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2012 Sociedade da informação e do conhecimento Prof. Walter Marcos Knaesel Birkner Copyright © UNIASSELVI 2012 Elaboração: Prof. Walter Marcos Knaesel Birkner Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 306.42 B619s Birkner, Walter Marcos Knaesel Sociedade da informação e do conhecimento / Walter Marcos Knaesel Birkner. Indaial : Uniasselvi, 2012. 170 p. : il ISBN 978-85-7830- 603-8 1. Sociologia do conhecimento. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci. Impresso por: III apreSentação Caro(a) acadêmico(a)! Iniciamos a nossa reflexão sobre a Sociedade da Informação e do Conhecimento. Porém, torna-se necessário primeiramente referenciarmos que nosso posicionamento sobre esta temática se insere no âmbito das discussões sociológicas e filosóficas. Portanto, ao partirmos da perspectiva sociológica e filosófica enquanto modelo analítico e interpretativo, torna-se claro e evidente que não queremos elaborar e muito menos emitir um juízo de valor sobre a questão, visto que a nossa proposta parte do pressuposto de que tanto a informação como o conhecimento são inerentes às sociedades atuais. O presente ensejo tem como objetivo fazer uma leitura panorâmica sobre a sociedade do conhecimento e da informação no âmbito sociológico e filosófico. Desta forma, ao tentar situar-se a “problemática” sob esta ótica, pretendemos situá-lo(a) sobre as principais ideias, conceitos e visões que se constituíram ao longo da trajetória do pensamento filosófico e sociológico. Diante disto, caro(a) acadêmico(a), ao lançarmos o desafio de tentar compreender as bases e os desdobramentos das tecnologias da informação e comunicação no contexto atual, implica necessariamente situar-se nos “meandros” das discussões que se colocam em pauta, e que incidem diretamente sobre a vida cotidiana. Portanto, todo e qualquer esforço teórico, conceitual e reflexivo no âmbito da sociologia e filosofia implica colocar-se em pleno estado de forças antagônicas, intempestivas e compulsivas no nosso desejado questionamento. Neste sentido, cabemos desejar-lhe uma ótima leitura, e que o presente ensejo possa de certa forma contribuir e abrir novos horizontes reflexivos sobre a temática em questão. Bons estudos! Prof. Walter Marcos Knaesel Birkner IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! UNI Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos! UNI V VI VII Sumário UNIDADE 1 – SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO – ASPECTOS HISTÓRICO-CONCEITUAIS .................................................................................. 1 TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO TEMÁTICA ........................................................................................ 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO ................................................................................................... 3 3 AFINAL, O QUE É SOCIEDADE NESTA HISTÓRIA? ............................................................... 9 4 AFINAL, O QUE É INFORMAÇÃO NESTA HISTÓRIA? .......................................................... 13 4.1 ANTIGUIDADE .............................................................................................................................. 14 4.2 IDADE MÉDIA ................................................................................................................................ 15 4.3 MODERNIDADE ............................................................................................................................ 15 4.4 CONTEMPORÂNEO ..................................................................................................................... 17 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 20 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 26 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 27 TÓPICO 2 – MUITOS NOMES PARA A MESMA SITUAÇÃO ................................................... 29 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 29 2 GLOBALIZAÇÃO E SEUS EIXOS: DA MODERNIDADE À PÓS-MODERNIDADE; DA SOCIEDADE INDUSTRIAL À SOCIEDADE PÓS-INDUSTRIAL; DA MODERNIDADE À HIPERMODERNIDADE/MODERNIDADE LÍQUIDA ........................ 30 2.1 MODERNIDADE ............................................................................................................................ 31 2.2 PÓS-MODERNIDADE ................................................................................................................... 33 2.3 CAPITALISMO ................................................................................................................................ 36 2.4 SOCIEDADE PÓS-INDUSTRIAL ................................................................................................. 38 2.5 MODERNIDADE LÍQUIDA ......................................................................................................... 44 3 FINALIZANDO O TÓPICO .............................................................................................................. 46 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 47 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 52 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................54 TÓPICO 3 – SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO .............................................................................. 55 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 55 2 DESENVOLVENDO A QUESTÃO .................................................................................................. 55 3 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO OU SOCIEDADES DA INFORMAÇÃO ......................... 62 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 67 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 73 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 74 VIII UNIDADE 2 – DEMARCAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO: APORTE HISTÓRICO .......................................................... 75 TÓPICO 1 – APORTE HISTÓRICO: DEMARCAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E DA INFORMAÇÃO ........................ 77 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 77 2 APORTE HISTÓRICO ........................................................................................................................ 77 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 80 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 83 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 84 TÓPICO 2 – O INDIVÍDUO E A SOCIEDADE ................................................................................ 85 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 85 2 A REALIZAÇÃO DA POTÊNCIA DO HOMEM ARISTOTÉLICO .......................................... 85 3 AS RELAÇÕES ENTRE O INDIVÍDUO E A SOCIEDADE ........................................................ 87 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 89 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 90 TÓPICO 3 – AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC) COMO FATOR DETERMINANTE NO ADVENTO DA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO ........................................................................................................ 91 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 91 2 AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC) COMO FATOR DETERMINANTE NO ADVENTO DA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO ........... 91 3 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO – TIC .............................................. 94 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 99 4 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO ................................................... 102 5 CONCLUSÃO ....................................................................................................................................... 107 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 109 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 111 UNIDADE 3 – A INFORMAÇÃO E O CONHECIMENTO NA CONTEMPORANEIDADE ........................................................................................ 113 TÓPICO 1 – SOCIEDADE INFORMACIONAL: UM NOVO PARADIGMA ............................ 115 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 115 2 O PARADIGMA ................................................................................................................................... 115 3 ALTA MODERNIDADE ..................................................................................................................... 126 3.1 CONSEQUÊNCIAS NÃO PREVISTAS ....................................................................................... 128 3.2 OS VALORES ................................................................................................................................... 128 3.3 O PODER DIFERENCIAL ............................................................................................................. 128 3.4 MUDANÇA TECNOLÓGICA E PROCESSOS SOCIAIS .......................................................... 131 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 133 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 134 TÓPICO 2 – SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO NO BRASIL ....................................................... 