Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
TEORIA DA CONTABILIDADE ERNANI OTT EDITORA UNISINOS 2012 APRESENTAÇÃO Este livro está organizado em sete capítulos, são tratados sete temas sob o enfoque da Teoria da Contabilidade. No primeiro capítulo, apresenta-se o surgimento e desenvolvimento das escolas de pensamento contábil (italiana, norte-americana e alemã), dando ênfase aos pontos básicos sobre os quais foram concebidas e às suas contribuições para o entendimento da contabilidade. O segundo capítulo trata do conceito e objetivos da contabilidade, apresentando- se: conceito de contabilidade, objetivos da contabilidade, usuários e as suas necessidades de informação, campo de atuação da contabilidade, estrutura conceitual da contabilidade, horizontes da contabilidade e futuro do profissional contábil. No terceiro capítulo são abordados os conceitos e critérios para avaliação de ativos nas entidades e são examinadas as exigibilidades considerando as suas várias formas. Também é apresentada uma abordagem sobre o patrimônio líquido e as suas teorias, assim como são conceituadas as receitas, os ganhos, as despesas e as perdas. O quarto capítulo tem seu foco no ativo intangível, cuja característica é não possuir substância física. Quando não identificado esse ativo, é denominado de goodwill. Na medida em que são identificados esses ativos, são tratados como capital intelectual, composto pelo capital humano, capital relacional e capital estrutural. No quinto capítulo são tratados os temas relacionados com a responsabilidade social das empresas, enfatizando a questão da sustentabilidade empresarial. Também são tratadas as demonstrações contábeis denominadas de balanço social e demonstração do valor adicionado. No sexto capítulo, examina-se a gestão ambiental, enfocando o comportamento ambiental reativo e o comportamento ético-ambiental nas empresas. Também são examinadas, nesse capítulo, a auditoria e a contabilidade ambiental, além da evidenciação de informações de caráter ambiental No último capítulo, aborda-se a evidenciação (disclosure) contábil, os elementos que a influenciam e as diversas formas que podem ser utilizadas pelas entidades para a sua consecução. Também são apresentadas considerações acerca das evidenciações voluntárias ou espontâneas. SUMÁRIO CAPÍTULO 1 – EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO CONTÁBIL 1.1 Introdução 1.2 Escolas italianas de contabilidade 1.3 Escola norte-americana de contabilidade 1.4 Escola alemã de contabilidade CAPÍTULO 2 – CONCEITO, OBJETIVOS, CAMPO DE ATUAÇÃO E ESTRUTURA CONCEITUAL DA CONTABILIDADE 2.1 Conceito de contabilidade 2.2 Objetivos da contabilidade 2.3 Usuários e as suas necessidades de informação 2.4 Campo de atuação da contabilidade 2.5 Estrutura conceitual para a elaboração e apresentação das demonstrações contábeis 2.6 Características qualitativas da informação contábil-financeira 2.7 Horizontes da contabilidade e o futuro do profissional contábil CAPÍTULO 3 – DEFINIÇÃO E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO ATIVO, PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO. RECEITAS, GANHOS, DESPESAS E PERDAS 3.1 Conceituação de ativo 3.2 Avaliação do ativo 3.3 Passivos (exigibilidades) 3.4 Patrimônio líquido 3.5 Receitas, ganhos, despesas e perdas CAPÍTULO 4 – ATIVO INTANGÍVEL / GOODWILL / CAPITAL INTELECTUAL 4.1 Ativo intangível 4.2 Goodwill 4.3 Capital intelectual CAPÍTULO 5 – RESPONSABILIDADE SOCIAL, BALANÇO SOCIAL E DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO 5.1 Responsabilidade social 5.2 Dimensões da responsabilidade social das empresas 5.3 Responsabilidade social e sustentabilidade 5.4 Indutores de responsabilidade social empresarial 5.5 Relatório de sustentabilidade 5.6 Balanço social 5.7 Demonstração do valor adicionado CAPÍTULO 6 – GESTÃO E CONTABILIDADE AMBIENTAL 6.1 Gestão ambiental 6.2 Avaliação dos custos ambientais 6.3 Auditorias ambientais 6.4 Contabilidade ambiental 6.5 Evidenciação de informações ambientais CAPÍTULO 7 – EVIDENCIAÇÃO (DISCLOSURE) E OS OBJETIVOS DA CONTABILIDADE 7.1 Introdução 7.2 Elementos que influenciam na evidenciação 7.3 Resistência em aumentar a evidenciação contábil 7.4 Formas (métodos) de evidenciação 7.5 Evidenciações voluntárias ou espontâneas CAPÍTULO 1 EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO CONTÁBIL Este capítulo trata do surgimento e desenvolvimento das escolas de pensamento contábil (italiana, norte-americana e alemã), enfocando os pontos básicos sobre os quais foram concebidas, destacando os seus principais pensadores e as suas contribuições para o entendimento da contabilidade. 1.1 Introdução Schmidt (2000) relata que os primeiros sinais objetivos da existência da contabilidade, segundo alguns pesquisadores, foram observados por volta do ano 4.000 a.C., na civilização Sumério-Babilonense, coincidindo com a invenção da escrita. As primeiras anotações eram feitas em termos físicos, pois, na época, somente havia trocas, o que fez com que a sua evolução fosse bastante lenta. Este quadro se alterou por ocasião do surgimento da moeda, em 1.100 a.C. Há informações de que os primeiros rudimentos de balanço surgiram no ano de 1.300, em Florença, Itália. Entre os séculos XIII e XVII, a contabilidade se distinguiu como uma disciplina adulta, justamente pelo fato de que, neste período, a atividade mercantil, econômica e cultural era muito importante, o que revela que a evolução da contabilidade sempre está associada ao desenvolvimento da sociedade como um todo, justificando-a como pertencente ao ramo da ciência social (factual). A intensidade das atividades mercantis, econômicas e culturais determinou o surgimento e o domínio das escolas de contabilidade, notadamente na Itália. 1.2 Escolas italianas de contabilidade Com o surgimento do Método de Partidas Dobradas, no século XIII, e sua divulgação através da obra La summa de arithmetica, geometria, proportioni et proportionalitá, de autoria do Frei Luca Pacioli, publicada em Veneza em 10 de novembro 1494 (1ª edição), a escola italiana ganhou um grande impulso, espalhando- se por toda a Europa. Várias correntes de pensamento contábil se desenvolveram dentro da escola italiana, sendo as mais relevantes: o contismo, o personalismo, o neocontismo, o controlismo, o aziendalismo e o patrimonialismo (SCHMIDT, 2000). 1.2.1 Escola contista Constituiu-se na primeira corrente de pensamento contábil (1494). Schmidt (2000) menciona que os defensores dessa corrente adotaram como ideia básica o mecanismo das contas, centrando sua preocupação no seu funcionamento, esquecendo-se que a conta é apenas consequência das operações que acontecem numa entidade, e que essas operações devem merecer a máxima atenção da contabilidade. O objetivo das contas era sempre o de registrar uma dívida a receber ou a pagar, coincidindo com a origem do crédito nas relações comerciais. Com o início do regime socioeconômico, no qual os meios de produção passaram a pertencer a qualquer pessoa que possuísse capital, as relações de crédito entre compradores e vendedores experimentaram um grande crescimento, fazendo com que as contas contábeis se constituíssem num dos mais hábeis instrumentos para o registro dessas relações. A escola contista teve um grande impulso com os trabalhos de pesquisadores franceses, entre os quais Degranges, que em 1795 divulgou a chamada Teoria das Cinco Contas, baseada em estudo realizado em 1675, por Jacques Savary, sobre a teoria geral das contas. Para Degranges, o comércio tinha cinco objetivos (contas) principais que permanentemente lhe serviam de meio de troca, sendo este fato a base de sua teoria. As cinco contas eram: (1) mercadorias; (2) dinheiro; (3) contas a receber; (4) contas a pagar; e (5) lucros e perdas (SCHMIDT, 2000). Em 1796, Jones apresentou o modelo inglês de registro baseado em dois livros principais: o diário e o razão, e dois livros auxiliares: caixa e armazém (existências). Esse autor teve o mérito de ser o primeiro a admitir a necessidade de realizar-se um controle numérico entre os livros principais, somando-se separadamente o diário e o razão para verificar a igualdade de ambas as somas. Mais tarde, com o surgimento dassociedades com mais de um capitalista, criou- se a conta capital, considerada pelos contistas como uma dívida da empresa para com o capitalista, o que mais tarde, com o surgimento do conceito de entidade, deixou de ser assim considerada. Os principais personagens do contismo foram: Fibonacci, Pegolotti, Pietra, Flori e Degranges, e os mais destacados foram: Cotrugli e Frei Luca Pacioli. 1.2.2 Escola personalista Schmidt (2000) menciona que esta escola surgiu como uma reação ao contismo, durante a segunda metade do século XIX (1867), dando personalidade às contas para poder explicar as relações de direitos e obrigações. A personificação das contas já existia desde os primeiros expositores do método de partidas dobradas, porém, esta personificação não constituía uma teoria científica, e sim um artifício usado pelos autores para explicar o mecanismo das contas. Para os teóricos do personalismo, as contas deveriam ser abertas tanto para pessoas físicas como jurídicas (pessoas verdadeiras), e o dever e haver representavam débitos e créditos das pessoas a quem as contas foram abertas. Um dos primeiros idealizadores desta teoria foi Francesco Marchi (1822-1871). Mas foi Giuseppe Cerboni (1827-1917) o verdadeiro construtor da teoria personalista. Justificava a personificação das contas por considerar que qualquer operação administrativa, correspondente à gestão de qualquer entidade, assume relevância jurídica em virtude do débito e crédito que provoca. No personalismo, a ciência contábil é considerada o estudo das variações da riqueza em relação à azienda, e a contabilidade a ciência da administração aziendal. Uma importante contribuição desta escola à comunicação contábil foi que a contabilidade passou a ser considerada como um instrumento informacional sobre a gestão das entidades, em vez de uma mera técnica de registro de transações econômicas. Portanto, considerada uma disciplina ligada à gestão e ao processo de tomada de decisão. Os principais personagens desta escola foram: Marchi, Cerboni e Rossi. 