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Gestão ambiental e responsabilidade social Para que os problemas ambientais e suas causas sejam identificados, é preciso ir além da análise e da identificação dos impactos no meio ambiente. Na sua opinião, como são identificados os problemas ambientais durante a gestão ambiental? Você acredita que os identificar é o bastante para evitá-los ou solucioná-los? É importante ressaltar que é preciso saber como a poluição ocorre e as formas disponíveis para o seu tratamento. Nesta unidade, você vai conhecer os sistemas de gestão ambiental, bem como as certificações ambientais. Além disso, vai conferir os principais processos e mecanismos de alteração no meio decorrentes das atividades antrópicas. GESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL 3G E S T Ã O A M B I E N T A L E R E S P O N S A B I L I D A D E S O C I A L Poluição ambiental e sistemas de tratamento Você já deve ter ouvido falar sobre poluição em muitos momentos. Mas você sabe explicar o conceito dessa palavra? A poluição é o resultado da utilização dos recursos naturais pela população. Você vai conferir a definição e se aprofundar mais nesse tema no decorrer deste tópico. Os efeitos da poluição podem ter caráter localizado, regional ou global, mas os mais perceptíveis são aqueles observados localmente, resultantes, normalmente, de uma grande densidade populacional e/ou industrial (BRAGA et al., 2005). Figura 1. Esgoto sendo despejado em um rio Para iniciar seus estudos com o pé direito, acesse este link ou escaneie o QR Code ao lado e assista ao vídeo sobre esta unidade. Além disso, na atividade “O que eu pensava”, aproveite para deixar suas primeiras percepções sobre a situação descrita no vídeo. COM O PÉ DIREITO Poluição: De acordo a Política Nacional do Meio Ambiente (1981, p. 5), a poluição envolve a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população, criem condições adversas às atividades sociais e econômicas, afetem desfavoravelmente a biota e as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente e lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. Glossário Dando continuidade aos seus estudos, serão abordados elementos que podem sofrer em decorrência da poluição ambiental. Os três principais são: o ar, o solo e a água. http://www.kaltura.com/tiny/0y9mp 4G E S T Ã O A M B I E N T A L E R E S P O N S A B I L I D A D E S O C I A L POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA A atmosfera é uma camada gasosa que envolve a Terra e é formada por diferentes gases. Além dos usos metabólicos naturais do ar pelo homem, pelos animais e pela vegetação e dos benefícios dos fenômenos naturais meteorológicos, outros usos importantes devem ser adicionados, como: comunicação, transporte, combustão, processos industriais e, principalmente, o emprego do ar como receptor e transportador de resíduos da atividade humana (DERISIO, 2012). Figura 2. Poluentes atmosféricos Contudo, pensando em todos os aspectos vistos até aqui, qual seria a composição da atmosfera e dos gases responsáveis pelo equilíbrio da temperatura da Terra? Acesse o ambiente virtual de aprendizagem (AVA) para explorar esse assunto. Acesse o conteúdo no AVA Ainda dentro do cenário ambiental brasileiro, o país tem meios específicos para tratar os assuntos relacionados com o meio ambiente. O Brasil tem diversas legislações e normativas para definir a gestão da qualidade do ar e o controle da poluição, como a Resolução Conama nº 3 (BRASIL, 1990) e a Resolução Conama nº 491 (BRASIL, 2018), além do Programa Nacional de Controle de Qualidade do Ar (Pronar). Nesse sentido, cabe ressaltar que existe uma classificação das áreas de qualidade do ar (BRASIL, 1885). Que tal conhecê-las agora? FOCO NA PRÁTICA Acesse o conteúdo no AVA 5G E S T Ã O A M B I E N T A L E R E S P O N S A B I L I D A D E S O C I A L Classe I Classe III Áreas de preservação, lazer e turismo em que deverá ser mantida a qualidade do ar em nível o mais próximo possível do verificado sem a intervenção antropogênica, como, por exemplo, parques nacionais e estaduais. Áreas em que o nível de deterioração da qualidade do ar seja limitado pelo padrão secundário de qualidade. Áreas de desenvolvimento em que o nível de deterioração da qualidade do ar seja limitado pelo padrão primário de qualidade, como, por exemplo, áreas industriais. Classe II Figura 4. ImplantaçãoFigura 3. Planejamento