135 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 135 2 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO NO BRASIL ........................................................................... 135 2.1 DESENVOLVENDO AS QUESTÕES ........................................................................................... 135 2.1.1 Sociedade da informação no Brasil ..................................................................................... 135 3 À GUISA DE CONCLUSÃO ............................................................................................................. 141 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 142 IX RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 145 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 147 TÓPICO 3 – A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO .................................................................... 149 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 149 2 O CONHECIMENTO NO SÉCULO XX .......................................................................................... 151 3 O ELO: UM ESPÍRITO INFORMACIONAL, ETOS DO DESENVOLVIMENTO ................. 155 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 158 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 162 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 163 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 165 X 1 UNIDADE 1 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO – ASPECTOS HISTÓRICO-CONCEITUAIS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANODE ESTUDOS A partir desta unidade, você será capaz de: • compreender aspectos histórico-conceituais da sociedade da informação; • reconhecer certos elementos da sociedade da informação no meio social; • estudar brevemente a história que envolve o tema da sociedade da infor- mação, na sua relação com outras teorias; • observar alguns elementos vinculados ao caso brasileiro. Para a compreensão histórico-conceitual da sociedade da informação, procuramos organizar esta unidade em três tópicos. Ao longo de cada um deles você encontrará dicas, textos complementares, observações e atividades que lhe permitirão fixar os conhecimentos estudados. TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO TEMÁTICA TÓPICO 2 – MUITOS NOMES PARA A MESMA SITUAÇÃO TÓPICO 3 – SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO TEMÁTICA 1 INTRODUÇÃO 2 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO Caro(a) acadêmico(a), neste primeiro tópico buscamos demonstrar elementos corriqueiros da sociedade da informação, fazendo ligações com a teoria que envolve este conceito. Partimos de uma noção do filósofo Baruch Spinoza de que a compreensão de alguma coisa se dá quando contamos sua causa (origem) e sua estrutura. Portanto, nossa preocupação neste primeiro tópico é desvendar histórica e conceitualmente (filosófica e sociologicamente) os pontos-chave da sociedade da informação e, a partir daí, compreender as mudanças que esta sociedade reflete. Para tal, iremos desenvolver três eixos. O primeiro eixo é uma introdução-exemplo acerca da sociedade da informação. O segundo eixo é um questionamento sobre o que é a sociedade neste processo. Por fim, o terceiro e último eixo também se apresenta como questionamento, desta vez sobre o que é a informação neste processo, esperando contribuir com o(a) acadêmico(a) no fortalecimento do conhecer e na potência do pensar. Uma forma mais fácil e prazerosa de pensar temas que hoje parecem espalhados é estabelecendo vínculos históricos, buscando datas e grandes feitos, folheando páginas aqui e ali que ampliem nossa percepção sobre o que queremos pesquisar. Ou então, podemos falar ao modo de um relicário, vasculhando o passado, mexendo na louça velha (se bem que a louça aqui não é tão velha), tirando o pó, emendando papéis, rabiscando e tomando notas de temas que hoje parecem vagos, espalhados. É assim, mexendo nas gavetas, retirando e repondo, lendo e relendo, que extraímos as informações necessárias para a nossa compreensão. Nesta medida, nosso tema espalhado, jogado ou lançado (aí vai da bagunça de cada um), não façamos rodeios, está cravado desde o altissonante título: Sociedade da Informação (mais precisamente no seu interior, como veremos). É de seu estudo que iremos nos avizinhar nas próximas páginas. E, se vamos fazê- lo, valem algumas questões xeretas: Afinal, do que se trata? Quem disse? Por que disse? Como disse? Quem é o pai da criança, ou das crianças? Sociedade? Informação? Caro(a) acadêmico(a), para dirimir estas dúvidas, convido-o(a) para que juntos possamos refletir e compreender acerca da sociedade da informação. UNIDADE 1 | SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO – ASPECTOS HISTÓRICO-CONCEITUAIS 4 FIGURA 1 – SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO Tempo esgotado! Chamem os comerciais! Estamos ao vivo. Próxima pergunta valendo 30 milhões. Responde, pula ou passa? Vou responder ... Responda em vinte segundos ou perde tudo: O que é sociedade da Informação? Espere um pouco, não posso pensar com tanta pressa! FONTE: Disponível em: <http://www.educacaopublica.rj.gov.br/oficinas/geografia/ ciberespaco/02.html>. Acesso em: 30 jul. 2012. Nessa prática, para reconstruir o que parece espalhado, um pensador do século XVII, chamado Baruch Spinoza (1632–1677), nos dá uma pista importante sobre como captar estes objetos espalhados, dizendo ele que conhecer uma coisa é ter ideia adequada sobre ela. O que é isto? Ideia adequada? Diz ele que mais especificamente que a ideia adequada de uma coisa está ligada a duas coisas, quais sejam: causa e estrutura. Só podemos dizer que conhecemos algo de fato quando conhecemos sua causa (origem) e sua estrutura. É neste sentido que precisamos mexer nos relicários do tempo, das ideias. Assim, xeretando os conceitos e temas provenientes do objeto que vamos estudar, isto é, capturando na causa e na estrutura o significado do conceito de sociedade da informação, é que vamos tirar alguma matéria para nosso conhecimento e com isto dirimir nossas dúvidas, isto é, fortalecer nosso saber. BARUCH SPINOZA, pensador holandês do século XVII (1632-1677). Desenvolveu suas teses a partir da filosofia de René Descartes. Suas preocupações centrais eram com a política, ética e ciência. Escreveu várias obras, das quais se destacam Ética (1677) e Tratado Teológico-Político (1670). FONTE: Disponível em: <http://www.infoescola.com/biografias/baruch-spinoza/>. Acesso em: 30 jul. 2012. NOTA TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO TEMÁTICA 5 Nesta medida, para tentar responder a estas questões, vamos mexer um pouquinho nas (e com as) datas, puxando aqui e ali para compreender esse fenômeno – e também o conceito – que chamamos de sociedade da informação. Para isto faremos um passeio conceitual pela história humana dos últimos séculos, bem como passearemos pelas propostas (e respostas) dadas por diversos pensadores acerca do tema que ocupa esta e outras unidades. Portanto, ao iniciarmos nossa procura, nossa mexida, apresentamos algumas situações pontuais que envolvem a sociedade da informação e sua relação conosco. É notório o que ouvimos falar sobre esta tal sociedade. A mídia é seu viés convencional de divulgação. Jornais, televisão, rádio, internet, não param de veicular e de serem os próprios veículos de uma sociedade informacional, propagando conceitos e novas ondas de toda espécie. Desta maneira, vejamos alguns termos espalhados que compõem o que denominamos sociedade da informação, antes de uma interessante colocação: ● conexão; ● rede; ● processos; ● internet ● desconectados; ● plugados; ● curtida; ● global; ● economia financeirizada; ● informacional. FIGURA 2 – A INTERNET É UM DOS PROCESSOS DA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO FONTE: Disponível em: <http://www.loteriapremium.com/como-apostar-na- loteria-pela-internet>. Acesso em: 30 jul. 2012. UNIDADE 1 | SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO – ASPECTOS HISTÓRICO-CONCEITUAIS 6 Coincidência? Não. É claro que você, acadêmico(a), já ouviu e leu esses termos. Participamos deles o tempo todo. Eles estão nos supermercados, no cartão de crédito, nas universidades, nas rádios, no cursinho de inglês, nas redes e assim por diante. Agora, sem esquecermos da colocação que prenunciamos anteriormente, e que ilustra a situação e o conceito sobre os quais refletimos: Em 2 de março de 2006, o Guardian [jornal britânico] anunciou que ‘nos 12 últimos meses as ‘redes sociais’ deixaram de ser o próprio grande sucesso para se transformarem no sucesso do momento’. As visitas ao site MySpace, que um ano antes era o líder inconteste do novo veículo das ‘redes sociais’, multiplicaram-se por seis, enquanto o site rival Spaces MSN teve 11 vezes mais acessos do que no ano anterior, e as visitas ao Bebo.com foram multiplicadas por 61 (BAUMAN, 2008, p. 7). Trata-se de uma colocação acerca do crescimento das “redes sociais” na Grã-Bretanha. Parece uma informação corriqueira, mas ela própria é reflexão de tempos inovadores que marcam a sociedade da informação, como observaremos no decorrer das unidades. Além disso, podemos constatar que a sociedade da informação é um processo que nos circunda, entrelaça nosso cotidiano e participa de nossos hábitos. Aliás, nós participamos dela. Nela viajamos, conhecemos pessoas, fazemos transações