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Vegetação como elemento de conforto ambiental Apresentação As áreas verdes têm uma importância significativa na vida das pessoas. Os espaços com vegetações variadas podem servir como áreas de lazer e melhorar a qualidade ambiental dos centros urbanos, além de embelezarem a paisagem. A vegetação desses espaços influencia diretamente na temperatura, no ar e no sombreamento, podendo melhorar o conforto ambiental. Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá a relevância das áreas vegetadas para o conforto ambiental das cidades. Além disso, você vai entender o que é o paisagismo sustentável, suas formas de aplicação e como usá-lo como aliado da arquitetura para obter conforto ambiental. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar por que utilizar vegetação é importante para o conforto ambiental.• Identificar as formas de aplicação do paisagismo sustentável.• Justificar o uso do paisagismo na arquitetura para obtenção do conforto ambiental.• Desafio Todo ambiente natural é importante para a sobrevivência da vida humana e das espécies. No âmbito das cidades, os mais variados tipos de vegetação podem e devem formar composições que valorizem a paisagem urbana, integrando-se às edificações e tornando esses espaços atrativos para o lazer da população, contribuindo, ainda, para a minimização da poluição do ar e para a amenização do calor excessivo, favorecendo a permeabilidade do solo. Nos projetos de paisagismo, é fundamental que as três dimensões do espaço sejam tratadas de forma adequada, ou seja, que o chão, as laterais e a parte superior sejam formadas por tipos de vegetações que podem servir como forrações, barramentos e sombra. Neste Desafio, imagine que você tenha um espaço aberto e precise propor alguns tipos de vegetação para compô-lo. Alguns pontos devem ser considerados nessa proposta. Acompanhe: Sendo assim, explique quais os tipos de vegetação poderiam atender a cada um desses itens. *Não é necessário colocar nomes ou espécies, apenas a característica (arbusto aberto, flores espalhadas, etc.) e o tipo da vegetação (árvores grandes, grama, flores, etc.). Infográfico Na Arquitetura, é cada vez mais necessária a proposição de desenhos que valorizem a paisagem urbana, integrem a edificação ao Meio Ambiente e minimizem os impactos do empreendimento. Uma das ideias que vem ganhando relevância é o uso do telhado verde, que, além de compor a paisagem e recriar espaços com vegetação, contribui para o conforto ambiental. Acompanhe mais sobre o telhado verde no Infográfico a seguir. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/abe456ee-a81f-410d-9d5a-c8856a5090d5/e6107317-c935-4ce3-acbf-3d4c6be5af10.png Conteúdo do livro As áreas verdes são espaços presentes nas cidades desde o início da civilização. Ao longo dos anos, passaram a ter um valor estético diante das cidades e, mais tarde, aliaram a isso a preocupação com o conforto ambiental e com a qualidade da paisagem urbana. Usar vegetações, mesmo que em pequenas porções, garante o equilíbrio da temperatura, a diminuição da poluição e dos ruídos e a amenização do calor em espaços de convívio e lazer. No capítulo Vegetação como elemento de conforto ambiental, da obra Conforto ambiental, você verá a importância da vegetação no meio urbano, entendendo sua função para o conforto ambiental das cidades e melhora da qualidade de vida. Além disso, você vai entender o que é paisagismo sustentável e como ele pode ser aplicado nos projetos arquitetônicos. Boa leitura. CONFORTO AMBIENTAL Vanessa Scopell Vegetação como elemento de conforto ambiental Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar por que utilizar vegetação é importante para o conforto ambiental. Identificar as formas de aplicação do paisagismo sustentável. Exemplificar o uso do paisagismo na arquitetura para obtenção do conforto ambiental. Introdução Neste capítulo, você vai estudar sobre a importância da vegetação no meio urbano, verificando a sua contribuição para o conforto ambiental das cidades e a melhoria da qualidade de vida da população. Além disso, você vai verificar do que se trata o paisagismo sustentável e como ele pode ser aplicado