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Títulos de crédito em espécie

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08/03/2023, 15:14 Títulos de crédito em espécie
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04448/index.html# 1/45
Títulos de crédito em espécie
Prof. Alexandre Assumpção
Descrição
O conceito e as características dos títulos de crédito e o estudo de alguns títulos de crédito típicos ou
nominados.
Propósito
A compreensão das particularidades dos títulos de crédito e dos atos de emissão, circulação, garantia e
pagamento do título de crédito é imprescindível para a atuação do advogado no mercado de crédito e para
defesa em juízo na propositura e defesa em ações de cobrança.
Preparação
Tenha em mãos o Código Civil e o Decreto 57.663/66.
Objetivos
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Módulo 1
Letra de câmbio e nota promissória
Reconhecer o conceito de título de crédito, identificando letra de câmbio e nota promissória.
Módulo 2
Cheque e duplicata
Identificar a normativa aplicável ao cheque e à duplicata.
Introdução
Os títulos de crédito se inserem na categoria maior dos documentos de crédito, como cartões de crédito,
cartões de débito, vales, cheques de viagem e cupons de desconto. Mas o que diferencia os títulos de
crédito desses outros documentos é a disciplina legal própria e, sobretudo, as características ou atributos
especiais que eles possuem.
Tais características imprimem ao título de crédito uma segurança ímpar na sua emissão e na sua
circulação, protegendo o terceiro de boa-fé que o recebe. Outro diferencial é a solidariedade entre os
devedores perante o credor (original ou derivado), possibilitando a cobrança da quantia ou da prestação
nele descrita de todos os envolvidos na “cadeia cambiária”, desde o emitente até o último portador anterior
ao atual.
A maior finalidade dos títulos de crédito é proporcionar uma rápida e eficiente captação do crédito e sua
circulação, permitindo a utilização de capital durante certo prazo.

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1 - Letra de câmbio e nota promissória
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer o conceito de título de crédito,
identi�cando letra de câmbio e nota promissória.
Títulos de crédito: conceito e características
O conceito legal de título de crédito está contido no art. 887 do Código Civil, mas o Código Civil não dispõe
sobre os títulos de crédito em espécie, que são tratados por leis especiais, sem um sistema codificado. A
letra de câmbio e a nota promissória, por exemplo, são disciplinadas pelo Decreto 57.663/66 (Anexo I),
conhecido como Lei Uniforme de Genebra (LUG) e, subsidiariamente, pelo Decreto 2.044/08 e, em caso de
omissão em ambas, pelo Código Civil, como lei geral em matéria cambiária.
Coube ao Código Civil fixar apenas regras gerais sobre os títulos de crédito, resguardando as disposições de
leis especiais quando dispuserem contrariamente ao Código (art. 903). Retomando o conceito de título de
crédito, o art. 887 o define como:
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Documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido.
(Art. 887, Código Civil)
Complementando que a eficácia do documento como título de crédito depende do cumprimento dos
requisitos legais, ou seja, daqueles instituídos por cada lei especial que regular o título típico.
Quanto à exigência na parte final, trata-se do formalismo dos títulos de crédito, que também almeja dar ao
credor segurança na utilização do documento. Ainda que as partes possam inserir outras indicações ou
palavras, há uma padronização em cada título de crédito em relação aos requisitos mínimos (data de
emissão, assinatura do emitente), de modo que se possa identificar se o documento respeita a esse
formalismo pela simples conferência de seu conteúdo com os requisitos que se encontram enumerados na
lei especial.
Do conceito legal, a doutrina extrai três características ou atributos que distinguem os títulos de crédito de
outros documentos:

Cartularidade

Literalidade

Autonomia
Vejamos, agora, cada um desses atributos.
Cartularidade
De acordo com essa característica, o título é um documento necessário ao exercício do direito de crédito,
pois esse está contido ou incorporado ao documento. Com isso, é necessário ao portador, para exercer seu
direito de cobrar a prestação do devedor, apresentar o documento a ele e, também, para exercer atos como
a apresentação do título a protesto ou em juízo.
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Desse modo, a apresentação do título legitima o portador a exercer os direitos de crédito contidos no
documento. A perda, extravio ou destruição do documento trará consequências negativas para o portador,
eis que seu direito acompanha o documento, não existe autonomamente.
Literalidade
O direito cartular, ou seja, emergente do papel, do documento, é também literal. Isso significa que o
conteúdo das informações e declarações contidos no título tem valor e deve ser respeitado pelo credor
originário e portadores subsequentes. A literalidade representa uma segurança jurídica para o credor e para
o devedor, pois os termos contidos no título é que serão observados em uma cobrança futura.
Exemplo
Se o título tem o valor de dez mil reais, pagável em 30 de setembro de 2022, na praça de Niterói/RJ, todos
esses dados devem ser considerados na cobrança, não se admitindo interpretação extensiva ou
analógica. A dívida, tempo e lugar de pagamento são aqueles indicados no título.
Se o credor transmitiu o título a outrem e indicou que não se responsabiliza pelo pagamento (transmissão
sem garantia), tal ressalva deve constar do título e tem valor pleno, sendo uma aplicação do atributo da
literalidade.
Autonomia
A terceira característica é apontada pela doutrina como a mais importante para a credibilidade dos títulos
de crédito e para obtenção e circulação de recursos, com segurança. Trata-se da autonomia das obrigações
contidas no título, também chamadas de obrigações cambiárias.
O direito emergente do título de crédito, além de literal, é autônomo em relação ao direito de outros
signatários. Cada pessoa que assina o título, pessoalmente ou por mandatário, responde de forma
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independente perante o credor, ocupando a posição de devedores solidários por força de lei, ou seja, não
precisa ser convencionada a solidariedade entre eles.
Com isso, a nulidade da obrigação de um signatário não se estende para as demais obrigações, mesmo que
estas sejam obrigações acessórias.
Letra de câmbio
A letra de câmbio é uma ordem de pagamento em dinheiro, à vista ou a prazo, dada pelo credor (sacador) ao
devedor (sacado) em favor do primeiro ou de terceiro beneficiário (tomador ou portador). A razão da
emissão da letra de câmbio é a existência, tão somente, de um crédito preexistente, sem necessidade de
celebração de um contrato específico ou da juntada de certo documento. Por isso, o título é abstrato e
independente.
O sacador assina a letra de câmbio (ato cambiário denominado saque) após preencher os dados essenciais
(obrigatórios) e a apresenta – pessoalmente ou através de procurador – ao sacado para que este verifique
os termos dela e, caso os acate, lance sua assinatura no anverso do documento, ato cambiário denominado
aceite, que vincula o aceitante ao título e se torna devedor principal pelo pagamento. Se o título for sacado
ou emitido em favor de terceiro, a apresentação ao aceite pode ser feita por este, pelo sacador ou por
mandatário.
Como título de crédito, a letra de câmbio deve respeitar o formalismo (art. 887 do Código Civil), no sentido
de que o documento (cartular ou eletrônico) deveconter os requisitos essenciais ou de forma, também
chamados de requisitos extrínsecos por se referirem ao documento e não à obrigação cambiária (requisitos
intrínsecos).
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O art. 1º do anexo I do Decreto nº 57.663/66 (BRASIL, 1966) traz estes requisitos:
1. a palavra "letra" inserta no próprio texto do título é expressa na língua empregada para a redação desse
título;
2. o “mandato” puro e simples de pagar uma quantia determinada;
3. o nome daquele que deve pagar (sacado);
4. a época do pagamento;
5. a indicação do lugar em que se deve efetuar o pagamento;
6. o nome da pessoa a quem ou a ordem de quem deve ser paga;
7. a indicação da data em que a letra é passada (emitida);
8. a indicação do lugar onde a letra é passada (emitida);
9. a assinatura de quem passa a letra (sacador).
Lei Uniforme de Genebra e as reservas do governo
brasileiro
Embora a legislação básica sobre letra de câmbio e nota promissória seja o Decreto 57.663/66, que
promulgou a Convenção de Genebra para adoção de uma lei uniforme, o governo brasileiro adotou a
Convenção com reservas a determinados artigos do Anexo II (artigos 2º, 3º, 5º, 6º, 7º, 9º, 10, 13, 15, 16, 17,
19 e 20). Com isso, não está totalmente revogada a legislação anterior, ou seja, o Decreto 2.044/1908
persiste em vigor em todos os dispositivos cujo conteúdo não está contemplado na Convenção (artigos 48,
49 e 50) e nos artigos da Convenção que foram objeto de reserva para afastá-los do ordenamento (art. 20,
diante da reserva no Anexo II ao art. 38 da LUG). Cabe, portanto, a necessária conciliação entre a LUG e o
Decreto 2.044, a partir do exame detalhado de cada uma das reservas do Anexo II.
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As modalidades de vencimento na letra de câmbio
O artigo 33 da LUG enumera quatro modalidades de vencimento da letra de câmbio, porém a data de
vencimento deve ser única. É nula a letra de câmbio que tenha mais de uma modalidade de vencimento ou
modalidades sucessivas.
A indicação da data de vencimento é facultativa (artigo 2º), pois se presume sacada à vista. O vencimento à
vista significa que o pagamento pode ser exigido imediatamente após a emissão, desde que seja um dia útil
(cf. o art. 72 da LUG). Não obstante, o portador deve apresentar a letra sacada à vista a pagamento até 1
ano da data de sua emissão (art. 34 da LUG).
