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Literatura Brasileira. Agora ela 
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121
O vaga-lume
Fagundes Varela
Quem és tu, pobre vivente
que passas triste, sozinho,
trazendo os raios da estrela
e as asas do passarinho?
A noite é negra, raivosos
os ventos sopram do sul;
não temes, doido, que apaguem
a tua lanterna azul?
Quando apareces, o lago
de estranhas luzes fulgura,
os mochos voam medrosos
buscando a floresta escura.
As folhas brilham, refletem,
como espelhos de esmeralda
fulge o íris nas torrentes
da serraria na fralda.
O grilo salta das sarças,
pulam gênios nos palmares,
começa o baile dos silfos
no seio dos nenúfares. 
A tribo das borboletas,
das borboletas azuis,
segue teus giros no espaço,
mimosa gota de luz.
São elas flores sem hástea,
tu és estrela sem céu,
procuram elas as chamas,
tu amas da noite o véu!...
Onde vais, pobre vivente,
Onde vais, triste, mesquinho,
levando os raios da estrela
nas asas do passarinho?
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122
Ver-de outra naneira
Rejane H. Neves
Outra maneira de viver
Olhar verde para a humanidade.
O verde está na verdade
E se transforma em dever.
 
Outra maneira de ver
E descobrir a realidade.
Reconstruir a essência do ser
E nos encher de claridade.
 
Deixar o verde acontecer
Traz de volta a felicidade
Faz o homem reconhecer
Seu papel na humanidade.
 
Amo verde coração a natureza.
Amo verde boa vontade toda grandeza.
Amo verde corpo e alma nossa ação.
Amo verde verdade nossa missão.
Amo verde maneira grandiosa.
Amo verde forma vitoriosa.
Amo verde mente aberta e liberta.
Amo verde alma pura a humanidade alerta.
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123
Crônica para o sábado
Lucas Maroca de Castro
 Acordo. São onze horas. O primeiro sentimento é a sensação de 
volta à realidade, de volta-a-vida-concreta. Coisa indefinida. Ficamos uns 
milésimos de segundo para lembrar que somos nós mesmos que estamos 
ali. E se é sábado, nos permitimos ficar mais umas duas horas, deitados, 
sem fazer nada, sem arrancar pra vida. (Mas estamos no mundo moderno! 
Levanta!)
 Eu, disperso e desperto, já me ponho logo a “trabalho”. É preciso 
terminar de ler o capítulo do livro do Carpeaux; é preciso estudar geografia; 
esqueci-me de rever o que Descartes dissera sobre... Ligo o computador e 
vou olhar os e-mails. Tenho duas caixas a olhar. Há mensagens novas? 
Preciso respondê-las agora? Será que preciso realmente manter este 
movimento veloz nas coisas?
 Sobe, então, pela coluna dorsal um leve calafrio, pois, percebemos 
que fazemos parte da engrenagem moderna e nem damos por isso. Paro. 
Respiro. E vou em direção à sacada que há aqui. Nos últimos tempos, 
tenho descoberto dali algumas belezas simples que têm tranquilizado 
alguns instantes de sobressaltos: uma frondosa árvore, umas azaléias 
multicoloridas, que enchem de cores a entrada de um dos prédios, e um 
filhote de pinheiro que se lança no meio da rua. 
 No caminho para a sacada, advirto-me dezenas de vezes para não 
me deixar transformar numa engrenagem ultra-mega-sônica moderna que 
consegue fazer milhares de coisas ao mesmo tempo, mas não se dá conta 
de si mesma... Que executa trinta e cinco comandos em dois segundos, mas 
se esquece das azaléias, das árvores frondosas e do pinheiro.
 E estou a caminho da varanda, com raiva de mim por ter acordado 
e me dado um “on” tão cedo. Droga! Vou agora para a varanda e esquecer 
que preciso ler isso, fazer aquilo, e estudar não-sei-quê-lá. Droga. Vou dar 
um “turn off” e vou para a varanda.
 continua...
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124
 E quando aí chego, sabe-se lá por que, há no céu muitas, mas muitas 
andorinhas que se entrecortam fazendo no ar oito mil, oitocentos e oitenta e 
oito oitos sem fim. E tudo isso numa velocidade espantosa. Impressiona-me, 
porém, como contemplá-las e a sua velocidade dá à gente uma estranha 
vontade de ficar parado, e ficar olhando, e ficar ali, esquecendo das coisas.
 E num desses sobressaltos humanos, corro ao quarto, ainda que 
pressinta o fim daquela brincadeira avícola (superstição!) para buscar a 
máquina digital. Quero tirar uma foto e mostrar aos outros. Onde está a 
máquina? Achei. Ligo a máquina. Chego à varanda, e pronto. Onde estão 
as malditas andorinhas? Sumiram todas.
 Raiva. Tiro então, como que de consolo, uma foto comum dos prédios 
da frente e tento assim me sentir reconfortado com a frustração da foto 
perdida. A foto fica boa, mas as andorinhas, que também devem estar 
andando em ritmo moderno, não estavam lá.
 Então me ocorre um pensamento sem importância, besta: as 
andorinhas não aceitam sair em fotos, não gostam de máquinas digitais, 
não acreditam na tecnologia. Pobre rapaz supersticioso. Esqueça as 
andorinhas. Esqueço sim. Esqueço as andorinhas. Coloco a máquina em 
cima dum cômodo da sala e volto para a varanda. E lá estão as andorinhas 
novamente.
 Que coisa! Aprecio uns quinze segundos e não consigo não pensar 
em não registrar aqueles bichinhos velozes. Passa de novo pela cabeça a 
aversão das andorinhas pela máquina digital. Superstição besta, penso 
outra vez. Que tolice é esta. Vou à sala agora, à cômoda e agarro a máquina. 
E quando retorno, inexplicavelmente, as andorinhas já não se encontram 
lá. 
 E desta vez, não penso em tirar foto para sobrepor-se à frustrada. 
Permaneço, ali, lamentando a velocidade das andorinhas. Por que não me 
esperaram um pouco, por que não me esperaram para tirar-lhes uma foto? 
E depois vem um leve remorso mesclado com sentimento de perda. E esqueço 
da máquina e fico pensando nas andorinhas. E depois aceito a idéia de não 
tirar mais fotos das andorinhas. E de voltar numa outra tarde para vê-las 
novamente, mais uns instantes. Teria de ser num sábado? E teria de ser a 
essa hora? Não o creio.
 Saio da varanda. Coloco a máquina na cômoda e volto pelas azaléias, 
pelo pinheiro e pela frondosa que estão todos firmes ali no cimento e 
não podem abandonar a rua e os meus olhos. Estranho é que 
quando ganho a varanda, lá estão novamente, mais uma vez, 
e me parece, em maior quantidade, as velozes andorinhas 
que, creiam-me, odeiam máquinas, sobretudo as digitais.
 
