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8 Controle da Administração

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DIREITO 
ADMINISTRATIVO CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO 
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1. CONCEITO 
 
São instrumentos que o direito confere à própria Administração Pública (Poder 
Judiciário e Legislativo) ou ao povo para fiscalizar a atividade administrativa 
desenvolvida pelo poder público. 
 
CF/88, art. 70, Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou 
privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores 
públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de 
natureza pecuniária. 
 
ATRIBUTOS DO CONTROLE 
Vigilância Fiscalização e acompanhamento da gestão. 
Orientação Atuação preventiva para inibir condutas lesivas. 
Correção Assegurar o cumprimento da lei e recomposição do patrimônio lesado. 
Poder Sistema de freios e contrapesos (controle externo). 
Órgão Órgão fiscalizador em cada instituição pública (controle interno). 
Autoridade Fundamenta-se na autotutela da Administração sobre seus atos. 
 
• O Controle Administrativo não alcança as funções típicas dos Poderes Legislativo 
e Judiciário e dos órgãos autônomos (MP e TC); 
 
• O controle das atividades da administração federal deve ocorrer em todos os níveis 
e órgãos (sem exceções); 
 
Art. 6º As atividades da Administração Federal obedecerão aos seguintes princípios 
fundamentais: 
V - Controle. 
 
 
2. CLASSIFICAÇÕES 
 
1 Quanto ao alcance Interno Externo 
2 Quanto à natureza De legalidade De mérito 
3 Quanto ao órgão Administrativo Legislativo Judicial 
4 Quanto ao momento Prévio Concomitante Posterior 
 
 
QUANTO AO ALCANCE 
1 Interno 
Realizado por um órgão pertencente à mesma estrutura organizacional (mesmo 
Poder) da unidade controlada. 
Ex.: Controle ministerial sobre seus órgãos. 
2 Externo 
Realizado por um ente que não integra a mesma estrutura organizacional do 
órgão fiscalizado. 
Ex.: CN julgando as contas do Presidente. 
 
• Para Di Pietro, o controle exercido pela Administração Direta sobre a Indireta é 
considerado externo; 
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• O controle interno pode ser realizado por órgãos especializados que, ainda que 
pertençam ao mesmo Poder, não possuem vínculo hierárquico com o órgão 
controlado; 
 
 
QUANTO À NATUREZA 
1 De legalidade 
Realizado para avaliar se os requisitos legais foram observados quando da 
elaboração do ato. 
Ex.: Anulação, convalidação e homologação de atos. 
2 De mérito 
Realizado para verificação da aplicação do mérito administrativo, sendo 
privativo da Administração. 
Ex.: Revogação e confirmação de ato. 
 
• O controle de legalidade, quanto ao alcance, pode ser interno (exercido pela 
própria Administração) e externo (exercido pelo Judiciário ou Legislativo sobre os 
atos da Administração); 
 
 
QUANTO AO ÓRGÃO 
1 Administrativo 
Realizado pela Administração sobre seus próprios atos, decorrente de 
tutela ou autotutela. 
Ex.: Anulação e revogação de ato administrativo. 
2 Legislativo 
Realizado pelo Legislativo ou pelos Tribunais de Contas que lhes prestam 
auxílio. 
Ex.: Sabatina do Senado para o PR nomear ministro do STF. 
3 Judicial 
Realizado pelo Judiciário, incidindo sobre aspectos de legalidade, em 
decorrência do princípio da inafastabilidade jurisdicional. 
Ex.: Reintegração de servidor demitido ilegalmente. 
 
• O Legislativo possui o poder-dever de controle financeiro das atividades do 
Executivo, podendo apreciar o mérito do ato sob o aspecto da economicidade; 
 
 
QUANTO AO MOMENTO 
1 Prévio 
Realizado antes de o ato ser efetivado, visando evitar a ocorrência de 
irregularidades. 
Ex.: Aprovação pelo SF de empréstimo realizado por E/M/DF. 
2 Concomitante 
Realizado durante a efetivação do ato, visando corrigir possíveis 
irregularidades de forma tempestiva. 
Ex.: Fiscalização de obra pública. 
3 Posterior 
Realizado após a efetivação do ato, visando retificar ou ratificar o ato 
praticado. 
Ex.: Homologação de procedimento licitatório. 
 
 
 
 
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3. CONTROLE ADMINISTRATIVO 
 
É o poder de fiscalização que a Administração Pública (em sentido amplo) exerce 
sobre sua própria atuação, sob os aspectos de legalidade e mérito, por iniciativa 
própria ou mediante provocação (Di Pietro). 
 
