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Patologias do trato genital Inferior Doenças benignas do colo do útero . CONDILOMA -Uma das formas de manifestação da infecção pelo HPV (HPV 6 e 11) -Podem ocorrer em qualquer parte do epitélio cervical, vaginal ou vulvar. -A maioria das lesões condilomatosas na localização do colo uterino se manifesta sobressaindo a coloração esbranquiçada com a aplicação do ácido acético na concentração de 3% a 5%. -O período de incubação varia de 3 semanas a 8 meses e ocorre particularmente em pacientes jovens. -A transmissão ocorre pelo contato sexual e as verrugas podem durar anos ou regredir espontaneamente após algum tempo. Sendo classi�cados em acuminado, plano e atípico. -Após a aplicação do ácido acético, os condilomas acuminados se tornam aceto-brancos e seus vasos capilares menos proeminentes. Coram-se irregularmente ao teste de Schi�er, o que con�rma o seu aspecto benigno. O diagnóstico é geralmente feito pela inspeção, sendo a biópsia necessária se houver dúvida quanto à presença de atipia, o que pode trazer di�culdade diagnóstica, sobretudo na localização do colo uterino. - Embora a remissão espontânea seja frequente após algum tempo, o tratamento geralmente se faz necessário para reduzir a transmissão da doença e, quando localizado externamente, para conforto, devido à ansiedade da paciente. - Atualmente, um dos tratamentos com melhores resultados é o uso do imiquimode, um imunomodulador que propicia o reconhecimento do HPV pelo sistema imune, auxiliando no desenvolvimento de uma memória imunológica. PÓLIPOS CERVICAIS Lesões polipóides são de�nidas como protusões de epitélio e estroma subjacente e são classi�cadas em ecto e endocervical, conforme o revestimento epitelial. -Podem ser únicos ou múltiplos, de base estreita (pediculados) ou de base ampla (sésseis). 🩺 Gabrielle Palmanhani - 5 ano -Ginecologia 1 - Ocorrem com maior frequência durante a idade reprodutiva, especialmente após os 40 anos. -frequentemente assintomáticos, eventualmente podendo haver queixas de sangramento pós-coital, intermenstrual e pós-menopausa. -Os pólipos endocervicais são os mais comuns, podendo ou não ocorrer processos metaplásicos na superfície, podendo ser total ou parcialmente epitelizado e, portanto, está sujeito a infecção pelo HPV. Os pólipos ectocervicais são menos frequentes e localizam-se totalmente na ectocérvice. Em geral, originam-se de processos cicatriciais. -A retirada está indicada em lesões volumosas (acima de 3 cm) ou sintomáticas. - Após a retirada, sua base deve ser curetada e a posterior cauterização pode reduzir a chance de recorrência Doenças benignas da vulva . TUMORES BENIGNOS Os tumores benignos da vulva são classi�cados de acordo com o tecido de origem – epitelial, dérmicos, melanocíticos, vascular, tecido subcutâneo e tecido muscular. Dentre os de origem epitelial, destacam-se a queratose seborreica e o cisto epidérmico. - A queratose seborreica é bem mais frequente em áreas de pele não genital, caracteriza-se por lesão verrucosa, levemente sobrelevada. Não é necessário seu tratamento, pois é uma lesão assintomática e sem potencial de malignização. -O cisto epidérmico ocorre com maior frequência nos grandes lábios, podendo ser único ou múltiplo, caracterizado pelo aspecto de pequenos nódulos hipocrômicos, móveis, contendo material queratinoso no interior. O tratamento não é necessário, visto que são assintomáticos, mas a excisão pode ser realizada por motivos estéticos. 