O prazo legal pode ser flexibilizado (aumentado ou reduzido) nas condições fixadas pelo próprio artigo. O
desrespeito ao prazo legal ou convencional para apresentação da letra à vista a pagamento acarreta a perda
do direito de ação do portador em face do sacador e de eventuais devedores solidários, como endossantes
e avalistas (cf. o art. 53 da LUG).
As demais modalidades de vencimento são:
Dia certo
Dia, mês e ano fixados.
Certo termo de data
Termo inicial contado da data de emissão.
Certo termo de vista
Termo inicial contado da data do aceite ou, na sua ausência, da data do protesto.
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Todas elas devem expressamente ser indicadas.
A circulação da letra de câmbio
Transmissão do título e do crédito
O artigo 11 da LUG trata da circulação da letra de câmbio, estabelecendo regra flexível. A circulação
(transmissão do título e do crédito) pode ser feita por endosso ou por cessão de crédito.
Endosso
Pode constar do título a cláusula ou expressão “à ordem”.
Cessão de crédito
Deve constar a cláusula ou expressão “não à ordem” ou equivalente proibitiva de endosso.
Se não foi indicado o modo de circulação, será à ordem por presunção. Quem determina a forma de
circulação é o sacador, pois é ele quem emite o título.
Além da transmissão por endosso ou por cessão de crédito, a letra de câmbio pode ser transmitida com
outras finalidades sem que haja transferência do crédito. Trata-se das hipóteses de endosso mandato
(artigo 18) e endosso caução (artigo 19), quando, respectivamente, a finalidade é constituir um mandato
para a cobrança em nome do credor ou dar o crédito em garantia de uma obrigação perante terceiro.
A transmissão por endosso (título à ordem) se distingue daquela por cessão (título
não à ordem), tanto na forma como é feita quanto em relação aos efeitos.
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Para a validade do endosso, basta a assinatura do transmitente (endossante) no verso do título ou em uma
folha ligada a ele, como prolongamento de seu conteúdo (artigo 13). Contudo, é possível que o endosso
contenha outras informações além da assinatura, que são dispensáveis para a sua validade.
Exemplo
O nome do beneficiário e novo credor (endossatário) pode ser indicado pelo endossante, sendo tal
expediente denominado endosso em preto, em oposição ao endosso em branco quando o título é
transferido sem essa indicação, circulando ao portador (cf. art. 14). Também o endossante pode inserir a
cláusula “sem garantia” pela qual não se obriga pelo aceite e pelo pagamento ou proibir que o endossatário
realize um novo endosso (art. 15). Quando o endosso contiver alguma indicação ou cláusula, poderá ser
lançada no verso ou anverso.
A cessão de crédito (título não à ordem) segue a regulamentação do Código Civil (artigos 286 a 298). Para
ser eficaz em relação a terceiros, a cessão deve ser feita por documento próprio, público ou particular nos
termos do artigo 288, incidindo um formalismo ausente no endosso.
Em relação aos efeitos, há uma diferença substancial entre o endosso e a cessão que torna o primeiro
instituto muito mais seguro e melhor para quem recebe o título.
Endosso
É aplicado o atributo (ou característica) da abstração, de modo que não podem ser opostas pelo
devedor exceções pessoais, salvo má-fé do portador ou vício de forma (extrínseco).
Cessão de crédito
Na cessão, ao contrário, o devedor pode opor ao cessionário as exceções pessoais que tiver, bem
como as que, quando teve conhecimento da cessão, tinha contra o cedente (artigo 294).
Com isso, no endosso, as defesas do devedor em juízo são muito limitadas, proporcionando maior
possibilidade de realização do crédito (cf. artigo 17 da LUG).
O endosso também dispensa a notificação do devedor para sua eficácia, mas deve ser total (integral) sob
pena de nulidade (cf. art. 12) e torna o endossante coobrigado pelo aceite e pelo pagamento, salvo cláusula
sem garantia. O oposto ocorre na cessão, que: deve ser notificada ao devedor para ser eficaz em relação a

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ele (artigo 290); pode incidir ou não sobre parcela do crédito e os acessórios (artigo 287); e não obriga o
cedente pelo pagamento, salvo cláusula em contrário (artigo 296).
A garantia ao pagamento da letra de câmbio – aval
Ainda que os signatários da letra de câmbio (sacador, aceitante ou endossante) respondam de forma
solidária perante o portador e sem benefício de ordem entre eles (art. 47 da LUG), é possível que qualquer
devedor cambiário possa indicar uma pessoa para garantir sua obrigação em caso de inadimplemento de
qualquer dos devedores cambiários.
Esta garantia pessoal e facultativa, prestada por um terceiro ou mesmo por um dos
devedores cambiários, é denominada de aval, sendo um ato cambiário acessório na
letra, como o aceite e o endosso.
É possível que a obrigação cambiária seja garantida, ao mesmo tempo, por mais de um aval, quando se
verifica a figura do coavalista ou avalista simultâneo, caso em que cada um responderá pela quota-parte da
obrigação total em eventual ação de regresso de qualquer deles contra os demais, como preceitua o art.
283 do Código Civil.
O aval na letra decâmbio é regulado nos arts. 30, 31 e 32 da LUG, sendo aplicadas, subsidiariamente, as
disposições do Código Civil quando não conflitarem com as da LUG.
Atenção!
Questão importante é a vedação do aval parcial (o avalista garante parte do valor do título e informa este
valor ao prestar seu aval) pelo artigo 897, parágrafo único, do Código Civil. Ao contrário, o artigo 30 da LUG
admite que o pagamento da letra de câmbio pode ser garantido, no todo ou em parte, por aval. Em razão do
critério da especialidade (a LUG é lei especial quando confrontada com o Código Civil), não deve ser
aplicada a vedação ao aval parcial – cf. o artigo 903 do Código Civil.
Embora a função do aval seja a garantia ao pagamento, o instituto não se confunde com a fiança. Esta é um
contrato acessório e tem efeitos distintos do aval, pois a obrigação do fiador perante o credor admite
benefício de ordem e o fiador pode opor ao credor as exceções pessoais que competem ao afiançado (arts.
827 e 837 do Código Civil). O aval, a seu turno, muito melhor e mais seguro para o credor, é uma obrigação
decorrente de ato unilateral de vontade, sendo autônoma em relação a do avalizado. Logo, as exceções ao
pagamento que o avalizado pode opor ao portador não são extensivas ao avalista (cf. o art. 32 da LUG).
A LUG é omissa quanto à possibilidade de o aval ser prestado após o vencimento. Tal lacuna é suprida pelo
artigo 900 do Código Civil, que admite tal prática e não conflita com nenhum dispositivo da LUG, sendo uma
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hipótese de aplicação supletiva.
O aval, tal qual o endosso, deve ser lançado no título ou no anexo (alongamento), tendo validade apenas
com a assinatura do avalista, desde que seja dada no anverso, ao contrário do endosso que é lançado no
verso (art. 31). O nome do avalizado (devedor cuja obrigação é garantida pelo avalista) pode ou não ser
indicado.
Havendo indicação (aval em preto), o avalizado é equiparado para efeitos cambiários ao avalista (art. 32);
caso contrário (aval em branco), a LUG determina que essa equiparação seja em relação ao sacador (art.
31).
O avalista que realizar o pagamento ao portador (beneficiário original, endossatário ou devedor que tenha
pagado) tem direito de regresso perante o avalizado e seus garantes, se houver (art. 32). Com isso, se o
avalista de um endossante tiver honrado o pagamento, poderá exigir o valor pago e os acréscimos legais
(art. 49 da LUG) do endossante (avalizado), do sacador e do aceitante, pois todos são devedores solidários.
O pagamento da letra de câmbio
Liquidação e ação por falta de pagamento
O pagamento da letra de câmbio a prazo deve ser feito a partir da data do vencimento, quando a obrigação
se torna exigível, e da letra de câmbio à vista a qualquer tempo, observada para essa modalidade a restrição
do art. 34 da LUG. Todavia, se o sacado não der seu aceite no título (falta ou recusa), haverá o vencimento
antecipado desde que seja apresentado para protesto no prazo fixado (cf. arts. 43 e 44).
A ação de cobrança pode ter como fundamento:

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A falta de pagamento (após o vencimento).

A falta/recusa de aceite (antes do vencimento).
Todavia, é preciso uma providência do portador, como já advertido – a apresentação a protesto por falta de
aceite no prazo do artigo 44 (antes do vencimento e após o término do prazo de apresentação). Na falta de
respeito a este prazo, o portador perderá seu direito de ação em face do sacador, dos endossantes e dos
avalistas (cf. art. 53). Esta consequência é grave e importantíssima, pois como o título não foi aceito, todos
os signatários que poderiam realizar o pagamento ficam desonerados com a inércia do portador em
observar o prazo de apresentação a protesto.
No caso de falta de pagamento, a reserva feita ao art. 5º do Anexo II da LUG afasta a aplicação do art. 38 da
LUG, atraindo em seu lugar o art. 20 do Decreto 2.044/1908. Com isso, o título deve ser apresentado ao
sacado (título à vista) ou ao aceitante (título a prazo) no mesmo dia do vencimento, exceto se não for dia
útil, sob pena de perder o portador o direito de regresso contra o sacador, endossadores e avalistas.