bancárias, vamos ao cinema, ouvimos música, mexemos em nossos celulares. Formamos redes sociais, que se multiplicam, ampliando nosso espaço de relações. Na mesma perspectiva, o tempo e o espaço diminuem e assumem novos contornos, o trabalho, a economia também, num emaranhado de redes mais e mais entrelaçadas.Neste horizonte, os termos espalhados começam a tomar rosto, e seu rosto, dados os elementos que iremos apresentar, é o rosto da sociedade da informação. Outro exemplo, mais pontual desta sociedade da informação, está no fato de que logo que tomamos contato com um termo, queremos a primeira informação possível sobre ele. Sociedade da Informação? Ok, os mais apressadinhos(as) correm ao Wikipédia, para ver a origem do termo, logo vendo que o pai da criança (termo) foi Fritz Machlup (1903-1985). Este exemplo, o mais cabal possível, nos mostra quão influenciados estamos pela sociedade da informação, pela sua velocidade e pela sua dinamicidade, pela instantaneidade que ela tem. Outra fonte de constatação da sociedade da informação é o cinema. Peguemos o exemplo de um diretor não muito famoso, chamado David Lynch (1946). Para muitos um desvairado, por quebrar a noção de tempo, por antecipar cenas e não ter um enredo linear. Cenas que começam pelo fim, terminam pelo começo, enfim, parece algo maluco, mas é genial, como em Twin Peaks, seriado de TV de 1990, em que a trama é marcada por um sem fim de redes, personagens com vidas entrelaçadas, ágeis, passíveis de mudança, num jeito de viver frenético. A vida na sociedade da informação passa a ser por flashes e mudanças contínuas, em fragmentos como no Twin Peaks de Lynch. Estes elementos, como os que mencionamos nos parágrafos acima, já demonstram as influências da sociedade da informação, quais sejam: o fluxo de informações sobre os objetos, a fugacidade, TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO TEMÁTICA 7 a diminuição do espaço, a vida em rede, processos descontínuos etc. Ainda se apoiando no exemplo de Lynch, num dos seus filmes, chamado A Cidade dos Sonhos (2001), mostra uma complexidade de redes, de situações em que as personagens se envolvem, mostrando outro elemento fundamental da sociedade da informação: a construção de redes, onde nos conectamos e desconectamos de pessoas, ideias, trabalho, cidades. Além disso, o filme passa a sensação de realidades paralelas, coisa bem típica da sociedade de informação, onde temos a interação entre virtual e real, como serão demonstradas no decorrer das unidades. Cineasta norte-americano, nascido em 1946, famoso pelos filmes O Homem Elefante (1980), Veludo Azul (1986), Cidade dos Sonhos (2001) e pelo seriado Twin Peaks (1991). Seus trabalhos são marcados pela não linearidade, mistura entre sonho e realidade e por demonstrar as vidas fragmentadas. FONTE: Disponível em: <http://www.imdb.com/name/nm0000186>. Acesso em: 30 jul. 2012. Para quem gosta de prospecções, antevisões cósmicas ou previsões de futuro, vejamos uma colocação que marca este processo da sociedade da informação, com mais detalhes: O físico e teórico Michio Kaku, professor da Universidade de Nova York e cocriador da ‘Teoria das Cordas’, afirmou que o computador como o conhecemos hoje terá desaparecido em 2020. ‘No futuro, eles estarão em todos os lugares e em lugar nenhum’, [...]. Na ocasião, Kaku fez um exercício de futurologia mostrando como será o mundo nos próximos 30 anos. Segundo ele, tanto os computadores como a internet serão como a eletricidade é hoje. ‘Ambos estarão presentes nos tetos, no subsolo, nas paredes e nos aparelhos’, afirmou. O professor da Universidade de Nova York foi além e disse que a internet estará nos óculos e nas lentes de contato das pessoas. ‘Você será capaz de ver todas as informações biográficas de um indivíduo só olhando para ele. Encontrar sua alma gêmea será tarefa fácil’, brincou. Outra revolução que está a caminho é na área da medicina. Kaku afirmou que, em um futuro próximo, a tecnologia levará o homem a um estado perfeito de saúde. Segundo ele, o câncer irá desaparecer. ‘Escrevam isso: a palavra tumor não mais existirá na nossa língua’. Na visão do físico, as pílulas terão chips e microcâmeras que escanearão o corpo humano por dentro. Uma vez localizada a ameaça, nanorrobôs serão introduzidos para combater o câncer célula por célula, sem a NOTA UNIDADE 1 | SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO – ASPECTOS HISTÓRICO-CONCEITUAIS 8 necessidade de cirurgias ou intervenção direta dos médicos. Kaku também acrescentou que o câncer e outras doenças serão diagnosticados com anos de antecedência graças a vasos sanitários que monitoram a saúde. ‘Os banheiros serão equipados com inteligência artificial capaz de analisar os resíduos corporais e identificar o surgimento de uma doença com muita antecedência. Neste futuro, Steve Jobs não teria morrido’, enfatizou (SIRNA, 2012). Estes exemplos e muitos outros demonstram o quanto somos influenciados pela dinâmica da sociedade de informação. Trata-se de se dar conta de sua existência, de sua importância, quais são seus operadores, para não pegarmos o bonde andando. Este é o efeito primeiro que queremos passar: perceber-nos dentro da sociedade da informação. E nos percebendo dentro vamos poder pesquisar; revirar as peças do relicário e fortalecer o pensar no que concerne à sociedade da informação. Assim, nossa meta é apresentar para você, acadêmico(a), do modo mais claro possível, os aspectos mais fundamentais da sociedade da informação. Para isto estabelecemos um roteiro, um percurso que esperamos ser de grande valia para você, caro(a) acadêmico(a): Começamos com esta jovial introdução, passando posteriormente para uma definição provisória de sociedade, bem como de informação. Na sequência, ligaremos a ideia de sociedade da informação a outras variáveis interpretativas ou a outros nomes para a mesma situação (modernidade, pós-modernidade, sociedade industrial e sociedade pós-industrial, tempos hipermodernos, modernidade líquida). Articularemos a própria sociedade da informação e, por fim, nesta primeira unidade, sua variável brasileira. Com isto pincelaremos alguns tópicos que consideramos fundamentais para o desenvolvimento intelectual para você, acadêmico(a). Já que falamos em filme e em David Lynch, vale indicar a você, acadêmico(a), se possível, para que assista ao filme A Cidade dos Sonhos (2001), para visualizar do ponto de vista prático esta vida de flash que marca a sociedade da informação. O filme retrata em linhas gerais a fugacidade da vida hollywoodiana, entrelaçando a maneira de viver da sociedade da informação, isto é, uma maneira enredada por laços complexos. FONTE: Coolturablog. Disponível em: <http://coolturalblog.wordpress.com/2010/06/23/ cidade-dos-sonhos-mulholland-drive-2001/>. Acesso em: 30 jul. 2012. DICAS TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO TEMÁTICA 9 3 AFINAL, O QUE É SOCIEDADE NESTA HISTÓRIA? A preocupação com a sociedade é algo que remonta toda a tradição do pensamento ocidental (quando dizemos isto, dizemos as preocupações/ ideias de nossos antepassados e nossas também). Desde que os homens se constituíram em agrupamentos, há mais de cinco mil anos, há interesse pela organização, pela distribuição de funções, pelas leis, por códigos de convivência e, se quisermos, pelas instituições. Desta maneira, nossa preocupação inicial será com a necessidade de definir a ideia de sociedade, para entender em que medida a informação se instala nela, ou seja, de como a nossa sociedade se torna historicamente a sociedade da informação. Este ponto é que queremos deixar em mente. Neste sentido, para começar nossos estudos, um exemplo muito simples pode ser esclarecedor, um exemplo sobre a organização da sociedade. Vamos a ele. Ouvimos, lemos, trocamos ideias. Em nosso bairro (aqui vai nosso exemplo) Vai Lá, participamos da associação de moradores, que em maior ou menor medida chama um ou outro vereador para esclarecer alguma questão ou reivindicar dele alguma fiscalização. Com ele discutimos coisas de nosso interesse, num certo espaço político por nós constituído, onde grupos se organizam para levar propostas, como grupos de jovens, da terceira idade, clube de mães etc. O que o nosso exemplo quer ilustrar? Que nos deparamos com situações sociais, ou situações de sociedade, ou seja, naconcepção do bairro temos uma organização social, tanto quanto na associação de moradores também. O vereador que foi chamado foi eleito para participar de uma casa de leis, que sem dúvida é uma instituição da sociedade (o famoso Poder Legislativo). Com isto, podemos observar o quanto temos que lidar com a sociedade, com fenômenos desta sociedade. A organização (nos organizamos em bairros, nos organizamos na associação de moradores, participamos da eleição do vereador, que por sua vez vai participar de uma instituição política: a Câmara - obviamente que também questionamos estas organizações) é um tópico importante que perpassa toda a sociedade. Se a informação vai ser a válvula fundamental, cabe esclarecer o que é sociedade. Lembremo-nos de que, para entender esta nova conjuntura da sociedade, precisamos considerar que a informação tornou-se parte da matéria-prima social. UNIDADE 1 | SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO – ASPECTOS HISTÓRICO-CONCEITUAIS 10 FIGURA 3 – SOCIEDADE FONTE: Disponível em: <http://navegandonahistoria.blogspot.com.br/2010/05/ turismo-identidade-cultura-e-sociedade.html>. Acesso em: 30 jul. 2012. O Dicionário de Filosofia (ABBAGNANO, 2007), do famoso professor italiano Nicola Abbagnano (1901-1990), nos fornece três definições norteadoras (gerais) de sociedade. A primeira faz entender a sociedade como “o espaço das relações humanas de comunicação ou de intersubjetividade” (ABBAGNANO, 2007, p. 1080). A segunda definição parte da ideia de que “a sociedade é a totalidade (um organismo) de indivíduos onde ocorrem as relações de comunicação” (ABBAGNANO, 2007, p. 1080). E a terceira toma a sociedade como “um grupo de indivíduos onde estas relações ocorrem de forma comum ou institucionalizada” (ABBAGNANO, 2007, p. 1080). O que estas definições (tendências) gerais nos permitem? Estas definições nos permitem compreender uma tendência geral sobre o que é sociedade: espaço onde ocorrem as interações humanas. Tendo esta tendência geral em mente, aprofundemos as definições propostas por Abbagnano. 