• Não é privativo do Poder Executivo, podendo ser executado pelos demais Poderes 
nas suas funções atípicas; 
 
Súmula 473/STF - A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios 
que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de 
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os 
casos, a apreciação judicial. 
 
 REVOGAÇÃO ANULAÇÃO 
Limitação Material Sim Não 
Limitação Temporal Não Sim 
 
Lei 9.784/99, art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que 
decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em 5 anos, contados da data em que 
foram praticados, salvo comprovada má-fé. 
 
• O controle administrativo pode ser hierárquico (por meio da autotutela) ou não 
hierárquico (por meio da tutela e de órgãos especializados); 
 
 
3.1. DIREITO DE PETIÇÃO 
 
É o direito que assegura aos administrados a possibilidade de requerer 
providências e informações à Administração Pública. 
 
CF/88, art. 5, XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de 
taxas: 
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade 
ou abuso de poder; 
 
• O direito de petição, entre outras formas, pode ser exercido por meio de 
representação (o administrado leva a conhecimento da Administração 
irregularidade de que tem conhecimento), reclamação (oposição expressa a 
atos que afetem direitos legítimos), pedido de reconsideração (dirigido à 
mesma autoridade que proferiu a decisão) e recurso (dirigido à autoridade 
superior à que proferiu a decisão); 
 
• O recurso hierárquico pode ser próprio (dirigido à autoridade imediatamente 
superior à que proferiu a decisão) ou impróprio (dirigido à autoridade que 
não é superior à que proferiu a decisão, sendo admitido somente se previsto 
em lei); 
 
 
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• A revisão é uma petição apresentada em face de uma decisão administrativa 
que resultou em aplicação de sanção, visando desfazê-la ou abrandá-la (não 
é possível reformatio in pejus), podendo ocorrer a qualquer tempo, de ofício 
ou a pedido, desde que haja fato novo superveniente; 
 
 
3.2. SISTEMA DE CONTROLE INTERNO 
 
Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, 
sistema de controle interno com a finalidade de: 
I - Avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos 
programas de governo e dos orçamentos da União; 
II - Comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão 
orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, 
bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado; 
III - Exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos 
e haveres da União; 
IV - Apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional. 
 
• As finalidades evolvem o assessoramento da autoridade administrativa e o 
apoio ao controle externo; 
 
§ 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer 
irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao TCU, sob pena de responsabilidade 
solidária. 
 
• Não há relação de hierarquia entre o controle interno e o externo, mas relação 
de complementariedade; 
 
§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, 
na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o TCU. 
 
 
4. CONTROLE LEGISLATIVO 
 
É realizado pelo Poder Legislativo diretamente ou por meio dos Tribunais de Contas 
sobre os atos do Poder Executivo (controle externo). 
 
CF/88, art. 70. A fiscalizaçãocontábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da 
União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, 
economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo 
Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada 
Poder. 
 
• Quanto à natureza, será controle de mérito, visto que possui prerrogativa 
constitucional para atuar dessa forma; 
 
• De acordo com o princípio da simetria, E/DF/M devem seguir, no que couber, as 
disposições relativas à União; 
 
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CF/88, art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio 
do TCU, ao qual compete: 
 
• O controle externo é exercido nas esferas federal (Congresso Nacional), estadual 
(Assembleia Legislativa) e municipal (Câmara de vereadores); 
 
• Apesar de auxiliar o Congresso Nacional, o TCU não lhe é subordinado, apenas é 
responsável por desempenhar atividades de cunho técnico, que não podem ser 
desempenhadas pela Casa Legislativa; 
 
• O controle externo possui sujeito ativo (Congresso Nacional, auxiliado pelo TCU) 
e sujeito passivo (todos que administrem recursos públicos, independente de 
natureza jurídica ou Poder a que pertence); 
 
• Subvenção é a transferência de recurso orçamentário destinado a cobrir despesa 
de custeio de uma entidade beneficiada, que deverá prestar contas sempre que 
isso ocorrer; 
 
• Renúncia de receita é um benefício que reduz incidência de tributos, sendo 
aplicado por determinados órgãos e entidades, que serão controlados 
externamente em vista disso; 
 
 
4.1. CONTROLE PARLAMENTAR DIRETO/POLÍTICO 
 
Decorrente do sistema de freios e contrapesos, limita o poder dos governantes 
no que tange a determinadas atividades que são submetidas à apreciação do 
Poder Legislativo. 
 
