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Seção 6 ESPELHO DE CORREÇÃO DIREITO CIVIL 2 Conforme exposto anteriormente, foi prolatado acordão acolhendo os embargos de declaração opostos e desprovendo o recurso interposto, mantendo a sentença proferida pelo juízo a quo por seus próprios fundamentos. Do acordão consta que quanto ao alcance da curatela, não há óbice na determinação de que todos os atos da vida civil da interditanda sejam realizados por representante, até porque, sua condição, enquanto pródiga, não permite a prática de qualquer ato. Espera-se que o(a) aluno(a) interponha Recurso Especial, elaborando peça de interposição e razões recursais, conforme previsão do art. 1.029 e seguintes do Código de Processo Civil, fundamentando- o no art. 105, III, “a” da Constituição Federal. Quanto ao acordão atacado, o(a) aluno(a) deve se atentar a fundamentação apresentada, em especial no que concerne ao alcance da curatela, demonstrado que o acordão proferido viola expressamente o art. 1.782 do Código Civil ao não limitar o alcance da curatela aos atos que envolvam assuntos patrimoniais. É importante que seja demonstrado o teor do art. 1.782: Art. 1.782. A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração. E, consequentemente, a afronta à Lei Federal suscitada, demonstrado o trecho do acordão que viola o referido dispositivo: [...] Seção 6 DIREITO CIVIL Na prática! 3 Quanto ao alcance da curatela, não há óbice na determinação de que todos os atos da vida civil da interditanda sejam realizados por representante, até porque, sua condição, enquanto pródiga, não permite a prática de qualquer ato. Ante o exposto, pelo meu voto, entendo pelo ACOLHIMENTO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, alterando o acordão anteriormente prolatado e, quanto ao mérito da apelação proposta, voto pelo DESPROVIMENTO DO RECURSO, mantendo-se a sentença atacada por seus próprios fundamentos. Outro ponto relevante é a demonstração do posicionamento doutrinário a respeito do tema, Alvaro Villaça Azevedo, ao tratar do assunto é didático, senão vejamos: O pródigo, em regra, é relativamente incapaz, só sendo impedido de praticar atos de alienação de bens, sem a presença do curador, devidamente autorizado pelo juiz. Pessoalmente, pode ele viver normalmente, sem qualquer restrição, casando-se, exercendo profissão, sendo testemunha etc. Ele é interditado como relativamente incapaz. (Comentários ao Código Civil, coleção coordenada por Antônio Junqueira de Azevedo, 1ª ed., São Paulo, Editora Saraiva, 2003, vol. 19, p. 436) Com isso, deve ser interposto o Recurso Especial demonstrando a existência de afronta a lei federal, aproveitando o ensejo para reforçar que Myrcella esta em pleno gozo de suas faculdades mentais, mas, principalmente, demonstrando que a curatela decretada afronta o art.1.782 do Código Civil ao determinar que a interditanda deve ser representada em todos os atos da vida civil, requerendo-se, por fim, o conhecimento e provimento do recurso, reformando a decisão prolatada pelo juízo a quo, julgando improcedente o pedido deduzido na exordial. É importante que seja demonstrado que não se pretende o reexame do contexto fático probatório, mas sim, o reconhecimento da divergência jurisprudencial, não incorrendo, portanto, na vedação imposta pela Súmula nº 7 do Superior Tribunal de Justiça. 4 EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) DESEMBARGADOR(A) PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA. Processo de Origem: … MYRCELLA LANNISTER, já qualificada nos autos em epigrafe, por seu advogado in fine assinado, vêm a presença de Vossa Excelência, não se conformando com o venerando acordão proferido, com fulcro no artigo 105, III, “A” da Constituição Federal e artigo 1.029 do Código de Processo Civil, interpor RECURSO ESPECIAL Em face de acórdão proferido por este competente Tribunal, que manteve decisão de primeiro grau, nos autos da ação que lhe move JOFFREY LANNISTER e TOMMEM LANNISTER, pelos motivos de fato e de direito que serão logo aduzidos. Requer desde já seja o presente recurso recebido e processado para, após ouvido o recorrido, seja remetido ao Egrégio Superior Tribunal de Justiça e ao final, ser provido em sua totalidade. Informa ainda o preparo das custas, bem como do porte de remessa, conforme comprovante anexo. Nestes Termos, P. Deferimento Bahia, data, nome, assinatura, advogado e OAB. Questão de ordem! 