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Livro Eletrônico
Aula 01
Legislação Extravagante p/ PM-PB e CBM-PB (Soldado e Bombeiro)
Paulo Guimarães
10629615446 - Ana Carolina
 
 
 
Prof. Paulo Guimarães www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 106 
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE - PM-PB E CBM-PB (SOLDADO E BOMBEIRO) 
Teoria e Questões 
Aula 01 – Prof. Paulo Guimarães 
 
 
AULA 01 
LEI Nº 8.072/90 (CRIMES HEDIONDOS). LEI Nº 
4.898/65 (ABUSO DE AUTORIDADE). LEI Nº 
9.455/97 (TORTURA). 
Sumário 
Sumário .................................................................................................... 1 
1 - Considerações Iniciais ........................................................................... 2 
2 - Crimes Hediondos (Lei n. 8.072/90) ........................................................ 2 
2.1 - Disposições Gerais ........................................................................... 2 
2.2 - Crimes hediondos ............................................................................ 5 
2.3 - Crimes equiparados a hediondos ..................................................... 14 
2.4 - Progressão de regime .................................................................... 15 
2.5 - Prisão temporária .......................................................................... 17 
2.6 - Associação criminosa ..................................................................... 17 
3 - Abuso de Autoridade (Lei nº 4.898/1965) .............................................. 18 
3.1 - Introdução e aspectos gerais .......................................................... 18 
3.2 - Crimes em espécie ........................................................................ 20 
3.3 - Sanções ....................................................................................... 23 
3.4 - Processo penal .............................................................................. 25 
4 - Crimes de Tortura (Lei nº 9.455/1997) ................................................. 27 
5 - Questões ............................................................................................ 35 
5.1 - Questões sem Comentários ............................................................ 35 
5.2 - Gabarito ....................................................................................... 54 
5.3 - Questões Comentadas ................................................................... 55 
6 - Resumo da Aula .................................................................................. 91 
7 - Jurisprudência relevante ...................................................................... 98 
8 – Legislação aplicável ............................................................................ 99 
9 - Considerações Finais ......................................................................... 106 
 
 
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Teoria e Questões 
Aula 01 – Prof. Paulo Guimarães 
 
AULA 01 - LEI Nº 8.072/90 (CRIMES 
HEDIONDOS). LEI Nº 4.898/65 (ABUSO DE 
AUTORIDADE). LEI Nº 9.455/97 (TORTURA). 
1 - Considerações Iniciais 
Olá, caro amigo! 
Nossa missão de hoje é estudar três leis diferentes, que tratam de temas 
variados, mas que não trazem nada de muito complexo. Vamos lá!? 
Bons estudos! 
 
2 - Crimes Hediondos (Lei n. 8.072/90) 
2.1 - Disposições Gerais 
Um crime é qualificado como hediondo porque é considerado muito grave, 
repugnante, aviltante. O legislador entendeu que esses crimes merecem uma 
maior reprovação por parte do Estado. Os crimes hediondos estão no topo da 
pirâmide da desvaloração axiológica criminal. São os crimes que causam maior 
aversão e repulsa. 
A Constituição da República menciona os crimes hediondos no art. 5º, XLIII. 
 
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a 
prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os 
definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e 
os que, podendo evitá-los, se omitirem; 
 
Os crimes de tortura, de tráfico ilícito de drogas e de terrorismo são 
mencionados especificamente pela Constituição. Esses são considerados crimes 
equiparados a hediondos. Axiologicamente, não há nenhuma diferença entre 
eles, mas Lei n. 8.072/1990, bem como a própria Constituição, mencionam esses 
crimes separadamente, de forma que não fazem parte do conjunto dos crimes 
hediondos, apesar de terem muitas vezes o mesmo tratamento e de também 
serem mencionados pela lei. 
Os crimes hediondos e os crimes equiparados a hediondos são inafiançáveis e 
insuscetíveis de graça ou anistia. A Lei dos Crimes Hediondos menciona 
ainda, em seu art. 2º, a impossibilidade de concessão de indulto: 
 
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e 
drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: 
I - anistia, graça e indulto; 
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Teoria e Questões 
Aula 01 – Prof. Paulo Guimarães 
 
II - fiança. 
 
A graça, o indulto e a anistia são formas de extinção da punibilidade. 
Anistia é o ato do Poder Legislativo por meio do qual se extinguem as 
consequências de um fato que em tese seria punível e, como resultado, qualquer 
processo sobre ele. É uma medida ordinariamente adotada para pacificação dos 
espíritos após motins ou revoluções. 
A graça, diferentemente, é concedida a pessoa determinada, enquanto o indulto 
tem caráter coletivo. Ambos, porém, somente podem ser concedidos por ato do 
Presidente da República, sendo possível a delegação dessa competência a 
Ministro de Estado, ao Advogado-Geral da União ou ao Procurador-Geral da 
República. 
A redação original do inciso II do art. 2º vedava também a concessão de 
liberdade provisória nos casos de crimes hediondos e equiparados. Você pode 
notar, entretanto, que a Constituição não fez qualquer menção à restrição da 
liberdade do acusado por tais crimes. 
Pelo contrário, o teor do art. 5º, LXVI, é no sentido de que “ninguém deve ser 
levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com 
ou sem fiança”. Foi por essa razão que o dispositivo foi alterado em 2007, e hoje 
os crimes hediondos e equiparados são inafiançáveis, mas o acusado apenas 
pode ter sua liberdade restringida cautelarmente quando houver decisão judicial 
fundamentada, e apenas nos casos previstos em lei (art. 312 do CPP). 
 
Mas quais são os crimes hediondos? A lei traz o rol taxativo dos crimes 
hediondos em seu art. 1o. Isso significa que TODOS os crimes hediondos são os 
que constam no art. 1o. Para que um novo crime seja considerado hediondo, ele 
precisará ser incluído nesta lista. 
O sistema adotado no brasil é o do etiquetamento ou rotulação, também chamado 
de sistema legal. 
Sistema legal: etiquetamento ou rotulação (adotado); 
Sistema judicial: juiz declara a hediondez diante do caso em concreto; 
Sistema misto: parte de um rol legal que é flexível ao caso concreto; 
 
Podemos dizer que, por mais cruel ou vil que pareça um crime, não pode a 
autoridade policial ou a autoridade judiciária considerar hediondo um crime que 
não conste na lista. 
 
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei 
no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados: 
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Teoria e Questões 
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I - homicídio (art. 121), quando praticadoem atividade típica de grupo de extermínio, 
ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, incisos I, II, 
III, IV, V, VI e VII); 
I-A - lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal 
seguida de morte (art. 129, § 3o), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito 
nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força 
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra 
seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa 
condição; 
II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine); 
III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o); 
IV - extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o); 
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); 
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o); 
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o). 
VII-A – (VETADO) 
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins 
terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada 
pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998). 
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança 
ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). 
Parágrafo único. Consideram-se também hediondos o crime de genocídio previsto nos 
arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889, de 1o de outubro de 1956, e o de posse ou porte ilegal 
de arma de fogo de uso restrito, previsto no art. 16 da Lei no 10.826, de 22 de dezembro 
de 2003, todos tentados ou consumados. 
 
Antes da alteração sofrida pelos incisos V e VI em 2009, havia uma grande 
discussão doutrinária acerca da inclusão ou não do estupro (e atentado violento 
ao pudor) em suas formas qualificadas no rol dos crimes hediondos, pois os 
dispositivos mencionados apenas tratavam do caput dos artigos correspondentes 
do Código Penal. Hoje você pode notar que os dispositivos tratam do caput e dos 
parágrafos do art. 213. 
 