Comentário
Percebe-se que a mesma consequência da hipótese de falta de aceite ocorre na falta de pagamento, ou
seja, o ato deve ser praticado dentro do prazo. Contudo, se o título tiver sido aceito, o portador mantém seu
direito de ação em face do aceitante, ainda que a apresentação a pagamento tenha sido realizada depois do
dia do vencimento (cf. art. 53 da LUG).
Ocorrendo a falta de pagamento também há necessidade da apresentação a protesto e dentro do prazo do
art. 28 do Decreto 2.044/1908, em razão da reserva ao art. 9º do Anexo II da LUG.
A finalidade do protesto por falta de pagamento não é antecipar o vencimento, mas
permitir ao portador exercer seu direito de ação em face dos coobrigados (sacador,
endossante e avalistas).
A conjugação das medidas necessárias para a cobrança da letra de câmbio em caso de falta de aceite e de
falta de pagamento pode ocorrer quando o sacado der aceite parcial no título, medida autorizada pelo art.
26 da LUG. Nesse caso, o valor que foi aceito pelo aceitante só pode ser exigido a partir da data do
vencimento e, em caso de não pagamento, é necessário que o portador leve a letra de câmbio a protesto
para conservar seu direito de ação em face dos coobrigados (sacador, endossante e respectivos avalistas).
Para o valor não aceito, considerado recusado, o procedimento deve ser aquele descrito para a ação por
falta de aceite, ou seja, levar o título a protesto por falta de aceite, antecipando o vencimento (art. 43) e
acionando, de imediato, os coobrigados para satisfação ao credor deste valor.
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Prazo prescricional
Mesmo que o portador reúna as condições para a cobrança de todos os obrigados cambiários, é preciso
que seja intentada a ação de cobrança nos prazos prescricionais previstos para poder manter a
solidariedade cambiária. A cobrança da letra de câmbio é feita mediante ação de execução, estando tal
previsão contida no art. 49 do Decreto 2.044/1908. Em complemento, o art. 784, I, do Código de Processo
Civil inclui a letra de câmbio na relação de títulos executivos extrajudiciais.
Os prazos prescricionais previstos no art. 52 do Decreto 2.044/1908, com a promulgação da LUG em 1966,
foram tacitamente revogados. Atualmente, estão dispostos no art. 70 da LUG e são os seguintes:
Em razão da equiparação do avalista ao avalizado pelo art. 32 da LUG, os prazos prescricionais do art. 70
fixados para o avalizado são os mesmos para seu avalista. Assim, o prazo das ações em face do avalista do
aceitante é de 3 anos; de 1 ano em face do avalista de um coobrigado e 6 meses do avalista de um
coobrigado em face do avalista de um outro coobrigado.
3 anos, contados da data do vencimento, em todas as ações em face do aceitante, seja uma
ação direta, seja uma ação de regresso.
1 ano, contado da data do vencimento, se constar no título cláusula que dispensa o portador
de levá-lo a protesto em caso de falta de aceite ou de falta de pagamento (cláusula sem
protesto ou sem despesas, art. 46 da LUG), ou 1 ano, contado da data do protesto, nas ações
do portador em face do sacador e do endossante.
6 meses, contados da data do pagamento ou da data em que o pagador foi acionado, nas
ações de regresso de um coobrigado em face de outro.
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Verificada a prescrição da ação de cobrança ou ação cambial, ainda assim será possível a cobrança da letra
de câmbio, contudo não mais através de uma ação de execução,já que a prescrição extingue a pretensão à
cobrança do título por esta via. A LUG é omissa quanto a essa ação subsidiária, mas dá liberdade a cada
estado de discipliná-la em seu território (art. 15 do Anexo II). Nesse sentido, é possível a propositura da
ação de locupletamento ou de enriquecimento sem causa, após o decurso do prazo prescricional da ação
cambial, apenas em face do sacador ou do aceitante como dispõe o art. 48 do Decreto 2.044/1908.
Nota promissória
Principais aspectos da nota promissória
Confira a seguir alguns aspectos desse documento.
A nota promissória também é um título de crédito, à vista ou a prazo, pagável em dinheiro, porém emitido
pelo devedor e não pelo credor. É uma promessa de pagamento, em vez de ordem de pagamento. Do próprio
nome legal, já se percebe sua finalidade – documento (“nota”) que encerra uma promessa de pagamento do
devedor perante seu credor, mas passível de transferência a terceiro.
Tal qual a letra de câmbio, é um título abstrato em relação à causa de sua emissão e independente em
relação a ela. Assim, é facultativa a vinculação da nota promissória a qualquer contrato ou negócio
específico, como também não é requisito de validade a menção a algum documento no título.

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A legislação da nota promissória é a mesma aplicável à letra de câmbio: os arts. 75 a 78 do Anexo I da LUG
(Decreto 57.663/66); as disposições do Anexo I referentes à letra de câmbio aplicáveis à nota promissória
por força do art. 77, com exceção dos dispositivos objeto de reserva excludente, ou seja, aquelas reservas
que afastam a norma convencional e aplicam a norma interna – Decreto 2.044/1908; subsidiariamente, o
Decreto 2.044/1908; e o Código Civil.
Tal qual a letra de câmbio, a nota promissória é título formal, ou seja, também tem seus requisitos
essenciais, sem os quais o título não tem validade (confira os art. 75 e 76 do Anexo I da LUG).
Os requisitos essenciais são os seguintes: denominação "nota promissória" inserta no próprio texto do título
e expressa na língua empregada para a redação desse título; a promessa pura e simples de pagar uma
quantia determinada; a época do pagamento; a indicação do lugar em que se deve efetuar o pagamento; o
nome da pessoa a quem ou a ordem de quem deve ser paga; a indicação da data em que a nota promissória
é passada (emitida); a indicação do lugar onde a nota promissória é passada (emitida); a assinatura de
quem passa a nota promissória (subscritor).
Sobre esses requisitos, cabe comentar:
O nome do título não pode estar em outro documento, e sim no próprio espaço para inserção dos dados
do título, de modo ostensivo. Em razão da reserva ao art. 19 do Anexo II da LUG, não é admitida a
substituição do nome “nota promissória” por outro ou sua eliminação.
A nota promissória incorpora uma promessa incondicional de pagamento do emitente ou subscritor ao
beneficiário ou tomador, sendo a prestação adimplida em dinheiro (quantia), não se permitindo índice ou
valor ilíquido.
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A época do pagamento, embora conste como requisito essencial, na verdade é suprível. O art. 76
determina que o escrito não será nota promissória se faltar algum dos requisitos do art. 75, mas ressalva
a possibilidade de ausência da época do pagamento, que se presumirá à vista, observando-se o mesmo
prazo do art. 34 para apresentação a pagamento.
O lugar do pagamento é outro requisito suprível (cf. art. 76), presumindo-se em caso de omissão que será
feito no domicílio do subscritor.
O nome do beneficiário ou da pessoa a quem deva ser paga (caso tenha havido transmissão), é requisito
essencial, logo não seria válido o título emitido ao portador. Todavia, o art. 10 da LUG (aplicável à nota
promissória por força do art. 77) admite a possibilidade de o título estar incompleto na emissão, impondo
seu preenchimento com base nos acordos entre o emitente e o beneficiário e com base na boa-fé.
A data de emissão (dia, mês e ano) é requisito essencial, tanto na nota promissória como nos títulos de
crédito em geral (cf. art. 889, caput, do Código Civil).
O lugar de emissão, ao contrário, pode ser suprido, considerando-se emitido o título no domicílio do
subscritor (art. 76 da LUG).
A assinatura do emitente ou do subscritor pode ser substituída pela assinatura de um mandatário, pois o
artigo 8º do Anexo I permite que uma pessoa assine a letra de câmbio como representante de uma
pessoa, e tal disposição é aplicável à nota promissória (cf. art. 77).
Aplicação de institutos da letra de câmbio à nota
promissória
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Embora a estrutura da nota promissória (promessa de pagamento) seja diferente da letra de câmbio (ordem
de pagamento), haja vista que não há apresentação ao aceite para vincular o sacado ao título, pois o
emitente é o próprio devedor que fica obrigado já no ato da emissão, o art. 77 da LUG determina a aplicação
às notas promissórias, na parte em que não sejam contrárias à natureza deste título, as disposições
concernentes a: endosso (arts. 11 a 20); vencimento (arts. 33 a 37); pagamento (arts. 38 a 42); direito de
ação por falta de pagamento (arts. 43 a 50 e 52 a 54); pagamento por intervenção (arts. 55 e 59 a 63);
cópias (arts. 67 e 68); alterações (art. 69); prescrição (arts. 70 e 71); dias feriados, contagem de prazos e
interdição de dias de perdão (arts. 72 a 74); letras pagáveis no domicílio de terceiros ou numa localidade
diversa da do domicílio do sacado (arts. 4º e 27); a estipulação de juros (art. 5º); as divergências das
indicações da quantia a pagar (art. 6º); as consequências da aposição de uma assinatura nas condições
indicadas no art. 7º; as da assinatura de uma pessoa que age sem poderes ou excedendo os seus poderes
(art. 8º) e a letra em branco (art. 10); aval (arts. 30 a 32) – no caso previsto na última alínea do art. 31, se o
aval não indicar a pessoa por quem é dado entender-se-á ser pelo subscritor da nota promissória.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Para que haja validade da letra de câmbio tanto entre as partes quanto em relação a terceiros, é preciso
contemplar todos os requisitos extrínsecos ou de forma. Assinale a única alternativa que indica um
requisito essencial ou de forma:
A Lugar de pagamento
B Época do pagamento
C Lugar de emissão
D Data de emissão
E Assinatura do aceitante
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Parabéns! A alternativa D está correta.
