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Vulvovaginites e cervicites

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Fonte: Dra. Virgínia, Rotinas em Ginecologia, Medcurso 2019 
 A vagina é um ecossistema dinâmico e complexo, 
sendo que o seu revestimento é composto por um 
epitélio escamoso sem queratina que, juntamente 
com a secreção, faz a primeira linha de defesa 
contra infecções. 
 A secreção vaginal fisiológica é branca, inodora e 
viscosa, com cerca de 200 tipos diferentes de 
bactérias e milhões de unidades bacterianas 
formadoras de unidades formadoras de colônias 
por grama de fluido vaginal. 
A flora bacteriana normal é composta principalmente 
por lactobacilos, mas outros agentes potencialmente 
patogênicos podem estar presentes, principalmente 
quando ocorre desequilíbrio na flora vaginal. 
 Os lactobacilos convertem glicogênio em ácido 
láctico, que auxilia na manutenção do pH vaginal 
normal, que varia entre 3,8 e 4,2. 
 A descamação do revestimento epitelial vaginal 
facilita a expulsão de microrganismos que tenham 
aderido à sua superfície. 
 A presença de toxinas liberadas por algumas 
bactérias facilita a persistência de um filme adesivo 
de microrganismos patogênicos, dificultando os 
mecanismos de defesa do epitélio vaginal. 
 O aspecto da secreção pode variar conforme a fase 
do ciclo menstrual e a presença de glicogênio. 
A coloração normal da mucosa vaginal da mulher 
sadia apresenta aspecto rosa-pálido, tornando-se 
mais clara e adelgaçada em mulheres pós-
menopáusicas e “vinhosa” durante a gestação. 
Salienta-se que nem sempre a presença de secreção 
genital aumentada é sinônimo de patologia. 
 As vulvovaginites são infecções do trato reprodutivo 
da mulher, correspondendo até 40% das consultas 
de ginecologia. 
 Elas ocorrem principalmente pelo desequilíbrio da 
flora vaginal, especialmente pela variação no 
número de lactobacilos. 
 As vaginites são caracterizadas pela presença de 
secreção vaginal aumentada, odor vaginal e 
irritação vulvar e/ou vaginal, podendo estar 
associadas a cheiro desagradável e desconforto 
intenso. 
 As principais causas são vaginose bacteriana (VB) 
(40-50%), candidíase (20-25%) e tricomoníase (15-
20%). 
 É muito importante, pois sua sintomatologia é 
desconfortável e gera repercussões psicológicas e 
na sexualidade. 
 Em geral, as pacientes se queixam de conteúdo 
vaginal aumentado, prurido e irritação, que podem 
estar associados a odor desagradável, a ardência e 
intenso desconforto. 
 No entanto, é importante lembrar que nem toda 
descarga vaginal representa uma doença. A mulher 
pode apresentar uma secreção vaginal fisiológica! E 
muitas vezes esta secreção está acima do normal, o 
que configura a chamada mucorreia. 
Mucorreia x Corrimento 
o Mucorreia é a secreção vaginal acima do normal. O 
exame especular estabelece facilmente o seu 
diagnóstico. Ele mostra ausência de inflamação 
vaginal, mucosa vaginal de coloração rosa pálido, e 
a presença de muco claro e límpido. 
o Corrimento é uma anormalidade na quantidade ou 
no aspecto físico do conteúdo vaginal, que se 
exterioriza pelos órgãos genitais externos. Muitas 
vezes o quadro clínico é insuficiente para 
determinar a etiologia do corrimento genital. 
 