CRIMES HEDIONDOS 
CRIMES EQUIPARADOS A 
HEDIONDOS 
Homicídio por grupo de extermínio, e 
homicídio qualificado 
Tortura 
lesão corporal dolosa de natureza 
gravíssima e lesão corporal seguida 
de morte, quando praticadas contra 
autoridade ou agente das Forças Armadas 
e polícias. 
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Latrocínio 
Extorsão qualificada pela morte 
Extorsão mediante sequestro e na 
forma qualificada 
Tráfico de Drogas 
Estupro simples e de vulnerável 
Epidemia com resultado morte 
Falsificação, corrupção, adulteração 
ou alteração de produto destinado a 
fins terapêuticos ou medicinais 
Terrorismo 
Genocídio 
Favorecimento da prostituição ou de outra 
forma de exploração sexual de criança 
ou adolescente ou de vulnerável. 
Posse ou porte ilegal de arma de fogo 
de uso restrito 
 
Boa parte das questões de prova acerca dos crimes hediondos pode ser 
respondida apenas com base nos tipos penais assim considerados, mas ainda 
assim estudaremos em detalhes cada um dos crimes considerados hediondos e 
equiparados, de forma que você estará plenamente preparado para acertar 
qualquer questão a respeito do tema. 
 
2.2 - Crimes hediondos 
2.2.1 - Homicídio 
O homicídio simples (art. 121 do Código Penal), em regra, não é considerado 
crime hediondo. Para que um homicídio seja hediondo, é necessário que seja 
qualificado, encontrando previsão no §2o do art. 121. 
 
Homicídio qualificado 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
II - por motivo fútil; 
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III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou 
cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou 
torne impossivel a defesa do ofendido; 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
Feminicídio 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, 
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da 
função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente 
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
 
Uma novidade criada em 2015 é a qualificadora do feminicídio. Neste caso o 
crime é qualificado por ter sido cometido contra vítima mulher, por razões da 
condição de sexo feminino. O próprio Código Penal considera que há essa 
motivação nos seguintes casos: 
a) violência doméstica e familiar; 
b) menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
 
Outra qualificadora incluída em 2015 no Código Penal é a que diz respeito ao 
homicídio cometido contra agentes de segurança. Sobre isso você precisa ter 
atenção aos seguintes detalhes: 
a) O crime deve ser cometido contra autoridade ou agente descrito nos arts. 
142 e 144 da Constituição Federal, ou seja, integrantes das Forças 
Armadas, das Forças de Segurança Pública (polícias e bombeiros), guardas 
municipais (encontram previsão no §8o do art. 144 da Constituição), bem 
como agentes de trânsito (previstos no §10 do art. 144). A qualificadora 
alcança também os integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de 
Segurança Pública; 
b) A vítima precisa estar no exercício da função, ou o crime precisa guardar 
relação com a função por ele exercida. A condição não se estende, portanto, 
a agentes aposentados; 
c) A vítima também pode ser cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo 
até terceiro grau do agente, desde que o crime tenha relação com a função 
por ele exercida. 
 
Você sabe o que é um crime privilegiado? É uma modalidade considerada mais 
branda de um crime, e que por isso tem sua pena reduzida. Na realidade, 
podemos dizer que um crime privilegiado é o contrário de um crime qualificado. 
O homicídio também tem uma figura privilegiada, prevista no §1o do art. 121 do 
Código Penal. 
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§1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou 
sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz 
pode reduzir a pena de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço). 
 
O homicídio privilegiado, portanto, ocorre em algumas situações nas quais a 
atitude do agente é um pouco mais “compreensível”, e por isso sua pena deve 
ser abrandada. 
Pois bem, perceba que, ao menos em tese, é possível que um homicídio seja 
considerado privilegiado e qualificado ao mesmo tempo. A doutrina e a 
jurisprudência reconhecem essa possibilidade, mas para nós fica a dúvida: o 
homicídio privilegiado-qualificado será considerado hediondo? 
A resposta é NÃO, nos termos da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. 
 
HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO-PRIVILEGIADO. TENTATIVA. 
CRIMENÃO ELENCADO COMO HEDIONDO. REGIME PRISIONAL. ADEQUAÇÃO. 
POSSIBILIDADE DE PROGRESSÃO. 
1. O homicídio qualificado-privilegiado não figura no rol dos crimes hediondos. 
Precedentes do STJ. 
2. Afastadaa incidência da Lei n.º 8.072/90, o regime prisional deve ser fixado nos termos 
do disposto no art. 33, § 3º, c.c. o art. 59, ambos do Código Penal. 
3. In casu, a pena aplicada ao réu foi de seis anos, dois meses e vinte dias de reclusão, e 
as instâncias ordinárias consideraram as circunstâncias judicias favoráveis ao réu. Logo, 
deve sere stabelecido o regime prisional intermediário, consoante dispõe aalínea b, do § 2º, 
do art. 33 do Código Penal. 
4. Ordem concedida para, afastada a hediondez do crime em tela, fixar o regime inicial 
semi-aberto para o cumprimento da pena infligida ao ora Paciente, garantindo-se-lhe a 
progressão, nas condições estabelecidas em lei, a serem oportunamente aferidas pelo Juízo 
das Execuções Penais. 
HC 41579-SP. Rel. Min. Laurita Vaz. 5a Turma. j. 19.04.2005, DJ 16.05.2005, p. 378. 
 
Para concluirmos o estudo do homicídio, devemos ainda mencionar uma hipótese 
em que o homicídio simples será considerado hediondo: estamos falando do 
homicídio praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda 
que cometido por um só agente. 
Existe muita discussão acerca do que seria o grupo de extermínio aqui 
mencionado pelo legislador. Para que a atividade seja considerada típica de grupo 
de extermínio, basta que a prática do homicídio seja caracterizada pela 
impessoalidade na escolha da vítima. O agente resolve, por exemplo, eliminar 
pessoas que correspondam a determinado estereótipo, como, por exemplo, 
negros, travestis, prostitutas, ladrões, policiais e menores de idade. 
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Trago ainda a definição do professor Cézar Roberto Bittencourt1. 
Atividade típica de grupo de extermínio é a chacina que elimina a vítima pelo simples 
fato de pertencer a determinado grupo ou determinada classe social ou racial, como, por 
exemplo, mendigos prostitutas, homossexuais, presidiários, etc. A impessoalidade da ação 
(...) é uma das características fundamentais, sendo irrelevante a unidade ou pluralidade de 
vítimas. Caracteriza-se a ação de extermínio mesmo que seja morta uma única pessoa, 
desde que se apresente a impessoalidade da ação, ou seja, pela razão exclusiva de 
pertencer ou ser membro de determinado grupo social, ético, econômico, étnico, etc. 
 
Outro ponto que merece ser mencionado é que, para que o crime seja 
considerado hediondo, basta que seja cometido em atividade típica de grupo de 
extermínio, não havendo a necessidade de existir efetivamente um grupo 
montado para cometer esses homicídios de forma reiterada. 
Caso realmente haja a formação de um grupo, além de o homicídio ser hediondo, 
será aplicada a causa de aumento prevista no art. 121, §6o do Código Penal. 
 
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por 
milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de 
extermínio. 
 
2.2.2 - Latrocínio 
O latrocínio é o roubo com resultado morte. Não se trata de um homicídio, pois 
a intenção do agente era praticar o roubo, mas da violência aplicada resultou a 
morte da vítima. 
 
Roubo 
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou 
violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de 
resistência: 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
[...] 
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze 
anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo 
da multa. 
 
 
1 Bittencourt, Cézar Roberto. Tratado de direito penal. 11 ed. São Paulo: Saraiva, 2011, v. 2, p. 
68. 
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2.2.3 - Extorsão 
Aqui temos a extorsão com resultado morte, que segue a mesma lógica do 
latrocínio. Será considerado hediondo o crime de extorsão que tiver como 
resultado a morte da vítima. 
 
