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UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS CURSO DE DIREITO – CAMPUS ALPHAVILLE OS PARTIDOS POLÍTICOS BRASILEIROS SÃO REPRESENTATIVOS? SANTANA DE PARNAÍBA 2017 OS PARTIDOS POLÍTICOS BRASILEIROS SÃO REPRESENTATIVOS? Trabalho referente à disciplina de Ciência Política da Universidade Paulista - 1°/ 2° semestre. Santana de Parnaíba, Outubro de 2017 Prof. MÁRIO LUIZ GUIDE RESUMO Diante da impossibilidade de se ouvir tanta gente dando opinião ao mesmo tempo sobre questões políticas, econômicas, sociais e culturais de um determinado território nasceu, no final do século 19, a democracia representativa. Desde então (e diante da explosão demográfica por todas as partes) ficou inviável para as sociedades de massas modernas realizarem suas assembléias da mesma forma como antes se fazia na Grécia antiga. Surgiu então a ideia de representatividade: pessoas (políticos) se candidatariam e seriam ou não eleitas pelo povo, através de votação, para fazer valer a vontade dos eleitores na administração da coisa pública (ou seja, da riqueza daquela nação), bem como dos direitos humanos e tudo o mais que fosse necessário para garantir a harmonia e a paz social daquele povo. Os políticos representariam a necessidade e a vontade de seus eleitores. Então, nasceram os partidos políticos cujo objetivo era organizar os pleitos, fazer propostas e lançar candidatos para conquistar eleitores para suas bandeiras e projetos. Portanto, antes de iniciar a discussão sobre o respectivo tema é de suma importância abordar e conhecer alguns conceitos que estão envolvidos nesse tema, como a “democracia representativa” e a “representação política”. SUMÁRIO A Democracia Representativa ..................................................................................... 5 A diferença entre Democracia Representativa e Democracia Direta ....................... 5 A Democracia Representativa no Brasil .................................................................. 6 A Representação Política ............................................................................................ 6 A Representação Política no Brasil ......................................................................... 8 Os Partidos Políticos no Brasil .................................................................................... 9 Conclusões................................................................................................................ 16 Referências Bibliográficas ......................................................................................... 16 5 A DEMOCRACIA REPRESENTATIVA A democracia representativa (ou democracia indireta) é o exercício do poder político pela população eleitora não diretamente, mas através de seus representantes, por si designados, com mandato para atuar em seu nome e por sua autoridade, isto é, legitimados pela soberania popular. Em seu sentido etimológico, a democracia é um modelo de governo em que a soberania é exercida pelo povo. Neste contexto, toda a população tem o direito de expressar a sua opinião na hora de eleger um dos representantes disponíveis. A principal base da democracia representativa é o voto direto, ou seja, o meio pelo qual a população pode avaliar todos os candidatos a representantes do povo e escolher aqueles que consideram mais aptos para representá-lo, ou seja, que possam defender, gerir, estabelecer e executar todos os interesses da população. Os representantes eleitos através do voto direto podem ser vereadores, deputados (estaduais e federais), senadores, governadores, etc. No entanto, para que haja a eficiência do regime democrático representativo, todas as pessoas que tenham sido eleitas pelo povo para ocupar