1 “Sociedade como espaço de relações humanas de comunicação ou intersubjetividade” (ABBAGNANO, 2007, p. 1080): este sentido foi introduzido na história do pensamento pelos estoicos (do mundo romano, com especial destaque para Cícero). Os escritores do mundo romano, diferente dos clássicos gregos (Platão e Aristóteles), não vinculam, com relação à polis, o aspecto estatal e social. Pela definição estoica, “a sociedade passa a ser tomada como independente do Estado ou da organização política” (ABBAGNANO, 2007, p. 1080) (em Cícero trata-se de uma agregação de homens, onde se comunicam, estabelecem relações). Outro pensador importante que vai ater-se a esta definição é Thomas Hobbes (1588-1679), para quem a sociedade serve para “atender às necessidades básicas humanas e para evitar a guerra de todos contra todos, ou seja, uma reunião feita por temor” (ABBAGNANO, 2007, p. 1081) (os homens se agenciando para evitar as calamidades, por exemplo). Uma colocação mais, que se agrega a este primeiro tópico, temos proposta por Immanuel Kant (1724-1804), onde, para este, o homem TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO TEMÁTICA 11 se satisfaz nas relações sociais que estabelece. Todos estes pensadores partem da tendência natural do homem para sociedade. A partir destas perspectivas, a análise da sociedade assume duas perspectivas fundamentais: uma que se preocupa com os fins da sociedade e a outra que se preocupa com as condições de fato que possibilitam as relações humanas: a) Os fins que a totalidade do gênero humano deve ter em vista e dos meios que a razão indica para a consecução de tais fins. As teorias políticas dos autores gregos, p. ex.. de Platão e de Aristóteles, [...]. b) As condições que, de fato, possibilitam as relações humanas. Essas condições foram definidas de várias maneiras, e sua definição pode ser considerada a primeira tarefa da sociologia [...]. Max Weber identificou- as na atividade social, que se realiza segundo uma ordem deliberada e relativamente constante [...]. Durkheim considerou característicos da sociedade humana os modos de agir que são impostos de fora e se consolidam nas instituições [...]. E a própria ação, ou comportamento, às vezes é considerada elemento objetivo que define o campo das relações humanas [...] (ABBAGNANO., 2007, p. 1081). 2 “Sociedade como totalidade (organismo) de indivíduos onde ocorrem as comunicações” (ABBAGNANO, 2007, p. 1080): em síntese, esta noção é vinculada à ideia de que a sociedade é um todo orgânico. “Historicamente esta ideia começa na antiguidade, onde se comparava o Estado e a comunidade política a um organismo ou superorganismo” (ABBAGNANO, 2007, p. 1081). “Os já citados estoicos também contribuem com esta vertente, dizendo que vivemos entre seres racionais, formando uma comunidade, que é um organismo. Esta ideia também é aceita na Idade Moderna” (ABBAGNANO, 2007, p. 1081). Dois pensadores se apropriam dela: Augusto Comte (1798-1857) e Herbert Spencer (1820-1903). O primeiro entende a sociedade como um organismo coletivo, composto por outros organismos. Já Spencer parte de uma ideia de evolução, ou seja, de um organismo em evolução. Assim: [...] considera a própria sociedade como um organismo cujos elementos são, em primeiro lugar, as famílias e depois os indivíduos isolados. Segundo Spencer, o organismo social difere do organismo animal porque a consciência pertence apenas aos elementos que o compõem, pois a sociedade não tem órgãos de sentido como os animais, mas vive e sente apenas através dos indivíduos que a compõem (ABBAGNANO, 2007, p. 1081). Outros dois pensadores muito conhecidos também partem da noção de organismo: Georg Hegel (1770-1831) e Karl Marx (1818-1883). Hegel formula o conceito de sociedade civil, onde esta é uma conexão dupla: universal e mediadora de extremos independentes (os indivíduos) e de suas atividades particulares (Ibid., 2007, p. 1081), e que desemboca no Estado. Marx, por sua vez, toma o conceito de Hegel e aplica ao Estado e à ideologia, nas próprias palavras de Marx, citado por Abbagnano (2007, p. 1081): Por meus estudos, fui levado à conclusão de que nem as relações jurídicas nem as formas do Estado poderiam ser compreendidas por si mesmas ou pelo chamado desenvolvimento geral do espírito humano, mas de UNIDADE 1 | SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO – ASPECTOS HISTÓRICO-CONCEITUAIS 12 que estão enraizadas nas relações materiais da existência, cujo conjunto é enfeixado por Hegel com o nome de sociedade civil: a anatomia dessa sociedade civil deve ser buscada na economia política. 3 “Sociedade como um grupo de indivíduos onde estas relações ocorrem de forma comum ou institucionalizada” (ABBAGNANO, 2007, p. 1080): Esta terceira possibilidade interpretativa é mais utilizada pela sociologia, onde a palavra sociedade toma o sentido “[...] de conjunto de indivíduos caracterizado por uma atitude comum ou institucionalizada” (Idem, 2007, p. 1081). Nesta medida, o termo serve tanto para um grupo de indivíduos, quanto à instituição que assinala esse grupo, como, por exemplo, as expressões do tipo: sociedade capitalista, sociedade de massa, sociedade em rede etc. Filósofo italiano nascido em 1901 e falecido em 1990, famoso pelo seu Dicionário de Filosofia, o qual nos valeu para nossa exposição. FONTE: Nicola Abbagnano. Disponível em: <http://www. nicolaabbagnano.it/>. Acesso em: 30 jul. 2012. Portanto, se você, acadêmico(a), tem acompanhado esta discussão – árida, mas rica para seus conhecimentos –, será no seio destas definições que elencamos que vai passar a questão da informação. As definições parecem um tanto quanto áridas, como dissemos, mas cobrem perfeitamente nossa questão, sobre o sentido de sociedade: um espaço de relações humanas, de associação, onde estão inseridos o Estado, a cultura e, é claro, a informação. A tese que trazemos à baila é a de que as relações humanas trocam de foco, ou melhor, ganham novo foco atravésda informação. É esta noção que iremos desenvolver nesta seção, inserindo a noção de sociedade da informação, em alguns blocos conceituais maiores (pós-modernidade, sociedade pós-industrial, hipermodernidade e modernidade líquida). NOTA TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO TEMÁTICA 13 Anthony Giddens Sociólogo britânico, também envolvido com a política no mandato do ex-primeiro ministro Tony Blair. Vem desenvolvendo seu pensamento ligado às questões que envolvem as bases de nosso tempo, que o(a) acadêmico(a) pode conferir no livro As Consequências da Modernidade (1991). FONTE: Disponível em: <http://sociologicallystylish.blogspot.com.br/2009/04/1st- confession.html>. Acesso em: 30 jul. 2012. O sociólogo inglês Anthony Giddens (1991, p. 21), por seu turno, vai afirmar que a: “‘Sociedade’ é obviamente uma noção ambígua, referindo-se tanto à ‘associação social’ de um modo genérico quanto a um sistema específico de relações sociais”. O que Giddens (1991) quer dizer com isto? Que definir sociedade é difícil, porque esta ideia possui muitos significados, mas o mesmo sociólogo ressalta que a sociedade se refere ao associar, isto é, modos de estabelecimento das relações sociais, seja, por exemplo, na cultura, na tradição, na lei, nas instituições, como o casamento etc., que são modos de estabelecimento das relações sociais. É no meio destes modos que a informação assume papel fundamental. 4 AFINAL, O QUE É INFORMAÇÃO NESTA HISTÓRIA? Como você pode perceber, acadêmico(a), sociedade é um conceito múltiplo que procura sintetizar as relações humanas ou os modos de estabelecimento das relações sociais. Como temos mencionado constantemente, a informação assume papel estratégico nestas relações. E para que nos estudos você possa agregar conceitos, vale um exercício muito antigo de pesquisa filológica/filosófica. Mas não se assuste, acadêmico(a), com as palavras, ou que este exercício será muito difícil, basta lembrar-se de Spinoza e o exercício de estrutura. Valendo-se dele, podemos dizer que esta pesquisa filológica/filosófica nada mais é que o recurso à origem e a causas que produzem determinado termo (um exercício de relíquias, de peças a serem refeitas, como dissemos na introdução). Com este exercício podemos aprofundar os significados primitivos, realizando uma interação com os sentidos assumidos hoje. NOTA UNIDADE 1 | SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO – ASPECTOS HISTÓRICO-CONCEITUAIS 14 Vale mencionar a você, acadêmico(a), para ficar atento(a) aos períodos históricos, porque o texto é construído a partir desta relação. Portanto, mencionaremos a definição de informação na Antiguidade, Idade Média, Modernidade e Contemporâneo. Filologia: é uma disciplina antiga em que se busca analisar os significados fundamentais do vocabulário, das diversas línguas. 