 Tem a possibilidade de complicações e sequelas 
importantes. 
 Facilitam a transmissão de HIV e outros agentes de 
transmissão sexual. 
 Apesar do aprimoramento dos métodos diagnóstico 
e da disponibilidade elevada no número de 
medicamentosos, essas afecções continuam a 
representar um desafio para médicos e pacientes. 
 A anamnese, o exame pélvico e o exame 
macroscópico do fluxo vaginal fornecem dados 
suficientes para o diagnóstico de um agente 
específico. 
 Embora o exame microscópico direto das secreções 
vaginais não seja obrigatório, ele pode auxiliar na 
confirmação diagnóstica de vaginites, sendo os 
exames de cultura utilizados somente em casos 
especiais. 
Vaginose bacteriana 
 Vaginose é a inflamação da vagina causado por um 
desequilíbrio da flora vaginal (os lactobacilus 
diminuem e aumentam as bactérias anaeróbicas e 
facultativas). 
 Entre mulheres em idade reprodutiva, a VB é a 
principal causa de alterações da secreção. 
 O agente principal é a Gardnerella, mas outros 
podem ser encontrados, como Atopobium, 
Prevotella, Megasphaera, Leptotrichia, Sneathia, 
Bifidobacterium, Dialister e Clostridium, 
Peptostreptococcus, Mobiluncus, Bacteroides e 
Mycoplasma hominis. 
 Na maioria dos casos, a VB é um problema local; 
entretanto, em algumas situações, pode estar 
relacionada à ocorrência de problemas mais graves, 
como endometrite, salpingite, peritonite pélvica e 
abscessos pélvicos, relacionados principalmente 
aos germes anaeróbios ou micoplasmas. 
 Os lactobacilos são responsáveis pela manutenção 
do pH vaginal ácido, por meio da produção de ácido 
láctico. As situações relacionadas à alcalinização 
vaginal – por exemplo, intercursos sexuais 
frequentes, uso de duchas vaginais, sexo anal, 
exercício físico, estresse, período pré-menstrual – 
favorecem o desequilíbrio da flora vaginal, 
predispondo à VB. 
 Além disso, sua fisiopatologia está relacionada com 
uma alteração da resposta imune local (endógeno 
ou exógeno), tornando o meio vaginal 
imunossuprimido e susceptível a outros agentes 
sexualmente transmissíveis. 
 É importante destacar que todos os fatores que 
fazem diminuir a quantidade de oxigênio nos 
tecidos e, portanto, o seu potencial de oxirredução, 
favorecem a infecção por anaeróbios estritos. Como 
resultado, ocorre liberação de citocinas, 
prostaglandinas e enzimas líticas por estes 
patógenos que respondem por algumas das 
manifestações clínicas (teste de whiff positivo) e 
pelo substrato fisiopatológico das complicações da 
VB. 
 
 O diagnóstico é clinico e exame especular. 
 Cerca de 50 a 70% das mulheres com VB são 
assintomáticas, e, nas sintomáticas, a principal 
queixa é secreção vaginal com odor desagradável 
que piora após relação sexual. Em até 15% dos 
casos, pode haver prurido e irritação vulvovaginal. 
Esse odor é advindo das aminas putrecidas que as 
Gardnerelas exalam após entrar em contato com as 
secreções vaginais. 
 Exame especular: O corrimento vaginal é fluido, 
homogêneo, branco acinzentado (mais comum) ou 
amarelado (raro), normalmente em pequena 
quantidade e não aderente, e pode formar 
microbolhas. A presença de sintomas inflamatórios, 
como dispareunia, irritação vulvar e disúria, é 
exceção. A parede vaginal das mulheres com VB é 
de aparência normal e não eritematosa. 
 
 Critérios de Amsel: 3 dos 4 itens a seguir 
→ Corrimento vaginal branco-acinzentado, 
homogêneo e fino; 
→ pH vaginal > 4,5 
→ Teste das aminas (wiff test) positivo 
→ Presença de clue cells ou células-guia ou células-
pista ou células-indicadoras ou células- -alvo ou 
células-índice ou células- chave no exame 
microscópico a fresco da secreção vaginal 
 
Teste das aminas (Whiff Test) 
o Deve-se adicionar 1 a 2 gotas de hidróxido de 
potássio (KOH) a 10% na secreção vaginal e 
depositar em uma lâmina. 
o O surgimento imediato de odor desagradável (peixe 
em decomposição), causado pela volatilização das 
bases aminadas, é característico das vaginoses. É 
um exame simples e de fácil avaliação. 
 