cargos públicos no Poder Legislativo e no Poder Executivo devem ser constantemente renovadas, ou seja, são estipulados períodos fixos para que haja novas eleições. Apesar de, teoricamente, a função das pessoas que foram eleitas é a de representar os direitos e interesses daqueles que os elegeram, vários exemplos de sistemas democráticos pelo mundo mostram que a relação entre os representantes e a população é bastante questionável. A diferença entre Democracia Representativa e Democracia Direta A democracia é representativa (ou indireta) quando o povo elege, através do voto direto, representantes que possam ocupar cargos públicos e que se reúnam em espaços de discussão, como o Parlamento, Câmaras, Congresso e etc, com o objetivo de debater questões de interesse da população em geral. A chamada democracia direta (ou democracia pura), por sua vez, é quando cada cidadão tem a sua participação direta nas escolhas e decisões de seu 6 interesse. Este modelo de democracia funciona em pequenas comunidades, onde a população não é muito numerosa, pois o contrário dificultaria a contagem de votos, além da discussão para que possam chegar a um consenso sobre os interesses comuns. A Democracia Representativa no Brasil O Brasil é um país governado sob o regime de uma democracia representativa, com voto obrigatório, ou seja, os cidadãos brasileiros são obrigados a votar nos representantes que acharem mais adequados para representá-los. Caso o cidadão não queira votar, este deverá justificar o não comparecimento às urnas de votação, com o risco de pagar multas ou sofrer restrições em alguns direitos cívicos, como participar de concursos públicos. Como o Brasil é uma república democrática, a população elege os principais representantes que, além do Presidente da República, são formados por governadores, senadores, deputados, vereadores, prefeitos e etc. A REPRESENTAÇÃO POLÍTICA De acordo com Maria D’Alva Kinzo (Representação Política e Sistema Eleitoral no Brasil, Ed. Edições Símbolo, 1980, p.21), o conceito de representação política tem sido usado nos mais diversos sentidos, assumindo tão ampla conotação que tem servido para justificar o poder em regimes dos mais diferentes matizes. Kinzo afirma que, desde estadistas que assumiram o poder pela via eleitoral até aqueles sustentados por regimes autoritários (e dizem-se representantes do povo de sua nação), o conceito e a prática da representação política nem sempre têm sido relacionados com a democracia e a liberdade. Para Kinzo, a representação política possui vários sentidos dados por políticos e teóricos políticos. O primeiro modo de se entender o “conceito de representação” foi dada pela visão de Thomas Hobbes, numa concepção centrada na ideia de autoridade. O segundo enfoque é aquele que desenvolve a ideia da 7 representação como reflexo de alguma coisa ou alguém. E a terceira centraliza a discussão na própria atividade de representar. Considerando a visão de Hobbes, o “conceito de representação política” advém da ideia de autoridade. Hobbes parte da noção de que, tendo um homem o direito de executar uma ação, ou seja, a propriedade da ação (o que ele denomina de “autor”), este homem pode executá-la ele mesmo, ou pode autorizar alguém a fazê-la por ele. Essa questão se coloca da seguinte forma no domínio da política: partindo da ideia do estado de natureza (que é um estado de guerra de todos contra todos e onde a luta permanente de uns contra os outros por desejos conflitantes impossibilitaria a convivência entre os homens) surge a necessidade de um pacto social (Os Contratualistas) a fim de criar uma união duradoura entre eles. E é devido a essa necessidade que os homens criam um Estado, autorizando um, entre eles, a representá-los. Embora Hobbes