radiações. Isso cau- sou muitos efeitos adversos em cientistas e pacientes, levando vários deles à morte. Alguns dos efeitos da exposição à radiação aparecem tardiamente, anos após a irradiação, o que os torna não identificáveis por um longo tempo. (1903) (A) (C) (B) (D) (1908) (1903) (1909) Figura 1. Efeitos da radiação observados em um profissional de radiografia no início do século XX. Fonte: SOARES, 2008. As imagens mostram a evolução dos efeitos da radiação no médico Mihran K. Kassabian, um dos primeiros profissionais que tiveram contato com radia- ções. Após a constatação dos efeitos deletérios das radiações, houve uma preocupação, por parte de cientistas e pesquisadores da área, em proteger os profissionais sem deixar de perder qualidade nos exames. CURIOSIDADE Os materiais utilizados nos EPIS (equipamentos de proteção individual), em radiologia, utilizam chumbo em sua composição. Quanto maior a densi- dade de um material, maior a sua eficiência em barrar os raios X. Por essa razão, o chumbo é o material deescolha no revestimento de paredes das salas de raios X e aventais protetores de gônadas e tireoide. TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 14 SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 14 15/06/20 16:24 Hoje, a radiologia é uma ciência muito avançada e de suma importância em todas as áreas da saúde, sendo considerada segura para o profissional e paciente. Atualmente, existem vários exames de diagnóstico por imagem, como a radiografia, a tomografia, a ressonância, a angiografia, a densitome- tria e a ultrassonografia. Alguns desses exames requerem a administração de um meio de contraste. A radiografia é o exame por imagem de primeira escolha das patologias ortopédicas, pois mostra com clareza o tecido ósseo, calcificações, altera- ções no tecido cartilaginoso e ar. Os raios X são fótons presentes na superfí- cie, na eletrosfera do átomo. De acordo com Soares (2008), a formação dos raios X é complexa e envolve um evento sequencial: 1. Átomos são excitados, ou seja, ganham energia ao interagirem com os elétrons acelerados advindos do cátodo; 2. Os elétrons desses átomos perdem energia, produzindo fótons; 3. Alguns elétrons do ânodo sobem de uma órbita para outra de maior energia; 4. Esse movimento deixa lacunas nas órbitas inferiores; 5. Para preencher essas lacunas, descem elétrons das órbitas superiores; 6. Esse movimento de elétrons, entre as órbitas, libera o excesso de energia dos elétrons para preencher uma lacuna nas órbitas inferiores; 7. A liberação de energia emite um fóton de raios X nas órbitas em que ocorreu o movimento de elétrons. Uma das principais características dos raios X é seu alto poder penetran- te. Na prática, um feixe constituído por raios X atravessa o corpo humano com facilidade. Como seu efeito no corpo humano, após um longo tempo de exposição, pode ser muito nocivo, é necessário o uso de uma blindagem ca- paz de barrar a penetração desses fótons. As mais utilizadas são o chumbo, o concreto, o aço ou o ferro. O objetivo dos exames radiológicos é tornar visível um objeto ou uma condição presente no interior do corpo. A visibilidade de estruturas anatô- micas específicas depende das características da técnica em particular e da maneira como ela é conduzida. A maioria dessas técnicas tem um número considerável de itens a serem selecionados. TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 15 SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 15 15/06/20 16:24 Princípio e componentes dos exames por imagem A formação de imagens radiológicas envolve alguns componentes: o pa- ciente, o equipamento que adquire a imagem, o operador do equipamento, a imagem obtida e o observador. Esses componentes são associados a repeti- ções de exames. Operador Observador Paciente Imagem Sistema de radiodiagnóstico Artefatos Defi nição Contraste Ruído Distorção Transferência Seleção Interpretação Figura 2. Principais componentes do sistema de formação de imagens radiográfi cas. Fonte: SOARES, 2008 (Adaptado). A formação da imagem radiológica obedece a uma ordem sequencial de eventos, que vai desde o posicionamento do paciente até a obtenção da ima- gem. Tecnicamente, a imagem é obtida da seguinte forma: 1. Os raios X são produzidos e, ao saírem do tubo, são chamados de feixe primário; 2. O feixe primário é fi ltrado, principalmente os raios X de baixas energias; 3. O feixe primário fi ltrado é direcionado para a região de interesse através dos colimadores; 4. O feixe de raios X passa através do corpo do paciente, e parte da radia- ção é absorvida (processo de atenuação); 5. Os raios X que não foram absorvidos são os responsáveis pela exposição do detector e, portanto, pela formação da imagem. TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 16 SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 16 15/06/20 16:24 Quando aplicada à prática, a formação da imagem pode ser descrita de acordo com os passos a seguir: • Emissão de um feixe de radiação por um tubo específi co, localizado dentro do aparelho de raio-X; • A radiação emitida é direcionada para o sítio anatômico a ser examinado, sendo que cada tecido reage de forma diferente à radiação, bloqueando ou absorvendo os raios X em diferentes níveis; • Ao atravessar o corpo, o feixe de raios X refl ete ou incide sobre uma placa com um fi lme radiográfi co; • Há a produção de uma sombra no fi lme e, consequentemente, de uma imagem radiográfi ca. Existem vários equipamentos que são utilizados em radiologia, cada um com suas diferenças e particularidades, conforme podemos observar no Quadro 1: Partes do equipamento Raios X convencionais Raios X móveis (transportáveis) Raios X com fl uoroscopia Arco em C Odontológico periapical Odontológico panorâmico Geradores • Monofásico • Trifásico • Alta frequência • Potencial constante • Monofásico • Alta frequência • Trifásico • Alta frequência • Potencial constante • Trifásico • Alta frequência • Potencial constante Monofásico • Trifásico • Alta frequência • Potencial constante Tubos de raios X • Ânodo giratório • Cátodo com dois fi lamentos • Foco fi no e grosso • Ânodo giratório ou fi xo • Cátodo com dois fi lamentos ou único • Foco fi no e grosso ou foco único Ânodo giratório Ânodo giratório Ânodo fi xo Ânodo fi xo Colimadores Abertura variável Abertura va- riável Abertura variável Abertura variável Diafragma • Fenda • Diafragma Grades antiespalha- mento Possui Não possui Possui Não possui Não possui Não possui Sistema receptor de imagem • Filme radio- gráfi co • Placa de ima- gem • Filme radiográfi co • Placa de ima- gem • Filme ra- diográfi co • Placa de imagem (ra- diografi a) • Intensi- fi cador de imagem (fl u- oroscopia) • Intensi- fi cador de imagem • Detector digital • Filme radiográfi co • Detector digital • Filme radiográfi co • Detector digital GeradoresGeradoresGeradores • Monofásico• Monofásico • Trifásico • Alta • Monofásico • Trifásico frequência • Potencial Tubos de frequência • Potencial constante Tubos de raios X • Potencial constante raios X • Ânodo • Monofásico • Ânodo giratório • Cátodo com Colimadores • Monofásico • Alta frequência giratório • Cátodo com dois fi lamentos • Foco fi no e Colimadores • Monofásico • Alta frequência • Cátodo com dois fi lamentos • Foco fi no e grosso • Ânodo Colimadores Grades antiespalha- • Alta frequência • Trifásico dois fi lamentos • Foco fi no e • Ânodo giratório ou fi xo Grades antiespalha- mento • Trifásico • Alta frequência • Ânodo giratório ou fi xo • Cátodo com dois fi lamentos Abertura