Extorsão 
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de 
obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou 
deixar de fazer alguma coisa: 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
[...] 
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo 
anterior. 
 
2.2.4 - Extorsão mediante sequestro 
Aqui temos um outro tipo penal, diferente da extorsão, e o crime será considerado 
hediondo quando praticado na forma qualificada. 
 
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer 
vantagem, como condição ou preço do resgate: 
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. 
§ 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é menor de 
18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou 
quadrilha. 
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. 
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. 
§ 3º - Se resulta a morte: 
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. 
 
2.2.5 - Estupro 
Hoje qualquer modalidade do crime de estupro é considerada crime hediondo, na 
forma simples ou qualificada. 
 
Estupro 
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal 
ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: 
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. 
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§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 
(dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. 
§ 2o Se da conduta resulta morte: 
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos 
 
2.2.6 - Estupro de vulnerável 
O estupro de vulnerável é um tipo penal específico, no qual se presume que não 
há consentimento por parte da vítima, já que ela é jovem demais para decidir se 
quer ou não manter relações sexuais com o agente. 
 
Estupro de vulnerável 
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 
(catorze) anos: 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. 
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, 
por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática 
do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. 
§ 2o (VETADO) 
§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. 
§ 4o Se da conduta resulta morte: 
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. 
 
2.2.7 - Epidemia 
Este crime será considerado hediondo quando resultar na morte da vítima. 
 
Epidemia 
Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos: 
Pena - reclusão, de dez a quinze anos. 
§ 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro. 
 
De tempos em tempos ressurge a discussão acerca da transmissão dolosa do 
vírus HIV. Hoje essa conduta não é considerada como crime hediondo, mas há 
projeto de lei tramitando no Congresso Nacional para incluir essa conduta no rol 
da Lei n. 8.072/1990. 
Importante salientar ainda que o crime culposo de epidemia (art. 267, §2o) não 
é considerado hediondo, ainda que provoque a morte de alguém. 
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2.2.8 - Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto 
destinado a fins terapêuticos ou medicinais 
Este crime está tipificado no art. 273 do Código Penal. Não é um crime muito 
comentado, mas a conduta pode ser lesiva a um número indeterminado de 
pessoas. 
 
Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos 
ou medicinais: 
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa. 
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em depósito 
para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto falsificado, 
corrompido, adulterado ou alterado. 
§ 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os medicamentos, as 
matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso em 
diagnóstico. 
§ 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações previstas no § 1º em 
relação a produtos em qualquer das seguintes condições: 
I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária competente; 
II - em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no inciso anterior; 
III - sem as características de identidade e qualidade admitidas para a sua comercialização; 
IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade; 
V - de procedência ignorada; 
VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária competente. 
 
Em 1998 houve ainda a tentativa de incluir no rol dos crimes hediondos o crime 
do art. 272 do Código Penal, mas o dispositivo foi vetado pelo Presidente da 
República por contrariar o interesse público. 
Vale ainda mencionar o crime de falsificação culposa de medicamento (art. 273, 
§2o) não é considerado hediondo, seja ele simples ou qualificado. 
 
2.2.9 - Genocídio 
Este crime está tipificado na Lei n. 2.889/1956. 
 
Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, 
racial ou religioso, como tal: 
a) matar membros do grupo; 
b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo; 
c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe 
a destruição física total ou parcial; 
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d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo; 
e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo; 
[...] 
Art. 2º Associarem-se mais de 3 (três) pessoas para prática dos crimes mencionados no 
artigo anterior: 
[...] 
Art. 3º Incitar, direta e publicamente alguém a cometer qualquer dos crimes de que trata 
o art. 1º: 
 
2.2.10 - Favorecimento da prostituição ou de outra forma de 
exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável 
Este crime está tipificado no art. 218-B do Código Penal. 
 
Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança 
ou adolescente ou de vulnerável. 
 
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual 
alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não 
tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a 
abandone: 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. 
§ 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também 
multa. 
§ 2o Incorre nas mesmas penas: 
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) 
e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo; 
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas 
referidas no caput deste artigo. 
 
2.2.11 - Lesão corporal dolosa gravíssima e lesão corporal seguida de 
morte 
Estes crimes estão tipificados no Código Penal. 
 
Lesão corporal 
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
[...] 
§ 2° Se resulta: 
I - Incapacidade permanente para o trabalho; 
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II - enfermidade incurável; 
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; 
IV - deformidade permanente; 
V - aborto: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
Lesão corporal seguida de morte 
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, 
nem assumiu o risco de produzi-lo: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
 
Pois bem, esses crimes serão considerados hediondos quando forem cometidos 
contra agentes de segurança. Aqui valem os mesmos comentários referentes ao 
homicídio cometido contra esses agentes: 
a) O crime deve ser cometido contra autoridade ou agente descrito nos arts. 
142 e 144 da Constituição Federal, ou seja, integrantes das Forças 
Armadas, das Forças de Segurança Pública (polícias e bombeiros), guardas 
municipais (encontram previsão no §8o do art. 144 da Constituição), bem 
como agentes de trânsito (previstos no §10 do art. 144). A qualificadora 
alcança também os integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de 
Segurança Pública; 
b) A vítima precisa estar no exercício da função, ou o crime precisa guardar 
relação com a função por ele exercida. A condição não se estende, portanto, 
a agentes aposentados; 
c) A vítima também pode ser cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo 
até terceiro grau do agente, desde que o crime tenha relação com a função 
por ele exercida. 
 
2.2.12 - Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito 
A Lei n. 13.497/2017 incluiu na lista dos crimes hediondos o crime de posse ou 
porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, tipificado pelo art. 16 da Lei n. 
10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento): 
 
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, 
ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou 
ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e 
em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: 
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de 
fogo ou artefato; 
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II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma 
de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a 
erro autoridade policial, perito ou juiz; 
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem 
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar; 
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca 
ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado; 
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, 
munição ou explosivo a criança ou adolescente; e 
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquerforma, munição ou explosivo. 
 
Lembro a você de dois aspectos importantes aqui: o primeiro deles é que a 
alteração da Lei dos Crimes Hediondos não importa em alteração do Estatuto do 
Desarmamento. O crime já estava previsto no Estatuto, e continua lá, não tendo 
sofrido qualquer alteração. 
Em segundo lugar, lembre-se de que arma de fogo de uso restrito é aquela de 
uso exclusivo das Forças Armadas e Forças de Segurança Pública, e que precisa 
ser registrada no Comando do Exército por meio do Sigma. 
Além disso, devemos mencionar que não apenas a conduta do caput do art. 16 
se tornou crime hediondo, mas também as condutas equiparadas, que contam 
no parágrafo único. 
 
2.3 - Crimes equiparados a hediondos 
Os crimes equiparados a hediondos são tratados por leis específicas, que 
precisam ser estudadas com calma: 
a) Lei n. 11.343/2006 (Tráfico de Drogas); 
b) Lei n. 9.455/1997 (Tortura); e 
c) Lei n. 13.260/2016 (Terrorismo). 
Quero apenas fazer um comentário em relação à Lei de Drogas. Essa lei tipifica 
diversas condutas, e por isso são frequentes as discussões acerca de quais desses 
crimes são considerados equiparados a hediondos. Em princípio esses serão os 
tipos principais, previstos no art. 33 e no art. 36 da Lei n. 11.343/2006. 
 
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor 
à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, 
ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem 
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 
(mil e quinhentos) dias-multa. 
 
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Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, 
caput e § 1o, e 34 desta Lei: 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e quinhentos) a 
4.000 (quatro mil) dias-multa. 
 
Já houve muita discussão acerca do tráfico privilegiado, previsto no §4o do art. 
33. 
 
§ 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas poderão ser reduzidas 
de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que 
o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem 
integre organização criminosa. 
 