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125
O pardal
Wallace Leal V. Rodrigues
 Quando eu tinha onze anos, um amigo de meu pai deu-
me de presente uma carabina de brinquedo. Papai agradeceu-
lhe polidamente, porém sem nenhum entusiasmo. Deixei-o e 
corri ao pomar.
 Minha primeira vítima foi um pardal. Lembro-me bem de 
que a despeito do orgulho que senti por ser tão bom atirador, 
tive vaga sensação de culpa, ao ver cair o passarinho.
 Minha insegurança levou-me a procurar meu pai. 
Encontrei-o ocupado em tirar de uma teia de aranha, os insetos 
e moscas que ali se havia aprisionado, colocando-os depois em 
uma caixinha defósforos.
 – Para que é isso, papai? – perguntei
 – Venha comigo, e eu lhe mostro.
 Levando-me ao jardim, mostrou-me, então, entre a espessa 
folhagem de um arbusto, um ninho onde se achavam quatro 
pássaros implumes. Abrindo a caixa com cautela, foi metendo 
as moscas e os insetos nos biquinhos abertos. Compreendi o 
motivo e ofereci-me para ajudá-lo.
 – Não é coisa fácil! – disse ele.
 Passei a tarde procurando insetos e remexendo a terra 
a ver se encontrava vermes. De noite, papai agasalhou os 
passarinhos com um pouco de algodão.
 continua...
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126
 Na manhã seguinte veio ter ao meu quarto, quando eu me 
estava vestindo. Trazia nas mãos um dos pequeninos pássaros, já 
morto.
 – Morreu durante a noite! explicou ao mostrá-lo. Vamos fazer 
tudo para salvar os outros.
 Terminando o jantar, àquela noite, encontramos no ninho 
uma segunda vítima do frio. Alguns dias depois, estando eu a 
tomar o café da manhã, entrou meu pai, trazendo o terceiro filhote, 
igualmente inanimado.
 – O último, porém, parece forte e resistente como poucos – 
observou sorrindo – Creio mesmo que, em breve, ensaiará as asas. 
Mas o pobre orfãozinho – acrescentou - há de passar por maus 
momentos, pois não tem quem lhe ensine os segredos do vôo e, 
embora não pareça, talvez esteja um pouco fraco. Os pássaros 
assim, novinhos, precisam receber alimento a todos os instantes e 
nós não chegamos a alimentá-los em tempo, como necessitavam.
 Fomos encontrá-lo um dia, o pequeno sobrevivente, a baloiçar-
se amedrontado sobre um galho. O fato de que aquele passarinho 
precisava voar tornara-se, aos meus olhos, de suprema importância. 
Foi quando o vimos, de repente, soerguer-se no espaço. Bateu as 
asas, quanto pôde, mas em vão. Um segundo depois caía sobre a 
relva, Agitou-se num tremor e...morreu.
 – Pobrezinho, não teve sorte! – observou o pai.
 Sentindo-me tomado de remorsos, exclamei por fim, sem mais 
poder conter o que ia na alma:
 – Papai, a culpa é minha! Fui eu que matei a mãe deles!...
 – Eu sei, meu filho, vi você fazer aquilo. Não se aflija, são 
raros os meninos que não fazem o mesmo. Quis apenas mostrar-lhe 
que, ferindo alguém, ferimos, ao mesmo tempo, outras pessoas e 
até mesmo as que mais amamos ou as que mais nos amam. E
 é, não raro, maior o mal que assim fazemos a nós mesmos.
 