Figura 5. Início da atividade licenciada A poluição do ar é uma das principais causas de doenças e mortes prematuras e é a maior ameaça à saúde ambiental em todo o mundo. Um conjunto amplo de substâncias e poluentes atmosféricos pode poluir o ar. Os poluentes mais críticos para a proposição de medidas de controle são: “monóxido de carbono, dióxido de enxofre, substâncias orgânicas tóxicas, materiais particulados, óxidos de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis” (SPIRO; STIGLIANI, 2009, p. 153). Figura 6. Carros emitindo gases vindos do combustível Poluentes atmosféricos: De acordo com a Resolução Conama nº 3 (BRASIL, 1990, p. 1), os poluentes atmosféricos envolvem toda e qualquer forma de matéria ou energia com intensidade e em quantidade, concentração, tempo ou características em desacordo com os níveis estabelecidos em legislação e que tornem ou possam tornar o ar impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, inconveniente ao bem-estar público, danoso aos materiais, à fauna e à flora ou prejudicial à segurança, ao uso e ao gozo da propriedade e às atividades normais da comunidade. Glossário 6G E S T Ã O A M B I E N T A L E R E S P O N S A B I L I D A D E S O C I A L Você sabia que os poluentes podem ser classificados? Acesse o AVA e veja como é feita essa classificação. Além dos impactos aos componentes ambientais, os poluentes podem provocar corrosão, deterioração e perda de resistência de materiais, dano à coloração de tintas, fissuras ou trincas em paredes e degradação de couro e papel. Também é possível constatar alterações no clima. Por exemplo, em regiões urbanas com alta poluição atmosférica, é comum verificar redução de visibilidade, formação de névoa e precipitação, redução da intensidade da radiação solar e alteração da distribuição das temperaturas e do vento. Figura 7. Delhi, Índia – cidade acometida pela névoa de poluição Tratamento do ar O monitoramento da qualidade do ar é uma atribuição dos estados e do governo federal. Entretanto, ações preventivas podem auxiliar a redução da concentração de poluentes. Acesse o vídeo neste link ou escaneie o QR Code ao lado para conhecer essas ações. POLUIÇÃO DO SOLO Os solos se formam a partir da combinação de cinco fatores: clima, natureza dos organismos, material de origem, relevo e idade. Clima, natureza dos organismos, material de origem e relevo definem características que permitem identificar estágios de sucessão por meio “de sua profundidade, composição e propriedades e do que se denomina horizontes do solo” (BRAGA et al., 2005, p. 128). Figura 8. Solo poluído com substância química industrial Acesse o conteúdo no AVA https://imersys.h5p.com/content/1291774558334441987/embed 7G E S T Ã O A M B I E N T A L E R E S P O N S A B I L I D A D E S O C I A L A origem do solo está ligada à desagregação de rochas e à decomposição de restos vegetais e animais. Pode-se definir a composição do solo na seguinte proporção: 45% de elementos minerais, 25% de ar, 25% de água e 5% de matéria orgânica (BRAGA et al., 2005). Já que estamos falando sobre poluição do solo, você sabe como ocorre a sua contaminação? Acesse o AVA para visualizar o infográfico sobre esse assunto. LOGO REFLITO PENSO, O solo é um recurso básico da produção agrícola e a base material para a sobrevivência humana, podendo ser usado como filtro de poluentes. Contudo, quando a quantidade de poluentes excede a capacidade de absorção, eles podem entrar no meio ambiente e na cadeia alimentar.Dessa forma, a melhor forma de evitar a poluição dos solos é definir previamente o planejamento da ocupação de forma racional e monitorar e controlar os usos agrícolas e o lançamento de efluentes, visando ao equilíbrio ambiental. Após refletir sobre o que é o solo e como ele pode ser contaminado, você tem uma ideia de como é feito o seu tratamento? É justamente isso que você vai estudar agora. Tratamento do solo Ao abordar áreas contaminadas, devem ser definidas atividades que busquem investigar e gerenciar as causas da contaminação, contemplando as seguintes etapas: identificação, diagnóstico e intervenção. Conheça mais sobre elas a seguir. Acesse o conteúdo no AVA 8G E S T Ã O A M B I E N T A L E R E S P O N S A B I L I D A D E S O C I A L Identificação Intervenção Na etapa de identificação, é feita uma avaliação preliminar para detectar contaminações suspeitas e, onde forem constatados indícios de contaminação, é