variável antiespalha- mento frequência • Potencial constante giratório ou fi xo • Cátodo com dois fi lamentos ou único • Foco fi no e Abertura variável Sistema receptor de frequência • Potencial constante giratório ou fi xo • Cátodo com dois fi lamentos ou único • Foco fi no e grosso ou foco único Possui Sistema receptor de imagem constante • Trifásico • Alta dois fi lamentos • Foco fi no e grosso ou foco único Possui receptor de imagem • Trifásico • Alta frequência • Potencial grosso ou foco Abertura va- • Filme radio- gráfi co frequência • Potencial constante Ânodo giratório Abertura va- riável • Filme radio- gráfi co • Placa de ima- • Potencial constante Ânodo giratório Não possui • Filme radio- • Placa de ima- gem Monofásico Não possui • Placa de ima- Monofásico Ânodo giratório Abertura variável • Filme radiográfi co Monofásico • Trifásico Ânodo giratório Abertura variável • Filme radiográfi co • Placa de ima- • Trifásico • Alta frequência giratório Possui radiográfi co • Placa de ima- gem • Trifásico frequência • Potencial constante Ânodo fi xo Abertura variável Possui • Placa de ima- • Filme ra- diográfi co frequência • Potencial constante Ânodo fi xo Abertura variável • Filme ra- diográfi co • Placa de imagem (ra- constante Ânodo fi xo Não possui diográfi co • Placa de imagem (ra- diografi a) • Intensi-Ânodo fi xo Diafragma possui imagem (ra- diografi a) • Intensi- fi cador de imagem (fl u- Ânodo fi xo Diafragma fi cador de imagem (fl u- oroscopia) • Intensi- Ânodo fi xo Não possui imagem (fl u- oroscopia) • Intensi- fi cador de imagem • Fenda Não possui fi cador de imagem • Detector digital • Fenda • Diafragma Não possui • Detector digital • Filme • Diafragma Não possui • Filme radiográfi co • Detector Não possui radiográfi co • Detector digital Não possui radiográfi co • Detector digital • Filme radiográfi co • Filme radiográfi co • Detector digital radiográfi co • Detector digital QUADRO 1. CARACTERÍSTICAS DOS PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA OBTENÇÃO DE IMAGENS POR RAIOS X Fonte: Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem, 2018. TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 17 SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 17 15/06/20 16:24 Na imagem gerada por qualquer equipamento citado no Quadro 1, os teci- dos que bloqueiam taxas elevadas de radiação, como o ósseo, aparecem como áreas brancas. Tecidos moles e órgãos que são preenchidos com ar, como o pulmão, apare- cem nas imagens em tons de cinza e preto, respectivamente, conforme mostra a Figura 3 em sua indicação A. Essa diferença de cor está relacionada com a quan- tidade de radiação bloqueada por cada tipo de tecido: A Es pe ss ur a ou d en sid ad e Exposição relativa B Figura 3. Comportamento de objetos com diferentes espessuras e densidades frente a um feixe de raios X. Fonte: FURQUIM, 2012, p. 2-3. Na Figura 3, A mostra a relação entre densidade e exposição, e B mostra a variação de contraste de um objeto circular com mesma densidade óptica (tom de cinza), em diferentes densidades ópticas de sua vizinhança. Os exames que fazem uso de meios de contraste são recomendados em situações em que se fazem necessárias informações adicionais. Nesse tipo de exame, é administrado um meio de contraste (via oral, parenteral, por um cate- ter ou como um enema) que preenche, circunda ou destaca partes específicas do corpo na radiografia. A qualidade da imagem obtida depende do contraste, definição, ruído, ar- tefatos e distorção. Contraste pode ser definido como a diferença fracional em alguma grandeza mensurável entre duas regiões de uma imagem, sendo que ele depende da relação entre as densidades óticas do objeto de interesse e TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 18 SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 18 15/06/20 16:24 adjacências. A Figura 3, em sua indicação B, mostra a variação de contraste de um objeto de mesma densidade ótica em relação à densidade ótica vizinha. A imagem final pode ser visualizada em um filme radiográfico. O resultado é parecido com os negativos dos filmes fotográficos utilizados décadas atrás. Os filmes virgens são colocados dentro de um chassi para que sejam expostos e revelados. Em geral, os chassis radiográficos são de alumínio, com os cantos em nylon, com travamento lateral e revestimento em espuma. Isso faz com que o filme virgem e écran mantenham um contato perfeito, e que a imagem formada seja nítida e de qualidade. O tamanho do chassi varia de acordo com tamanho do filme radiográfico. Existem pelo menos oito tamanhos diferentes de chassi, sendo eles: 13 cm x 18 cm, 18 cm x 24 cm, 24 cm x 30 cm, 30 cm x 40 cm, 35 cm x 35 cm, 35 cm x 43 cm, 35 cm x 43 cm, 30 cm x 90 cm e 35 cm x 91 cm. Écran, ou tela intensificadora, é uma camada de cristais ou sais que ficam em contato com o filme virgem, dentro do chassi, como mostra a Figura 4. Os cristais fluorescentes, ou intensificadores, absorvem os fótons de raios X, emi- tindo um jato de luz. Esse princípio é chamado de fluorescência. De acordo com a portaria nº 453/98 da Agência Nacional de Vigilância Sa- nitária, os cristais recomendados (e mais utilizados) são os terra-nova (ítrio, bário, lantânio, gadolínio e tungstênio) e emitem luz na faixa da cor verde. A mesma portaria sugere o desuso do haleto de prata como cristal fluorescente para esse fim (ANVISA, 1998). A intensidade da luz liberada está relacionada à resolução da imagem. Os cristais são aplicados em uma base tipo cartão e, geralmente, são cobertos com uma resina de proteção. Sob a camada emissora existe outra, que é bran- ca e com propriedade refletora, para que a maior quantidade possível da luz emitida pelo écran seja levada a atuar sobre o filme. Os écrans apresentam uma estrutura padrão, conforme mostra a Figura 4, composta por: (1) uma base de cartolina ou poliéster, que é a base para o material florescente; (2) uma cama- da fluorescente, formada por sais metálicos fluores- centes; (3) uma camada refletora, posicionada entre as camadas supracitadas, e que aumenta o rendi- mento luminoso por meio da reflexão da luz emitida; TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 19 SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 19 15/06/20 16:24 (4) uma camada absorvente, colocada entre a base e a camada fl uorescente, e que absorve a luz difusa, aumentando a nitidez. Embora as camadas três e quatro sejam opcionais, os écrans atuais contam com elas em sua composição, pois isso aumenta a nitidez da imagem formada. Janela de identifi cação Janela de identifi cação Filme Telas intensifi cadoras Base Camada refl etora (ou absorvente) Camada fl uorescente Película protetora Figura 4. Écran radiográfi co. Fonte: MARQUES, 2015 (Adaptado). Na Figura 4, A representa o posicionamento do écran, ou tela intensifi cado- ra, dentro do chassi, em relação ao fi lme radiográfi co, indicado por B. C indica a composição do écran. O princípio de operação de um écran segue os seguintes passos: absorção, conversão e emissão. Na absorção, os microcristais absorvem os fótons inci- dentes do raio X, resultando na emissão de elétrons livres. Em seguida, há a conversão, sendo que a energia obtida é convertida em fótons de luz por um processo chamado luminescência. Por fi m, há a emissão, em que os fótons de luz saem dos microcristais e expõem a película. O esquema representativo da operação de um écran está ilustrado na Figura 5: A B C TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 20 SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 20 15/06/20 16:26 Foco emissor de radiação Foco emissor de radiação Objeto Objeto A B Anteparo Anteparo No objeto No écran fluoroscópico No filme radiográfico Pouca densidade Densidade intermediária Muito densa Área hipotransparente Área de transparência intermediária Área hipertransparente Área hipertransparente Área de transparência intermediária Área hipotransparente Figura 5. Esquema representativo de uma imagem projetada em um écran radiográfico (A) e em um filme radioló- gico (B). Fonte: MARQUES, 2015. (Adaptado). É importante observar, na Figura 5, a diferença do contraste em cada etapa. Os filmes radiográficos são os receptores de imagem, ou seja, o local de forma- ção da imagem, sendo formados por cristais sensíveis à radiação X e à luz. Eles apresentam uma estrutura específica para que haja a formação da imagem. Existem quatro componentes básicos dos filmes radiográficos, que podem ser vistos na Figura 6. São eles: • Camada base: feita de acetato de celulose e poliéster, é azulada e transpa- rente. Funciona como suporte à emulsão radiográfica; • Camada de fixação: fina camada adesiva que fixa a emulsão à base; • Camada fotossensível: também chamada de camada de emulsão, é com- posta por cristais fluorescentes e envoltos em uma matriz gelatinosa. Os fótons dos raios X sensibilizam os cristais, que são reduzidos à luz visível no processamento; • Camada protetora: composta por gelatina transparente, protege contra acidentes mecânicos. TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 21 SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 21 15/06/20 16:26 Emulsão fotográfi ca Base Emulsão fotográfi ca Camada protetora Filme de duas camadas Filme de uma camada Camada protetora Figura 6. Esquema representativo da composição de um fi lme radiográfi co. Fonte:MARQUES, 2015. Existem várias empresas que comercializam fi lmes radiográfi cos, assim como diversos tamanhos de fi lme, normalizados de acordo com os écrans e os chassis. Para que a imagem seja excelente, existem alguns cuidados a serem tomados com o fi lme radiográfi co. Um deles é o armazenamento em local seco e longe de radiações ionizantes, em umidade relativa do ar entre 30% e 50% e temperatura ambiente entre 10 ºC e 21 ºC. Depois de todo o processo de obtenção da imagem, ela deve ser analisa- da corretamente. O fi lme radiográfi co, embora possa ser analisado a olho nu, precisa de uma fonte de luz específi ca para ressaltar os achados e detalhes contidos na imagem. O aparelho utilizado para a visualização da imagem radio- gráfi ca é chamado negatoscópio. Negatoscópio O negatoscópio é um equipamento com uma fonte luminosa que é usado para examinar fi lmes radiográfi cos. Em outras palavras, é um aparelho volta- do para a observação direta de fi lmes radiográfi cos, e que contém uma fonte de luz uniforme. O negatoscópio de radiologia geral possui em sua estrutura: uma chapa de aço inoxidável tratado e pintado, na camada mais externa; uma camada central de acrílico branco e translúcido; duas lâmpadas fl uorescentes (de 15 W a 30 W) e seus respectivos interruptores. Além disso, com o intuito de pre- TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 22 SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 22 15/06/20 16:26 servar a saúde do observador, o negatoscópio ainda possui um dispositivo que restringe a iluminação apenas à região do filme. Isso permite que a luz do aparelho não atinja diretamente os olhos de quem o está manipulando. Os equipamentos e as técnicas utilizadas para a obtenção de imagens ra- diográficas estão em constante desenvolvimento. Dessa forma, é necessário que haja protocolos de uso atualizados e órgãos que certifiquem a qualidade desses equipamentos. Nesse contexto, a Vigilância Sanitária sugere que, an- tes da utilização do negatoscópio, o profissional verifique se a luminosidade do equipamento está homogênea, se sua superfície está íntegra, ou seja, sem manchas, riscos, arranhões e rachaduras. O negatoscópio está relacionado a um componente muito importante da leitura de exames por imagem, a luminância, uma medida da densidade da intensidade de uma luz refletida em uma dada direção, sendo a sua unidade de medida a candela por metro quadrado (cd/m2). Em resumo, é a quantidade de luz que atravessa ou é emitida de uma superfície. A luminância do negatoscópio constitui um dos parâmetros que devem ser controlados visando a garantia da qualidade do serviço diagnóstico. A lu- minância pode influenciar a visibilidade de alterações sutis no diagnóstico de sistemas de imagens, por isso é importante que o negatoscópio esteja dentro dos padrões estabelecidos pela legislação vigente no Brasil, sendo 1500 nit o desempenho mínimo para negatoscópios utilizados na radiologia geral (AN- VISA, 1998). Alguns fatores estão relacionados à intensidade de luz de um negatoscó- pio, como a temperatura e iluminação do ambiente, horas de funcionamento das lâmpadas fluorescentes, potência da lâmpada, tipo e espessura do ma- terial utilizado na fabricação do painel frontal e estado de conservação do negatoscópio. Dessa forma, objetos diferentes possuem diferentes capacidades de refle- xão da luz, ou seja, luminâncias diferentes. O negatoscópio é utiliza- do para corrigir esse fator em muitos exames por imagem, como nos exames por raios X. As Figura 7 e 8 mostram exemplos de como objetos diferentes se comportam em relação ao raio X. É importante observar a diferen- ça da opacidade dos diferentes tecidos: TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 23 SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 23 15/06/20 16:26 Figura 7. Radiografi a do joelho. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 21/05/2020. Figura 8. Radiografi a do tórax. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 21/05/2020. Aplicação dos exames de imagem em membros inferiores Para que haja um completo entendimento da imagem, é necessário que o profi ssional entenda sobre a anatomia humana, sobretudo ossos, músculos, articulações e vasos. A Figura 9 mostra a anatomia do pé, ressaltando os principais músculos e ligamentos, além de evidenciar a estrutura óssea: TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 24 SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 24 15/06/20 16:27 Mm. interósseos dorsais: 2º 3º 4º 1º Vista dorsal M. flexor curto do dedo mínimo M. adutor do hálux: Cabeça transversa Cabeça oblíqua M. flexor curto do hálux Mm. interósseos plantares: Mm. interósseos dorsais Tendão do M. fibular longo Tendão do M. tibial posterior Vista plantar Segundo Primeiro 1º 2º 3º Figura 9. Anatomia do pé. Fonte: NETTER, 2011 (Adaptado). Os exames de imagem com foco na visualização das estruturas do pé con- tam com dois principais ângulos de visão, também conhecidos como posi- cionamentos ou incidências. São eles: anteroposterior (AP) e anteroposterior oblíquo (APO). A incidência AP do pé é utilizada quando na requisição de exame é solici- tada a visualização de estruturas como falanges, os metatarsos, os ossos do tarso, navicular, cuneiformes mediais, intermedial, lateral e cuboide. Ou seja, é uma incidência recomendada para a visualização dos ossos que constituem o antepé e o mediopé. Esse ângulo também proporciona a observação de fraturas e de corpos estranhos com densidades diferentes da densidade do tecido ósseo local, além de permitir a avaliação de anormalidades entre as articulações e edemas em tecidos moles. A incidência APO é referente ao posicionamento do pé em rotação