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VALVOPATIAS Caso clínico: Paciente 78 anos com quadro de dor torácica em aperto ao caminhar para ir na padaria há 3 meses com piora progressiva nas últimas semanas, passando a estar mais limitado na sua capacidade de exercitar. PA:130X70 MMHG FC :74 BPM SAT:96% Ao exame: REG, consciente, orientado, mucosas úmidas e coradas, AAA, BPP, sem edemas Ar: MVF SEM RA ACV: BRNF sopro sistólico rude em FA e FAO com irradiação para fúrcula e para região cervical. Abd: sem VCM, indolor, flácido, RHA presentes SNC: integro, ECG 15, sem déficits localizados, consciente e orientado. OBS: Passagem do sangue prejudicada, o que ocasiona um turbilhonamento do sangue causando um sopro sistólico no paciente. Diante de um sopro deve-se suspeitar de uma valvulopatia, solicitar um ECG. Atualmente, há grande variedade de estratégias intervencionistas que podem ser indicadas para pacientes portadores de valvopatia cardíaca, para reduzir a morbimortalidade associada a esta doença. O momento de indicação e o tipo de tratamento intervencionista estão atrelados ao diagnóstico anatômico e funcional da valvopatia cardíaca e a uma minuciosa avaliação global do paciente. Passos recomendados a serem seguidos: 1. Certificar-se de que a valvopatia é anatomicamente importante e, se confirmada, progredir para segundo passo. Caso não seja, procurar diagnósticos diferenciais e monitorizar evolução em paciente assintomático; 2. Avaliar a etiologia, incluindo história clínica e antecedentes pessoais, em conjunção com exames complementares; 3. Avaliar os sintomas - fundamental na decisão de intervenção. O tratamento farmacológico está indicado para alívio dos sintomas até o tratamento intervencionista da doença valvar; 4. avaliação de complicadores - anatômicos e/ou funcionais (especialmente hipertensão pulmonar [HP], remodelamento ventricular, disfunção sistólica, dilatação aneurismática de aorta, fibrilação atrial [FA]); 5. intervenção - cirúrgica ou transcateter, com indicação individualizada dependendo do risco operatório, das comorbidades e da decisão do Heart Team. As Valvopatias podem ser divididas por causa GENÉTICAS, ADQUIRIDAS-INFECCIOSA, POR FEBRE REUMÁTICA OU DEGENERATIVA. 1. A valva mitral/bicúspide, situa-se entre o átrio e o ventrículo esquerdos. Ela também possui um anel fibroso, no qual normalmente se inserem duas cúspides. 2. A valva tricúspide/atrioventricular direita é formada por um anel fibroso, que determina um orifício, pelo qual o sangue passa do átrio para o ventrículo direito, e três cúspides, que fecham o orifício na contração ventricular. 3. A valva aórtica é a maior das duas valvas semilunares. Ela está situada entre a raiz da aorta e o ventrículo esquerdo, e impede refluxo sanguíneo da primeira para a segunda estrutura. 4. A valva pulmonar impede o refluxo de sangue em direção ao ventrículo direito. Suas válvulas (cúspides) possuem um formato de meia-lua crescente e se inserem no esqueleto cardíaco. VALVAS: FLUXO UNIDIRECIONAL, que permite a passagem para câmara seguinte e impede retorno para câmara anterior. Principais disfunções valvares: 1. Estenose 2. Insuficiência 3. Prolapso da Válvula Mitral ESTENOSE: ABERTURA VALVAR INCOMPLETA - Restrição do fluxo - TURBILHONAMENTO - Sobrecarga de pressão na câmara anterior -Fluxo em TURBILHÃO -HIPERTROFIA CONCÊNTRICA ESTENOSE MITRAL Estenose mitral é a valvopatia reumática mais frequente no Brasil. Para indicação de intervenção, são levados em consideração os sintomas de insuficiência cardíaca, sinais de hipertensão arterial pulmonar e risco de tromboembolismo. A área valvar mitral normalmente varia entre 4 e 6 cm2. Etiologia: Aumento da Pressão atrial Diminuição posterior do DC Comprometimento do AD e VD: Principal causa é a Febre Reumática. APRESENTAÇÃO CLÍNICA: A DISPNEIA é o principal sintoma, de surgimento variável e insidioso. Pode ser desencadeada por eventos que elevam a pressão venocapilar pulmonar (exercício, fibrilação atrial, gestação, estresse). Pode ser acompanhada por palpitações, hemoptise, disfonia, disfagia e tosse. Eventos embólicos (cerebrais, mesentéricos, de extremidades) causados pela instabilidade atrial e pela presença de FA podem também ser a apresentação inicial. Eletrocardiograma: É observada principalmente sobrecarga atrial esquerda. Com o decorrer da doença e o aparecimento de hipertensão pulmonar, surgem sobrecarga de átrio e ventrículo direitos, e o eixo é desviado para a direita. Arritmias atriais, como extrassístoles e fibrilação atrial, também são comuns. O ecocardiograma é muito importante. O tratamento clínico inclui profilaxia de febre reumática e endocardite infecciosa, anticoagulação dos pacientes com risco aumentado de fenômenos tromboembólicos e tratamento sintomático enquanto os pacientes aguardam intervenção. A intervenção percutânea é a primeira opção para tratamento dos pacientes com estenose mitral reumática importante com sintomas ou complicadores (hipertensão pulmonar). Tratar a FR com Penicilina Benzatina por 10 anos, até 40 anos A intervenção