CLUE CELLS 
Correspondem a células epiteliais vaginais com sua 
membrana recoberta por bactérias que se aderem à 
membrana celular e tornam seu contorno granuloso e 
impreciso. Estão presentes em mais de 20% das células 
epiteliais vaginais de pacientes com VB. Embora 
constituam um achado característico de VB, as células-
guia podem estar ausentes em até 40% dos casos. 
 
 
OBSERVAÇÕES: Os pontos discordantes do novo 
protocolo são: 
1º) Características do corrimento, as quais não são um 
consenso na literatura; 
2º) Visualização das clue cells na bacterioscopia corada 
pelo Gram. O novo protocolo não faz menção ao achado 
das clue cells na microscopia a fresco nos critérios de 
Amsel. Valelembrar que o CDC 2015 considera a 
coloração de Gram como o método laboratorial padrão-
ouro para o diagnóstico de VB. Todas os livros didáticos 
não fazem distinção entre a microscopia a fresco e o 
exame de Gram para identificação destas células nos 
critérios de Amsel. 
 Escore de Nugent: baseia-se em elementos 
avaliados na bacterioscopia do conteúdo vaginal 
pelo Gram. 
 O tratamento visa eliminar os sintomas e 
restabelecer o equilíbrio da flora vaginal. 
→ Primeira opção: 
▪ Metronidazol 250 mg, 2 comprimidos, VO, 
2x/dia, por 7 dias. 
▪ Metronidazol gel vaginal 100 mg/g, um 
aplicador cheio, via vaginal, à noite ao se 
deitar, por 5 dias. 
→ Segunda opção 
▪ Clindamicina 300 mg, VO, 2x/dia, por 7 dias. 
→ Gestantes 
▪ Primeiro trimestre: Clindamicina 300 mg, VO, 
2x/dia, por 7 dias. 
▪ Após o primeiro trimestre: Metronidazol 250 
mg, 1 comprimido, VO, 3x/dia, por 7 dias. 
 Contudo, após o tratamento, a VB pode recorrer em 
mais de 30% das mulheres em um período de até 3 
meses. Entre as possíveis causas, estão a 
patogenicidade da bactéria, a reinfecção e a falha 
na recolonização da flora vaginal pelos lactobacilos. 
 Recorrências: 3 episódios no período de 6 meses. 
→ Metronidazol 250 mg, 2 comprimidos, VO, 
2x/dia, por 10-14 dias. 
→ Metronidazol gel vaginal 100 mg/g, um aplicador 
cheio, via vaginal, à noite ao se deitar, por 10 
dias, seguido de tratamento supressivo com 
duas aplicações semanais, por 4 a 6 meses. 
Entretanto, após o término da terapia, podem surgir 
novos episódio recorrentes. 
 O tratamento das parcerias sexuais não está 
recomendado, visto que não se trata de uma IST. 
 Mulheres devem ser avisadas de praticar 
abstinência sexual ou usar preservativos correta e 
consistentemente na vigência do tratamento da VB. 
 O consumo de álcool deve ser evitado durante o 
tratamento com nitroimidazólicos. 
Para reduzir a possibilidade da reação dissulfiram-
like, a abstinência alcoólica deve se estender por 24h 
após o término do tratamento com o metronidazol e 
por 72h após o término do tratamento com o 
tinidazol. 
 Além disso, podemos lançar mão dos probióticos 
oral. 
Candidíase 
 É um processo inflamatório causado pela 
proliferação de fungos no meio vaginal, 
principalmente a Candida albicans (85-95%). 
 Estudos de prevalência indicam que a Candida sp. 
pode ser isolada do trato genital em 
aproximadamente 15 a 20% das mulheres 
assintomáticas saudáveis. 
 Não é considerada uma IST. 
A via sexual não é a principal forma de transmissão na 
candidíase, visto que a Candida sp. pode fazer parte 
da flora endógena e é observada até mesmo em 
mulheres celibatárias. Entretanto, ela pode ocorrer 
em alguns casos. 
 Em 40% dos casos, há infecção concomitante de VB 
e candidíase, sendo essa vaginite mais frequente 
em pacientes imunossuprimidas, diabéticas e 
portadoras de DSTs. 
 Raramente a CVV ocorre antes da menarca, e sua 
incidência aumenta em adultos, tendo pico de 
incidência próximo aos 20 anos de vida, que se 
mantém por toda a menacme. 
 A ocorrência é menos frequente em mulheres pós-
menopáusicas, excetuando-se as que usam 
estrogênios. 
 Entre os fatores predisponentes para o 
desenvolvimento da candidíase, pode-se apontar 
gestação, diabetes, contato oral-genital, uso de 
estrogênios em altas doses, anticoncepcionais orais, 
antibióticos, espermicidas e uso de diafragma ou 
DIUs. 
A gravidez, o uso de anticoncepcionais orais com altas 
doses de estrogênio, terapia hormonal somente com 
estrogênio e o diabetes propiciam aumento na 
concentração de glicogênio vaginal, com consequente 
acidificação do meio e proliferação de levedura. 
 O diagnóstico é clinico e por exame ginecológico. 
 Sintomas: prurido e corrimento intenso, além de 
disúria e dispareunia. 
 Os sintomas podem ser decorrentes de reação 
alérgica à toxina produzida pelo fungo (canditina) 
e tendem a se manifestar ou se exacerbar na 
semana antes da menstruação, quando a acidez 
vaginal é máxima. Há melhora dos sintomas durante 
a menstruação e no período pós-menstrual. 
 Exame ginecológico: hiperemia vulvar, edema e 
eventualmente fissuras e escoriações. 
 Exame especular: hiperemia da mucosa vaginal, 
com conteúdo vaginal (fluido, espesso, flocular, 
aderido à parede vaginal). 
 
