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1/8 Dislipidemia Estratificação e tratamento Dislipidemia Estratificação e tratamento 2/8 Dislipidemia Estratificação e tratamento DEFINIÇÃO A dislipidemia (ou hiperlipidemia) está presente quando o colesterol total é elevado, quer pelo valor da LDL (low -density lipoprotein) ou dos triglicerídeos ser elevado, quer pelo valor HDL (high-density lipoprotein) ser baixo, ou ainda por uma combinação destes fatores. A alteração dos lípidios no plasma pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares. Tabela 1: valores de referência para o perfil lipídio (adulto >20 anos) Jejum Não-jejum Colesterol total < 190 < 190 HDL > 40 > 40 Triglicérideo < 150 < 175 *Os valores de LDL não estão na tabela pois a partir de agora devem ser referenciados conforme estratificação de risco, explicada adiante. ESTRAFITIFICAÇÃO DE RISCO CARDIOVASCULAR A identificação dos indivíduos com risco de um evento coronariano agudo é essencial para prevenção. A estimativa do risco de doença aterosclerótica é feita a partir de diversos algoritmos, como o Escore de Risco global (ERG), que estima o risco de infarto do miocárdio, AVC, insuficiência cardíaca e insuficiência vascular periférica em 10 anos. Esse escore deve ser utilizado na avaliação inicial. Estratificação de risco em pacientes em uso de estatinas: A diretriz de dislipidemias propõe que seja utilizado um fator de correção para o colesterol total (CT) para o cálculo do ERG nesses pacientes, multiplicando-se o CT por 1,43. 3/8 Dislipidemia Estratificação e tratamento Exemplo de caso clínico: Paciente do sexo masculino, 61 anos, em prevenção primária, tabagista, pressão arterial sistólica (não tratada) de 155 mmHg, CT de 210 mg/dL, HDL-c de 40 mg/dL, LDL-c (calculado) de 140 mg/dL, TG de 150 mg/dL. Cálculo do ERG > 20% (alto risco) com proposta de redução de LDL-c > 50%. Recebeu orientação para uso de estatina de alta potência. Após 18 meses, procura outro médico, informando que parou de fumar, está com pressão arterial sistólica de 125 mmHg, tratada com anti-hipertensivo, e traz exames recentes em uso de estatina de alta potência, com CT de 111 mg/dL, HDL-c de 43 mg/dL, LDL de 38 mg/dL e TG de 150 mg/dL, além de risco calculado intermediário. Fonte: Atualização da Diretriz Brasileira de dislipidemias e prevenção da aterosclerose – 2017. Metas terapêuticas absolutas e redução do percentual: LDL: O colesterol elevado é um dos principais fatores modificáveis de doença cardiovascular, principalmente doença arterial coronariana. A recomendação da meta de LDL e HDL é de acordo com o risco cardiovascular. Tabela 2. – Metas terapêuticas absolutas e redução porcentual do colesterol da lipoproteína de baixa densidade e do colesterol não-HDL para pacientes com ou sem uso de estatinas Sem estatinas Com estatinas Risco Redução (%) Meta de LDL (mg∕dL) Meta de não HDL (mg∕dL) Muito alto >50 <50 <80 Alto >50 <70 <100 Intermediário 30-50 <100 <130 Baixo > 30 <130 <160 Não HDL: A meta secundária é de 30 mg∕dL acima da meta do LDL, conforme na tabela anterior. HDL, triglicérides e outras variáveis: 4/8 Dislipidemia Estratificação e tratamento Não existem metas para o HDL e não é recomendado tratamento medicamentoso visando aumenta-lo. Com relação ao triglicérides, quando ≥ 500 mg∕dL é recomendado o paciente receber terapia específica para reduzir o risco de pancreatite. Se o valor é entre 150 e 499 mg∕dL, a terapia deve ser individualizada conforme o risco cardiovascular. Para outras variáveis como as apoliproteínas ou Lp(a) não são especificadas metas terapêuticas. TRATAMENTO Não medicamentoso: • Terapia nutricional: dieta saudável, rica em fibras, isenta de ácidos graxos trans e com redução de ácidos graxos saturados. Recente metanálise mostrou que o colesterol alimentar exerce pouca influência na mortalidade cardiovascular, assim não há um valor de corte para o consumo de colesterol • Redução da bebida alcoólica: o consumo de bebidas alcoólicas não é recomendado em pacientes com hipertrigliceridemia, A inibição da lipase das lipoproteínas pelo excesso de etanol e a consequente redução na hidrólise de quilomícrons parecem justificar a lipemia induzida pelo etanol. Além disso, o produto da metabolização do álcool é a Acetilcoenzima A (acetil-CoA), principal precursora da síntese de ácidos graxos. • Atividade física: melhora a estrutura e função vascular. No