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A responsabilização da prática de stalking no ordenamento jurídico brasileiro

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1 
A RESPONSABILIZAÇÃO DA PRÁTICA DE STALKING NO ORDENAMENTO 
JURÍDICO BRASILEIRO 
 
Guilherme Morais Camargo 
Aluno do curso de Direito do Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais - CESCAGE 
 
Resumo: O presente artigo tem como objetivo analisar a responsabilização criminal e 
cível vinculada ao crime de perseguição (stalking) do agente ativo, elucidando, para tanto, 
a conceituação e as características inerente ao tipo penal. Para a elaboração da pesquisa 
científica, usou-se os métodos de pesquisas dedutivo e histórico, pois parte de questões 
gerais para mais específicas acerca do tema a partir de uma análise qualitativa. Sendo 
assim, foi usado como base trabalhos acadêmicos e da jurisprudência dos tribunais 
superiores, bem como na legislação constitucional e infraconstitucional que tratam do 
tema. 
Palavras-chave: Stalking; perseguição reiterada; responsabilização criminal e cível; 
Abstract: This article aims to analyze the criminal and civil liability linked to the crime 
of persecution (stalking) of the active agent, elucidating, therefore, the conceptualization 
and characteristics inherent to the criminal type. For the elaboration of the scientific 
research, the deductive and historical research methods were used, since it starts from 
general questions to more specific ones about the theme from a qualitative analysis. 
Therefore, it was used as a basis academic works and the jurisprudence of the superior 
courts, as well as in the constitutional and below constitutional legislation that deal with 
the subject. 
Keywords: stalking; repeated persecution; criminal and civil liability; 
Sumário: Introdução; 1. Crime de stalking e sua abordagem inicial no ordenamento 
jurídico brasileiro; 2. A responsabilização criminal dos agentes ativos no crime de 
stalking; 3. A responsabilização cível dos agentes ativos no crime de stalking; 4. 
Posicionamento do Superior Tribunal de Justiça (STJ); Considerações finais; Referências. 
 
INTRODUÇÃO 
 
A pesquisa proposta se justifica do ponto de vista social na medida em que o 
presente artigo acadêmico aborda as questões inerentes ao crime de stalking, o qual é 
conceituado como o ato de perseguição obsessiva contra determinada pessoa, ameaçando-
lhe a integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, 
de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade. 
Como é descrito no artigo de lei, o objeto jurídico violado é a liberdade individual, e de 
maneira indireta protege a privacidade, a segurança, o direito a personalidade, a 
integridade física e demais direitos das vítimas, todos garantidos na Constituição Federal 
de 1988 como direitos fundamentais. 
2 
Em que pese seja um assunto muito amplo haja vista todos os problemas sociais 
que envolvem o tema, o presente artigo acadêmico buscou elucidar aos leitores os aspetos 
inerentes a penalização do agente criminoso, seja ela como forma de pena, na seara 
criminal, ou ainda monetariamente, em favor da vítima, na seara cível. De forma mais 
clara, a problemática do presente artigo é buscar de que maneira o agente que, 
dolosamente, comete o crime de stalking irá ser responsabilizado perante o judiciário 
brasileiro. 
Seja na esfera cível ou criminal, é papel do Estado de realizar a responsabilização 
daquele que gere danos a outrem, de modo que se busque erradicar ao máximo o 
cometimento deste ilícito, bem como, de indenizar a vítima. O presente artigo busca 
mostrar que existe regramentos vigentes quanto a este tema, bem como mostrar ao público 
que o estado vem atuando na prevenção destes casos. 
Quanto a hipótese do artigo, essa se caracteriza no fato de que, embora existam 
punições aos agentes criminosos, estas não são capazes de inibir o crime haja a 
“fragilidade” da pena vinculada ao ilícito, principalmente em se tratando do crime de 
stalking vinculado à violência doméstica e familiar. 
Para demonstrar a efetividade das normas penais e cíveis inerentes ao crime de 
stalking, o presente artigo se fez valer dos métodos de pesquisas dedutivos e históricos, 
pois aborda questões antigas e atuais acerca do tema. Sendo assim, foi usado como base 
para a elaboração do presente artigo a leitura de outros trabalhos acadêmicos, leitura em 
livros, pesquisas jurisprudenciais, bem como a leitura de leis constitucionais e 
infraconstitucionais, abrindo espaço também para pesquisas na internet, observando 
sempre a confiabilidade dos sites. 
Para lograr êxito em demonstrar ao leitor, de forma clara e rápida, de como o 
estado age na penalização quanto ao crime em tela, o artigo fora divido em quatro seções 
independentes, sendo a primeira seção focada em apresentar o crime ao leitor, bem como 
de demonstrar suas características e peculiaridades. Quanto à segunda seção, esta foi 
usada para demonstra ao leitor como se dá a responsabilização do agente criminoso na 
esfera criminal. Ainda, quanto a terceira seção, esta foi dedicada a responsabilização do 
agente, de forma pecuniária, na seara cível. Acerca da quarta seção, esta foi dedicada ao 
estudo de jurisprudência sobre o crime em questão, trazendo pontos importantes acerca 
de julgados atuais. 
3 
1. CRIME DE STALKING E SUA ABORDAGEM INICIAL NO 
ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO 
 