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: 
V - Sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar 
ou dos limites de delegação legislativa; 
IX - Julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os 
relatórios sobre a execução dos planos de governo; 
X - Fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder 
Executivo, incluídos os da administração indireta; 
 
• Quando o Congresso Nacional susta um ato do Poder Executivo, não está 
anulando-o, visto que se trata de atribuição da própria Administração 
(autotutela) ou do Poder Judiciário (controle judicial); 
 
Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões, 
poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente 
subordinados à Presidência da República para prestarem, pessoalmente, informações 
sobre assunto previamente determinado, importando crime de responsabilidade a 
ausência sem justificação adequada. 
 
§ 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal poderão encaminhar 
pedidos escritos de informações a Ministros de Estado ou a qualquer das pessoas 
referidas no caput deste artigo, importando em crime de responsabilidade a recusa, ou o 
não - atendimento, no prazo de 30 dias, bem como a prestação de informações falsas. 
 
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4.2. CONTROLE PELO TRIBUNAL DE CONTAS 
 
Presente em todos as esferas da federação, possui a função de prestar auxílio 
técnico ao Poder Legislativo, evidenciando sua atribuição contábil-financeira. 
 
1 União Representado pelo Tribunal de Contas da União. 
2 Estado/DF 
Representado pelos TCEs, TCDF e pelos Tribunais de Contas dos 
Municípios (controle externo de todos os municípios do Estado). 
3 Município 
Representado somente pelo TCSP e TCRJ, sendo vedada a criação 
de outro tribunal de contas municipal. 
 
• O TCU possui 9 ministros, que são equiparados aos ministros do STJ e, quanto 
à posição estatal, é um órgão independente, ou seja, não possui qualquer 
relação de subordinação com qualquer dos três Poderes; 
 
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio 
do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: 
I - Apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante 
parecer prévio que deverá ser elaborado em 60 dias a contar de seu recebimento; 
 
• O TCU não julga as contas (quem julga é o Congresso Nacional), apenas 
aprecia e emite um parecer prévio no prazo de 60 dias, contados do 
recebimento das contas; 
 
• O parecer, embora conclusivo (aprovando ou rejeitando), não vincula o 
julgamento do Congresso Nacional (é meramente opinativo); 
 
II - Julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e 
valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades 
instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa 
a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; 
 
• O TCU não julga as contas do Poder Executivo, mas julga as contas dos 
Poderes Legislativo e Judiciário, bem como do MP, pois estas são 
consideradas contas de gestão e aquelas, contas políticas; 
 
III - Apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a 
qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e 
mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em 
comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, 
ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato 
concessório; 
 
Aprecia a legalidade 
- Atos de admissão de pessoal, a qualquer título; 
- Concessão de aposentadoria, reforma e pensão; 
Não aprecia a legalidade 
- Nomeação de cargo em comissão; 
- Melhorias posteriores relativas a aposentadoria, reforma 
e pensão que não alterem o fundamento legal; 
 
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• A apreciação de atos de pessoal (aposentadoria, reforma etc.) constitui ato 
administrativo complexo, aperfeiçoando-se com o registro do Tribunal de 
Contas – STF; 
 
Súmula Vinculante nº 3/STF - Nos processos perante o TCU, asseguram-se o 
contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou 
revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da 
legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão. 
 
• Os princípios do contraditório e da ampla defesa não são de observância 
compulsória na apreciação de concessões iniciais de aposentadorias, reformas 
e pensões, bem como de melhorias posteriores que alterem o fundamento 
legal do ato concessório, pois, nesses casos, o registro do TCU caracteriza 
apenas a manifestação para conclusão do ato complexo; 
 
• Em relação às concessões iniciais, não precisam ser submetidas a registro as 
aposentadorias de empregados públicos da administração indireta (EP e 
SEM), regidos pelo RGPS; 
 
• Quando houver um lapso temporal considerável (5 anos) entre a concessão 
da aposentadoria e sua apreciação, o TCU deve possibilitar o contraditório, em 
decorrência do princípio da segurança jurídica, considerando que o 
transcurso desse prazo em nada se relaciona com decadência – STF; 
 
• Se o TCU já tiver concedido o registro e pretender rever a decisão de ofício, 
fica sujeito ao prazo decadencial de 5 anos, devendo observar o contraditório 
e a ampla defesa, pois o ato já se encontra perfeito e acabado; 
 
• Após a publicação do registro pelo TCU, o ato é considerado perfeito e 
acabado, começando a contar o prazo decadencial de 5 anos para a 
Administração promover uma possível anulação, salvo má-fé do administrado; 
 
Súmula nº 6/STF - A revogação ou anulação, pelo Poder Executivo, de aposentadoria, 
ou qualquer outro ato aprovado pelo Tribunal de Contas, não produz efeitos antes de 
aprovada por aquele tribunal, ressalvada a competência revisora do Judiciário. 
 