De acordo com o art. 1º do Anexo I do Decreto 57.663/66, a letra de câmbio deve indicar a data em que
é passada.
Questão 2
Sobre a nota promissória, seus requisitos e conceituação, marque a alternativa correta:
Parabéns! A alternativa E está correta.
Conforme art. 889, caput, do Código Civil, a data de emissão é um requisito insuprível para sua validade.
A A nota promissória não é considerada um título de crédito.
B É um título subordinado à causa de sua emissão e dependente em relação a ela.
C Considerando a época do pagamento um requisito essencial, é insuprível.
D O lugar de emissão não pode ser suprido.
E A data de emissão (dia, mês e ano) é requisito essencial, não podendo ser suprimido.
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2 - Cheque e duplicata
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car a normativa aplicável ao cheque e à
duplicata.
Cheque
Muita gente acha que o cheque é um meio de pagamentoem desuso crescente. Há, inclusive, pesquisas
que demonstram que ele vem perdendo importância e uso nos últimos anos por causa dos cartões e
demais meios de pagamento digitais. Mas isso não quer dizer que o cheque possa ser deixado de lado. Não
saber como utilizar as diversas modalidades dessa ordem de pagamento é passar vergonha. E aí, cabe a
você decidir se vai demonstrar desconhecimento, como se diz atualmente, no débito ou no crédito.
O cheque é uma ordem de pagamento em dinheiro, dada pelo sacador ao sacado em favor do primeiro ou
de terceiros.
A diferença mais importante em relação à letra de câmbio é o pagamento do
cheque ser sempre na modalidade à vista, considerando-se não escrita menção em
sentido contrário para efeito de apresentação a pagamento.
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Por isso, não há menção à época do pagamento nos requisitos essenciais e não essenciais do cheque.
Outra diferença é que a única apresentação será o pagamento, não havendo apresentação ao aceite nem
esse ato cambiário. Por fim, as figuras cambiárias do sacador e do sacado são determinadas. O sacador é
sempre uma pessoa natural ou jurídica que mantém uma conta corrente de depósitos em dinheiro, e à vista,
em instituição financeira autorizada pelo Banco Central do Brasil. Além disso, deve estar autorizado em
razão de contrato prévio a emitir cheques para movimentação dos recursos existentes na conta, estando o
crédito no cheque relacionado aos fundos disponíveis em conta corrente. O sacado deve ser sempre um
banco ou uma instituição financeira equiparada pelo Banco Central a manter contas de depósito à vista
movimentáveis por meio de cheques, sob pena de invalidade do título (confira os arts. 3º, 4º, 6º e 32 da Lei
7.357/85).
A legislação sobre cheque é a Lei 7.357/1985, com aplicação subsidiária, e o que for compatível nas
disposições do Código Civil. Os requisitos essenciais estão dispostos no art. 1º da Lei 7.357/85, que deve
ser articulado ao art. 2º, onde estão os não essenciais.
I. a denominação ‘’cheque’’ inscrita no contexto do título e expressa na língua em que este é redigido;
II. a ordem incondicional de pagar quantia determinada;
III. o nome do banco ou da instituição financeira que deve pagar (sacado);
IV. a indicação do lugar de pagamento;
V. a indicação da data e do lugar de emissão;
VI. a assinatura do emitente (sacador), ou de seu mandatário com poderes especiais.
Quanto à ordem incondicional (mandado de pagamento), o cheque é idêntico à letra de câmbio. O terceiro
requisito (essencial) é uma particularidade deste título, sendo o sacado apenas banco (art. 3º). O lugar de
pagamento não é requisito essencial de acordo com o artigo 2º, I, que estabelece as presunções para supri-
lo, sendo a primeira e principal delas o lugar designado junto ao nome do sacado.
A data de emissão é um requisito essencial, mas pode ser completada se feita de boa-fé pelo portador e até
a apresentação a pagamento, nos termos do art. 16. O lugar de emissão é o segundo e último requisito não
essencial, sendo suprido em caso de omissão no título pelo lugar indicado junto ao nome do emitente. O
último requisito essencial é a assinatura do sacador (correntista da conta bancária) ou seu mandatário com
poderes especiais.
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O art. 1º, parágrafo único, autoriza que a assinatura autografa do emitente ou a de seu mandatário com
poderes especiais possa ser constituída por chancela mecânica ou processo equivalente. Não se trata de
uma assinatura digital ou eletrônica, pois o cheque é sempre um documento escrito que segue modelo
padronizado pelo Banco Central do Brasil (cf. art. 69 da Lei 7.357/85).
Atenção!
Frisa-se que o cheque, como título de crédito, é documento formal, pois o título a que falte qualquer dos
requisitos enumerados no artigo 1º e não seja ressalvado pelo artigo 2º não vale como cheque.
Também é um documento que incorpora direito autônomo, pois as obrigações contraídas no cheque são
autônomas e independentes. Por conseguinte, a assinatura de pessoa capaz cria obrigações para o
signatário, mesmo que o cheque contenha assinatura de pessoas incapazes de se obrigar por cheque, ou
assinaturas falsas, ou assinaturas de pessoas fictícias, ou assinaturas que, por qualquer outra razão, não
poderiam obrigar as pessoas que assinaram o cheque, ou em nome das quais ele foi assinado (art. 13).
A operacionalização ou modus operandi do cheque é muito parecida com o da letra de câmbio à vista, com
as peculiaridades do fato de o sacado ser banco e o sacador correntista:
O emitente ou o mandatário com poderes especiais preenche o cheque e o assina
(saque), sem prejuízo de seu conteúdo ser completado com os requisitos
essenciais.
O beneficiário pode ser o próprio emitente, terceiro indicado no título (cheque nominal) ou o portador (art.
8º). Vale como cheque ao portador o que não contém indicação do beneficiário e o emitido em favor de
pessoa nomeada com a cláusula “ao portador’’, ou expressão equivalente. Embora o inciso III do artigo 8º
não tenha qualquer restrição quanto ao valor do cheque ao portador, o artigo 69 da Lei 9.069/95 veda a
emissão, pagamento e compensação de cheque de valor superior a cem reais. O cheque será apresentado
ao sacado no prazo legal (ou até a prescrição) para que seja liquidado, sendo possível, alternativamente, a
apresentação a uma câmara de compensação (art. 34).
Espécies de cheque previstas na Lei 7.357/85
Cheque visado
Tem este nome em razão da aposição de visto ou declaração equivalente no seu verso pelo sacado pagador
(art. 7º).
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Tanto o emitente quanto o portador podem pedir ao sacado que lancem o visto, mas o cheque não pode
ainda ter sido endossado e deve estar nominal. A finalidade do visto é declarar ao beneficiário que a quantia
foi debitada da conta-corrente do emitente em favor do primeiro e está à sua disposição durante o prazo de
apresentação (cf. art. 33).
Assim, este cheque traz a garantia do sacado de que o valor foi reservado temporariamente para ser pago
mediante apresentação. Caso o cheque não seja apresentado no prazo legal, o visto perde seu efeito e o
cheque passa a ser comum, sendo o valor creditado na conta do emitente (art. 7º, § 2º).
Cheque administrativo
Também é conhecido como cheque bancário pelo fato de ter um banco como sacador e outro como
sacado. É fruto do uso comercial, tendo sido autorizada sua emissão em 1934 pelo Decreto 24.777 e,
posteriormente, foi incorporado à legislação sobre cheque. A Lei 7.357/85 refere-se a esse cheque no artigo
9º, III, como o cheque emitido “contra o próprio banco sacador”, pois o sacador e o sacado são bancos, ao
contrário do cheque comum, onde apenas o sacado é banco. É sempre nominal e só pode ser pago
mediante compensação pelo banco sacado. Ele é preenchido pelo banco sacador por solicitação do
correntista, que deve ter a quantia indicada no cheque disponível na conta. Assim, o sacador, embora seja
responsável pelo pagamento (cf. art. 15), não estará, na verdade, disponibilizando os recursos para
pagamento (não é uma operação de crédito), e sim o correntista, que não é obrigado cambiário nesse
cheque.
Proporciona segurança para o beneficiário porque:

Traz a obrigação cambiária do banco sacador.
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Não pode deixar de ser pago, pois os fundos já estão disponíveis em sua emissão e devem ser
mantidos até o pagamento.
Cheque cruzado
O cheque cruzado (art. 44) guarda grande semelhança com o cheque a ser creditado em conta (art. 46). É
identificado pela presença de dois traços paralelos colocadosem seu anverso, podendo ser mediante
carimbo ou à mão. Os traços podem ser feitos na horizontal, vertical ou transversalmente, desde que sejam
paralelos, pelo emitente ou portador.