nos projetos arquitetônicos da atualidade. Importância da vegetação para o conforto ambiental A migração dos trabalhadores do campo para a cidade, no período da Revolu- ção Industrial, foi um fator que contribuiu para o crescimento da população, a urbanização de espaços antes não habitados e a substituição do ambiente natural pelo ambiente construído. Para Shams, Giacomeli e Sucomine (2009), a nova conformação das cidades e as mudanças na sociedade aos poucos foram alterando a paisagem urbana. As áreas antes vazias ou com vegetações foram sendo substituídas gradativamente por blocos de edifi cações e vias urbanas. Essa realidade passou a interferir no conforto ambiental das cidades, infl uen- ciando a qualidade de vida da população. Ainda conforme Shams, Giacomeli e Sucomine (2009, p. 37): O aumento da população humana e o surgimento da industrialização em larga escala, intensificou o fluxo de pessoas do campo para as cidades, que por falta de um planejamento adequado cresceram desordenadamente. Esse crescimento desordenado vem alterando de forma significativa o ambiente desses locais, provocando, como uma de suas diversas consequências, mu- danças nas características climáticas do meio, afetando a qualidade de vida de seus habitantes e distanciando os mesmos de uma relação harmoniosa com o ambiente natural. O crescimento desordenado das áreas urbanas e dos locais de habitação acarreta a remoção de partes da vegetação para ampliar espaços de circulação e construir novos edifícios. Conforme Abreu (2008, p. 37): As principais modificações climáticas das cidades, causadas pela ausência de espécimes arbóreos, são: maior incidência de radiação solar direta, au- mento da temperatura do ar, redução da umidade, modificação da direção dos ventos, aumento da emissão de radiação de onda longa, alteração dos ciclos de precipitação. Essas alterações no espaço urbano geram um desequilíbrio térmico no meio. Já a relação equilibrada entre as manifestações do homem e o meio ambiente produzem um conforto ambiental para os habitantes. Bartholomei (2003) define conforto ambiental como a sensação de bem-estar que está relacionada a fatores ambientais como temperatura ambiente, umidade relativa, velocidade do ar, níveis de iluminação, níveis de ruído, entre outros, e a funcionalidade, levando em consideração a individualidade do ser humano; ou seja, as sensações variam de pessoa para pessoa. O conforto ambiental pode ser dividido em conforto térmico, relacionado à temperatura, conforto lumínico, relacionado à iluminação, e conforto Vegetação como elemento de conforto ambiental2 acústico, relacionado aos ruídos. O conforto ambiental térmico “[...] repre- senta a satisfação do usuário com o ambiente, sem reclamações quanto ao frio ou calor”, conforme leciona Ghisi (2003, documento on-line), ou seja, é a satisfação psicofisiológica que um indivíduo sente em relação às condições térmicas de um ambiente. O conforto ambiental é diretamente influenciado pela existência ou não de áreas verdes e vegetações nas cidades. O ambiente urbano deveria ser um local em que o conforto do usuário fosse garantido; no entanto, em muitos casos, esses ambientes não oferecem condições adequadas para que isso, de fato, aconteça. Segundo Muller (1998), a árvore é a forma vegetal mais característica, a qual, ao longo da história, tem se incorporado em estreita relação com a arquitetura das cidades. A arborização urbana contribui para a obtenção de um ambiente agradável e tem influência decisiva na qualidade de vida nas cidades e, portanto, na saúdeda população. A vegetação apresenta diversos benefícios para o meio urbano, que vão muito além da composição de espaços de lazer e contemplação. As árvores conseguem filtrar a poluição das cidades, melhorando a qualidade do ar e, consequentemente, o conforto ambiental. Além disso, por meio de suas copas, geram sombreamento e amenizam as temperaturas nas ilhas de calor. Gomes e Amorim (2003) destacam que as regiões centrais das cidades, por serem áreas mais artificializadas, geram maiores alterações no clima. Já as porções urbanas que mantêm as condições normais da natureza, como as áreas arborizadas, apresentam condições tér- micas e