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Velho índio
Jamil Toledo
Um velho índio me falou
Contou das coisas do lugar
Sobre o asfalto ele chorou
Falou do rio que ali passou.
Sobre o asfalto ajoelhou
Pediu perdão ao Deus Tupã:
- Eles não sabem o que fazem
Adoram o Santo Poder
Fazem do verbo ter 
Seu dever
- Quem não tem está fora
Quem está fora quer ter
Matam, roubam, esfolam
É a lei do obter
Destroem os rios e matam
As matas
Destroem os rios 
e matam
Destroem os rios
E matam
E matas
E matas. 
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128
Rio Betim (tropa)
Paulinho J. Carvalho
Por causa de um rio limpo, nasce uma cidade...
O rio, o tropeiro e sua tropa
A mata e sua grota, a cantiga do lugar
À margem, caçador de esmeraldas
A capela, a palhoça, a primeira construção
Ô, gritou o boiadeiro, ô
E chegou o cancioneiro
Vai nascer um lugarejo
Pousada dos tropeiros 
O portão dos sertões
O rio não tem ouro não
Ah é limpo esse ribeirão
Mercador barqueiro
O rio hoje, morto de saudades
Das mulheres lavadeiras, cantadeiras a entoar
A mata foi embora de mansinho
Levou os bichos
E os passarinhos
Nunca mais podem voltar
Ô, calou o cancioneiro, ô
E partiu o boiadeiro
Acabou-se o lugarejo, pousada de tropeiros
O portal dos sertões
Ah, o rio não é limpo não
Ah, roubaram sua inspiração
Cantador ô, barqueiro ô
Por causa de uma cidade suja, morre um rio...
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129
Parágrafo décimo quinto da 
“Carta da Terra”
15. Tratar todos os seres vivos com respeito e 
consideração.
a. Impedir crueldades aos animais mantidos em 
sociedades humanas e protegê-los de sofrimentos.
b. Proteger animais selvagens de métodos de caça, 
armadilhas e pesca que causem sofrimento extremo, 
prolongado ou evitável.
c. Evitar ou eliminar ao máximo possível a captura 
ou destruição de espécies não visadas.
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Soneto
Gregório de Matos
Na confusão do mais horrendo dia,
Painel da noite em tempestade brava,
O fogo com o ar se embaraçava
Da terra e água o ser se confundia.
Bramava o mar, o vento embravecia
Em noite o dia enfim se equivocava,
E com estrondo horrível, que assombrava,
A terra se abalava e estremecia.
Lá desde o alto aos côncavos rochedos,
Cá desde o centro aos altos obeliscos
Houve temor nas nuvens, e penedos.
Pois dava o Céu ameaçando riscos
Com assombros, com pasmos, e com medos
Relâmpagos, trovões, raios, coriscos.
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131
Da minha aldeia
Fernando Pessoa
Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não, do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe
de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos
nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.
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132
Ela
Machado de Assis
(primeiro poema publicado, quando o autor tinha 16 anos)
Seus olhos que brilham tanto,
Que prendem tão doce encanto,
Que prendem um casto amor
Onde com rara beleza,
Se esmerou a natureza
Com meiguice e com primor
Suas faces purpurinas
De rubras cores divinas
De mago brilho e condão;
Meigas faces que harmonia
Inspira em doce poesia
Ao meu terno coração!
Sua boca meiga e breve,
Onde um sorriso de leve
Com doçura se desliza,
Ornando purpúrea cor,
Celestes lábios de amor
Que com neve se harmoniza.
Com sua boca mimosa
Solta voz harmoniosa
Que inspira ardente paixão,
Dos lábios de Querubim
Eu quisera ouvir um -sim-
P’ra alívio do coração!
Vem,ó anjo de candura,
Fazer a dita, a ventura
De minh’alma, sem vigor;
Donzela, vem dar-lhe alento,
“Dá-lhe um suspiro de amor!”
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133
Menor perverso
Olavo Bilac
 