1.2.3 Escola controlista Ao tratar desta escola, Schmidt (2000) comenta que, para Fabio Besta (1880), a contabilidade representava a ciência do controle econômico. Este autor considerava que o controle econômico se compunha de duas partes: uma responsável pelo registro contábil dos momentos da administração econômica e sua efetivação por meio de escrituração e a outra representava a revelação por meio das partidas dobradas dos fatos administrativos, em conexão com os critérios organizacionais articulados de acordo com os mecanismos de controle inerentes à escrituração contábil. Na visão dos controlistas, os balanços, as contas, os orçamentos, as demonstrações de resultados etc. representavam uma forma de controle da riqueza dos organismos econômicos. O controle econômico pode ser considerado como uma das finalidades dos sistemas de escrituração, não abrangendo, contudo, em sua totalidade o objeto da contabilidade. Aspectos relativos à formação dos custos, realização de receita, equilíbrio financeiro e outros, que provam variações patrimoniais, sofrem operações de controle, porém, a contabilidade não se limita unicamente a esses aspectos. O controle é apenas um instrumento de apoio e não um fim ou objeto da contabilidade. Os principais personagens dessa escola foram: Besta, Alfieri, Ghidiglia, D’Alvise e Lorusso. 1.2.4 Escola neocontista O neocontismo (1914), segundo Schmidt (2000), restituiu à contabilidade o seu verdadeiro objeto: a riqueza patrimonial, e, em consequência, trouxe grande avanço para o estudo da análise patrimonial e dos fenômenos decorrentes da gestão empresarial, tendo surgido como um movimento contrário ao personalismo, defendendo o valorismo das contas. Para os neocontistas, as contas não deveriam ser abertas a pessoas ou entidades, nem representavam direitos e obrigações, mas deveriam refletir os valores dos componentes patrimoniais sujeitos a modificações. Esta escola foi responsável, também, por atribuir à contabilidade o papel de colocar em evidência o ativo, o passivo e a situação líquida das unidades econômicas. Para tanto, seria necessário abrir contas com valores dos ativos (positivas), passivos (negativas) e diferenciais (abstratas/situação líquida). As principais regras contábeis são expressas a partir da fórmula do balanço (A=P+/–SL), sendo que a disposição das contas no balanço deve basear-se, para o ativo, no seu grau de disponibilidade, e para o passivo, no de exigibilidade. A dinâmica do balanço era interpretada pelos neocontistas tomando por base os fatos permutativos e modificativos. Dentro do que denominavam dinâmica contabilística, afirmavam que num balanço, em um momento qualquer, a soma das importâncias referentes ao débito é igual à soma das importâncias referentes ao crédito, o que equivale a dizer que a um débito corresponde sempre um crédito de igual valor. Nessa concepção, as contas ativas são debitadas pelo valor inicial e pelos aumentos, e creditadas pelas diminuições. Em relação às contas passivas, ocorre exatamente o contrário. A escola neocontista concentrou-se na chamada teoria materialista ou positivista das contas, pois para a maioria dos seus adeptos, a principal função da contabilidade se resumia na revelação patrimonial, ocupando-se principalmente dos processos de classificação e registro das contas, em detrimento dos aspectos econômico- administrativos dos eventos registrados. Sem dúvida, a grande contribuição dessa escola à comunicação contábil foi a separação entre passivo e situação líquida, no balanço. Seus principais expoentes foram: Besta, Dumarchey, Delaporte, Calmés. 1.2.5 Escola aziendalista Conforme expõe Schmidt (2000), Cerboni e Besta dirigiram seus estudos ao campo das aziendas acrescentando a organização, a administração e o controle à parte científica da contabilidade. Gino Zappa, máximo representante desta escola, colocou num só plano a gestão, a organização e a contabilidade, não admitindo o estudo científico da contabilidade sem o conhecimento concomitante das doutrinas que, ao seu lado, formam a economia aziendal. A doutrina da gestão está voltada para a definição de um conjunto de princípios destinados a servir de instrumento de auxílio à ação da gestão. A doutrina da organização está direcionada para o estudo da constituição e harmonização do organismo pessoal da entidade. A contabilidade tem como função a demonstração dos resultados da gestão, através da observação adequada ao estudo quantitativo dos fenômenos empresariais. Na concepção de Zappa, o resultado é definido como o acréscimo ou decréscimo sofrido pelo capital em determinado período administrativo, como consequência das operações da gestão. O resultado e o capital representam duas diferentes visões do mesmo fenômeno. O capital é a representação do conjunto de elementos do ativo e do passivo que irão gerar o resultado da entidade, ao passo que o resultado é a representação das mudanças dos componentes patrimoniais em um determinado período. Para o autor, a gestão de cada exercício é influenciada positiva ou negativamente pelos acontecimentos que tiveram lugar em períodos anteriores e pelos que vierem a ocorrer em períodos subsequentes. Entendia que tanto a separação exata dos resultados de vários exercícios como a tentativa de determinar com exatidão os custos de produção são uma utopia, já que existem operações em curso no fim do exercício e no início do próximo exercício, que colaboram com a formação do resultado, ou seja, operações que iniciaram em exercícios anteriores e operações que se encerrarão em períodos posteriores. 1.2.6 Escola patrimonialista Segundo Schmidt (2000), os teóricos desta escola (1926) definem o patrimônio como o objeto da contabilidade, pois o mesmo é uma grandeza real que se transforma com o desenvolvimento das atividades econômicas, cuja contribuição deve ser conhecida para que se analisem adequadamente os motivos das variações ocorridas no decorrer de determinado período. Os fundamentos da doutrina patrimonialistase baseiam nos seguintes princípios: (a) o objeto da contabilidade é o patrimônio aziendal; (b) os fenômenos patrimoniais são fenômenos contábeis; (c) a contabilidade é uma ciência social; (d) a contabilidade se divide em três ramos na sua parte teórica: estática patrimonial, dinâmica patrimonial e revelação patrimonial. A estática patrimonial se ocupa do patrimônio no seu aspecto estático (equilíbrio funcional e financeiro dos elementos patrimoniais). A dinâmica patrimonial estuda o patrimônio na sua condição dinâmica (obtenção e emprego de capitais). A revelação patrimonial pode ser definida como um conjunto de princípios e de normas que regem a individuação e a representação qualitativa e quantitativa – especialmente monetária ou valorativa – do patrimônio, em dado instante e na sucessão de instantes. Para os patrimonialistas, a contabilidade não é apenas uma disciplina que tem por objetivo a revelação do patrimônio, ou seja, a representação da vida patrimonial da entidade, como sugeriram os neocontistas, mas uma ciência, portanto, com leis e princípios próprios, que estuda e interpreta os fenômenos patrimoniais. O grande expoente dessa escola foi Vicenzo Masi. 1.3 Escola norte-americana de contabilidade Schmidt (2000) menciona que o início desta escola, a partir do surgimento das grandes corporações, no começo do século XX, foi caracterizado pelo aspecto prático no tratamento de problemas econômico-administrativos com limitadas construções teóricas, as quais tiveram origem em entidades ligadas a profissionais da área contábil. Transformou-se em uma das mais importantes e influentes do mundo, ditando regras para o tratamento de questões ligadas à contabilidade de custos, controladoria, análise das demonstrações contábeis, gestão financeira, controle orçamentário etc. As associações profissionais foram as principais propulsoras do desenvolvimento doutrinário nos Estados Unidos, especialmente da contabilidade financeira. Entre as principais contribuições dessa corrente ao processo de comunicação contábil estão: (a) a busca da qualificação da informação contábil como forma de subsidiar a tomada de decisão dos gestores; (b) a padronização dos procedimentos utilizados pela contabilidade financeira como forma de aumentar a confiança nas demonstrações contábeis, tendo em vista a quebra da bolsa de Nova York, em 1929; (c) o estabelecimento dos princípios de contabilidade geralmente aceitos (US-GAAP), para garantir que as informações enviadas pela contabilidade aos usuários sejam confiáveis; (d) o estabelecimento de dois objetivos gerais da contabilidade: fornecer informações sobre os recursos econômicos e as obrigações da entidade e fornecer informações sobre as mudanças nos recursos da entidade, pretendendo fomentar a qualificação das informações aos diversos usuários. A escola norte-americana contribuiu decisivamente para a contabilidade gerencial, e seus principais personagens foram: Sprague, Hatfield, Paton, Littleton, Moonitz. 