 Exame à fresco (KOH 10%): possui uma 
sensibilidade de 50-60% e sua positividade 
(presença de hifas e esporos) dispensa continuar 
investigação. 
 
 Bacterioscopia: por mais que seja o padrão ouro, é 
feito apenas nos casos recorrentes. 
 Tratamento via oral 
→ Fluconazol 150 mg dose única 
→ Itraconazol 100 mg 2x/dia por 1 dia 
→ Cetoconazol 200 mg 2x/dia por 5 dias 
 Tratamento via intravaginal 
→ Fenticonazol creme por 7 dias 
→ Clotrimazol óvulo, 500 mg dose única 
→ Butaconazol 20 mg/g dose única 
→ Nistatina 25.000 UI/g por 14 dias 
Escolher uma das duas vias, não precisa prescrever 
oral e intravaginal na mesa paciente. 
 Candidíase complicada: recorrente, etiologia não 
albicans, pacientes diabéticas e outras condições de 
comprometimento do sistema imune. 
A candidíase recorrente, definida como quatro ou 
mais episódios de vulvovaginite sintomática por ano, 
afeta cerca de 5 a 8% das mulheres. 
→ Fase aguda 
▪ Miconazol creme vaginal a 2%, um aplicador 
cheio, à noite ao se deitar, por 7 dias. 
▪ Nistatina 100.000 UI, uma aplicação via 
vaginal, à noite, ao se deitar, por 14 dias. 
▪ Fluconazol 150 mg VO dose única. 
▪ Itraconazol 100 mg VO, 2 comprimidos, VO, 
2x/dia, por 1 dia. 
→ Durante a gestação, o tratamento deve ser 
realizado somente por via vaginal. O tratamento 
oral está contraindicado na gestação e lactação. 
→ Esquema de supressão: após remissão dos 
episódios agudos 
▪ Fluconazol 150 mg semanal por 2 meses/ 
quinzenal por 2 meses/ mensal por 2 meses 
(total de 6 meses de tratamento). 
▪ Ácido bórico em óvulo 600 mg 2x/semana por 
2 meses. 
Tricomoníase 
 É uma infecção sexualmente transmissível, com a 
Trichomonas vaginalis de agente etiológico. 
 Por ser uma IST, é importante lembrar de TRATAR 
O PARCEIRO. 
 A tricomoníase possui alto poder infectante e pode 
ser identificada em 30 a 40% dos parceiros 
masculinos de pacientes infectadas, embora a 
infecção nos homens seja autolimitada e transitória. 
 Nas mulheres, a tricomoníase pode variar desde 
portadoras assintomáticas até uma doença 
inflamatória grave e aguda. 
 Embora a maioria das pacientes não apresente 
sintomas, quando presentes, estes costumam ser 
mais intensos logo após o período menstrual ou 
durante a gravidez. 
 Sua fisiopatologia se dá pela ação inflamatória pelo 
agente etiológico, que facilita a aquisição de outras 
infecções, principalmente HIV, e está associada a 
complicações durante o ciclo gravídico puerperal. 
A tricomoníase somente se relaciona com a prática da 
atividade sexual desprotegida. Não há ligação com a 
idade da mulher, fase do ciclo menstrual, uso de 
anovulatórios, uso frequente de antibióticos ou 
frequência de intercursos sexuais. 
 O diagnóstico se dá pelo quadro clínico e exame 
ginecológico. 
 Sintomas: corrimento profuso amarelo esverdeado, 
ardor genital, sensação de queimação, disúria e 
dispareunia. 
 Os homens são geralmente portadores 
assintomáticos e, em linhas gerais, comportam-se 
como vetores. Entretanto, algumas vezes 
desenvolvem um quadro de uretrite não 
gonocócica, epididimite ou prostatite. 
 Exame ginecológico: hiperemia genital externa e 
corrimento exteriorizado pela fenda vulvar. 
 Exame especular: conteúdo vaginal amarelo-
esverdeado, por vezes, acompanhado de pequenas 
bolhas. 
 Um achado altamente específico da tricomoníase 
exige memorização: colpite focal ou difusa 
caracterizada por um “colo em framboesa” ou 
“colo em morango”. Ele ocorre devido à dilatação 
capilar e hemorragias puntiformes. 
 