2 O cisto de Bartholin ocorre em 2% de novas pacientes ginecológicas e é o mais prevalente. Forma-se pela oclusão do ducto da glândula e acúmulo de muco, decorrente de processo infeccioso prévio. Corrimento vaginal . Abordagem do corrimento vaginal Toda paciente que procure auxílio médico com queixa de corrimento vaginal deverá passar pelas etapas relacionadas a seguir 1. Anamnese direcionada investigar sobre quantidade, coloração, odor ou prurido associados. É relevante ainda questionar sobre o tempo de duração das citadas queixas, além de associá-las ao período menstrual 2. Exame ginecológico especí�co No exame da genitália externa, investiga-se a presença de edema, eritema e/ou outros sinais �ogísticos. Ao exame especular dos genitais internos, observam-se as paredes vaginais quanto ao seu tro�smo ou sinais in�amatórios, examinando-se também os fundos de saco e sua coloração, e as características das secreções. Quando presentes, veri�car quantidade, cor, odor, �uidez e presença de bolhas O exame do colo é essencial, pois a queixa de corrimento pode advir da presença de uma área extensa de ectopia, lembrando que o epitélio endocervical é secretor e produz muco com aspecto hialino �siológico que, em determinadas situações, pode ser confundido com corrimento infeccioso pelas pacientes. Exames que podem ser realizados na ocasião da consulta Determinação do pH vaginal baseia-se na modi�cação da cor do papel colorimétrico com indicativos de faixas de diferentes valores de pH. -Coloca-se a �ta em contato com a parede vaginal lateral, evitando o conteúdo do fundo de saco vaginal ou o colo uterino. O pH entre 3,5 a 4,5 é considerado normal -Quando os valores ultrapassam 4,5, isso sugere alteração da �ora vaginal (�ora tipo 3) em situações como tricomoníase, vaginose bacteriana ou vaginite aeróbia Testes das aminas Realiza-se da seguinte forma: coloca-se 1 a 2 gotas de KOH a 10% em superfície (espátula ou lâmina) com conteúdo vaginal, e sente-se o odor de aminas quando a paciente apresenta alterações que levam a aumento da �ora vaginal anaeróbia (vaginose bacteriana, tricomoníase vaginal, vaginite aeróbica decorrente de microtraumatismos ou ulcerações). 3 Exame bacterioscópico Orienta-se a coleta do conteúdo da parede vaginal usando-se espátula de madeira ou swab de Dacron. O material deverá ser disposto em três lâminas de vidro em forma de esfregaço �no. A primeira lâmina deverá ser deixada secar para ser corada pelo Gram; na segunda, coloca-se uma gota de soro �siológico a 0,9%; na terceira, uma gota de KOH a 10%. VULVOVAGINITES Vulvovaginites infecciosas ● Vaginose bacteriana A vaginose bacteriana (VB) é uma síndrome polimicrobiana caracterizada pelo aumento maciço de germes anaeróbios, particularmente a Gardnere�a vaginalis e espécies de Mobiluncus e Bacteroides em substituição dos Lactobaci�us produtores de peróxido de hidrogênio. -A queixa mais frequentemente encontrada na VB é a de odor desagradável, que piora após o coito e no período perimenstrual, pois a alcalinização da vagina pelo esperma ou sangue menstrual reage com substâncias produzidas pelos anaeróbios liberando aminas voláteis - O corrimento vaginal, no entanto, costuma ser discreto, homogêneo e escasso Os critérios mais conhecidos e divulgados são os de Amsel e os de Nugent. Critérios de Amsel Considerar pelo menos três dos relacionados a seguir: •Corrimento vaginal branco-acinzentado. •pH . 4,5. •Teste de aminas (Whi�) positivo (desprendimento de aminas aromáticas com odor semelhante a “peixe podre” ao se adicionar duas gotas de KOH a 10% ao conteúdo vaginal). •Presença ao exame bacterioscópico de clue ce�s (células epiteliais super�ciais recobertas por cocobacilos Gram lábeis) Critérios de Nugent Os critérios de Nugent são um sistema de escore para o diagnóstico de VB com coloração pelo Gram que quanti�ca os elementos microbiológicos tornando-se mais objetivos. -Os escores representam: como padrão de normalidade, escores variando de 0 a 3; �ora vaginal inde�nida, escore de 4 a 6; e o diagnóstico de vaginose bacteriana, escore de 7 a 10 Exame bacterioscópico Na VB, são encontradas células-guia (clue ce�s – células epiteliais recobertas por Gardnere�a vaginalis, dando aspecto de “rendilhado”) e comma ce�s (Mobi�uncus sp. recobrindo as 4 células epiteliais) são achados sugestivos dessa infecção. O exame bacterioscópico é considerado o padrão para o diagnóstico etiológico das vulvovaginites infecciosasTratamento Os derivados imidazólicos ainda se constituem na primeira opção terapêutica. -O metronidazol é um antibiótico e antiparasitário de primeira linha da família dos nitroimidazólicos