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PRINCÍPIOS ORIENTADORES DA ADM PÚBLICA

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PRINCÍPIOS ORIENTADORES DA 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Fabiane Zanette
Introdução
A administração pública é movida por regras escritas, impostas, internas, externas, restritas etc... Ou seja, cada
ato de seus servidores ou representantes deve ser previsto legalmente. O ordenamento jurídico é composto por
. A lei máxima, a Constituição, elencou princípios básicos ediversas frentes de condutas, inclusive princípios
máximos para tudo na nação. Uma lei é criada, uma norma, um ato sancionado ou recusado, uma alteração de
conduta, todas eles possuem um ou mais princípios constitucionais contidos neles, como norte de sua criação.
Se a administração atender fielmente a lei escrita, seus atos são válidos, legais e devem surtir efeito? Veremos
detalhes a respeito nesta aula.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• identificar os princípios norteadores da Administração Pública.
Princípio da Legalidade
Para se opor a um poder autoritário, o Princípio da Legalidade nasceu junto com o Estado de Direito, onde
 Sua abrangência não é sóentende-se que a lei é a vontade geral da população e não exclusivo da vontade de um.
ao setor público, mas ao setor privado e particular também, porém deve ser interpretado de formas diferentes
para ambos. , onde encontramos:Trata-se de um princípio expresso na Constituição Federal de 1988
· no artigo 5 (geral/particulares/privados): “II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude de lei. (OLIVEIRA, 2018, p. 18).
· no artigo 37 (âmbito da Administração Pública): “a administração pública direta e indireta de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte” (OLIVEIRA, 2018, p. 34).
· no artigo 49 (competência do Congresso Nacional): “V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que
exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa” (OLIVEIRA, 2018, p. 40).
· no artigo 84 (previsão de competência do Presidente para expedir decretos e regulamentos): “IV - sancionar,
promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução”
(OLIVEIRA, 2018, p. 48).
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Quadro 1 - Legalidade particular e pública
Fonte: SÁ; BORGES. 2017, p.105.
No conceito de atendimento geral ou para particulares, a Carta Magna diz que a pessoa fazer o que bempode
entender se a lei não proibir, de acordo com sua livre vontade, uma vez que vigora um princípio também
constitucional, que é o da autonomia da vontade, andando de mãos dadas com o da dignidade da pessoa humana.
O particular não é obrigado a se vincular com a administração pública. No entanto, se houver um contrato de
gestão entre eles, onde esse particular receba dinheiro público, será obrigado a se submeter aos mesmos
princípios da administração pública.
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Figura 1 - Ética pública
Fonte: travellight, Shutterstock, 2020.
No caso de uma administração pública direta ou indireta, elas fazer o que a lei manda, não o que acharemdevem
melhor para aquela ocasião ou situação, ou seja: só o que a que o façam, nunca contra ou além da lei.lei permitir
A administração, ao atuar de acordo com os princípios, torna esses um direito verdadeiro do cidadão, pois suas
ações serão morais, legais e impessoais. Aqui o princípio deve ser visto de forma ampla, e não como mero
atendimento a uma lei formal. Se trata, pois, de todo o ordenamento jurídico que é composto por leis, decretos,
princípios, normas e até as normas regulamentares que eles mesmos editam.
O princípio da legalidade pode ter dois sentidos:
· Estrito: atuar de acordo com a lei feita pelo Parlamento;
· Amplo: atuar não só de acordo com a lei, mas também de acordo com o princípio da moralidade e interesse
público. Esse sentido ganha o nome de também, por ser mais abrangente.legitimidade
Sabendo que a administração deve seguir a lei, qualquer ato ilegal por ela praticado poderá ser invalidado de
ofício; ou seja, por ela própria no seu exercício de autotutela administrativa ou pelo Judiciário.
