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Os partidos politicos brasileiros sao representativos

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UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA 
INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS 
CURSO DE DIREITO – CAMPUS ALPHAVILLE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OS PARTIDOS POLÍTICOS BRASILEIROS SÃO 
REPRESENTATIVOS? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SANTANA DE PARNAÍBA 
2017
 
 
 
 
 
 
 
 
OS PARTIDOS POLÍTICOS BRASILEIROS SÃO 
REPRESENTATIVOS? 
 
 
 
 
 
 
Trabalho referente à disciplina de Ciência Política 
da Universidade Paulista - 1°/ 2° semestre. 
 
 
 
Santana de Parnaíba, Outubro de 2017 
 
 
 
 
Prof. MÁRIO LUIZ GUIDE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Diante da impossibilidade de se ouvir tanta gente dando opinião ao mesmo 
tempo sobre questões políticas, econômicas, sociais e culturais de um determinado 
território nasceu, no final do século 19, a democracia representativa. 
Desde então (e diante da explosão demográfica por todas as partes) ficou 
inviável para as sociedades de massas modernas realizarem suas assembléias da 
mesma forma como antes se fazia na Grécia antiga. 
Surgiu então a ideia de representatividade: pessoas (políticos) se 
candidatariam e seriam ou não eleitas pelo povo, através de votação, para fazer 
valer a vontade dos eleitores na administração da coisa pública (ou seja, da riqueza 
daquela nação), bem como dos direitos humanos e tudo o mais que fosse 
necessário para garantir a harmonia e a paz social daquele povo. Os políticos 
representariam a necessidade e a vontade de seus eleitores. 
Então, nasceram os partidos políticos cujo objetivo era organizar os pleitos, 
fazer propostas e lançar candidatos para conquistar eleitores para suas bandeiras e 
projetos. 
Portanto, antes de iniciar a discussão sobre o respectivo tema é de suma 
importância abordar e conhecer alguns conceitos que estão envolvidos nesse tema, 
como a “democracia representativa” e a “representação política”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
A Democracia Representativa ..................................................................................... 5 
A diferença entre Democracia Representativa e Democracia Direta ....................... 5 
A Democracia Representativa no Brasil .................................................................. 6 
A Representação Política ............................................................................................ 6 
A Representação Política no Brasil ......................................................................... 8 
Os Partidos Políticos no Brasil .................................................................................... 9 
Conclusões................................................................................................................ 16 
Referências Bibliográficas ......................................................................................... 16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
A DEMOCRACIA REPRESENTATIVA 
 
A democracia representativa (ou democracia indireta) é o exercício do poder 
político pela população eleitora não diretamente, mas através de seus 
representantes, por si designados, com mandato para atuar em seu nome e por sua 
autoridade, isto é, legitimados pela soberania popular. 
Em seu sentido etimológico, a democracia é um modelo de governo em que a 
soberania é exercida pelo povo. Neste contexto, toda a população tem o direito de 
expressar a sua opinião na hora de eleger um dos representantes disponíveis. 
A principal base da democracia representativa é o voto direto, ou seja, o meio 
pelo qual a população pode avaliar todos os candidatos a representantes do povo e 
escolher aqueles que consideram mais aptos para representá-lo, ou seja, que 
possam defender, gerir, estabelecer e executar todos os interesses da população. 
Os representantes eleitos através do voto direto podem ser vereadores, deputados 
(estaduais e federais), senadores, governadores, etc. 
No entanto, para que haja a eficiência do regime democrático representativo, 
todas as pessoas que tenham sido eleitas pelo povo para ocupar cargos públicos no 
Poder Legislativo e no Poder Executivo devem ser constantemente renovadas, ou 
seja, são estipulados períodos fixos para que haja novas eleições. 
Apesar de, teoricamente, a função das pessoas que foram eleitas é a de 
representar os direitos e interesses daqueles que os elegeram, vários exemplos de 
sistemas democráticos pelo mundo mostram que a relação entre os representantes 
e a população é bastante questionável. 
 