1.4 Escola alemã de contabilidade O desenvolvimento da escola alemã, segundo Schmidt (2000), assim como o próprio desenvolvimento doutrinário da contabilidade ocorrido no final do século XIX e início do século XX, deveu-se, em parte, às crescentes necessidades dos usuários das informações contábeis nos vários setores da sociedade. As correntes doutrinárias surgidas na Alemanha estavam direcionadas para a análise da gestão e da organização das entidades, buscando a sistematização dos conhecimentos relativos à vida econômica das empresas, assim como a formulação dos princípios que presidem a organização e a gestão das mesmas. Diversos tratadistas alemães desenvolveram teorias sobre balanços, como forma de dar mais qualidade à informação contábil, merecendo destaque a teoria estática, a teoria orgânica e a teoria dinâmica. Para os defensores da teoria estática ou monista, o balanço patrimonial é o instrumento responsável pela demonstração da situação patrimonial da entidade. O resultado de um período deve ser apurado a partir do confronto entre o valor patrimonial inicial e final deste período. De acordo com a teoria orgânica ou dualista, o balanço patrimonial pode fornecer não somente o estado patrimonial, mas os reais resultados do exercício. A teoria dinâmica foi, sem dúvida, a de maior destaque no doutrinamento alemão, tendo como expoente máximo Eugen Schmalenbach. O desenvolvimento das ideias de Schmidt (outro expoente da escola), sobre a contabilidade a valores correntes, especialmente na forma de publicação das demonstrações contábeis como decorrência das altas taxas de inflação na Alemanha no início do século (pós-guerra), significou, entre outras, uma importante contribuição da escola alemã ao processo de comunicação contábil. Os personagens mais importantes dessa escola foram: Schmalenbach, Schmidt, Gomberg, Schar e Gutenberg. Para complementação de estudos Conhecer as razões do surgimento e do desenvolvimento da contabilidade ao longo dos séculos é fundamental para a compreensão do seu estágio atual. Este desenvolvimento é consequência do desenvolvimento da própria sociedade, fato que ajuda a compreender por que as ciências contábeis pertencem à grande área de conhecimento ciências sociais aplicadas. Para complementar os estudos relacionados a este capítulo, leia o artigo Contabilidade: aspectos relevantes da epopeia de sua evolução, de autoria dos professores Sérgio de Iudícibus, Eliseu Martins e Luiz Nelson Carvalho, publicado na revista Contabilidade & Finanças, editada pela Universidade de São Paulo (USP), nº 38, mai./ago., p. 7-19, 2005. TERMOS-CHAVE Escola contista – Os defensores dessa escola adotaram como ideia básica o mecanismo das contas, centrando sua preocupação no seu funcionamento. Escola personalista – Para os personalistas, as contas deveriam ser abertas tanto para pessoas físicas como jurídicas (pessoas verdadeiras), e o dever e haver representavam débitos e créditos das pessoas a quem as contas foram abertas. Escola controlista – Para Fabio Besta (1880), principal personagem dessa escola, a contabilidade representava a ciência do controle econômico. Escola neoconsita – Para os neocontistas, as contas não deveriam ser abertas a pessoas ou entidades, nem representavam direitos e obrigações, mas deveriam refletir os valores dos componentes patrimoniais sujeitos a modificações. Escola aziendalista – Gino Zappa, máximo representante dessa escola, colocou num só plano a gestão, a organização e a contabilidade. Escola patrimonialista – Na doutrina patrimonialista, o objeto da contabilidade é o patrimônio aziendal; os fenômenos patrimoniais são fenômenos contábeis; a contabilidade é uma ciência social; a contabilidade se divide em três ramos, na sua parte teórica: estática patrimonial, dinâmica patrimonial e revelação patrimonial. Escola norte-americana – Nessa escola, tem-se o estabelecimento de dois objetivos gerais da contabilidade: 1) fornecer informações sobre os recursos econômicos e as obrigações da entidade; 2) fornecer informações sobre as mudanças nos recursos da entidade. Escola alemã – Diversos tratadistas alemães desenvolveram teorias sobre balanços, como forma de dar mais qualidade à informação contábil, merecendo destaque a teoria estática, a teoria orgânica e a teoria dinâmica. REFERÊNCIAS SCHMIDT, Paulo. História do pensamento contábil. Porto Alegre: Bookman, 2000. CAPÍTULO 2 CONCEITO, OBJETIVOS, CAMPO DE ATUAÇÃO E ESTRUTURA CONCEITUAL DA CONTABILIDADE Este capítulo trata do conceito e dos objetivos da contabilidade, discutindo o tema a partir do exame dos seguintes tópicos: conceito de contabilidade, objetivos da contabilidade, usuários e as suas necessidades de informação, campo de atuação da contabilidade, estrutura conceitual da contabilidade, horizontes da contabilidade e futuro do profissional contábil. 2.1 Conceito de contabilidade Macfarland (1957, p. 1) conceitua a contabilidade como “a arte de sistematicamente registrar, apresentar e interpretar as transações financeiras de uma empresa”. Paraa American Accounting Association (AAA) (1966, p. 1), a contabilidade é um “processo de identificação, medição e comunicação de informação econômica que permite juízos e decisões por parte dos usuários”. Salmonson (1977, p. 1) observa a contabilidade como um “processo sistemático de mensuração e evidenciação a vários usuários, de informações financeiras relevantes para os tomadores de decisões a respeito das atividades econômicas de uma organização ou entidade”. Este aspecto, relacionado com a relevância das informações para fins de decisão, é enfatizado por Glautier e Underdown (1986, p. 22), quando mencionam que “a menos que as demonstrações contábeis tenham o potencial de influenciar decisões e ações, será difícil justificar os custos de prepará-las”. Sá (2008, p. 42) argumenta que “a contabilidade é a ciência que estuda os fenômenos patrimoniais, preocupando-se com a realidade, evidências e comportamento dos mesmos, em relação à eficácia funcional das células sociais”. Do ponto de vista científico, trata-se de conhecer as relações existentes entre os fenômenos patrimoniais que são observados, e de que forma essas relações se estabelecem. Do ponto de vista tecnológico, a contabilidade assume um compromisso com a informação e a adequada evidenciação numérica dos fatos patrimoniais. É possível depreender dos conceitos apresentados que a contabilidade se inscreve como uma parte integrante de um sistema de informação, deixando de lado o antigo conceito que a considerava como um elemento destinado a cumprir unicamente determinadas exigências fiscais. 2.2 Objetivos da contabilidade O estudo de pesquisa em contabilidade no 1, de acordo como Moonitz (1961 apud HENDRIKSEN; VAN BREDA, 1999), estabelece como objetivo da contabilidade: (a) a medição dos recursos que uma determinada entidade possui; (b) a evidenciação dos direitos contra tal entidade e os interesses nela existentes; (c) a medição das variações ocorridas nesses recursos, direitos e interesses; (d) a atribuição destas variações a períodos determinados; e (e) a utilização de um denominador comum (moeda) para exprimir os dados anteriormente tratados. Por sua estreita relação com os fatos econômico-financeiros, Iudícibus, Martins e Carvalho (2005) pregam que cabe à contabilidade capturar e processar esses fatos, valendo-se de uma metodologia adequada e mantendo-se fiel à sua essência. Os autores reforçam os dois pilares essenciais da contabilidade: mensuração e evidenciação, entendendo que a contabilidade se encontra habilitada para atender adequadamente estes dois pilares, buscando apoio em áreas como direito, economia, informática e métodos quantitativos. Desta forma, independentemente do seu caráter científico, a contabilidade apresenta uma faceta marcadamente prática, assumindo relevância como elemento de avaliação da entidade e de seus dirigentes, e de prestação de contas da gestão realizada, além de fornecer os insumos necessários para que seus usuários, sejam eles internos ou externos, tenham condições de tomar decisões. Nesse contexto, os insumos compreendem as informações proporcionadas pela contabilidade, as quais, de acordo com Iudícibus e Marion (2000), apresentam-se de forma estruturada, contemplando, primordialmente, elementos de natureza financeira e econômica e, subsidiariamente, informações de natureza física, de produtividade e social. As informações de natureza física podem incluir, por exemplo, informações sobre a quantidade física produzida, quantidade física de produtos vendidos, número de clientes ativos etc. As informações de produtividade podem incluir, por exemplo, valor das vendas por cliente, salário médio dos empregados, valor das compras por fornecedor etc., obtidas pela divisão de valores monetários por elementos físicos. As informações de natureza social podem incluir, por exemplo, projetos sociais desenvolvidos pela empresa, nível de escolaridade da força de trabalho, balanço social etc. 2.3 Usuários e as suas necessidades de informação Para Atkinson e Waterhouse (1996), os negócios e as relações das organizações têm se modificado de forma espetacular nos últimos anos, determinando uma atuação mais cooperativa e participativa, e criando, em consequência, mais dependência em relação aos distintos grupos de interesse. Um grupo de interesse é formado, portanto, por “um indivíduo ou um grupo de dentro ou de fora da organização que tem interesse na mesma, podendo influenciar no seu desempenho” (ATKINSON; WATERHOUSE; WELLS, 1996, p. 3). Assim, podem ser encontrados diversos grupos de interesse nas organizações, como clientes, empregados, fornecedores, credores, acionistas e comunidade. Estes grupos de interesse são os principais usuários das informações contábeis. Aquino e Santana (1992) destacam que para a American Accounting Association (AAA), de uma maneira ampla, o grupo de usuários da informação contábil inclui, inclusive, aqueles que não recebem essas informações, mas que podem ser afetados pela ação daqueles que, de alguma maneira, as recebem e as utilizam. Hendriksen e Van Breda (1999) indagam a respeito de qual é o grupo principal de usuários da informação contábil, devido à sua variedade, bem como à quantidade e ao tipo de informações a serem divulgadas, uma vez que isto depende, na maioria das vezes, do usuário a quem elas se destinam. Para Gonçalves (2002), além de se conhecer os usuários das informações contábeis, deve-se, também, obter informações sobre as suas características, a fim de que as informações fornecidas pela contabilidade levem ao cumprimento do seu objetivo de subsidiar o processo decisório dos mesmos. Além disso, de acordo com Dias Filho (2000), é importante que a organização ajuste a linguagem contábil à capacidade de compreensão do usuário, visto que os significados dos termos utilizados na contabilidade podem ser de difícil entendimento para aqueles que não estão familiarizados. Hendriksen e Van Breda (1999, p. 511) assinalam