O stalking pode ser considerado uma conduta tão antiga quanto a própria relação 
entre os humanos dentro de um contexto social, haja vista que a primeira referência 
histórica sobre o tema é um dispositivo do Código Justiniano, o qual tinha a seguinte 
redação, conforme livro do autor Bruno Bottiglieri Freitas Costa (COSTA, 2018, p. 13): 
“Ser um incômodo, seguindo uma mulher casada, menino ou criança poderá levar à 
acusação”. 
Com o findo da segunda guerra mundial e o registro de diversos atos de tortura 
durante este período, decidiu-se, por meio da ONU – Organização das Nações Unidas, 
determinar direitos que deveriam ser respeitados e garantido por todos os países, os 
denominados Direitos Humanos. Assim, os países pertencentes à ONU que ratificaram 
estes direitos e que os trouxeram para a seara de seus Estados firmaram um acordo social 
com o seu povo, o qual se baseava no comprometimento destes países em garantir que 
toda pessoa fosse digna e detentora destes direitos. 
Se faz necessário acrescentar que o Brasil faz parte dos países que trouxeram os 
direitos humanos para dentro de seu território, e que a partir disso, passou a ser chamado 
de direitos fundamentais. Dentre estes direitos fundamentais estão o direito à vida e à 
liberdade, estando contidos nos seguintes documentos internacionais: “Declaração 
Americana dos Direitos e Deveres do Homem” e na “Declaração Universal dos Direitos 
Humanos”. Após o advento destas declarações, que traduzem o acordo firmado entre os 
países signatários da Declaração dos Direitos Humanos, o Brasil inseriu estes direitos no 
ordenamento jurídico brasileiro por meio do texto da Constituição Federal de 1988, mais 
precisamente no artigo 5º, e desta forma, passou a proteger os direitos fundamentais 
elencados no referido acordo internacional. 
Com base na ideia de proteção aos direitos fundamentais da pessoa, a legislação 
penal e cível brasileira prevê penas e responsabilizações em desfavor da pessoa que 
comete ilícitos que, de alguma forma, viola ou diminui direitos basilares de outrem. Com 
base nisso, e por meio Poder Legislativo, acrescentou-se um dispositivo ao Código Penal 
que criminaliza o ato de stalking (perseguição). 
4 
Sendo assim, no dia 31 de março de 2021, entra em vigor a lei nº 14.132 de 2021, 
a qual acrescenta ao Código Penal o artigo 147-A, com a seguinte redação: Perseguir 
alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou 
psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, 
invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade. 
A palavra “stalking” é derivadada língua inglesa, do verbo “to stalk”, e sua tradução 
para o português tem o significado de vigiar ou espiar. Desta forma, analisando a tradução 
literal da palavra, podemos ter uma breve noção do que se trata este crime, tratando-se de 
um crime de perseguição contra alguém. 
Este tipo de crime, tipificado no artigo 147-A, caput, do Código Penal, é uma 
conduta, reiterada, por qualquer meio, capaz de ameaçar a integridade física ou 
psicológica de outrem, ou ainda que de alguma forma restrinja a capacidade de locomoção 
de outrem ou que invada ou perturbe a esfera de liberdade ou privacidade de terceiros. 
Ainda, adentrando mais ao assunto e, considerando os avanços tecnológicos da 
humanidade, a perseguição exercida pelo agente pode ser de maneira presencial ou 
virtual, ou ainda de ambas as maneiras. No ambiente virtual, existem problemas ainda 
maiores, haja vista a possibilidade do stalker agir de forma anônima, possibilitando o 
agente cometer o ilícito com mais facilidade. Acerca deste tema, leciona o doutrinador 
Bruno Bottiglieri Freitas Costa (COSTA, 2018, p. 06). 
 
Diante da facilidade contemporânea de acesso a mecanismos 
eletrônicos, como computadores e celulares ligados à rede mundial de 
computadores, o stalking dominou o ambiente virtual, surgindo, assim 
a modalidade conhecida como cyberstalking. Trata-se do uso da 
internet, e-mail, ou outro tipo de tecnologia computadorizada para a 
prática de assédio ou perseguição. A utilização da internet como 
ferramenta para obtenção de dados pessoais de terceiros em rede sociais 
é um exemplo marcante da modalidade. 
 