A diferença entre Democracia Representativa e Democracia Direta 
 
A democracia é representativa (ou indireta) quando o povo elege, através do 
voto direto, representantes que possam ocupar cargos públicos e que se reúnam em 
espaços de discussão, como o Parlamento, Câmaras, Congresso e etc, com o 
objetivo de debater questões de interesse da população em geral. 
A chamada democracia direta (ou democracia pura), por sua vez, é quando 
cada cidadão tem a sua participação direta nas escolhas e decisões de seu 
6 
 
interesse. Este modelo de democracia funciona em pequenas comunidades, onde a 
população não é muito numerosa, pois o contrário dificultaria a contagem de votos, 
além da discussão para que possam chegar a um consenso sobre os interesses 
comuns. 
 
A Democracia Representativa no Brasil 
 
O Brasil é um país governado sob o regime de uma democracia 
representativa, com voto obrigatório, ou seja, os cidadãos brasileiros são obrigados 
a votar nos representantes que acharem mais adequados para representá-los. Caso 
o cidadão não queira votar, este deverá justificar o não comparecimento às urnas de 
votação, com o risco de pagar multas ou sofrer restrições em alguns direitos cívicos, 
como participar de concursos públicos. 
Como o Brasil é uma república democrática, a população elege os principais 
representantes que, além do Presidente da República, são formados por 
governadores, senadores, deputados, vereadores, prefeitos e etc. 
 
A REPRESENTAÇÃO POLÍTICA 
 
De acordo com Maria D’Alva Kinzo (Representação Política e Sistema 
Eleitoral no Brasil, Ed. Edições Símbolo, 1980, p.21), o conceito de representação 
política tem sido usado nos mais diversos sentidos, assumindo tão ampla conotação 
que tem servido para justificar o poder em regimes dos mais diferentes matizes. 
Kinzo afirma que, desde estadistas que assumiram o poder pela via eleitoral até 
aqueles sustentados por regimes autoritários (e dizem-se representantes do povo de 
sua nação), o conceito e a prática da representação política nem sempre têm sido 
relacionados com a democracia e a liberdade. 
Para Kinzo, a representação política possui vários sentidos dados por 
políticos e teóricos políticos. O primeiro modo de se entender o “conceito de 
representação” foi dada pela visão de Thomas Hobbes, numa concepção centrada 
na ideia de autoridade. O segundo enfoque é aquele que desenvolve a ideia da 
7 
 
representação como reflexo de alguma coisa ou alguém. E a terceira centraliza a 
discussão na própria atividade de representar. 
Considerando a visão de Hobbes, o “conceito de representação política” 
advém da ideia de autoridade. Hobbes parte da noção de que, tendo um homem o 
direito de executar uma ação, ou seja, a propriedade da ação (o que ele denomina 
de “autor”), este homem pode executá-la ele mesmo, ou pode autorizar alguém a 
fazê-la por ele. 
Essa questão se coloca da seguinte forma no domínio da política: partindo da 
ideia do estado de natureza (que é um estado de guerra
de todos contra todos e 
onde a luta permanente de uns contra os outros por desejos conflitantes 
impossibilitaria a convivência entre os homens) surge a necessidade de um pacto 
social (Os Contratualistas) a fim de criar uma união duradoura entre eles. E é devido 
a essa necessidade que os homens criam um Estado, autorizando um, entre eles, a 
representá-los. 
Embora Hobbes tenha sido um dos primeiros a pensar a representação como 
uma questão de autoridade, Kinzo afirma que não foi o único a defender esta ideia, 
pois muitos teóricos políticos modernos incorporaram esta definição, seja em sua 
versão original, seja dando origem a uma versão modificada, salientando o modo 
como a autoridade é atribuída. Marx Weber também desenvolveu uma concepção 
semelhante à de Hobbes. Para ele: “a ação de certos membros de um grupo é 
atribuída ao resto; ou se supõe, e de fato ocorre, que o resto considera a ação como 
“legitíma” para eles próprios e assumindo para eles um caráter de compromisso” 
(Representação Política e Sistema Eleitoral no Brasil, Ed. Edições Símbolo, 1980, 
p.23). 
A representação implica autoridade de certos membros específicos para agir 
pelo grupo, sendo que autoridade implica consentimento e legitimidade. Portanto, 
quando a ação é legitimada, quem consente está comprometido com a ação. 
Da mesma forma, é correto dizer que representar é de algum modo refletir os 
representados. Em se tratando da concepção descritiva é plausível afirmar que uma 
das maneiras de assegurar a relação entre representantes e representados é 
através da presença de um corpo legislativo de representantes de todos os 
segmentos da população ou ainda, de um grupo ou classe social que tem alguns de 
seus membros presentes na legislatura. 
8 
 