que os acionistas e os investidores formam o grupo que dá o foco a ser adotado pela contabilidade. Assim, a evidenciação das informações contábeis pode ser descrita como “a apresentação de informações necessárias para o funcionamento ótimo de mercados eficientes de capital”. Entretanto, o grupo de usuários da informação contábil é mais amplo e diversificado, conforme revela o Quadro 1. Quadro 1 – Usuários da informação contábil Usuários Características Disciplinadores legais; interessados em informações que sirvam de base à tributação como receitas e lucros. Usam os relatórios para fins de Entidades governamentais arrecadação de impostos, bem como para fins estatísticos, no sentido de redimensionar a economia (IBGE). Fornecedores e clientes Ambos têm interesses na continuidade da empresa e na manutenção da capacidade desta em saldar compromissos e fornecer benefícios passados, presentes e futuros. Usam os relatórios para analisar a capacidade de pagamento e de compras dos bens e serviços. Acionistas e investidores Interessados no desenvolvimento dos negócios, na manutenção do lucro por ações, no fluxo de dividendos, entre outros. É através dos relatórios contábeis que se identifica a situação econômico-financeira da empresa, e, desta forma, ambos têm como decidir as melhores alternativas para o investimento. Financiadores e bancos Fornecedores de recursos necessários ao desenvolvimento dos empreendimentos, com direito de regresso, buscam saber a situação real da empresa, bem como perspectivas futuras. Utilizam os relatórios para aprovar os empréstimos. Empregados e sindicatos Interessados na continuidade da empresa, bem como na geração dos benefícios. Utilizam os relatórios para, por exemplo, determinar a produtividade do setor, entre outros. Administração Controladores e responsáveis pelas boas práticas de manutenção de taxasde retorno aceitáveis e de nível adequado de endividamento. Outros interessados: Agentes de mercado de ações, intermediários, sociedade, associações de classe, entre outros. Buscam constatar a manutenção e o desenvolvimentoda empresa, bem como a ação no meio a que ela está inserida, como, por exemplo, a verificação dos benefícios que ela gera para a sociedade. Fonte: Adaptado de Iudícibus e Marion (2000) e Gonçalves (2002). O Conselho Federal de Contabilidade emitiu, em 08 de dezembro de 2011, a Resolução no 1.374/11, que trata da estrutura conceitual para a elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro (NBC TG – Estrutura Conceitual), acatando o Pronunciamento Conceitual Básico – Estrutura Conceitual, emitido pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), criado pelo Conselho Federal de Contabilidade conforme Resolução no 1.055/05. Nesse documento, são identificados os usuários das demonstrações contábeis, entre os quais se incluem investidores atuais e potenciais, empregados, credores por empréstimos, fornecedores e outros credores comerciais, clientes, governos e suas agências e o público. Os investidores têm interesse em avaliar os riscos inerentes aos investimentos e o retorno que estes podem produzir; necessitam de informações para decidir sobre a compra, manutenção ou venda de investimentos. Os acionistas buscam informações que lhes permitam, por exemplo, avaliar a capacidade de pagamento de dividendos pela entidade. Os empregados e sindicatos se interessam por informações que revelem a estabilidade e a lucratividade da entidade, e que possibilitem uma avaliação sobre a capacidade desta cumprir com o pagamento de sua remuneração e manutenção dos seus benefícios de aposentadoria. Os credores por empréstimos necessitam de informações que lhes auxiliem a determinar a capacidade de pagamento da entidade, tanto do valor principal dos empréstimos tomados como dos juros correspondentes. Os fornecedores e outros credores comerciais também buscam informações sobre a capacidade de a entidade pagar em dia os valores que lhes são devidos. Os clientes se interessam por informações acerca da continuidade operacional da entidade, em especial, nos casos em que têm um relacionamento de negócios de longo prazo com a mesma ou esta representa um importante fornecedor. O governo e suas agências têm interesse nas atividades das entidades. Demandam informações com o fito de regulamentar as atividades das entidades, estabelecer políticas fiscais, determinar a renda nacional e elaborar estatísticas. O público também é afetado pela atuação das entidades, na medida em que estas empregam pessoas e se valem de fornecedores locais. Por meio das demonstrações contábeis, o público obtém informações acerca do desempenho da entidade e de seus desenvolvimentos recentes. Os futuros investidores também estão interessados nas condições passadas e presentes da empresa, e nas tendências de lucros ou prejuízos de suas operações (MACFARLAND, 1957). 2.4 Campo de atuação da contabilidade O campo de atuação da contabilidade, ou o seu objeto, é o patrimônio de qualquer entidade, seja de fins lucrativos ou não, e visa acompanhar a evolução desse patrimônio, tanto qualitativa como quantitativa (IUDÍCIBUS; MARION, 2000). Álvarez López e Blanco Ibarra (1993, p. 478), identificam uma série de elementos no sistema contábil, que na realidade também são observáveis nos demais sistemas de informação, como: (a) dados de entrada (inputs): estão representados por fatos econômico-administrativos que ocorreram na organização ao longo de um determinado período contábil, por exemplo, um mês, um trimestre, um semestre ou um exercício anual, e que o processo contábil trata de captar, medir, representar e comunicar; (b) tratamento contábil dos dados de entrada (processo): formam o “conjunto de sistemas, métodos e procedimentos de cálculo e representação” realizados pelo sistema contábil para oferecer aos usuários a informação adequada às suas necessidades; (c) informação obtida (outputs): ao processar os inputs, o sistema produz informações que refletem tanto a situação patrimonial e financeira da organização como os resultados obtidos em um determinado período considerado (a contabilidade financeira proporciona informações como balanço patrimonial, demonstração do resultado, demonstração de origens e aplicações de recursos, demonstração dos fluxos de caixa etc.; a contabilidade gerencial proporciona informações periódicas sobre receitas, custos e resultados analíticos, inventários permanentes, resultados por seções, desvios etc.; e a retroalimentação informativa (feedback) ocorre quando toda a informação gerada pelo sistema contábil volta a ser processada pelo mesmo, produzindo-se novas demonstrações); (e) aplicação de princípios e normas (controle): para garantir a adequação entre os dados de entrada, seu tratamento contábil e a informação fornecida pelo sistema, é necessário ater-se aos princípios e normas estabelecidos, com o propósito de produzir demonstrações que atendam às características desejadas pelos usuários. A inter-relação entre essas distintas partes configuram o sistema contábil. Verifica-se que a contabilidade tem como insumos (entradas) os dados ou informações provenientes de fontes internas e externas. Tais elementos, por sua vez, são processados a partir de princípios contábeis e dão origem aos relatórios (saídas) elaborados de forma a atender às necessidades dos usuários das informações contábeis, tanto daqueles diretamente interessados nas atividades de uma determinada entidade quanto daqueles cujos interesses são indiretos. Portanto, os usuários podem atender às suas necessidades de informação, primordialmente, por meio de relatórios contábeis gerados pela contabilidade financeira e pela contabilidade gerencial. A contabilidade financeira, preparada com base nos princípios contábeis, e a contabilidade gerencial, cuja elaboração prescinde do atendimento de princípios, são consideradas como dois subsistemas que formam o sistema de informação contábil. “Se considerarmos estes subsistemas como dois conjuntos, a sua intersecção dará lugar a um terceiro subsistema de informação: a contabilidade de custos” (IGLESIAS SÁNCHEZ, 1995, p. 725). Cada um desses subsistemas deve atender às demandas de informação dos usuários e compreendem (BELKAOUI, 1992 apud IGLESIAS SÁNCHEZ, 1995): a. Contabilidade financeira: é responsável pelo fornecimento de informações dirigidas, primeiramente aos usuários externos. A contabilidade financeira é essencialmente retrospectiva, na medida em que lida com dados históricos ou eventos que já ocorreram. A determinação da posição patrimonial e financeira e de resultados constitui o seu foco (WALGENBACH, 1980). b. Contabilidade de custos: é responsável pela valoração da produção obtida e pelo controle de custos, com o propósito de minimizá-los. Martins (2003, p. 21) acrescenta que, na função de controle, a contabilidade de custos fornece dados para a determinação de padrões e de orçamentos, para, “num estágio imediatamente seguinte, acompanhar o efetivamente acontecido para comparação com valores anteriormente definidos”. c. Contabilidade gerencial: é responsável pela geração de informações destinadas ao processo de tomada de decisão pelos gestores, destinando-se à maximização dos resultados. Face à natureza estratégica de algumas informações, estas poderão estar disponíveis somente para os usuários internos (gestores), e o processo de geração e análise dessas informações normalmente recebe a denominação de contabilidade gerencial (WALGENBACH, 1980). 2.5 Estrutura conceitual para a elaboração e apresentação das demonstrações contábeis As demonstrações contábeis preparadas segundo a NBC TG, Resolução nº 1.374/11 do Conselho Federal de Contabilidade, normalmente são elaboradas considerando a premissa de que a entidade está em atividade (going concern assumption), devendo manter-se em operação por um futuro previsível. Significa que a entidade não tem a intenção, nem a necessidade de entrar em processo de liquidação ou de reduzir as suas operações de forma mais acentuada. 