necessária uma investigação de confirmação. A etapa de diagnóstico envolve o detalhamento da análise de risco, a fim de fornecer as informações necessárias para a etapa seguinte, de intervenção. Na etapa de intervenção, são desenvolvidas ações que visam ao controle para que o perigo deixe de existir ou seja reduzido a níveis toleráveis. Também é definida a forma de monitorar a eficácia das ações elaboradas, considerando os usos atual e futuro. Diagnóstico Figura 10. Detalhamento da análiseFigura 9. Avaliação preliminar do solo Figura 11. Monitoramento das ações elaboradas Existem diferentes técnicas de remediação de áreas contaminadas, cujo objetivo é tratar, descontaminar, conter ou isolar a contaminação a fim de reduzir seus riscos toxicológicos. Essas técnicas podem ser feitas sem a necessidade de escavação, ou seja, feitas localmente (in situ) ou com escavação (ex situ). Tratamentos ex situ costumam resultar em remediações mais eficientes e uniformes em tempos mais curtos. Em contrapartida, tratamentos in situ costumam ter custos mais reduzidos. Com relação aos aspectos negativos, a necessidade de transportar solo contaminado em aplicações ex situ encarece o processo. Já nas aplicações in situ, a duração do tratamento e a baixa uniformidade na eficiência são as desvantagens. Figura 12. Análise do solo feita com a técnica in situ 9G E S T Ã O A M B I E N T A L E R E S P O N S A B I L I D A D E S O C I A L Outra classificação das formas de recuperação/tratamento é com relação ao tipo, que pode ser físico (sistemas de separação física, contenção e aquecimento), químico (aplicação de produtos para oxidação, neutralização ou remoção dos contaminantes) ou biológico (utilização de microrganismos decompositores). LOGO REFLITO PENSO, Você deve estar curioso: qual método é mais adequado? Bem, isso depende do resultado da análise do solo e de suas características, com a identificação do poluente e sua caracterização (tipos, concentração, efeitos). POLUIÇÃO HÍDRICA A água é o principal componente ambiental e o em maior abundância na biosfera. Entretanto, a sua distribuição ocorre em diferentes estados (sólido, líquido ou gasoso), e 97,2% do seu total encontram-se nos oceanos. A distribuição do total de água doce disponível é bastante heterogênea no espaço e tempo, e a maior parte encontra-se em geleiras (68,7%), seguida por água subterrânea (31,01%) e, por fim, água superficial (0,29%) (DERISIO, 2012; FUGITA, 2018). Figura 13. Poluição hídrica O Brasil ocupa uma localização privilegiada, pois tem aproximadamente 13% do total de água doce do mundo e 53% da América do Sul. No entanto, como visto, essa distribuição não é uniforme, uma vez que a região amazônica tem aproximadamente 75% do total de água disponível, e essa região corresponde a apenas 4,5% da população brasileira (FUGITA, 2018). Além da distribuição, outro ponto importante é a classificação do uso da água, visto que ela pode ser utilizada para diversas finalidades. Dessa forma, pode-se classificar os principais usos da água conforme a seguir. 1 0G E S T Ã O A M B I E N T A L E R E S P O N S A B I L I D A D E S O C I A L O uso da água nas indústrias é feito na fabricação de produto (refrigeração ou caldeira), na integração com o produto fabricado (alimentício ou bebidas) e no contato com o produto final. Isso demanda que a água tenha alta pureza. Além disso, ela pode ser utilizada em atividades complementares (higiene dos operários, limpeza de equipamentos). Abastecimento doméstico Considerado o uso mais nobre da água, envolve não somente a água utilizada para beber e para atividades residenciais (cozinhar, lavar utensílios, manter a higiene pessoal), mas também para combater incêndios e limpar ruas. Abastecimento industrial Na irrigação ou dessedentação de animais, a água é um elemento utilizado principalmente em atividades agropastoris. Irrigação e/ou dessedentação de animais Atividades de caráter social e econômico, divididas em três tipos: contato primário (natação), contato secundário (uso de barco) e contato de composição (fins paisagísticos). Recreação e lazer Apesar de não ser um uso nobre, é comum para que os efluentes líquidos sejam dispostos ao ambiente em menor concentração. Diluição de efluentes líquidos Assim como em hidrelétricas, para que a água possa gerar energia elétrica, é necessário que seja feito o represamento e sejam controlados fatores como presença de sais