É este o título, com que aparece em todos os jornais a notícia de um 
caso triste, - uma criança de três anos assassinada por outra de dez, 
em condições que ainda não foram bem tiradas a limpo. Diz-se que o 
“menor perverso” ensopou em espírito de vinho as roupas da vítima 
e ateou-lhes fogo. Propositalmente? Parece impossível... Mas nada é 
impossível na vida.
 
O fato é que, consumado o seu ato de perversidade (ou de imprudência?) 
o pequeno fugiu, e andou vagando pelas ruas, até que, já tarde, 
exausto, banhado em lágrimas, foi encontrado na praça da República 
e conduzido para uma delegacia policial. E os jornais, terminando a 
narração do caso triste, pedem quase todos, em quase unânime acordo 
de idéia e de expressão, que “se castigue esse precoce facínora, cujos 
instintos precisam ser refreados”.
 
Que se castigue, como? Metendo-o na Correção? Mandando-o para o 
Acre? Fuzilando-o? 
 continua...
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134
A ocasião é oportuna para mais uma vez se verificar quanto estamos 
mal aparelhados para atender às múltiplas necessidades da assistência 
social. Um criminoso de dez anos não é positivamente um criminoso... 
Se é verdade que esse menino conscientemente praticou a maldade de 
que é acusado, o nosso dever não é castigá-lo: é salvá-lo de si mesmo, 
dos seus maus instintos, das suas tendências para o exercício do mal. 
Como? Naturalmente, dando-lhe uma educação especial, uma certa 
disciplina de espírito. Mas onde? É aqui que surge a dificuldade, e é aqui 
que somos forçados a reconhecer que, se estamos muito adiantados em 
matéria de politicagem e parolagem, ainda estamos atrasadíssimos em 
matéria de verdadeira civilização...
Já sei que há por aí uma Escola Correcional. Mas, ainda há pouco 
tempo, o que se soube da vida íntima dessa escola serviu apenas para 
mostrar que, lá dentro, os pequenos maus, pelo vício da organização do 
estabelecimento, estão arriscados a ficar cada vez piores. Tudo quanto 
se refere à assistência pública ainda está por fazer no Brasil: asilos, 
escolas correcionais, penitenciárias, presídios não têm fiscalização 
efetiva. Só pensamos nessas casas de beneficência ou de correção, 
quando um escândalo, dos que há dentro delas, faz explosão cá fora, 
comovendo-nos ou indignando-nos. Então, há uma grita convulsa, um 
grande espalhafato, um grande dispêndio de artigos pelas folhas e de 
atividade pela polícia; mas, logo depois, tudo volta ao mesmo estado... 
à espera de novo escândalo.
Tive muita pena da pobre criança de três anos, morta no meio de horríveis 
torturas. Mas tenho também muita pena dessa outra criança, que uma 
brincadeira funesta (ou uma inconsciente moléstia moral, perfeitamente 
curável) levou à prática de um ato tão cruel. Nesse pequeno infeliz, que 
os jornais consideram um grande criminoso, há um homem que se vai 
perder, por nossa culpa, - porque não lhe podemos dar o tratamento 
que a sua enfermidade requer... 
 