4.1 ANTIGUIDADE A história do termo remonta à tradição greco-romana. Na Grécia Antiga, a informação possui o sentido de modelo (hypotyposis) e representação (prolepsis) (CAPURRO; HJORLAND, 2007). Era alguma coisa que a nossa razão (logos) captava da realidade. Daquilo que é permanente (hypokeimenon) e múltiplo/diverso (symbebekota), isto é, aquilo que é necessário e aquilo que é contingente. No mundo romano, informação assume os seguintes sentidos, dos quais se destacam as definições de: ● Varro (116-27 a. C.): Informação (informatur), em sentido biológico/ médico (ligação da cabeça e coluna vertebral). ● Virgílio (70-19 a. C.): informatio e informo. Possui o sentido de produzir (informatum) (CAPURRO; HJORLAND, 2007, p. 156). NOTA NOTA DICAS TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO TEMÁTICA 15 4.2 IDADE MÉDIA A Idade Média, por sua vez, agregará ao termo nova coloração, destacando-se neste quesito o filósofo Agostinho de Hipona (354-430): Informatio sensus (percepção visual). “Aquilo que é percebido e armazenado na memória. Também possui sentido pedagógico: os feitos de Deus nos instruem e educam (ad eruditionem informationemque nostram, que pode ser traduzido por instrução para nossa informação)” (CAPURRO; HJORLAND, 2007, p. 156), isto é, eles nos informam. 4.3 MODERNIDADE A partir da Modernidade, a questão do conceito informação se aprofunda por estar ligada à teoria do conhecimento, isto é, como se garante (ao sujeito) as informações (conhecimento) que se recebe (dos objetos). Uma vez que temos uma mudança de paradigma científico promovida por Galileu Galilei (1564- 1642) e Johannes Kepler (1571-1630), que fazem aparecer uma nova leitura da realidade, ou seja, uma realidade infinita com universo infinito também, o que difere da concepção antiga e medieval em que o universo e a realidade eram limitados, portanto, as noções de informação tinham ligação com a transmissão, produção, armazenamento. Na versão moderna isto implica a necessidade de um sujeito que possa organizar esta realidade/universo infinito, daí o capturar do que chamamos teoria do conhecimento do conceito informação. Faz-se necessária uma teoria do conhecer que permita organizar as informações que o sujeito recebe de uma realidade infinita. Nessa direção, Informação veio a referir-se cada vez menos à organização interna ou formação, [...]. Em vez disso, a informação veio a referir-se à essência fragmentária, flutuante, casual do sentido. A informação, de acordo com a visão global moderna mais geral, mudou de um cosmos ordenado divinamente para um sistema governado pelo movimento de corpúsculos. [...] (CAPURRO; HJORLAND, 2007, p. 156). A partir disto, vários filósofos vão discutir acerca da informação, dentre eles Francis Bacon (1561-1626), John Locke (1632-1704), George Berkeley (1685- 1753) e David Hume (1711-1776), sem esquecer-se de René Descartes (1596-1650), para quem a informação tem o sentido de “dar uma forma (substancial) à matéria para comunicar alguma coisa a alguém [...]” (CAPURRO; HJORLAND, 2007, p. 156). Em outras palavras, trata-se de uma ideia que se passa na mente. De maneira geral, temos duas definições na Antiguidade: o sentido médico e o sentido de produção, como você pôde acompanhar. Esta primeira dualidade de definições demonstra o quão difícil e ao mesmo tempo salutar o conceito de informação. UNIDADE 1 | SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO – ASPECTOS HISTÓRICO-CONCEITUAIS 16 René Descartes, filósofo e matemático francês do século XVII. Criador do Método, isto é, processo para obtenção de conhecimento. Prática utilizada em todas as ciências. O método expõe em sua obra mais famosa O Discurso do Método (1637). FONTE: Disponível em: <http://www.iplugados.com/biografias1.html>. Acesso em: 11 ago. 2012. Em resumo, este recurso à história do conceito (a que chamamos filológica/ filosófica), como você pôde conferir, caro(a) acadêmico(a), quer apresentar a importância da informação para a condição humana. É pela troca de informações entre nós mesmos, com os outros e com o mundo que vamos correlacionando dados e posições sobre a existência. Além disto, a variedade de definições do termo demonstra os vários sentidos tomados pelos humanos e sua constituição histórica. É nesta seara que o termo informação vai tomar uma nova conotação do ponto de vista contemporâneo. Além disto, é óbvio que a informação é um processo inerente à atividade dos humanos. Se ligarmos informação com linguagem, os seres humanos estariam em constante processo de informação. Mas, à guisa da conclusão desta parte, antecipamos que na sociedade contemporânea (da informação) trata-se de um tipo especial de informação. Como veremos adiante e em muitos outros tópicos, o fenômeno da sociedade da informação é um processo que se inicia a partir da década de 1960. Nesta medida, iremos inserir o debate da sociedade da informação como “filha de seu tempo” (para usar uma expressão de um filósofo chamado Hegel), ou seja, como processo inserido em um debate de uma passagem/reposicionamento da modernidade para pós-modernidade/sociedade pós-industrial/ hipermodernidade/modernidade líquida. Ou dito de outro modo, como passamos de um modo de vida(moderno) para outro (pós/hiper/líquido) tendo a informação como eixo mais recente neste estilo. NOTA NOTA TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO TEMÁTICA 17 4.4 CONTEMPORÂNEO Contemporaneamente, o conceito informação passa a ser utilizado por várias áreas do saber humano, da matemática, passando pela filosofia e se filiando às tecnologias computacionais e às interpretações genéticas. Ou para refrescar a memória, acadêmico(a), basta lembrar dos exemplos de nossa introdução. Uma passada pelo Dicionário Aurélio (FERREIRA, 2009, p. 1104) constata isto: [Primeira definição: Ato ou efeito de informar-(se) [...]. [Segunda definição:] Dados [...] acerca de alguém ou algo [...]. [Terceira definição:] Conhecimento participação [...]. [Quarta definição:] Comunicação ou notícia trazida ao conhecimento de uma pessoa ou do público [...]. [Quinta definição:] Instrução, direção. [Nona definição, ligada à informática:] Coleção de fatos ou de outros dados fornecidos à máquina, a fim de se objetivar um processamento [...]. [Décima definição, ligada à teoria da informação:] [...], medida da redução da incerteza, sobre um determinado estado de coisas, por intermédio de uma mensagem [...] sendo quantificada em bits [em sentido geral códigos] de informação. Informação Genética. [...]. Mensagem contida no ácido desoxirribonucleico através da sequência dos seus nucleotídeos, e que se expressa pela síntese de proteínas. FIGURA 4 – INFORMAÇÃO GENÉTICA FONTE: Disponível em: <http://considereapossibilidade.wordpress. com/2009/01/31/a-informao-gentica-no-para/>. Acesso em: 30 jul. 2012. UNIDADE 1 | SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO – ASPECTOS HISTÓRICO-CONCEITUAIS 18 Contemporaneamente, como você tem acompanhado neste nosso exercício histórico e conceitual, conferimos grande atenção à informação, porque compreendemos que, através das novas tecnologias (grande rede, conquistas da genética, da nanotecnologia, mass media, economia financeirizada etc.), temos as codificações das mensagens mais e mais aceleradas, diminuindo os espaços (quiçá, também o tempo) do globo terrestre, e que tal perspectiva contribui para uma sociedade em novos níveis de ação. A informação passa a ter papel central: O desenvolvimento e a disseminação do uso de redes de computadores desde a Segunda grande Guerra Mundial e a emergência da ciência da informação como uma disciplina nos anos 50, são evidência disso. Embora o conhecimento e a sua comunicação sejam fenômenos básicos de toda sociedade humana, é o surgimento da tecnologia e seus impactos que caracterizam a nossa sociedade como sociedade da informação [negrito nosso] (CAPURRO; HJORLAND, 2007, p. 149, grifos dos autores). A informação passa a ser condição básica, uma vez que passamos, no contemporâneo, no dia a dia, a ter o mote das cadeias globais promovidas pela natureza digital, que influencia desde o hospital com seus equipamentos, até o trânsito de uma cidade bem equipada neste quesito. Ou seja, “[...] é lugar comum considerar-se a informação como condição básica para o desenvolvimento econômico juntamente com o capital, o trabalho e a matéria-prima, mas o que torna a informação especialmente significativa na atualidade é sua natureza digital” (CAPURRO; HJORLAND, 2007, p. 149). FIGURA 5 – TECNOLOGIAS NOS RONDANDO CONSTANTEMENTE FONTE: Disponível em: <http://noticias.r7.com/blogs/ogg-ibrahim/2012/03/17/ a-tecnologia-que-nos-aproxima-e-nos-afasta/>. Acesso em: 30 jul. 2012. Para entendermos melhor a natureza digital da informação, lancemos mão de um quadro panorâmico dos efeitos da informação (e suas tecnologias). Para desenvolver o mesmo, tomamos de empréstimo a definição de informação dada no TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO TEMÁTICA 19 Dicionário do pensamento social do século XX (OUTHWAITE; BOTTOMORE, 1996), que se mostra muito