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FISIOTERAPIA NA ARTROPLASTIA TOTAL DE JOELHO: ABORDAGEM IMEDIATA, TARDIA E RETORNO AO ESPORTE ROBERTO KIYOSHI KASHIMOTO CLAUDIA PATRÍCIA CARDOSO MARTINS SIQUEIRA CYNTHIA GOBBI ALVES ARAÚJO ■ INTRODUÇÃO Os primeiros adventos cirúrgicos envolvendo implantes metálicos no joelho começaram na Alemanha, em 1890. Com o tempo, foram sendo aprimoradas as técnicas e também os materiais u!lizados, até que, em 1968, foi realizada, pela primeira vez, uma artroplas!a total de joelho (ATJ), com polie!leno, e, embora não !vesse um design real dos côndilos femorais como existe com as técnicas atuais, foi um implante com maior precisão e conformação anatômica. Desde então, a ATJ vem se tornando cada vez mais comum na sociedade. O envelhecimento da população, o aumento de pra!cantes de a!vidades espor!vas, a grande frequência de traumas envolvendo diretamente o joelho e a crescente prevalência da obesidade são alguns dos fatores que contribuem para a perpetuação da ATJ. Nesse ponto, também é importante refle!r sobre se a baixa qualidade dos programas de recuperação funcional e/ou a falta de encaminhamento dos pacientes, por parte dos médicos, para um programa de intervenção fisioterápica não são fatores que aumentaram a demanda por ATJ nos úl!mos anos. A ATJ tem sido comprovada como muito sa!sfatória para o alívio das dores e para a restauração da função ar!cular, e diversos estudos demonstram uma melhoria importante na qualidade de vida dos pacientes subme!dos a ela. Neste ar!go, será abordada apenas a reabilitação nos casos de ATJ, embora, no joelho, ainda seja possível encontrar as artroplas!as unicompar!mentais. Apesar de já mencionados os diversos fatores para a realização da ATJ, o mais indicado é, sem dúvida, nos casos de artrose avançada da ar!culação que não melhoram com o tratamento conservador e com a intervenção fisioterapêu!ca. Além disso, na ATJ, também é possível melhorar o alinhamento e corrigir os desvios do eixo, gerando um resultado funcional maior. Ainda, neste ar!go, o foco será na atuação da fisioterapia, portanto não se comentará sobre os !pos e as técnicas cirúrgicas. Porém, ressalta-se a importância do conhecimento prévio desses procedimentos pelo fisioterapeuta para uma abordagem completa. ■ OBJETIVOS Ao final da leitura deste ar!go, o leitor será capaz de iden!ficar as peculiaridades importantes na intervenção fisioterapêu!ca da ATJ; demonstrar a importância da abordagem na fase aguda nas ATJs; descrever as fases da intervenção fisioterapêu!ca tardia nas ATJs; evidenciar a importância de uma boa consulta fisioterápica nos casos de ATJ; promover a importância da intervenção fisioterapêu!ca precoce e de uma boa sequência de tratamento pós-ATJ. ■ ARTROPLASTIA TOTAL DE JOELHO A ATJ consiste em realizar a subs!tuição das super"cies ar!culares por peças metálicas e de polie!leno, como mostra a Figura 1. Figura 1 — Ilustração dos componentes femoral e !bial da ATJ. Fonte: Fysio Centrun Zaanland (2018). Atualmente, mais de 4 milhões de adultos vivem com prótese de joelho, e a projeção é de que cerca de 3 milhões de artroplas!as serão realizadas por ano até 2030. No que diz respeito aos fatores de risco, é importante ressaltar que a prática de esportes tem relação direta com ATJs futuras, e, muitas vezes, de forma precoce. Isso porque as lesões traumá!cas nos joelhos aumentam a predisposição à osteoartrose em jovens atletas, o que pode acarretar a necessidade cirúrgica futura. No estudo realizado por Ackerman e colaboradores, os autores realizaram uma coorte de base populacional acompanhando, durante 15 anos, atletas que apresentaram lesões no joelho relacionadas ao esporte, resultando em 7.205 joelhos com lesões, das quais 326 necessitaram de ATJ. No trabalho de Ackerman e colaboradores, embora o número absoluto de procedimentos de ATJs tenha sido rela!vamente pequeno, a es!ma!va de probabilidade foi esta#s!ca e clinicamente significa!va. Um outro achado importante foi que a lesão no joelho relacionada ao esporte mais que dobrou o risco de ATJ subsequente ao longo do período de estudo de 15 anos. Portanto, Ackerman e colaboradores concluíram que os indivíduos que sofreram uma lesão no joelho !veram duas vezes mais chances de receber ATJ em 15 anos em comparação aos que não apresentaram lesão. Embora sejam necessários mais estudos nessa área, com períodos de acompanhamento mais longos, percebe-se a importância de uma política de saúde direcionada à prevenção de lesões no joelho relacionadas aos esportes, para conter esse ônus social. No que diz respeito ao pós-operatório (PO) da ATJ, existem diversos fatores que podem influenciar diretamente no resultado: a colaboração do paciente; a severidade da artrose (se for o caso); as doenças associadas; a técnica cirúrgica e o material u!lizado; em especial, se a intervenção fisioterapêu!ca foi realizada. Em relação à intervenção fisioterapêu!ca no pré-operatório de ATJ, embora possam ser encontrados resultados significa!vamente superiores em termos de funcionalidade e de força muscular (FM), ainda faltam evidências para comprovar a sua eficácia. Segundo duas revisões sistemá!cas mais recentes publicadas sobre o tema, não é possível determinar se a intervenção fisioterapêu!ca previamente à ATJ realmente melhora os resultados no PO. Cabe ressaltar que foram 232 estudos inicialmente encontrados (soma das duas revisões), sendo apenas 30 elegíveis para análise. Portanto, o leitor e pesquisador tem uma ó!ma sugestão para futuros estudos nesse tema. Em relação ao processo de intervenção fisioterapêu!ca na ATJ, ele deve ser es!mulado o mais precocemente possível. Muitos pacientes ainda têm receio de iniciar a intervenção fisioterapêu!ca tão cedo, porém se sabe que essa é uma fase fundamental, pois uma boa parte dos déficits de amplitude de movimento (ADM) e de rigidez ar!cular se instala nos primeiros dias de PO. Em revisão sistemá!ca realizada por Guerra e colaboradores, envolvendo 622 par!cipantes que realizaram ATJ, verificou-se que o grupo que recebeu a mobilização precoce (iniciada no dia da cirurgia) apresentou menor tempo de internação hospitalar, maiores ADM, equilíbrio, padrão de marcha e aumento