Este é o tráfico privilegiado. Esta causa de diminuição de pena exige que o 
agente seja primário, tenha bons antecedentes, e não integre organizações nem 
se dedique a atividades criminosas. Atenção! As atividades criminosas 
mencionadas não precisam necessariamente ter relação com o tráfico de drogas. 
Em decisão de fevereiro de 2014, o STJ reiterou sua orientação no sentido de que 
a minorante do art. 33, § 4º, da Lei 11.343/2006 não havia retirado o caráter 
hediondo do crime de tráfico privilegiado de entorpecentes. 
Entretanto, em 2016 o STF afastou esse entendimento, e por isso o tráfico 
privilegiado não deve ser mais considerado como crime hediondo, ok? Na prática 
a Súmula 512 do STJ não está mais valendo! 
 
O STF não reconhece mais o caráter hediondo do 
tráfico de drogas privilegiado. 
 
2.4 - Progressão de regime 
Já houve muita controvérsia na Doutrina acerca da possibilidade de progressão 
de regime do condenado por crime hediondo. Com as alterações legislativas que 
sofreram os parágrafos do art. 2º, a discussão foi sepultada de uma vez por 
todas. 
 
§ 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime 
fechado. 
§ 2o A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo, 
dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, 
e de 3/5 (três quintos), se reincidente. 
 
É interessante também saber que o juiz deve decidir fundamentadamente se 
o réu poderá apelar em liberdade, caso haja condenação. 
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A redação anterior do §1º era de que a pena seria cumprida integralmente em 
regime fechado. O §1º, porém, foi declarado inconstitucional pelo STF, em sede 
de controle difuso, no julgamento do HC 111840. Abaixo transcrevo trecho da 
ementa do julgado. 
 
HABEAS CORPUS. PENAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. CRIME PRATICADO 
DURANTE A VIGÊNCIA DA LEI N. 11.464/07. PENA INFERIOR A 8 ANOS DE 
RECLUSÃO. OBRIGATORIEDADE DE IMPOSIÇÃO DO REGIME INICIAL FECHADO. 
DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE DO §1O DO ART. 2O DA 
LEI N. 8.072/90. OFENSA À GARANTIA CONSTITUCIONAL DA INDIVIDUALIZAÇÃO 
DA PENA (INCISO XLVI DO ART. 5O DA CF/88). FUNDAMENTAÇÃO NECESSÁRIA 
(CP, ART. 33, §3O, C/C O ART. 59). POSSIBILIDADE DE FIXAÇÃO, NO CASO EM 
EXAME, DO REGIME SEMIABERTO PARA O INÍCIO DE CUMPRIMENTO DA PENA 
PRIVATIVA DE LIBERDADE. ORDEM CONCEDIDA. 
[...] 
Ordem concedida tão somente para remover o óbice constante do § 1º do art. 2º da Lei nº 
8.072/90, com a redação dada pela Lei nº 11.464/07, o qual determina que “[a] pena por 
crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime fechado“. Declaração 
incidental de inconstitucionalidade, com efeito ex nunc, da obrigatoriedade de fixação do 
regime fechado para início do cumprimento de pena decorrente da condenação por crime 
hediondo ou equiparado. 
HC 111840-ES, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 16.12.2013, p. 17.12.2013. 
 
Além disso, devemos ainda mencionar a Súmula Vinculante n. 26 do Supremo 
Tribunal Federal, que também reconhece a inconstitucionalidade do art. 2º no 
que se refere aos requisitos para progressão de regime. 
 
SÚMULA VINCULANTE 26 DO STF 
Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou 
equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n. 8.072, 
de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os 
requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo 
fundamentado, a realização de exame criminológico. 
 
Recomendo que você tome bastante cuidado ao responder uma eventual questão 
de prova sobre esse tema, pois a banca pode ainda não ter incorporado o novo 
posicionamento do STF. Cuidado também com expressões que façam menção 
diretamente à lei. Essas são as tais “questões blindadas”. 
 
É possível a progressão de regime do condenado por crime 
hediondo, sendo possível quando se der o cumprimento de 2/5 
da pena (apenado primário), ou de 3/5 (reincidente). A Lei dos 
Crimes Hediondos determina que a pena deve ser cumprida inicialmente em 
regime fechado. Todavia, o STF já declarou este dispositivo inconstitucional em 
sede de controle difuso. 
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2.5 - Prisão temporária 
Em regra, a prisão temporária pode ser decretada por até 5 dias, nas hipóteses 
previstas na Lei n. 7.960/1989. Na Lei dos Crimes Hediondos, porém, há previsão 
específica, com a possibilidade de decretação da prisão temporária por até 30 
dias, podendo haver prorrogação em caso de extrema e comprovada 
necessidade. 
 
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas 
afins e o terrorismo são insuscetíveis de: 
I - anistia, graça e indulto; 
II - fiança. 
[...] 
§ 4o A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960,de 21 de dezembro de 1989, 
nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por 
igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. 
 
2.6 - Associação criminosa 
 
Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no art. 288 do Código Penal, 
quando se tratar de crimes hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e 
drogas afins ou terrorismo. 
 
O art. 288 do Código Penal diz respeito ao crime de associação criminosa. 
Quando a associação criminosa tiver por objeto a prática de crimes hediondos 
ou equiparados a hediondos, haverá aumento de pena: a pena cominada pelo 
CP é de reclusão de 1 a 3 anos, enquanto, neste caso, será de reclusão de 3 a 
6 anos. 
 
Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar à autoridade o bando ou 
quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois 
terços. 
 
O parágrafo único traz mais uma hipótese de delação premiada, aqui chamada 
de traição benéfica. É importante que você compreenda que, quanto a crimes 
hediondos, a delação premiada somente se aplica quando houver associação 
criminosa, formada especificamente para o fim de cometer crimes hediondos ou 
equiparados. 
Caso um participante da associação criminosa denuncie o grupo às autoridades, 
levando ao seu desmantelamento, sua pena será reduzida de 1 a 2 terços. 
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Um aspecto encarado pela Doutrina é o que diz respeito à prova do 
desmantelamento da associação criminosa. Obviamente é muito difícil fazer essa 
comprovação, e nada impede que, mesmo que todos os componentes sejam 
presos, eles voltem a reunir-se no futuro para a prática dos mesmos crimes. O 
Poder Judiciário deve, portanto, encarar com parcimônia o dispositivo legal. 
 
DELAÇÃO PREMIADA NOS CRIMES HEDIONDOS 
TRAIÇÃO BENÉFICA 
- Apenas quando houver associação criminosa formada 
especificamente para a prática de crimes hediondos ou equiparados 
a hediondos; 
- O participante ou associado da associação criminosa ou bando 
precisa denunciá-la às autoridades, possibilitando seu 
desmantelamento; 
- A pena será reduzida de um a dois terços. 
 
3 - Abuso de Autoridade (Lei nº 4.898/1965) 
3.1 - Introdução e aspectos gerais 
Quando pensamos em abuso de autoridade, vem à nossa mente logo a imagem 
de um policial excedendo seus poderes. Entretanto, qualquer servidor público que 
tenha entre suas atribuições a determinação de conduta pode cometer abuso de 
autoridade. 
 
Vejamos a definição de autoridade trazida pela Lei nº 4.898/1965. 
 
Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem exerce cargo, emprego 
ou função pública, de natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem 
remuneração. 
 
A definição trazida pela lei é bastante ampla, lembrando bastante o conceito de 
funcionário público para fins penais, não é mesmo? 
Já houve questões anteriores que cobraram o conhecimento dessa definição, 
então preste atenção. Pode ser considerado autoridade o servidor público, o 
membro do Poder Legislativo (Senador, Deputado, Vereador), o magistrado, o 
membro do Ministério Público (Promotor de Justiça, Procurador da República), 
bem como o militar das Forças Armadas, o Policial, o Bombeiro, etc. 
 