me- dial ou oblíqua, e é solicitada quando há a necessidade de analisar todas as estruturas que compõem o pé, das falanges distais à porção latero- -posterior, além dos ossos calcâneo e parte proximal do tálus. Esse ângulo também proporciona a avaliação de: fraturas e o grau de deslocamento apresentado pelos fragmen- tos, sejam eles anteriores ou posteriores; anorma- lidades dos espaços articulares; edemas de tecidos moles, e localização de corpos estranhos opacos. TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 25 SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 25 15/06/20 16:28 Angiografia venosa, arterial e Doppler A angiografia é um exame de imagem não-invasivo que fornece ima- gens detalhadas dos vasos sanguíneos, comumente os vasos do coração, pulmões, cérebro ou pernas. Pode fornecer imagens fixas ou vídeos (deno- minado cineangiografia). A sua imagem pode ser obtida por raio-X (angio- grafia convencional), tomografia computadorizada (angiotomografia com- putadorizada) ou por ressonância magnética (angiografia por ressonância magnética). A angiografi a convencional é considerada padrão-ouro para avaliação de lesões vasculares, como estenose, obstrução, aneurisma, dissecção, vascu- lites, malformação arteriovenosa e outras malformações vasculares. A angiografi a por ressonância magnética usa radiação não-ionizante, não apresenta muitas contraindicações e é considerada um exame menos operador-dependente, tornando os resultados mais confi áveis e reprodutí- veis. A técnica começou a ser difundida na década de 1980, quando foram observados indícios de fl uxos sanguíneos por meio de imagens por angio- grafi a convencional. A técnica foi aprimorada com a utilização de ressonân- cia magnética, e hoje temos imagens em 2D, 3D e angioscopia virtual. Via de regra, o contraste é injetado no vaso sanguíneo adjacente ao vaso a ser examinado, com ou sem anestésico local ou sedativo. Caso o exame seja de avaliação de uma artéria, o local deve ser comprimido por, pelo me- nos, dez minutos após a remoção do cateter, para diminuir sangramento local. Como cuidado adicional, o paciente pode fi car em repouso, deitado por algumas horas, ou até ser hospitalizado antes do exame. Embora os eventos adversos relacionados ao exame sejam raros, algu- mas complicações podem ser observadas, principalmente, em pacientesidosos e com comorbidades. Um exemplo desses eventos é o rompimento do vaso sanguíneo usado para injeção de contraste. Ele leva, possivelmen- te, ao sangramento local, hematoma, dor local, edema, infecção local com secreção purulenta, e lesão arterial. Casos mais graves podem evoluir para embolia distal, convulsões e problemas cardíacos. Embora seja uma técnica invasiva, a angiografi a é considerada um pro- cedimento seguro, devendo ser realizada por médicos habilitados, geral- TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 26 SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 26 15/06/20 16:28 mente cardiologistas ou radiologistas intervencionistas espe- cializados. No entanto, a interpretação de seu resultado pode ser feita por outros profi ssionais da área da saúde, desde que sejam habilitados. Técnicas em angiografia e estratégias de obtenção de imagem A angiografi a por tomografi a computadorizada segue sendo a principal escolha para a observação de imagens móveis em relação a estruturas imó- veis, como o fl uxo sanguíneo dentro de um vaso (veia ou artéria). A imagem pode ser obtida por meio de diversas estratégias, como time-of-fl ight e con- traste de fase. A técnica time-of-fl ight baseia-se no gradiente de cortes perpendiculares ao fl uxo. A imagem é obtida a partir do fl uxo de sangue não saturado em uma imagem em que os tecidos moles estão estáticos e pré-saturados, realçando a intensidade dos sinais do vaso em relação aos tecidos adjacentes. Essa técnica é menos complicada e mais difundida, e sua imagem é gerada em menor tempo. No entanto, só é recomendada para pacientes com alergia ao meio de contraste, com insufi ciência renal severa, mulheres grávidas e sempre que o uso de meios de contraste não for recomendado. Isso se deve ao fato de que o exame pode gerar um falso positivo (perda de sinal no meio do exame), à anatomia do vaso (caso não sejam perpendiculares ao plano de corte) e aos efeitos de saturação. A imagem por contraste de fase se baseia na diferença entre velocidades e sentidos de fl uxos dentro dos vasos, sendo obtida em diferentes planos de aquisição. A técnica, também muito utilizada em angiografi a por ressonância magnética, permite, além do estudo hemodinâmi- co, observar a anatomia da região estudada. Para isso, são administrados meios de contraste, como o gadolínio. O meio de contraste produz um si- nal mais forte, com menos efeito de saturação e susceptibilidade à perda de fase e alterações devido a fl uxos rápidos e turbulentos. TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 27 SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 27 15/06/20 16:28 Aplicações e interpretação de exames A angiografi a está relacionada ao fl uxo sanguíneo nos vasos (veias e arté- rias) do corpo humano, sendo a trombose, embolia e aterosclerose os acome- timentos mais comuns dessas áreas, conforme pode ser visto na Figura 10. Ela ainda mostra a aterosclerose na artéria, trombose venosa profunda, veias varicosas e insufi ciência venosa crônica: Normal Normal Estenose Aterosclerose Aterosclerose na artéria Trombose Embolia Veias varicosas Trombose venosa profunda Músculo da panturrilha como bomba para veias profundas das pernas Normal Variz Veia normal Trombose venosa profunda Formação de coágulos de sangue Coágulos (trombos) se desprendendo da veia, causa de embolia pulmonar Figura 10. Principais alterações do sistema vascular. Fonte: ISMAAP. Acesso em: 21/05/2020 (Adaptado). A trombose é a oclusão ou bloqueio de um vaso sanguíneo por coágulos. A oclusão de uma veia na perna provoca um acúmulo. No caso de trombose em membros inferiores, o sangue continua a ser bombeado para a perna pela artéria, mas não pode fl uir no sentido contrário da veia. Embolia é a obstrução de um vaso, frequentemente uma artéria, pela migração de um corpo estranho pela corrente sanguínea. Esse corpo estranho, chamado de trombo, pode sol- tar-se do lugar que está obstruindo e se deslocar até pulmões e coração. TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 28 SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 28 15/06/20 16:28 A aterosclerose é uma inflamação das artérias causada pelo acúmulo de ar- tefatos na parede dos vasos, como gordura (placa de ateroma) ou cálcio. Pode acontecer em qualquer local do corpo: cérebro, coração, membros inferiores e superiores. As artérias acometidas são observadas no exame com estreita- mento e enrijecimento pontuais, devido ao acúmulo de artefatos. São mais propensas ao desenvolvimento de aterosclerose: pessoas com diagnóstico de diabetes, hipertensão, hipercolesterolemia, além de pessoas sedentárias que fazem uso de álcool e tabaco. Também existem fatores hereditários. Conhecer a anatomia do local e ter noções sobre as principais patologias que acometem o sítio anatômico é de fundamental importância para a correta interpretação dos exames de imagem. No caso da angiografia, devem ser leva- das em consideração informações sobre sistema circulatório e linfático, assim como os aspectos clínicos. A Figura 11 mostra exemplos de como as principais alterações vasculares se comportam no exame de angiografia: Figura 11. Angiografias de