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ATIVIDADE AVALIATIVA - I UNIDADE A Constituição Federal de 1988 não criou diretamente os tributos, mas estabeleceu a delegação para sua criação, identificou o ente responsável por sua criação, delegou, e ao mesmo tempo estabeleceu um limite para essa competência. Uma forma de limitar esse poder é por meio da imunidade tributária, que impede o Governo de legislar algo que tenha sido imunizado pela Carta Magna ou que tenha sido determinado pela Constituição Federal (exclusivamente) em seu texto. Uma imunidade tributária protege uma circunstância específica, pessoa ou entidade, com o intuito de assegurar um direito básico que a ela está conectado. Embora não seja por si só uma imunidade constitucional, está ligada a uma. O dispositivo central do texto, a imunidade tributária, encontra-se no artigo 150, inciso VI, da ratificada Constituição Federal de 1988. Citando: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI - instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão; e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. Dispõe a alínea “a” acima mencionada, que isentará mutuamente a União, os Estados e o Distrito Federal de todos os impostos incidentes sobre eles. Para esclarecer, isso não se aplica a impostos, contribuições monetárias ou outras formas de remuneração; antes, refere-se a impostos. Assim, por exemplo, uma sede de polícia em um estado isento (como X ou Y) não estará sujeita ao IPTU, mas será obrigada a pagar contribuição de iluminação pública, por exemplo. Quanto à alínea “b”, polêmica para alguns, trata da imunidade dos templos de qualquer religião. Isso é compreensível dado que o Estado é laico e não pode Curso: DIREITO Turma: 8º SEMESTRE Disciplina: DIREITO TRIBUTÁRIO – ORDEM TRIBUTÁRIA Professor(a): LAÍS MÁRIA PASSOS BATISTA DA CRUZ Nome: MARIA CECÍLIA MARQUES SANTOS VIEIRA conceder benefícios fiscais às religiões X ou Y. No entanto, a ideia de que a imunidade não é um direito fundamental está intimamente relacionado com outro direito, neste caso, o direito à liberdade religiosa. Conforme determinado pelo STF, essa imunidade se estende a bens, renda e serviços prestados por tais templos, mas também significa que doutrinas, correntes ou qualquer outra entidade que não se relacione diretamente com princípios religiosos, como adorando uma divindade, não são cobertos pela imunidade. Um assunto que não é particularmente apreciado pelo público em geral é a imunidade mencionada na alínea “c”, particularmente na seção em que menciona o leque de partidos políticos que se beneficiam do privilégio que o legislador estabeleceu. Ao contrário da opinião popular, esta imunidade visa também proteger um direito fundamental, nomeadamente o pluripartidarismo, tendo em conta que, para beneficiar dessa imunidade, as pessoas singulares referidas na alínea não podem ter objetivos econômicos. Essa imunidade cobre apenas o sindicato dos empregados; não se estende ao sindicato dos empresários. De acordo com o artigo 134 da Lei nº 1.164/1950, consideram-se partidos políticos as entidades às quais o governo outorga personalidade pública. Pela importância de seu trabalho, estão isentos de impostos que incidem sobre seus bens e serviços prestados, desde que cumpridos os requisitos legais. Ademais, essa imunidade também abrange as operações financeiras realizadas pelas entidades listadas no dispositivo desde que vinculadas aos objetivos primários daquelas instituições: EMENTA RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. DIREITO TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. ART. 150, VI, “c”, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. ENTIDADES SINDICAIS, PARTIDOS POLÍTICOS, INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO E DE ASSISTÊNCIA SOCIAL SEM FINS LUCRATIVOS. IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS - IOF. 1. Segundo a pacífica jurisprudência desta Suprema Corte, a imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “c”, da Constituição da República alcança o Imposto sobre Operações Financeiras – IOF. 2. Os objetivos e valores perseguidos pela imunidade em foco sustentam o afastamento da incidência do IOF, pois a tributação das operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários das entidades ali referidas, terminaria por atingir seu patrimônio ou sua renda. 3. A exigência de vinculação do patrimônio, da renda e dos serviços com as finalidades essenciais da entidade imune, prevista no § 4º do artigo 150 da Constituição da República, não se confunde com afetação direta e exclusiva a tais finalidades. Entendimento subjacente à Súmula Vinculante 52. 4. Presume-se a vinculação, tendo em vista que impedidas, as entidades arroladas no art. 150, VI, “c”, da Carta Política, de distribuir qualquer parcela do seu patrimônio ou de suas rendas, sob pena de suspensão ou cancelamento do direito à imunidade (artigo 14, I, e § 1º, do Código Tributário Nacional). Para o reconhecimento da imunidade, basta que não seja provado desvio de finalidade, ônus que incumbe ao sujeito ativo da obrigação tributária. 5. Recurso extraordinário da União desprovido, com a fixação da seguinte tese: A imunidade assegurada pelo art. 150, VI, ‘c’, da Constituição da República aos partidos políticos, inclusive suas fundações, às entidades sindicais dos trabalhadores e às instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, que atendam aos requisitos da lei, alcança o IOF, inclusive o incidente sobre aplicações financeiras. (RE 611510, Relator(a): ROSA WEBER, Tribunal Pleno, julgado em 13/04/2021, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-087 DIVULG 06-05-2021 PUBLIC 07-05-2021) Para salvaguardar o direito fundamental à livre expressão de ideias, este artigo também protege as imunidades dos livros, jornalistas, periódicos e do papel destinado à sua impressão, na alínea “d”. O objetivo da Carta Magna, que imuniza livros, jornais, periódicos e o jornal dedicado a seu ver, era estimular a cultura em geral e assegurar a liberdade de expressão de ideias e o direito à crítica. Essa imunidade estabelecida na alínea “d” é objetiva. Por fim, temos a imunidade objetiva implementada na alínea “e”, sendo a mais recente delas com diversos objetivos, sendo o principal o combate à pirataria e à falsificação, que desafia a cobrança de tributos a ela relacionados e incentiva o público a comprar. Além disso, há proteção aos produtos e cultura nacionais, bem como proteção a artistas que também foram severamente discriminados durante o período da ditadura militar. Portanto, as imunidades tributárias são de extrema importância porque visam salvaguardar e efetivar direitos fundamentais antes cerceados durante o regime militar, como, por exemplo, o direito ao livre pensamento, que pode se manifestar em livros, música e outras expressões culturais que passaram a ser protegidas tributariamente como forma de apoiar os autores, bem como garantir que todos possam exercer a sua liberdade religiosa no sentido mais amplo. REFERÊNCIAS CAVALCANTE, Márcio André Lopes. A imunidade tributária estabelecida no art. 150, VI, “c”, da CF/88 abrange o IOF incidente inclusive sobre operações financeiras praticadas pelas entidades mencionadasno dispositivo, desde que vinculadas às finalidades essenciais dessas instituições. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/8f4d94fa779cb6b7 4225a9e26c700a39. Acesso em: 25 mar. 2023. DORNELES, Tatiana Poltosi. Breves considerações sobre a imunidade tributária. 2007. Disponível em: https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-tributario/breves- consideracoes-sobre-a-imunidade-tributaria/. Acesso em: 25 mar. 2023. SCARCELA, Bruno Macedo. Imunidades tributárias do art. 150, VI, da CF/1988. 2022. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/96186/imunidades-tributarias-do-art- 150-vi-da-cf-1988. Acesso em: 25 mar. 2023.
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