 Bacterioscopia a fresco: é o métodomais utilizado 
para diagnóstico, com sensibilidade 51-65%. O 
agente é visualizado em mobilidade. 
 Bacterioscopia pelo gram: também permite 
identificar T. vaginalis, só que imóvel. 
 Ao teste de Schiller, observa-se intensa colpite focal 
e difusa. Nos casos difusos, o teste de Schiller 
apresenta tipicamente o colo uterino em “pele de 
onça” ou de aspecto “tigroide”. 
 Cultura por meio de Diamond: recomendada 
quando existirem sintomas e os exames anteriores 
negativos. 
 Tratamento: deve ser sistêmico, pois o tratamento 
tópico não atinge níveis terapêuticos nas glândulas 
vaginais e na uretra. 
→ Metronidazol 2g VO dose única; 
→ Tinidazol 2g VO dose única; 
→ Metronidazol 500 mg 2x/dia por 7 dias. 
 Recomendações 
→ Abstenção alcoólica 24 horas após o 
metronidazol e 72 horas após o tinidazol. 
Efeito antabuse (dissulfiram-like) 
o As pacientes e os seus parceiros devem ser 
advertidos do consumo de álcool concomitante ao 
tratamento com metronidazol, tinidazol e 
secnidazol. 
o O risco potencial do efeito antabuse (dissulfiram-
like), decorrente da interação de derivados 
imidazólicos com álcool (inibição da enzima aldeído 
desidrogenase pelos nitroimidazólicos), que se 
caracteriza por mal-estar, náuseas, tonteiras e 
“gosto metálico na boca”. 
 
→ Referenciar o (s) parceiro (s) para tratamento 
(normalmente em dose única, pela resistência 
do homem ao tratamento prolongado). 
→ Pesquisar outras infecções de transmissão 
sexual. 
 Além disso, é importante oferecer sorologia e 
exames para investigar outras IST. 
 