que erradica praticamente todos os anaeróbios. -A dose recomendada para a vaginose bacteriana é de 400 mg, de 12 em 12 horas, durante 7 dias, ou 2 g em dose única, de mais fácil adesão; ● Candidíase vaginal Processo descamativo e transudativo, que acomete o epitélio vulvovaginal causado pela presença de fungos, associado invariavelmente a quadro in�amatório local de maior ou menor intensidade. Diagnóstico Queixa do corrimento branco leitoso, em quantidade variável, inicia seus sintomas na fase que antecede o período menstrual. Sem dúvida alguma, o prurido e, eventualmente, a queimação nos genitais são as principais reclamações das mulheres O exame ginecológico pode demonstrar uma vulvite importante, muitas vezes com hiperemia, edema, escoriação e �ssuras. -. O �uxo vaginal, quando típico, mostrará um conteúdo pastoso, �ocular, branco-esverdeado, aderente à mucosa, assemelhando-se a “leite coalhado” ou “ricota” -O exame de medida de pH vaginal, quase sempre abaixo de 4,5, e o teste de Whi� negativo ajudarão a afastar a presença da vaginose bacteriana. -Os exames microbiológicos de observação direta por meio de microscopia óptica são muito simples de serem feitos e decisivos para a con�rmação diagnóstica. Classi�cação A candidíase simples ocorre em mulheres sadias envolvendo sintomas esporádicos e infrequentes. Esses casos ocorrem no máximo uma vez ao ano e respondem muito bem à terapia antifúngica convencional. São causadas, na maior parte das vezes, pela Candida albicans, única e exclusivamente. As candidíases complicadas são aquelas que podem ter sinais e sintomas muito graves, recorrência igual ou superior a três episódios por ano, exame bacterioscópico (KOH) apenas 5 com blastósporos e sem a presença de hifas havendo preferência por tratamentos mais prolongados com antifúngicos de qualidade superior usados por via sistêmica, e a ajuda de medicação coadjuvante em muitos casos. Tratamento Forma simples •Tratamento tópico (vaginal): terconazol a 0,8% por 5 dias ou miconazol a 2% por 10 dias, ou outro imidazólico tópico. •Tratamento sistêmico: �uconazol, 150 mg em dose única VO ou itraconazol 200 mg VO, de 12 em 12 horas, por 1 dia. •Seguimento: 7 e 30 dias. Forma complicada •Tratar preferencialmente por via oral. •Fase aguda: �uconazol 150 mg, 1 vez ao dia, ou itraconazol 200 mg, de 12 em 12 horas, durante 1 dia. Repetir o tratamento após 5 a 7 dias. ● Tricomoníase vaginal A tricomoníase é a doença sexualmente transmissível curável de etiologia não viral -Em gestantes, predispõe à ruptura prematura de membranas, trabalho de parto prematuro e ao nascimento de bebês de baixo peso. Manifestações clínicas pode variar de quadros praticamente assintomáticos (cerca de um terço) a vulvites exuberantes acompanhadas de corrimento profuso. Esses sintomas são cíclicos e se acentuam durante o período menstrual. No exame ginecológico, observam-se sinais de irritação vulvar com edema, hiperemia, calor local, com ou sem escoriações e/ou erosões. As paredes vaginais e a ectocérvice uterina apresentam-se avermelhadas com pontilhados hemorrágicos. Essas alterações em colo uterino são denominadas colpite em framboesa -Nas infecções crônicas, os sintomas predominantes são o prurido e a dispareunia, onde esses indivíduos têm mais chance de transmitir o parasita. Diagnóstico Os sintomas sozinhos ou em conjunto com os aspectos clínicos não são su�cientes para a instituição de tratamentos medicamentosos, sendo necessário con�rmar a presença do parasita, o que geralmente é feito por meio do exame a fresco do conteúdo vaginal - Para a realização do exame a fresco, coleta-se uma amostra do conteúdo vaginal, colocando-o em lâmina de vidro juntamente com uma gota de solução salina, o que possibilita a visualização desses microrganismos que geralmente estão em movimen to sob visão 6 microscópica. A leitura deve ser feita imediatamente após a coleta do material vaginal. Tratamento Atualmente, o tratamento padrão para tricomoníase é o metronidazol, 250 mg VO, 3 vezes ao dia durante 7 dias, ou 2 g em dose única. O