ambientais mais satisfatórias. Segundo Robba e Macedo (2004), as áreas verdes, especificamente as praças, sempre foram celebradas como espaços de convivência e lazer dos habitantes urbanos. Para Gangloff (1996), esses locais valorizam o ambiente e a estética, além de promoverem um excelente meio para as atividades da comunidade, criando importantes espaços e oportunidades de recreação e educação. Além disso, a arborização das vias públicas serve como um filtro para “[...] atenuar ruídos, retenção de pó, reoxigenação do ar, além de oferecer sombra e a sensação de frescor”, conforme lecionam Lima e Amorim (2006, p. 71). Abreu (2008) acrescenta que a vegetação exerce o papel de controlar a incidência de radiação solar, o ganho de calor, a umidificação e a depuração do ar, evitando efeitos maléficos para o microclima urbano, equilibrando-o e mantendo a qualidade do ambiente construído e o conforto térmico dos espaços externos. A falta de vegetações pode resultar em situações negativas para o ambiente urbano, como “[...] alterações do clima local, enchentes, deslizamentos e falta de áreas de lazer para a população”, conforme elenca Amorim (2001, p. 38). 3Vegetação como elemento de conforto ambiental Por isso, é fácil perceber que a conscientização sobre a importância da vege- tação para o ambiente urbano é um de tema de grande relevância tanto para o funcionamento dos espaços das cidades como para o seu conforto ambiental. Nas áreas urbanas, a produção de calor e o aquecimento das superfícies externas, aliados à falta de vegetação, implicam diretamente em um aumento de temperatura nos centros urbanos, produzindo o efeito conhecido como ilha de calor. A utilização da vegetação integrada ao projeto possibilita a criação de áreas sombreadas que filtram a radiação solar, contribuindo para a qualidade do meio ambiente. As folhas absorvem, refletem e transmitem energia incidente de forma seletiva, isto é, em quantidades diferentes segundo os comprimentos de onda da radiação. A absorção é alta: por volta de 90% das ondas lumínicas e 60% das ondas infravermelhas (EARGDESIGN, 2010). A ausência de vegetação, aliada ao emprego de materiais sem planejamento prévio, tem alterado significativamente o clima urbano, devido à incidência direta da radiação solar nas construções. Outro problema que a falta de vegetação tem causado é a diminuição da temperatura no inverno, devido à facilidade com que os materiais de construção perdem calor para o meio, onde não existem barreiras naturais para detê-lo. Portanto, a vegetação tem grande importância para amenizar a temperatura ambiente e controlar a radiação solar, proporcionando ao ser humano uma sensação de conforto principalmente em cidades com temperaturas elevadas, contribuindo, assim, para a melhoria da qualidade de vida (EARGDESIGN, 2010). Paisagismo sustentável Pode-se dizer que a cidade é uma grande modifi cadora do clima, principalmente devido às suas áreas pavimentadas que vêm substituindo cada vez mais as áreas de vegetação. Conforme Gonçalves, Camargo e Soares (2012), a atividade humana desenvolvida nas cidades gera mudanças profundas no clima local, podendo também alterar a temperatura e o regime de chuvas da região. O paisagismo consiste na utilização de vegetação para compor espaços e foi empregado por diversas civilizações ao longo da história, conformando-se sob variados estilos e preferências. Em um primeiro momento, a utilização da vegetação, a criação de parques e praças, a arborização e o ajardinamento de avenidas estava ligado à estética das cidades. Porém, à medida que os centros urbanos foram evoluindo, além da necessidade de criar locais abertos para lazer, descanso e contemplação, as áreas verdes passaram a ter como objetivo melhorar Vegetação como elemento de conforto ambiental4 a qualidade do ar, proporcionar sombra e contribuir para o conforto ambiental desses locais, em virtude de as cidades terem se tornado cada vez mais fontes de poluição. Para Oliveira e Alves (2013), a presença de vegetação em porções da área urbana contribui para a ocupação desses espaços, oferecendo conforto térmico aos habitantes. Gonçalves, Camargo e Soares (2012, p. 47) destacam que: A arborização é uma