da FM comparado ao grupo controle (que iniciou dois dias após a cirurgia). Esses achados reforçam o que já se observa na prá!ca clínica: quanto mais cedo se iniciar a intervenção fisioterapêutica, melhores os resultados. Além disso, para que o paciente possa usufruir dos melhores resultados da ATJ, é fundamental um bom trabalho mul!disciplinar, em especial, entre os médicos ortopedistas e fisioterapeutas. Essa boa comunicação e a integração possibilitam que a intervenção fisioterapêu!ca se inicie no PO imediato, com o paciente ainda internado no leito hospitalar, alcançando melhores resultados. Nas próximas seções, a abordagem da intervenção fisioterapêu!ca nas fases imediata e tardia será aprofundada. ■ FISIOTERAPIA NA ARTROPLASTIA TOTAL DE JOELHO Ao se iniciar a intervenção fisioterapêu!ca de um paciente com prótese de joelho, deve-se ter claro que ela deverá ser realizada de forma global, pois os elementos do corpo são interdependentes. A alta hospitalar é, geralmente, rápida (em torno de três dias) quando não se tem intercorrências, mas variações de acordo com o !po de cirurgia e com o histórico do paciente podem ocorrer. Durante o processo de retorno à independência funcional, o fisioterapeuta deve estar atento, pois a população com prótese no joelho, em geral, pode apresentar acome!mentos no lado contralateral e déficits funcionais prévios dados ao envelhecimento e/ou às alterações relacionadas ao histórico de a!vidade "sica/esporte (assimetrias, lesões prévias). Além disso, outros fatores, como o sobrepeso e a redução da ADM, da FM e da mobilidade ar!cular, podem estar presentes com frequência nesses pacientes. Para abordar a intervenção fisioterapêu!ca na ATJ de forma didá!ca, serão detalhados, na sequência desta seção, os seguintes tópicos: fase hospitalar imediata — PO imediato (até o 3º dia); fase ambulatorialimediata — progressão dos exercícios até a 3ª semana; fase ambulatorial tardia — progressão dos exercícios após a 3ª semana. FASE HOSPITALAR IMEDIATA — PÓS- OPERATÓRIO IMEDIATO (ATÉ O 3º DIA) Na fase hopitalar imediata da ATJ, deve-se realizar, primeiramente, a avaliação, composta por: anamnese e inspeção; palpação; avaliação da ADM; condições musculares. Anamnese e inspeção Para dar início ao atendimento, o fisioterapeuta deve estar atento às condições clínicas pré, peri e pós-operatórias, conhecer a história clínica do paciente, ter acesso à descrição cirúrgica (para observar importantes informações, como !po de prótese, enxerto ósseo, uso de cimento ou não) e a radiografia pós-operatória (frontal e sagital). No pré-operatório de ATJ, após a coleta de dados para definir a história da molés!a atual, algumas perguntas podem ser realizadas: Como era a deambulação? Como era para subir/descer escadas? Há possibilidade de permanecer nas posições sentada e deitada? Ainda no pré-operatório da ATJ e com o obje!vo de avaliar a evolução funcional dos pacientes, pode ser aplicado o ques!onário Lequesne — desenvolvido na França nos anos 1970 e publicado pela primeira vez nos anos 1980 — para avaliar os sintomas e a incapacidade "sica em indivíduos com osteoartrite (OA) de quadris e de joelhos (instrumento traduzido e validado por Marx). Já no PO imediato da ATJ, deve-se ques!onar a dor, preferencialmente, graduando com a escala visual analógica (EVA) e analisar os aspectos inflamatórios. Uma inspeção criteriosa deve ser realizada; até o 2º ou 3º dia de PO, o paciente pode estar com dreno local, e o fisioterapeuta deve observar: como está a saída de sangue (quan!dade, caracterís!cas, filamentos e outros); o estado cicatricial; o joelho globoso; a presença de hidrartrose (acúmulo de líquido seroso na ar!culação); a necrose cutânea; a presença de sinais de insuficiência venosa; as atrofias ou as hipotrofias (principalmente, no músculo quadríceps femoral); a presença de alterações do eixo do joelho (valgo, varo e joelho em flexão — pelo próprio edema). A Figura 2 apresenta o aspecto cicatricial no PO de ATJ. Figura 2 — Aspecto cicatricial no PO da ATJ. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Para a fase ambulatorial tardia da ATJ, há alguns testes e ques!onários específicos que podem ser u!lizados para avaliar e acompanhar a progressão funcional do paciente. Para melhores resultados da ATJ, o ideal é que se consiga iniciar a intervenção fisioterapêu!ca já no período pré- operatório. Nesse momento, deve ser realizada a orientação sobre a cirurgia, sobre os movimentos adequados, acerca dos cuidados pós-operatórios, do treino de marcha com muletas ou andador (considerada a necessidade de cada paciente); também, pode ser realizado um preparo dos músculos que atuam na respiração, com técnicas reexpansivas, para prevenir a diminuição da capacidade respiratória decorrente da imobilidade. Nos primeiros dias de PO da ATJ, o paciente deve ser incen!vado a permanecer a maior parte do tempo sentado, para facilitar a reexpansão pulmonar e reduzir a possibilidade de acúmulo de secreções. Durante o posicionamento em decúbito dorsal, deve-se manter o membro em posição elevada, com a angulação do quadril em torno de 40°, impedindo a hiperextensão do joelho, o que pode gerar dor. Palpação Durante a palpação pós-ATJ, deve-se: verificar a caracterís!ca do edema; avaliar o aumento de temperatura local; verificar a dor; aferir a aderência peripatelar; avaliar a aderência pericicatricial; verificar a hipotrofia das musculaturas adjacentes e dos músculos dos membros superiores ([MMSS] importantes para a marcha com muletas). Avaliação da amplitude de movimento A avaliação da ADM da ar!culação do joelho poderá ser limitada, por causa da cicatriz cirúrgica recente; portanto, deve-se ter cuidado ao movimentar o membro do paciente. A mobilidade patelar pode estar reduzida por dor e por apreensão. O fisioterapeuta deve movimentar a patela no sen!do laterolateral e superior– inferior. A mobilização laterolateral pode ser realizada com o apoio do polegar na face lateral da patela e os outros dedos na face medial patelar, como mostra a Figura 3. Figura 3 — Avaliação da mobilidade femoropatelar. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Essa mesma forma, com o apoio do polegar na face lateral da patela e os outros dedos na face medial patelar, deve ser man!da para a mobilização nas outras direções. Em alguns casos, a super"cie ar!cular da patela pode ser removida e trocada por uma super"cie de polie!leno. Sobretudo, o fisioterapeuta deve estar atento às condições da ferida operatória quanto ao aspecto da cicatrização e à presença de secreções ou de sangue. A mobilidade !biofemoral deve ser avaliada, inicialmente, de forma a!va e, logo após, a!vo- assis!da, com muito cuidado. Um importante cuidado durante a movimentação em extensão máxima do joelho deve ser o de deixar a ar!culação do tornozelo livre (não deixar em flexão dorsal). A extensão de joelho pode estar reduzida nos úl!mos graus; já a flexão, vai depender do !po de prótese, variando de 90 a 130°. Porém é recomendado que a ADM aos 30 dias de PO de ATJ ultrapasse os 90° de flexão. A ADM é um dos critérios mais importantes para o paciente se sen!r sa!sfeito e diretamente relacionado a ser a!vo fisicamente após a cirurgia. Uma flexão funcional é necessária para diversas a!vidades de vida diária (AVDs), conforme se vê no Quadro 1. Quadro 1 FLEXÃO FUNCIONAL E ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA Angulação de Flexão Funcional Atividades de Vida Diária 67° Fase de balanço da marcha 83° Subir degraus 90° Descer degraus 93° Levantar de uma cadeira Fonte: Adaptado de Farahini e colaboradores (2012). Alguns estudos reportaram que uma limitada ADM antes da ATJ melhora consideravelmente após a colocação da prótese, enquanto as pessoas que já !nham uma boa mobilidade pré- operatória se man!veram com a mesma ADM. A revisão de Farahini e colaboradores concluiu que o nível de funcionalidade no pré- operatório é determinante nos resultados pós- operatórios, sugerindo que a ATJ deve ser realizada no momento em que o joelho tem a sua melhor função, em vez de aguardar a piora do quadro funcional da ar!culação. Com o obje!vo de manter ou aumentar a ADM do joelho no PO, o con!nuous passive mo!on (CPM) foi desenvolvido por Salter e colaboradores, em 1960. O CPM é um disposi!vo motorizado que promove a movimentação regular e passiva dos membros inferiores (MMII) entre determinado arco de movimento. Alguns estudos relatam que o CPM reduz a dor, o tempo no hospital e a necessidade de manipulação ar!cular sob anestesia. Entretanto, uma revisão recente da Cochrane indicou que o CPM não tem efeito clínico importante quanto à flexão ativa, à dor, à função ou à qualidade de vida que jus!fique o seu uso. Apesar de o CPM poder reduzir o risco de manipulação sob anestesia e o risco de desenvolver efeitos adversos, as evidências são de baixa qualidade. Condições musculares Na reabilitação pós-ATJ, também deve ser avaliada a qualidade da contração e do relaxamento da musculatura (em alguns pacientes, ocorre a dificuldade de relaxamento de quadríceps e de isquiossurais); é necessário observar a retração muscular e tendinosa, principalmente no fundo de saco quadricipital e no tendão patelar, além de testar a FM do quadríceps, dos isquiossurais, do glúteo máximo, dos gastrocnêmios, dos fibulares, do !bial anterior e do !bial posterior. Deve-se atentar que, nos primeiros dias de PO da ATJ, é di"cil flexionar o quadril com o joelho estendido; assim, nesse momento, pelo posicionamento, não será possível a graduação fidedigna, mas se deve observar se o paciente, ao menos, vence a gravidade por meio do movimento a!vo. Quanto ao trofismo, pode ser realizada por meio da perimetria de ro!na, porém, no início, pode-se perceber edema na região do quadríceps e dos isquiossurais, fato que pode mascarar uma hipotrofia dessas musculaturas; portanto, recomenda-se repe!r as medições após uma semanade PO da ATJ. Considerando a necessidade da intervenção fisioterapêu!ca do paciente com prótese no joelho, são recomendáveis a indicação e o uso de dispositivos auxiliares, como andador e muletas, na fase do PO, avaliando as demais ar!culações no sen!do de promover a independência funcional o mais rápido possível. Para a avaliação funcional do paciente subme!do à ATJ, deve-se observar se ele está acamado e quais são as formas de transferência u!lizadas. Durante esse processo, o obje!vo principal é promover a independência funcional do indivíduo. FASE AMBULATORIAL IMEDIATA — PROGRESSÃO DOS EXERCÍCIOS ATÉ A 3ª SEMANA Após a ATJ até a 3ª semana de PO, os principais obje!vos são promover a analgesia, reduzir o edema, com o intuito de impedir a inibição artrogênica do quadríceps, e, assim que possível, aumentar a força desse músculo, ganhar a ADM para a flexão de 90° ou mais (como mostra a Figura 4) e desenvolver a deambulação segura. Figura 4 — A ADM na 3ª semana de PO deve estar em torno de 90° de flexão. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. No pós-ATJ, a ar!culação !biofemoral deve, inicialmente, ser mobilizada em flexão e em extensão, respeitando o arco de movimento livre existente; ainda, es!mular a musculatura envolvida (principalmente, a extensora), a motricidade a!va para a flexão e para a extensão, aumentar progressivamente o movimento de flexão passiva e a!va (mínimo de 90°), promover a deambulação com o uso de muletas e progredir para a deambulação com carga total já na primeira semana, como se vê na Figura 5. Figura 5 — Deambulação com apoio total e com auxílio do andador na 1ª semana de PO. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. O movimento de extensão de joelho, na maioria das vezes, está menos comprome!do, podendo ser lentamente mobilizado até a extensão máxima permi!da pelo paciente. A ar!culação femoropatelar deve ser mobilizada de forma cuidadosa, lenta e gradual durante todo o processo de reabilitação da ATJ, tanto na longitudinal como na transversal, de início, passivamente e, depois, de forma a!va, por meio da contração do músculo quadríceps. A crioterapia como conduta analgésica, de acordo com a revisão publicada pela Cochrane em 2012 sobre crioterapia no PO de ATJ, mostra que as evidências encontradas na literatura são limitadas para indicar o seu uso. Evidências de baixa qualidade demonstraram que a crioterapia no pós-ATJ melhora a pontuação na EVA em 48 horas (MD = -1,32 pontos em uma escala de 0–10, com 95% de intervalo de confiança [IC] -2,37 a -0,27), mas não em 24 ou 72 horas. Também foi reportado, na revisão, que as evidências de baixa qualidade demonstraram que a crioterapia pode melhorar a ADM (MD = 11,39° adicionais de flexão, 95% de IC 4,13 a 18,66), entretanto, esses achados podem não ser clinicamente significantes para essa população. O Quadro 2 mostra ao que se deve dar mais atenção na fase imediata da reabilitação da ATJ. Quadro 2 PONTOS IMPORTANTES DA REABILITAÇÃO DA ARTROPLASTIA TOTAL DE JOELHO NA FASE IMEDIATA Intervenção Fisioterapêutica Descrição Massagem pericicatricial e drenagem Até dois meses após a cirurgia, permanecem os cuidados com a cicatrização e a massagem de fricção, com o obje!vo de diminuir a aderência cicatricial (principalmente, no fundo de saco quadricipital) e, em casos específicos de edema em que não haja contraindicações à realização da massagem de drenagem, ela deve ser realizada para reduzir o edema e facilitar o aumento da ADM além de 90°. Exercícios metabólicos Fazer os movimentos de plan!flexão e de 1 2 3,4 5 + Artroplastiatotaldejoelho Fisioterapianaartroplastiatotal dejoelho Exercíciosdefortalecimento Marcha Funcionalidade Estabilidade Cuidadosemcasa Esporteapósartroplastiade joelho CasoclinIco Conclusão Fasehospitalarimediata-pOs operatórioimediato(atéo3°dia) Anamneseeinspeção Palpação Avaliaçãodaamplitudede movimento Condiçõesmusculares Faseambulatorialimediata progressãodosexercíciosatéa 3ªsemana Faseambulatorialtardia- progressãodosexercíciosapós a3àsemana Amplitudedemovimento Posicionamentodopacienteem ambientedomiciliar 3 + 6 LEMBRAR 3 7 8 8 8 5 9 10,11 12 13 14 + 15 15 4 4 + 4 16 17 17 18 18 18 19 20 21 22 20 + + 23 23 Aa ! Entrar" ! # https://portal.secad.artmed.com.br/ metabólicos plan!flexão e de dorsiflexão do tornozelo de forma a!va, com os obje!vos de bombeamento muscular, aumento do fluxo vascular e consequente redução do risco de trombose, além de manter a ADM dessa ar!culação. Contração isométrica do quadríceps Para trabalhar a a!vação muscular isométrica do quadríceps, deve-se, inicialmente, explicar ao paciente o que são a contração e o relaxamento desse músculo; tal procedimento será mais facilmente entendido se for realizado no pré-operatório. Para facilitar o processo, o fisioterapeuta pode dar um apoio com o polegar e o indicador sobre a porção suprapatelar, realizando um tensionamento no sen!do caudal e, após, solicitando ao paciente um movimento da patela em direção craniana. Com isso, pode-se perceber a contração do quadríceps. Se o paciente, no PO, não consegue realizar essa tarefa, pode-se u!lizar como alterna!va reproduzir o movimento no lado não operado, para facilitar a percepção. Eletroes!mulação A corrente excitomotora deve ser u!lizada na fase inicial, pois auxilia no recrutamento das fibras, especialmente, quando associada aos exercícios isométricos e dinâmicos posteriormente. Vilches e colaboradores usaram a eletroes!mulação no quadríceps com 15 minutos de duração, no 2º dia de PO de ATJ. Cada sessão consis!u de contração isométrica de 5s do quadríceps com duração suficiente para exceder um limiar predefinido pelo fisioterapeuta. Esse limiar foi aumentado todos os dias, à medida que a contração melhorou, com pausa de 5s de duração e, em seguida, corrente para a eletroes!mulação assimétrica, bipolar, de 300µs de amplitude, 65Hz de frequência, 15 a 30mA de intensidade, de 6–8s de contração e de 8–10s de pausa. Controle de edema Consiste na elevação do membro, evitando manter o joelho em flexão. Além do posicionamento, foi avaliado o efeito da crioterapia associado à compressão dinâmica intermitente no alívio da dor no PO, diminuindo a perda de sangue e reduzindo o edema. Deambulação A deambulação deve ser es!mulada; inicialmente, com muletas e marcha está!ca (passo para frente e para trás) e, após, com descarga de peso de forma parcial e progressiva, ensinando ao paciente as fases da marcha até evoluir para o ciclo completo da marcha. Também podem ser trabalhadas a marcha lateral e a marcha posterior u!lizando barras paralelas, promovendo a marcha independente dentro das duas primeiras semanas. Es!mular a funcionalidade O paciente deve ser orientado a es!mular a sua independência funcional, evitar o aumento de peso, estar atento aos sinais de dor, ao aumento de temperatura, a "stulas, à presença de edemas, além de não permanecer na mesma posição por muito tempo, usar sapatos confortáveis e adaptar o vaso sanitário, a cama, os sofás e as poltronas para mais altos, de forma a não realizar a flexão de joelho exagerada, aumentando a sobrecarga na ar!culação. FASE AMBULATORIAL TARDIA — PROGRESSÃO DOS EXERCÍCIOS APÓS A 3ª SEMANA Os principais obje!vos da fisioterapia na reabilitação do PO de ATJ se baseiam em reduzir a dor e a inflamação, restaurar a mobilidade ar!cular de flexão até 90° e a extensão completa, melhorar a FM do membro operado e garan!r a funcionalidade do indivíduo, lembrando que cada paciente deve ser avaliado e tratado de acordo com as suas capacidades. O exercício "sico é um componente essencial para a reabilitação nas primeiras semanas após a ATJ. O paciente deve ser capaz de realizar normalmente as AVDs entre 3 e 6 semanas após a ATJ, sendo que alguma dor durante a a!vidade "sica e à noite ainda pode ser sen!da nesse período. Na fase ambulatorial tardia da ATJ, o fisioterapeuta deve estar atento à persistência do edema suprapatelar e indicar, sempre que necessário, a crioterapiapara o controle do edema e para a analgesia, visando à melhora em curto prazo. Amplitude de movimento No protocolo de Stevens e colaboradores, relata-se que, em uma fase mais tardia da reabilitação da ATJ, deve-se manter a ADM do joelho, e, para isso, a bicicleta estacionária pode ser um ó!mo recurso. Considerando as limitações do paciente, sugere-se que ele inicie com movimentos anteriores e posteriores até que a sua ADM seja suficiente para completar o ciclo da pedalada. Os exercícios a!vo-assis!dos e autoassis!dos são indicados para restaurar a ADM de flexão do joelho, por exemplo, realizando a flexão de joelho assis!da pela bola suíça, como mostram as Figuras 6A e B. Figura 6 — A) Exercício a!vo-assis!do com bola suíça para ganho de flexão de joelho (fase de extensão). B) Exercício a!vo-assis!do com bola suíça para ganho de flexão de joelho (fase de flexão). Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Os exercícios com o paciente deitado em decúbito dorsal e os MMII sobre a parede também podem ser realizados, sendo que o membro não acome!do deve auxiliar na flexão do membro com ATJ, deslizando-o inferiormente pela parede, como mostra a Figura 7. Figura 7 — Exercício autoassis!do para ganho de flexão de joelho com os MMII sobre a parede: o membro não acome!do deve auxiliar na flexão do membro com ATJ, deslizando-o inferiormente pela parede. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Outra preocupação no PO de ATJ é o ganho da extensão completa da ar!culação, que pode ser realizado de forma a!va, com contração do quadríceps, como mostra a Figura 8, ou passiva, com peso (por exemplo, caneleira) sobre a coxa distal, a fim de gerar um momento extensor no joelho. A mobilização patelar deve ser iniciada no PO imediato e man!da até a fase ambulatorial. Figura 8 — Exercício para ganho de extensão completa do joelho, realizado de forma a!va, com contração do quadríceps. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Posicionamento do paciente em ambiente domiciliar Entre os vários procedimentos de reabilitação, o alongamento tem se mostrado eficiente para aumentar e manter a ADM do joelho, tanto para a flexão como para a extensão. Os alongamentos mais u!lizados nesse caso são o de quadríceps, o de isquiossurais e o de tríceps sural, como mostra a Figura 9. Figura 9 — Alongamento a!vo de tríceps sural. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. É preciso orientar bem o paciente subme!do à ATJ para que ele nunca coloque um travesseiro sob o joelho para descansar e dormir. Essa posição pode parecer confortável, mas facilita a cicatrização rápida dos tecidos moles ao redor da prótese, retendo o joelho em flexão. Essa aderência dos tecidos pode ser di"cil de reverter, e a contratura da ar!culação em flexão pode restringir a marcha e prolongar o tempo de reabilitação da ATJ. No estudo de Chow e colaboradores, foram avaliados três grupos de pacientes com ATJ que se submeteram a três !pos de alongamento para ganho de ADM: alongamento passivo, a!vo e facilitação neuromuscular propriocep!va. Os resultados sugeriram que os três protocolos foram efe!vos, sendo que nenhum !po de alongamento teve maior efeito do que os outros. 1. Considerando que uma flexão funcional é necessária para diversas AVDs após a ATJ, correlacione as colunas de acordo com o grau de flexão para as respec!vas AVDs. (1) 67° (2) 83° (3) 90° (4) 93° ( ) Subir degraus. ( ) Fase de balanço da marcha. ( ) Levantar de uma cadeira. ( ) Descer degraus. Assinale a alterna!va que apresenta a sequência correta. A) 2 — 1 — 4 — 3. B) 1 — 3 — 2 — 4. C) 4 — 2 — 3 — 1. D) 3 — 4 — 1 — 2. Confira aqui a resposta 2. Sobre o posicionamento do paciente subme!do à ATJ em casa, assinale a alterna!va correta. A) É preciso orientar bem o paciente subme!do à ATJ para que ele sempre coloque um travesseiro sob o joelho para descansar e dormir. B) Apesar de ser desconfortável colocar um traveseiro sob o joelho, essa posição agiliza a cicatrização, o que proporciona uma volta mais rápida às AVDs. C) A ar!culação em flexão com o uso de um travesseiro pode ajudar a diminuir o tempo de reabilitação da ATJ. D) A aderência dos tecidos moles em volta da prótese com o uso de um travesseiro sob o joelho pode ser di"cil de reverter, e a contratura da ar!culação em flexão pode restringir a marcha e prolongar o tempo de reabilitação da ATJ. Confira aqui a resposta 3. Sobre os fatores que contribuem para o crescente aumento das cirurgias de ATJ, assinale V (verdadeiro) ou F (falso). ( ) O aumento de pra!cantes de a!vidades espor!vas. ( ) Os traumas envolvendo diretamente o joelho. ( ) O aumento na prevalência da obesidade. ( ) A falta de flexibilidade em MMII. Assinale a alterna!va que apresenta a sequência correta. A) F — F — F — V. B) V — F — V — F. C) F — V — F — V. D) V — V — V — F. Confira aqui a resposta 4. Dos acome!mentos que podem afetar o joelho, sobre qual dos casos é o mais indicado para realizar uma ATJ, assinale a alterna!va correta. A) As entorses. B) A artrose avançada. C) As lesões ligamentares. D) As lesões de menisco. Confira aqui a resposta 5. Observe as afirma!vas sobre uma inspeção criteriosa realizada no joelho na fase hospitalar. I — Observar a saída de sangue do dreno. II — Verificar o estado da cicatriz. III — Observar a presença de alterações do eixo (varo, valgo). IV — Saber o !po de cirurgia realizada. Quais estão corretas? A) Apenas a I e a II. B) Apenas a I, a II e a III. C) Apenas a II, a III e a IV. D) Apenas a III e a IV. Confira aqui a resposta ■ EXERCÍCIOS DE FORTALECIMENTO Os fortalecimentos priorizados no PO tardio da ATJ são os de grandes grupos musculares, como straight leg raises (SLR), iniciando sem peso e com poucas repe!ções até a melhora da resistência do paciente, evoluindo para o incremento de carga durante o tratamento. O SLR pode ser realizado com a flexão do quadril e com a extensão do joelho, como se vê na Figura 10, ou também com a abdução do quadril e com o joelho estendido, preferencialmente, em decúbito lateral. Figura 10 — Exercício de quadrante (SLR) para a flexão. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Para o fortalecimento dos isquiossurais, pode-se realizar a flexão do joelho em cadeia aberta e em posição ortostá!ca ou realizar o exercício de elevação do quadril com os MMII flexionados (ponte), priorizando a a!vação de isquiossurais e do glúteo máximo em cadeia fechada, como mostra a Figura 11. Figura 11 — Exercício de ponte bipodal, orientando o paciente a não realizar a manobra de Valsalva e manter a contração dos abdominais, dos isquio!biais e dos glúteos. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Os exercícios de extensão do joelho em cadeia aberta devem ser realizados na posição sentada, com o obje!vo de fortalecer o músculo quadríceps, cuidando para manter uma angulação de segurança de 90 a 45° de flexão. Em cadeia fechada, o paciente deve realizar o exercício dentro da angulação de proteção de 0 a 45°, como mostram as Figuras 12A e B. Figura 12 — A) Exercício resis!do com faixa elás!ca para ganho de extensão final do joelho (fase inicial com flexão de 45° de joelho). B) Exercício resis!do com faixa elás!ca para ganho de extensão final do joelho (fase final com extensão máxima de joelho). Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Segundo Powers e colaboradores, a angulação de proteção para a ar!culação patelofemoral é de 0 a 45° em cadeia fechada, pois, dentro dessa amplitude, há menores forças compressivas, portanto seria prudente manter essa angulação no início do programa de fortalecimento. Podem- se citar, como exemplos, os exercícios funcionais como miniagachamentos, como se vê na Figura 13, e subida e descida de degraus, que deverão ser realizadas de acordo com a dor e a resistência muscular do paciente. Nas fases mais avançadas, progredir para exercícios em cadeia fechada até 90°. Figura 13 — Exercício de miniagachamento com apoio. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. A intensidade do exercício deve ser man!da quando o paciente puder executar os exercícioscorretamente e sen!r-se fadigado ao final de cada série de exercícios. Uma vez que o paciente adquira maior resistência à fadiga, pode-se progredir aumentando a carga ou a dificuldade do exercício. Na prá!ca clínica, muitos fisioterapeutas u!lizam a eletroes!mulação associada a exercícios de fortalecimento com a finalidade de aumentar o recrutamento muscular no PO de ATJ, especialmente, nos extensores do joelho, como mostra a Figura 14. Figura 14 — Eletroes!mulação neuromuscular aplicada sobre o quadríceps. Na imagem, a paciente está u!lizando uma carga distal em uma fase subaguda. O travesseiro sob o joelho da paciente tem o obje!vo de servir como apoio para a extensão do joelho durante o exercício, e não como forma de repouso, que poderia acarretar uma contratura ar!cular do joelho em flexão. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. No estudo de Stevens e colaboradores, foi relatado que o uso de eletroes!mulação de alta intensidade no quadríceps promoveu ganhos de FM em pacientes que foram subme!dos à ATJ. Os pacientes que receberam eletroes!mulação associada a um programa de exercícios demonstraram um aumento importante de força nas primeiras três semanas de uso, mantendo essa diferença até seis meses após a intervenção. Dessa forma, recomenda-se fortemente o uso dessa intervenção. ■ MARCHA Alguns estudos têm demonstrado que a marcha de pacientes com ATJ permanece alterada mesmo após um ano de cirurgia. Certos achados desses estudos foram que os pacientes com ATJ têm menor amplitude de flexão e de extensão durante a marcha, com a cadência e o comprimento do passo reduzidos. Além disso, a velocidade da marcha antes e depois da cirurgia é um importante marcador da recuperação do paciente. Alice e colaboradores realizaram uma análise tridimensional de pacientes com ATJ e relataram que, mesmo após três meses de reabilitação, eles ainda apresentavam velocidade diminuída da marcha e também ADM diminuída de extensão de joelho durante a fase de contato inicial. Portanto, os autores sugerem informar aos pacientes que a reabilitação de ATJ é um longo processo e pode demorar mais de três meses. Considera-se, pela literatura, que um tempo ó!mo de reabilitação da ATJ está por volta de 12 meses para a completa recuperação funcional e da marcha do paciente. ■ FUNCIONALIDADE Considerando o desenvolvimento da funcionalidade, é necessário avaliar o paciente com ATJ com testes funcionais e com ques!onários específicos. Os testes funcionais específicos para essa população são o !me up and go (TUG), o teste de caminhada de 6 minutos (TC6) e o teste de subida e descida de escada. Esses testes são parte do Delaware Osteoarthri!s Profile e têm sido u!lizados para mensurar a habilidade no pré-operatório e a recuperação funcional no PO de ATJ. O TUG consiste no tempo que o paciente leva para levantar-se de uma cadeira (de 46cm de altura), andar 3m e retornar para sentar-se na mesma cadeira. A indicação é que o paciente ande o mais rápido que puder, de forma segura e confortável. O TUG é muito u!lizado na população idosa, com excelente confiabilidade teste–reteste [ICC] = 0,97. O TC6 mensura a distância percorrida pelo paciente em 6 minutos. O paciente deve caminhar o mais rápido que conseguir, u!lizando disposi!vos de deambulação e podendo descansar durante o teste, se necessário. O TC6 tem sido, preferencialmente, u!lizado como medida de performance, pois apresenta uma forte responsividade às alterações clínicas durante o tempo em pacientes com ATJ. O teste de subida e descida de escada consiste no tempo que o paciente leva para subir e descer um lance de 12 degraus (18cm de altura, 28cm de profundidade). O paciente é encorajado a subir e a descer os degraus o mais rápido que puder, u!lizando somente as pernas. O corrimão pode ser u!lizado, se necessário. A confiabilidade teste–reteste é de 0,93. Os testes funcionais devem ser u!lizados no momento em que o paciente com ATJ se sen!r seguro quanto à deambulação, podendo u!lizar um disposi!vo de marcha (por exemplo, muleta), caso haja necessidade. Para as medidas subje!vas, são validados para a população com ATJ os ques!onários Western Ontario and McMaster Universi!es osteoarthri!s index (Womac) e Knee injury and osteoarthri!s outcome score (Koos). O Womac pode ser u!lizado para avaliar tanto pacientes com OA de quadril quanto de joelho. O ques!onário consiste em 5 itens para dor (pontuação 0–20), 2 para rigidez (pontuação de 0–8), e 17 para a limitação funcional (pontuação 0–68). As questões de dor, rigidez e função do Womac estão incluídas nos domínios dor, sintomas específicos e função na AVD do Koos, respec!vamente. O Koos é uma extensão do Womac; foi desenvolvido e validado para pessoas mais jovens e mais a!vas que têm lesão no joelho ou OA. O Koos consiste em 42 itens autoexplica!vos que envolvem os cinco domínios mais importantes para o paciente: dor, sintomas específicos, função nas AVDs, esporte e lazer, e dor relacionada à qualidade de vida. ■ ESTABILIDADE Evidências demonstram que de 60 a 80% dos pacientes com OA de joelho reportam instabilidade