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São Paulo, segunda-feira, 28 de setembro de 2009 
Aço acompanha a complexidade dos novos carros 
Por HENRY FOUNTAIN 
Por mais que se fale na reinvenção do setor automobilístico, no uso de materiais de alta tecnologia para a 
produção de veículos mais leves e mais resistentes -e portanto mais seguros e de menor consumo de 
combustível-, o esteio da produção massificada de automóveis continua sendo o mesmo de sempre: o aço. O 
material ainda representa cerca de 60% do peso do carro moderno. 
Mas o aço automotivo mudou um bocado desde que o primeiro Modelo T saiu da linha de montagem. 
Metalúrgicas e indústrias aprenderam a manipular a microestrutura do aço a fim de criar lâminas cada vez mais 
fortes. Onde antes bastava um único tipo de aço, agora a típica carroceria pode ser uma colcha de retalhos com 
aços de 12 ou mais tipos e resistências diferentes, feitos sob medida para suportar o desgaste do uso normal e de 
impactos severos. 
"A época da peça de aço doce na Ford Motor Company morreu", disse o engenheiro-chefe de segurança 
da empresa, Steve Kozak. "A maioria dos aços que estamos usando agora são de alta resistência ou ultra-alta 
resistência." 
Os aços avançados são usados em partes como as barras das portas, onde o objetivo é impedir que um 
objeto estranho (como o pára-choque de outro carro) entre no compartimento de passageiros, e nas colunas do 
pára-brisa, onde a meta é evitar que o teto amasse numa capotagem. Na frente e na traseira do veículo, onde há 
mais espaço para absorver a energia de uma colisão, podem ser usados aços que se deformam com mais 
facilidade e que ficam mais resistentes ao fazê-lo. 
As montadoras da América do Norte recebem muitas críticas pelo design e pela confiabilidade de seus 
carros, mas geralmente têm boas notas quanto ao uso de aços avançados. "Eu diria que a América do Norte não 
precisa ficar no banco de trás em relação a ninguém", disse Richard Schultz, da consultoria Ducker Worldwide, 
que monitora materiais usados por montadoras. 
O setor siderúrgico, disse Schultz, tem trabalhado para desenvolver novos produtos, para manter o aço nos 
carros e para afastar o crescente uso do alumínio e de outros materiais. As siderúrgicas há décadas têm 
desenvolvido produtos de alta resistência, a começar pelos aços HSLA ("de alta resistência e baixa liga", na 
sigla em inglês). Mas a maioria era de custo elevado e difícil de transformar em peças. "Eles eram vistos mais 
adequados para aplicações aeroespaciais", disse Schultz. 
Só nos últimos anos os pesquisadores e fabricantes descobriram como fazer aços econômicos de alta 
resistência, que sejam suficientemente maleáveis para serem estampados, moldados e soldados ou presos de 
alguma outra forma a outras peças no complexo processo de montagem automobilística, onde tempo é dinheiro. 
"Afinal de contas, temos de manufaturar tudo o que está lá", disse James Schroth, gerente do Laboratório de 
Materiais e Processos do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da General Motors. "As verdadeiras mudanças 
na tecnologia têm sido os materiais de alta resistência que ainda assim podemos transformar em peças." 
Usando o aço de alta resistência, uma peça pode ser feita a partir de um material mais fino, o que ajuda a reduzir 
o consumo de combustível. Mas algumas peças, especialmente os painéis externos, já são tão finas -em alguns 
casos, menos de um milímetro- que a firmeza se torna uma questão importante. "Você atinge uma espessura em 
que não consegue ficar mais fino", disse Schroth. 
Assim como outros aços, as variedades de alta resistência começam na forma de ferro fundido, produzido 
a partir de minério e coque em um alto-forno. "Apesar de literalmente centenas de anos de desenvolvimento do 
processo, ainda é a melhor e mais econômica forma de fazer ferro de alta pureza", disse Blake Zuidema, diretor 
de aplicações de produtos automotivos da siderúrgica ArcelorMittal. 
Schultz calcula que, para cumprir as metas de economia de combustível para 2020, as montadoras terão 
de continuar substituindo aços doces e até alguns tipos de alta resistência das primeiras gerações por aços de 
mais alta resistência (e em alguns casos por alumínio, plástico e outros materiais). Para as siderúrgicas, qualquer 
melhoria já ajudará as empresas automobilísticas a cumprirem as metas de segurança e consumo e a manter 
outros materiais afastados. "Você está brigando por onças [gramas] aqui", disse Schultz. "Está revirando cada 
pedra. Eu disse aos meus amigos do aço: apertem os cintos."

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