alternativa que pode contribuir de diversas maneiras com a paisagem urbana, interagindo com os indivíduos a partir de benefícios físicos e climáticos. São características da vegetação a diminuição da incidên- cia de radiação solar sobre a superfície, a atenuação do ruído, a diminuição da poluição do ar e a redução do consumo de energia em regiões quentes. Quando bem planejada, a arborização tem o poder de valorizar áreas urbanas e as edificações do entorno imediato. Labaki et al. (2011) complementam essas informações, afirmando que as árvores, usadas em grupos ou até mesmo de forma isolada, têm o poder de atenuar a radiação incidente e, dessa maneira, impedi que parte dessa radiação atinja o solo ou as construções. Com isso, a vegetação promove o resfriamento das edificações por meio do sombreamento. Diante da importância da vegetação para os centros urbanos, a prática do paisagismo torna-se aliada na melhoria do conforto ambiental das cidades. Muito além de propor e pensar a vegetação para cada espaço, o paisagismo da atualidade necessita ser sustentável, conforme leciona Lopes ([2018], documento on-line): Projetos paisagísticos que levem em conta o desenvolvimento sustentável vão além e não só geram cenários belos e agradáveis, como prezam por uma rotina funcional e o total respeito à natureza e aos habitantes. Ou seja, paisagismo sustentável e qualidade de vida andam juntos e, para isso, exigem comporta- mentos capazes de eliminar o uso de substâncias tóxicas como fertilizantes e praguicidas, além de utilizarem técnicas de sustentabilidade que resultem em um paisagismo eficiente. O paisagismo sustentável pode ser aplicado nas áreas das cidades por meio de diversas ações, segundo Lopes ([2018]), tendo como princípios: reaproveitar a água da chuva para a irrigação dos jardins; usar espécies nativas de cada localidade e adequadas à temperatura; reciclar materiais e usá-los como delimitadores entre os espaços; propor implantação e manuseio de baixo impacto ambiental que con- servem o solo original; usar energias renováveis, que garantam a eficiência e o baixo consumo. 5Vegetação como elemento de conforto ambiental Por meio dessas ações, é possível propor áreas vegetadas de grande qualidade para as cidades, minimizando os custos de implantação e manu- tenção e contribuindo para a estética do espaço e para o conforto ambiental dos usuários. Além disso, atualmente existe uma grande preocupação não só com a criação de novas áreas verdes, mas também com a recuperação de áreas perdidas em virtude da construção civil. Diante disso, o paisagismo sus- tentável pode ser um importante aliado para o fomento de áreas verdes urbanas, por meio da proposição de coberturas vegetais e fachadas verdes para as edificações existentes, e para as novas, com espécies apropriadas para sobreviverem a essa condição. As coberturas e fachadas verdes não somente contribuem para o conforto ambiental das cidades, melhorando o isolamento acústico interno do ambiente e controlando a absorção de ruídos do exterior, como também se tornam uma prática sustentável,já que reduzem o consumo de energia por meio do equilíbrio das temperaturas da edificação, protegem as superfícies contra as intempéries, diminuem a formação de ilhas de calor e propiciam a biodiversidade. Além disso, esses elementos paisagísticos contribuem para a estética da edificação. O paisagismo sustentável é aquele que se adapta à realidade em que será inserido e que busca encontrar o equilíbrio entre as dimensões da sustentabilidade, integrando a arquitetura, os usuários e a natureza. Ele possibilita a prática de atividades de lazer voltadas ao público e favorece o plantio de espécies nativas e de relevância ambiental. No âmbito social, o paisagismo sustentável tem como princípio a criação de espaços integrados, considerando as áreas verdes como espaços de educação ambiental para a comunidade. Na questão cultural, essa prática visa à preservação do patrimônio, ao valorizar a memória local integrando de maneira harmoniosa as áreas verdes, conside- rando as características originais das edificações existentes e unindo a vegetação local, os recursos minerais e os recursos humanos (artesanatos e esculturas). Já