FIQUE ATENTO
Não é só porque a administração não possui normas de competência expressa para um
processo administrativo, que pode recusar, cancelar ou não dar seguimento. A Constituição é
clara em seu art.5°, inc.LV, informando que elas têm a mesma garantia de um processo judicial,
podendo se valer da criação de normas ou trazer para si uma existente, por equiparação, por
exemplo.
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Princípio da Impessoalidade
Impessoalidade quer dizer não pessoal, não particular, plural, indistinção, geral, amplo. Esse princípio diz que
qualquer ato terá como finalidade o interesse público e nunca um particular. Utilizar de cargo ou função pública
para se favorecer ou favorecer terceiros fere esse princípio.
Nas doutrinas, esse princípio é sempre exemplificado com concursos públicos. A abertura de seleção de cargos
públicos não pode fazer distinções, mas apenas criar critérios, como certo conhecimento específico, não ter sido
condenado em trânsito em julgado para um determinado delito em x anos anteriores etc. Um ex-presidiário pode
prestar um concurso público, porém precisa se encaixar nos critérios. Uma seleção de cargo não pode
determinar que um ex-condenado pode prestar seus serviços na repartição pública em questão.
Esse princípio busca a moralidade do serviço público. Dessa forma, servidores públicos não podem ter atitudes
egoístas ou utilizar do bem público em seu favor pessoal.
Se os próprios legisladores são dotados de sentimentos, os julgadores também o são. Sabem e tem pleno
conhecimento que a máquina pública é gerida por seres humanos. Então sempre são criados “atos” ou “figuras”
para que nenhum servidor público incorra em atitudes ilegítimas se respaldando na mera obrigação de cumprir
sua função. Essa atitude sempre deve estar dentro dos princípios maiores da administração, e quando não é
possível atendê-las, existirá um remédio legal para solucionar, como é o caso de suspeição e impedimento, que
sua utilização é exatamente atender a esse princípio. 
Princípio da Moralidade
No Princípio da Moralidade, não estamos tratando de moral comum, mas sim da jurídica, pois dentro da
disciplina da Administração, existe um conjunto de regras. O ser humano dotado de pensamento deve distinguir
o bem do mal, legal e ilegal, honesto e desonesto, justo e injusto, por isso, os atos públicos não deverão obedecer
apenas à lei jurídica e sim à ética da instituição. A finalidade sempre deve ser o bem comum.
EXEMPLO
Um Juiz do Trabalho foi sorteado em processo onde uma das partes é inimigo pessoal dele ou
da família. Qual deverá ser a decisão do juiz? Pelo princípio, ele não pode se ater ao lado
pessoal na sentença, mas os legisladores sabem que pessoas são dotadas de sentimentos que
afetam essas decisões, assim, existe a figura da suspeição ou impedimento, que é se reconhecer
ele mesmo suspeito ou impedido de atuar no processo.
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O Princípio da Moralidade passou a ser explicito a partir de 1988, em termos constitucionais. Toda
administração pública possui um conjunto de regras e disciplinas que seus agentes devem obedecer, como
lealdade, boa-fé, honestidade, probidade, entre outros. Esse conjunto não somente é dever do administrador
como um direito público subjetivo dos cidadãos.
Quadro 2 - Moralidade x legalidade
Fonte: SÁ; BORGES, 2017, p.112.
Temos artigos constitucionais que expressam a moralidade, como o 5º, inc. LXXIII, onde consta que: “qualquer
cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa (...)” (OLIVEIRA, 2018, p. 22).
Princípio da Publicidade
Nenhum ato administrativo pode ser sigiloso, exceto se previsto em lei. O Princípio da Publicidade traz o dever
da administração pública de dar total transparência a seus atos, como também fornecer informações que são
solicitadas por particulares, tanto atos públicos quanto deinteresse pessoal ou personalíssimo, que estejam em
banco de dados públicos. p. 22).