Vale lembrar que as condutas exercidas pelos agentes ativos nem sempre podem 
ser consideradas agressivas ou violentas, existem também condutas “carinhosas e 
amigáveis” que podem ser consideradas perturbadoras e inconvenientes e, desta forma, 
geram um desconforto na vítima. Dito isso, pode-se dar como exemplo um homem, que 
ao se encantar com uma moça, decide dar a ela flores todos os dias, porém, a vítima 
começa a se sentir desconfortável com a reiteração das ações, e assim o crime pode vir a 
se consumar. 
5 
Tendo em vista o fato de ser um crime novo no ordenamento jurídico, não há 
dados consistentes sobre o número de vítimas e casos deste crime no Brasil, porém já 
existem estudos sobre o tema. Embora seja verdade que este crime possa ser cometido 
contra qualquer pessoa, se faz necessário dizer também que dentre as pessoas que são 
vítimas de perseguição, a maioria são mulheres. De acordo com dados preliminares 
levantados pelo FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), houve o registro de 27,7 
mil casos de stalking no ano de 2021 que figuram mulheres como vítimas do crime, 
conforme indica o Anuário de Segurança Pública do Brasil do ano de 2022. 
Considerando as pesquisas realizadas, a cada uma hora surgem mais três novos 
casos de stalking no Brasil contra mulheres, e, se for levado em consideração os crimes 
que não são denunciados esse número passa a ser ainda mais expressivo. Ainda mais 
especificamente, os dados demonstram que o Amapá foi o Estado brasileiro que mais 
apresentou casos confirmados de perseguições (stalking). 
A seguir, serão abordados, de forma clara e simples, os fatores que compõem o tipo 
penal do artigo 147-A do Código Penal que trata do crime de stalking. Assim, passa-se a 
estudar de forma mais aprofundada as características e nuances deste tipo penal. 
Ditas essas considerações iniciais, segundo os ensinamentos de Greco (2021), 
afirma-se que o stalking é considerado um crime material, haja vista a necessidade do 
resultado naturalístico inerente ao tipo penal, qual seja, que a vítima se sinta ameaçada 
em sua integridade física ou psicológica, ou ainda, que de alguma forma restrinja sua 
capacidade de locomoção, ou invada/ perturbe a esfera de liberdade ou privacidade da 
vítima. 
Quanto a consumação deste crime, segundo Cunha (2021), ela ocorre com as 
práticas reiterada de perseguição, presencial ou virtual, devendo ser considerada a 
habitualidade da prática. Neste liame a consumação resta evidenciada quando a referida 
perseguição, crime habitual, gera na vítima um dos resultados previstos no tipo penal - 
crime material - podendo como já mencionado ser praticado pelo sujeito ativo tanto em 
meio físico como mediante o uso da internet (denominado cyberstalking). 
Como se observa, a criminalização da conduta de stalking tem por bem jurídico 
protegido a liberdade da vítima, seja ela a liberdade psicológica ou física. Ainda, de forma 
direta ou indireta, a criminalização da conduta de stalking pode vir a proteger outros bens 
6 
jurídicos, como por exemplo a honra, a integridade física e moral ou até mesmo a 
intimidade das vítimas. 
Quanto ao sujeito ativo do crime de stalking, trata-se de um crime comum. Para 
Greco (2021) este tipo de infração penal pode ser praticado por qualquer pessoa e em 
razão disto teremos a considerá-lo como um crime comum. 
Em relação ao sujeito passivo do crime de stalking, este crime poderá figurar como 
vítima qualquer pessoa. Importante frisar que existem alguns casos em que a lei prevê 
uma pena maior, haja vista a maior vulnerabilidade da vítima. Neste caso, o parágrafo 1º, 
incisos I e II do artigo 147-A do Código Penal, determina que a pena será aumentada pela 
metade se o crime for cometido contra crianças, adolescentes, idosos ou contra a mulher 
por razões da condição de sexo feminino. 
Após breve leitura ao dispositivo penal em tela (Art. 147-A do Código Penal), 
extrai-se os conceitos objetivos do crime, ou seja, as características perceptíveis ao leitor, 
que para o autor Rogério Sanches Cunha, esses elementos objetivos do tipo penal podem 
ser conceituados como: 
 
O “tipo” penal retrata modelo de conduta proibida pelo ordenamento 
jurídico-penal. Na descrição do comportamento típico, vale-se o 
legislador de elementos objetivos e subjetivos. Os primeiros estão 
relacionados aos aspectos materiais e normativos do delito, 
enquanto os segundos, relacionados à finalidade especial que anima 
o agente. (CUNHA, 2015, p. 244) 
 