2.5.1 Elementos das demonstrações contábeis As demonstrações contábeis refletem os efeitos financeiros no patrimônio oriundo dastransações e outros eventos. Os elementos relacionados à mensuração da posição patrimonial e financeira no balanço patrimonial são os ativos, os passivos e o patrimônio líquido. Os elementos relacionados com a mensuração do desempenho na demonstração do resultado são as receitas e as despesas. A demonstração das mutações na posição financeira retrata os elementos da demonstração do resultado e as alterações nos elementos do balanço patrimonial. 2.5.2 Performance O resultado é utilizado normalmente como medida de performance (desempenho) ou como base para outras medidas (retorno do investimento ou o resultado por ação). Os elementos relacionados com a mensuração do resultado são as receitas e as despesas cujo reconhecimento, bem como o resultado, depende, em parte, dos conceitos de capital e de manutenção de capital adotados pela entidade na elaboração de suas demonstrações contábeis. 2.5.3 Ajustes para manutenção de capital A reavaliação ou a atualização de ativos e passivos aumenta ou diminui o patrimônio líquido. Mesmo que esse aumento ou diminuição se enquadre na definição de receitas e de despesas, sob certos conceitos de manutenção de capital, ele não é incluído na demonstração do resultado, e sim no patrimônio líquido como ajuste para manutenção do capital ou reserva de reavaliação. 2.5.4 Probabilidade de futuros benefícios econômicos Na Resolução nº 1.374/11 (CFC, 2011), consta que “o conceito de probabilidade deve ser adotado nos critérios de reconhecimento para determinar o grau de incerteza com que os benefícios econômicos futuros referentes ao item venham a fluir para a entidade ou a fluir da entidade”. Este conceito é aderente à incerteza que caracteriza o ambiente no qual a entidade opera. Quando houver probabilidade de que uma conta a receber seja paga pelo devedor, esta deve ser reconhecida como ativo. No entanto, considerando todas as contas a receber, é possível prever algum grau de inadimplência, reconhecendo-se como despesa a esperada redução nos benefícios econômicos. 2.5.5 Confiabilidade da mensuração Outro critério para reconhecimento de um item é que ele possua custo ou valor que possa ser mensurado com confiabilidade. Há situações em que o custo ou valor precisa ser estimado, o que não prejudica a confiabilidade da demonstração contábil. No entanto, se não puder ser feita uma estimativa razoável, o item não deve ser reconhecido no balanço patrimonial ou na demonstração do resultado. É o caso, por exemplo, de ações judiciais. Sempre há a possibilidade de reconhecimento de itens em data posterior, quando resultar de circunstâncias ou eventos subsequentes. Em outros casos, pode haver a divulgação em notas explicativas ou quadros suplementares. 2.5.6 Conceitos de capital e de manutenção de capital A maioria das entidades adota na elaboração das demonstrações contábeis o conceito de capital financeiro (ou monetário). De acordo com o conceito de capital financeiro, o capital é sinônimo de ativos líquidos ou patrimônio líquido da entidade. Já no conceito de capital físico (capacidade operacional), o capital é considerado como a capacidade produtiva da entidade baseada, por exemplo, nas unidades de produção diária. Os conceitos de capital originam os seguintes conceitos de manutenção de capital (CFC, 2011): a. Manutenção do capital financeiro: considera-se como auferido o lucro somente se o montante financeiro (ou dinheiro) dos ativos líquidos no fim do período exceder o seu montante financeiro (ou dinheiro) no começo do período, excluídas possíveis distribuições aos proprietários e aportes de capital durante o período. b. Manutenção do capital físico: o lucro é considerado auferido somente se a capacidade física produtiva (capacidade operacional) da entidade no fim do período for superior à capacidade física produtiva no início do período, excluídas possíveis distribuições aos proprietários e aportes de capital durante o período. O conceito de manutenção do capital físico requer a adoção do custo corrente como base de mensuração. Essa estrutura conceitual é aplicável ao elenco de modelos contábeis e fornece orientação para elaboração e apresentação das demonstrações contábeis elaboradas conforme o modelo escolhido. 2.6 Características qualitativas da informação contábil- financeira As características qualitativas da informação contábil-financeira são: a. Relevância: uma informação contábil-financeira relevante é aquela que pode fazer a diferença nas decisões a serem tomadas pelos usuários, mesmo quando estes decidirem não levá-la em consideração. Para ser relevante, a informação deve ter valor preditivo, valor confirmatório ou ambos. b. Materialidade: uma informação é material quando a sua omissão ou divulgação distorcida influenciar decisões equivocadas dos usuários. c. Representação fidedigna: uma informação é fidedigna quando representa o fenômeno que se propõe representar. Deve ser completa, neutra e livre de erro. d. Comparabilidade: uma informação será mais útil se puder ser comparada com informação similar de outras entidades ou da mesma entidade em períodos diferentes. e. Verificabilidade: ajuda a assegurar que a informação representa de maneira fidedigna o fenômeno econômico que se propõe representar. f. Tempestividade: significa dispor da informação a tempo de poder influenciar decisões. g. Compreensibilidade: a informação é compreensível quando é classificada, caracterizada e apresentada com clareza e concisão. O Financial Accounting Standards Board (FASB), no Statement of Financial Accounting Concepts no 2 (FASB, 1980), apresenta uma hierarquia das características da informação contábil. Nesse conjunto, podem ser destacados dois elementos principais: a relevância e a confiabilidade, que estão associados à comparabilidade e subordinados à inteligibilidade e ao critério básico de que os benefícios oriundos das informações devem ser superiores aos custos para produzi-las (HENDRIKSEN; VAN BREDA, 1999). O International Accounting Standards Board (IASB) (1989), também elaborou uma “Estrutura conceitual para a elaboração e apresentação das demonstrações contábeis”, com o intuito de atender às necessidades informacionais dos usuários da contabilidade. Para esse organismo, as principais características qualitativas da informação contábil são: a compreensibilidade, a relevância, a confiabilidade e a comparabilidade. 2.7 Horizontes da contabilidade e o futuro do profissional contábil A contabilidade tem evoluído de forma a acompanhar as mudanças políticas, econômicas e sociais que afetam e sociedade e, em consequência, modificam as suas necessidades informacionais. Estudos relacionados à origem e à evolução da contabilidade, como o realizado por Schmidt (2000), apontam que sistemas contábeis têm sido utilizados desde a pré-história, tendo se desenvolvido e aprimorado ao longo do tempo, sempre com o intuito de melhor atender às demandas de seus usuários. Conforme Iudícibus, Martins e Carvalho (2005), face à evolução dos tempos e das organizações, outros interessados nas atividades das entidades foram surgindo, e suas demandas levaram a contabilidade a se transformar, passando de um engenhoso sistema de escrituração e elaboração de demonstrações contábeis simplificadas para um complexo sistema de informação e avaliação cujo objetivo central é satisfazer a necessidade informacional dos usuários internos e externos à entidade a que se refere. O surgimento de uma diversidade de usuários tem tornado a consecução desse objetivo cada vez mais difícil, dadas as suas diferentes características e necessidades, que devem ser supridas por meio de informações úteis, disponibilizadas com a qualidade e quantidade adequada. A contabilidade é, então, constantemente desafiada a desenvolver e aprimorar as técnicas utilizadas no processo de geração e divulgação das informações requeridas por seus usuários. Nesse processo de evolução voltado ao atendimento das necessidades da sociedade, observa-se que o desafio não está relacionado apenas ao processamento e divulgação(disclosure) de informações de caráter econômico-financeiro. A sociedade, de uma maneira geral, tem se interessado pela forma como as organizações se relacionam com o ambiente no qual estão inseridas, o que faz com que a geração de informações de caráter social e ambiental passe a ser mais uma atribuição da contabilidade. Para Medley (1997), a inserção de elementos ambientais nos estudos contábeis oportuniza aos contadores demonstrar que são capazes de aceitar novos desafios e tratar de assuntos contemporâneos. De acordo com o autor, questões ambientais podem ser contempladas pela contabilidade financeira (elaboração do balanço ambiental, por exemplo), pela contabilidade de custos (identificação, análise e gerenciamento dos custos e benefícios ambientais) e pela auditoria. De forma semelhante, essas áreas da contabilidade também são desafiadas a captar, mensurar e evidenciar os impactos das ações sociais desenvolvidas pelas entidades. Adicionalmente, é relevante destacar a demanda por informações relacionadas aos ativos intangíveis de uma determinada entidade, que tem crescido na medida em que estes têm se tornado tão críticos ao seu sucesso quanto os ativos físicos e tangíveis. O desenvolvimento de métodos objetivos de mensuração dos bens intangíveis que compõem o ativo de uma organização também tem se caracterizado como um desafio que deve ser superado para que a contabilidade possa atender ao seu objetivo central. Nesse contexto em que a contabilidade se desenvolve e se aprimora visando o atendimento de seu objetivo principal, ou seja, a satisfação das necessidades informacionais dos usuários internos e externos à entidade, verifica-se, também, a importância do desenvolvimento e aprimoramento das competências dos profissionais contábeis, que devem ser capazes de desempenhar suas atividades de maneira adequada, atendendo às expectativas daqueles que demandam seus serviços. Anteriormente, a contabilidade e, por consequência, os contadores, estavam focados