O efeito do cruzamento é restringir as opções que o portador/beneficiário tem para apresentação a
pagamento. No cheque comum (sem cruzamento), a apresentação pode ser feita no estabelecimento
sacado ou mediante compensação bancária. No cheque cruzado, o pagamento será apenas mediante
compensação e crédito em conta do valor (art. 45).
A lei distingue no artigo 44, § 1º, o cruzamento em geral e especial.
Não possui nenhuma indicação do banco entre os traços paralelos. Nota-se que os traços paralelos
aparecem na transversal (mas poderiam ser na vertical ou na horizontal) sem texto entre eles.
Também é considerado geral o cruzamento quando é inserida apenas a palavra “Banco” entre os
traços. O efeito é apenas impedir o pagamento em espécie, mantida a possibilidade de a
compensação ser feita para crédito em conta de qualquer banco. No cruzamento especial, é
indicado o nome do banco entre os traços paralelos, significando que o cheque, além de precisar ser
Cruzamento geral 
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compensado, somente poderá ter seu valor creditado numa conta-corrente existente no banco
indicado, sem opção para o depositante de escolha de outro.
O cruzamento geral pode ser convertido em especial, ou seja, o emitente ou o portador pode inserir o
nome do sacado no espaço entre os traços paralelos até o momento da apresentação a pagamento,
mas, após a inserção, o cruzamento especial não pode ser desfeito e sua inutilização é considerada
como não existente (cf. o art. 45, §§ 2º e 3º).
O cheque com cláusula “para ser creditado em conta”, previsto no art. 46 da Lei 7.357/85, indica que
não é possível o pagamento do valor em espécie. A cláusula pode ser inserida tanto pelo portador
quanto pelo emitente, mas deve conter inscrição transversal no anverso do título e indicar o nome do
sacado e a conta onde o valor será creditado. Essa é a diferença substancial do cheque para ser
creditado em conta do cheque cruzado, além da forma de inserção no documento. Logo, não há
escolha para qual conta o valor será creditado ou da instituição financeira em que será depositado
(ambas permitidas no cruzamento geral ou especial). O sacado que realizar a compensação deverá
fazer o lançamento contábil a débito da conta do emitente e a crédito da conta do beneficiário de
acordo com a literalidade da indicação, isto é, o banco, agência e conta de depósito. A inutilização da
cláusula, liberando o cheque para pagamento em dinheiro ou depósito do valor em qualquer conta, é
considerada não existente pelo artigo 46, § 1º.
Especial e pós-datado
Não têm previsão na lei do cheque. O cheque especial apenas se diferencia do comum quanto aos fundos
disponíveis para pagamento, mantendo as obrigações para os signatários, requisitos formais, circulação,
prazos de apresentação e prescrição. No cheque especial, os fundos disponíveis para efeito de pagamento
pelo sacado compreendem o saldo dos créditos constantes de conta corrente bancária à vista, ou seja,
disponíveis para movimentação e não subordinados a termo, bem como a soma proveniente de abertura de
crédito que o sacado outorgou ao sacador (cf. o art. 4º, § 2º). Caso alguma parcela do valor creditado seja
utilizada para o pagamento do cheque, sobre ela incidirão os juros remuneratórios e taxas do mútuo
realizado, além do imposto sobre operações financeiras (IOF).
Saiba mais
Cruzamento especial 
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O cheque pós-datado (conhecido pela denominação equivocada de “pré-datado”) surgiu do uso comercial de
ajustar no documento ou fora dele que a apresentação a pagamento não se faça de imediato, e sim em data
futura.
É válido entre as partes que pactuaram o acordo, criando para quem estipulou o dever de não apresentar o
cheque antes do dia indicado no cheque ou em documento, ou ainda verbalmente e a responsabilidade em
caso de descumprimento. Nesse sentido, a jurisprudência se consolidou quanto ao cabimento de
indenização para o prejudicado em caso de desrespeito à data convencionada, caracterizando dano moral
(Súmula 370 do STJ). A indenização por dano moral é devida pelo apresentante que agir dolosamente
sabendo que a data ainda não foi atingida. Em nenhuma hipótese, o sacado poderá ser responsabilizado
caso venha a realizar o pagamento “antecipado”, pois o cheque apresentado para pagamento antes do dia
indicado como data de emissão é pagável no dia da apresentação (art. 32, parágrafo único).
Circulação, aval e pagamento do cheque
A regra quanto à circulação do cheque é idêntica à da letra de câmbio, inclusive em relação à nulidade do
endosso parcial, às regras de lançamento do endosso e seus efeitos. Cabe ao emitente definir se a
circulação será por endosso (à ordem) ou pela forma e efeito de cessão de crédito (cláusula não à ordem
expressa) e, em caso de omissão, a circulação será presumidamente por endosso (cf. art. 17). Sendo
endossável, em razão da abstração do direito cartular, ao endossatário de boa-fé não podem ser opostas as
exceções pessoais que o emitente tem em relação ao beneficiário ou outros signatários ou portadores
anteriores do título (cf. art. 25 da Lei 7.357/85).
Destaca-se como peculiaridades do endosso do cheque:
A proibição do endosso do sacado – que deverá retirar o cheque de circulação após seu
pagamento.
A limitação do efeito do endosso ao sacado, que também o impede de reendossar, pois tem
efeito legal de quitação (cf. art. 18, §§ 1º e 2º).
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O cheque também admite o ato cambiário do aval, disposto nos arts. 29 a 31 da Lei 7.357/85, que
praticamente reproduz as mesmas disposições dos arts. 30 a 32 da LUG, exceto quanto à vedação do aval
sacado, pois sua função no cheque é apenas acatar a ordem de pagamento emanada do emitente na
existência de fundos disponíveis no ato de apresentação, não podendo se obrigar como aceitante (art. 6º),
endossante (art. 18, § 1º) ou avalista (art. 29).
Em síntese, observam-se as seguintes regras:
Ao contrário do previsto no Código Civil (art. 920) e na LUG (art. 20), o endosso do cheque, se
realizado após sua apresentação ao sacado e devolução ou após a expiração do prazo de
apresentação, tem efeito de cessão de crédito, sem responsabilidade para o endossante,
salvo estipulação em contrário (cf. art. 27 da Lei 7.357/85).
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O cheque pode ser apresentado a pagamento a partir do ato de sua emissão, por se tratar de título à vista.
Qualquer fixação de prazo para o pagamento é considerada não estrita para efeitos cambiários (art. 32),
mas são admitidas obrigações entre as partes na hipótese de pós-datação do cheque.
Tal qual ocorre na letra de câmbio, o portador do cheque deverá observar o prazo de apresentação ao
sacado, sob pena de perder seu direito de ação (ação executiva) em face dos coobrigados (endossantes e
seus avalistas). Esse prazo é bem menor do que na letra de câmbio e não pode ser ampliado ou reduzido. O
prazo de apresentação a pagamento, previsto no art. 33, está associado à identidade ou não entre o lugar de
emissão e o de pagamento. Se o lugar for o mesmo, a apresentação deve ser feita em até trinta dias da data
O aval pode ser total ou parcial, sendo o avalista um terceiro ou um obrigado cambiário.
O lançamento da assinatura do avalista pode ocorrer no verso ou anverso desde que possa
ser identificada como aval, do contrário deve ser no anverso.
Sendo o aval prestado em branco, o avalizado será o emitente.O avalista se obriga da mesma maneira que o avaliado, de modo que o avalista do emitente é
obrigado principal e o do endossante, coobrigado.
A obrigação do avalista é autônoma em relação à do avalizado, sendo ambos solidários pelo
pagamento perante o portador (cf. art. 51) e, se o avalista efetuar o pagamento, adquire todos
os direitos dele resultantes contra o avalizado e contra os obrigados para com este.
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de emissão, do contrário o prazo é de sessenta dias. O cheque não perde sua validade caso não seja
apresentado no prazo legal, pois o art. 35, parágrafo único, admite que o sacado possa realizar seu
pagamento até a prescrição, salvo se tiver sido dada contraordem, instituto que será tratado adiante.
Atenção!
No momento da apresentação, cabe ao sacado verificar a existência dos fundos e sua disponibilidade, bem
como conferir a autenticidade da assinatura do emitente e do documento, sendo possível adiar a realização
do pagamento em caso de suspeita de irregularidades (art. 41). Se o pagamento de cheque for feito
indevidamente, a lei responsabiliza o banco sacado pelo pagamento do cheque falso, falsificado ou
alterado, salvo dolo ou culpa do correntista, do endossante ou do beneficiário, dos quais poderá, no todo ou
em parte, reaver a quantia que pagou (cf. art. 39, parágrafo único).
Embora a ordem incondicional de pagar quantia determinada seja requisito essencial (ou de forma) do
cheque, é possível que o emitente do cheque possa revogá-la emitindo contraordem, que deve ser dada por
escrito em documento separado, ou até mesmo por via judicial ou extrajudicial (art. 35).
A contraordem impede o pagamento do cheque em definitivo e, como tal, deve ser justificada pelo emitente
ao sacado, sendo vedado a ele realizar o pagamento. Entretanto, a ordem de revogação só produzirá efeito
após o término do prazo de apresentação (art. 35, parágrafo único), caso a medida seja requerida ao sacado
ainda nesse prazo. Para evitar que o cheque seja liquidado contra a vontade do emitente, ele ou o portador
legitimado poderão, ainda no prazo de apresentação ou após, dirigir ao sacado oposição, que consiste em
ordem de sustação do pagamento.