Desta forma, segundo o Código Penal vigente (BRASIL 1940), os elementos 
objetivos tipo do crime de stalking podem ser definidos como: A) Por ser um crime 
habitual, é necessário que as condutas do agente ativo sejam constantes e conexas entre 
si; B) Por ser muito abrangente acerca do meio utilizado pelo criminoso, qualquer meio 
utilizado será punível; C) Também se entende de forma abrangente o meio do agente em 
se comunicar ou agir com a vítima, podendo suas ações serem diretas ou por intermédio 
de terceiras pessoas; D) A doutrina e a jurisprudência entendem hoje que, considerando 
a localização do crime e se tratar de um dos tipos do crime de ameaça, as condutas 
reiteradas do agente devem trazer medo ou temor à vítima, em relação a sua integridade 
física e psicológica, ou ainda, a manutenção de sua liberdade e sua privacidade. 
Fica claro que no crime de stalking não cabem condutas negligentes, ou seja, que 
dependem ações dolosas do agente, e neste sentido leciona o autor (Cunha, 2015, p. 165), 
7 
o qual menciona: “crime habitual é aquele que se configura mediante a reiteração de atos. 
Somente irá ocorrer se houver repetição da conduta que revele ser aquela atividade um 
procedimento costumeiro por parte do agente.". Haja vista o fato deste crime ser 
considerado habitual, e assim necessitar de reiteração de condutas, não se admite a forma 
tentada deste tipo penal. 
Se extrai mediante a leitura do dispositivo penal, que a ação penal se procede 
mediante representação do ofendido, conforme referido no artigo 147-A, § 3º, do Código 
Penal. 
O stalking trata-se de um crime de perseguição pelo fato de atentar contra a 
liberdade individual da vítima e permite várias interpretações e motivações para o 
cometimento do crime. Já foram apontadas pela doutrina e jurisprudência a existênciado 
crime baseado em: caráter afetivo, funcional ou idólatra 
De acordo com os ensinamentos de Masson (CRIME..., 2021), o crime de stalking 
com caráter afetivo, representa todo aquele cometido com a motivação baseada em 
relacionamentos de cunho familiar ou amoroso que podem ser atuais ou passado tendo a 
maioria destas perseguições decorrentes deste tipo de motivação. 
Ainda de acordo com Masson (CRIME..., 2021), entende-se que no caso de o agente 
ativo não manter nenhuma relação afetiva com a vítima, o crime possui o caráter 
funcional, sendo “modalidade”, a relação entre autor e vítima está baseada na relação 
laboral, comercial ou ainda de estudo. 
Por fim, Masson (CRIME..., 2021) acrescenta que o crime de stalking com caráter 
idólatra será motivado pela paixão ou admiração obsessiva de fã para ídolo, de maneira 
que o admirador pratique atos que atentam contra a liberdade e a privacidade da pessoa 
pública, sendo assim seus agentes passivos cantores, esportistas, líderes políticos e 
religiosos ou atores, como exemplo prático, a morte do cantor John Lennon, a qual foi 
provocada pela paixão obsessiva de um fã com o mesmo. 
O crime de stalking, ao ser praticado pelo agressor, poderá limitar vários direitos 
basilares das vítimas, direitos estes que podem ser divididos em dois grupos, quais sendo: 
os direitos fundamentais da pessoa humana e os direitos à personalidade das pessoas. 
8 
Quanto aos direitos fundamentais das vítimas que podem ser violados pelo agente 
ativo, esses estão elencados no Art. 5º, caput, da Constituição Federal, como quais sendo: 
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. 
Ainda, quanto aos direitos à personalidade das pessoas que podem vir a sofrer 
limitações pela prática do stalking, são definidos no Art. 5º, inciso X, da Constituição 
Federal, como quais sendo: a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas. 
Ademais, o artigo 11 do Código Civil reforça a importância destes direitos a 
personalidade, momento em que acrescenta que são direitos intransmissíveis e 
irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. 
Em resumo, o crime de stalking ofende, diretamente ou indiretamente, os 
seguintes direitos das vítimas: à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança, à propriedade 
privada, à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das pessoas, e o agente que de 
alguma forma limitar algumas dessas garantias será responsabilizado, além de 
penalmente, civilmente. 
 