A Representação Política no Brasil 
 
Sabe-se que a eleição já existia no Brasil durante o período colonial para a 
escolha dos representantes das câmaras municipais. Nesse período, este 
procedimento do voto oral e aberto advinha da noção de que o voto constituía, na 
época, de um ato público e uma forma do eleitor manter abertamente suas opiniões 
(embora, na verdade, funcionasse como uma forma de controlar o voto). Por outro 
lado, atendia a uma questão prática já que o direito de voto se estendia aos 
analfabetos também. 
Além da participação desigual nesse processo de escolha dos 
representantes, uma grande parcela da população estava marginalizada do sistema 
representativo, tais como os escravos, os que não atingiam a renda exigida e as 
mulheres (cuja exclusão nem constava no texto constitucional). 
Atualmente, o voto no Brasil é obrigatório para todas as pessoas maiores de 
18 anos e facultativo para os analfabetos, para os maiores de 70 anos e para os 
jovens entre 16 e 18 anos. 
Entretanto, independente da época, a representação política pode ser 
pensada considerando-se duas questões fundamentais: o que deve fazer um 
representante e como ele deve agir? 
Uma resposta plausível para estas questões poderia ser resumida nestas 
duas afirmativas: 
 
a) um representante deve representar um interesse determinado e um grupo de 
representantes deve representar o interesse da nação; 
 
b) um representante deve ser independente na sua atividade de representar. 
 
Ao discutir sobre “representante” e “representado” é necessário analisar o 
papel que os partidos políticos desempenham neste processo, afinal é através de 
um partido político que alguém pode se fazer representar, seja na esfera do poder 
executivo (presidente, governadores, prefeitos) ou do poder legislativo (senadores, 
deputados federais e estaduais, vereadores). 
9 
 
OS PARTIDOS POLÍTICOS NO BRASIL 
 
Atualmente há no Brasil 35 partidos políticos registrados no Tribunal Superior 
Eleitoral (TSE), onde 26 partidos tem representação no Parlamento brasileiro (dos 
quais apenas 16 contam com parlamentares tanto na Câmara quanto no Senado), 
conforme tabelas abaixo. 
 
Bancada da Câmara dos Deputados Federais (Exercício 2015 – 2019): 
 
Partido/ 
Bloco 
Bancada Líder / 
Representante 
Nome do Partido / Bloco 
PMDB 61 Baleia Rossi Partido do Movimento 
Democrático Brasileiro 
PT 58 Carlos Zarattini Partido dos Trabalhadores 
Bloco PP, 
PTdoB 
50 Arthur Lira Bloco Parlamentar PP, PTdoB 
PSDB 45 Ricardo Tripoli Partido da Social Democracia 
Brasileira 
PR 38 José Rocha Partido da República 
PSD 38 Marcos Montes Partido Social Democrático 
PSB 36 Tereza Cristina Partido Socialista Brasileiro 
DEM 29 Efraim Filho Democratas 
Bloco PTB, 
PROS, PSL, 
PRP 
27 Jovair Arantes Bloco Parlamentar PTB, 
PROS, PSL, PRP 
PRB 22 Cleber Verde Partido Republicano Brasileiro 
PDT 21 Weverton Rocha Partido Democrático 
Trabalhista 
PODE 17 Ricardo Teobaldo Podemos 
SD 14 Aureo Solidariedade 
PCdoB 12 Alice Portugal Partido Comunista do Brasil 
PSC 10 Professor Victório 
Galli 
Partido Social Cristão 
10 
 
PPS 9 Arnaldo Jordy Partido Popular Socialista 
PHS 7 Diego Garcia Partido Humanista da 
Solidariedade 
PV 6 Leandre Partido Verde 
PSOL 6 Glauber Braga Partido Socialismo e 
Liberdade 
REDE 4 João Derly Rede Sustentabilidade 
PEN 3 Junior Marreca Partido Ecológico Nacional 
Total 513 
Fonte: Website Portal da Câmara dos Deputados Federais, acessado em 19/09/2017. 
http://www.camara.leg.br/Internet/Deputado/bancada.asp 
 