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Para fins de apuração do abuso de autoridade, considera-se 
autoridade quem exerce cargo, emprego ou função pública, 
de natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem 
remuneração. 
 
O crime de abuso de autoridade é, via de regra, um atentado contra as liberdades 
e garantias do cidadão. A própria Constituição confere a qualquer pessoa, na 
qualidade de garantia individual, o direito de petição contra o abuso de poder 
(art. 5°, XXXIV). 
Vamos agora estudar de forma mais profunda esse direito, utilizando as 
definições e institutos trazidos pela Lei n° 4.898/1965, conhecida como Lei do 
Abuso de Autoridade. 
 
Art. 1º O direito de representação e o processo de responsabilidade administrativa 
civil e penal, contra as autoridades que, no exercício de suas funções, cometerem abusos, 
são regulados pela presente lei. 
 
Perceba que o objeto da lei não é apenas a responsabilidade penal do servidor 
público que cometer abuso, mas também a responsabilidade civil e a 
administrativa. 
 
A Lei n° 4.898/1965 trata do direito de representação e 
da responsabilidade administrativa, civil e penal das 
autoridades que cometerem abusos. 
 
Art. 2º O direito de representação será exercido por meio de petição: 
a) dirigida à autoridade superior que tiver competência legal para aplicar, à autoridade 
civil ou militar culpada, a respectiva sanção; 
b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver competência para iniciar processo-
crime contra a autoridade culpada. 
Parágrafo único. A representação será feita em duas vias e conterá a exposição do fato 
constitutivo do abuso de autoridade, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do 
acusado e o rol de testemunhas, no máximo de três, se as houver. 
 
Já vimos que o direito de representação contra o abuso de autoridade pode 
ser exercido por qualquer pessoa. Além disso, não é necessária a assistência 
de advogado. 
Perceba que a petição deve ser dirigida a duas autoridades diferentes: uma é a 
autoridade superior àquela que cometeu o abuso, e que tenha competência 
para apurar o ilícito e aplicar a sanção. Outra é o Ministério Público, que detém 
competência constitucional para apurar crimes e promover a ação penal contra 
os culpados. 
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Apesar de o dispositivo dar a entender que a persecução penal do abuso de 
autoridade deve dar-se por meio de ação penal pública condicionada à 
representação, a Lei n° 5.249/1967 deixa claro que o abuso de autoridade é 
crime de ação penal pública incondicionada e, portanto, não é necessário que 
haja a representação para que o Ministério Público aja. 
Os elementos formais que devem estar presentes na representação são os 
seguintes: 
- Exposição do fato; 
- Qualificação do acusado; 
- Rol de testemunhas (no máximo 3). 
 
3.2 - Crimes em espécie 
Os crimes de abuso de autoridade em geral obedecem a um formato específico: 
o atentado aos direitos fundamentais. São, portanto, crimes de perigo. 
Estudaremos agora as condutas previstas no art. 3º, e logo após as condutas do 
art. 4º. 
 
ABUSO DE AUTORIDADE – CONDUTAS TÍPICAS 
Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: 
À liberdade de locomoção 
A liberdade é um direito fundamental tutelado por 
diversos dispositivos constitucionais, e pressupõe 
também princípio do nosso Direito Processual Penal: o 
indivíduo apenas pode ser preso quando praticar 
flagrante delito, mediante ordem judicial ou em 
hipóteses de prisão administrativa aplicáveis apenas 
aos militares. 
À inviolabilidade do domicílio 
A Constituição qualifica a casa como “asilo inviolável do 
indivíduo” e proíbe a entrada sem o consentimento do 
morador, salvo em quatro hipóteses: 
- Flagrante delito; 
- Desastre; 
- Para prestar socorro; 
- Durante o dia, por determinação judicial. 
A Jurisprudência já tem assentido que o conceito de 
casa deve ser encarado de forma ampla, incluindo o 
local não aberto ao público onde é exercida atividade 
profissional.Ao sigilo da correspondência 
A Constituição estabelece que “é inviolável o sigilo da 
correspondência e das comunicações telegráficas”. 
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A Jurisprudência já relativizou essa garantia, aceitando, 
por exemplo, que a correspondência destinada ao 
preso seja conhecida pelo dirigente do estabelecimento 
prisional. 
À liberdade de consciência e 
de crença e ao livre exercício do 
culto religioso 
A liberdade de consciência e de crença também é 
considerada inviolável pela Constituição. Essa noção 
também já foi relativizada pela Jurisprudência: hoje já 
é pacífico que as manifestações religiosas não podem 
ofender outros direitos fundamentais, a exemplo do 
direito à vida, à liberdade, à integridade física, etc. 
À liberdade de associação 
A Constituição assegura o direito de associação, 
independentemente de autorização estatal. A exceção 
fica por conta da proibição constitucional às 
associações de caráter paramilitar e com fins ilícitos. 
Aos direitos e garantias legais 
assegurados ao exercício do 
voto 
O voto é um direito fundamental de todo cidadão 
brasileiro. Atos atentatórios à sistemática das eleições 
também são tipificados como crimes de 
responsabilidade. 
Ao direito de reunião 
A Constituição assegura o direito de reunião, desde que 
as pessoas reúnam-se de forma pacífica e sem armas, 
e não frustrem uma reunião anteriormente convocada 
para o mesmo local. Apenas para fins de organização 
do Poder Público, é necessário comunicar previamente 
a ocorrência de reunião. 
À incolumidade física do 
indivíduo 
Não só a violência física, mas também a violência 
psicológica pode caracterizar o abuso de autoridade. 
Aos direitos e garantias legais 
assegurados ao exercício 
profissional 
A liberdade de profissão também é assegurada pela 
Constituição, desde que sejam atendidas as 
qualificações profissionais estabelecidas em lei. Para 
exercer a advocacia, por exemplo, é requisito legal ser 
bacharel em Direito e estar inscrito nos quadros da 
OAB. 
 
 
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ABUSO DE AUTORIDADE – CONDUTAS TÍPICAS 
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: 
Ordenar ou executar medida 
privativa da liberdade individual, 
sem as formalidades legais ou com 
abuso de poder 
Mais uma vez o bem jurídico tutelado aqui é a 
liberdade. As formalidades legais mencionadas 
estão relacionadas, via de regra, à exigência de 
ordem judicial, exceto no que tange à prisão em 
flagrante delito e à prisão administrativa militar. 
Submeter pessoa sob sua guarda ou 
custódia a vexame ou a 
constrangimento não autorizado 
em lei 
Vexame é uma humilhação, uma vergonha 
infligida a uma pessoa. Esse abuso é aquele 
cometido pelo agente público que detém 
autoridade (poder de guarda) sobre outra pessoa. 
Deixar de comunicar, 
imediatamente, ao juiz competente 
a prisão ou detenção de qualquer 
pessoa 
A Constituição determina que a prisão de qualquer 
pessoa deve ser comunicada imediatamente à 
autoridade judicial competente e à família do 
preso. 
Deixar o Juiz de ordenar o 
relaxamento de prisão ou 
detenção ilegal que lhe seja 
comunicada 
Obviamente esta conduta somente pode ser 
praticada por magistrado, e também ofende um 
dispositivo constitucional, que determina que a 
“prisão ilegal será imediatamente relaxada pela 
autoridade judiciária”. 
Levar à prisão e nela deter quem 
quer que se proponha a prestar 
fiança, permitida em lei 
A regra do Direito Processual Penal brasileiro é a 
liberdade provisória. Em alguns casos, porém, a 
lei determina que a autoridade deve arbitrar uma 
fiança, e nesse caso se ela for paga não há razão 
para negar a liberdade. 
Cobrar o carcereiro ou agente de 
autoridade policial carceragem, 
custas, emolumentos ou 
qualquer outra despesa, desde 
que a cobrança não tenha apoio em 
lei, quer quanto à espécie quer 
quanto ao seu valor 
Esta conduta é praticada pela autoridade que 
cobra valores indevidos dos presos. Normalmente 
essas cobranças estão relacionadas à concessão 
de certos privilégios, ou à “vista grossa” feita a 
ilícitos praticados dentro da prisão. 
Recusar o carcereiro ou agente de 
autoridade policial recibo de 
importância recebida a título de 
carceragem, custas, emolumentos 
ou de qualquer outra despesa 
 