A medida também deve ser feita por escrito com as razões para o pedido, que devem ser relevantes (art.
36). Entretanto, mesmo com a força do preceito legal, não cabe ao sacado julgar da relevância da razão
invocada pelo oponente, acatando a ordem incontinenti. A sustação, ao contrário da contraordem, pode ser
levantada, tornando o cheque apto a ser pago pelo sacado. Exatamente pelo efeito precário ou temporário, a
oposição do emitente e a revogação ou contraordem se excluem reciprocamente, como dispõe o artigo 36,
§ 1º.
Ação por falta de pagamento, protesto e prescrição do
cheque
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Em razão de o cheque não admitir aceite, a única ação de cobrança do crédito é motivada na falta de
pagamento. A princípio, todos os signatários (emitente, endossante(s) e avalista(s)) são solidariamente
responsáveis perante o portador ou beneficiário, sem benefício de ordem entre eles (art. 51, §§ 1º e 2º).
Todavia, o artigo 47, II, estabelece condições para a cobrança em face dos coobrigados. São elas:
(i)
Ter sido o cheque apresentado dentro do prazo do art. 33.
(ii)
A recusa de pagamento estar comprovada pelo protesto ou por declaração do sacado, escrita e datada
sobre o cheque, com indicação do dia de apresentação, ou, ainda, por declaração escrita e datada por
câmara de compensação.
O protesto do cheque não é necessário para a cobrança dos coobrigados, ao contrário do que ocorre na
letra de câmbio, pois a lei admite que o ato seja suprido pela declaração do sacado ou da câmara de
compensação (cf. art. 47, § 1º). Não obstante, não há impedimento para o portador levar o cheque a
protesto, devendo observar, dentre outras, as seguintes exigências previstas no art. 48: o protesto deve ser
feito no lugar de pagamento ou do domicílio do emitente, antes da expiração do prazo de apresentação. Se
esta ocorrer no último dia do prazo, o protesto pode ser feito no primeiro dia útil seguinte; a entrega do
cheque para protesto deve ser prenotada em livro especial e o protesto lavrado no prazo de três dias úteis a
contar do recebimento do título; o instrumento do protesto deverá ser datado e assinado pelo tabelião
competente e conterá todos os requisitos previstos no art. 48, § 2º; o instrumento de protesto, depois de
registrado em livro próprio, será entregue ao portador legitimado ou àquele que houver efetuado o
pagamento. Se o cheque for pago depois de ter sido protestado, o registro do protesto pode ser cancelado,
a pedido de qualquer interessado, mediante arquivamento de cópia autenticada da quitação que contenha
perfeita identificação do título.
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A ação por falta de pagamento é uma ação de execução, como prevê o artigo 47,
que indica os devedores legitimados (cf. também o art. 784, I, do CPC).
A pretensão à execução do cheque pelo seu portador prescreve nos prazos do art. 59. Em relação ao
emitente e seu avalista, o prazo é de seis meses. A ação de execução pode ser proposta mesmo que o
cheque não tenha sido apresentado no prazo do art. 33, mas o termo inicial não é a data da apresentação
ao sacado, e sim a expiração do prazo legal de apresentação (art. 59). Com isso, um cheque cujos lugares
de emissão e de pagamento sejam os mesmos deverá ser apresentado em até 30 dias de sua emissão e,
somente a partir do final desse prazo, começará a correr a prescrição de seis meses. Se o cheque for
apresentado depois do prazo legal, o portador deverá propor a ação no tempo que restar para a prescrição.
Com fundamento nos arts. 35, parágrafo único, 47, I, e 59, da Lei 7.357/85, o emitente poderá ser
demandado na ação de execução, mesmo que o cheque tenha sido apresentado após o prazo do art. 33. A
respeito, consulte a seguinte Súmula:
Cabe ação executiva contra o emitente e seus avalistas, ainda que não apresentado o
cheque ao sacado no prazo legal, desde que não prescrita a ação cambiária.
(Súmula 600, STF)
A ação de execução do portador em face dos coobrigados também prescreve no prazo de seis meses e
com o mesmo termo inicial. A diferença substancial é que o direito de ação está condicionado à
apresentação do cheque a pagamento dentro do prazo do art. 33, como já advertido. Com base no art. 59,
parágrafo único, a ação regressiva de um coobrigado contra outro prescreve em seis meses, contados do
dia em que o obrigado pagou o cheque ou do dia em que foi demandado, mesmo prazo do art. 70 da LUG.
Após a ocorrência da prescrição da ação de execução, ainda será possível a cobrança do cheque através da
propositura da ação de locupletamento, à semelhança do que ocorre com a letra de câmbio. Entretanto, dois
aspectos distintivos devem ser destacados:

A ação de locupletamento para cobrança do cheque pode ser ajuizada em face do emitente ou de outros
obrigados que, comprovadamente, enriqueceram injustamente com o não pagamento e a prescrição da
pretensão à execução.
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
O prazo prescricional não segue a regra geral do Código Civil para as ações de enriquecimento sem causa
(art. 206, § 3º, IV) em razão da previsão de prazo diverso no art. 61 da Lei 7.357/85 – a pretensão ao
ressarcimento prescreve em dois anos, contados do dia em que se consumar a prescrição.
A Lei 7.357/85 prevê uma terceira ação para a cobrança do cheque. Trata-se da ação causal prevista no art.
62, que tem como pressuposto a emissão do cheque ou sua transmissão para pagamento pro solvendo,isto
é, sem novação do crédito anterior. Se as partes convencionarem que a emissão do cheque será em caráter
pro soluto, não será possível a ação causal em razão da extinção da obrigação subjacente e independência
do cheque em relação a ela. A ação causal não é uma ação cambial e, portanto, não está sujeita aos prazos
prescricionais da Lei 7.357/85.
Duplicata
A duplicata é um título bastante semelhante à letra de câmbio em termos conceituais, pois é uma ordem de
pagamento em dinheiro à vista ou a prazo dada pelo sacador ao sacado. A característica mais importante
da duplicata – e que a diferencia da letra de câmbio – é o fato de ser um título causal e dependente,
atributos opostos aos da primeira. A emissão da duplicata tem como causa a existência de um crédito
proveniente da realização de uma venda ou da prestação de um serviço. Por conseguinte, o emitente da
duplicata será o vendedor ou o prestador de serviço e o sacado (devedor) será o comprador ou o tomador
do serviço.
A duplicata é o título de crédito atrelado a esse contrato, sendo beneficiário o próprio sacador. A
denominação duplicata releva que o título é a cópia de outro documento, no caso, a fatura. Por isso, a
validade da duplicata está atrelada à fatura, cujo número de ordem deverá ser indicado, sendo por essa
razão um título de crédito dependente.
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Em 1936, surgiu nova regulamentação sobre a duplicata com a Lei 187, revogada posteriormente pela lei
atual – Lei 5.474/68. Entretanto, em 1967, foi ampliada a utilização da duplicata nas vendas a prazo de
quaisquer bens de natureza agrícola, extrativa ou pastoril, quando efetuadas diretamente por produtores
rurais ou por suas cooperativas, pelo Decreto-lei 167, que instituiu a duplicata rural (art. 46). Para a cobrança
de crédito decorrente de prestação de serviços, foi instituída a duplicata de prestação de serviços pelo
artigo 4º do Decreto-lei 265, diploma revogado no ano seguinte pela lei de duplicatas vigente.
A Lei 5.474/68 regulamenta tanto a duplicata de venda quanto a de prestação de
serviços, caso sejam emitidas em forma cartular, ou seja, documento físico. A
emissão de duplicata em forma escritural (documento eletrônico) é regulada pela
Lei 13.775/2018, com aplicação subsidiária da Lei 5.474/68.
Dispõe o artigo 2º da Lei 5.474/68 que, no ato da emissão da fatura, dela poderá ser extraída pelo vendedor
uma duplicata para circulação como efeito comercial. Nota-se a dependência da duplicata da fatura, mas é
possível a emissão de fatura sem duplicata. Como forma de impor a utilização de duplicatas pelos
comerciantes, a lei inovou ao proibir que o vendedor se utilize de qualquer outra espécie de título de crédito
para documentar o saque pela importância faturada ao comprador.
O valor total da fatura pode ser representado em apenas uma duplicata para pagamento único ou parcelado,
bem como o vendedor poderá sacar uma duplicata distinta para cada parcela da dívida. Todavia, é
expressamente vedado que uma duplicata corresponda a mais de uma fatura (art. 2º, § 2º).
Saiba mais
Até a entrada em vigor do Código Civil, em 2003, a utilização de duplicata era restrita ao contrato de compra
e venda mercantil (art. 1º da Lei 5.474/68), sendo implicitamente vedada na compra e venda civil, ou seja,
aquela em que nenhuma das partes é comerciante ou a coisa vendida não se destina a revenda ou aluguel.
O Código Civil unificou os dois contratos e revogou, em seu art. 2.045, toda a Parte Primeira do Código
Comercial. Assim sendo, não existe mais a duplicata de “venda mercantil” em razão da extinção desse
contrato; atualmente, denomina-se tal duplicata de duplicata de venda.