tenha sido um dos primeiros a pensar a representação como uma questão de autoridade, Kinzo afirma que não foi o único a defender esta ideia, pois muitos teóricos políticos modernos incorporaram esta definição, seja em sua versão original, seja dando origem a uma versão modificada, salientando o modo como a autoridade é atribuída. Marx Weber também desenvolveu uma concepção semelhante à de Hobbes. Para ele: “a ação de certos membros de um grupo é atribuída ao resto; ou se supõe, e de fato ocorre, que o resto considera a ação como “legitíma” para eles próprios e assumindo para eles um caráter de compromisso” (Representação Política e Sistema Eleitoral no Brasil, Ed. Edições Símbolo, 1980, p.23). A representação implica autoridade de certos membros específicos para agir pelo grupo, sendo que autoridade implica consentimento e legitimidade. Portanto, quando a ação é legitimada, quem consente está comprometido com a ação. Da mesma forma, é correto dizer que representar é de algum modo refletir os representados. Em se tratando da concepção descritiva é plausível afirmar que uma das maneiras de assegurar a relação entre representantes e representados é através da presença de um corpo legislativo de representantes de todos os segmentos da população ou ainda, de um grupo ou classe social que tem alguns de seus membros presentes na legislatura. 8 A Representação Política no Brasil Sabe-se que a eleição já existia no Brasil durante o período colonial para a escolha dos representantes das câmaras municipais. Nesse período, este procedimento do voto oral e aberto advinha da noção de que o voto constituía, na época, de um ato público e uma forma do eleitor manter abertamente suas opiniões (embora, na verdade, funcionasse como uma forma de controlar o voto). Por outro lado, atendia a uma questão prática já que o direito de voto se estendia aos analfabetos também. Além da participação desigual nesse processo de escolha dos representantes, uma grande parcela da população estava marginalizada do sistema representativo, tais como os escravos, os que não atingiam a renda exigida e as mulheres (cuja exclusão nem constava no texto constitucional). Atualmente, o voto no Brasil é obrigatório para todas as pessoas maiores de 18 anos e facultativo para os analfabetos, para os maiores de 70 anos e para os jovens entre 16 e 18 anos. Entretanto, independente da época, a representação política pode ser pensada considerando-se duas questões fundamentais: o que deve fazer um representante e como ele deve agir? Uma resposta plausível para estas questões poderia ser resumida nestas duas afirmativas: a) um representante deve representar um interesse determinado e um grupo de representantes deve representar o interesse da nação; b) um representante deve ser independente na sua atividade de representar. Ao discutir sobre “representante” e “representado” é necessário analisar o papel que os partidos políticos desempenham neste processo, afinal é através de um partido político que alguém pode se fazer representar, seja na esfera do poder executivo (presidente, governadores, prefeitos) ou do poder legislativo (senadores, deputados federais e estaduais, vereadores). 9 OS PARTIDOS POLÍTICOS NO BRASIL Atualmente há no Brasil 35 partidos políticos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde 26 partidos tem representação no Parlamento brasileiro (dos quais apenas 16 contam com parlamentares tanto na Câmara quanto no Senado), conforme tabelas abaixo. Bancada da Câmara dos Deputados Federais (Exercício 2015 – 2019): Partido/ Bloco Bancada Líder / Representante Nome do Partido / Bloco PMDB 61 Baleia Rossi Partido do Movimento Democrático Brasileiro PT 58 Carlos Zarattini Partido dos Trabalhadores Bloco PP, PTdoB 50 