O ato lesivo da honra ou do 
patrimônio de pessoa natural ou 
jurídica, quando praticado com 
abuso ou desvio de poder ou sem 
competência legal 
Este tipo é muito amplo, e diz respeito a atos de 
autoridade praticados de forma ofensiva à honra 
e ao patrimônio da pessoa. É o caso, por 
exemplo, do agente de trânsito que, em vez de 
apenas aplicar a multa devida, profere 
xingamentos contra o motorista que pratica 
irregularidade. 
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Prolongar a execução de prisão 
temporária, de pena ou de medida 
de segurança, deixando de expedir 
em tempo oportuno ou de cumprir 
imediatamente ordem de liberdade 
A prisão temporária pode durar no máximo 5 dias 
(exceto nos crimes hediondos), ao fim dos quais, 
se não foi decretada a prisão preventiva, o próprio 
delegado deve providenciar o alvará de soltura. 
Também comete crime de abuso o juiz que não 
emite ordem para que seja solto o preso que 
cumpriu sua pena, bem como o dirigente do 
estabelecimento prisional que não cumpre a 
ordem. 
 
Para concluirmos nosso estudo das condutas relacionadas ao abuso de 
autoridade, chamo sua atenção para o conteúdo da Súmula Vinculante nº 11, do 
STF, editada em meio a uma grande controvérsia gerada pela anulação de um 
julgamento em razão do uso de o réu estar algemado durante a sessão. 
 
Súmula Vinculante 11 do STF 
Uso de Algemas - Restrições - Responsabilidades do Agente e do Estado - Nulidades 
Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de 
perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada 
a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do 
agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem 
prejuízo da responsabilidade civil do Estado. 
 
3.3 - Sanções 
A Lei do Abuso de Autoridade traz a possibilidade da aplicação de sanções 
administrativas, civis e penais. Estudaremos agora as sanções aplicáveis em cada 
uma das esferas. 
Para compreendermos as sanções administrativas, precisamos ter atenção a 
alguns aspectos relacionados ao Direito Administrativo, e também precisamos 
lembrar, em nossa análise, que a lei que estamos estudando é de 1965 e, 
portanto, pode ser necessário um esforço interpretativo direcionado à atualização 
dos institutos por ela mencionados. 
 
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ABUSO DE AUTORIDADE – SANÇÕES ADMINISTRATIVAS 
Advertência Apenas verbal. 
Repreensão Por escrito. 
Suspensão do cargo, função 
ou posto por prazo de 5 a 180 
dias, com perda de 
vencimentos e vantagens 
O agente deixa de exercer o cargo por um período 
determinado, sem percepção de remuneração. 
Destituição de função 
Devemos entender que se tratada destituição de 
função de confiança ou de cargo em comissão. É uma 
penalidade equivalente à demissão. 
Demissão 
É a penalidade mais gravosa prevista na Lei nº 
8.112/1990, e consiste na perda de vínculo do 
servidor com a Administração Pública. 
Demissão, a bem do serviço 
público 
Esta modalidade de demissão era prevista no antigo 
estatuto dos servidores civis federais. Atualmente, 
ainda existe na Lei nº 8.429/1992, para a hipótese 
de demissão em razão de não entrega ou entrega 
fraudulenta de declaração de bens para posse e na 
Lei nº 8.026/1990, a qual definiu dois ilícitos 
funcionais contra a Fazenda Nacional e para eles 
previu tal pena de demissão. 
 
Quando a autoridade administrativa competente para aplicar a sanção receber a 
representação, deve determinar a instauração de inquérito para apurar o fato. 
Esse inquérito deve obedecer às normas próprias de cada esfera federativa, 
devendo a sanção ser anotada nos assentamentos funcionais. 
 
Vejamos agora o que a Lei do Abuso de Autoridade determina a respeito das 
sanções civis aplicáveis. 
 
Art. 6º, § 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do dano, consistirá no 
pagamento de uma indenização de quinhentos a dez mil cruzeiros. 
 
Hoje o valor determinado pela lei para a indenização civil obviamente não é mais 
aplicável. Na realidade, o estabelecimento de valores absolutos por meio de lei 
merece duras críticas, pois a Jurisprudência é pacífica no sentido de que em casos 
como esses não deve ser aplicada correção monetária. 
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Para aplicar uma sanção civil hoje, o ofendido deve recorrer ao Poder Judiciário, 
que determinará o valor a ser pago a título de indenização, seguindo o 
regramento comum, constante do Código de Processo Civil. 
 
ABUSO DE AUTORIDADE – SANÇÕES PENAIS 
Essas penas podem ser aplicadas alternada ou cumulativamente 
Multa de cem a cinco mil cruzeiros 
Mais uma vez a lei trata de valores, que não 
são aplicáveis hoje. Hoje tem sido aplicada 
a regra de cálculo de multas do Código 
Penal, utilizando-se os dias-multa para 
determinar o montante. 
Detenção por 10 dias a 6 meses Não há pena de reclusão prevista na lei. 
Perda do cargo e a inabilitação para o 
exercício de qualquer outra função pública 
por prazo até 3 anos 
 
Quando o abuso for cometido por agente de 
autoridade policial, civil ou militar, de 
qualquer categoria, poderá ser cominada a 
pena autônoma ou acessória, de não poder 
o acusado exercer funções de natureza 
policial ou militar no município da culpa, por 
prazo de um a cinco anos. 
Esta é uma pena específica, aplicável 
somente quando o abuso de autoridade for 
cometido por policial civil ou militar. 
 
3.4 - Processo penal 
Como regra geral, os crimes de abuso de autoridade são considerados de menor 
potencial ofensivo, sendo processados perante os Juizados Especiais Criminais, 
por meio do procedimento sumaríssimo, criado pela Lei nº 9.099/1995. 
Para os casos em que o procedimento sumaríssimo não é aplicável, a própria Lei 
do Abuso de Autoridade traz procedimento próprio. 
 
Art. 12. A ação penal será iniciada, independentemente de inquérito policial ou 
justificação por denúncia do Ministério Público, instruída com a representação da vítima 
do abuso. 
Art. 13. Apresentada ao Ministério Público a representação da vítima, aquele, no prazo de 
quarenta e oito horas, denunciará o réu, desde que o fato narrado constitua abuso de 
autoridade, e requererá ao Juiz a sua citação, e, bem assim, a designação de audiência de 
instrução e julgamento. 
§ 1º A denúncia do Ministério Público será apresentada em duas vias. 
Lembre-se de que a ação penal é pública incondicionada, não sendo 
necessário que haja inquérito policial e nem representação da vítima. 
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Caso haja representação da vítima, a denúncia deve ser apresentada no prazo 
de 48h. Essa regra demonstra a urgência conferida pela lei à apuração dos 
crimes de abuso de autoridade. 
Perante a inércia do Ministério Público, a própria lei permite a apresentação da 
ação penal privada subsidiária da pública. O Ministério Público poderá, 
porém, aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, além de 
intervir em todos os termos do processo, interpor recursos e, a todo tempo, no 
caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. 
 
Art. 14. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de autoridade houver deixado vestígios o 
ofendido ou o acusado poderá: 
a) promover a comprovação da existência de tais vestígios, por meio de duas testemunhas 
qualificadas; 
b) requerer ao Juiz, até setenta e duas horas antes da audiência de instrução e julgamento, 
a designação de um perito para fazer as verificações necessárias. 
 