no âmbito econômico, o paisagismo sustentável adere ao planejamento eficiente, ao selecionar materiais de baixo custo para a criação das estruturas, considerando o seu ciclo de vida, e inserir plantas nativas para evitar a necessidade de manutenção frequente e reduzir a demanda de água. Por fim, na questão ambiental, o paisagismo sustentável defende a realização do projeto considerando as condições climáticas da região e aproveitando as condições hídricas, a ventilação e a permeabilidade do terreno, por exemplo (O PAISAGISMO..., 2013). Vegetação como elemento de conforto ambiental6 Paisagismo, arquitetura e conforto ambiental Para iniciar uma proposta de arquitetura, é preciso, antes de tudo, estabelecer os objetivos principais e a noção de funcionalidade. Da mesma maneira, quando se pensa em um projeto paisagístico sustentável, não se pode levar em conta somente a questão estética, mas também o funcionamento do espaço e das espécies, bem como os principais objetivos ambientais e de conforto para a proposição dessa vegetação. Segundo Fischer ([2018], documento on-line): [...] a arquitetura da paisagem — ou simplesmente paisagismo — é uma área na qual o arquiteto e urbanista está habilitado a trabalhar, que engloba vários aspectos multidisciplinares, como arte, arquitetura, design, psicologia comportamental, geografia e, evidentemente, a botânica. Para Maruyama (2014), os pontos fundamentais e iniciais que devem ser considerados, após serem elencados os objetivos e o funcionamento do espaço, são as questões topográficas e de orientação solar e as opções de uso de mate- riais de qualidade que poderão contribuir para a estética e para a valorização da paisagem e da vegetação. É importante, ainda, compreender a paisagem em que será inserida a obra arquitetônica, procurando valorizar o ambiente natural existente e os visuais, buscando propostas em que a edificação consiga se integrar ao seu entorno. Além disso, conforme ressalta Fischer ([2018]), o paisagismo deve levar em conta pisos, texturas, aparatos, desníveis, volumes horizontais e verticais, água, insolação e clima, além das questões do com- portamento humano, a psicologia da apropriação dos espaços e as sensações que cada local pode passar ao seu usuário. Atualmente, algumas ideias vêm ganhando espaço nos projetos de novas edificações. É o caso das paredes verdes e dos telhados jardim. Os telhados- -jardim podem ser chamados também de ecotelhados, telhados ecológicos ou telhados verdes e consistem na implantação de vegetação nas coberturas das edificações (Figura 1). Essa ação consegue isolar a radiação direta do sol nos elementos de cobertura, diminuindo o calor que chega até a parte interna da edificação. Isso colabora para a redução do uso de aparelhos de climatização, já que mantém a temperatura interna em equilíbrio. Além disso, o uso da vegetação na cobertura consegue reter a poeira, diminuir a absorção de ruídos e purificar o ar. Segundo o site eCycle, pesquisas indicam que, com um telhado verde, a temperatura da cobertura não passa de 25ºC, enquanto coberturas normais podem chegar até 60ºC (TELHADOS..., [2018]). 7Vegetação como elemento de conforto ambiental Figura 1. Exemplo de telhado verde. Fonte: Telhados... ([2018]). Segundo Alvarenga (2017), outra opção é a utilização de paredes verdes, conhecidas também como jardins verticais ou paredes vivas. Apresentando os mesmos benefícios dos telhados jardins, elas podem ser usadas em grandes ou pequenas superfícies. Além disso, seu emprego reduz a manutenção das fachadas e protege as mesmas dos efeitos do tempo. Segundo Durante (2016, documento on-line): Além da beleza visual e de proporcionar um contato mais próximo com a natureza, as paredes verdes oferecem benefícios importantes, como o aumento da umidade do ar, a redução da temperatura ambiente, a reciclagem dos gases tóxicos e a diminuição da poluição sonora. Quando executada em áreas exter- nas, ela também cria um nicho ecológico propício para a visita de pássaros. Atualmente existem instalações de jardins verticais que contam com sistemas de irrigação automatizados, garantindo a preservação das espécies da maneira mais adequada. Outros materiais constantemente