2. A RESPONSABILIZAÇÃO CRIMINAL DOS AGENTES 
ATIVOS NO CRIME DE STALKING 
 
Visto o crescente do número de pessoas que passaram a denunciar as 
perseguições, ocorreu a necessidade de elevar a conduta de contravenção penal para o 
status de crime e realizar o endurecimento da pena. 
Conforme mencionado anteriormente, o agente que persegue um terceiro, de 
maneira reiterada, com o fim de constranger, intimidar, humilhar ou causa a este qualquer 
tipo de malefício ou diminuição do direito à liberdade comete o crime de perseguição 
previsto no artigo 147-A do Código Penal, e uma vez consumado o referido crime contra 
alguém, poderá o agente ativo ser responsabilizado na esfera criminal e cível, conforme 
se expõe a seguir. 
A pena criminal do crime de stalking, segundo o artigo 147-A do Código Penal, é 
de 6(seis) meses a 2 (dois) anos de reclusão cumulado com multa. Ainda, se no caso 
concreto não estiver presente qualquer tipo de qualificadora, o crime será considerado 
“de menor potencial ofensivo”, e com isso será julgado no Juizado Especial Criminal. 
9 
Todavia, se o crime for cometido contra criança, adolescente ou idoso, contra a 
mulher por razões da condição de sexo feminino ou ainda mediante concurso de 2 (duas) 
ou mais pessoas ou com o emprego de arma, a pena será aumentada pela metade nos 
termos do artigo 147-A, § 1º do Código Penal, podendo chegar à pena máxima de 3 (três) 
anos de reclusão e multa sendo sua competência das varas criminais. 
O parágrafo segundo do artigo 147-A do Código penal trata sobre a possibilidade 
do concurso de crimes, ou seja, o agente criminoso que durante a perseguição cometer 
outros crimes contra a vítima, responderá perante todas as condutas criminosas em 
concurso de crimes. Ou seja, não haverá a absorção de crimes nestes casos, haja vista o 
crime de stalking não ser considerado um delito meio, e com isso, as penas dos crimes 
serão somadas. 
Caso o denunciado tratar-se de réu primário, denunciado pelo crime do Artigo 
147-A em sua forma simples ou sem qualificadoras, terá direitos que o beneficiam, 
cabíveis após avaliação do caso concreto a aplicação dos institutos despenalizadores, tais 
como: a transação penal, o acordo de não persecução penal, o sursis processual. 
Caso o denunciado, sendo primário, venha a ser condenado pela prática do crime 
com alguma das qualificadoras, a depender do caso concreto, irá perder o direito aos 
benefícios dos institutos despenalizadores, porém, ainda poderá em algumas hipóteses 
obter o direito a: substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos e a 
suspensão condicional da pena. 
Segundo o entendimento da Súmula nº 536 do STJ, por exceção, se o agente 
cometer o crime com a qualificadora descrita no § 1º, inciso II, do artigo 147-A do Código 
Penal, este perde o direito a aplicação da suspensão condicional do processo e da 
transação penal. 
No caso da hipótese do réu ser reincidente ou processado por outro crime, não 
pode o juiz conceder, como forma de benefício ao acusado da prática de stalking, os 
benefícios da transação penal, do acordo de não persecução penal ou do SURSIS 
processual. Ainda, se tratando de pessoa reincidente em crimes dolosos, não caberá a 
substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos e nem o SURSIS da 
pena. 
10 
Como já mencionado anteriormente, levando em consideração as pesquisas 
divulgadas pelos sites de comunicação, é notória a existência de uma maioria de mulheres 
integrando o polo passivo do crime de stalking, situação essa que necessitava de uma 
maior proteção do Estado a fim de erradicar ao máximo os crimes de stalking com a 
qualificadora inerente a violência doméstica e familiar contra o gênero feminino. Desta 
forma, a lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/06) traz mecanismos adicionais na imputação 
da pena deste indivíduo. 
Considerando que uma parte muito expressiva dos crimes de stalking são afetivos, 
e ainda praticadas por homens contra as mulheres, entende-se que a lei Maria da Penha é 
bastante proveitosa nos casos onde a mulher necessita de cuidados especiais, a fim de que 
seus direitos fundamentais e seus direitos de personalidade não sejam ameaçados pelo 
agressor. 
Visando a proteção direta da vítima, é louvável o papel da Lei Maria da Penha de 
garantir, em favor da vítima, a determinação de medidas protetivas de urgência, as quais 
são trazidas no artigo 22 da Lei nº 11.340/06, a qual diz: 
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a 
mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao 
agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas 
protetivas de urgência, entre outras: 
I - Suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com 
comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei nº 10.826, de 22 
de dezembro de 2003; 
II - Afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a 
ofendida; 
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: 
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, 
fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor; 
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer 
meio de comunicação; 
c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a 
integridade física e psicológica da ofendida; 
IV - Restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida 
a equipe deatendimento multidisciplinar ou serviço similar; 
V - Prestação de alimentos provisionais ou provisórios 
 