no processo de registro e elaboração dos relatórios econômico-financeiros, mas, atualmente, a dinamicidade do ambiente em que as entidades desenvolvem suas atividades e negociam os seus produtos e a diversidade de players com os quais se relacionam requerem um contador capaz de prover as informações requeridas pelos usuários (internos e externos) da contabilidade, sejam elas de natureza econômico- financeira ou de natureza física, ambiental ou social. Além disso, o novo ambiente de negócios impõe ao contador o desafio de participar mais ativamente do processo de gestão da entidade em que atua, pois, na medida em que os sistemas informatizados se encarregam do registro, processamento e elaboração dos relatórios contábeis, cabe a este profissional a tarefa de analisá-los, não apenas para identificar problemas relacionados ao desempenho da empresa, mas também para contribuir na sua solução. Para Holtzman (2004), o contador deixou definitivamente de ser o “guarda- livros” para se tornar um membro estratégico, exercendo a função de consultor gerencial. Neste sentido, Zarowim (1997) afirma que, nos dias atuais, espera-se que o contador seja mais que um profissional que se dedica ao registro e elaboração de dados financeiros e históricos, pois ele deve assumir um papel mais analítico e pró-ativo. O autor destaca que a informação é vital para as organizações e que, no futuro, os contadores que esperam participar do processo decisório devem estar preparados para se tornarem trabalhadores do conhecimento, atuando como parceiros de negócios e agentes de mudança. Sharman (2007) chama a atenção para o fato de que a contabilidade vai além da auditoria, do cálculo de impostos e da elaboração de demonstrações contábeis. O autor ressalta que a contabilidade é uma profissão completa, que desempenha outros papéis voltados à promoção do desempenho da empresa, suportando o processo decisório, desenvolvendo planos de negócios e implementando e administrando os controles internos, constituindo-se, portanto, em uma carreira completa que envolve um rico e vibrante conjunto de conhecimentos. Cabe ao contador empreender ações que permitam que a profissão alcance esse novo patamar, de forma que a contabilidade seja vista como um elemento-chave na gestão das organizações. Para tanto, deve assumir o desafio de atuar como “parceiro de negócio” e não apenas como “guarda-livro”, ou seja, desempenhando atividades que agregam valor. Mohamed e Lashine (2003) concordam com os posicionamentos dos demais autores e apontam uma série de atributos requeridos do profissional contábil pelo “mercado global”, e que devem ser adquiridos e desenvolvidos por este profissional, compreendendo: a. habilidades de comunicação: estão relacionadas à capacidade de comunicar-se em uma linguagem global comum, bem como às habilidades de negociação e de trabalho em grupo; b. habilidades computacionais: dizem respeito às habilidades de utilizar as tecnologias disponíveis, tanto no processamento quanto na comunicação de informações; c. habilidades analíticas: estão relacionadas à capacidade que o profissional deve possuir de realizar questionamentos pertinentes, de coletar informações completas e acuradas, de reconhecer a importância das informações e de suas implicações, e de explicar, através de lógica e da razão, as relações entre diferentes objetos, eventos, indivíduos ou metodologias; d. habilidades intelectuais: dizem respeito à habilidade de identificar e antecipar os problemas e/ou oportunidades e de encontrar possíveis formas de solucioná-los e/ou aproveitá-los; e. habilidades multidisciplinares e interdisciplinares: estão relacionadas a outras áreas de conhecimento, como finanças, tecnologia da informação, economia, marketing e à compreensão das forças econômicas, sociais, culturais e psicológicas que afetam as organizações; f. conhecimentos de assuntos globais: dizem respeito ao conhecimento de temas internacionais, como, por exemplo, das regulamentações relacionadas à importação, exportação etc.; g. qualidades pessoais: são consideradas qualidades pessoais a responsabilidade ética, a responsabilidade individual, a automotivação, a autoestima, a sociabilidade, a integridade, as habilidades interpessoais, a capacidade de delegar tarefas, de motivar e influenciar os demais, de resolver conflitos, de entender a organização e de resolver dilemas éticos; h. pensamento crítico: está relacionado à capacidade de buscar, processar e aplicar as habilidades adquiridas na identificação e solução de problemas. As competências exigidas de um profissional contábil capacitado a enfrentar os desafios impostos pelo ambiente de atuação das empresas não se limitam unicamente aos conhecimentos técnicos. Espera-se que ele deixe de fornecer apenas informações e passe a interagir com os usuários, desenvolvendo um perfil que lhe permita trabalhar de forma integrada com as demais áreas organizacionais, entendendo-as e se fazendo entender, além de dominar as novas tecnologias da informação. Para complementação de estudos Para complementar os estudos sobre o que está exposto neste capítulo, acesse o site: www.cfc.org.br/sisweb/sre/docs/RES_1374.doc, e leia no documento “ Resolução CFC 1.374/11”: prefácio, introdução, finalidade e status, alcance e Capítulo 1 (OB 1 a OB 21). TERMOS-CHAVE Pilares da contabilidade – Os dois pilares essenciais da contabilidade são: mensuração e evidenciação. Para atender adequadamente estes dois pilares, a contabilidade busca apoio no direito, economia, informática e métodos quantitativos. Usuários e suas necessidades de informações – Além de conhecer os usuários das informações contábeis, deve-se também obter informações sobre as suas características, a fim de que as informações fornecidas pela contabilidade levem ao cumprimento do seu objetivo de subsidiar o processo decisório dos mesmos. Estrutura básica da contabilidade – Segundo a Resolução CFC no 1.121/08, as demonstrações contábeis têm por objetivo o fornecimento de informações úteis ao processo de decisãoe avaliação dos usuários em geral, na medida em que procuram atender a maior gama possível de interessados. http://www.cfc.org.br Características qualitativas das demonstrações contábeis – Compreensibilidade: as informações apresentadas nas demonstrações contábeis devem ser entendidas pelos usuários; relevância: é a informação capaz de influenciar as decisões econômicas dos usuários; materialidade: a informação é material quando a sua omissão ou distorção puder provocar influência nas decisões econômicas dos usuários; confiabilidade: a informação deve estar livre de erros ou vieses relevantes, devendo evidenciar, de forma adequada, aquilo que se propõe representar; comparabilidade: adoção de procedimentos consistentes de mensuração e apresentação das transações e eventos ao longo de diversos períodos. REFERÊNCIAS ÁLVAREZ LÓPEZ, José; BLANCO IBARRA, Felipe. Enfoque sistémico de la contabilidad de dirección estratégica. Técnica Contable, v. XLV, p. 469-486 e 494, 1993. AMERICAN ACCOUNTING ASSOCIATION. A statement of basic accounting theory. AAA, 1966. AQUINO, Wagner de; SANTANA, Antonio Carlos. Evidenciação. Caderno de Estudos, São Paulo, n. 5, 1992. ATKINSON, Anthony A.; WATERHOUSE, John. Strategic performance measurement: scope and implementation issues. Strategic Management Accounting Conference, Edmonton, Alberta, 1996. ATKINSON, Anthony A.; WATERHOUSE, John; WELLS, Robert B. Strategic performance measurement: theory and practice. Strategic Management Accounting Conference, Edmonton, Alberta, Canadá, 1996. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução no 1.374/11 de 08 de dezembro de 2011.. Brasília: CFC, 2011. DIAS FILHO, José Maria. A linguagem utilizada na evidenciação contábil: uma análise de sua compreensibilidade à luz da teoria da comunicação. Caderno de Estudos, São Paulo, v. 13, n. 24, p. 38-49., jul./dez., 2000. FINANCIAL ACCOUNTING STANDARDS BOARD (FASB). Statement of financial accounting concepts no 2. Qualitative characteristics of accounting information. May 1980. GLAUTIER, M.W.E; UNDERDOWN, B. Accounting: theory and practice. 3. ed., London: Pitman Publishing, 1986. GONÇALVES, Odair. Um estudo exploratório sobre a evidenciação nas companhias abertas com atuação no Brasil. 2002. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis), Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2002. HENDRIKSEN, Eldon S.; VAN BREDA, Michael F. Teoria da contabilidade. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999. HOLTZMAN, Yiar. The transformation of the accounting profession in the United States: from information processing to strategic business advising. The Journal of Management Development, v. 23, n. 10, p. 949-961, 2004. IGLESIAS SÁNCHEZ, José Luís. La contabilidad de gestión: su contribución a la toma de decisiones empresariales. VIII Congreso AECA. Sevilla, Tomo 2. Madrid: AECA-IACJC, 1995. Iudícibus, Sérgio de; MARION, José Carlos. Introdução à teoria da contabilidade: para o nível de graduação. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000. IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu; CARVALHO, L. Nelson. Contabilidade: aspectos relevantes da epopéia de sua evolução. Revista Contabilidade & Finanças – USP, São Paulo, n. 38, p. 7-19, 2005. MACFARLAND, George A. Accounting fundamentals. 1. ed. New York: McGraw-Hill, 1957. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2003. MEDLEY, Patrick. Environmental accounting: what does it mean to professional accountants? Accounting, auditing & accountability journal, v. 10, n. 4, p. 594-600, 1997. MOHAMED, Ehab K. A.; LASHINE, Sherif F. Accounting knowledge and skills and challenges of a global business environment. Managerial Finance, v. 29, n. 72, p. 3-16, 2003. SÁ, Antônio L. de. Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas, 2008. SALMONSON, R. F. A survey of basic accounting. 1. ed. Homewood: Richard D. Irwin, 1977. SHARMAN, Paul. Rebalancing the accounting profession. Cost management, v. 21, n. 1, p. 6-9, jan./fev. 2007. WALGENBACH, Paul H. Principles of accounting. 