FIQUE ATENTO
O simples fato de a administração agir de acordo com o Princípio da Moralidade ou com o
conjunto de princípios existentes, não a imuniza da apreciação jurídica, do controle judicial. O
Poder Judiciário exercerá legitimo controle dos atos, se verificar potencialmente que esse ato
possa causar prejuízos.
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Os remédios constitucionais do e do mandado de segurança são exemplos de aplicação dessehabeas data
princípio. O sigilo da defesa da intimidade ou o interesse social (como ocorre em atos de segurança pública) são
exemplos de exceção.
Quadro 3 - Modelos de publicidade
Fonte: SÁ; BORGES, 2017, p.120.
São dois os modelos de publicidade:
· geral - publicações em órgão oficiais, externos, informações de interesse também de terceiros ao da repartição; 
· restrita - ocorre no interior da Administração, por boletins, notificações, intimações, citações. Interesse apenas
daquela repartição, órgão etc.. ou para quem circula por ela.
Princípio da Eficiência
Conhecido também como , princípio na qualidade de serviços públicos o Princípio da Eficiência preza pela
produtividade, buscando uma equação entre forma e fim da organização.
Regulamentar empresas, privatizar ou criar empresas estatais com fins de desenvolvimento econômico são
exemplos da aplicação desse princípio. O estado distribuir as funções para outras empresas que possuem
prestações de serviços mais eficientes pela competição de mercado.
SAIBA MAIS
A publicidade de um ato administrativo não valida o ato como legal, mas apenas dá eficácia e
moralidade a ele. Uma licitação publicada que é ilegal, tenha sido fraudada ou algo assim, não
se torna legal por ter sido publicada. Assim, o Princípio da Publicidade tem como requisito
eficácia e moralidade e não legalizar atos.
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O Princípio da Eficiência era apenas implícito constitucionalmente. Com as exigências sociais e a falta de
credibilidade de serviços públicos, a Emenda Constitucional 19/98 (OLIVEIRA, 2018) foi elaborada para se
tornar expressa, trouxe inúmeras modificações em como no caso do artigo 37, caput e artigo 74, inc. II. O
controle administrativo deve ser econômico dentro da sua legalidade, ou seja, render com eficiência, focar em
custo-benefício.
Fechamento
Vimos esta aula que a Administração Pública atende não somente a leis expressas, como também a princípios.
Abordamos o Princípio da Legalidade, de acordo com o qual todo serviço público é regrado em leis, normas,
decretos etc. Sobre o Princípio da Moralidade, vimos que não se trata de uma moral geral, com valores
particulares, e sim de moral jurídica. A Eficiência é produzir mais com menos. Inclusive, essa já é aplicada há
década pelas empresas privadas. Na Publicidade, vimos que a transparência na gestão pública é direito do
cidadão, gerando mais confiança. O Princípio da Impessoalidade trata todos iguais como iguais, desiguais como
iguais, dentro de cada patamar em que cada um se encaixa, sem discriminação pessoal ou julgamento particular.
Referências
LENZA, P. . 20. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.Direito Constitucional Esquematizado
NASCIMENTO, E. R. Gestão Pública. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
OLIVEIRA, J. P.; CARVALHO, M. . 11. ed. Salvador: Armador, 2018.Vade Mecum Administrativo
SÁ, A.; BORGES, C. . 2. ed. Salvador: Juspodivm, 2017.Manual de Direito Administrativo Facilitado
FIQUE ATENTO
Ser é alcançar a meta prevista. Efetividade releva os resultados sociais planejados. eficaz
 se atém à relação custo-benefício, ou seja, menos volume em recursos públicos paraEficiência
alcançar resultados previstos. São essas as diferenças para uma Ação Administrativa.
	Introdução
	Princípio da Legalidade
	Legalidade particular e pública
	Ética pública
	Princípio da Impessoalidade
	Princípio da Moralidade
	Moralidade x legalidade
	Princípio da Publicidade
	Modelos de publicidade
	Princípio da Eficiência
	Fechamento
	Referências

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