Senadores em Exercício (55ª Legislatura / 2015 – 2019): 
Nome Partido UF Período 
Davi Alcolumbre DEM AP 2015 - 2023 
José Agripino DEM RN 2011 - 2019 
Maria do Carmo Alves DEM SE 2015 - 2023 
Ronaldo Caiado DEM GO 2015 - 2023 
Vanessa Grazziotin PCdoB AM 2011 - 2019 
Acir Gurgacz PDT RO 2015 - 2023 
Ângela Portela PDT RR 2011 - 2019 
Airton Sandoval PMDB SP 2011 - 2019 
Dário Berger PMDB SC 2015 - 2023 
Edison Lobão PMDB MA 2011 - 2019 
Eduardo Braga PMDB AM 2011 - 2019 
Elmano Férrer PMDB PI 2015 - 2023 
Eunício Oliveira PMDB CE 2011 - 2019 
Fernando Bezerra Coelho PMDB PE 2015 - 2023 
Garibaldi Alves Filho PMDB RN 2011 - 2019 
Hélio José PMDB DF 2011 - 2019 
Jader Barbalho PMDB PA 2011 - 2019 
João Alberto Souza PMDB MA 2011 - 2019 
11 
 
José Maranhão PMDB PB 2015 - 2023 
Kátia Abreu PMDB TO 2015 - 2023 
Marta Suplicy PMDB SP 2011 - 2019 
Raimundo Lira PMDB PB 2011 - 2019 
Renan Calheiros PMDB AL 2011 - 2019 
Roberto Requião PMDB PR 2011 - 2019 
Romero Jucá PMDB RR 2011 - 2019 
Rose de Freitas PMDB ES 2015 - 2023 
Simone Tebet PMDB MS 2015 - 2023 
Valdir Raupp PMDB RO 2011 - 2019 
Waldemir Moka PMDB MS 2011 - 2019 
Zeze Perrella PMDB MG 2011 - 2019 
Alvaro Dias PODE PR 2015 - 2023 
José Medeiros PODE MT 2011 - 2019 
Romário PODE RJ 2015 - 2023 
Ana Amélia PP RS 2011 - 2019 
Benedito de Lira PP AL 2011 - 2019 
Ciro Nogueira PP PI 2011 - 2019 
Gladson Cameli PP AC 2015 - 2023 
Ivo Cassol PP RO 2011 - 2019 
Roberto Muniz PP BA 2011 - 2019 
Wilder Morais PP GO 2011 - 2019 
Cristovam Buarque PPS DF 2011 - 2019 
Eduardo Lopes PRB RJ 2011 - 2019 
Cidinho Santos PR MT 2011 - 2019 
Magno Malta PR ES 2011 - 2019 
Vicentinho Alves PR TO 2011 - 2019 
Wellington Fagundes PR MT 2015 - 2023 
Antonio Carlos Valadares PSB SE 2011 - 2019 
João Capiberibe PSB AP 2011 - 2019 
Lídice da Mata PSB BA 2011 - 2019 
Lúcia Vânia PSB GO 2011 - 2019 
Roberto Rocha PSB MA 2015 - 2023 
Pedro Chaves PSC MS 2011 - 2019 
12 
 
Aécio Neves PSDB MG 2011 - 2019 
Antonio Anastasia PSDB
MG 2015 - 2023 
Ataídes Oliveira PSDB TO 2011 - 2019 
Cássio Cunha Lima PSDB PB 2011 - 2019 
Dalirio Beber PSDB SC 2011 - 2019 
Eduardo Amorim PSDB SE 2011 - 2019 
Flexa Ribeiro PSDB PA 2011 - 2019 
José Serra PSDB SP 2015 - 2023 
Paulo Bauer PSDB SC 2011 - 2019 
Ricardo Ferraço PSDB ES 2011 - 2019 
Tasso Jereissati PSDB CE 2015 - 2023 
Lasier Martins PSD RS 2015 - 2023 
Omar Aziz PSD AM 2015 - 2023 
Otto Alencar PSD BA 2015 - 2023 
Sérgio Petecão PSD AC 2011 - 2019 
Armando Monteiro PTB PE 2011 - 2019 
Telmário Mota PTB RR 2015 - 2023 
Fernando Collor PTC AL 2015 - 2023 
Fátima Bezerra PT RN 2015 - 2023 
Gleisi Hoffmann PT PR 2011 - 2019 
Humberto Costa PT PE 2011 - 2019 
Jorge Viana PT AC 2011 - 2019 
José Pimentel PT CE 2011 - 2019 
Lindbergh Farias PT RJ 2011 - 2019 
Paulo Paim PT RS 2011 - 2019 
Paulo Rocha PT PA 2015 - 2023 
Regina Sousa PT PI 2011 - 2019 
Randolfe Rodrigues REDE AP 2011 - 2019 
Reguffe S/Partido DF 2015 - 2023 
 