Caso haja vestígios do crime de abuso de autoridade, não é necessário que haja 
perícia, sendo suficiente a oitiva de duas testemunhas. Não há óbice, porém, à 
realização de perícia mediante requerimento formulado pelo ofendido ou pelo 
acusado. 
 
Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de quarenta e oito horas, proferirá 
despacho, recebendo ou rejeitando a denúncia. 
§ 1º No despacho em que receber a denúncia, o Juiz designará, desde logo, dia e hora para 
a audiência de instrução e julgamento, que deverá ser realizada, improrrogavelmente, 
dentro de cinco dias. 
§ 2º A citação do réu para se ver processar, até julgamento final e para comparecer à 
audiência de instrução e julgamento, será feita por mandado sucinto que, será 
acompanhado da segunda via da representação e da denúncia. 
 
Perceba mais uma vez os prazos enxutos da lei. São apenas 48h para que o 
magistrado decida pelo aceitação ou rejeição da denúncia. Caso haja a aceitação, 
no despacho já deve constar a data e hora da audiência, que deve ser realizada 
em no máximo 5 dias. 
Caso o membro do Ministério Público requeira o arquivamento do feito ao invés 
de oferecer a denúncia e o Juiz considerar as razões improcedentes, deverá 
enviar a representação ao Procurador-Geral, para que este ofereça a denúncia ou 
insista no arquivamento. 
Por fim, temos as regras da lei quanto à realização da audiência, nomeação de 
defensor, etc. 
Art. 22. Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e o interrogatório do réu, se estiver 
presente. 
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Parágrafo único. Não comparecendo o réu nem seu advogado, o Juiz nomeará 
imediatamente defensor para funcionar na audiência e nos ulteriores termos do processo. 
Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, o Juiz dará a palavra sucessivamente, 
ao Ministério Público ou ao advogado que houver subscrito a queixa e ao advogado ou 
defensor do réu, pelo prazo de quinze minutos para cada um, prorrogável por mais dez 
(10), a critério do Juiz. 
Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferirá imediatamente a sentença. 
 
4 - Crimes de Tortura (Lei nº 9.455/1997) 
A Lei dos Crimes de Tortura é pequena, mas muito importante. A Constituição 
Federal traz como princípio o repúdio à tortura e às penas degradantes, 
desumanas e cruéis. Vejamos o que diz a nossa Constituição sobre o assunto. 
 
Art. 5°, III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou 
degradante; 
[...] 
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis einsuscetíveis de graça ou anistia a 
prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os 
definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os 
que, podendo evitá-los, se omitirem. 
 
A tortura, portanto, é um crime inafiançável e insuscetível de graça ou 
anistia. ATENÇÃO! O crime de tortura não é imprescritível! Essa característica 
é aplicável apenas aos crimes de racismo e às ações de grupos armados, civis ou 
militares, contra a ordem constitucional e o estado democrático. 
Já houve decisão do STF no sentido de negar também a aplicação do indulto a 
condenado por crime de tortura. 
 
A Constituição determina que o crime de tortura é 
inafiançável e insuscetível de graça ou anistia, mas 
não é imprescritível. 
 
O STF também já decidiu que o condenado por crime de tortura também não 
pode ser beneficiado com indulto. 
A definição de tortura deve ser buscada na Convenção Internacional contra a 
Tortura e Outras Penas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos e Degradantes, 
aprovada pelas Nações Unidas em 1984 e ratificada e promulgada pelo Brasil em 
1991. 
 
O termo tortura designa qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos 
agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a uma pessoa a 
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fim de obter, dela ou de uma terceira pessoa, informações ou confissões; de 
castigá-la por ato que ela ou uma terceira pessoa tenha cometido ou seja 
suspeita de ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras 
pessoas; ou por qualquer motivo baseado em discriminação de qualquer 
natureza, quando tais dores ou sofrimentos são infligidos por um 
funcionários público ou outra pessoa no exercício de funções públicas, ou 
por sua instigação, ou com o seu consentimento ou aquiescência. 
 
Podemos ver, portanto, que a tortura não resume à imposição de dor física, mas 
também está relacionada ao sofrimento mental e emocional. Essa agonia 
mental muitas vezes é chamada de tortura limpa, pois não deixa marcas 
perceptíveis facilmente. 
Antes da Lei n° 9.455/1997 não havia qualquer definição legal acerca do crime 
de tortura. O termo era mencionado em algumas leis, mas de forma genérica e 
esparsa, de modo que a Doutrina nunca aceitou que houvesse a tipificação do 
crime de tortura antes da referida lei. 
A Lei da Tortura é muito criticada pela imprecisão na tipificação do crimes. A lei 
foi votada às pressas e sem muita discussão no Poder Legislativo, sob o impacto 
emocional no que aconteceu na Favela Naval, em Diadema. 
Esse caso se refere a uma série de reportagens investigativas conduzidas em 
1997 acerca de condutas praticadas por policiais militares na Favela Naval. Esses 
policiais foram filmados extorquindo dinheiro, humilhando, espancando e 
executando pessoas numa blitz. 
O fervor das discussões então levou à apresentação de um projeto de lei que foi 
rapidamente aprovado pelo Poder Legislativo, sem as discussões que seriam 
necessárias à elaboração de uma lei tecnicamente bem feita. 
Esse é o pano da fundo da história, mas isso obviamente não interessa para a 
nossa prova, não é mesmo!? Vamos ao que realmente interessa, que é a análise 
do texto legal. 
 
 
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Art. 1º Constitui crime de tortura: 
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe 
sofrimento físico ou mental: 
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; 
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; 
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; 
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência 
ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo 
pessoal ou medida de caráter preventivo. 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
 
A tortura, em qualquer de suas modalidades, é crime material, pois só ha 
consumação com o próprio resultado: o sofrimento da vítima. Pela mesma razão, 
podemos dizer que é possível a tentativa e a desistência voluntária. 
Além disso, não se admite o arrependimento eficaz e nem o 
arrependimento posterior. O crime de tortura é de ação penal pública 
incondicionada. 
 
CRIME DE TORTURA 
CARACTERÍSTICAS COMUNS A TODAS AS MODALIDADES 
É um crime material 
É possível a tentativa e a desistência voluntária 
Não se admite arrependimento eficaz e nem arrependimento posterior 
Ação penal pública incondicionada 
 
Pelo texto do art. 1°, podemos concluir que há diferentes modalidades de 
tortura, a depender da intenção do agente criminoso. Vejamos quais são essas 
modalidades, de acordo com a própria lei e a Doutrina. 
 
 
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MODALIDADES DE TORTURA 
TORTURA-PROVA ou TORTURA 
PERSECUTÓRIA 
Infligida com a finalidade de obter 
informação, declaração ou 
confissão da vítima ou de terceira 
pessoa (inciso I, alínea “a”). 
TORTURA PARA A PRÁTICA DE 
CRIME ou TORTURA-CRIME 
Infligida para provocar ação ou 
omissão de natureza criminosa. 
TORTURA DISCRIMINATÓRIA ou 
TORTURA-RACISMO 
Infligida em razão de 
discriminação racial ou religiosa 
TORTURA-CASTIGO 
Infligida como forma de aplicar 
castigo pessoal ou medida de 
caráter preventivo. 
 