esclarecedor, porque enumera os passos de formação de uma sociedade da informação. Como você irá conferir, houve num primeiro momento a digitalização das informações, depois a informação tornou-se tecnologia, operando mudanças nas relações sociais e, sendo de extrema relevância social, produzindo um novo modelo de sociedade, a chamada sociedade da informação. O quadro é retirado e montado a partir, como mencionamos, do Dicionário do pensamento social do século XX (OUTHWAITE; BOTTOMORE, 1996, p. 395): QUADRO 1 – QUADRO AÇÃO-RESULTADO DA INFORMAÇÃO FONTE: Adaptado de: Outhwaite; Bottomore (1996, p. 395) UNIDADE 1 | SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO – ASPECTOS HISTÓRICO-CONCEITUAIS 20 O QUE É INFORMAÇÃO? Muitos dizem que navegamos na Terceira Onda de Tofler, ou seja, a onda da informação, que seguiu as ondas agrícola e industrial. Autores como Malone, Drucker, Levy, entre outros, dizem que os clássicos fatores de produção estão perdendo seu status para o capital intelectual e para a informação. LEITURA COMPLEMENTAR E para fechar esta seção sobre a informação (para marcar sua importância contemporânea), vale a seguinte colocação: Segundo Marshal McLuhan, estamos assistindo ao fim da era Gutenberg, ao fim da era iniciada com a criação do código fonético e sistematizada pela invenção dos tipos móveis de imprensa, principal responsável, segundo ele, pela destribalização da cultura, pelo individualismo, pelo nacionalismo, pelo militarismo e pela tecnologia ocidental, até a linha de montagem de Ford (que hoje estaria superada). Com o circuito elétrico, que possibilita a ionização ou simultaneidade da informação [bem como a redução do tempo e do espaço], termina a era da expansão (explosão) das sociedades e começa a era da ‘implosão’ da informação: a informação complexa, antiverbal, se manifesta em mosaico, descontínua e simultaneamente [negrito nosso] – e a televisão é o seu profeta. [A televisão passa a alterar o comportamento interpessoal, bem como a internet, pois traz informações sem fim] (PIGNATARI, 1981, p. 12-13). Em síntese, acadêmico(a), você pode acompanhar que a informação passa a ser o bloco pelo qual as atividades humanas são operadas, sua mola mestra. Seja porque torna tudo em banco de dados, seja porque toma a tecnologia (internet, celulares, mídia) por meio de relação, isto é, toma os artefatos tecnológicos meios pelo qual realizamos os trabalhos, os estudos, os contatos entre as pessoas. Para que você aprimore seus estudos no que concerne ao conceito de informação, indicamos a leitura do Dicionário do pensamento social do século XX. Apesar do termo dicionário no nome, que pode assustar, o texto é de leitura fácil, contendo em torno de 500 verbetes descrevendo as mudanças sociais. A obra se mostra rica fonte para aprofundamentos futuros. OUTHWAITE, William; BOTTOMORE, Tom. Dicionário do pensamento social do século XX. Tradução de Eduardo Francisco Alves; Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996. DICAS TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO TEMÁTICA 21 Mas no campo empresarial, especificamente, como pode ser descrita a informação? A informação pode ser entendida como um dos recursos dos quais a empresa dispõe e utiliza (ou necessita) para a consecução de seus objetivos. De forma genérica, informar significa comunicar algo a alguém. Existe uma clássica distinção entre dados e informações. Oliveira (1993, p. 34) define dado como sendo “qualquer elemento identificado em sua forma bruta que por si só não conduz a uma compreensão de determinado fato ou situação”. A informação, por sua vez, é mais estruturada. É definida como sendo “o dado trabalhado que permite ao executivo tomar decisões” (OLIVEIRA, 1993. p. 34). Cassaro (2003, p. 35) corrobora afirmando que “os dados alimentam, dão entrada no sistema, e as informações são produzidas, saem do sistema”, podendo ser a entrada para outro sistema de informação. Como exemplo de dados pode ser citada a quantidade de clientes de uma empresa ou o preço de venda cobrado por determinado item. A lucratividade gerada pelos diversos clientes ou grupo de clientes, que contribui para o gestor decidir, entre outros fatores, qual carteira de clientesincrementar, é uma informação. Os dados, no conceito do Serviço Federal de Processamento de Dados - SERPRO (2003), “são sinais que não foram processados, correlacionados, integrados, avaliados ou interpretados de qualquer forma. Os dados representam a matéria-prima a ser utilizada na produção de informações”. Quanto às informações, de acordo com o SERPRO (2003), “neste nível, os dados passam por algum tipo de processamento para serem exibidos em uma forma inteligível às pessoas que irão utilizá-los”. A importância do fator informação fica ainda mais evidenciada no contexto empresarial contemporâneo, marcado pela extrema e notória competitividade e pela necessidade de eficiência em todos os processos organizacionais. Conceituando eficiência de maneira breve, ela consiste em realizar as atividades de modo correto, ou seja, relaciona-se mais com os meios utilizados. Agir com eficácia, entretanto, é fazer as coisas certas, ou seja, relaciona-se mais com os resultados esperados. Na era da informação, ela é condição indispensável para o funcionamento da empresa e para a consequente sobrevivência, pois conforme cita Cassaro (2003, p. 25), “A empresa em si é uma estrutura estática. O [...] que lhe dá dinamismo é o conjunto de sistemas de informações, ou seja, a gama de informações produzidas pelos seus sistemas, de modo a possibilitar o planejamento, a coordenação e o controle de suas operações”. UNIDADE 1 | SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO – ASPECTOS HISTÓRICO-CONCEITUAIS 22 Fica óbvio que sem informações a empresa não opera. Ela não poderá tomar nenhuma decisão, não poderá estabelecer nenhum objetivo nem estratégia. Isso sem considerar que, mesmo que a empresa apenas reagisse aos fatos já ocorridos, não deixaria de estar considerando informações históricas. Cassaro (2003, p. 34) comenta que “tanto mais dinâmica será uma empresa quanto melhores e mais adequadas forem as informações de que os gerentes dispõem para as suas tomadas de decisão”. A informação também permite a integração entre os diversos sistemas organizacionais (recursos humanos, marketing, finanças etc.), permitindo a retroalimentação destes para fins de controle, bem como gerando insumos para planos de ação. Ela é um dos principais requisitos para se ter uma visão sistêmica da empresa. Na visão do SERPRO (2003), “A qualidade dos sistemas de informação de uma organização é reconhecidamente uma vantagem corporativa estratégica. Mas, apesar de todos os avanços tecnológicos, o processamento de informações corporativas continua sendo complexo”. Porém, Silva (2001) afirma que cada vez mais, na era da informação, a sociedade terá que se adaptar ao problema da sobrecarga de informações. Isto vai nos compelir a buscar e usar técnicas que ajam como um filtro, selecionando as informações confiáveis e relevantes e maximizando o tratamento das informações recebidas. Isso revela uma outra tendência atual: a customização. Cada indivíduo apresenta uma necessidade específica de informação, ou seja, de acordo com seus objetivos, determinados aspectos serão relevantes. Porém, em meio ao excesso de informações, muitas das quais irrelevantes, tornam-se necessários processos capazes de gerar e recuperar essas informações quando necessárias, de modo a atender, preferencialmente de forma facilitada, as necessidades específicas de cada usuário. [...] Quanto às características da informação, Cassaro (2003) distingue as informações como sendo operacionais, ou seja, aquelas úteis para realizar determinada atividade, como, por exemplo, uma requisição de material; ou como sendo gerenciais, que são basicamente uma compilação das informações operacionais que chegam até o gestor e lhe subsidiam na tomada de decisão. Segundo Cassaro, (2003, p. 41) “enquanto as informações operativas praticamente independem das pessoas, as informações gerenciais são muito influenciadas pelas pessoas que ocupam posições gerenciais”. Uma característica da informação gerencial é o seu potencial preditivo, ou seja, permite inferências sobre situações futuras, permitindo o planejamento de TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO TEMÁTICA 23 onde a empresa espera chegar, bem como a verificação de que a empresa está se orientando para a consecução dos objetivos esperados, possibilitando ajustes caso esteja em situação indesejada. É importante frisar também, conforme citam Padoveze (1994) e Cassaro (2003), que a informação deve ter certos atributos, entre eles destacam-se a relação custo e benefício, utilidade e oportunidade. Dessa forma, os benefícios ocasionados pela utilização de determinada informação devem, inclusive por questão de bom senso, ser maiores que os custos incorridos para obtê-la. É importante verificar se a informação está realmente sendo usada e que benefícios seu uso traz. Entretanto, é difícil precisar com exatidão e objetividade os resultados de uma informação, ou seja, associar diretamente a ele os resultados, satisfatórios ou não, de uma decisão. Quanto à oportunidade, toda informação tem uma utilidade ou valor elevado em determinado momento, decrescendo até chegar ao valor nulo com o passar do tempo. Observando a figura apresentada por Cassaro (2003, p. 