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DIREITO DO TRABALHO Roseane Aguiar ORIGEM 1º MOMENTO • A primeira forma de trabalho foi a escravidão; • O único direito que um escravo tinha era o de trabalhar. • Na Grécia para Platão e Aristóteles, o trabalho compreendia apenas a força física, sendo que, a dignidade do homem era restrita em participar dos negócios da cidade; • Enquanto os escravos faziam o trabalho pesado, os outros poderiam ser livres 2º MOMENTO • É a época de servidão, feudalismo, onde os senhores feudais davam a proteção política e militar aos servos • Os servos não eram livres, tinham que prestar serviços aos senhores feudais e, em troca, os senhores davam a eles o direito do uso da terra. 3º MOMENTO • Começa nesse momento um pouco de liberdade ao trabalhador; • Inicia-se as cooperações de ofício; • Tratavam-se de grupos profissionais que começaram a se especializar na produção de determinados produtos; • Existiam três figuras: 1. Os mestres (eram os proprietários das oficinas, pois já tinham passado pela prova ‘obra-mestra’); 2. Os companheiros (recebiam salários dos mestres); 3. Os aprendizes (ficavam sob responsabilidade dos mestres, poderiam lhe propor castigos corporais). REVOLUÇÃO FRANCESA O fim dessas corporações veio com a revolução francesa, por serem consideradas incompatíveis com o ideal de liberdade do homem. Em 1789 na Constituição Francesa, foi reconhecido o primeiro direito econômico social: o direito do trabalho. Houve a transformação do trabalho em emprego, onde os trabalhadores em geral passaram a trabalhar por salários. REVOLUÇÃO INDUSTRIAL O direito e o contrato de trabalho passaram a desenvolver com o surgimento da revolução industrial (com os maquinários inventados ocorreu muito desemprego onde substituíram a mão de obra humana). O proprietário das máquinas era o patrão, o qual detinha o poder de direção em relação ao trabalhador. Inicia aí a diferença entre o patrão e empregador, pois o empregador tinha o maquinário e o empregado, nada tinha. Por essa desigualdade surgiu ainda mais a necessidade de proteção ao trabalhador. Então, passa a ter um intervencionismo do estado, para que pudesse criar o bem estar social e as condições do trabalho. Em 1819 aprovou-se a lei a qual proibia o trabalho do menor de 9 anos e ainda especificava que a jornada de trabalho dos menores de 16 anos, era de 12 horas diárias, nas prensas de algodão. EVOLUÇÃO NO BRASIL No brasil, as primeiras constituições constavam apenas as formas de estado e sistemas de governos onde só posteriormente que passaram a atuar em todos os ramos do direito, inclusive os trabalhistas. Em 1971 foi aceita a Lei do Ventre Livre (os filhos dos escravos nasciam livres – até 8 anos, ficavam com o senhor ou sua mãe e, após isso, poderiam optar em receber uma indenização do estado ou usufruir de seus serviços até os 21 anos). Em 1885 foi aprovada a Lei do Sexagenário (libertava os escravos com mais de 60 anos) Em 1888 foi assinada a Lei Áurea, onde houve a abolição da escravidão. Com as revoluções na Europa e com as imigrações, começaram diversos movimentos operário reivindicando melhores condições de trabalho e salário. Apenas em 1934 a constituição passou a prever os direitos trabalhistas Surgiram diversas normas esparsas sobre as regras trabalhistas. Assim, veio a necessidade de uni-las e, então veio o Decreto-Lei 5452/43, aprovando a consolidação das Leis do trabalho (CLT). A CLT teve diversas reformas sendo a mais recente a Lei 13.467/2017 PRINCIPIOS DO DIREITO DO TRABALHO Os princípios são bases norteadoras do direito. Pode-se separar em 5 princípios: 1. Princípio da proteção Preza pela tentativa de igualdade na relação empregado-empregador para que nenhum deles tenham vantagens sobre o outro, tendo em vista que o empregado é subordinado ao empregador em seus direitos trabalhistas. No direito do trabalho, a preocupação é proteger uma das partes (o hipossuficiente – empregado), na busca de uma igualdade substancial. Esse princípio se subdivide em: • Indúbio pró operário; Nesse subprincípio diz que, na dúvida entre as normas, aplica-se aquilo que mais favorece o empregado, pois deve resguardar os direitos daquele que está em grau de inferioridade na relação trabalhista. • Da aplicação da norma mais favorável; O operador do direito deve optar pela norma mais favorável em 3 situações distintas: no instante da elaboração da regra, no confronto entre regras confrontantes, na interpretação das regras jurídicas. • Da condição mais benéfica. É a garantia dada ao empregado ao longo do contrato de trabalho, da aplicação da condição que mais o beneficia, dando uma garantia da preservação das cláusulas mais benéficas ao empregado ao longo de todo o contrato de trabalho. 