Marquei de cor diferente a TORTURA-CASTIGO para que você memorize uma 
característica diferente. O inciso II do art. 1° tipifica a conduta daquele que inflige 
sofrimento a pessoa que esteja sob sua guarda, poder ou autoridade, com 
finalidade de castigar. 
Podemos concluir, portanto que a TORTURA-CASTIGO é um crime próprio, 
pois somente pode ser praticado por quem tenha o dever de guarda ou exerça 
poder ou autoridade sobre a vítima. Ao mesmo tempo exige-se também uma 
condição especial do sujeito passivo, que precisa estar sob a autoridade do 
torturador. 
O exemplo de TORTURA-CASTIGO mais comum é o do agente penitenciário que 
tortura presos, ou do pai que tortura os próprios filhos. 
As demais modalidades de tortura são crimes comuns, pois não se exige 
nenhuma qualidade especial do agente ou da vítima. 
 
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de 
segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em 
lei ou não resultante de medida legal. 
 
Esta é a TORTURA DA PRESO OU DE PESSOA SUJEITA A MEDIDA DE 
SEGURANÇA. A tipificação específica de crime cometido contra essas pessoas 
reforça o que determina a Lei do Abuso de Autoridade e a própria Constituição 
Federal, que assegura “aos presos o respeito à integridade física e moral”. 
Perceba que esta conduta é a única que não exige dolo específico do agente. 
Basta que a pessoa presa ou sujeita a medida de segurança seja submetida a 
sofrimento, não sendo exigida nenhuma finalidade especial por parte do 
torturador. 
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§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las 
ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos. 
 
Esta é a OMISSÃO PERANTE A TORTURA. Já sabemosque, de acordo com o 
próprio Código Penal, a omissão só é penalmente relevante “quando o omitente 
devia e podia agir para evitar o resultado”. 
A Doutrina critica duramente este dispositivo, pois ele apenas criminaliza a 
omissão daquele que tinha o dever de agir para evitar a tortura, e não inclui 
aquele que, apesar de não ter o dever, tinha a possibilidade de impedir o ato de 
tortura e não o fez. 
 
Apenas responde por OMISSÃO PERANTE A TORTURA 
aquele que tinha o dever de agir para evitar o ato de tortura 
e não o faz. 
 
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão 
de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos. 
 
Estas são as hipóteses de TORTURA QUALIFICADA. Apenas chamo sua atenção 
para as qualificadoras, que são o resultado lesão corporal grave ou gravíssima, 
ou morte. A lesão corporal leve não é qualificadora do crime de tortura. 
 
A lesão corporal leve não é qualificadora do crime de 
tortura. A TORTURA QUALIFICADA somente ocorre quando 
houver como resultado lesão corporal grave ou 
gravíssima ou, ainda, o resultado morte. 
 
Para esclarecer as questões acerca da natureza da lesão corporal, é interessante 
que você relembre o teor do art. 129 do Código Penal, que trata do tema. As 
hipóteses de lesão corporal grave estão previstas no §1°, enquanto o §2° traz os 
casos de lesão corporal gravíssima. 
 
CP, Art. 129. 
[...] 
§ 1º Se resulta: 
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; 
II - perigo de vida; 
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; 
IV - aceleração de parto: 
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[...] 
§ 2° Se resulta: 
I - Incapacidade permanente para o trabalho; 
II - enfermidade incurável; 
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função; 
IV - deformidade permanente; 
V - aborto: 
 
Agora voltaremos à Lei n° 9.455/1997 para analisar as causas de aumento de 
pena para o crime de tortura. 
 
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: 
I - se o crime é cometido por agente público; 
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, 
adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; 
III - se o crime é cometido mediante sequestro. 
 
A definição de agente público deve ser tomada de forma ampla, nos termos do 
Código Penal, que estabelece que, para efeito penais, deve ser considerado 
funcionário público “aquele que, embora transitoriamente ou sem remuneração, 
exerce cargo, emprego ou função pública”. 
Você já sabe que, nos casos em que a condição de agente público é elementar 
do crime, não pode se aplicada esta agravante. Não faria sentido, por exemplo, 
aplicar agravante à TORTURA-CASTIGO infligida por agente penitenciário contra 
presos, pois, se o agente não fosse funcionário público, não poderia haver o 
crime. 
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, são consideradas crianças as 
pessoas que tenham menos de 12 anos, enquanto adolescentes são aqueles 
que têm mais de 12 e menos de 18. 
Por fim, a agravante relacionada ao sequestro é aplicável quando a vítima é 
sequestrada e, durante o sequestro, o agente comete crime de tortura. Caso o 
agente cerceie a liberdade da vítima com a finalidade única de infligir a tortura, 
não há que se falar em sequestro. 
 
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§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a 
interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. 
 
Este é um efeito extrapenal administrativo da condenação. Caso o agente 
do crime de tortura seja funcionário público, perderá seu cargo, função ou 
emprego e ficará interditado para seu exercício pelo período equivalente ao dobro 
da pena. 
O STF e o STJ já decidiram que esse efeito decore automaticamente da 
condenação. 
 
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o 
cumprimento da pena em regime fechado. 
 
Para responder as questões de prova com precisão, é importante conhecer, ao 
menos em parte, o conteúdo da Lei n° 8.072/1990, que trata dos crimes 
hediondos e equiparados, entre eles a tortura. 
A mencionada lei estabelecia o cumprimento das penas relativas aos crimes 
hediondos e equiparados em regime integralmente fechado. Quando a Lei de 
Tortura foi promulgada, considerou-se que houve derrogação parcial do 
dispositivo da Lei dos Crimes Hediondos. 
Em 2007 a Lei dos Crimes Hediondos foi alterada, e hoje todos os crimes 
hediondos e equiparados devem ter suas penas cumpridas inicialmente em 
regime fechado, mas é possível a progressão de regime. 
A polêmica, porém, não acabou. O STJ tem afirmado, em julgados recentes, que 
não é obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o 
cumprimento da pena em regime fechado. Esse entendimento decorre do 
posicionamento do STF relacionado aos crimes hediondos e equiparados, e entre 
os equiparados está o crime de tortura. 
 
DIREITO PENAL. REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA NO CRIME DE 
TORTURA. 
Não é obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o cumprimento da pena no 
regime prisional fechado. Dispõe o art. 1º, § 7º, da Lei 9.455/1997 – lei que define os 
crimes de tortura e dá outras providências – que “O condenado por crime previsto nesta 
Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado”. 
Entretanto, cumpre ressaltar que o Plenário do STF, ao julgar o HC 111.840-ES (DJe 
17.12.2013), afastou a obrigatoriedade do regime inicial fechado para os condenados por 
crimes hediondos e equiparados, devendo-se observar, para a fixação do regime inicial de 
cumprimento de pena, o disposto no art. 33 c/c o art. 59, ambos do CP. Assim, por ser 
equiparado a crime hediondo, nos termos do art. 2º, caput e § 1º, da Lei 8.072/1990, é 
evidente que essa interpretação também deve ser aplicada ao crime de tortura, sendo o 
caso de se desconsiderar a regra disposta no art. 1º, § 7º, da Lei 9.455/1997, que possui 
a mesma disposição da norma declarada inconstitucional. Cabe esclarecer que, ao adotar 
essa posição, não se está a violar a Súmula Vinculante n.º 10, do STF, que assim dispõe: 
"Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, art. 97) a decisão de órgão fracionário de 
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tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato 
normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte". De fato, o 
entendimento adotado vai ao encontro daquele proferido pelo Plenário do STF, tornando-se 
desnecessário submeter tal questão ao Órgão Especial desta Corte, nos termos do art. 481, 
parágrafo único, do CPC: "Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário, 
ou ao órgão especial, a arguição de inconstitucionalidade, quando já houver pronunciamento 
destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão". Portanto, seguindo a 
orientação adotada pela Suprema Corte, deve-se utilizar, para a fixação do regime inicial 
de cumprimento de pena, o disposto no art. 33 c/c o art. 59, ambos do CP e as Súmulas 
440 do STJ e 719 do STF. Confiram-se, a propósito, os mencionados verbetes sumulares: 
"Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais 
gravoso

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