minerais e matéria orgânica, para evitar eutrofização. Geração de energia elétrica Cerca de 90% das cargas do mundo são transportadas pelo oceano, uma vez que essa é uma das formas de logística mais baratas. Navegação ou transporte Considerando-se o cenário brasileiro, a predominância é da agricultura (principalmente irrigação, mas também dessedentação de animais), que consume 70% do volume de água, seguida por usos industriais (20%) e uso doméstico (7%). Além disso, 3% do consumo é referente a perdas (DERISIO, 2012; FUGITA, 2018). Além dessa classificação por usos, a Resolução Conama nº 357 (BRASIL, 2005) classifica as águas em função da sua salinidade: 1 1G E S T Ã O A M B I E N T A L E R E S P O N S A B I L I D A D E S O C I A L I – águas doces: águas com salinidade igual ou inferior a 0,5 %; II – águas salobras: águas com salinidade superior a 0,5 % e inferior a 30 %; III – águas salinas: águas com salinidade igual ou superior a 30 %”. (BRASIL, 2005, p. 1) A qualidade da água natural é definida pelo conjunto de suas características físicas, biológicas, químicas e radiológicas. Ela é representada por diversos parâmetros que indicam suas características e que são determinados em campo ou por meio de ensaios laboratoriais. Acesse o AVA e veja as três classificações dos parâmetros da água: químico, físico e biológico. As fontes de poluição das águas podem ser divididas em duas categorias: pontual, a partir de lançamentos individuais, como esgoto ou efluente industrial; e difusa, que afeta diferentes locais, como chorume de resíduos ou agrotóxicos de plantações. A poluição difusa é mais difícil de identificar e controlar, tendo-se em vista a sua abrangência. Figura 14. Fontes de poluição das águas Acesse o conteúdo no AVA 1 2G E S T Ã O A M B I E N T A L E R E S P O N S A B I L I D A D E S O C I A L Térmica Biológica Provocada por empresas de siderurgia e refinaria e centrais elétricas e resultante do lançamento de efluentes em altas temperaturas, de águas residuárias ou águas de refrigeração. Resultante do lançamento de esgotos domésticos sem tratamento prévio e caracterizada pela presença de microrganismos patogênicos, principalmente bactérias, vírus e protozoários. Figura 15. Poluição térmica Figura 16. Poluição biológica Sedimentar Química Decorrente do carreamento de partículas provenientes de erosão do solo, remoção da cobertura vegetal, extração de minérios e disposição irregular de resíduos. Destinação irregular de compostos derivados de petróleo,esgoto doméstico, efluentes industriais e despejos de origem agrícola com agrotóxicos e nutrientes (e drenagem ácida de minas). Figura 17. Poluição sedimentar Figura 18. Poluição química Outra forma de se classificar a poluição hídrica é por sua origem e seus efeitos: 1 3G E S T Ã O A M B I E N T A L E R E S P O N S A B I L I D A D E S O C I A L TIRANDO A PROVA DOS NOVE Acesse o conteúdo no AVA Chegou o momento de testar os conhecimentos adquiridos até aqui. Acesse o AVA e confira a atividade. Tratamento da água As medidas preventivas para proteção das águas são de fundamental importância, devendo ser associadas a medidas de controle da poluição de forma geral, com o estabelecimento de critérios de qualidade. As medidas visam à redução dos poluentes presentes no lançamento de efluentes. O grau de tratamento para lançamento em corpo receptor deve considerar os padrões de emissão e de qualidade, que são especificados pela Resolução Conama nº 357 (MELLER et al., 2017). Figura 19. Técnico analisando água sendo tratada No que diz respeito a medidas de controle de águas contaminadas, é importante analisar e identificar quais são os parâmetros e seus limites conforme a classe de uso da água em questão. As medidas incluem implantação de sistemas que busquem automatizar o processo de monitoramento do lançamento de efluente, e podem ser divididas em internas e externas ao agente poluidor. Em geral, tais medidas têm aplicação mais concreta com relação aos despejos líquidos de origem industrial. LOGO REFLITO PENSO, Nem toda água poluída está contaminada, mas toda água contaminada está poluída. Por quê? A água poluída é aquela cujas características físicas e químicas estão modificadas, ao passo que a água contaminada é aquela que contém organismos causadores de doenças. 