utilizados para adotar essa ideia verde nas fachadas são os blocos cerâmicos específicos ou a combinação de vasos meia-lua presos a telas metálicas. Durante (2016) afirma que os efeitos das paredes verdes são facilmente notados pelos ocupantes da edificação. Segundo a autora, no projeto de jardins verticais, é importante levar em consideração a proporção do mesmo em relação ao todo da construção (Figura 2). Vegetação como elemento de conforto ambiental8 Figura 2. Exemplo de jardim vertical. Fonte: Jardim... (2016). Outra ideia que vem ganhando espaço nos projetos de arquitetura é a utili- zação de espaços abertos do lote, de quintais de residências ou, até mesmo, de terraços de edificações (Figura 3) para a criação de hortas urbanas. Segundo Andrade (2014), esses espaços podem ser públicos ou privados, localizados em espaços já utilizados ou abandonados. Essa tendência surge com o objetivo de desenvolver uma alimentação saudável, além de ser uma forma de aliviar a tensão do dia a dia, mantendo o contato com a natureza. Andrade (2014) elenca alguns benefícios das hortas urbanas: aumento do número de áreas verdes, que diminuem as ilhas de calor e retiram o CO2 do ar; reutilização da matéria orgânica descartada para produção de adubo e redução dos resíduos sólidos; preservação de espécies da fauna urbana, como abelhas e pássaros; facilidade de acesso aos alimentos saudáveis e menor gasto com trans- porte de alimentos vindos do interior; promoção da consciência ambiental para preservação do meio ambiente e do uso de técnicas agrícolas sustentáveis; resgate dos valores morais e cívicos a partir da união da vizinhança em prol do bem comum; 9Vegetação como elemento de conforto ambiental aumento da segurança local, inclusão social e redução dos preconceitos por meio da proximidade entre os vizinhos e da vivência do espaço público; controle dos terrenos baldios, que podem ser requisitados como áreas de agricultura urbana. Figura 3. Exemplo de horta urbana no Japão. Fonte: Andrade (2014). Para Fischer ([2018]), além dessas propostas atuais, é importante ressaltar que, mesmo em áreas menores, cada um pode fazer a sua parte e utilizar os recuos das edificações para plantar espécies e criar espaços que, além de contribuírem para os visuais das ruas, contribuem também para o conforto ambiental dos bairros e de porções das cidades (Figura 4). Vegetação como elemento de conforto ambiental10 Figura 4. Ajardinamento no recuo da edificação. Fonte: Dicas... (2015). Em todos os casos, é importante pensar nas espécies que melhor se adap- tarão àtemperatura, aos ventos e às chuvas do local, garantindo a eficiência dessas técnicas. Nem sempre o paisagismo é complementar em relação à arquitetura. Muitas vezes acontece o contrário. Um exemplo disso é quando se projetam equipamentos para uma praça. O abrigo para a espera de ônibus, a banca de jornal, o coreto, os espelhos d’água, as fontes e os sanitários, por exemplo, são elementos arquitetônicos necessários como infraestrutura, mas que não devem prevalecer em relação às funções principais da praça, como passeio, recantos, vegetação, ar livre, lazer, recreação. Às vezes, o projeto de uma edificação nas imediações de uma praça procura uma acomodação visual com ela, usando materiais que funcionam como espelho para o entorno (PAISAGISMO..., 2018). 11Vegetação como elemento de conforto ambiental ABREU, L. V. Avaliação da escala de influência da vegetação no microclima por diferentes espécies arbóreas. 2008. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) — Faculdade de Engenharia Civil, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2008. ALVARENGA, B. Jardim vertical: 44 modelos lindos + melhores plantas + dicas. Viva- DecoraBlog, 19 mai. 2017. Disponível em: <https://www.vivadecora.com.br/revista/ jardim-vertical-plantas-dicas/>. 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Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/00d5f753fb219933ff5a79d0838dcb6f Exercícios 1) O crescimento desordenado das cidades, a falta de um planejamento adequado e a substituição de porções vegetadas por construções podem resultar em diversas alterações no meio urbano, dentre elas: A) proporcionar um melhor conforto térmico e acústico para a área urbana. B) promover transformações nas características naturais das paisagens. C) beneficiar a relação dos usuários com a paisagem natural. D) contribuir para a qualidade de vida dos habitantes da cidade. E) melhorar as condições climáticas e ambientais da porção urbana. 