parceiro da paciente, mesmo que assintomático, deve ser tratado para prevenir a reinfecção. ● Vaginite aeróbia A vaginite aeróbia (VA) é uma alteração na �ora vaginal que difere de vaginose bacteriana (VB). A VA é caracterizada por uma micro�ora vaginal anormal; no entanto, é acompanhada de reação in�amatória e resposta imune local, em oposição à VB. Está associada a microrganismos aeróbios, Streptococcus agalactiae e Escherichia coli. Determina resposta imune no hospedeiro com acentuada produção de citocinas pró-in�amatórias no �uido vaginal, o que a diferencia da vaginose bacteriana. Pode estar mais relacionada com complicações na gravidez (corioamnionite, ruptura prematura de membranas e parto pré-termo) Os principais sinais clínicos são: processo in�amatório com corrimento amarelado e dispareunia. Os principais critérios microscópicos de diagnóstico são: grau de lactobacilidade, número de leucócitos, proporção de leucócitos tóxicos - atividade lisossomal, �ora de fundo e proporção de células basais. Tratamento •Clindamicina: 300 mg, VO, de 12 em 12 horas, ou vaginal (creme 2%), 1 vez à noite, por 5 a 7 dias. •Metronidazol: 500 mg, de 12 em 12 horas, ou vaginal (creme 0,75%), por 5 a 7 dias. •Floxacin: 400 mg, de 12 em 12 horas, por 6 dias. •Amoxicilina: 500 mg, de 8 em 8 horas, por 6 dias. CERVICITES In�amaçãoda mucosa endocervical (epitélio colunar do colo uterino). Principais agentes etiológicos •Chlamydia trachomatis. •Neisseria gonorrhoeae. •Outros agentes: Mycoplasma hominis, Urea plasma urealiticum Chlamydia trachomatis Manifestações clínicas 7 •Em sua maioria, as cervicites por Chlamyidia são assintomáticas. Quando tem quadro clínico, se apresenta como: colo edemaciado (volume aumentado), hiperemiado, mucorreia (eventualmente purulenta), friável (sangra fácil ao toque). •Dor no ato sexual e à mobilização do colo uterino ao exame ginecológico. Diagnóstico laboratorial •Imuno�uorescência direta – a coleta deve ser realizada com swab endocervical e/ou uretral. Sua sensibilidade e especi�cidade dependem diretamente da forma de coleta. •Biologia molecular (captura híbrida e PCR [polimerase chain reaction]) – apresenta alta sensibilidade e especi�cidade Tratamento •Recomendação CDC (2006): Azitromicina 1 g, via oral (dose única) ou Doxiciclina 100 mg, 2x/dia, por 7 dias. Em mulheres com sintomatologia persistentes e com colo �brosado, a ablação parcial pode ser considerada. •Tratamento do parceiro sexual: Recomenda-se tratar o(s) contactante(s) sexual(is). Tratamento das gestantes •Azitromicina, 1g VO, em dose única ou •Eritromicina, 500 mg VO, de 6 em 6 horas, por 7 dias, ou a cada 12 horas, por 14 dias. • Neisseria gonorrhoeae Manifestações clínicas A maioria dos casos das cervicites é assintomática, sendo descobertos apenas durante a investigação diagnóstica. Por isso, é importante investigar cervicites especialmente nas mulheres que procuram assistência médica por outros motivos. Quando sintomática, a cervicite por Ng é muito mais exuberante, causando processo in�amatório intenso Sinais mais importantes 1. Exsudato purulento ou mucopurulenta endocervical visível no canal endocervical ou em uma amostra de swab endocervical 8 2. Sangramento endocervical facilmente induzido pela passagem suave de um cotonete ou escovinha através do orifício endocervical. Diagnóstico laboratorial •Bacterioscopia de secreção endocervical: swab endocervical disposto em esfregaço corado pelo Gram. Tratamento •Azitromicina uma grama VO, dose única; mais O�oxacina 400 mg, VO, dose única. •Doxiciclina solúvel 100 mg,VO, de 12 em 12 horas, durante 7 dias; mais Tianfenicol 500 mg, VO, de 12 em 12 horas, por 7 dias. Tratamento das gestantes •Estearato de eritromicina 500 mg, VO, de 6 em 6 horas, por 10 dias. •Ampicilina 3,5 g, em dose única, VO, precedido de Probenecide, 1 g em dose única. Recomendações �nais Tratar os parceiros sexuais: Azitromicina, 2 comprimidos de 500 mg, VO, em dose única, mais O�ocaxina 400 mg, VO, em dose única. As cervicites aumentam o risco de transmissão e aquisição do HIV. Micoplasmose