membro inferior. Fonte: ISMAAP. Acesso em: 21/05/2020. (Adaptado). Na Figura 11, a indicação A mostra a documentação final de angiografia por ressonância magnética com obstruções arteriais ao nível das poplíteas (setas). A porção distal do membro inferior apresenta circulação compen- satória colateral. A indicação B mostra a angiografia evidenciando oclusão total da tibial anterior (acima) e como é seu efeito nos membros distais. Na indicação C, pode-se ver o arteriograma de isquemia severa do pé direito. À esquerda, há uma obstrução total de segmento longo na arterial TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 29 SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 29 15/06/20 16:28 femoral superfi cial direita. A artéria poplítea reconstitui vias colaterais. À direita, há obstruções das artérias tibial anterior, tibial posterior e peroneal, com perfusão distal pobre. Doppler O Doppler, também conhecido como ultrassonografi a venosa, eco-Doppler, ultrassonografi a com mapeamento e duplex scan, é um exame que gera uma imagem bidimensional ou uma análise tridimensional. Todas as variações po- dem apresentar versão a cores. A primeira descrição da técnica data de 1842 e se baseia no fenômeno Do- ppler, descrito pelo médico Christian Johann Doppler. Esse fenômeno acon- tece quando um objeto refl etor se move em relação a uma fonte de onda sonora, criando, refl etindo e alterando novas ondas sonoras. Na prática, o equipamento capta o deslocamento de corpos em movimento em relação a um corpo estático, como as células sanguíneas em fl uxo dentro de um vaso. Ou seja, o Doppler registra a mobilidade do sangue dentro dos vasos sanguí- neos pela energia das ondas sonoras das células sanguíneas, convertendo em imagem e em gráfi co de velocidade. As principais características do Doppler são a ausência de radiação e de procedimentos invasivos, como punções e injeções, e a não utilização de meios de contraste. A técnica fornece informações hemodinâmicas, ou seja, do fl uxo de sangue nos vasos, de maneira muito precisa, sendo considerado um guia da circulação venosa. É uma técnica muito utilizada no acompanhamento e tratamento de vari- zes, assim como em cirurgias, além de ser uma ferramenta importante para cirurgiões vasculares. O exame não requer preparo prévio do pa- ciente, como jejum ou uso de medicações. O Doppler pode ser re- petido sem contraindicações, pois não usa radiação. O Doppler pode ser utilizado em associação a várias técnicas de imagem, como ecografi a, ul- trassom e angiografi a. As imagens obtidas po- dem ser em escalas cinza ou coloridas e também pode-se obter vídeos. TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 30 SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 30 15/06/20 16:28 Transdutor Vasos sanguíneos do membro inferior Figura 12. Exames de imagem utilizando o Doppler como técnica acessória na visualizaçãode vasos em membros inferiores. Fonte: FREITAS et al., 2018. A Figura 12 mostra o posicionamento do paciente e os resultados do exame de imagem, que apresentam a morfologia do vaso e alterações hemodinâmicas. ASSISTA Os vídeos formados pelas técnicas de Doppler são de muita valia no diagnóstico correto e preciso das funções hemodinâmicas. A seguir, veja o uso da técnica no diag- nóstico de alterações arteriais de membros inferiores no vídeo Exames de Doppler para tratamento de Varizes, do canal Saúde e Você. Existem alguns artefatos na técnica de Doppler que podem in- fluenciar a obtenção de uma boa imagem. São eles: a ambi- guidade do sinal detectado, que ocorre quando a velocida- de do sangue está acima do normal; ausência do sinal Doppler, quando o ângulo entre o vaso sanguíneo e o feixe ultrassônico estiver perpendicular um em relação TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 31 SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 31 15/06/20 16:29 ao outro; artefatos de parede, que ocorrem com o uso impróprio do fi ltro de parede, que acaba por remover sinais de fl uxo de baixa velocidade e resulta em erros de interpretação. Densitometria óssea O exame que mostra a densidade do tecido ósseo é a densitometria óssea (DXA). É um exame não invasivo, muito preciso, que é recomendado em casos de avaliação diagnóstica de osteoporose e avaliação do risco de fraturas. A DXA utiliza diferentes níveis de energias de raios X e permite a observação e diferenciação, dentro do tecido ósseo, de variações estru- turais e composição do tecido, levando em consideração o contorno do tecido ósseo e da massa de partes moles adjacentes. Essa análise é feita com a ajuda de programas computacionais, que quantificam os minerais do tecido e expressam os resultados em g/cm². Por ser um exame voltado ao estudo das condições ósseas, é indicado para indivíduos propensos a doenças e alterações ósseas, como mulheres acima dos 65 anos e homens acima dos 70 anos. Também são considera- das populações de risco: mulheres com mais de 40 anos e em período de menopausa, adultos com histórico de fratura por fragilidade, usuários de medicamentos que causam perda ou diminuição da massa óssea, pessoas em tratamento ou acompanhamento para osteoporose e mulheres em terapia hormonal. DICA A osteoporose é uma doença que não possui cura, mas algumas ações podem evitá-la ou retardar o aparecimento dos seus efeitos, como a prática de atividades físicas, tomar sol de forma correta, seguir uma dieta rica em cálcio e não consumir álcool ou cigarro. O diagnóstico precoce e o acompanhamento dos casos por meio do exame de densitometria óssea também são muito importantes. Como o exame de densitometria óssea analisa a composição do tecido, faz-se necessário ressaltar alguns aspectos importantes referentes a ele, como função, composição e principais células. TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 32 SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 32 15/06/20 16:29 Tecido ósseo O tecido ósseo exerce função de suporte, locomoção e proteção do corpo como um todo. É um tecido de composição complexa e que sofre influência de hormônios, fatores de crescimento e citocinas. O tecido ós- seo é composto por sais minerais inorgânicos cristalinos, que representam 75% do peso seco do tecido, e por uma matriz orgânica. Os sais minerais que compõem o tecido ósseo (fosfato de cálcio e car- bonato de cálcio) são encontrados como cristais de hidroxiapatita, direta- mente na compressão do tecido. Outros sais são encontrados em menores concentrações, como magnésio, sódio, potássio, hidróxido, fluoreto, es- trôncio, zinco, rádio, cloreto e sulfato. A matriz orgânica do tecido ósseo é formada principalmente por colágeno, prolina, hidroxiprolina (94%) e por líquido extracelular composto por albumina, mucoproteína, ácido hialurô- nico, lipídeos, citrato e outras substâncias. Muitas pessoas acham que os ossos atingem maturidade total na vida adulta, no entanto, é importante ressaltar que até 5% da massa óssea está passando por um processo conhecido como remodelação pelo resto da vida. Hormônios e processos metabólicos influenciam fortemente a for- mação e reabsorção do tecido ósseo, que são realizadas pelas células do tecido (osteoclastos e osteócitos). Segundo Motta (2011), existem quatro tipos de célula especializadas no osso para a síntese, a modelagem e remodelagem desse tecido: • Osteoprogênitoras: são células de origem mesenquimal, com poder de diferenciar-se e proliferar-se em células formadoras de tecido ós- seo, os osteoblastos. Essas células persistem até a vida pós-natal e são