Arthur Lira Bloco Parlamentar PP, PTdoB PSDB 45 Ricardo Tripoli Partido da Social Democracia Brasileira PR 38 José Rocha Partido da República PSD 38 Marcos Montes Partido Social Democrático PSB 36 Tereza Cristina Partido Socialista Brasileiro DEM 29 Efraim Filho Democratas Bloco PTB, PROS, PSL, PRP 27 Jovair Arantes Bloco Parlamentar PTB, PROS, PSL, PRP PRB 22 Cleber Verde Partido Republicano Brasileiro PDT 21 Weverton Rocha Partido Democrático Trabalhista PODE 17 Ricardo Teobaldo Podemos SD 14 Aureo Solidariedade PCdoB 12 Alice Portugal Partido Comunista do Brasil PSC 10 Professor Victório Galli Partido Social Cristão 10 PPS 9 Arnaldo Jordy Partido Popular Socialista PHS 7 Diego Garcia Partido Humanista da Solidariedade PV 6 Leandre Partido Verde PSOL 6 Glauber Braga Partido Socialismo e Liberdade REDE 4 João Derly Rede Sustentabilidade PEN 3 Junior Marreca Partido Ecológico Nacional Total 513 Fonte: Website Portal da Câmara dos Deputados Federais, acessado em 19/09/2017. http://www.camara.leg.br/Internet/Deputado/bancada.asp Senadores em Exercício (55ª Legislatura / 2015 – 2019): Nome Partido UF Período Davi Alcolumbre DEM AP 2015 - 2023 José Agripino DEM RN 2011 - 2019 Maria do Carmo Alves DEM SE 2015 - 2023 Ronaldo Caiado DEM GO 2015 - 2023 Vanessa Grazziotin PCdoB AM 2011 - 2019 Acir Gurgacz PDT RO 2015 - 2023 Ângela Portela PDT RR 2011 - 2019 Airton Sandoval PMDB SP 2011 - 2019 Dário Berger PMDB SC 2015 - 2023 Edison Lobão PMDB MA 2011 - 2019 Eduardo Braga PMDB AM 2011 - 2019 Elmano Férrer PMDB PI 2015 - 2023 Eunício Oliveira PMDB CE 2011 - 2019 Fernando Bezerra Coelho PMDB PE 2015 - 2023 Garibaldi Alves Filho PMDB RN 2011 - 2019 Hélio José PMDB DF 2011 - 2019 Jader Barbalho PMDB PA 2011 - 2019 João Alberto Souza PMDB MA 2011 - 2019 11 José Maranhão PMDB PB 2015 - 2023 Kátia Abreu PMDB TO 2015 - 2023 Marta Suplicy PMDB SP 2011 - 2019 Raimundo Lira PMDB PB 2011 - 2019 Renan Calheiros PMDB AL 2011 - 2019 Roberto Requião PMDB PR 2011 - 2019 Romero Jucá PMDB RR 2011 - 2019 Rose de Freitas PMDB ES 2015 - 2023 Simone Tebet PMDB MS 2015 - 2023 Valdir Raupp PMDB RO 2011 - 2019 Waldemir Moka PMDB MS 2011 - 2019 Zeze Perrella PMDB MG 2011 - 2019 Alvaro Dias PODE PR 2015 - 2023 José Medeiros PODE MT 2011 - 2019 Romário PODE RJ 2015 - 2023 Ana Amélia PP RS 2011 - 2019 Benedito de Lira PP AL 2011 - 2019 Ciro Nogueira PP PI 2011 - 2019 Gladson Cameli PP AC 2015 - 2023 Ivo Cassol PP RO 2011 - 2019 Roberto Muniz PP BA 2011 - 2019 Wilder Morais PP GO 2011 - 2019 Cristovam Buarque PPS DF 2011 - 2019 Eduardo Lopes PRB RJ 2011 - 2019 Cidinho Santos PR MT 2011 - 2019 Magno Malta PR ES 2011 - 2019 Vicentinho Alves PR TO 2011 - 2019 Wellington Fagundes PR MT 2015 - 2023 Antonio Carlos Valadares PSB SE 2011 - 2019 João Capiberibe PSB AP 2011 - 2019 Lídice da Mata PSB BA 2011 - 2019 Lúcia Vânia PSB GO 2011 - 2019 Roberto Rocha PSB MA 2015 - 2023 Pedro Chaves PSC MS 2011 - 2019 12 Aécio Neves PSDB MG 2011 - 2019 Antonio Anastasia PSDB MG 2015 - 2023 Ataídes Oliveira PSDB TO 2011 - 2019 Cássio Cunha Lima PSDB PB 2011 - 2019 Dalirio Beber PSDB SC 2011 - 2019 Eduardo Amorim PSDB SE 2011 - 2019 Flexa Ribeiro PSDB PA 2011 - 2019 José Serra PSDB SP 2015 - 2023 Paulo Bauer PSDB SC 2011 - 2019 Ricardo Ferraço PSDB ES 2011 - 2019 Tasso Jereissati PSDB CE 2015 - 2023 Lasier Martins PSD RS 2015 - 2023 Omar Aziz PSD AM 2015 - 2023 Otto Alencar PSD BA 2015 - 2023 Sérgio Petecão PSD AC 2011 - 2019 Armando Monteiro PTB PE 2011 - 2019 Telmário Mota PTB RR 2015 - 2023 Fernando Collor PTC AL 2015 - 2023 Fátima Bezerra PT RN 2015 - 2023 Gleisi Hoffmann PT PR 2011 - 2019 Humberto Costa PT PE 2011 - 2019 Jorge Viana PT AC 2011 - 2019 José Pimentel PT CE 2011 - 2019 Lindbergh Farias PT RJ 2011 - 2019 Paulo Paim PT RS 2011 - 