cirúrgica é reservada aos pacientes sintomáticos com anatomia desfavorável ou contraindicações ao procedimento percutâneo, sendo preferível, sempre que possível, a realização de comissurotomia mitral. Para a doença degenerativa, as opções terapêuticas compreendem a troca mitral cirúrgica, implante transcateter por via transeptal ou transapical e a técnica híbrida por via transatrial. INSUFICIÊNCIA: Valva NÃO FECHA/é INCOMPLETO. O não fechamento da válvula, causa um REFLUXO SANGUÍNEO Sobrecarga de volume; Sopros das insuficiências sempre serão suaves; Sopro da insuficiência é auscultado melhor na diástole, com o paciente sentado e com o tronco jogado para frente; Fluxo em TURBILHÃO HIPERTROFIA EXÊNTRICA INSUFICIÊNCIA MITRAL A insuficiência mitral (IM) pode ser primária ou secundária/funcional, com condutas distintas a depender do tipo. A primária decorre do acometimento da valva mitral, ou seja, dos folhetos, e/ou das cordas tendíneas, como febre reumática, prolapso de valva mitral e progressivamente a forma degenerativa no idoso. A IM secundária decorre de doenças que acometem o átrio (insuficiência cardíaca com fração de ejeção normal e/ou fibrilação atrial crônica) ou o ventrículo esquerdo (insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida, acinesia ou hipocinesia segmentar após infarto agudo do miocárdio). A IM crônica cursa com sobrecarga de volume imposta ao ventrículo e aos átrios esquerdos. Os pacientes permanecem assintomáticos durante anos, sendo o aparecimento dos sintomas (principalmente de insuficiência cardíaca) influenciado pela doença de base. O sopro pode ser holossistólico ou mesotelessistólico (principalmente quando decorrente de prolapso da valva mitral), sendo quase sempre de média ou alta frequência. O ecocardiograma é exame fundamental para diagnóstico quantitativo e etiológico da IM. O tratamento dos pacientes sintomáticos com IM primária é a correção da valvopatia, porém, nos pacientes com IM secundária, o tratamento medicamentoso é a primeira opção. A indicação cirúrgica nos pacientes com IM crônica e importante baseia-se na avaliação dos seguintes dados: mecanismo da regurgitação, sintomas, função ventricular esquerda, história de FA, sinais de hipertensão arterial pulmonar e anatomia valvar. O sucesso da plastia mitral (tratamento cirúrgico conservador) depende dos diferentes tipos de patologia mitral e da experiência do serviço. O implante de prótese (biológica ou mecânica) é realizado quando não há possibilidade de conservação valvar com bom resultado. O tratamento da IM por meio de cateter tem-se mostrado seguro e eficaz, principalmente nos pacientes sintomáticos, com IM secundária, refratários ao tratamento clínico. INSUFICIÊNCIA AÓRTICA A insuficiência aórtica (IAo)caracteriza-se por um defeito do fechamento da valva aórtica, permitindo retorno de sangue ao ventrículo esquerdo durante a fase de diástole. As principais causas são: doença primária das válvulas semilunares aórticas, como retração, calcificação e prolapso; ou secundária a anormalidades estruturais na aorta ascendente, como dilatação/aneurisma. Prevalência crescente, acompanhando envelhecimento populacional. Fisiopatologia complexa, com grande participação do componente mecânico/regurgitativo. História natural longa, com grande fase latente assintomática. Possível associação com aortopatia. Tratamento intervencionista está indicado quando a insuficiência aórtica se torna anatomicamente importante e cursa com sintomas (insuficiência cardíaca manifesta, angina ou síncope) e/ou complicadores anatômicos. A cirurgia cardíaca com implante de prótese em posição aórtica é o tratamento mais estudado, indicado e com melhor resultado em longo prazo para a maioria dos pacientes. Há um progressivo aumento de estratégias de tratamento transcateter. Principais etiologias de insuficiência aórtica. 1: valva aórtica normal; 2: Etiologia reumática; 3: Etiologia degenerativa; 4: Etiologia bicúspide. PROLAPSO DA VÁLVULA MITRAL O prolapso da válvula mitral é uma condição cardíaca em que as válvulas mitrais, que se encontram entre o átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo do coração, não fecham corretamente. Em vez de fechar completamente, uma ou ambas as válvulas se curvam (prolapsam) para dentro do átrio esquerdo durante a contração do coração. O prolapso da válvula mitral é geralmente assintomático e não requer tratamento, mas em alguns casos pode causar sintomas como palpitações, fadiga, falta de ar e dores no peito. Em casos raros, pode levar a complicações como endocardite, arritmias cardíacas ou insuficiência cardíaca. O diagnóstico do prolapso da válvula mitral é feito através de exames como ecocardiograma, e o tratamento depende da gravidade dos sintomas. Em geral, são recomendadas mudanças no estilo de vida, como exercícios físicos regulares, uma dieta saudável e evitar o tabagismo. Em casos mais graves, podem ser prescritos medicamentos ou, em casos extremos, cirurgia para reparar ou substituir a válvula.
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