Apresentação da duplicata para aceite
O art. 6º dispõe sobre o envio da duplicata ao sacado para que ele possa verificar seus termos e, se estiver
de acordo, aceitá-la. Tal qual ocorre na letra de câmbio, não há apresentação a aceite na duplicata com
vencimento à vista (cf. art. 7º). Nessa situação, o sacador, pessoalmente ou através de procurador ou
correspondente, fará a apresentação a pagamento ao sacado. Tratando-se de duplicata a dia certo (a prazo),
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sua remessa poderá ser feita pelo próprio sacador ou por seus representantes; por intermédio de
instituições financeiras, procuradores ou correspondentes.
O lugar da apresentação a aceite é o mesmo de pagamento (requisito essencial -
art. 2º, § 1º, VI), onde deverá ser tirado qualquer protesto do título, sendo também
um dos foros competentes para a ação de cobrança (art. 17).
Caso a apresentação seja feita por terceiros, esses poderão devolvê-la ao sacador, depois de assinada pelo
aceitante, ou conservá-la em seu poder até o vencimento, segundo as instruções recebidas. O prazo para
apresentação da duplicata varia de acordo com a pessoa incumbida de sua apresentação ao sacado: sendo
a apresentação feita pelo sacador ou seu representante o prazo para remessa é de 30 dias, contado da data
de sua emissão (art. 6º, § 1º); sendo feita por terceiro (instituição financeira, procurador ou correspondente),
dentro de 10 dias, contados da data de seu recebimento na praça de pagamento (art. 6º, § 2º).
Se durante a remessa ou a devolução ao sacador houver perda ou extravio da duplicata original, ele é
obrigado a extrair triplicata (segunda via da duplicata), que terá os mesmos efeitos e requisitos e obedecerá
às mesmas formalidades (art. 23).
Aceite, recusa e retenção da duplicata
Uma vez apresentada a duplicata ao sacado para aceite, o art. 7º, caput, estabelece o prazo de 10 dias para
sua devolução ao apresentante. A duplicata deverá ser devolvida assinada ou acompanhada de declaração,
por escrito, contendo as razões da falta do aceite. Não está autorizada, a princípio, a retenção da duplicata,
mesmo que tenha sido aceita.
Excepcionalmente e com a expressa concordância da instituição financeira, o sacado poderá reter a
duplicata em seu poder até a data do vencimento, desde que comunique, por escrito, à apresentante o
aceite e a retenção (art. 7º, § 1º).
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Atenção!
Tal “aceite por comunicação” é uma exceção ao atributo da literalidade do título de crédito, haja vista que
não foi lançado na duplicata. A comunicação de aceite ao apresentante substituirá, no ato do protesto ou na
execução judicial, a duplicata a que se refere (art. 7º, § 1º).
Em caso de retenção não autorizada pelo sacado da duplicata, é cabível o protesto por falta de devolução,
autorizado pelo art. 13, caput, da Lei 5.474/68. Para fins de protesto, serão informados ao tabelião, com
vista à intimação do devedor, os dados do portador da duplicata (art. 13, § 4º). A Lei 9.492/97 (Lei de
Protestos) também trata dessa modalidade de protesto, dispondo em seu art. 21, § 3º, que, quando o
sacado retiver a duplicata enviada para aceite e não proceder à devolução dentro do prazo legal (10 dias), o
protesto poderá ser baseado nas indicações da duplicata, que se limitarão a conter os mesmos requisitos
lançados pelo sacador ao tempo da emissão da duplicata.
A recusa ao aceite pelo sacado nem sempre é ilegítima, pois o art. 8º (para a duplicata de venda) e o art. 21
(para a duplicata de serviços) enumeram razões relevantes que autorizam a recusa.
Para deixar de aceitar a duplicata de venda
Avaria ou não recebimento das mercadorias, quando não expedidas ou não entregues por sua conta e risco;
vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade das mercadorias, devidamente comprovados;
divergência nos prazos ou nos preços ajustados.
Para deixar de aceitar a duplicata de prestação de serviços
Não correspondência com os serviços efetivamente contratados; vícios ou defeitos na qualidade dosserviços prestados, devidamente comprovados; divergência nos prazos ou nos preços ajustados.
O efeito da recusa legítima e ilegítima da duplicata pelo sacado será analisado no tópico sobre a ação de
cobrança.
Circulação, aval e pagamento da duplicata
A Lei 5.474/68 não traz regras sobre a circulação da duplicata, à exceção da obrigatoriedade da cláusula à
ordem (art. 2º, § 1º, VII). A omissão é proposital, tendo em vista a disposição do artigo 25, que determina a
aplicação à duplicata e à triplicata, no que couber, dos dispositivos da legislação sobre emissão, circulação
e pagamento das letras de câmbio. Portanto, as regras da LUG quanto ao lançamento do endosso (art. 13),
vedação ao endosso parcial (art. 12), endosso ao sacado (art. 11), responsabilidade do endossante e
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proibição de novo endosso (art. 15), endosso em branco (art. 14), cadeia de endossos (art. 16),
inoponibilidade de exceções pessoais (art. 17), endosso-mandato (art. 18), endosso-caução (art. 19) e
endosso póstumo (art. 20) são aplicáveis às duplicatas.
Comentário
Uma observação importante deve ser feita quanto à aplicação da duplicata do endosso sem garantia,
previsto no art. 15 da LUG. Na eventualidade de o sacador, que será sempre o 1º endossante, se exonerar da
responsabilidade pelo aceite e pagamento com o endosso, tal cláusula não afastará sua responsabilidade
perante o portador, só que na condição de sacador. Isso porque o art. 9º da LUG, inserido na seção que trata
da emissão da letra de câmbio, considera não escrita a cláusula exoneratória da responsabilidade pelo
pagamento. Sendo as obrigações cambiárias independentes, a cláusula sem garantia não aproveita a
cláusula sem garantia ao saque, expressamente vedada.
As regras da LUG sobre o pagamento da letra de câmbio também incidem sobre a duplicata, acrescidas das
disposições especiais do art. 11 da Lei 5.474/68. A duplicata a prazo pode ter seu vencimento alterado (ou
reformado) mediante declaração em documento separado com referência ao título ou nela escrita. Em
ambos os casos, além da indicação do novo vencimento, a prorrogação deve ser assinada pelo vendedor
(não havendo endosso) ou pelo endossatário, ou por representante destas pessoas com poderes especiais.
O parágrafo único do art. 11 adverte que a reforma ou prorrogação, para manter a coobrigação dos demais
intervenientes por endosso ou aval, requer a anuência expressa destes. Logo, sem a anuência, haverá a
desoneração cambiária do coobrigado.
Em relação ao aval, as disposições da Lei 5.474/68 são muito semelhantes às da LUG, mas destacam-se
algumas peculiaridades:
Omissão quanto à possibilidade de aval parcial, fazendo incidir sua proibição por aplicação
dos arts. 903 e 897, parágrafo único, do Código Civil).
Se o aval for em branco, o avalizado será a pessoa abaixo de cuja firma o avalista lançar a sua
e, fora desses casos, será o comprador (sacado).
Previsão do aval póstumo, ou seja, aquele dado posteriormente ao vencimento, que produzirá
os mesmos efeitos do prestado anteriormente.
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Ação de cobrança, protesto e prescrição da duplicata
A ação de cobrança da duplicata de venda e da duplicata de prestação de serviço é a ação de execução por
quantia certa, como prevê o art. 15 da Lei 5.474/68. No mesmo sentido, o CPC ao arrolar os títulos
executivos extrajudiciais inclui a duplicata no inciso I do art. 784.
A ação de execução poderá ser proposta contra um ou contra todos os coobrigados, sem observância da
ordem em que figurem no título – tal qual ocorre na ação cambial – e os coobrigados respondem
solidariamente pelo aceite e pelo pagamento (cf. art. 18, §§ 1º e 2º).
Entretanto, o cabimento ou não da cobrança mediante ação de execução tem suas nuances conforme a
duplicata esteja ou não aceita, tenha ou não sido protestada ou o sacado tenha ou não comprovadamente
recusado o aceite de forma legítima.
Aceita
A cobrança do portador em face do aceitante é direta, sendo facultativo o protesto por falta de pagamento
(art. 15, I). Também é desnecessária a prova da entrega da mercadoria, embora o aceitante possa invocar
tal fato como exceção pessoal ao sacador, mas não ao endossatário.
Não aceita
Há que se averiguar se o sacado comprovou algum dos motivos previstos no art. 8º ou 21. Em caso
positivo, de acordo com o art. 16, não caberá a execução da duplicata, mas poderá o portador se valer da
cobrança pelo procedimento comum (art. 318 do CPC) ou através da ação monitória (art. 700, I, do CPC)
para ilidir as razões do sacado para a recusa ao aceite.
Não tendo razão relevante para deixar de aceitar a duplicata ou não tendo êxito na comprovação, caberá a
ação de execução em face do sacado. Não obstante, é preciso que o portador preencha os requisitos
cumulativos do art. 15, II, que são: estar a duplicata protestada por falta de aceite, antes do vencimento, ou
por falta de pagamento, após o vencimento (cf. art. 21, § 2º, da Lei nº 9.492/97); prova da entrega e do
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recebimento da mercadoria ou da prestação do serviço, que pode ser feita através de documentos ou por
meio eletrônico; não ter o sacado comprovadamente recusado o aceite por razão relevante.