genital Estão claramente relacionados com a atividade sexual e os hormônios sexuais. Características clínicas e diagnósticas •Reação in�amatória imprevisível, desde mínimas manifestações. •Disúria. •Polaciúria. •Dispareunia. •Corrimento vaginal incaracterístico. •Infecção urinária e genital. Diagnóstico laboratorial •Exame bacterioscópico citológico (método de Leishman), que é direcionado às células cervicais e vaginais. •Cultura é bastante factível, apesar de trabalhosa. •Biologia molecular (PCR). Tratamento Tetraciclinas, macrolídios e quinolonas. Opções terapêuticas (usar apenas uma das opções): 1. Doxiciclina: 100 mg – 2x/dia, por 7 dias. 2. Tetraciclina: 500 mg – 4x/dia, por 7 dias. 3. Azitromincina: 1.000 mg (dose única), ou 500 mg/dia por 5 dias. 9 HPV e Condiloma Genital . PAPILOMAVÍRUS HUMANO (HPV) O HPV está envolvido no desenvolvimento do câncer do colo do útero em cerca de até 99,7% dos casos. Com relação à transmissão do vírus, é preferencialmente por meio do contato com alguém que tenha a infecção,(é essencialmente por contato sexual). Apesar de a infecção pelo HPV ser essencial para o desenvolvimento do câncer invasivo, ela não é causa su�ciente, são necessários outros fatores associados. Os HPV que infectam a região anogenital foram agrupados de acordo com seu potencial oncogênico, em baixo e alto risco oncogênico. -Os HPV genitais podem infectar o epitélio escamoso do colo do útero, da vagina, da vulva, do pênis e da região perianal e induzir ao aparecimento de verrugas genitais, lesões intraepiteliais escamosas e ao câncer. -No entanto, para se estabelecer na epider me, o HPV necessita infectar células metabolicamente ativas, como as células da camada basal do epitélio .Os microtraumatismos do epitélio que ocorrem na relação sexual possibilitam a entrada de vírions e que estes se instalem nas células da camada basal, onde ocorre o primeiro efeito citopatogênico. O período de incubação do HPV para condiloma acuminado em geral é de 2 a 3 meses. CONDILOMA GENITAL O condiloma genital ou verruga genital é uma doença sexualmente transmissível (DST) causada pelo papilomavírus humano (HPV), que envolve tanto homens como mulheres. -Os subtipos de HPV responsáveis pela formação de verrugas genitais são, em 90% dos casos, o HPV 6 e o HPV 11. DIAGNÓSTICO Os condilomas são geralmente assintomáticos, mas podem se manifestar de forma atípica, dependendo do tamanho e da localização, com irritação, prurido, leucorreia ou sangramento pós-coital. O exame clínico é su�ciente para se diagnosticar condilomas anogenitais típicos -Na mulher, deve-se realizar o exame especular e a colpocitologia sistemática. No caso de alteração citológica, está indicada a colposcopia, e a anuscopia na presença de condiloma perianal. 10 -É importante também investigar outras doenças sexualmente transmissíveis, tais como HIV, sí�lis e clamídia. O estudo histopatológico de verrugas genitais deve ser feito quando há dúvida do diagnóstico clínico da lesão; quando a lesão não responde ao tratamento padrão; se a doença piorar com o tratamento; em paciente com imunidade comprometida ou nas verrugas pigmentadas, endurecidas, �xas, que sangram ou estão ulceradas. TRATAMENTO O objetivo do tratamento é atuar sobre as lesões detectáveis no sentido de estimular o sistema imunológico da paciente e prevenir a transmissão. Como não existe terapia antiviral especí�ca, os tratamentos disponíveis são para as condições causadas pelo HPV, e não contra o vírus propriamente dito. Os fatores que in�uenciam a seleção de um tratamento são: tamanho, morfologia e extensão da(s) verruga(s), preferência da paciente. Os métodos terapêuticos para as pacientes com condilomatose são: •Tratamento químico: •Ácido tricloroacético: é usado na concentração de 80% a 90%, em pele e mucosa e deve ser aplicado pelo médico. Realiza-se uma a duas aplicações por semana e se faz o acompanhamento do processo de reparação das lesões. A média é de três a quatro aplicações. Pode ser usado com segurança em gestantes, por não ser absorvido. •Podo�lotoxina: é um extrato de planta com atividade antimitótica, que inibe a metáfase da divisão celular. Existe apresentação em creme a 0,15% ou solução diluída a 0,5% que pode ser aplicado pela própria paciente. Seu uso está restrito a lesões verrucosas da pele (não deve ser usado em mucosa). Aplica-se duas vezes ao dia, por 3 dias, descansa-se 4 dias e pode ser repetido semanalmente até o desaparecimento das lesões, em um total de 4 semanas. Não deve ser usado em gestantes. Atualmente, existe a vacina pro�lática contra o HPV, Está indicada para prevenção da infecção primária e existem duas vacinas a quadrivalente (HPV 6, 11,16 e 18) e outra bivalente (HPV 16 e 18). A vacina está indicada em mulheres entre 9 a 26 anos de idade, que nunca entraram em contato com o HPV. Para a prevenção das verrugas genitais, a vacina quadrivalente é a 11 indicada por conter VLP dos vírus 6 e 11 mais comuns nos condilomas. Câncer do colo de útero . AVALIAÇÃO CITOLÓGICA O câncer invasivo do colo do útero pode ser detectado no exame colpocitológico de rastreamento. O aspecto do esfregaço varia na dependência de o tumor ser espinocelular não queratinizante, queratinizante ou adenocarcinoma. O subtipo espinocelular não queratinizante é o mais comum. Nele, as células podem se apresentar como agrupamentos sinciciais em que seus limites não são bem-de�nidos. Os nucléolos exibem a cromatina muito irregular, podendo ser vistos como macronucléolos. No tipo queratinizante, as células são pleomór�cas, algumas bizarras, e há intensa hipercromasia nuclear. No adenocarcinoma, as células atípicas se apresentam agrupadas. Os núcleos são vesiculosos e exibem pleomor�smo moderado. CLÍNICA Na doença inicial costuma não haver manifestações de sintomas e/ou sinais. Quando houver manifestação, a mais corriqueira é o sangramento anormal, via vaginal, referida como menstruações alteradas do tipo menorragia ou hipermenorreia, ou sangramento durante e/ou após relação sexual. -O sangramento pode ocorrer de forma discreta e se manifestar como corrimento aquoso, de cor rosa, tipo água de carne. -À medida que a doença evolui, a descarga vaginal estará presente e será acompanhada de odor putrefato, consequência de colonização bacteriana em tecido necrótico. EXAME FÍSICO A paciente deve ser avaliada quanto ao estado nutricional, sinais de anemia, palpação das cadeias linfonodais super�ciais – cervical, clavicular, axilar e inguinal, exame das extremidades, do tórax e do abdome. Exame ginecológico Exame especular No tumor visível devem ser observadas suas características, tamanho, área comprometida da superfície do colo e se há infecção, sangramentos e invasão da vagina. O câncer do colo do útero desenvolve e se apresenta sob três aspectos. O mais comum é o exofítico, que ocupa parte ou toda a ectocérvice. A lesão se apresenta como massa polipoide, friável, que sangra com facilidade. Quando o 12 tumor cresce dentro do canal cervical ele distende todo o colo do útero, dando-lhe a forma de barril. O segundo aspecto é a do tumor in�ltrativo, sem a massa exofítica, e é caracteristicamente bastante endurecido. A terceira forma de apresentação é o tumor ulcerado. O crescimento é erosivo e o colo está parcial ou totalmente destruído, formando uma cratera geralmente infectadae coberta com resíduo seropurulento. Exame de toque O exame de toque, para �ns de avaliação oncológica, visa à avaliação do tumor e busca informações sobre a ocorrência de in�ltração local. Por isso, além do toque vaginal, é feito também o toque retal. O objetivo é a melhor avaliação de comprometimento dos paramétrios. Quando comprometidos, os paramétrios �cam endurecidos e encurtam, o que é traduzido pela menor mobilidade uterina. Também podem ser percebidos nódulos, que é um sinal altamente suspeito de haver invasão tumoral. PATOLOGIA O tipo histológico mais comum do câncer do colo do útero é o carcinoma de células escamosas, que corresponde entre 85% a 90% dos casos. A seguir, está o adenocarcinoma correspondendo a 15% dos casos. Propagação e disseminação A propagação do câncer do colo