2019 Paulo Rocha PT PA 2015 - 2023 Regina Sousa PT PI 2011 - 2019 Randolfe Rodrigues REDE AP 2011 - 2019 Reguffe S/Partido DF 2015 - 2023 Fonte: Website do Senado Federal, acessado em 19/09/2017. http://www25.senado.leg.br/web/senadores/em-exercicio/-/e/por-partido Apesar desse alto número de partidos (que para alguns pode se tratar de um indicador da solidez da democracia brasileira), há de se considerar que não existem 13 tantas ideologias diferentes assim que justifique um número tão expressivo de partidos políticos. E isso pode ser observado considerando que, apesar de tantos partidos (o que era de se esperar que boa parte dos brasileiros se sentisse representada por algum deles), as pesquisas indicam que 71% dos brasileiros dizem não ter nenhum partido de preferência, ou seja, não se sentem representados por partido algum, conforme a figura abaixo: Fonte: Pesquisa Datafolha Fevereiro 2015 http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/02/1587139-71-dos-brasileiros-nao-tem-partido-de- preferencia.shtml 14 E qual é o motivo para que isso aconteça? Hoje, a legislação brasileira fornece anualmente aos partidos políticos centenas de milhões de reais por meio do Fundo Partidário (nome popular dado ao Fundo de Assistência Financeira aos Partidos Políticos, criado em 1965 no governo de Castello Branco) e também do tempo de TV (garantias expressas no Capítulo V da Constituição de 1988). Isso significa que todos os partidos políticos têm um bom tempo de propaganda anual em uma mídia ainda extremamente importante (como a televisão) e que todos eles, independentemente de representarem ou não seus eleitores, já receberão milhões do orçamento público. Além disso, recentemente e em plena crise, o Fundo Partidário foi triplicado, com partidos já recebendo mais de 100 milhões de reais do bolso do contribuinte, pagador de impostos. A lei eleitoral estipula que 90% do tempo de TV sejam distribuídos proporcionalmente ao tamanho da bancada de cada partido na Câmara, os outros 10% são divididos igualmente entre todas as 35 legendas oficialmente registradas no país. Já no que refere ao Fundo Partidário, a lei determina que 95% dele sejam distribuídos proporcionalmente às bancadas (de acordo com a quantidade de votos que cada partido obteve para a Câmara dos Deputados nas últimas eleições gerais) e somente 5% dos recursos são divididos igualmente entre todos os partidos. Nas eleições municipais de 2016, esse fundo ganhou uma nova importância, já que as doações empresariais foram proibidas. Desse modo, o financiamento público é um grande incentivo para a criação de novos partidos, já que eles ganharão milhões através do fundo partidário e também terão tempo de TV para, durante o ano eleitoral, negociar com candidatos de grandes partidos que concorrem a cargos majoritários (prefeito, governador e presidente) em troca de cargos em futuras administrações ou apoios em pleitos proporcionais. Portanto, alguns questionamentos são pertinentes, tais como: - os partidos menores existiriam caso não existisse o Fundo Partidário? 15 - se os cidadãos não fossem obrigados (por lei) a darem parte de sua renda para esses partidos, eles os financiariam voluntariamente? Mas, independentemente da discussão de ser justo ou não que partidos pouco expressivos ou partidos grandes (e já bem conhecidos) recebam milhões dos pagadores de impostos (e ainda tenham seu orçamento triplicado em plena crise), o financiamento público milionário faz com que os partidos não precisem agradar os seus eleitores, pois não dependem destes para existir. Pelo contrário, hoje um partido depende de sua conexão com políticos eleitos para que venham para sua legenda, aumentando automaticamente o percentual do Fundo Partidário a que o partido