Fonte: Website do Senado Federal, acessado em 19/09/2017. 
http://www25.senado.leg.br/web/senadores/em-exercicio/-/e/por-partido 
 
Apesar desse alto número de partidos (que para alguns pode se tratar de um 
indicador da solidez da democracia brasileira), há de se considerar que não existem 
13 
 
tantas ideologias diferentes assim que justifique um número tão expressivo de 
partidos políticos. 
E isso pode ser observado considerando que, apesar de tantos partidos (o 
que era de se esperar que boa parte dos brasileiros se sentisse representada por 
algum deles), as pesquisas indicam que 71% dos brasileiros dizem não ter nenhum 
partido de preferência, ou seja, não se sentem representados por partido algum, 
conforme a figura abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Pesquisa Datafolha Fevereiro 2015 
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/02/1587139-71-dos-brasileiros-nao-tem-partido-de-
preferencia.shtml 
14 
 
E qual é o motivo para que isso aconteça? 
 
Hoje, a legislação brasileira fornece anualmente aos partidos políticos 
centenas de milhões de reais por meio do Fundo Partidário (nome popular dado ao 
Fundo de Assistência Financeira aos Partidos Políticos, criado em 1965 no governo 
de Castello Branco) e também do tempo de TV (garantias expressas no Capítulo V 
da Constituição de 1988). 
Isso significa que todos os partidos políticos têm um bom tempo de 
propaganda anual em uma mídia ainda extremamente importante (como a televisão) 
e que todos eles, independentemente de representarem ou não seus eleitores, já 
receberão milhões do orçamento público. Além disso, recentemente e em plena 
crise, o Fundo Partidário foi triplicado, com partidos já recebendo mais de 100 
milhões de reais do bolso do contribuinte, pagador de impostos. 
A lei eleitoral estipula que 90% do tempo de TV sejam distribuídos 
proporcionalmente ao tamanho da bancada de cada partido na Câmara, os outros 
10% são divididos igualmente entre todas as 35 legendas oficialmente registradas 
no país. 
Já no que refere ao Fundo Partidário, a lei determina que 95% dele sejam 
distribuídos proporcionalmente às bancadas (de acordo com a quantidade de votos 
que cada partido obteve para a Câmara dos Deputados nas últimas eleições gerais) 
e somente 5% dos recursos são divididos igualmente entre todos os partidos. 
Nas eleições municipais de 2016, esse fundo ganhou uma nova importância, já que 
as doações empresariais foram proibidas. 
Desse modo, o financiamento público é um grande incentivo para a criação de 
novos partidos, já que eles ganharão milhões através do fundo partidário e também 
terão tempo de TV para, durante o ano eleitoral, negociar com candidatos de 
grandes partidos que concorrem a cargos majoritários (prefeito, governador e 
presidente) em troca de cargos em futuras administrações ou apoios em pleitos 
proporcionais. 
Portanto, alguns questionamentos são pertinentes, tais como: 
- os partidos menores existiriam caso não existisse o Fundo Partidário? 
 
15 
 
- se os cidadãos não fossem obrigados (por lei) a darem parte de sua renda para 
esses partidos, eles os financiariam voluntariamente? 
 