do útero se dá por continuidade e contiguidade com consequente comprometimento locorregional. Inicialmente, o crescimento local altera a morfologia e a aparência do colo do útero. Ao mesmo tempo, ou na sequência, haverá o comprometimento dos tecidos adjacentes – paramétrios e vagina superior. Na propagação, as células tumorais têm acesso às vias de drenagem linfática do colo do útero, o que torna possível a metástase à distância. ESTADIAMENTO As neoplasias malignas do colo do útero são estadiadas em avaliações clínicas. A FIGO considera cistoscopia, retossigmoidoscopia e urogra�a excretora como exames auxiliares do exame clínico. A ressonância nuclear magnética (RNM) tem grande utilidade na avaliação locorregional do tumor, tendo valor preditivo negativo quanto ao comprometimento das paredes da bexiga e do reto. Na possibilidade da sua realização poderá ser dispensada a avaliação desses órgãos com os métodos invasivos: cistoscopia e retossigmoidoscopia. 13 TRATAMENTO Tratamento cirúrgico A indicação da cirurgia como modalidade de abordagem primária é aplicada para os estágios iniciais do câncer do colo do útero Estágio clínico I Como a neoplasia é microscópica, o diagnóstico só será possível se toda a lesão for estudada. - Estágio Ia1 Estágio Ia1 | Adenocarcinoma do colo do útero Não havendo desejo de gestação, a histerectomia simples extrafascial é o tratamento adequado. A conização realizada com bisturi frio, ou com aparelho de alta frequência (CAF) ou com laser para o tratamento, é considerada su�ciente para pacientes com desejo de manter futuro reprodutivo, desde que as margens da peça operatória não estejam comprometidas. Estágio Ia2 Em torno da metade dos casos ocorre invasão do espaço linfovascular (IELV). Em decorrência disso, a cirurgia tipo B ou classe II com linfadenectomia pélvica é indicada neste estágio. Nos casos de menor risco, como a não invasão do espaço linfovascular, a histerectomia simples, tipo A ou classe I, associada à linfadenectomia pélvica pode ser considerada como opção terapêutica. Para pacientes com desejo de manter a capacidade reprodutiva existem alternativas como a traquelectomia radical e a conização ampliada com linfadenectomia pélvica. Caso haja contraindicação para cirurgia, a alternativa é a braquiterapia, associada ou não à radioterapia externa. Estágios Ib1 e IIa1 O agrupamento desses dois estágios para �ns de estabelecimento de conduta se deve ao fato de o tamanho do tumor ser menor que 4 cm no maior diâmetro, em ambos. A cirurgia é a histerectomia radical com linfadenectomia pélvica. Estágios avançados O tratamento do tumor avançado, que inclui os localmente avançados e os disseminados, é com irradiação. deve ser tratado com radioterapia associada à quimioterapia preferentemente com droga única. Radioterapia A complementação terapêutica com irradiação é indicada em pacientes que têm fatores de risco de recorrência da doença: tumor maior que 4 cm no maior diâmetro, invasão do espaço 14 linfovascular, invasão do paramétrio e constatação de comprometimento linfonodal. O sucesso da radioterapia depende de: a) a paciente estar em boas condições, b) os tecidos normais não neoplásicos, próximos da área que será irradiada, estarem em condições adequadas de recuperação e c) a sensibilidade das células tumorais ser maior que a das células normais dos tecidos adjacentes. SEGUIMENTO O tempo mínimo é de 5 anos. A maioria das recidivas – cerca de 90% dos casos – ocorre nos dois primeiros anos após o tratamento. Por isso, nesse período, o controle é mais rigoroso, com intervalo entre 3 e 4 meses. Após o segundo ano, os controles serão semestrais. Os exames sugeridos para acompanhamento são o clínico e ginecológico, associados à coleta colpocitológica. Os exames de imagem são individuali zados. No seguimento após o tratamento do estágio Ia, com sua subdivisão Ia1 e Ia2, nenhum outro exame tem indicação de rotina. Em estágio acima de Ia2, quando tratado por quimioirradiação, a RNM faz parte do seguimento. 15
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