2. ed. New York: Harcourt Brace Jovanovich, 1980. ZAROWIN, Stanley. Finance’s future: challenge or threat? Journal of Accountancy, v. 183, n. 4, p. 38- 42, abr. 1997. CAPÍTULO 3 DEFINIÇÃO E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO ATIVO, PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO. RECEITAS, GANHOS, DESPESAS E PERDAS Neste capítulo são abordados os conceitos e os diversos critérios que podem ser utilizados para avaliar os ativos nas empresas, e são examinadas as exigibilidades considerando as suas várias formas, dando ênfase ao passivo ou exigibilidades ocultas. O patrimônio líquido também é conceituado e são apresentadas as teorias que tratam desse elemento, assim como são conceituadas as receitas, os ganhos, as despesas e as perdas. 3.1 Conceituação de ativo Ao procurar conceituar ativo, pode-se usar como exemplo uma mesa cujo tampo pode ser utilizado para apoiar objetos e para escrever; ela também serve para separar espaços e como elemento de decoração. Portanto, enquanto estiver em uso, gera benefícios contínuos ao homem. Isto ocorre, também, com outros objetos, naturais ou fabricados, que possuem um potencial de utilidade capaz de ser convertido em benefícios para quem os utiliza (LUSTOSA, 2009). De acordo com Iudícibus e Marion (1999, p. 144), as empresas fazem uso de seus ativos para manutenção de suas operações visando à geração de receitas capazes de superar o valor dos ativos sacrificados. Isto significa que “em todas as aplicações, existe o objetivo e a esperança imediata ou mediata de garantir um fluxo de caixa, no futuro”. Desta forma, os autores conceituam o ativo como algo que possui em seu bojo um potencial de serviços para a entidade, que lhe capacita de forma direta ou indireta, imediata ou no futuro, a gerar fluxos de caixa. D’Auria (apud IUDÍCIBUS, 1997) conceitua o ativo como “o conjunto de meios ou a matéria posta à disposição do administrador para que este possa operar de modo a conseguir os fins que a entidade entregue à sua direção tem em vista”. Segundo Sprouse e Moonitz (apud IUDÍCIBUS, 1997), no ARS nº 3 do AICPA de 1962 consta que “[…] ativos representam benefícios futuros esperados, direitos que foram adquiridos pela entidade como resultado de alguma transação corrente ou passada”. Isso significa que somente podem ser considerados ativos aqueles elementos que cumprem o que foi acima exposto. Por exemplo, estoques invendáveis não devem figurar no ativo porque não são capazes de gerar fluxos de caixa futuros. Esse fato está relacionado intimamente com a continuidade da entidade. Muitos ativos como máquinas e equipamentos industriais têm substância física. Entretanto, essa não é essencial à existência de um ativo; as patentes e direitos autorais, por exemplo, são ativos, desde que deles sejam esperados benefícios econômicos futuros para a entidade e que eles sejam por ela controlados (Resolução CFC nº 1.374/11). 3.2 Avaliação do ativo Em contabilidade, avaliar corresponde ao processo de atribuição de valor monetário aos elementos contábeis. Tem-se como produto final do processo de avaliação (valoração) de ativos e demais elementos contábeis um número que significa quanto vale o ativo em termos monetários, sendo que a grandeza desse número depende “dos conceitos de mensuração que forem utilizados no seu cálculo” (LUSTOSA, 2009, p. 89). Diversos são os métodos ou conceitos de mensuração que podem ser adotados na avaliação de ativos. Estes são normalmente avaliados por algum tipo de valor de custo (valor de entrada), considerados mais adequados do que os valores de saída como base geral de avaliação. Os valores de entrada são: 3.2.1 Custo histórico original Trata-se do valor original da transação, isto é, o preço pelo qual foi adquirido o ativo. O custo histórico apresenta uma vantagem que é a sua objetividade. Há situações em que este ativo perde substância econômica, independentemente de possíveis variações no poder aquisitivo da moeda, ou, nos casos de variação, sua avaliação acaba ficando defasada. Hendriksen (apud IUDÍCIBUS, 1997, p. 133) entende queuma das mais importantes razões pelas quais se observa a adoção generalizada do custo histórico é a sua relação estreita com o “conceito de realização da receita na mensuração do lucro. De fato, um lucro baseado em valores históricos é totalmente realizado, tanto na parte operacional quanto na dos ganhos”. 3.2.2 Custos prudentes Para Hendriksen e Van Breda (1999, p. 307), os custos prudentes são “somente os custos que seriam normalmente pagos pelos ativos por uma administração razoavelmente prudente”. Os autores sugerem que os custos de produção devem incluir somente os custos diretos de matéria-prima e mão de obra e os custos indiretos normais que podem ser alocados aos produtos com base em uma associação lógica, mas o desperdício anormal de materiais e o tempo ocioso excessivo de trabalho não são considerados como custos de produção. Também entendem que é difícil diferenciar o que é um custo excessivo, por depender de juízo de valor ou de algum grau de arbitrariedade. 3.2.3 Custos-padrão Considera os níveis desejados de eficiência e de uso da capacidade de produção. Hendriksen e Van Breda (1999) mencionam que, no caso, são estabelecidas bases (padrão) de matéria-prima, mão de obra e outros custos de produção, e são estas bases que servem para a avaliação dos ativos produzidos, desconsiderando-se os custos excessivos e desnecessários, ou seja, os que extrapolam o padrão preestabelecido. Os padrões estabelecidos pela empresa podem ter um maior ou menor grau de aceitação de ineficiências e ociosidades, ou seja, os padrões ideais consideram o custo mais próximo possível da perfeição; já os padrões correntes aceitam as perdas e ineficiências de produção consideradas normais. De qualquer forma, os padrões devem sofrer uma revisão periódica de suas bases. 3.2.4 Custo histórico corrigido Trata-se de corrigir o custo histórico original por algum índice que reflita a variação do poder aquisitivo médio geral da moeda. Nos países que enfrentam altas taxas de inflação, aparece como uma alternativa importante por sua objetividade, pelo baixo custo do processo de correção e pela relevância da informação. 3.2.5 Custo de reposição Iudícibus e Marion (1999) entendem que este tipo de custo pode ter várias conceituações, dependendo da data em que se faz a reposição de um ativo por outro em estado de novo. Alertam que não é o mesmo que custo corrente. O custo de reposição: (a) leva em consideração a flutuação específica dos preços; (b) permite que se tenha uma ideia aproximada de quanto seria preciso investir para montar uma empresa “fisicamente” equivalente; e (c) permite uma separação no lucro bruto, na demonstração do resultado do exercício (DRE), da parcela que se refere puramente a fatores relacionados com a variação do preço específico do ativo, daquela puramente operacional. 3.2.6 Custo de reposição corrigido Conceitualmente, não há diferença com o anterior. O que ocorre é uma homogeneização das demonstrações contábeis em termos de poder aquisitivo de uma mesma data. Por exemplo: o valor de reposição de um ativo em T0 é $ 1.000 e em T1 é $ 1.500, e a taxa de inflação do período é de 40%. Para que seja possível comparar T0 com T1, deve-se corrigir o valor de T0 por 40%. Assim, tem-se: Valor de reposição em T1 $ 1.500 Valor de reposição em T0 corrigido $ 1.400 Valorização real $ 100 3.3 Passivos (exigibilidades) Os passivos representam sacrifícios futuros decorrentes de obrigações presentes de uma entidade, determinando a transferência de ativos ou serviços para outras entidades no futuro, em função de transações ou eventos passados. Exigibilidade significa uma obrigação da empresa no momento da avaliação, que pode ser legalmente executável em caso de não pagamento. Decorre normalmente de práticas comerciais usuais. Segundo Hendriksen (apud IUDÍ-CIBUS, 1997, p. 141), “o reconhecimento de uma exigibilidade depende do reconhecimento do outro lado da transação – a incorrência de uma despesa, o reconhecimento de uma perda ou do recebimento por parte da empresa de um ativo específico”. É importante distinguir obrigação presente e comprometimento futuro. Assim, se uma empresa decide adquirir ativos no futuro, não há porque surgir uma exigibilidade no presente. Esta exigibilidade somente surge quando o ativo for entregue. Existem, todavia, exigibilidades que somente podem ser mensuradas utilizando-se certo grau de estimativa. É o caso das denominadas provisões. 3.3.1 Exigível oneroso e não oneroso Exigível oneroso é aquele que está custando mensalmente à empresa, como juros e encargos bancários decorrentes de empréstimos, financiamentos etc. As obrigações que não exigem pagamento de encargos financeiros são denominadas de passivo não oneroso. É o caso de salários, fornecedores, contas a pagar etc. 3.3.2 Exigível fixo e variável O exigível fixo se caracteriza por não variar em função do volume de vendas da empresa, como, por exemplo, aluguéis. Já o variável guarda certa relação com o volume de vendas, como ICMS a recolher, fornecedores etc. 3.3.3 Passivo oculto Este tipo de passivo configura suposto dever que poderá se transformar em obrigações de fato. Pode ser decorrente de atos involuntários ou por negligência. De acordo com Pereira, Giuntini e Boaventura (2003, p. 5), os atos involuntários são “ações passíveis de ocorrência independente da vontade dos gestores”, e os atos de negligência podem ocorrer quanto o gestor tem conhecimento de que suas práticas operacionais e/ou éticas podem vir a ocasionar dano à sociedade ou meio ambiente e, mesmo assim, prossegue com suas operações. Pereira, Giuntini e Boaventura (2003, p. 5-6) apresentam exemplos de atos involuntários e de negligência que podem ocasionar passivos ocultos: a. Atos involuntários São atos que decorrem de acidentes normais de operação causados por ações da natureza ou terceiros ou, ainda, de situações não deliberadas para as quais a empresa não conta com gerenciamento, ou seja, ocorrem pelo simples fato da empresa estar operando e, portanto, sujeita a falhas não propositais. Também pode redundar do fato da empresa desconhecer o mal causado pelo uso de seu produto ou serviço. b. Atos de negligência Nestes casos, podem surgir, por exemplo, os seguintes passivos: Passivos operacionais: ausência de manutenção de equipamentos; treinamento inadequado de operadores; ausência de manutenção das instalações; estocagem inadequada ou produtos com prazos de validade vencidos; qualidade da informação prestada ao consumidor; não utilização de métodos que evitem doenças profissionais. Passivos de consumo: utilização de materiais inadequados; utilização de componentes nocivos, por ausência de testes; falhas de montagem; falhas de manipulação; falhas de acondicionamento; publicidade enganosa; apresentação insuficiente. Passivos ambientais: ações negligentes que provocam efeitos climáticos; destruição da camada de ozônio; chuva ácida; comprometimento da qualidade do ar; danos advindos de metais pesados; odores resultantes de resíduos orgânicos voláteis; poluição sonora; vazamentos poluidores. 