Deste modo, caso haja evidências do crime de stalking, a vítima mulher pode, 
imediatamente, fazer uso de qualquer que seja destas medidas protetivas, a fim de que o 
contato com o agressor seja interrompido de maneira rápida e segura, gerando ao agressor, 
em casos de descumprimento da ordem judicial, e sua imediata prisão. 
11 
Cumulado às demais medidas assecuratórias dos direitos das vítimas mulheres que 
sofrem violência doméstica e familiar, o artigo 41 da referida lei determina que: 
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar 
contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a 
Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. 
Neste mesmo sentido, prevê a Súmula 536 do Superior Tribunal de Justiça: 
Súmula 536: A suspensão condicional do processo e a transação penal 
não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da 
Penha. 
Assim, entende-se que o agente que cometer o crime de stalking contra mulher 
por razões da condição do sexo feminino, além de sofrer em seu desfavor a concessão de 
medidas protetivas e ter um acréscimo de 50% em sua pena nos termos do artigo 147-A, 
§ 1º do Código Penal, ainda perderá o direito de ser beneficiado pelos institutos 
despenalizadores da lei 9.099/95 (transação penal, Acordo de não persecução penal e o 
SURSIS processual), mesmo que seja primário e de bons antecedentes. 
 
3. A RESPONSABILIZAÇÃO CÍVEL DOS AGENTES ATIVOS 
NO CRIME DE STALKING 
 
Ao mesmo tempo em que a responsabilidade penal do agressor é limitada, em 
geral, a finalidade de reeducar o agente e ainda impedir que este cometa novamente o 
ilícito, a responsabilidade civil chega a outros patamares de responsabilização, o qual 
sendo a possibilidade da vítima em ser ressarcida monetariamente pelo agressor, tanto em 
decorrência de indenização moral quanto material. 
Hoje, a doutrina majoritária entender que o objetivo da reparação é garantir à 
vítima o mínimo de conforto (dada pela compensação do dano sofrido), bem como de dar 
a possibilidade, dentro do caso concreto, de retornar ao status quo anterior ao 
cometimento do crime. 
Haja vista a pena do crime de stalking ser considerada “baixa”, ainda mais com o 
fato do réu primário ser beneficiado com alguns institutos despenalizadores, a pena 
pecuniária do processo civil acaba se mostrando muito mais eficiente na penalização do 
agente. A responsabilidade civil independe da responsabilidade penal, haja vista que a 
primeira decorre da relação privada entre agressor e vítima, e é basicamente punível 
fulcro em três artigos do Código Civil, quais sendo: 186, 187 e 927 do Código Civil. 
12 
O artigo 927 retrata a responsabilidade de forma mais ampla, garantindo à vítima 
de atos ilícitos o direito de indenizada materialmente e moralmente. O referido artigo 
dispõe o seguinte: 
 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a 
outrem, fica obrigado a repará-lo. 
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, 
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando 
a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por 
sua natureza, risco para os direitos de outrem. 
 
Em resumo deste artigo, fica claro que o agente que, de alguma forma causar dano 
material ou moral a terceiro, fica obrigado a repará-lo. Ainda, quanto ao parágrafo único, 
fica evidente que na responsabilidade civil, para que haja a responsabilização, é 
necessário que a vítima demonstre a existência do dano lesivo, bem como a existência do 
nexo causal entre a conduta do agente e o dano sofrido. Em outras palavras, o agente que, 
de alguma forma, gerou danos a terceiros, é obrigado a reparar independentemente de 
dolo ou culpa. 
Quanto aos artigos 186 e 187 do Código Civil, estes elencam as hipóteses de atos 
ilícitos, quais sendo: 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou 
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que 
exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao 
exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim 
econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. 
Dentro do ordenamento jurídico brasileiro, considera-se o crime de stalking como 
uma conduta que irá se amoldar ao dispositivo 187 do Código Civil, haja vista o fato de 
que o agente ativo utiliza de suas liberdades individuais para limitar a de terceiro. Neste 
mesmo liame, o agente ativo, utilizando de sua liberdade de expressão, locomoção, direito 
de ir, vir e permanecer, encontra uma forma de utilizar dessas garantias individuais como 
uma forma de usar seus direitos de forma ilícita. A difamação, a calúnia e a injúria são 
bons exemplos do uso equivocado do direito à liberdade de expressão, e ainda, a 
permanência do agente no local de trabalho da vítima ou até mesmo o fato deste passar 
na frente da residência desta de forma intimidadora são exemplos do mau uso da liberdade 
de locomoção do criminoso. 
13 
Dentre os casos onde já existem julgamentos sobre este crime, criou-se 
entendimentos firmados nos tribunais que auxiliam os aplicadores do direito a solucionar 
casos deste tipo. Desta forma, passa-se a observar estes julgados, bem como de que forma 
estes estão sendo utilizados pelos julgadores. 
 
4. POSICIONAMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE 
JUSTIÇA (STJ) 
 
Até a data em que se findou as pesquisas (21 de novembro de 2022), ao adentrar 
no site do Superior Tribunal de Justiça, bem como após realizadas buscas de 
jurisprudência e entendimentos acerca do crime de stalking, observa-se que haviam sidos 
publicados o montante de 3 (três) acórdãos e 31 (trinta e uma) decisões monocráticas que 
de alguma forma abordavam a conduta criminosa em tela. Não sendo possível estudar 
todas estas decisões, realizou-se então o estudo daquelas que mais se aproximavam do 
propósito deste artigo, o qual sendo de trazer aspectos inerentes a responsabilização do 
agente criminoso, seja em âmbito criminal e cível. 
Com isso, ao se observar o AgRg (agravo regimental) no Habeas Corpus 769685, 
em relatoria do Ministro Jesuíno Rissato, da 5º turma do STJ, fica evidente que nos casos 
onde o crime de stalking esteja em consonância com a Lei Maria da Penha, ou seja, o 
crime cometido em âmbito doméstico, a depender sempre do caso concreto, a custódia 
cautelar deve ser mantida considerando a periculosidade do agente e a garantia da ordem 
pública. Ainda, neste mesmo julgado, fica evidente que ainda que o réu seja primário de 
bons antecedentes não será usado como fundamento para a revogação da prisão antes do 
trânsito em julgado da ação, considerando as nuances e a gravidade do crime. 
Considerando a jurisprudência citada, pode-se concluir que embora a pena do 
agente seja abstratamente “baixa”, a depender do caso concreto e se verificada a 
necessidade de maior proteção à vítima, o acusado poderá a vir ter sua liberdade privada 
antes mesmo de sentença transitada em julgado. 
Agora, quanto a responsabilização penal do réu, verifica-se primeiramente que 
houve pedidos formulados pela defesa dos requeridos requerente a absolvição destes ante 
a existência de abolitio criminis do crime, causada especificamente pelo fato da conduta 
ora contravenção penal ser revogada e introduzida ao Código Penal. 
14 
Acerca disso, e com base no REsp 1999865 (Recurso Especial) do Superior 
Tribunal de Justiça (STJ), com relatoria do Ministro Ribeiro Dantas, publicada em data 
de 15 de junho de 2022, firmou o entendimento de que o réu deverá ser condenado, ainda 
que a lei que criou o crime de stalking seja posterior ao fato. 
Considerando a decisão do ministro Ribeiro Dantas, é firmado no STJ o 
entendimento de que houve a continuidade típico-normativa da antiga contravençãopenal 
de perturbação uma vez que a conduta que a contravenção punia continua sendo punida 
pelo crime do Art. 147-A, e deste modo, se dentro do caso concreto ficar evidenciada a 
reiteração das condutas por parte do agente criminoso, este será responsabilizado 
criminalmente pelos seus atos. 
Quanto a responsabilização cível, existe a previsibilidade de indenização moral e 
material em favor das vítimas, porém não foram encontradas jurisprudências no STJ neste 
sentido. Em substituição, à luz do artigo 387, IV, do Código de Processo Penal, foram 
encontradas jurisprudências no sentido de que o magistrado pode fixar, na hora da 
sentença penal, valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, 
considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido. 
Neste sentido, com base no Resp 2173294 (Recurso Especial) do Superior 
Tribunal de Justiça (STJ), com relatoria do Ministro Olindo Menezes, publicada em data 
de 10 de outubro de 2022, firmou o entendimento de que, mesmo na seara criminal, 
poderá haver a indenização monetária em favor da vítima, desde que esteja o pedido 
delimitado na denúncia ou queixa, bem como no transcorrer do processo se garanta o 
princípio da ampla defesa e do contraditório. 
Ainda com base no referido julgado, tal indenização não impede a vítima de 
procurar a complementação do valor na esfera cível, por meio dos procedimentos 
cabíveis. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Constata-se que o crime de stalking, ora tido como contravenção penal, ganha 
cada vez mais enfoque dentro do contexto social em que vivemos, haja vista a seriedade 
do crime, bem como a presença deste corriqueiramente nos nossos dias. Deste modo, o 
estudo acerca deste dispositivo legal passou a ser imprescindível aos olhos do direito. 
15 
Com isso, deve-se salientar a importância social do presente artigo, o qual busca, 
de todas as formas, compreender a responsabilização do sujeito ativo dentro do 
ordenamento jurídico brasileiro, de modo a demonstrar que o estado, por meio de suas 
leis, busca ao máximo responsabilizar os agentes criminosos do crime em tela. 
Assim, como ficou demonstrado ao decorrer do artigo, a problemática foi 
devidamente esclarecida, tendo em vista que restou abordadas as punições que o agente 
pode vir a sofrer, seja elas criminais ou cíveis, a depender sempre do caso concreto e da 
primariedade ou reincidência do agente. Sendo assim, não há como negar que dentre todas 
as dificuldades encontradas, o poder judiciário busca responsabilizar os infratores. 
Quanto a hipótese do presente artigo, essa também ficou esclarecida no sentido de 
que a penalização dos réus não surte muitos efeitos na prevenção de novos crimes. Ainda 
que existam diferentes responsabilizações vinculadas ao crime de stalking, bem como a 
decretação de prisões preventivas em alguns casos, estas não são capazes de inibir 
totalmente o crime, tendo em vista que os dados e pesquisas nos mostrar um aumento de 
casos. Ainda neste sentido, o crime de stalking vinculado à violência doméstica é ainda 
mais perigoso e mais atual em nossa sociedade, bem como os casos de reincidências deste 
crime nos mostram que as penalizações penais e cíveis não estão surtindo seus efeitos 
legais. 
 Quanto a responsabilização cível, existe a previsibilidade de indenização moral e 
material em favor das vítimas, porém não foi encontrado decisões que demonstrassem 
como se dá a fixação desta. Sendo assim, a indenização moral deverá seguir os ditames 
da lei civil e processual civil. 
 