encontradas em quase todas as superfícies livres dos ossos. Durante a fase de crescimento dos ossos e reparações de lesões ósseas, as células osteoprogenitoras são mais ativas e aumentam a sua atividade, origi- nando novos osteoblastos para o tecido ósseo; • Osteoblastos: células com função de secreção, produtoras de com- plexos proteicos ricos em aminoácidos (prolina, hidroxiprolina), de precursores de colágeno e fatores de crescimento locais. São células encontradas dentro das lacunas ósseas e na zona subperiostal (entre TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 33 SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 33 15/06/20 16:29 o osso cortical e o periósteo). A membrana plasmática dessas células é rica em fosfatase alcalina, sendo um indicador de formação óssea; Osteoclastos: células com função de absorção, consideradas gigantes (à análise microscópica) e multinucleadas. Atuam no reparo de fraturas ou em casos de mobilização de íons cálcio. Sofrem influência direta do hormônio paratireoideo (PTH); Osteócitos: consideradas células de repouso, são encontradas nas criptas ósseas. Sofrem influência de fatores humorais locais ou sistêmi- cos. Diferenciam-se de acordo com a necessidade, seja ela a atividade blástica (crescimento e reparação) ou a atividade clássica/ lítica (reab- sorção, mobilização iônica). São células que atuam na manutenção da integridade óssea. Célula osteoprogênitora Osteoblasto Osteócito Osteoclasto Figura 13. Células do tecido ósseo. Fonte: UNIFAL. Acesso em: 21/05/2020. Macroscopicamente, o tecido ósseo é classificado em compacto (sem cavidades) e esponjoso (muitas cavidades intercomunicantes). Histologica- mente, o tecido ósseo é classificado em primário (ou imaturo) e secundário (maduro ou lamelar). TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 34 SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 34 15/06/20 16:29 Diáfi se Metáfi se Cartilagem articular Endósteo Osso compacto (denso) Periósteo Osso esponjoso (trabecular) - contém medula óssea vermelha Cavidade medular (contém medula óssea amarela no adulto) Epífi se Figura 14. Esquema representativo da visão macroscópica do tecido ósseo. Fonte: UNIFAL. Acesso em: 21/05/2020. Princípio da técnica e componentes A avaliação da composição da massa óssea é feita por meio de um equi- pamento específi co chamado densitômetro. Essa máquina utiliza a técnica de absorciometria por raio X com dupla energia (DEXA). O aparelho (que é fonte de radiação) percorre o corpo do paciente, e o computador calcula a densidade de cada área analisada. Esses dados são utilizados para a construção de uma imagem. Como parâ- metro de anormalidade, o programa computacional leva em consideração os dados de uma pessoa jovem e saudável. Assim, pode-se observar a distância entre a massa óssea considerada normal e a alterada. A fonte de radiação do densitômetro emite dois tipos de energia: energia A, que é absorvida por tecidos moles, como pele e músculos; e a energia B, que é absorvida pelo tecido ósseo. São encontrados dois tipos de densitômetro no mercado, os centrais e os periféricos, sendo o primeiro o mais utilizado, pois apresenta maior efi cácia e precisão no diagnóstico por imagem. Ao fi nal do exame, o software forma um gráfi co contendo as informações sobre densidade e composição do tecido ósseo em forma de score. TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA35 SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 35 15/06/20 16:30 Como mencionado, os resultados da densitometria são tabulados por um software e associados a escores que levam em consideração a idade do paciente. O cálculo ainda inclui dados de média e desvio padrão (DP). Ao final, os dados fornecem uma medida quantitativa a respeito da massa óssea. A análise dos dados inclui o conhecimento sobre alguns parâmetros fornecidos pelo programa, como os escores T e Z. O escore T baseia-se nos DP encontrados além e aquém da média de DMO, levando em consideração uma população entre 20 e 45 anos. Esse resultado é fundamental no diagnóstico da osteoporose, em que o resultado considera- do normal apresenta densidade óssea até -1 DP. Um paciente com osteopenia (diminuição do número de osteócitos) tem resultados entre -1 e -2,5 DP. O diagnóstico de osteoporose se dá quando o escore for menor que -2,5 DP. O escore Z utiliza os DP encontrados além e aquém de uma média de densidade óssea de uma população cuja faixa etária seja compatível à do paciente. A aplicabilidade clínica desse escore está relacionada a altera- ções em pacientes infanto-juvenis, homens com idade inferior a 50 anos e mulheres na menopausa. Um valor de escore Z abaixo de -2 indica índice de massa óssea abaixo do normal para a idade do paciente, e, se houver relato de fraturas, pode ajudar no diagnóstico de osteoporose. Região Área (cm²) BMC (g) BMD (g/cm²) T - Pontuação PR (%) Z - Pontuação AM (%) L1 10.78 5.65 0.524 -4.5 52 -2.2 69 L2 11.67 7.09 0.607 -4.7 54 -2.2 72 L3 13.50 8.58 0.635 -5.0 53 -2.4 71 L4 14.97 10.53 0.704 -4.7 57 -2.0 76 Total 50.92 31.84 0.625 -4.8 54 -2.2 72 Total BM D Idade 0.4 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 +1,0 0,0 -1,0 -2,0 -2,5 -3,0 -4,0 Densidade normal Osteopenia Osteoporose L1 L2 L3 L4 Figura 15. Imagem de um exame de densitometria óssea da coluna lombar. Fonte: FREITAS, 2017 (Adaptado). TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 36 SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 36 15/06/20 16:30 Na Figura 15, a paciente é uma mulher na pós-menopausa. Há pontos de osteoporose na região de coluna lombar total L1-L4. À direita, pode-se ver o score utilizado nos exames de densitometria e sua correlação clínica. A DXA, quando realizada e analisada de forma correta, fornece valores importantes no diagnóstico e acompanhamento de casos de osteoporose. A excelência do exame ainda conta com fatores relacionados à rea- lização do exame, como enquadramento da imagem, po- sicionamento correto do paciente e comunicação entre paciente e executante do exame (em caso de dúvidas e explicações sobre o exame). TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 37 SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 37 15/06/20 16:30 Sintetizando Nessa unidade, estudamos os principais exames de imagem utilizados nos diagnósticos em podologia. Inicialmente, conhecemos o negatoscópio, aparelho utilizado na revelação de exames de imagens, principalmente dos membros inferiores. Estudamos o princípio das técnicas e a forma da leitura dos exames de angiografia venosa, arterial e Doppler, assim como da densito- metria óssea. Vale ressaltar que as diferentes técnicas apresentam diferentes aplicações. As angiografias nos permitem estudar a dinâmica vascular do paciente. O Doppler é uma variação dessa técnica que não utiliza radiação. A densitometria óssea nos fornece informações sobre a constituição óssea e é muito impor- tante no diagnóstico de osteoporose. Esses exames são de grande valia para um correto e preciso diagnóstico e acompanhamento do paciente, além de ser crucial na tomada de decisão profissional. TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 38 SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 38 15/06/20 16:30 Referências bibliográficas AGÊNCIA NACIONAL DE VIGIL NCIA SANITÁRIA - ANVISA. Regulamento técnico n. 453. Brasília: ANVISA, 1998. ANDIA, D. 