Mas, independentemente da discussão de ser justo ou não que partidos 
pouco expressivos ou partidos grandes (e já bem conhecidos) recebam milhões dos 
pagadores de impostos (e ainda tenham seu orçamento triplicado em plena crise), o 
financiamento público milionário faz com que os partidos não precisem agradar os 
seus eleitores, pois não dependem destes para existir. Pelo contrário, hoje um 
partido depende de sua conexão com políticos eleitos para que venham para sua 
legenda, aumentando automaticamente o percentual do Fundo Partidário a que o 
partido tem direito. 
Portanto, essa contribuição obrigatória dos cidadãos para partidos através de 
impostos faz com que os partidos se preocupem mais em agradar outros políticos e 
não a população. Isso prejudica e corrompe o sistema representativo, colocando em 
questionamento a necessidade da existência de partidos políticos. 
Atualmente, está tramitando no Congresso a Reforma Política, onde está 
sendo analisado o Projeto de Lei 8612/17 e também a Proposta de Emenda à 
Constituição (PEC) 282/16 em segundo turno. 
O Projeto de Lei 8612/17 modifica a Lei das Eleições 9.504/97 e cria o Fundo 
Especial de Financiamento da Democracia (FFD), de execução obrigatória, com a 
finalidade de prover recursos financeiros para o custeio das atividades eleitorais e da 
realização dos plebiscitos e referendos). 
Já a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 282/16 veda coligações para 
eleições proporcionais e cria uma cláusula de desempenho para o acesso de 
partidos ao Fundo Partidário e ao tempo de propaganda em rádio e TV). 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
CONCLUSÕES 
 
Numa democracia representativa partidos políticos podem e devem existir e 
deveriam buscar seu financiamento através de contribuições de pessoas que se 
identificam com as suas ideias. O financiamento público enfraquece a relação entre 
os partidos e a população, pois faz com que os mesmos não dependam diretamente 
desta para existir e incentiva o aumento do número de partidos pouco expressivos. 
Aparentemente, o financiamento público poderia ter vida longa, pois 
atualmente dos 35 partidos apenas um (o Partido Novo) é contrário à sua existência. 
Porém, a crescente insatisfação da população com os partidos faz com que esse 
tipo de financiamento seja revisto, o que também motiva a atual Reforma Política 
que está em tramitação no Congresso. 
Nos últimos anos, há uma desconfiança com o atual modelo representativo 
partidário, já que os cidadãos se sentem cada vez menos representados por 
políticos cada vez mais envolvidos em escândalos de corrupção, fazendo com que 
os partidos percam o seu significado para os eleitores. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
BUSCHEL, Inês do Amaral, 21 de setembro de 2010, 
https://blogdaines.wordpress.com/2010/09/21/democracia-representativa-e-partidos-
politicos 
 
Website Portal Consciência Política, 
http://www.portalconscienciapolitica.com.br/products/representacao-politica/ 
 
KINZO, Maria D’Alva, Representação Política e Sistema Eleitoral no Brasil, Ed. 
Edições Símbolo, 1980. 
 
Website do TSE, http://www.tse.jus.br/partidos/partidos-politicos/registrados-no-tse 
 
Website Portal da Câmara dos Deputados Federais, 
http://www.camara.leg.br/Internet/Deputado/bancada.asp 
17 
 
Website do Senado
Federal, 
http://www25.senado.leg.br/web/senadores/em-exercicio/-/e/por-partido 
 
Pesquisa Datafolha Fevereiro 2015, 
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/02/1587139-71-dos-brasileiros-nao-tem-
partido-de-preferencia.shtml 
 
Website Politize, http://www.politize.com.br/fundo-partidario-como-funciona/ 
 
Website Portal da Câmara dos Deputados Federais, acessado em 26/09/2017, 
http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/POLITICA/543467-PLENARIO-
RETOMA-VOTACAO-DA-REFORMA-POLITICA-NESTA-TERCA.html 
 
Website Portal da Câmara dos Deputados Federais, acessado em 26/09/2017, 
http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/POLITICA/543360-RELATOR-
DEFENDE-PROJETO-DE-LEI-QUE-CRIA-FUNDO-PUBLICO-PARA-CUSTEAR-
CAMPANHAS.html 
 
Website Portal da Câmara dos Deputados Federais, acessado em 26/09/2017, 
http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/POLITICA/542377-CAMARA-
APROVA-TEXTO-BASE-DE-PEC-QUE-ALTERA-REGRAS-DE-COLIGACOES-E-
DE-ACESSO-AO-FUNDO-PARTIDARIO.html

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