Nota-se um dado importantíssimo na comparação da legitimidade passiva na ação de cobrança da
duplicata com a ação cambial. Veja:
Ação cambial
Não pode ser proposta em face do sacado, pois a falta de aceite não o vincula ao título.
Duplicata
É possível responsabilizar o sacado pelo pagamento.
Esta responsabilização citada na duplicata não tem fundamento no direito cambiário e não representa
exceção ao atributo da literalidade. O fundamento reside na causalidade da emissão da duplicata, cujo
crédito tem origem num contrato sinalagmático perfeito, isto é, a compra e venda ou prestação de serviço.
Dessa forma, o vendedor (ou o beneficiário à ordem) poderá responsabilizar o sacado pelo não aceite – e
não pagamento futuro – provando através do protesto o fato jurídico da recusa imotivada, o cumprimento
da obrigação por parte do vendedor/prestador do serviço e a ilegalidade da conduta do sacado, que “só
poderá deixar de aceitar” por uma das razões previstas e não comprovadas.
Em caso de retenção da duplicata pelo sacado, também será necessário, para fins
de execução, o protesto na modalidade por falta de devolução, que será tirado no
lugar do pagamento, como nas demais modalidades (cf. art. 13, § 3º, e art. 15, §
2º).
O art. 18 elenca os prazos prescricionais da pretensão à execução da duplicata, considerando quem será
demandado na ação de execução. As ações do portador em face do sacado (nas condições do art. 15, II) ou
do aceitante e respectivos avalistas (equiparados ao avalizado pelo art. 12) prescrevem em três anos,
contados da data do vencimento do título. As ações do portador em face dos coobrigados prescrevem em
um ano da data do protesto. As ações regressivas de qualquer dos coobrigados contra os demais
prescrevem em um ano, contado da data em que haja sido efetuado o pagamento.

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Outros títulos de crédito
Confira agora algumas noções sobre o conhecimento de transporte e a cédula de crédito bancário.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Lima Campos Ltda. sacou duplicata de venda contra Agropecuária Montauri Ltda., com vencimento
para 22/08/2022. Dez dias antes do vencimento e após o recebimento do produto, o sacado solicitouao sacador reforma do prazo. Assinale a única alternativa correta.
A
O sacador poderá conceder reforma do vencimento ao sacado mediante declaração
lançada na duplicata assinada por ele ou mandatário com poderes especiais.
B
O sacador não poderá conceder reforma do vencimento ao sacado, pois apenas a
duplicata com vencimento à vista admite tal possibilidade.
C
O sacador poderá conceder reforma do vencimento ao sacado, exclusivamente,
mediante declaração em separado e com referência expressa à duplicata, assinada por
ele ou por mandatário com poderes especiais.
D
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Parabéns! A alternativa A está correta.
Conforme o art. 11 da Lei 5.474/68: “a duplicata admite reforma ou prorrogação do prazo de
vencimento, mediante declaração em separado ou nela escrita, assinada pelo vendedor ou
endossatário, ou por representante com poderes especiais”.
Questão 2
Sobre o aval na duplicata, indique a única afirmativa correta.
Parabéns! A alternativa C está correta.
O sacador não poderá conceder reforma do vencimento ao sacado, pois trata-se de uma
faculdade do endossatário e não do sacador.
E
O sacador poderá conceder reforma do vencimento ao sacado desde que o novo prazo
de vencimento seja até 22/09/2022, eis que é vedada prorrogação por mais de um mês
da data original de vencimento.
A É nulo o aval dado posteriormente ao vencimento da duplicata.
B Na falta da indicação do avalizado pelo avalista, será reputado como tal o endossante.
C O pagamento da duplicata poderá ser assegurado por aval.
D Na duplicata, o avalista é sempre equiparado ao sacador.
E O aval é um requisito formal ou extrínseco da duplicata.
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Conforme art. 12, caput da Lei 5.474/68: “o pagamento da duplicata poderá ser assegurado por aval,
sendo o avalista equiparado àquele cujo nome indicar; na falta da indicação, àquele abaixo de cuja
firma lançar a sua; fora desses casos, ao comprador”.
Considerações �nais
Os títulos de crédito são uma categoria especial de documentos dotados de atributos especiais
(cartularidade, literalidade e autonomia, além de formalismo quanto aos requisitos extrínsecos). Estes
atributos conferem aos títulos de crédito maior aceitação do que outros documentos de dívida que não
oferecem a facilidade de circulação ou a segurança jurídica para o credor.
Embora os títulos de crédito tenham sido concebidos a partir da ideia de incorporação do direito do credor
ao papel, cártula, de modo a dispensar sua vinculação a outro documento, existem títulos de crédito causais
e dependentes – como as duplicatas – e títulos que podem ou devem ser emitidos de forma escritural, ou
seja, sem suporte cartular. Todavia, em razão da regulamentação especial de cada título, não é possível ao
emitente escolher o suporte de sua preferência, devendo observar a regulamentação, que não é uniforme a
respeito.
Podcast
Para encerrar, ouça mais sobre cheque e duplicata.

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Referências
ARRUDA, P. G.; MENDONÇA, S. B.; THOMAZELLI, D. R.. Títulos de Crédito. São Paulo: Jus Podium, 2022. 
BERTOLDI, M. M.; RIBEIRO, M. C. P. Curso avançado de direito comercial. 12. ed. São Paulo: RT, 2022. 
BRUSCATO, W. Manual de Direito Empresarial brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2011. 
COELHO, F. U. Títulos de crédito – uma nova abordagem. São Paulo: RT, 2021. 
COSTA, W. D. Títulos de crédito. 4. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2008. 
MARTINS, F. Títulos de Crédito. v. I e II. 17. ed. Rio de Janeiro. Forense, 2016. 
NEGRÃO, R. Curso de Direito Comercial e de Empresa. 11. ed. v. 2. São Paulo. Saraiva, 2022. 
REQUIÃO, R. Curso de Direito Comercial. v. II. 30. ed. São Paulo. Saraiva, 2013. 
RIZZARDO, A. Títulos de Crédito. 6. ed. Rio de Janeiro. Forense, 2020. 
TOMAZETTE, M. Curso de Direito Comercial. v. 2. 13. ed. São Paulo. Saraiva, 2022.
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Você aprendeu que a nota promissória é um título de crédito abstrato e independente, mas que é possível
sua emissão com base num contrato preexistente. Quando isto ocorrer, será que a nota promissória
mantém sua autonomia e executoriedade como título de crédito?
A resposta a esta indagação pode ser extraída da leitura de várias decisões do Superior Tribunal de Justiça
(STJ) abaixo listadas e no Informativo nº 425, do mesmo Tribunal, todos disponíveis no sítio do STJ.
Precedentes: (i) AgRg nos EDcl no REsp 1367833/SP, rel. ministro Marco Aurelio Bellizze, Terceira Turma,
julgado em 16/02/2016, DJe 19/02/2016; (ii) EDcl no Ag 1120546/MG, rel. ministro João Otávio de Noronha,
Quarta Turma, julgado em 14/06/2011, DJe 20/06/2011; (iii) REsp 861009/SC, rel. ministro Sidnei Benetti,
Terceira Turma, julgado em 16/03/2010, DJe 29/03/2010; (iv) REsp 999577/MG, rel. ministra Nancy
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Andrighi, Terceira Turma, julgado em 04/03/2010, DJe 06/04/2010; (v) AREsp 415391/SP (decisão
monocrática), rel. ministro Raul Araújo, julgado em 19/02/2016, DJ 07/03/2016; (vi) REsp 1331787/SP
(decisão monocrática), rel. ministro Ricardo Cueva, julgado em 07/05/2015, DJ 04/08/2015.
Além das situações aqui apresentadas, existem outras razões que impedem o pagamento do cheque e
obrigam o sacado a devolvê-lo. Tenha acesso à tabela do Banco Central com todos os motivos e códigos de
devolução de cheque.
Muito antes da Lei 13.775/2018, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça já admitia tanto a duplicata
“virtual” quanto sua executividade. Os fundamentos adotados pelo STJ para reconhecer esta forma de
duplicata e sua executividade podem ser extraídos da leitura de várias decisões do STJ abaixo listadas e no
Informativo nº 502, do mesmo Tribunal, todos disponíveis no sítio do STJ.
Precedentes: AgRg no REsp 1559824/MG, rel. ministro Ricardo Cueva, Terceira Turma, julgado em
03/12/2015, DJe 11/12/2015; AgRg no AREsp 646570/MT, rel. ministra Maria Isabel Galottti, Quarta Turma,
julgado em 20/10/2015, DJe 27/10/2015; REsp 1354776/MG, rel. ministro Paulo Sanseverino, Terceira
Turma, julgado em 26/08/2014, DJe 08/09/2014; EREsp 1024691/PR, rel. ministro Raul Araújo, Segunda
Seção, julgado em 22/08/2012, DJe 29/10/2012; REsp 1024691/PR, rel. ministra Nancy Andrighi, Terceira
Turma, julgado em 22/03/2011, DJe 12/04/2011; REsp 1037819/MT, rel. ministro MassamiI Uyeda, Terceira
Turma, julgado em 23/02/2010, DJe 10/03/2010.

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