endotélio, o exercício aumenta a biodisponibilidade do óxido nítrico e diminui a concentração de endotelina, além de reduzir a formação de neoíntima e aumenta a circunferência luminal. Outros benefícios são o aumento dos níveis de HDL e redução dos níveis de TG. o Antes de iniciar exercício físico, é importante a avaliação clínica e teste ergoespirométrico ou testes ergométrico. o A frequência deve ser de 3-5 vezes por semana. • Cessação do tabagismo: o tabagismo causa prejuízos à vasodilatação no endotélio das artérias coronárias. o Os medicamentos de primeira linha são a Terapia de Reposição de Nicotina com goma ou patch, bupropiona e vareniclina. 5/8 Dislipidemia Estratificação e tratamento Medicamentoso: A decisão do início da terapia medicamentosa depende do: • Risco cardiovascular do paciente: define se precisa da terapia medicamentosa ou pode só utilizar as modificações do estilo de vida. • Tipo de dislipidemia presente: define a escolha da classe terapêutica. Os medicamentos hipolipemiantes podem agir predominantemente nas taxas séricas de colesterol ou nas taxas de triglicérides. Medicamentos com ação predominante na colesterolemia: • Estatinas: atuam inibindo a enzima HMG-CoA redutase, responsável pela formação de colesterol no fígado. A estatina empregada deve ser aquela que esteja disponível no serviço, buscando atingir as metas terapêuticas recomendadas. • Ezetimiba: medicação que inibe a absorção do colesterol na borda em escova do intestino delgado, atuando seletivamente nos receptores NPC1-L1 e inibindo o transporte intestinal de colesterol. Normalmente empregada em dose única de 10 mg∕dia, em associação com as estatinas. • Resinas: atuam reduzindo a absorção de ácidos biliares. Assim, ocorre a depleção do colesterol celular hepático, estimulando a síntese de receptores de LDL e de colesterol endógeno. No Brasil, somente a colestiramina está disponível. Está indicada quando as metas do LDL não são obtidas, apesar do uso de estatinas potentes em doses efetivas. Medicamentos que atuam predominantemente nos triglicerídeos: • Fibratos: medicações derivadas do ácido fíbrico, que aumentam a produção e ação da LPL (responsável pela hidrólise dos TG) e maior síntese de HDL. São indicadas como primeira linha do tratamento de hipertrigliceridemia endógena isolada, quando houver falha nas medidas não farmacológicas. • Ácido nicotínico (niacina): reduz a ação da lipase tecidual nos adipócitos, levando a liberação menor de ácidos graxos livres na circulação. Com isso, reduz a síntese de triglicerídeos pelo fígado. É a segunda escola para tratar hipertrigliceridemia endógena, podendo ser associado aos fibratos. • Ácidos graxos ômega 3: são derivados do óleo de peixes e certas plantas e nozes. Atuam reduzindo os TG e aumentam o HDL. 6/8 Dislipidemia Estratificação e tratamento A terapia conforme o risco cardiovascular é realizada da seguinte forma: • Risco cardiovascular muito alto: é preferível a associação de ezetimiba e sinvastatina do que esta última isolada. • Risco cardiovascular alto: sempre que possível e tolerado, preferir estatina de alta intensidade ou a associação ezetimiba e estatina (sinvastatina 40 mg ou outra). • Risco cardiovascular intermediário: sempre que possível e tolerado, uso de estatina de intensidade pelo menos moderada. • Risco cardiovascular baixo: o tratamento medicamentoso deveser considerado naqueles com LDL persistente acima de 160 mg∕dL. Tabela 3. Intensidade do tratamento hipolipemiante. Baixa Moderada Alta Redução de LDL esperada com dose diária, % < 30 30 a < 50 ≥ 50 Exemplos, doses diárias em mg Lovastatina 20 Sinvastatina 10 Pravastatina 10-20 Fluvastatina 20-40 Pitavastatina 1 Lovastatina 40 Sinvastatina 20-40 Pravastatina 40-80 Fluvastatina 80 Pitavastatina 2-4 Atorvastatina 10-20 Rosuvastatina 5-10 Atorvastatina 40- 80 Rosuvastatina 20- 40 Sinvastatina 40∕ezetimiba 10 7/8 Dislipidemia Estratificação e tratamento REFERÊNCIAS 1. Faludi AA, Izar MC, Saraiva JF, Chacra AP, Bianco HT, Afiune Neto A, et al. Atualização da Diretriz Brasileira de dislipidemias e prevenção da aterosclerose – 2017. Arq Bras Cardiol 2017; 109(2Supl.1):1-76. doi: 10.5935/abc.20170121. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Dislipidemia: prevenção de eventos cardiovasculares e pancreatite. 2019. 8/8 Dislipidemia Estratificação e tratamento
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