Súmula nº 199/TCU - Salvo por sua determinação,não podem ser cancelados pela 
autoridade administrativa concedente, os atos originários ou de alterações, relativos a 
aposentadoria, reformas e pensões, já registrados pelo Tribunal de Contas, ao 
apreciar-lhes a legalidade, no uso da sua competência constitucional. 
 
• Caso a Administração deseje anular ou revogar qualquer ato de concessão já 
apreciado pelo TCU, deverá submeter novamente à sua apreciação; 
 
IV - Realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de 
Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, 
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos 
Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II; 
V - Fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a 
União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo; 
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VI - Fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante 
convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal 
ou a Município; 
VII - Prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas 
Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, 
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e 
inspeções realizadas; 
VIII - Aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de 
contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa 
proporcional ao dano causado ao erário; 
 
• As sanções passíveis de aplicação pelo TCU devem estar previstas em lei em 
sentido estrito, não sendo possível a previsão em regimento interno ou 
semelhante; 
 
• O TCU possui prerrogativa para adotar medidas cautelares, ainda que sem a 
oitiva da parte, para evitar danos ao erário, reais ou iminentes, ou situações 
que possam obstruir o exercício do controle externo; 
 
IX - Assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao 
exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade; 
X - Sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à 
Câmara dos Deputados e ao Senado Federal; 
XI - Representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados. 
 
§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso 
Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis. 
 
• Para sustação de contrato administrativo, é imprescindível a solicitação do 
Congresso Nacional ao Poder Executivo; 
 
§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de 90 dias, não efetivar as 
medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito. 
 
• O TCU pode determinar um prazo ao órgão ou entidade executora do 
contrato para que adote providências para regularização, sob pena de ser 
sustado pelo Tribunal, após a comunicação à CD e ao SF, podendo ele próprio 
decretar a sustação caso as Casas Legislativas não adotem medidas em 90 dias; 
 
• Em regra, o TCU susta apenas atos administrativos, sendo competência do 
Congresso Nacional sustar contratos, podendo ser adotada pelo TCU em 
caso de inércia por tempo maior que 90 dias; 
 
Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art. 166, §1º, diante de indícios 
de despesas não autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos não programados 
ou de subsídios não aprovados, poderá solicitar à autoridade governamental responsável 
que, no prazo de 5 dias, preste os esclarecimentos necessários. 
 
§ 1º Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes insuficientes, a 
Comissão solicitará ao Tribunal pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no prazo de 
30 dias. 
 
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§ 2º Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão, se julgar que o gasto possa 
causar dano irreparável ou grave lesão à economia pública, proporá ao Congresso 
Nacional sua sustação. 
 
Art. 74, § 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima 
para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o TCU. 
 
Súmula 347/STF - O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar 
a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público. 
 
• A apreciação de constitucionalidade incide apenas em matérias da 
competência do TCU (caso concreto), pois quem declara inconstitucionalidade 
é somente o Poder Judiciário (caso abstrato); 
 
• A apreciação de constitucionalidade se estende aos Tribunais de Contas dos 
Estados e dos Municípios; 
 
 
5. CONTROLE JUDICIAL 
 
É realizado pelo Poder Judiciário em caso de ilegalidade nos atos administrativos 
praticados pelo Poder Executivo e pelo próprio Judiciário ou pelo Legislativo quando 
desempenham funções atípicas. 
 
CF/88, art. 5, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a 
direito; 
 
• A possibilidade de recorrer ao Judiciário é uma evidência da aplicação do sistema 
de freios e contrapesos; 
 
• O controle judicial não age de ofício, devendo ser provocado por aquele que se 
achar prejudicado em algum direito (princípio da inércia judicial); 
 
• Quanto ao momento, o controle judicial será, em regra, posterior, mas nada 
impede que seja prévio; 
 
• O controle judicial não incide sobre aspectos de conveniência e oportunidade, ou 
seja, não avalia o mérito administrativo, não podendo, dessa forma, haver 
revogação; 
 
5.1. MANDADO DE SEGURANÇA 
 
CF/88, art. 5, LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido 
e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela 
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no 
exercício de atribuições do Poder Público; 
 
• É um remédio constitucional de caráter residual, pois só será cabível quando 
não for possível a impetração de habeas corpus ou habeas data; 
 
• Independente da esfera da decisão proferida, será sempre uma ação de 
natureza civil; 
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• O MS pode ser preventivo ou repressivo, é cabível diante de ato comissivo 
ou omissivo da autoridade, e as provas devem ser levadas aos autos do 
processo no momento da impetração; 
 
• O prazo para impetração é de 120 dias, contados da data da ciência do fato, 
sendo um prazo decadencial; 
 
Súmula 632/STF - É constitucional lei que fixa o prazo de decadência para a impetração 
de mandado de segurança. 
 