tem direito. Portanto, essa contribuição obrigatória dos cidadãos para partidos através de impostos faz com que os partidos se preocupem mais em agradar outros políticos e não a população. Isso prejudica e corrompe o sistema representativo, colocando em questionamento a necessidade da existência de partidos políticos. Atualmente, está tramitando no Congresso a Reforma Política, onde está sendo analisado o Projeto de Lei 8612/17 e também a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 282/16 em segundo turno. O Projeto de Lei 8612/17 modifica a Lei das Eleições 9.504/97 e cria o Fundo Especial de Financiamento da Democracia (FFD), de execução obrigatória, com a finalidade de prover recursos financeiros para o custeio das atividades eleitorais e da realização dos plebiscitos e referendos). Já a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 282/16 veda coligações para eleições proporcionais e cria uma cláusula de desempenho para o acesso de partidos ao Fundo Partidário e ao tempo de propaganda em rádio e TV). 16 CONCLUSÕES Numa democracia representativa partidos políticos podem e devem existir e deveriam buscar seu financiamento através de contribuições de pessoas que se identificam com as suas ideias. O financiamento público enfraquece a relação entre os partidos e a população, pois faz com que os mesmos não dependam diretamente desta para existir e incentiva o aumento do número de partidos pouco expressivos. Aparentemente, o financiamento público poderia ter vida longa, pois atualmente dos 35 partidos apenas um (o Partido Novo) é contrário à sua existência. Porém, a crescente insatisfação da população com os partidos faz com que esse tipo de financiamento seja revisto, o que também motiva a atual Reforma Política que está em tramitação no Congresso. Nos últimos anos, há uma desconfiança com o atual modelo representativo partidário, já que os cidadãos se sentem cada vez menos representados por políticos cada vez mais envolvidos em escândalos de corrupção, fazendo com que os partidos percam o seu significado para os eleitores. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BUSCHEL, Inês do Amaral, 21 de setembro de 2010, https://blogdaines.wordpress.com/2010/09/21/democracia-representativa-e-partidos- politicos Website Portal Consciência Política, http://www.portalconscienciapolitica.com.br/products/representacao-politica/ KINZO, Maria D’Alva, Representação Política e Sistema Eleitoral no Brasil, Ed. Edições Símbolo, 1980. Website do TSE, http://www.tse.jus.br/partidos/partidos-politicos/registrados-no-tse Website Portal da Câmara dos Deputados Federais, http://www.camara.leg.br/Internet/Deputado/bancada.asp 17 Website do Senado Federal, http://www25.senado.leg.br/web/senadores/em-exercicio/-/e/por-partido Pesquisa Datafolha Fevereiro 2015, http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/02/1587139-71-dos-brasileiros-nao-tem- partido-de-preferencia.shtml Website Politize, http://www.politize.com.br/fundo-partidario-como-funciona/ Website Portal da Câmara dos Deputados Federais, acessado em 26/09/2017, http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/POLITICA/543467-PLENARIO- RETOMA-VOTACAO-DA-REFORMA-POLITICA-NESTA-TERCA.html Website Portal da Câmara dos Deputados Federais, acessado em 26/09/2017, http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/POLITICA/543360-RELATOR- DEFENDE-PROJETO-DE-LEI-QUE-CRIA-FUNDO-PUBLICO-PARA-CUSTEAR- CAMPANHAS.html Website Portal da Câmara dos Deputados Federais, acessado em 26/09/2017, http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/POLITICA/542377-CAMARA- APROVA-TEXTO-BASE-DE-PEC-QUE-ALTERA-REGRAS-DE-COLIGACOES-E- DE-ACESSO-AO-FUNDO-PARTIDARIO.html
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