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135
A mulher do Anacleto 
Lima Barreto
 
 Este caso se passou com um antigo colega meu de repartição.
 Ele, em começo, era um excelente amanuense, pontual, 
com magnífica letra e todos os seus atributos do ofício faziam-no 
muito estimado dos chefes.
 Casou-se bastante moço e tudo fazia crer que o seu 
casamento fosse dos mais felizes. Entretanto, assim não foi.
 No fim de dois ou três anos de matrimônio, Anacleto começou 
a desandar furiosamente. Além de se entregar à bebida, deu-se 
também ao jogo.
 A mulher muito naturalmente começou a censurá-lo.
 A princípio, ele ouvia as observações da cara-metade com 
resignação; mas, em breve, enfureceu-se com elas e deu em 
maltratar fisicamente a pobre rapariga.
 Ela estava no seu papel, ele, porém, é que não estava no 
dele.
 Motivos secretos e muito íntimos talvez explicassem a 
sua transformação; a mulher, porém, é que não queria entrar 
em indagações psicológicas e reclamava. As respostas a estas 
acabaram por pancadaria grossa. Suportou-a durante algum 
tempo. Um dia, porém, não esteve mais pelos autos e abandonou 
o lar precário. Foi para a casa de um parente e de uma amiga, 
mas, não suportando a posição inferior de agregada, deixou-se 
cair na mais relaxada vagabundagem de mulher que se pode 
imaginar. 
continua...
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136
 
 Era uma verdadeira “catraia” que perambulava suja e rota 
pelas praças mais reles deste Rio de Janeiro.
 Quando se falava a Anacleto sobre a sorte da mulher, ele se 
enfurecia doidamente:
 — Deixe essa vagabunda morrer por aí! Qual minha 
mulher, qual nada!
 E dizia cousas piores e injuriosas que não se podem pôr 
aqui.
 Veio a mulher a morrer, na praça pública; e eu que suspeitei, 
pelas notícias dos jornais, fosse ela, apressei-me em recomendar 
a Anacleto que fosse reconhecer o cadáver. Ele gritou comigo:
 — Seja ou não seja! Que morra ou viva, para mim vale 
pouco!
 Não insisti, mas tudo me dizia que era a mulher do Anacleto 
que estava como um cadáver desconhecido no necrotério.
 Passam-se anos, o meu amigo Anacleto perde o emprego, 
devido à desordem de sua vida. Ao fim de algum tempo, graças à 
interferência de velhas amizades, arranja um outro, num estado 
do Norte.
 Ao fim de um ano ou dois, recebo uma carta dele, pedindo-
me arranjar na polícia certidão de que sua mulher havia morrido 
na via pública e fora enterrada pelas autoridades públicas, visto 
ter ele casamento contratado com uma viúva que tinha “alguma 
cousa”, e precisar também provar o seu estado de viuvez.
 Dei todos os passos para tal, mas era completamente 
impossível. Ele não quisera reconhecer o cadáver de sua 
desgraçada mulher e para todos os efeitos continuava a ser 
casado.
 E foi assim que a esposa do Anacleto vingou-se postuma-
mente. Não se casou rico, como não se casará nunca mais.
 