• Em caso de haver plausibilidade jurídica no pedido – fumus boni juris – e 
risco de dano irreparável ou de difícil reparação em decorrência da demora 
na decisão do MS – periculum in mora, poderá haver a concessão de liminar 
pelo Juiz, sendo que esta não implica um prejulgamento, mas apenas uma 
suspensão temporária do ato impugnado, que se estenderá até a prolação da 
sentença definitiva; 
 
NÃO CABE MANDADO DE SEGURANÇA 
1 Contra lei em tese e atos normativos. 
2 Contra atos de gestão comercial. 
3 Contra decisão judicial transitada em julgado. 
4 Contra atos internos. 
5 Contra ato do qual caiba recurso com efeito suspensivo. 
6 Como substituto da ação de cobrança. 
 
• A lei é um ato de efeito geral, abstrato e impessoal e, para ser questionada, 
deve ser utilizada a via apropriada para o controle de constitucionalidade; 
 
• O ato de gestão comercial não possui a característica de atividade pública; 
 
• A decisão judicial transitada em julgado não admite recurso, possuindo 
caráter de imutabilidade; 
 
• Os atos internos são produzidos no interior das instituições públicas, não 
alcançando, em regra, direitos individuais; 
 
• O recurso com efeito suspensivo, por si só, pode afastar o ato que é 
prejudicial; 
 
• A concessão de MS em ação de cobrança não resulta em efeitos 
patrimoniais referidos a períodos pretéritos; 
 
 
5.2. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVOCF/88, art. 5, LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: 
a) partido político com representação no Congresso Nacional; 
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em 
funcionamento há pelo menos 1 ano, em defesa dos interesses de seus membros ou 
associados; 
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• A exigência de ser legalmente constituído e estar em funcionamento há pelo 
menos 1 ano destina-se tão somente às associações; 
 
• A autorização dos titulares do direito é dispensada, visto que a entidade 
impetrante atua como substituto processual na relação jurídica, salvo se a via 
utilizada não for a do MSC, situação em que será necessária a autorização; 
 
Súmula 630/STF - A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança 
ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria. 
 
• O direito alegado deve ser subjetivo, líquido e certo de um grupo, categoria 
ou classe, não sendo possível utilizar o MSC para proteger direitos 
exclusivamente difusos; 
 
• Os efeitos do MSC não beneficiam o impetrante de MS individual que tenha 
o mesmo objeto, salvo se desistir da ação individual no prazo de 30 dias, 
contados da ciência da impetração do MSC; 
 
 
5.3. AÇÃO POPULAR 
 
CF/88, art. 5, LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que 
vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, 
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, 
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da 
sucumbência; 
 
• Cidadão é o brasileiro nato ou naturalizado e o português equiparado em 
gozo dos direitos políticos; 
 
• Pessoa Jurídica e Ministério Público não são legitimados para propor ação 
popular, entretanto, este poderá acompanhar a ação, atuar como fiscal ou 
substituto em caso de abandono da ação; 
 
• Os direitos defendidos pela ação são de interesse público (difusos); 
 
• Não pode ser proposta contra lei em tese, pois é essencial que o ato produza 
efeitos concretos; 
 
 
5.4. AÇÃO CIVIL PÚBLICA 
 
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: 
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio 
público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; 
 
§ 1º A legitimação do MP para as ações civis previstas neste artigo não impede a de 
terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei. 
 
• Diferentemente da ação popular, a ação civil pública pode ser proposta tanto 
pelo MP quanto por terceiros; 
 
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• A ação civil pública é preponderantemente condenatória (em dinheiro) ou 
mandamental (obrigação de fazer ou não fazer) e a ação popular é 
preponderantemente desconstitutiva (anular ato lesivo); 
 
• A ação civil pública é utilizada para apurar e sancionar atos de improbidade 
administrativa; 
 
 
6. CONTROLE SOCIAL 
 
É realizado diretamente pelo cidadão, podendo ser exercido no momento da 
formulação da política pública ou na fase de execução.

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