37), é possível perceber de forma mais clara a importância da informação ser oportuna. FIGURA 1 – VALOR DA INFORMAÇÃO OPORTUNA FONTE: Adaptado de: Cassaro (2003, p. 37) Conforme exemplifica Cassaro (2003), a figura acima supõe o fato de um gerente necessitar tomar uma decisão no dia 20, e apenas nesse dia tal decisão pode ser tomada. Dessa forma, a informação disponibilizada no dia 30 não teria valor algum. Porém, se a informação fosse fornecida no dia 10, dando maior tempo para o gestor se preparar e ponderar os possíveis resultados da escolha das alternativas disponíveis, surpreendentemente, a informação também não teria o seu valor UNIDADE 1 | SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO – ASPECTOS HISTÓRICO-CONCEITUAIS 24 máximo. Nesse dia, o gerente não teria nenhuma decisão a ser tomada e o destino da informação provavelmente seria a gaveta, além de que, no prazo de 10 dias muitas variáveis poderiam se alterar. No dia 20, quando a decisão fosse tomada, essa informação não corresponderia mais com a realidade. Ressaltando que as empresas tendem a operar em ambientes dinâmicos e com alto grau de risco e incerteza, condições presentes em praticamente todas as decisões. Cabe aqui uma distinção entre risco e incerteza: a condição de risco se dá quando o tomador de decisões pode estimar as probabilidades de ocorrência dos vários resultados que a alternativa escolhida acarretará. Quando não se tem informações para conhecer ao menos a probabilidade de ocorrência de certos eventos, tem-se a incerteza. Lima (2007, p. 5) define a diferença entre risco e incerteza da seguinte forma: A diferença entre risco e incerteza está relacionada ao conhecimento das probabilidades ou chances de ocorrerem certos resultados. O risco ocorre quando quem toma as decisões da aplicação de um ativo pode estimar as probabilidades relativas a vários resultados, com base em dados históricos, o que chamamos de distribuições probabilísticas objetivas. Quando não se tem dados históricos e é preciso fazer estimativas aceitáveis, ou seja, distribuições probabilísticas subjetivas, lidamos com a incerteza. Correção e exatidão das informações: Cassaro (2003, p. 38) afirma que “uma informação gerencial quase nunca tem de ser exata, basta-lhe ser correta e estar disponível no momento necessário”. A informação exata corresponde à realidade com precisão total, sendo, portanto, relativa a breve e determinado momento, a partir do qual deixa de ser exata. Os custos de obtenção também são relativamente maiores aos da informação precisa e os benefícios adicionais relativos não são compensatórios. Relevância: escolhas entre alternativas diversas, com diversas finalidades, exigem informações diferentes. Sendo assim, “relevância é o grau de importância que uma informação possui para uma tomadade decisão” (CASSARO, 2003, p. 38). Há de se considerar também que, para tomar determinada decisão, vários fatores pesam sobre as escolhas, alguns em maior e outros em menor grau. Como nem sempre é possível ter informações sobre todas as variáveis envolvidas, é coerente priorizar a obtenção de informações sobre os aspectos mais importantes. Comparação e tendência: é relevante que as informações para finalidades gerenciais possam ser comparadas, possibilitando o conhecimento das variações ocorridas e permitindo que tendências sejam percebidas, evitando suas consequências caso sejam negativas e aproveitando as oportunidades quando positivas. TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO TEMÁTICA 25 A informação é um dos recursos mais relevantes que as empresas [por exemplo] possuem para traçarem suas estratégias, tomarem suas decisões, coordenarem suas ações e efetivarem os controles necessários para acompanhar as mudanças de direção entre o previsto e o realizado. [...] FONTE: Disponível em: <http://vozesdoverbo.blogspot.com.br/2010/10/o-que-informacao.html>. Acesso em: 30 jul. 2012. 26 Neste tópico você viu: ● Primeiro: uma introdução vinculando exemplos ligados à sociedade da informação, como o cinema. Conforme nos ensina Baruch Spinoza: partir para análises mais aprofundadas. ● Segundo: uma pincelada sobre o conceito de sociedade, que em síntese pode ser resumido no seguinte: espaço de relações humanas. Três são as definições norteadoras (gerais) de sociedade, que apresentamos. A primeira faz entender a sociedade como “o espaço das relações humanas de comunicação ou de intersubjetividade” (ABBAGNANO, 2007, p. 1080). A segunda definição parte da ideia de que “a sociedade é a totalidade (um organismo) de indivíduos onde ocorrem as relações de comunicação” (ABBAGNANO, 2007, p. 1080). E a terceira toma a sociedade como “um grupo de indivíduos onde estas relações ocorrem de forma comum ou institucionalizada” (ABBAGNANO, 2007, p. 1080). O que estas definições (tendências) gerais nos permitem? Estas definições nos permitem compreender uma tendência geral sobre o que é sociedade: espaço onde ocorrem as interações humanas. É neste espaço que será vinculada a informação, ou seja, em nossas interações. ● Terceiro: uma pincelada sobre o conceito de informação. Inicialmente realizou um trabalho filológico, isto é, demonstrando a origem, como dissemos na introdução, via Spinoza, sobre buscar a origem, remontando alguns pontos, até chegar à ideia de informação vinculada à sociedade da informação. Nesta perspectiva o(a) acadêmico(a) pode conferir que no nosso dia a dia damos grande atenção e importância à informação, porque ela se traduz através das novas tecnologias (grande rede, conquistas da genética, da nanotecnologia, mass media, economia financeirizada etc.), que se codificam em mensagens mais e mais aceleradas, diminuindo os espaços (quiçá, também o tempo) do globo terrestre. Tal prática também contribui para formar uma visão geral que explica a globalização, isto é, esta mesma sociedade da informação traduz o nosso tempo, como vimos. RESUMO DO TÓPICO 1 27 Para fixar os conhecimentos adquiridos neste tópico, responda a cada uma das questões: AUTOATIVIDADE 1 Realize uma síntese do texto complementar: O que é informação? 2 Defina sociedade a partir de Giddens. 28 29 TÓPICO 2 MUITOS NOMES PARA A MESMA SITUAÇÃO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Caro(a) acadêmico(a), neste segundo tópico buscamos demonstrar do ponto de vista teórico e histórico os movimentos que conformam a sociedade contemporânea como sociedade da informação, isto é, como, a partir de determinado período, a informação passou a ser eixo/mola fundamental da sociedade, como você vai conferir, mais precisamente a partir da década de 1960. Para isto iremos articular uma história das interpretações da sociedade para localizar a ideia de sociedade da informação, no período que mencionamos. Valendo-se da proposta de Spinoza, vamos remontar a estrutura que revela os pontos da sociedade da informação hoje. Com este empreendimento, esperamos contribuir com você, acadêmico(a), no fortalecimento do conhecer e na potência do pensar. Como você pôde acompanhar na unidade anterior, de maneira geral, a partir das definições apresentadas, a sociedade é o espaço onde estabelecemos as relações humanas (que são exemplificadas nas instituições, nas músicas, nos sentidos e sem sentidos que o humano dá coletivamente), e mais recentemente estas relações são atravessadas, marcadas, enlaçadas pelo aspecto da informação, que, como vimos, é entendida como o processo em que transformamos dados digitais (sejam eles linguagens, imagens, livros, filmes) em informação que é transmitida constantemente por redes, resultando na compressão do tempo e do espaço, acelerando os fluxos de ideias, conceitos, moda, arte, música, especulações econômicas, em ritmo nunca antes visto. Mas, como você tem acompanhado, isto não se realiza de modo gratuito, as mudanças ocorrem historicamente e possuem um processo de chegada, isto é, os modos que observamos hoje possuem uma história para chegar ao que vemos hoje, sofrendo grandes metamorfoses. Há uma gama de causas e transformações, como bem nos lembrava Spinoza, no Tópico 1. E isto não é diferente com a sociedade da informação. UNIDADE 1 | SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO – ASPECTOS HISTÓRICO-CONCEITUAIS 30 2 GLOBALIZAÇÃO E SEUS EIXOS: DA MODERNIDADE À PÓS-MODERNIDADE; DA SOCIEDADE INDUSTRIAL À SOCIEDADE PÓS-INDUSTRIAL; DA MODERNIDADE À HIPERMODERNIDADE/MODERNIDADE LÍQUIDA Tradicionalmente, para compreender estas mudanças que vislumbramos na sociedade da informação, podemos nos valer da Sociologia, ciência que lança três hipóteses muito interessantes acerca desta chegada à sociedade da informação. Em outras palavras, traça um viés, um caminho que demarca a passagem da modernidade/sociedade industrial para pós-modernidade/sociedade pós- industrial ou modernidade para hipermodernidade/modernidade líquida, que nada mais é que o transcorrer do século XVI até os dias atuais. A primeira diz que a partir do Renascimento e das grandes navegações iniciamos um processo de globalização do mundo, impulsionado pelas mutações do capitalismo. Historicamente, estas mutações estariam “instaladas” no que podemos chamar de modernidade, que vai do Renascimento até o século XIX, e a pós-modernidade, a partir do século XIX, sendo a sociedade da informação um dos braços ou características deste último. Esta hipótese que colocamos é, por exemplo, tese desenvolvida pelo sociólogo brasileiro Octavio Ianni (1926-2004), que em seu livro A Sociedade Global (IANNI, 1993) procura analisar estas mutações, desde o surgimento do capitalismo, no século XIV, passando pelas grandes navegações, pela formação dos estados-nação, pelas revoluções política e industrial, até chegar às multinacionais, à informática e à bolsa de valores. “A estes movimentos, Ianni denomina globalização” (COSTA, 2005, p. 232). OCTAVIO IANNI, sociólogo brasileiro (1926-2004). Desenvolveu vários estudos sobre o Brasil e a cultura. Escreveu várias obras, das quais se destacam A Sociedade Global (1992) e Teorias da Globalização (1996). FONTE: Disponível em: <http://umapiruetaduaspiruetas.wordpress.com/2012/03/27/notas- para-a-prova-de-ppsb-estilos-de-pensamento-octavio-ianni/>. Acesso em: 30 jul. 2012. NOTA TÓPICO 2 | MUITOS NOMES PARA A MESMA SITUAÇÃO 31 Globalização: De maneira geral, fenômeno caracterizado pela maior integração (não sem conflito) econômica, cultural, social, onde, por exemplo, as mercadorias (econômica), as religiões (cultural) e os grupos sociais são aproximados, bem como pela utilização de tecnologias e pela circulação de informação em massa. FIGURA 6 – GLOBALIZAÇÃO FONTE: Disponível em: <http://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_ estudantes/filosofia/filosofia_trabalhos/compreendglobaliz.htm>. Acesso em: 30 jul. 2012. 