3.4 Patrimônio líquido O montante do patrimônio líquido que aparece nas demonstrações contábeis depende da avaliação e mensuração de ativos e passivos (exigibilidades). Trata-se, portanto, de um valor residual. As teorias existentes sobre o patrimônio líquido são (WOLK; TEARNEY, 1997): 3.4.1 Teoria do proprietário Aplica-se principalmente nas empresas de menor vulto, nas quais há um quotista absolutamente predominante (teoria do controle predominante). Neste caso, o patrimônio líquido que resulta da diferença entre ativo e passivo pertence ao proprietário. 3.4.2 Teoria da entidade Por esta teoria, o patrimônio dos acionistas ou quotistas, tanto pessoas físicas como jurídicas, não se confunde com o patrimônio líquido da entidade. Por este motivo, o lucro líquido apurado no final do exercício não pode ser sumariamente distribuído aos acionistas, cabendo decisão de assembleia de acionistas. Mesmo assim, devem ser deduzidas as reservas legais eestatutárias. Por esta teoria, a equação patrimonial se expressa por: ativo = passivo + patrimônio líquido da entidade. 3.4.3 Teoria dos fundos De acordo com esta teoria, o ativo resulta da soma das aplicações que foram efetuadas graças à utilização de recursos obtidos junto a terceiros e de capitais próprios. Nesse caso, a representação da equação patrimonial é: aplicações = fontes. A Doar é uma forma de aplicação parcial da teoria dos fundos. 3.4.4 Teoria do comando De acordo com esta teoria, os administradores podem comandar somente aquela parcela do patrimônio que pode ser movimentada mediante uma simples orientação da administração profissional, que não necessite autorização expressa de acionistas ou conselho de administração. 3.4.5 Manutenção do patrimônio líquido É desejo de toda administração manter a integridade do poder aquisitivo do patrimônio líquido da entidade. Na realidade, o que se espera é que o patrimônio líquido final seja igual ao inicial multiplicado por (1 + p) × (1 + i), onde p é a taxa de inflação e i é a taxa desejada de retorno. 3.5 Receitas, ganhos, despesas e perdas 3.5.1 Receitas Segundo Iudícibus e Marion (1999), o estudo do IASB define receita como “[…] o acréscimo de benefícios econômicos durante o período contábil na forma de entrada de ativos ou decréscimos de exigibilidades e que redunda num acréscimo do patrimônio líquido, outro que não o relacionado a ajustes de capital.” Uma receita resulta direta (no caso de operacional como vendas) ou indiretamente (no caso de receitas não operacionais) da atividade da empresa na geração de produtos ou serviços úteis ao mercado. Significa que não haveria receita operacional se a empresa não tivesse capacidade de gerar ou produzir, utilizando seus recursos (e incorrendo em despesas), produtos ou serviços aceitos pelo mercado. Com isso, pode- se dizer que receita é fluxo de produtos ou serviços durante um determinado período contábil. O efeito no patrimônio, de acordo com a definição do IASB, é de provocar aumento de ativo (ou diminuição de passivo), resultando em aumento do patrimônio líquido. Como se sabe, o reconhecimento de uma receita não exige necessariamente que o produto ou serviço tenha sido completamente transferido, embora seja a situação mais comum. A receita é o resultado da aceitação, pelo mercado, do esforço de produção da empresa. 3.5.2 Ganhos Os ganhos são representados por itens denominados de não recorrentes (não repetitivos) que, no entanto, têm o mesmo efeito sobre o patrimônio líquido, sendo oriundos da atividade normal da empresa ou não, diferentemente da receita que decorre da atividade normal. É útil reconhecer-se, na demonstração de resultados, os ganhos em forma separada, pois este reconhecimento pode ser interessante para decisões econômicas. Às vezes, os ganhos são apresentados líquidos de suas despesas relacionadas. 3.5.3 Despesas Normalmente, conceitua-se despesa como o sacrifício de ativos realizado para obtenção de receitas. Muitas vezes, esses sacrifícios ocorrem em função de e/ou diretamente atribuíveis à obtenção de receita específica. Exemplo: despesas de materiais na execução de serviços de reparos de televisores em empresa que se dedique a essa atividade. O mesmo pode-se dizer em relação aos salários do pessoal diretamente relacionado aos serviços de conserto. Os autores recomendam que, não sendo possível a identificação dos períodos ou das receitas futuras conectadas a gastos realizados, estes devem ser lançados como despesa do período. 3.5.4 Perdas A definição de despesa inclui as perdas. Estas incluem itens que também impactam o ativo e o patrimônio líquido, da mesma forma como as despesas, podendo surgir no curso da atividade normal da empresa. Normalmente são imprevisíveis. As perdas incluem itens como desastres, inundações, fogo etc., ou desincorporação de ativos imobilizados. As perdas também podem incluir as despesas não realizadas, como, por exemplo, um acréscimo anormal na taxa de câmbio de uma moeda estrangeira quando a empresa tem empréstimo naquela moeda. Para complementação de estudos Como complementação dos estudos relacionados com este capítulo, recomenda-se a leitura do artigo O conceito de ativos na contabilidade: um fundamento a ser explorado, de André Moura Cintra Goulart, publicado na revista Contabilidade & finanças da USP, n. 28, p. 56-65, jan./abr. 2002. Também pode ser localizado no site: http://www.scielo.br/ pdf/rcf/v13n28/v13n28a04.pdf http://www.scielo.br/ TERMOS-CHAVE Conceituação de ativo – O benefício econômico futuro embutido em um ativo é o seu potencial em contribuir, direta ou indiretamente, para o fluxo de caixa ou equivalentes de caixa para a entidade. Avaliação do ativo – Há diversos métodos ou conceitos de mensuração que podem ser adotados na avaliação de ativos. Esses são normalmente avaliados por algum tipo de valor de custo (valor de entrada). Passivos – Representam sacrifícios futuros decorrentes de obrigações presentes de uma entidade, determinando a transferência de ativos ou serviços para outras entidades, no futuro, em função de transações ou eventos passados. Passivos ocultos – Configuram supostos deveres que poderão se transformar em obrigações de fato. Podem ser decorrentes de atos involuntários ou negligência. Patrimônio líquido – Trata-se de um valor residual, pois o seu montante depende da avaliação e mensuração de ativos e passivos (exigibilidades). Receita – Resulta direta ou indiretamente da atividade da empresa na geração de produtos ou serviços úteis ao mercado. Ganho – É representado por itens denominados de não recorrentes, sendo oriundos da atividade normal da empresa ou não. Despesa – Sacrifício de ativos realizado para obtenção de receita. Perda – Surge no curso da atividade normal da empresa e normalmente é imprevisível. REFERÊNCIAS CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução no 1.374/11 de 08 de dezembro de 2011. Brasília: CFC, 2011. HENDRIKSEN, Eldon; VAN BREDA, Michael. Teoria da contabilidade. São Paulo: Atlas, 1999. IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da contabilidade. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1997. IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos. Introdução à teoria da contabilidade. São Paulo: Atlas, 1999. LUSTOSA, Paulo Roberto B. Ativo e sua avaliação. In: RIBEIRO FILHO, José Francisco; LOPES, Jorge; PEDERNEIRAS, Marcleide. Estudando teoria da contabilidade. São Paulo: Atlas, 2009. PEREIRA, Anísio C.; GIUNTINI, Norberto; BOAVENTURA, Wilson R. A mensuração dos passivos ocultos: um desafio para a contabilidade. Anais… X Congresso Brasileiro de Custos. São Paulo: Fecap, 2003. WOLK, H. I; TEARNEY, M. G. Accounting theory: a conceptual and institutional approach. 4. th. Cincinnati, Ohio: South-Western College Publishing, 1997. CAPÍTULO 4 ATIVO INTANGÍVEL / GOODWILL / CAPITAL INTELECTUAL Este capítulo trata de um tipo especial de ativo denominado de ativo intangível, que se caracteriza por não possuir substância física (corpórea). A esse tipo de ativo, quando não identificado, é atribuída a denominação genérica de goodwill. Diversos desses ativos já estão sendo identificados, e estão sendo tratados como capital intelectual, composto pelo capital humano, capital relacional e capital estrutural, tratados em detalhe neste capítulo. 4.1 Ativo intangível Diariamente, em todo o mundo, organizações são compradas e vendidas por valores absolutamente distintos (maiores) daqueles existentes nas suas contabilidades. Empresas com prejuízos acumulados são valorizadas por milhões de dólares. Rappaport (apud HENDRIKSEN; VAN BREDA, 1999) escreveu que na medida em que a sociedade é cada vez mais intensiva em informação, o patrimônio contábil está cada vez mais distante da maneira pela qual o mercado avalia as empresas. De acordo com a Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007, o ativo intangível compreende direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido. O Pronunciamento Técnico CPC nº
Compartilhar