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Curso de Psicologia. Rio Grande do Sul. Março de 2018. Disponível em: 
https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/238561/001067615.pdf?sequence=1&isAll
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https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm. Acesso em: 
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BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário 
Oficial da União: Brasília, DF, 10 jan. 2002. Disponível em: 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em: 21 
nov. 2022. 
 
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça (5º Turma). AgRg no HABEAS CORPUS Nº 
769685 - RJ (2022/0285267-8). Agravo regimental. Habeas corpus substitutivo de 
recurso próprio. Não cabimento. Stalking. Violência doméstica e familiar contra a 
mulher. Segregação cautelar devidamente fundamentada na garantia da ordem pública. 
Modus operandi. Inviabilidade de análise de possível pena a ser aplicada. Condições 
pessoais favoráveis. Irrelevância. Medidas cautelares alternativas. Não cabimento. 
Inexistência de novos argumentos aptos a desconstituir a decisão impugnada. Agravo 
regimental desprovido. Recorrente: Luis Carlos Rebelo Goncalves. Recorrido: 
Ministério Público Federal. Relator: Min. Jesuíno Rissato, 18 out. 2022. Disponível em: 
https://scon.stj.jus.br/SCON/GetInteiroTeorDoAcordao?num_registro=202202852678&
dt_publicacao=28/10/2022. Acesso em 21 nov. 2022. 
 
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. RECURSO ESPECIAL Nº 1999865 - SP 
(2022/0127207-3). Apelação da defesa - violência doméstica - contravenção penal de 
perturbação da tranqüilidade _ preliminar de 'abolitio criminis'- rejeição - a lei n. 
14.132/2021. Que revogou o artigo 65 da lei de contravenção penal, não descriminou a 
conduta praticada pelo acusado, que permanece proibida, porém, agora por força do 
artigo 147-a ao código penal, acrescentado pela mesma lei - aplicação do princípio da 
continuidade normativo-típica - nova legislação mais prejudicial ao réu. Devendo ser 
aplicada a norma anterior, pela ultratividade da norma penal mais benéfica - preliminar 
rejeitada - mérito - acusado condenado por perseguir insistentemente a sua ex- 
companheira - consistentes depoimentos da ofendida e das testemunhas - justificativa do 
acusado não acolhida - condenação mantida - pena fixada com moderação - rejeitada a 
preliminar, recurso desprovido. Recorrente: Divino Omar Santana. Recorrido: Tribunal 
17 
de Justiça do Estado de São Paulo. Relator: Min. Ribeiro Dantas, 15 jun. 2022. 
Disponível 
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BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 
2173294 - RS (2022/0224639-6). AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 2173294 - 
RS (2022/0224639-6) DECISÃO Trata-se de agravo contradecisão que, com 
fundamento nas Súmulas 282, 356/STF e 83/STJ, inadmitiu o recuso especial. Alega o 
agravante que a matéria discutida encontra-se devidamente prequestionada e que as 
teses recursais encontram respaldo na jurisprudência do STJ, requerendo o julgamento 
do recurso especial. Oferecida contraminuta, o Ministério Público Federal manifestou-
se pelo não conhecimento do agravo, ou, se conhecido, pelo seu não provimento, 
mantida a inadmissão do recurso especial. O agravo é tempestivo e ataca os 
fundamentos da decisão agrava, devendo ser conhecido, e comporta parcial provimento. 
Recorrido: Ministério Público Federal. Relator: Min. Olindo Menezes, 10 out. 2022. 
Disponível em: 
https://scon.stj.jus.br/SCON/SearchBRS?b=DTXT&livre=%28%28+%282173294%29..
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https://direitom1universo.files.wordpress.com/2016/06/manual-de-direito-penal-parte-geral-roge_rio-sanches-2015.pdf
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18 
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