2.1 MODERNIDADE Para filtrar para você, acadêmico(a),e para que a compreensão seja precisa, apresentaremos a seguir pontos fundamentais da modernidade, que no seio de suas contradições servirá de alicerce para a sociedade da informação: Mike Featherstone (1995, p. 20) caracteriza a modernidade de modo muito simples: NOTA UNIDADE 1 | SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO – ASPECTOS HISTÓRICO-CONCEITUAIS 32 Afirma-se, de modo geral, que a modernidade surgiu no Renascimento e foi definida em relação à Antiguidade, como no debate entre os antigos e os modernos. [...], a modernidade contrapõe-se à ordem tradicional, implicando a progressiva racionalização e diferenciação econômica e administrativa do mundo social [...] – processos que resultaram na formação do moderno Estado capitalista-industrial [...]. Um pensador famoso, de uma leitura riquíssima (e ainda vivo), chamado Jürgen Habermas (1929-), também contribui para nossa pesquisa. Diz ele que a modernidade (na verdade, ele vai chamar de projeto moderno) parte de um conjunto de teses formuladas pelos filósofos iluministas, tais como (COSTA, 2005, p. 233): Crença no pensamento científico. Papel da moralidade na condução da vida humana. Universalismo do pensamento. Universalismo das formas de organização da sociedade. Em Johnson (1997, p. 152) também temos uma boa definição, que parte dos mesmos aspectos que anunciamos “[...] modernismo é uma visão particular das possibilidades e direção da vida social, com origens no Iluminismo e baseada em fé no pensamento racional. Da perspectiva modernista, a verdade, a beleza e a moralidade existem como realidades objetivas que podem ser descobertas, conhecidas e compreendidas através de meios racionais e científicos. Essa opinião não só torna o progresso inevitável, mas fornece uma base para o aumento do controle sobre a condição humana e maior liberdade individual”. Estes pontos podem ser traduzidos na aposta industrial, na urbanização, na construção das grandes cidades, na ciência como resposta para tudo, na conversão da religião em espaço privado, isto é, a possibilidade de cada um exercer sua religião. São deste período também as grandes colonizações. Além destes quesitos, poderíamos aportar mais quatro, que reforçam nossa compreensão acerca da modernidade, suas nuances e princípios fundamentais, já que nosso mote é chegar à sociedade da informação. Vejamos quais são os quatro reforços (COSTA, 2005, p. 233): Racionalismo. Organização. Esperança na liberação humana da escassez. Esperança na liberação humana do arbítrio (político, religioso). NOTA TÓPICO 2 | MUITOS NOMES PARA A MESMA SITUAÇÃO 33 FIGURA 7 – MODERNIDADE FONTE: Disponível em: <http://vidaqueseconta.blogspot.com.br/2011/07/ modernidade-por-arnaldo-jabor.html>. Acesso em: 30 jul. 2012. FONTE: HABERMAS, Jürgen. O Discurso Filosófico da Modernidade. Disponível em: <http://livraria.folha.com.br/ catalogo/1047451/o-discurso-filosofico-da-modernidade>. Acesso em: 30 jul. 2012. Acadêmico(a), para acompanhar estas questões com maior profundidade, indicamos o livro de Jürgen Habermas, que é extremamente esclarecedor: O discurso filosófico da modernidade. 2.2 PÓS-MODERNIDADE Johnson (1997, p. 152) nos dá uma definição muito clara do que é pós- modernidade: O pós-modernismo rejeita a visão modernista argumentando, em primeiro lugar e acima de tudo, que verdade, beleza e moralidade não têm existência objetiva além do que pensamos, escrevemos e falamos sobre elas. Da perspectiva pós-modernista, a vida social não é uma realidade DICAS UNIDADE 1 | SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO – ASPECTOS HISTÓRICO-CONCEITUAIS 34 objetiva, à espera de que se descubra como funciona. Em vez disso, o que experimentamos como vida social é, na verdade, apenas a maneira como nela pensamos, e há muitas e mutáveis formas de fazer isso. Não há sociedades, comunidades ou famílias que existam como entidades fixas, mas apenas como um fluxo contínuo de conversas, modelos abstratos, histórias e outras representações que perpassam por todos os níveis da vida social, de conversas íntimas entre amantes aos produtos da mídia [aqui entra a sociedade da informação]. Embora alguns elementos no fluxo sejam ‘privilegiados’ ou recebam maior peso e legitimidade social do que outros, em última análise, uma versão da realidade, da beleza ou da moralidade não é pior nem melhor do que outra. Primeiro, é destes sinais de ruptura (no sentido de homogeneidade: sobre a verdade, beleza e moralidade) que a sociedade da informação vai se instalar. Se não há modelos abstratos, se faz necessário compreender as constantes mudanças que não param de acontecer. Segundo, a própria informação também se torna fonte privilegiada dos processos de interação humana, ou seja, quanto mais acesso a dados e a recursos tecnológicos, mais privilégios haverá em certos fluxos sociais. Em outras palavras, podemos dizer que a sociedade da informação surge dos efeitos (e contradições) entre modernidade e pós-modernidade, ou ainda, que a modernidade é globalizante e, por tal feito, produz em seu seio variáveis de interpretação, feitas pela sociologia, da qual partimos, em tempos em tempos. Mas, para esta nota, especifiquemos a pós-modernidade. Partindo da tese de Ianni (1993), que expomos anteriormente (da sociedade da informação como uma das filhas da globalização), trabalhemos outros elementos acerca da pós-modernidade. O primeiro elemento está ligado à ideia de que este conceito nasceu nos meandros das artes visuais e da arquitetura: Criado no campo das artes visuais e da arquitetura, o conceito de pós-modernidade procurava designar uma postura de ruptura com tudo o que caracterizou a produção artística da modernidade, ou seja, a organização do campo artístico e a institucionalização da arte, a profissionalização do artista e a circulação dos produtos por meio de um bem organizado mercado de arte. Procurava romper também a busca por critérios universais da arte e pelo anseio de perenidade e legitimação que caracterizou o modernismo [...] (COSTA, 2005, p. 232). Esta postura de ruptura proposta pela arte, marcadamente influenciada pela indústria cultural, passa a marcar a criação simbólica de sociedade (COSTA, 2005). Desta maneira, o conceito (oriundo de uma proposta contestadora de arte) “[...] associou-se à quebra de valores e de normas de comportamento que caracterizou o homem contemporâneo, especialmente nos grandes centros urbanos” (COSTA, 2005, p. 232-233). Por esta situação, por não permitir uma objetividade de leitura, mas várias possibilidades, afirmar categoricamente o termo é ambíguo, dada a sua flexibilidade de uso. Assim: Em razão dessa flexibilidade e ampliação de uso, o conceito de pós-modernidade acabou ganhando ambiguidade, podendo identificar o TÓPICO 2 | MUITOS NOMES PARA A MESMA SITUAÇÃO 35 desconstrutivismo [na arquitetura, como os movimentos artísticos da periferia] [...]. Servia tanto para designar as organizações não governamentais como manifestações simbólicas que repudiavam valores e princípios inquestionáveis da modernidade – entendida como o período histórico da sociedade ocidental que se estende do Renascimento até meados do século XIX. Entre esses valores estavam o nacionalismo, a democracia, a igualdade entre os homens e a justiça (COSTA, 2005, p. 233). Nesta medida, a pós-modernidade seria um movimento, que, migrado dos movimentos artísticos para os movimentos sociais, passa a identificar um conjunto de fatores-chave que marcam nosso período e cruzam nossas relações interpessoais. Além disto, estes mesmos fatores marcam e dão o diagnóstico da sociedade da informação. Vejamos alguns deles (COSTA, 2005, p. 233): A emergência da informação nas relações econômicas. A emergência da informação na produção. A emergência da informação na comunicação entre pessoas. A decadência dos regimes comunistas no mundo. O fim da produção industrial. O desencanto generalizado em relação às expectativas idealistas da filosofia, das ciências e das técnicas. Esta mesma
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