5 EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) MINISTRO(A) PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - STJ Processo nº ... Recorrente: Myrcella Lannister Recorrido: Joffrey Lannister e Tommen Lannister I - DO CABIMENTO Da análise dos autos restaram as seguintes conclusões: O acórdão recorrido foi julgado pelo Tribunal de Justiça do Estado do Bahia; e O acórdão caminhou, data vênia, em sentido contrário a Lei Federal e jurisprudência já consagrada pelos Tribunais, mais especificamente ao não delimitar o alcance da curatela, no caso de interdição do pródigo, aos atos patrimoniais. Isto posto, à luz do artigo 105, III, alínea “a”, da CF e, também, artigo 1.029, II, do novo CPC, é cabível o presente Recurso Especial para alcançar o fim desejado, qual seja: a reforma do acórdão prolatado. II - DA TEMPESTIVIDADE Nos termos do artigo 1.003, §5º do Código de Processo Civil, o prazo para interpor o presente recurso é de 15 dias. Desta forma, considerando que a decisão fora publicada no diário oficial no dia ... de ... de ..., reconhecidamente o recurso é tempestivo e merece acolhimento. III - DO PREPARO Cumprindo mais uma exigência para o recebimento do presente recurso, as custas referentes ao preparo já foram recolhidas, conforme comprovante em anexo. IV - DO PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA Exige-se, para acolhimento de Recurso Especial, que a matéria tenha sido prequestionada. Este requisito foi cumprido, posto que o prequestionamento foi realizado por meio dos Embargos opostos 6 às fls. ..., tendo sido apreciado pelo Tribunal a quo, o qual se manifestou sobre a matéria mantendo a clara afronta à Lei Federal. E não se trata de reexame da matéria, obedecendo o disposto na Súmula 07 do Superior Tribunal de Justiça, a saber: “A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial”. V – DA SÍNTESE FÁTICA Os recorridos propuseram Ação de interdição em face da recorrente, visando obter o decreto de interdição para, desta forma, administrar seu patrimônio, sob a alegação de que a recorrente está internada em uma clínica de recuperação desde o ano de 2004, devido a supostos problemas psiquiátricos, vício em substâncias tóxicas e um histórico recorrente de prodigalidade, com episódios onde, supostamente, gastou fortunas em uma única noite com drogas. Ocorre que, em sede de contestação, a ora recorrente apontou estar em pleno gozo de suas faculdades mentais, não fazer uso de drogas e muitos menos ter episódios de prodigalidade. O juízo a quo, em que pese o costumeiro acerto, entendeu por bem julgar procedente a pretensão dos autores, fulcro no art. 1.767, V do Código Civil, sob o fundamento de que a recorrente seria pródiga, decretando, assim, sua interdição, sem, no entanto, limitar o alcance da curatela aos atos patrimoniais. Do acordão proferido constaram contrariedades e omissões, tendo sido interpostos embargos de declaração, os quais foram acolhidos, porém, quanto ao mérito do recurso, foi este desprovido, mantendo-se a afronta ao art. 1.782 do Código Civil, razão pela qual, interpõe-se o presente Recurso Especial, com intuito dar cumprimento à legislação federal.VI – DA NÃO CONFIGURAÇÃO DA PRODIGALIDADE Ao tratarmos do pródigo, este pode ser definido como o sujeito que, compulsivamente, dilapida seu patrimônio, gastando de forma imoderada seu dinheiro e seus bens, comprometendo, de forma irreversível seu patrimônio, o autor Paulo Nader (2016, p.883) ao tratar do pródigo, é didático: A figura do pródigo se identifica com a pessoa perdulária, que dissipa o patrimônio, mediante gastos ou doações injustificáveis. A medida se justifica como proteção ao seu patrimônio e em atenção aos que dele dependem, bem como de seus virtuais herdeiros ou sucessores 7 Visando proteger o próprio pródigo e o patrimônio familiar, a legislação civil o considera relativamente incapaz, podendo ser interditado judicialmente, in verbis: Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela: [...] V - os pródigos. Conforme apontado em sua contestação, a recorrente reafirma que a situação apresentada não condiz com a realidade, posto que não tem nenhum episódio como o citado, há mais de 10 anos, sendo que os Tribunais vêm decidindo de maneira uniforme: DIREITO CIVIL - FAMÍLIA - INTERDIÇÃO - CURATELA - PRÓDIGO - IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO INICIAL - INCONFORMISMO - DILAPIDAÇÃO DO PATRIMÔNIO - INACOLHIMENTO - GASTOS IMODERADOS E DILAPIDAÇÃO PATRIMONIAL