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137
 
a vista fresca,
a mente fluida,
o céu azul.
só falta ela,
nesse quadro tão gostoso.
quem é ela?
talvez suzana, talvez paula, talvez bete...
onde está, como se veste?
nao sei, queria poder dizer,
e pintá-la no meu quadro triste.
 Daniel Bayao 
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Para Tigrão 
Affonso Romano de Sant’Anna
 
Passo a mão no pelo deste cão
deitado no tapete.
Essa cabeça grande, quente, magnífica.
Passo a mão e ele aceita
Meu carinho humano, animal.
No entanto, morreremos, os dois.
Nos tocamos ternamente.
Neste instante
- não morreremos jamais.
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Nós e eles
Maria Litz
XINGAMENTO
Cadela, vaca, lesma
PALAVRÃO
Galinha, veado, aranha
VIOLÊNCIA
Saco de gatos
Apanhou feito boi ladrão
TRISTEZA
Cão sem dono
PRECONCEITO
Gato preto
OFENSA
Macaco, burro, anta
Assim caminha a humanidade.
 
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ela e suas falsas juras
suas promessas etílicas
seus beijos de areia.
Tudo pó, tudo puff,
como num show de ilusionismo.
De volta ao sabor do vento...
Ela e seu uivo remoto,
em meio a tanto silêncio.
De volta a garimpar algum tesouro,
distante no vazio.
 Daniel Bayao
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Consertando a cerca
Dieter Roos
 
Estou sentado aqui 
e espero: 
uma borboleta 
está descansando 
sobre o meu martelo.
 
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Cigarra
Guilherme de Almeida
 
Diamante. Vidraça. 
Arisca, áspera asa risca 
o ar. E brilha. E passa.
 
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O irapuru 
Humberto de Campos
 
Dizem que o irapuru, quando desata 
A voz — Orfeu do seringal tranqüilo —
O passaredo, rápido, a segui-lo, 
Em derredor agrupa-se na mata. 
Quando o canto, veloz, muda em cascata, 
Tudo se queda, comovido, a ouvi-lo: 
O canoro sabiá susta a sonata, 
O canário sutil cessa o pipilo. 
Eu próprio sei quanto esse canto é suave; 
O que, porém, me faz cismar bem fundo 
Não é, por si, o alto poder dessa ave: 
O que mais no fenômeno me espanta, 
É ainda existir um pássaro no mundo 
Que se fique a escutar quando outro canta! 
 
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As almas das cigarras
Olegário Mariano 
 
As cigarras morreram... Todavia 
Sinto um leve rumor tranquilo e lento 
Que vai, de ramaria em ramaria, 
Lento e tranquilo como o pensamento.
As cigarras não são, porque, outro dia, 
Vi que soltavam o último lamento... 
E o vento? Deve ser a alma do vento 
Que entre os ramos das árvores cicia...
Entretanto o rumor parece eterno... 
Agora que as estrelas se acenderam, 
Vibra num coro, em serenata, ao luar...
Contam os lavradores que, no inverno, 
As almas das cigarras que morreram 
Ressuscitam nas folhas a cantar.
 
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linda lua incandescente
lua brava em chamas
fervorosa rocha reluzente
um imenso espelho
boiando no infinito
banhando em luz
cada mosquito
cada morcego
cada passo que te espia
lua fria e indecente
 Daniel Bayao
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O “adeus” de Teresa 
Castro Alves
A vez primeira que eu fitei Teresa,
Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus . . .
E amamos juntos . . . E depois na sala
“Adeus” eu disse-lhe a tremer co’a fala . . .
E ela, corando, murmurou-me: “adeus”.
Uma noite. . . entreabriu-se um reposteiro . . .
E da alcova saía um cavalheiro
Inda beijando uma mulher sem véus . . .
Era eu . . . Era a pálida Teresa!
“Adeus” lhe disse conservando-a presa . . .
E ela entre beijos murmurou-me: “adeus!”
Passaram tempos . . . séc’los de delírio
Prazeres divinais . . . gozos do Empíreo . . .
. . . Mas um dia volvi aos lares meus.
Partindo eu disse – “Voltarei! . . . descansa! . . . “
Ela, chorando mais que uma criança.
Ela em soluços murmurou-me: “adeus!”
Quando voltei . . . era o palácio em festa! . . .
E a voz d’Ela e de um homem lá na orquestra
Preenchiam de amor o azul dos céus.
Entrei! . . . Ela me olhou branca . . . surpresa!
Foi a última vez que eu vi Teresa! . . .
E ela arquejando murmurou-me: “adeus!” 
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