ar!cular e que a ATJ demonstra uma gradual recuperação das queixas de instabilidade avaliadas pelo Knee outcome survey — ac!vi!es of daily living scale. Os riscos de queda são reduzidos com a ATJ, porém não são ex!nguidos. A revisão de Moutzouri e colaboradores mostrou que a inclusão de treino sensório-motor melhora o equilíbrio e o controle postural pós- ATJ. Assim, é de extrema necessidade explicar aos pacientes a importância dos treinos propriocep!vos e que eles podem ser iniciados duas semanas após a cirurgia, com exercícios simples e com apoio unipodal, como mostram as Figuras 15A e B. 24 25 LEMBRAR 26 15 25 25 + 25 + + 12 + 26 27 ATIVIDADES + 20 + 20 + 28 + + 25 29,30 30 LEMBRAR 31 31 32 32 33,34 35 35 + Figura 15 — A) e B) Treino de equilíbrio com apoio unipodal e olhos abertos. Fonte: Arquivo de imagens dos autores Dentro das primeiras 6 a 8 semanas pós-ATJ, o treino sensório-motor pode ser efe!vo e bem tolerado pelo paciente, aumentando-se grada!vamente os níveis de dificuldade. Porém mais estudos são necessários para avaliar a intensidade e a frequência dos exercícios. ■ CUIDADOS EM CASA Mais de 90% das ATJs modernas se mantêm em bom estado de conservação em até 15 anos após o procedimento. Seguir as instruções da equipe mul!profissional depois da cirurgia e proteger a prótese durante as AVDs são ações que podem auxiliar na durabilidade da ATJ. No retorno para casa, o paciente deve tomar alguns cuidados para a proteção da sua ATJ, como rearranjar os móveis da casa para deambular com muletas, liberando mais espaço para locomoção, e evitar escadas em um primeiro momento. Deixar ao alcance e com fácil acesso os objetos que o paciente com ATJ usa com maior frequência e remover os tapetes da casa para diminuir o risco de quedas são alterações simples e bastante efe!vas. Outras adaptações importantes são a instalação de barras para apoio e de cadeira segura para o banho, corrimãos para as escadas e elevar a altura do assento do vaso sanitário, para impedir a flexão exagerada do joelho. ■ ESPORTE APÓS ARTROPLASTIA DE JOELHO De acordo com a American Academy of Orthopaedic Surgeons (AAOS), são recomendados até 30 minutos de exercícios, 2 ou 3 vezes por dia, durante as três primeiras semanas de PO de ATJ, além da caminhada diária de 30 minutos. O Quadro 3 mostra as recomedações de exercícios do PO de ATJ. Quadro 3 RECOMENDAÇÕES DE EXERCÍCIOS PÓS- ARTROPLASTIA TOTAL DE JOELHO Exercícios Recomendações Caminhada Promove a melhora da mobilidade, da funcionalidade e é uma ó!ma forma de perder calorias e beneficiar o coração. Deve-se começar com passos pequenos e caminhadas curtas enquanto trabalha para aumentar a distância. Corrida É um exercício aeróbico assim como a caminhada, porém apresenta alto impacto. Por esse mo!vo, a AAOS não recomenda trote ou corrida. Natação A natação é um esporte com baixo impacto ar!cular, portanto é um ó!mo exercíciopara pacientes com ATJ. É recomendável após 3 a 6 semanas da cirurgia ou após a total cicatrização da ferida operatória, com o obje!vo de excluir o risco de infecção. Dança A dança é uma boa forma de exercitar os músculos e fazer exercício aeróbico. Apenas se devem evitar rotações do fêmur sobre a #bia e paradas abruptas, que podem colocar a ar!culação fora de seu alinhamento. Também evitar tarefas de alto impacto, como saltar. Ciclismo O ciclismo é um bom modo de manter a força dos MMII. O paciente deve se preocupar com a angulação do joelho, evitando a flexão excessiva. Elíp!co O exercício na máquina do elíp!co é uma boa alterna!va para a corrida e permite andar em velocidade maior do que a caminhada, sem promover alto impacto ar!cular. Fonte: Fonte: Waldstein e colaboradores (2017). Outras recomendações de esportes pós-ATJ incluem as a!vidades de força e o alongamento, como o Pilates e o yoga. O yoga é uma forma leve de promover alongamentos e podem auxiliar na rigidez ar!cular, na melhora da flexibilidade e nas condições gerais do joelho. O cuidado importante deve ser com relação às rotações sobre a ar!culação; os joelhos devem se manter alinhados com o quadril e com os tornozelos, além de evitar as posições de flexão extrema, como sentado sobre os calcanhares. De acordo com uma revisão recente de Waldstein e colaboradores, o estudo de Jahnke e colaboradores reportou que as caminhadas, o ciclismo e a natação são os esportes mais praticados após a ATJ. Os esportes de alto impacto, como esqui, tênis, futebol e corrida com trote diminuíram significa!vamente no pós- cirúrgico comparado ao período pré-cirúrgico. Walker e colaboradores também demonstraram que o ciclismo, as trilhas e as longas caminhadas são os esportes mais comuns para os pacientes com ATJ, de acordo com o Schulthess clinic ac!vity score, comprovando que esses indivíduos aumentaram a prá!ca de a!vidades de baixo impacto e diminuíram a prá!ca de esportes de alto impacto. 6. Sobre os !pos de exercício mais recomendados para o tratamento ambulatorial de ATJ na fase inicial, assinale a alterna!va correta. A) Contração–relaxamento e exercícios propriocep!vos. B) Alongamentos e exercícios pliométricos. C) Exercícios a!vo-assis!dos e exercícios a!vos. D) Alongamentos e mobilização passiva patelar. Confira aqui a resposta 7. Sobre os !pos de exercício mais recomendados para o tratamento ambulatorial de ATJ na fase final, assinale a alterna!va correta. A) Treino de marcha, alongamentos e exercícios passivos. B) Educação do paciente, treino de a!vidades funcionais e exercícios a!vo- assis!dos. C) Exercícios resis!dos, exercícios a!vo- assis!dos e treino de marcha. D) Exercícios resis!dos, exercícios propriocep!vos e treino de a!vidades funcionais. Confira aqui a resposta 8. Sobre os cuidados que devem ser tomados na reabilitação de ATJ, assinale a alterna!va correta. A) Evitar a deformidade em flexão. B) Orientar o repouso pós-operatório. C) Promover a a!vação de isquio!biais. D) Orientar a colocação de travesseiro sob o joelho. Confira aqui a resposta 9. Sobre quais músculos devem ser priorizados nos alongamentos durante a reabilitação de ATJ, assinale a alterna!va correta. A) Iliopsoas, quadríceps e glúteo médio. B) Quadríceps, isquio!biais e tríceps sural. C) Quadríceps, isquio!biais e tensor