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TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 41 SER_POD_TEDIPO_UNID1.indd 41 15/06/20 16:30 EXAMES COMPLEMENTARES 2 UNIDADE SER_POD_TEDIPO_UNID2.indd 42 15/06/20 16:24 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Conhecer métodos diagnósticos complementares em Podologia – por imagem e laboratoriais; Descrever o princípio das técnicas estudadas; Demonstrar a utilização dos exames e seus resultados. Ressonância magnética Fundamento da técnica Obtenção da imagem Leitura de exames Tomografia computadorizada Fundamento da técnica Leitura de exames Interpretação do hemograma Elementos figurados do sangue Eritograma Leucograma Interpretação e principais altera- ções no hemograma TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 43 SER_POD_TEDIPO_UNID2.indd 43 15/06/20 16:24 Ressonância magnética De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a ressonância magnética nuclear (RMN) é uma técnica de imagem médica multiplanar, cujas imagens são obtidas em vários planos do corpo sem alterar posi- ções, sendo usada em radiologia para visualizar estruturas inter- nas detalhadas a partir da radiação magnética. Os achados de ressonância magnética são baseados na com- pilação de sequências, isto é, uma combinação ordenada de pulsos de RF e gradiente projetados para adquirir os dados para formar a imagem. A RMN dá visões tridimensionais em tempo real dos órgãos do corpo com um bom contraste dos tecidos moles, deixando a visualização do cérebro, coluna, músculos, articulações e outras estruturas excelente, auxiliando no diagnóstico de condições anormais e patologias importantes. Apesar de atualmente a ressonância magnética ser bastante comum no meio médico, o desenvolvimento da técnica foi resultado de anos de estudos e tentativas, conforme apontado por Eduardo Rios em Técnica de diagnóstico por imagem: ressonância magnética nuclear, escrito em 1998. Fundamento da técnica De forma geral, uma imagem de ressonância magnética é adquirida através da interação do campo magnético do equipamento de RM com os prótons de hidrogênio do tecido humano. A interação gera a emissão de um pulso de radio- frequência que é coletado através de uma bobina ou antena receptora. O sinal, conforme Alessandro Mazzola escreveu, num artigo publicado na Revista Brasilei- ra de Física Médica em 2009, é coletado, processado e convertido numa imagem ou informação. A RMN opera por meio da interação de um átomo num campo magnético externo, sendo um fenômeno no qual partículas contendo momento angular e momento magnético exibem um movimento de precessão quando estão sob a ação de um campo magnético. Os principais átomos que compõem os diversos tecidos do corpo humano têm seu núcleo composto por prótons e nêutrons, descritos na Tabela 1. TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 44 SER_POD_TEDIPO_UNID2.indd 44 15/06/20 16:24 Dentre eles, se destaca o hidrogênio, o elemento mais simples da tabela pe- riódica e abundante no corpo humano. Por conta de seu núcleo, constituído por próton, é dono do maior momento magnético, sensível à RMN, por suas carac- terísticas diferenciadas no tecido normal e alterado, algo lembrado por Stewart Bushong em Magnetic resonance imaging: physical and biological principles, de 2003. ELEMENTO QUÍMICO SÍMBOLO CONCENTRAÇÃO NOS TECIDOS* Hidrogênio 1H 100 Carbono 13C 0,1-1,6 Nitrogênio 14N 2,4 Flúor 19F Desprezível Sódio 23Na 0,15 Fósforo 31P 0,001-0,05 Potássio 39K 0,05 ELEMENTO QUÍMICO SÍMBOLO CONCENTRAÇÃO NOS TECIDOS* Hidrogênio 1H 100 Carbono 13C 0,1-1,6 Nitrogênio 14N 2,4 Flúor 19F Desprezível Sódio 23Na 0,15 Fósforo 31P 0,001-0,05 Potássio 39K 0,05 TABELA 1. CONCENTRAÇÃO TECIDUAL DOS ELEMENTOS QUÍMICOS EM HUMANOS Os prótons têm uma propriedade chamada de spin ou momento angular. O spin é um movimento de rotação que se assemelha ao movimento que a Terra faz em torno de si mesma ou ao movimento de um pião. Maria Cristina Hage e Masao Iwasaki, em artigo presente na edição de julho de 2009 da revista Ciência Rural, relatam que o fato de o próton ter carga elétrica e realizar o movimento de rotação o faz agir como um magneto. Um magneto produz um campo magnético e responde à presença de outro campo magnético, não importando a fonte. Tais características fazem do átomo de hidrogênio a principal fonte de sinal nas ressonâncias magnéticas, em virtude de sua abundância nos tecidos vivos e do momento magnético. Além disso, o mo- vimento spin do hidrogênio ocorre para ambos os lados (+1/2 e -1/2). A Terra exerce um campo magnético sobre os tecidos tido como fraco (0,33 Gauss ou 3 x 10-5 Tesla, sendo 1 T = 10000 G). Nesse caso, os momentos magnéti- cos não têm uma orientação espacial definida, se distribuindo de forma randômi- ca, o que faz com que a magnetização do tecido seja igual a zero. Entretanto, quan- do o paciente é colocado no interior do magneto e fica sob ação de um campo *% (mol/Kg). TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 45 SER_POD_TEDIPO_UNID2.indd 45 15/06/20 16:24 magnético forte (ex: 1,5 T), os átomos de hidrogênio se orientam pelo campo em paralelo, no nível de menor energia, e em divergência, no nível de maior energia. As duas orientações representam os dois níveis de energia que o próton ocu- pa: o de baixa energia (alinhamento paralelo) e o de maior energia (alinhamento antiparalelo). Um número um pouco maior de spins se alinha no mesmo sentido (num estado de menor energia) do que em sentido contrário (estado de maior energia). Esse predomínio cria uma pequena magnetização resultante de equilí- brio (Mo) no tecido. É o pequeno, mas constante desequilíbrio, ou magnetização resultante, que torna possível a RMN. Quando sujeitos a um campo magnético externo, os prótons não ficam enfilei- rados, mas em constante movimento. Tal comportamento é comparado ao movi- mento de um pião, no qual o átomo gira em seu próprio eixo gravitacional, num movimento designado como precessão, cuja velocidade é calculada pela equação de Larmor. Só se detecta um sinal com as bobinas receptoras de radiofrequência quando os prótons estão agrupados e circundando o eixo z, ou seja, quando o núcleo ex- citado retorna ao estado de equilíbrio após liberar energia, processo conhecido como relaxação. Esse processo engloba dois tempos, T1 e T2 (milissegundos), de- talhados no Quadro 1. T1 (SPIN-LATTICE) T2 (SPIN-SPIN) Relaxação longitudinal Relaxação transversal Tempo requerido pelo átomo para recuperar 63,2% do seu valor original de Mo Tempo em que ocorre aperda de 63,2% do sinal Depende da natureza física e química do ambiente que envolve as moléculas excitadas Depende da interação dos prótons com os campos magnéticos de outros núcleos, ou melhor, da hetero- geneidade presente no campo magnético externo e interno Maior em meio líquido puro ou em tecidos com poucas moléculas em sua composição Maior em meio líquido puro ou em tecidos com poucas moléculas em sua composição QUADRO 1. CARACTERÍSTICAS DOS TEMPOS DE RELAXAÇÃO T1 E T2 TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 46 SER_POD_TEDIPO_UNID2.indd 46 15/06/20 16:24 Saber os valores de T1 e T2 é fundamental para a diferenciação dostecidos analisados pela RMN. Para exemplifi car, a água pura tem T1 e T2 longos, possibili- tando deduzir que tecidos com maior quantidade de água em sua composição têm comportamentos semelhantes, ainda sim é bom advertir que os valores de T1 e T2 são específi cos para cada tecido. Para que o tecido-alvo seja diferenciado dos tecidos adjacentes, a emissão do pulso de radiofrequência é repetida. Em suma, num primeiro momento é emitido sobre um tecido um Bo de 90 graus, fazendo com que a Mo