1 4G E S T Ã O A M B I E N T A L E R E S P O N S A B I L I D A D E S O C I A L Presente em todos os sistemas de tratamento, visa à remoção de sólidos grosseiros em suspensão e areia (gradeamento e caixa de areia). Apesar de existirem medidas, o tratamento das águas é fundamental, principalmente em se tratando de água para abastecimento humano. A definição dos processos necessários para o tratamento da água (de manancial superficial ou subterrâneo) é feita a partir dos parâmetros de qualidade da água bruta (físicos, químicos e biológicos). De maneira geral, o tratamento da água é composto de quatro categorias, descritas a seguir. Separação e remoção de sólidos sedimentáveis (decantadores e flotadores). Tratamento preliminar Tratamento primário Remoção da matéria orgânica particulada e dissolvida (reatores ou sistemas biológicos). Não é comum em todas as estações de tratamento de água (ETAs), porém busca a remoção de macronutrientes (nitrogênio e fósforo). Tratamento secundário Tratamento terciário Independentemente do sistema de controle adotado, quando tratamos de poluição hídrica, o foco é sempre manter os níveis adequados dos parâmetros relacionados com a qualidade de água nos corpos receptores do efluente. PAUSA PARA UM CAFÉ O que está achando dos conteúdos até agora? Para uma “Pausa para um café”, acesse o AVA e aperte o play para ouvir o podcast com a professora Ana Carla Fernandes Gasques e a convidada Fernanda De Oliveira Tavares. Acesse o conteúdo no AVA 1 5G E S T Ã O A M B I E N T A L E R E S P O N S A B I L I D A D E S O C I A L Programas de avaliação e auditoria ambiental Os programas ambientais, de maneira geral, têm como propósito estabelecer procedimentos e ações que reduzam a interferência sobre o meio ambiente nas fases de um empreendimento, como implantação, operação e manutenção (GARCIA, 2014). Quando esses programas enquadram suas atividades como estando a serviço do bem-estar humano, as variáveis sociais precisam ser integradas às estruturas de monitoramento e avaliação. Figura 20. Programas de avaliação ambiental Um plano de gestão ambiental (PGA), por exemplo, é solicitado durante o licenciamento ambiental, que faz parte da etapa de acompanhamento da avaliação de impacto ambiental (AIA) de atividades ou de empreendimentos e consiste em um documento técnico (IBAMA, 2020). Veja no AVA as ações realizadas para a criação de um PGA. Chegou uma das horas mais esperadas do seu estudo! Acesse este link ou escaneie o QR Code ao lado e fique de olho no professor para conhecer os principais programas de avaliação ambiental. NO PROFESSOR DE OLHO AUDITORIA AMBIENTAL A auditoria foi normatizada em 1991 a partir da criação do Strategic Advisory Group on Environment (SAGE) no domínio da Organização Internacional para Padronização (ISSO, do inglês International Standardization for Organization). Em 1994, o conceito ganhou destaque a partir da publicação de um conjunto de normas, agrupadas sob o código 14000, que abordam sistemas de gestão ambiental (SGA) (SILVA et al., 2009). Auditoria: De acordo com a Resolução Conama nº 306 (BRASIL, 2002), auditoria é o processo sistemático e documentado de verificação, executado para obter e avaliar, de forma objetiva, evidências que determinem se atividades, eventos, sistemas de gestão e condições ambientais especificados ou as informações relacionadas a estes estão em conformidade com os critérios de auditoria estabelecidos nessa Resolução, bem como para comunicar os resultados desse processo. Glossário Acesse o conteúdo no AVA http://www.kaltura.com/tiny/0l56c 1 6G E S T Ã O A M B I E N T A L E R E S P O N S A B I L I D A D E S O C I A L O desenvolvimento da auditoria ocorre a partir de análise documental e de registros, entrevistas com gestores e responsáveis, verificações do empreendimento, reuniões, avaliações, experimentos e elaboração de um relatório com observações do processo. A frequência de realização depende da importância ambiental da área envolvida e dos resultados de auditorias anteriores. As auditorias ambientais obrigatórias são chamadas de auditoria ambiental, sendo uma ação de política ambiental de caráter público. A auditoria ambiental é realizada a cada dois anos, e sua característica principal é a imposição da sua execução. Figura 21. Desenvolvimento da auditoria ambiental Antes de avançarmos, que tal conhecer um pouco mais sobre as diferenciações de auditorias? Acesse o AVA para conferir mais conteúdos. SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL Um sistema de gestão ambiental (SGA) se