da fáscia lata. D) Iliopsoas, tríceps sural e quadríceps. Confira aqui a resposta ■ CASO CLÍNICO O paciente R. B. T., de 50 anos, vem apresentando dores no joelho direito há cerca de três anos. Atualmente, está afastado, porém vinha desenvolvendo a sua a!vidade como pedreiro. Ele refere que não é adepto de exercícios "sicos, está um pouco acima do peso (índice de massa corporal [IMC] de 26) e não relata histórico de trauma recente no joelho. Ao procurar o médico ortopedista e realizar a radiografia, verificou-se uma artrose importante !biofemoral, com redução do espaço ar!cular. Dessa forma, foi indicada a cirurgia para ATJ, que foi realizada quatro semanas após a consulta. A Figura 16 mostra a artrose !biofemoral do paciente do caso clínico. Figura 16 — Imagem ilustrando os componentes femoral e !bial da ATJ do paciente R. B. T. Fonte: Wind (2019). A Figura 17 mostra o resultado da ATJ do paciente do caso clínico. Figura 17 — Aspecto cicatricial no PO da ATJ do paciente R. B. T. Fonte: Fysio Centrun Zaanland (2018). O paciente foi orientado a realizar fisioterapia imediatamente após a ATJ, porém, por causa das intercorrências familiares, pôde começar a reabilitação somente após duas semanas. O fisioterapeuta, ao avaliar o paciente, verifica que ele está com um edema local importante, já com os pontos cirúrgicos removidos, com hipotrofia de quadríceps e também que há ausência de extensão total (ele mantém flexão de joelho de 20°). 10. Diante do quadro apresentado, descreva quatro condutas importantes para auxiliar na melhora dos déficits descritos no caso clínico. Confira aqui a resposta ■ CONCLUSÃO As ATJs são procedimentos cirúrgicos necessários em alguns casos, especialmente, quando o tratamento conservador não é eficiente para os pacientes com doenças crônicas degenera!vas, como as OAs severas. Sabe-se que, embora a ATJ seja de grande porte e invasiva, quando o pré-operatório e o PO são bem realizados, minimizam-se os riscos e se aumentam as chances de uma recuperação plena. Iniciar a reabilitação precoce (fase hospitalar) é a forma mais eficiente, evitando complicações como déficits de flexão funcional ou extensão total do joelho. Também é necessário ressaltar ao paciente que o acompanhamento ambulatorial (fase tardia) é de extrema importância, para que se possa progredir no ganho de ADM e de FM, e que ele obtenha, assim, a independência funcional completa até o retorno aos esportes. ■ RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS A!vidade 1 Resposta: A Comentário: O grau de flexão para as respec!vas AVDs são 67° para a fase de balanço da marcha; 83° para subir degraus; 90° para descer degraus; e 93° para levantar de uma cadeira. A!vidade 2 Resposta: D Comentário: Em relação ao posicionamento do paciente subme!do à ATJ em casa, é preciso orientá-lo para que ele nunca coloque um travesseiro sob o joelho para descansar e dormir. A posição, aparentemente confortável, facilita a cicatrização rápida dos tecidos moles ao redor da prótese, retendo o joelho em flexão. Tal aderência dos tecidos pode ser di"cil de reverter, e a contratura da ar!culação em flexão pode limitar a marcha e estender o tempo de reabilitação da ATJ. A!vidade 3 Resposta: D Comentário: A quarta afirma!va é falsa porque a falta de flexibilidade nos MMII não é um indica!vo para uma ATJ, visto que não traz consequências diretas que levem à cirurgia. A!vidade 4 Resposta: B Comentário: Os casos de artrose avançada, especialmente os que não melhoram com a fisioterapia, têm grande indicação para a ATJ. A!vidade 5 Resposta: B Comentário: A afirma!va IV está incorreta porque saber qual !po de cirurgia foi feito é importante, porém não faz parte da inspeção criteriosa realizada no joelho na fase hospitalar, já que não é possível saber apenas visualizando a região afetada. A!vidade 6 Resposta: C Comentário: Os exercícios mais recomendados para o tratamento ambulatorial de ATJ na fase inicial devem ter progressão grada!va, iniciando pelos exercícios a!vo-assis!dos, a!vos e até os resis!dos, para ganho de força e de funcionalidade do paciente. A!vidade 7 Resposta: D Comentário: Na fase final da reabilitação de ATJ, deve-se focar os exercícios resis!dos, os exercícios propriocep!vos, o treino de a!vidades funcionais e a educação do paciente. A!vidade 8 Resposta: A Comentário: Sobre os cuidados que devem ser tomados na reabilitação de ATJ, deve-se evitar a deformidade em flexão, pois a contratura da ar!culação em flexão pode restringir a marcha e prolongar a reabilitação da ATJ. A!vidade 9 Resposta: B Comentário: O quadríceps, os isquio!biais e o tríceps sural devem estar alongados durante a reabilitação de ATJ, para prevenir a deformidadeem flexão do joelho e garan!r a mobilidade completa da ar!culação. A!vidade 10 Resposta: Quatro condutas importantes para auxiliar na melhora dos déficits descritos no caso clínico seriam 1) crioterapia local com saco grande de gelo em cubos ou triturado, colocado sobre a região anterior do joelho, mantendo a compressão e a elevação do membro e es!mulando a extensão dele; 2) em posição de elevação do membro inferior, realizar exercícios metabólicos e es!mular os linfonodos inguinais e poplíteos, para posterior drenagem linfá!ca manual sobre a área edemaciada; 3) realizar a eletroes!mulação neuromuscular (por exemplo, corrente russa) em quadríceps, associada à contração isométrica, para melhorar o trofismo; e 4) alongamento dos músculos posteriores da coxa e da perna, e o posicionamento de alongamento passivo prolongado com peso, para auxiliar no ganho da extensão total do joelho. Importante também orientar o paciente a não ficar em repouso no domicílio com travesseiros ou coxins sob o joelho, para evitar a perpetuação do flexo. ■ REFERÊNCIAS 1. 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(Sistema de Educação Con!nuada a Distância, v. 3). 35 17 17 17 36 37 15 37 38 39 ATIVIDADES + 40 + 41 ATIVIDADE Cadastre-se para ler o ar!go completo Já tem uma conta? Faça login Cadastrar https://portal.secad.artmed.com.br/auth/signin?returnUrl=/artigo/fisioterapia-na-artroplastia-total-de-joelho-abordagem-imediata-tardia-e-retorno-ao-esporte
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