 
O que fazer com as gestantes? 
o O metronidazol pode ser utilizado com segurança 
durante a gestação. O uso de metronidazol VO é 
tratamento-padrão durante toda a gestação. 
1- Metronidazol 400 mg, 5 comprimidos, VO, dose única 
(dose total de tratamento 2 g); ou 
2- Metronidazol 400 mg, 1 comprimidos, VO, 2x/dia, por 
7 dias; 
3- Metronidazol 250 mg, 1 comprimido, VO, 3x/dia, por 
7 dias. 
o A ausência de tratamento está associada à 
prematuridade e ao baixo peso ao nascer. 
o O uso da via tópica está associado com falha de até 
50% em gestantes e não gestantes. 
Vaginose Citolítica 
 É uma vaginose causada pela excessiva proliferação 
de lactobacillus, que provoca redução do pH 
vaginal e citólise das células do epitélio escamoso 
da vagina e colo com consequente liberação de 
substâncias irritativas provocando o corrimento e a 
ardência vulvovaginal. 
 A partir disso, a paciente refere vários sintomas 
ginecológicos. 
 O diagnóstico é feito pela clínica e exame 
ginecológico. 
 Critérios diagnósticos 
→ pH vaginal entre 3,5 e 4,5. 
→ Microscopia com solução salina: 
▪ Ausência de micro-organismos não 
pertencentes a microbiota vaginal normal; 
▪ Raros leucócitos; 
▪ Citólise (núcleos desnudos); 
▪ Aumento significativo de lactobacilos. 
 Sintomas: corrimento esbranquiçado, prurido 
(piorando no período pré menstrual), ardor, 
queimação, disúria e dispareunia. 
 Exame especular: conteúdo vaginal aumentado, 
com aspecto flocular, fluido ou em grumos. 
 Bacterioscopia: ausentes elementos fúngicos (hifas 
e/ou esporos) e aumento excessivo de Lactobacillus 
e raros leucócitos. 
A bacterioscopia é o único exame que tem como 
diferenciar a vaginose citolítica da candidíase. 
 Não existe um tratamento específico, visto que a 
etiopatogenia não é conhecida. 
 A recomendação é alcalinizar o meio vaginal, 
usando duchas vaginais com bicarbonato de sódio 
(30-60 g) 2-3x por semana até a remissão do quadro 
clínico. 
Vaginite inflamatória descamativa 
 É uma forma pouca frequente, mas severa, de 
vaginite purulenta crônica. 
 Possui uma etiologia desconhecida, mas a hipótese 
está relacionada aos fatores imunológicos e 
deficiência de estrogênio. 
 Em alguns casos, o Streptococcus grupo B e a E. coli 
são os agentes encontrados. 
 O diagnóstico é pelo quadro clínico e exame 
ginecológico. 
 Critérios diagnósticos 
→ Conteúdo vaginal purulento em grande 
quantidade; 
→ pH vaginal alcalino; 
→ Microscopia: 
▪ Processo descamativo vaginal intenso, com 
predomínio das células profundas (basais e 
parabasais); 
▪ Flora vaginal do tipo 3 (ausência de 
lactobacilos): substituição da flora 
lactobacilar por cocos Gram-positivos; 
▪ Número elevado de polimorfonucleares. 
 Sintomas: geralmente são de longa duração, como 
dispareunia, ardor e corrimento purulento. 
 Exame ginecológico: processo inflamatório de 
intensidade variável, com eritema, podendo haver 
petéquias ou equimoses na mucosa do trato genital 
e a cérvice pode estar envolvida. 
É importante excluir a tricomoníase. 
 O tratamento tem como objetivo reduzir a 
proliferação bacteriana e processo inflamatório. 
 Não existem, até o momento, estudos 
randomizados controlados. 
 Sobel estudou 98 casos, utilizando 3 diferentes 
esquemas terapêuticos: 
→ Clindamicina 2% 5g intravaginal por 7 dias 
→ Hidrocortisona 10% intravaginal 2-4 semanas 
→ Clindamicina + hidrocortisona intravaginais 
 Houve boa resposta aos tratamentos, porém 
ocorreram recidivas de 30%. 
 Para alguns autores, o estrogênio vaginal 