constitui “em um conjunto de procedimentos sistematizados que são desenvolvidos para que as questões ambientais sejam integradas à administração global de um empreendimento” (BRAGA et al., 2005, p. 305). Sistema de gestão ambiental: Parte do sistema de gestão global que inclui estrutura organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a política ambiental da instalação. Glossário A implementação do SGA a partir do que é estabelecido pela ISO permite que a organização obtenha certificação, desde que passe por uma auditoria por órgão certificador. A certificação não é obrigatória, e as empresas podem aproveitar as vantagens resultantes da aplicação da norma sem passar por auditoria de certificação. Figura 22. Amplitude da avaliação de impactos ambientais (AIA) Acesse o conteúdo no AVA Com base nos conceitos apresentados, a auditoria pode ser definida como a ferramenta que possibilita uma avaliação metódica, recorrente, documentada e objetiva dos sistemas de gestão e da performance de equipamentos de uma empresa para controlar as ações que impactam o meio ambiente. 1 7G E S T Ã O A M B I E N T A L E R E S P O N S A B I L I D A D E S O C I A L No entanto, para boa parte das organizações, a certificação é uma demanda de mercado, ou seja, é requisito no mercado competitivo, tendo-se em vista que comprova o empenho da empresa com ações sustentáveis e padronização internacional de gestão ambiental. Além disso, ela permite aconexão com os outros sistemas de gestão já praticados pela organização ou que se deseja praticar, como, por exemplo, o sistema de gestão da qualidade (estabelecido pela ISO 9001) (CIESP, 2015). O SGA permite que uma organização monitore e mapeie seus riscos, produzindo, como resultado, medidas para mitigação de impactos. Além disso, ele permite a inclusão de um olhar sistêmico para os aspectos ambientais. O SGA não é um ato, e sim um processo, e deve ser dinâmico, pois será avaliado contínua e periodicamente para conferência dos objetivos e metas definidos, bem como do alcance e da efetividade das medidas propostas. A melhoria contínua trabalhada no SGA é pautada no ciclo PDCA, que você vai conferir em detalhes diretamente no AVA. Busca fixar as ações que direcionam aspectos gerenciais. Por isso, é o conjunto de intenções da alta direção sobre a temática envolvida. Precisa estar escrita em linguagem clara e de fácil entendimento. Política ambiental Com base no que é definido como política ambiental, são analisados os aspectos ambientais, identificados os requisitos legais e outros requisitos pertinentes e definidos os objetivos, metas e programas. Planejamento Nessa fase, definem-se recursos, funções, responsabilidades e autoridades, ações para competência, treinamento e conscientização, critérios de comunicação, documentação e controle de documento e controle operacional. Além disso, é importante estabelecer a preparação e a resposta à emergência, caso seja necessário. Implementação e operação Analisam-se os resultados alcançados pelas fases anteriores a partir das seguintes fases: monitoração e controle, avaliação do atendimento aos requisitos legais e de outros requisitos e análise de não conformidades. No caso de não conformidades, deve-se propor ações corretivas e preventivas, controlar os registros e, por fim, definir auditorias internas. Verificação Esse requisito tem por finalidade promover a revisão dos resultados obtidos no SGA e estabelecer o planejamento do próximo ciclo, visando à melhoria ambiental contínua. Análise pela administração Acesse o conteúdo no AVA A primeira etapa para implantar um SGA é o comprometimento da alta administração da organização a partir da formalização. Após essa etapa, o SGA pode ser estruturado a partir de cinco requisitos rumo à melhoria contínua. A seguir, confira quais são esses requisitos. 