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TPM Resenha Crítica - Mário Craveiro

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS
TEORIA POLÍTICA MODERNA
Mário Sérgio Lima Craveiro - 20210016807
O Rei. Direção de David Michôds. Netflix, 2019 (140 min.).
RESENHA CRÍTICA DO FILME “O REI” E SUA RELAÇÃO COM O
PENSAMENTO MAQUIAVÉLICO
Para fins de contextualização, a história narrada no filme “O Rei” ou, em título
original, The Crown, ocorre no período referente ao início do século XV, próximo ao
fim da Guerra dos Cem Anos. Na verdade, a obra cinematográfica detalha o
encerramento da referida guerra, onde acompanha-se os esforços do rei Henrique V
da Inglaterra, papel interpretado por Timothée Chalamet, para conquistar o trono
francês.
O reinado de Henrique inicia-se logo após a morte de seu pai, Henrique IV, e
do seu irmão, o Príncipe Tomás. Neste momento, o filme empenha-se em repassar
aos telespectadores a dificuldade do recém-instaurado rei em atingir o ponto de
equilíbrio estabelecido nos pensamentos de Maquiavel, onde o Príncipe deve ser
aquele que impede os poderosos de oprimirem o povo, mas também impede que o
povo revolte-se contra seu soberano, mantendo-se sempre próximo da dualidade de
entre ser amado ou ser temido. No entanto, Henrique V encontra diversas
adversidades ao lidar com os Ministros, Duques e Lordes que compõem a sua corte,
pois, como Maquiavel já alertava em suas obras, os poderosos sempre irão almejar
mais poder.
Sendo assim, o atual rei passa a usar de diversos artifícios para conseguir
manter seu poder, inclusive, a enganação, quando essa era oportuna. Contudo, é
nesse ponto que a longa-metragem mostra um novo obstáculo encontrado por
Henrique V, onde ele enxerga a fina e tênue linha entre ser temido e ser odiado e,
ainda nos pensamentos maquiavélicos, um rei odiado é um rei destruído. Dessa
forma, visando superar esse desafio, o rei Henrique V começa a utilizar-se da
piedade como ferramenta, como se estivesse utilizando o próprio livro “O príncipe”,
de Maquiavel, para ser um manual de suas ações, pois: “cada príncipe deve preferir
ser reputado piedoso e não cruel; a despeito disso, deve cuidar de empregar
adequadamente essa piedade” (MAQUIAVEL, 1996).
Na sequência, o filme mostra a investida do rei da Inglaterra na direção das
terras francesas. E, apesar dos diversos empecilhos encontrados no caminho,
Henrique V apoia-se na sua virtú e passa a utilizá-la como instrumento definitivo
para aproveitar-se de oportunidades diversas, em outras palavras, da fortuna. Para
exemplificar essa ideia, é possível observar a Batalha de Azincourt, onde os
ingleses, liderados por Henrique V, aproveitam-se do terreno e das condições
chuvosas para superar a desvantagem numérica em relação ao exército francês.
Após a vitória na batalha, o filme retrata como Henrique V decide executar os
prisioneiros franceses mesmo após a completa rendição dos mesmos. Desta forma,
enxerga-se, novamente, como o rei inglês aproxima-se do príncipe idealizado por
Maquiavel, pois este elimina qualquer ameaça ao seu poder e a manutenção dele.
Neste momento, a obra cinematográfica peca por não aprofundar mais nesse novo
lado muito mais racional do que emotivo de Henrique V, face esta que ganhou ainda
mais força após a morte do principal parceiro do rei, Sir John.
Por outro lado, o filme centra seus esforços em retratar outro ponto crucial no
amadurecimento de Henrique V como rei, onde ele mostra como o personagem
entende a paz como fruto da instauração de um poder absoluto – aqui é possível
observar, também, a influência do pensamento hobbesiano na obra que, por sua
vez, foi um autor fortemente instigado pelas ideias de Maquiavel.
Nos minutos finais, o longa-metragem mostra dois grandes e importantes
detalhes para toda a obra, o primeiro é quando Henrique V descobre que a maioria
das suas decisões foram, na verdade, obras de manipulação e enganação do seu
Ministro de Guerra. Sendo assim, o filme nos leva ao questionamento: “De quem é o
verdadeiro mérito das conquistas do rei Henrique V, o próprio rei ou seu Ministro?”.
No entanto, o fato é que, para eliminar uma ameaça ao seu poder, Henrique V
executa o seu assessor e conselheiro.
O outro ponto é, na realidade, o verdadeiro encerramento da obra
cinematográfica, onde o rei inglês casa-se com a princesa Catarina da França a fim
de unir os dois países e garantir seu reinado na França. Contudo, a principal fala
deste momento pertence a própria rainha, onde ela afirma: “Todo monarca é
ilegítimo”, assim reafirmando a forte influência do pensamento maquiavélico em
toda a obra, pois, para o autor, a legitimidade é fundada na capacidade do príncipe
de conquistar e manter seu poder e não por uma consequência hereditária.
REFERÊNCIAS
MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. Tradução de Maria Lucia Cumo. Rio de Janeiro:
Editora Paz e Terra, 1996.
O Rei. Direção de David Michôds. Netflix, 2019 (140 min.).

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