INCOMPROVADOS - RÉU PLENAMENTE CAPAZ DE ADMINISTRAR SUA PESSOA E BENS - PROTEÇÃO DO DIREITO À HERANÇA - IMPOSSIBILIDADE - SENTENÇA MANTIDA - PROVIMENTO NEGADO. A interdição em razão de prodigalidade exige prova de que o interditando, por distúrbio psíquico ou prática costumeira, não possua condições de conter o impulso de gastar imoderadamente ou dissipar o seu patrimônio. O instituto da interdição destina-se à proteção dos incapazes de gerir sua pessoa e/ou bens, não servindo para restringir os atos de disponibilidade patrimonial praticados por pessoa dotada de plena capacidade civil, a pretexto de assegurar eventual direito sucessório. (TJ-SC - AC: 20140099048 Capital 2014.009904-8, Relator: Monteiro Rocha, Data de Julgamento: 10/04/2014, Segunda Câmara de Direito Civil) Assim, em não havendo provas concretas da existência de quaisquer distúrbios psicológicos que levem a recorrente a gastar seu patrimônio de forma impulsiva, não há que se falar em prodigalidade e, por obvio, muito menos em sua interdição, sendo a reversão do decisium, medida que se impõe. VI – DA AFRONTA À LEI FEDERAL O acordão atacado foi claro ao manter a sentença que nomeou Joffrey Lannister como curador da recorrente, a quem caberá representá-la em todos os atos da vida civil enquanto não cessar a causa determinante da interdição decretada. E que pese o inconformismo já apresentado, caso persista a necessidade de interdição, impõe apontar que, sob à ótica legal, a sentença proferida não está em consonância com a normativa vigente, até porque que, nos termos do art. 1.782 do Código Civil, apenas os atos que envolvam caráter patrimonial devem ter acompanhamento de curador, ipsis litteris: 8 Art. 1.782. A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração. Desta forma, a reforma do acordão prolatado é necessária, a fim de ser posto em consonância com a legislação vigente, determinando, desta forma, que a representação por curador seja exclusiva aos atos patrimoniais, não alcançando, assim, os demais atos da vida civil da recorrente. Assim, a decisão exarada no Acordão proferido pelo Egrégio Tribunal de Justiça, em que pese o costumeiro acerto, se equivoca ao afrontar expressamente o texto legal, principalmente ao afirmar que “Quanto ao alcance da curatela, não há óbice na determinação de que todos os atos da vida civil da interditanda sejam realizados por representante, até porque, sua condição, enquanto pródiga, não permite a prática de qualquer ato”. Ora Excelência, conforme se depreende de todo o exposto, tanto a legislação quanto os posicionamentos doutrinários são cristalinos, Alvaro Villaça Azevedo, ao tratar do assunto é didático, senão vejamos: O pródigo, em regra, é relativamente incapaz, só sendo impedido de praticar atos de alienação de bens, sem a presença do curador, devidamente autorizado pelo juiz. Pessoalmente, pode ele viver normalmente, sem qualquer restrição, casando-se, exercendo profissão, sendo testemunha etc. Ele é interditado como relativamente incapaz. (Comentários ao Código Civil, coleção coordenada por Antônio Junqueira de Azevedo, 1ª ed., São Paulo, Editora Saraiva, 2003, vol. 19, p. 436) A jurisprudência exige a demonstração clara do disposto de lei federal afrontado, o que foi cumprido de forma clara no presente recurso, sendo a reforma do acordão prolatado medida da mais lídima justiça. IV - DOS PEDIDOS Postas e colocadas tais considerações, crédulo no aguçado discernimento e senso se justiça de Vossa Excelência, o recorrente requer o recebimento do presente recurso e após intimada a parte contraria para, em querendo, apresentar resposta no prazo da Lei, sendo posteriormente provida a reforma do v. acordão e consequentemente da sentença proferida em primeiro grau pelos fundamentos aqui expostos. Nestes termos, Pede Deferimento Bahia, data, nome, assinatura, advogado e OAB. 9 1. O Recurso Especial e o Recurso Extraordinário, quanto ao juízo de admissibilidade, devem preencher os mesmos requisitos dos demais recursos? 2. Conceitue o instituto da Repercussão Geral. 3. Quem é competente para realizar o juízo de admissibilidade nos Recursos Especiais e Extraordinários? 4. Na hipótese de interposição conjunta de Recurso Especial e Recurso Extraordinário, qual a ordem de julgamento dos mesmos? 5. A quem deve ser dirigido o pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso especial? Resolução comentada
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