periodicamente poderia reduzir as recidivas. 
O papel dos probióticos nas vulvovaginites 
o Na prática diária, vários médicos prescrevem 
probióticos como tratamento adjuvante ou como 
forma de diminuir as recorrências de várias 
infecções. 
o Os probióticos são definidos como “microrganismos 
vivos que, quando administrados em quantidades 
adequadas levam a um benefício à saúde do 
hospedeiro”, e a justificativa para o uso seria seu 
efeito em reestruturar a microbiota em 
desequilíbrio. 
 O colo é formado por dois tipos diferentes de 
células epiteliais: epitélio escamoso e epitélio 
glandular. A causa de inflamação cervical depende 
do tipo do epitélio afetado. A cervicite ou cervicite 
mucopurulenta ou endocervicite é a inflamação do 
epitélio colunar endocervical, ou seja, do epitélio 
glandular do colo uterino. 
 Na maioria dos casos é assintomática (70-80%) e 
são descobertos apenas durante a investigação de 
rotina. 
 A ausência de sintomas dificulta o diagnóstico, 
favorecendo complicações (endometrite, DIP e 
desfechos adversos para gestantes) e maior risco 
de HIV e câncer cervical. 
 Etiologia 
→ Os principais agentes são a Clamídia trachomatis 
(CT) e N. gonorrheae (NG). 
→ Quando causa infecciosa, pensar mais em 
agentes gonocócicos e não gonocócicos. 
→ Outros agentes menos usuais: mycoplasma, 
ureoplasma, infecção secundária, trichomonas, 
herpes símpex vírus. 
 O diagnóstico é dado pelo quadro clínico e exame 
ginecológico. 
 Alguns sintomas genitais leves, como corrimento 
vaginal, dispareunia ou disúria, podem ocorrer na 
presença de cervicite mucopurulenta. O colo 
uterino pode ficar edemaciado, sangrando 
facilmente ao toque da espátula de Ayre. 
 Pode ser encontrada a presença de secreção 
mucopurulenta no orifício externo do colo uterino. 
 Exame ginecológico: dor na mobilização do colo 
uterino, material mucopurulento no orifício do colo 
e sangramento ao toque da espátula ou swab. 
 Os exames mais utilizados para o diagnóstico 
etiológico são: 
→ Técnicas de biologia molecular: PCR e detecção 
de DNA. 
→ Cultura em meio de McCoy 
→ Bacterioscopia de secreção endocervical corado 
pelo Gram (sensibilidade 50%). 
→ Culturas em meio de Thayer-Matin 
→ Imunofluorescência direta 
→ Métodos imunoenzimáticos (Eliza) 
 O tratamento é voltado preferencialmente para o 
diagnóstico para o patógeno envolvido. Para isso, 
deve-se sempre buscar o diagnóstico etiológico 
mediante propedêutica laboratorial complementar. 
 Entretanto, quando não está disponível, o 
tratamento é baseado em diagnóstico presuntivo 
para Clamidia e Neisseria Ghonorreae. 
 
 Tratamento 
→ Ciprofloxacino 500 mg dose única + Azitromicina 
500 mg (2cp VO, dose única) 
→ Ceftriaxona500 mg IM dose única + Azitromicina 
500 mg (2cpVO dose única) 
→ Em menores de 18 anos e gestantes, 
ciprofloxacino é contraindico, sendo a 
ceftrioxona (recomendação do MS), azitromicina 
ou amoxicilina os medicamentos de escolha. 
▪ Azitromicina 1g VO em dose única. 
▪ Amoxicilina 500 mg VO 8/8 horas por 7 dias. 
Nas gestantes, deve-se colher teste de controle após 3 
semanas do fim do tratamento. Isso será importante 
para confirmar êxito terapêutico. 
 Recomendações finais 
→ Todos os parceiros devem ser tratados para NG 
ou CT se o ultimo contato foi antes do 
diagnóstico. 
→ Considerar a possibilidade de associação de NG 
e CT no tratamento, devido a dificuldade prática 
do diagnóstico.

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