1 8G E S T Ã O A M B I E N T A L E R E S P O N S A B I L I D A D E S O C I A L TIRANDO A PROVA DOS NOVE Acesse o conteúdo no AVA Pronto para mais um teste sobre os seus conhecimentos até aqui? Acesse o AVA e tire a prova dos nove. É fundamental que você compreenda que esses princípios são norteadores do processo de implantação do SGA e são baseados no ciclo PDCA. Além disso, outro ponto em destaque é que as normas ISO vêm passando por constantes alterações. A versão mais recente da ISO 14001, de 2015, complementa esses requisitos, pois busca estabelecer a mesma estrutura para todos os sistemas de gestão. Em relação à estrutura, o que mudou é a definição de um padrão desenvolvido por dez tópicos: Figura 23. Implantação do SGA 1 9G E S T Ã O A M B I E N T A L E R E S P O N S A B I L I D A D E S O C I A L Após ter percorrido toda essa jornada de estudos, chegou a hora de refletir sobre tudo o que você viu durante esta unidade. Acesse o AVA e vamos lá! SE LIGA! Que tal algumas dicas que complementarão os seus estudos e tudo o que você viu nesta unidade? Confira a seguir. Fatores relacionados com a maturidade do sistema de gestão ambiental de empresas industriais brasileiras Este artigo avaliou os fatores relacionados com o nível de maturidade do sistema de gestão ambiental (SGA) de empresas industriais brasileiras. Os três principais fatores são: ter Certificação ISO 14001, participar do mercado de carbono e divulgar suas informações. Classificação das águas Quer saber mais sobre a classificação das águas? Leia a Resolução Conama nº 357 na íntegra. Indicadores de efetividade da gestão dos resíduos da construção civil. Estudo de caso: município de São José dos Campos/SP Este artigo se propôs a determinar e validar variáveis para um conjunto de indicadores de efetividade de gestão de RCC e, por meio deles, avaliar a gestão dos RCC no município de São José dos Campos a partir de uma pesquisa aplicada com dados quanti-qualitativos. Acesse aqui > Acesse aqui > Acesse aqui > Você chegou ao final de mais uma unidade, parabéns! Aproveite o conteúdo estudado para aplicar em situações do dia a dia e para ir em busca de novos conhecimentos para se aprofundar na temática de meio ambiente e sustentabilidade. Nos vemos na próxima etapa. Até lá! Acesse o conteúdo no AVA EU PENSO O QUE Acesse o conteúdo no AVA https://www.scielo.br/j/rae/a/jKBXBKtFQ8XWxYNJfRRJLFQ/?format=pdf&lang=pt http://pnqa.ana.gov.br/Publicacao/RESOLUCAO_CONAMA_n_357.pdf https://www.scielo.br/j/esa/a/8kgsbY7VqqRzYxrP3mSZ6qn/?lang=pt 2 0G E S T Ã O A M B I E N T A L E R E S P O N S A B I L I D A D E S O C I A L ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14000, 14001, 14004:2004 – Sistema de gestão ambiental. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14001:2015 – Sistema de gestão ambiental. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14010, 14011, 14012, 14014, 14015:2004 – auditoria ambiental. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. BRAGA, B. et al. Introdução à engenharia ambiental: o desafio do desenvolvimento sustentável. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução Conama nº 005, de 15 de junho de 1989. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, p. 15.048, 30 ago. 1989. Disponível em: https://www.ufjf.br/baccan/files/2012/11/Resolucao_005_CONAMA_de_1989-PRONAR.pdf. Acesso em: 14 set. 2022. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução Conama nº 293, de 12 de dezembro de 2001. Dispõe sobre o conteúdo mínimo do Plano de Emergência Individual para incidentes de poluição por óleo originados em portos organizados, instalações portuárias ou terminais, dutos, plataformas, bem como suas respectivas instalações de apoio, e orienta a sua elaboração. Diário Oficial da União, seção 1, Brasília, DF, 5 fev. 2001. Disponível em: https://www.icmbio.gov.br/cepsul/images/stories/legislacao/ Resolucao/2001/res_conama_293_2001_revgd_planoemergenciaparaincidentespoluicaoporoleo_ revgd_res_398_2008.pdf. Acesso em: 27 set. 2022. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução Conama nº 306, de 5 de julho de 2002. Estabelece os requisitos mínimos e o termo de referência para realização de auditorias ambientais. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, n. 138, p. 75-76, 19 jul. 2002. Disponível em: https:// www.legisweb.com.br/legislacao/?id=98306. Acesso em: 27 set. 2022. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução Conama nº 3, de 28 de junho de 1990. Dispõe sobre os padrões de qualidade do ar, previstos no Pronar. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, p. 15937-15939, 22 ago. 1990. Disponível em: http://www.ibama.gov.br/sophia/cnia/ legislacao/MMA/RE0003-280690.PDF. Acesso em: 27 set. 2022. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução Conama nº 491, de 19 de novembro de 2018. Dispõe sobre os padrões de qualidade do ar. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, n. 223, p. 155, 21 nov. 2018. 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