seja deslocada do eixo z para o plano xy. Na sequência, aguarda-se um tempo, denominado tempo de repetição ou TR, para que a emissão do campo magnético seja repetida. O TR pode ser longo ou curto e seu valor está sujeito ao tecido. Alterar o TR en- tre dois pulsos sucessivos afeta a magnetização transversal (T1), a intensidade do sinal de RMN e, por consequência, o contraste entre os tecidos na imagem. Assim, T1 infl uencia a imagem formada, uma vez que interfere na intensidade do sinal e no contraste do tecido-alvo. Todavia, quando TR é muito longo, T1 não consegue exercer infl uência e a imagem, antes gerada pelo parâmetro T1, passa a ser media- da pela densidade de prótons. A imagem ainda é gerada com base em T2 e, para tanto, os prótons são subme- tidos a um pulso de 90 graus, como nas imagens por T1. Ao fi nal do primeiro pulso, no qual T1 reaparece e T2 decresce, os prótons são submetidos a um segundo pulso, de 180 graus, o que os obriga a precessar em sentido contrário. Esse pulso é concentrado inúmeras vezes, permitindo que os sinais captados se apresentem como pulsos crescentes e decrescentes, batizados de eco ou spin- -eco. O intervalo entre os pulsos é o tempo de eco ou TE e infl uencia na qualidade da IRMN, sendo escolhido pelo operador do equipamento. Obtenção da imagem As IRMN são geradas com base em T1, T2 e densidade de prótons que, por sua vez, estão submetidos a outros coefi cientes, como TR e TE. Uma imagem medida por T1 é adquirida com TR e TE curtos, ao contrário do que ocorre com as imagens por T2, obtidas por TR e TE longos. A imagem mediada pela densidade de prótons traz TR longo e TE curto. Na prática, isso é empregue na escolha do método que melhor evidencie as estruturas de interesse. TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 47 SER_POD_TEDIPO_UNID2.indd 47 15/06/20 16:24 Quando a imagem do líquido cefalorraquidiano é baseada em T1 ou densidade de prótons, o fluido é mais escuro do que as partes sólidas. Se a imagem se dá com base em T2, o líquido tem cor mais clara do que os tecidos adjacentes, como pode ser visto na Figura 1. A diferença leva em conta a composição do tecido, uma vez que há maior quantidade de água e de prótons na massa cinzenta do cérebro. Figura 1. IRMN mediada por T1, T2 e densidade de prótons. Fonte: WESTBROOK et al., 2013. Outro método de salientar os tecidos e melhorar a IRMN é por meio de contraste, isto é, a utilização de substâncias com pequenos campos magnéti- cos que diminuem os TR ao redor dos prótons graças a características para- magnéticas. Em RMN, por provocar mudança de sinal devido à diminuição de T1 e T2, o meio de contraste sugerido é o gadolínio. Além de todos os fatores supracitados, o profissional que executa o exame deve levar em considera- ção o tempo de aquisição da imagem (TA), definido pela equação: TA = TR x N x Nex Em que: TR: tempo de repetição (proporcional à TA); N: número de linhas da matriz que constitui a imagem mostrada na tela; Nex: número de excitações necessários para melhorar a qualidade da imagem. A formação da IRMN é obtida por meio da relação entre a energia recebida e a energia liberada. No processo, o tecido-alvo absorve uma parcela da ener- gia recebida, num fenômeno medido pelo cálculo da taxa de absorção espe- cífica, ou SAR (do inglês, Specific Absorption Rate), que é expressa em watt por quilograma (W/kg). TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 48 SER_POD_TEDIPO_UNID2.indd 48 15/06/20 16:25 A elevada exposição dos tecidos à energia leva a um aumento de temperatu- ra que, se não controlado, pode exceder o limite tolerado pelo corpo e ocasionar queimaduras indesejadas no paciente, algo ressaltado por Frank Shellock, em arti- go para o Journal of Magnetic Resonance Imaging, publicado em julho de 2000. O sistema de produção de IRMN é bastante complexo e requer a utilização de vários componentes. Apesar da grande variabilidade de equipamentos de IRM dis- poníveis, todos possuem os mesmos subsistemas básicos, compostos pelo mag- neto principal, bobinas de gradiente, bobinas de radiofrequência e processador de imagens e computadores. Todo esse sistema pode ser observado na Figura 2, que exibe um dos inúmeros modelos disponíveis no mercado. A descrição dos componentes é baseada na dis- sertação de Maria Manuela Ramos, Plano de segurança do paciente para pacientes com sistemas de estimulação encefálica profunda submetidos a exames de imagem por ressonância magnética no hospital Marcelino Champagnat, defendida em 2016 na Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Figura 2. Aparelho de ressonância magnética.. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/05/2020. TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 49 SER_POD_TEDIPO_UNID2.indd 49 15/06/20 16:25 O magneto principal fornece um campo magnético estático e uniforme duran- te o exame de RMN. Os magnetos são classificados em três tipos: • Permanentes: não usam corrente elétrica para a geração do campo magné- tico (ímãs); • Resistivos: são gerados por uma bobina e esquentam por conta da resistên- cia elétrica, têm maior intensidade que os permanentes; • Supercondutores: geram um campo magnético constante, homogêneo e intenso. As bobinas de radiofrequência (RF) fazem parte do sistema de radiofrequência, que funciona como um canal de comunicação com o corpo do paciente. A bobina de RF é utilizada para a transmissão e recepção do sinal. Grande parte da energia ministrada pelo sistema de RF é absorvida pelo tecido e convertida em calor, po- rém, uma pequena porção é emitida pelos tecidos durante o decaimento transver- so e gera sinal na bobina de RF destinada à recepção. A oscilação do campo magnético durante o decaimento transverso induz cor- rente elétrica na bobina e a tensão elétrica resultante compõe o sinal em RM. O sinal percebido pelas bobinas passa por um pré-amplificador antes de prosseguir para um amplificador de RF, no qual o sinal é elevado e digitalizado para alimentar um sistema de computadores, que o processa para formar a IRMN. No processo, as bobinas de RF localizadas dentro do magneto ou próximas ao corpo do paciente funcionam como antenas para transmissão dos pulsos de RF ao tecido e recepção do sinal de RF dos tecidos. As bobinas de RF são clas- sificadas, de acordo com a sua função, em transmissora/receptora e somente transmissora ou receptora. A IRMN não é adquirida sem um computador, uma vez que o sinal da RM não interage com o meio de visualização sem mediador. A informação é adquirida no domínio da frequência espacial (espaço k) e neces- sita que um computador converta a informação para o domínio espacial do sinal proveniente do paciente a fim de produzir a imagem. Na atualidade, os pro- cessadores de imagens e os sistemas de computa- dores em IRM são semelhantes aos computadores comuns, mas com softwares específicos para proces- samento de imagens médicas. TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS EM PODOLOGIA 50 SER_POD_TEDIPO_UNID2.indd 50 15/06/20 16:25 Leitura de exames A RMN do pé é solicitada para a avaliação da estrutura do pé como um todo. Alguns dos exemplos da aplicação do exame são: • Avaliação de tendões e ligamentos, sendo a ligamentar associada a entorses; • Fraturas, lesões osteocondrais, osteonecrose e síndrome do túnel do tarso; • Tumores ósseos; • Alterações na fáscia plantar: espessamentos (fascite); • Nódulos (fi bromatose plantar ou doença de Ledderhose); • Dores do antepé; • Identifi cação
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