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DIREITO ADMINISTRATIVO RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO 2 1. CONCEITO É o dever do estado de indenizar os danos (materiais e morais) decorrentes de ação ou omissão, lícita ou ilícita, praticada por seus agentes em desfavor de terceiros, somente havendo caso o agente pratique a ação no exercício de suas funções ou em razão dela. 2. FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL CF, art. 37, § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. RESP. DO ESTADO RESP. DO SERVIDOR Objetiva Subjetiva Independe de Dolo/Culpa Depende de Dolo/Culpa • A responsabilidade do agente pode ser na esfera civil (dano/prejuízo), penal (crime/contravenção) ou administrativa (dever/proibição), isolada ou cumulativamente; • A responsabilidade civil não atinge os órgãos, visto não possuem personalidade jurídica, sendo, portanto, atribuída ao Ente Federativo ao qual são vinculados; 3. EVOLUÇÃO 3.1. IRRESPONSABILIDADE DO ESTADO De acordo com a Teoria da irresponsabilidade, o Estado não poderia ser responsabilizado, pois o poder estatal tem origem religiosa e eventuais danos causados por sua atuação são atribuídos à providência divina. • É característica de regimes absolutistas, nos quais o rei não pode ser responsabilizado - the king can do no wrong – o rei não erra; 3.2. RESPONSABILIDADE COM CULPA COMUM De acordo com a Teoria civilista, o Estado poderia ser responsabilizado por ato culposo de seus agentes, devendo analisar se o prejuízo causado foi decorrente de ato de império ou ato de gestão. • A responsabilização do Estado era possível apenas quando o prejuízo fosse causado em decorrência de atos de gestão (sem supremacia estatal), cabendo ao particular a indicação do agente causador do dano bem como demonstrar sua culpa; 3 3.3. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA De acordo com a Teoria da culpa administrativa, o Estado pode ser responsabilizado por ato culposo de seus agentes, independentemente de o dano causado ser decorrente de ato de império ou ato de gestão. Responsabilidade Subjetiva Ato Dano Nexo Dolo/Culpa Responsabilidade Objetiva Ato Dano Nexo • O particular não possui o dever de identificar o agente causador do dano, sendo suficiente a demonstração de que o serviço público não funcionou de forma adequada ou que o Estado foi omisso na sua prestação, sendo, portanto, a culpa atribuída ao Estado (teoria da culpa anônima); • Aplica-se às empresas estatais (SEM e EP) exploradoras de atividade econômica, respondendo pelos danos que seus agentes causarem a terceiros da mesma forma que as empresas privadas; • Aplica-se na relação entre o Estado e o Agente causador do dano quando da pretensão do ressarcimento ao erário, por meio de ação regressiva ou processo administrativo, assegurados a ampla defesa e o contraditório. Vale ressaltar, ainda, que o ressarcimento é imprescritível quando se tratar de atos de improbidade administrativa ou ilícito penal; • O Estado só indenizará se for comprovado ao menos a culpa, devendo o eventual lesado comprovar o nexo causal entre o dano e a omissão estatal; • Aplica-se aos fenômenos da natureza, quando demonstrado que o dano seria evitado em caso da adequada prestação do serviço estatal; • A responsabilidade subjetiva é aplicada aos casos de omissão genérica, pois, em caso de omissão específica (pessoas sob guarda do Estado), a responsabilidade será objetiva (risco administrativo); 3.4. RESPONSABILIDADE OBJETIVA De acordo com a Teoria do risco administrativo, o Estado possui o dever de indenizar o particular, independentemente da demonstração de dolo ou culpa de seus agentes, sendo suficiente que haja um nexo de causalidade entre a conduta praticada e o dano causado. CAMPO DE APLICAÇÃO PJ de Direito Público (independentemente da atividade) - U/E/DF/M - Autarquia e Fundação autárquica PJ de Direito Privado (prestadora de serviço público) - SEM/EP - Fundação governamental 4 CF, art. 37, § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. Responsabilidade Objetiva Ato Dano Nexo Responsabilidade Subjetiva Ato Dano Nexo Dolo/Culpa • Em regra, a responsabilidade objetiva do Estado pressupõe uma conduta comissiva, não sendo admitida em caso de conduta omissiva, tratando-se, nesse caso, de responsabilidade subjetiva; • É fundamentada no princípio da isonomia, devendo toda a coletividade repartir a reparação do dano, visto que o Estado desempenha atividades de interesse de todos; • Admitem-se excludentes e atenuantes de responsabilidade, podendo, inclusive, causar a inversão no dever de indenizar, passando do Estado para o particular; Excludente de responsabilidade - Culpa exclusiva da vítima ou de terceiros - Caso fortuito ou força maior Atenuante de responsabilidade - Culpa concorrente da vítima • Em caso de culpa exclusiva da vítima, estará excluída a responsabilidade do Estado. Em caso de culpa concorrente da vítima, será reduzida a responsabilidade do Estado; • O ônus da prova em relação à presença de excludente de responsabilidade é da própria Administração, já que é a beneficiada com a exclusão; • De acordo com a Teoria do risco integral, o Estado possui o dever de indenizar os danos causados, não se admitindo qualquer excludente ou atenuante de responsabilidade, visto que atua como um “segurador universal”. Essa teoria é aplicada somente em situações específicas como acidentes nucleares, danos ambientais e terrorismo; • As entidades delegatárias, embora não integrem a Administração Pública, quando prestarem serviços públicos, respondem objetivamente em relação a terceiros usuários e não usuários do serviço, sendo possível, ainda, a responsabilização solidária do poder concedente quando o concessionário causar prejuízos e não possuir meios de arcar com a indenização– STF; • O ato praticado por funcionário de fato pode gerar responsabilidade objetiva do estado, mas o ato inexistente (usurpação de função) não; • O agente que gerar o dano deve estar atuando na condição de agente público, podendo o Estado entrar com ação regressiva contra ele, em caso de dolo ou culpa (responsabilidade subjetiva); • Excepcionalmente, quando o Estado estiver na posição de garantidor, a responsabilidade será objetiva, ainda que haja omissão – STF; 5 4. OBSERVAÇÕES IMPORTANTES • A ação de reparação de dano deve ser movida contra a Administração (pessoa jurídica), e não contra o agente que causou o dano, nem mesmo conjuntamente com o Estado – litisconsórcio passivo – STF; • Não cabe denunciação à lide, pois o Estado não pode transferir a responsabilidade objetiva que possui para o agente, uma vez que a responsabilidade deste é subjetiva – STF; • O particular possui 5 anos para ingressar com ação de reparação do dano contra o Estado e este tem prazo imprescritível para ingressar com ação regressiva contra o agente causador do dano em caso de improbidade administrativa; • A ação regressiva só é possível ao Estado após o trânsito em julgado, com o efetivo desembolso da indenização ao particular, sob pena de ensejar enriquecimento ilícito do Estado sem causa – STJ; • Tratando-se de crime o fato danoso, o prazo para ingressar com ação de ressarcimento começa a contar da data do trânsito em julgado da sentença penal condenatória – STJ; • Os atos legislativos não geram responsabilidade civil, exceto as leis declaradasinconstitucionais pelo STF e as leis de efeito concreto; • Os atos judiciais não geram responsabilidade civil do Estado, salvo nos casos de erro judiciário e prisão além do tempo fixado na sentença, ou seja, apenas erros na esfera penal; • Ainda que o réu seja absolvido ao final da ação penal, a decretação da prisão preventiva não gera responsabilidade civil, salvo em caso de inobservância de seus pressupostos legais – STF; • Incide responsabilidade civil objetiva do Estado quando, em processo judicial, o juiz, dolosamente, retardar providência requerida pela parte; • Caso haja condenação na esfera penal, a decisão condenará o servidor nas demais esferas; • Caso haja absolvição na esfera penal por negativa de autoria ou inexistência do fato, a decisão se estende às demais esferas; • Caso haja absolvição na esfera penal por outros motivos, a decisão não se estende às demais esferas; • O dano causado por obras públicas, quando decorrer da própria obra em si, gera responsabilidade civil objetiva (risco administrativo), tendo em vista que, a obra sendo pública, é justo que a coletividade reparta os danos ao erário; • O dano decorrente de obras públicas, quando decorrente da má execução, a responsabilidade será aquela inerente à personalidade jurídica de quem estiver executando a obra (Administração/Objetiva ou Particular/Subjetiva); 6 • A responsabilidade civil dos notários e oficiais de registro (tabeliães) é subjetiva, prescrevendo em 3 anos a ação de reparação; • A Administração Pública pode responder civilmente pelos danos causados por seus agentes, ainda que estes estejam amparados por causa excludente de ilicitude penal – STJ; • O Estado não responde civilmente por danos praticados por agrupamentos de pessoas ou multidões, visto que se trata de atos de terceiros que caracterizam uma excludente de causalidade, salvo quando se verificar a omissão do poder público em garantir a integridade do patrimônio danificado, hipótese em que a responsabilidade é subjetiva; • Em caso de nomeação de cargo público por decisão judicial, o servidor não faz jus à indenização sob o fundamento de que deveria ter sido investido em momento anterior, salvo em flagrante arbitrariedade – STF;
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