2) A modificação do Meio Ambiente, automaticamente, substitui vegetações por áreas construídas. A retirada das as árvores, que são parte fundamental para a qualidade de vida, pode ocasionar alguns problemas. É um problema oriundo da retirada de espécies arbóreas: A) a diminuição da incidência de radiação solar direta. B) a amenização e o controle da temperatura do ar. C) a alteração na direção dos ventos. D) o controle dos ciclos de precipitação de chuvas. E) a ampliação da umidade do ar. 3) Pode-seafirmar que a arborização urbana contribui diretamente para a obtenção de um ambiente agradável e tem influência decisiva na qualidade de vida nas cidades, ou seja, influi na saúde da população. As árvores podem contribuir para o meio urbano de diversas maneiras, como, por exemplo: A) filtrando o ar poluído gerado pelas grandes indústrias. B) afetando a qualidade do ar e a obtenção do conforto ambiental. C) intensificando as temperaturas das regiões centrais das cidades. D) desequilibrando o ganho de calor e a incidência de radiação solar. E) acentuando os ruídos urbanos e a retenção do pó em suas folhas. 4) Os projetos de paisagismo são excelentes aliados para dar a vida às cidades, criando espaços abertos integrados à realidade de cada local. Atualmente, o paisagismo sustentável apresenta alguns princípios a serem obedecidos nos projetos, a fim de torná-los adaptados ao meio em que estiverem inseridos. Assinale a alternativa que apresenta um dos princípios do paisagismo sustentável. A) Priorizar e aprimorar o uso de produtos fertilizantes e praguicidas nas propostas. B) Implantar energias renováveis que permitam um maior consumo e eficiência. C) Propor sistemas de irrigação baseados no reaproveitamento da água da chuva. D) Privilegiar o uso de materiais novos e tecnológicos, evitando o reaproveitamento. E) Optar por composições que misturem espécies nativas e artificiais. 5) Atualmente, cada vez mais ideias que priorizam a relação entre a arquitetura e a a paisagem natural estão surgindo. Em muitos casos, incorporando a vegetação nas próprias edificações, gerando diversos benefícios para a arquitetura e para a cidade. Com relação a essas propostas integradas, é correto afirmar que: A) a estética deve ser sempre o aspecto mais importante das propostas, independente da funcionalidade. B) cada nova construção deve desconsiderar a paisagem natural existente. C) o ecotelhado é uma novidade que permite aliar a vegetação ao uso de climatizadores internos. D) as paredes verdes, além de contribuírem para a estética da edificação, ajudam a proteger a fachada das intempéries. E) o uso de vegetação nas coberturas e paredes contribui para o alastramento da poeira e da poluição. Na prática Na maioria das cidades, as árvores e outros tipos de vegetação são plantados com o intuito de oferecer sombra ou beleza aos espaços. No entanto, os benefícios das plantas para os centros urbanos vão muito além de amenizar o calor e compor jardins: eles englobam aspectos relacionados à saúde física e mental das pessoas. Na Prática, saiba mais sobre os benefícios proporcionados pelas árvores às cidades e à população. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/5d22d71e-7602-4218-b798-08deecff5b76/fcd74e5a-9b87-4ee2-9cfa-23957458b56e.png Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Como fazer um telhado verde A qualidade de vida está diretamente ligada à qualidade ambiental das cidades. Neste vídeo, aprenda a fazer o telhado verde, uma solução fundamental para as cidades sustentáveis. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Benefícios das árvores urbanas A presença de vegetação contribui para a manutenção da biodiversidade. Neste vídeo, conheça os benefícios da implantação e do cultivo de vegetações nos centros urbanos. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/_FlS2ew1jMg https://www.youtube.com/embed/stE9RgZAfq4