2. Princípio da primazia da realidade; O direito do trabalho não observa apenas documentos e sim também a realidade dos fatos. O juiz caso observe que a realidade dos fatos está em desacordo com o contrato de trabalho, poderá considera-lo nulo. 3. Princípio da continuidade; A regra é que o contrato de trabalho seja por prazo indeterminado e, caso haja necessidade do desligamento do empregado o empregador é quem deve provar o motivo do término do contrato, quando negados a prestação de serviço. 4. Princípio da inalterabilidade contratual lesiva; Não é permitida a alteração do contrato de trabalho quando causar prejuízo ou lesividade ao empregado. Tendo duas exceções, poderá haver diminuição no salário do empregado quando a empresa está passando por uma situação de crise e em rebaixamento de trabalhador do patamar de cargo de confiança para cargo efetivo, o salário também poderá retroagir. 5. Princípio da irrenunciabilidade de direitos. Esse princípio torna os direitos dos trabalhadores irrenunciáveis, indisponíveis e inderrogáveis. Dessa forma, confere um importante mecanismo de proteção ao empregado em face da pressão exercida pelo empregador. RELAÇÃO DE TRABALHO A relação de trabalho compreende qualquer contraprestação de serviços efetuada por pessoa física, mediante remuneração. TRABALHADOR AUTÔNOMO É aquele exercido sem subordinação jurídica entre o trabalhador e o tomador de serviços, portanto, sem vínculo empregatício. Assume os riscos de suas atividades. TRABALHADOR AVULSO São características do trabalho avulso a intermediação do sindicato do trabalhador na colocação da mão-de-obra, a curta duração do serviço prestado a um beneficiado e a remuneração paga basicamente em forma de rateio procedido pelo sindicato. TRABALHADOR EVENTUAL/TEMPORÁRIO É o trabalho realizado em caráter esporádico (não tem habitualidade), eventual, de curta duração, geralmente um trabalho não relacionado à atividade fim da empresa. Nessa relação, não há continuidade na prestação de serviços. TRABALHADOR INSTITUCIONAL É o servidor público, seu regime não é o celetista, como uma relação entre particulares. Seu regime jurídico vai depender de qual órgão o servidor mantem o vínculo empregatício. ESTAGIÁRIO Não é empregado; não tem os direitos previstos na CLT aplicáveis às relações de emprego. RELAÇÕES DE EMPREGO CONCEITO Dar-se quando uma pessoa realiza qualquer contraprestação de serviços, sob dependência desta, em forma voluntária e mediante o pagamento de uma remuneração, qualquer que seja o ato que lhe dê origem Para a caracterização de uma relação de emprego, a qual existira vinculo empregatício precisamos de 5 requisitos cumulativos: 1. Pessoa física: quer dizer que não existe empregado como pessoa jurídica; 2. Pessoalidade: empregado é um trabalhador que presta pessoalmente os serviços; 3. Não eventualidade/Continuidade:empregado é um trabalhador não eventual; 4. Subordinação: empregado é um trabalhador cuja atividade é exercida sob dependências; 5. Onerosidade/Salário: empregado é um trabalhador assalariado, portanto, recebe uma retribuição. CONTRATO DE TRABALHO CONCEITO Haverá contrato de trabalho sempre que uma pessoa física se obriga a realizar atos, executar obras ou prestar serviços para outra e sob dependência desta, durante um período determinado ou indeterminado de tempo, mediante o pagamento de uma remuneração. O objeto do contrato é constituir uma obrigação, como qualquer outro contrato. Neste caso, a contraprestação do empregado é a prestação de serviço e do empregador é a remuneração mediante salário. São sujeitos ao contrato de trabalho: EMPREGADO Pessoa física a qual deve comparecer pessoalmente em seu serviço, com habitualidade, sob subordinação e salário de seu empregador ‘’Considera-se empregada toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob dependência deste e mediante salário’’ (CLT, art. 3º) EMPREGADOR Empresa individual ou coletiva, que assume o risco da atividade, admite, assalaria e dirige a prestação de serviços. ‘’Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação de pessoal de serviço.’’ (CLT, art. 2º) CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO Direito privado: as partes (empregado e empregador) são livres para pactuarem seu contrato de trabalho, porém, sempre respeitando a CF e a CLT. Informal: o contrato de trabalho é informal, podendo ser tácito ou verbal (Art. 443, CLT). Bilateral: gera direitos e deveres para os dois lados (empregado de prestar serviços e empregador de remunerá-lo). Pessoalidade: o empregado não pode se fazer substituir. Deve prestar serviços pessoalmente. Comutativo: as prestações são expressas desde o início da contratação. Sinalagmático: as partes se comprometem à prestação de serviços recíprocas e antagônicas (oposto). Consensual: é de livre vontade e consentimento das partes Trato sucessivo: continua-se no tempo, ainda que por prazo determinado, ou seja, não é instantâneo Oneroso: a prestação de trabalho gera uma prestação de salário. CLASSIFICAÇÃO DO CONTRATO CONTRATO TÁCITO OU EXPRESSO Contrato tácito: é a sucessão de serviços prestados do empregado ao empregador, o qual não se opõe à prestação desses serviços, sem acordo expresso dessa prestação (seja verbal ou escrita). Contrato expresso; pode ser verbal ou escrito, porém, deve contar de forma clara todas as condições do pacto laboral. CONTRATO ESCRITO É aquele firmado de forma escrita, onde deve conter o nome e a qualificação, o objeto do contrato, os direitos e obrigações de cada parte, mediante assinatura na carteira de trabalho já configura um contrato escrito. CONTRATO VERBAL É expressamente admitido pela CLT, no artigo 443. Obs: alguns contratos que devem ser expressamente escritos, que são os casos do menor aprendiz (art. 428, CLT) e contrato temporário (Lei 6.019/74, art. 11), por exemplo. CONTRATO POR PRAZO INDETERMINADO Inicia em determinada data, mas não há data para o seu término. O trabalho deve ser permanente, buscando o crescimento na empresa. Cabe ao empregador a prova em contrário (Súmula 212, TST). CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO É a exceção. Pode ser celebrado por um determinado tempo ou com previsão aproximada de término. O contrato não poderá ser estipulado por mais de dois anos e caso houver prorrogação, passará a vigorar por prazo indeterminado. Por exemplo: 1. Contrato de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo; deve ser de natureza transitória e provisória. Ex: substituição de empregado permanente que está de férias. 2. Contrato de atividades empresariais de caráter transitório: são os casos de atividades empresariais de caráter provisório. Ex: feiras industriais, agropecuárias ou atividades temporárias. 3. Contrato de experiência É o contrato mais comum. Trata-se da hipótese em que o empregado pode ser efetivo na empresa após o prazo de experiência (90 dias). É considerado pela CLT, no art. 144, como uma das modalidades do contrato de trabalho a prazo. Duração mínima do contrato por prazo determinado: 15 dias (Se o funcionário não trabalhar pelo menos 15 dias, não terá direito ao 13º salário proporcional e férias proporcionais). Duração máxima do contrato por prazo determinado: 2 anos (Entre um contrato e outro com o mesmo funcionário deve haver um prazo de 6 meses, sob pena de contrato ser estendido como prazo indeterminado). CONTRATO INTERMITENTE Deve conter o valor da hora trabalhada (nunca inferior a um salário mínimo ou aqueles empregados que exerçam a mesma função do estabelecimento). Foi incluído com a Lei 13.467/17 o §3º do artigo 443, CLT, onde relata: ‘’Considera-se como intermitente o contrato de trabalho no qual a prestação de serviços, com subordinação, não é contínua, ocorrendo com alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de atividade do empregado e do empregador, exceto para os aeronautas, regidos por legislação própria.’’
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