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Direito Constitucional - CAS 2023

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Prévia do material em texto

AUTORIDADES 
 
 
Governador do Estado do Rio de Janeiro 
Exmº Cláudio Bonfim de Castro e Silva 
 
Secretário de Estado de Polícia Militar 
Exmº Sr Coronel Luiz Henrique Marinho Pires 
 
Subsecretário de Estado de Polícia Militar 
Ilmº Sr Coronel Carlos Eduardo Sarmento da Costa 
 
Diretor-Geral de Ensino e Instrução 
Ilmº Sr Coronel Ari Jorge Alves dos Santos 
 
Comandante do CFAP 31 de Voluntários 
Ilmº Sr Coronel PM Marcelo André Teixeira da Silva 
 
Comandante do Centro de Educação a Distância da Polícia Militar - CEADPM 
Ilmº Sr Tenente-Coronel PM Alexandre Moreira Soares 
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR – CAS 2020 
APRESENTAÇÃO 
 
Estamos vivendo a era da tecnologia, na qual a informação está cada dia mais 
latente e veloz em nossa rotina diária. Este curso tem por objetivo, aperfeiçoar os 2º 
Sargentos da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Paratal, o Curso ocorrerá na 
modalidade à distância, disponibilizado no ambiente virtual de aprendizagem, por 
intermédio da Escola Virtual, no Centro de Educação a Distância da Polícia Militar 
(CEADPM). 
É fundamental o seu empenho no curso, pois você terá autonomia de estudos e 
de horários, mas também é necessário disciplina e dedicação para o êxito dessa jornada, 
pois depende do esforço coletivo e também individual para que tenhamos policiais cada 
vez mais qualificados, bem treinados e aperfeiçoados para cumprirmos nossa missão, 
buscando cada vez mais a excelência de nossas ações. 
O bom treinamento envolve aspectos físicos e cognitivos, na era da informação e 
da tecnologia, precisamos nos aprimorar cada vez mais a fim de garantir uma tropa 
consciente, respeitosa, pautada em valores morais e institucionais, garantindo assim o 
cumprimento de suas funções com dignidade e excelência. 
Esperamos que você aproveite ao máximo os conhecimentos adquiridos através 
deste curso e busque uma reflexão acerca de suas funções perante a sociedade, seus 
companheiros de profissão. Que seja um momento de repensaras práticas e fortalecer seu 
vínculo profissional, ampliando cada vez mais seus conhecimentos para lidar com as 
particularidades de ser um Policial Militar no Estado do Rio de Janeiro. 
Desejamos a todos bons estudos! 
 
 
Ari Jorge Alves dos Santos - Coronel PM 
Diretor-Geral de Ensino e Instrução 
 
Marcelo André Teixeira da Silva– Coronel PM 
 Comandante do CFAP 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2023 
4 
 
 
Desenvolvedores 
CFAP 
Supervisão do curso e Coordenação Pedagógica 
CAP PM Ped Patrícia Kalife Paiva 
Equipe Técnica 
CB PM Juliana Pereira de Carvalho 
Conteudista 
1º TEN PM Cleveland Rodrigues Leite Junior 
Coautor 
MAJ PM Paulo Sérgio Macedo Filho 
 
 
CEADPM 
Supervisão Geral EAD 
CAP PM Ped Vania Pereira Matos da Silva 
 
Equipe Técnica 
SUBTEN PM Willian Jardim de Souza 
2º SGT PM Edson dos Santos Vasconcelos 
SD PM Lucas Almeida de Oliveira 
SD PM Diogo Ramalho Pereira 
SD PM Jorge Pereira Victorino 
SD PM Daniel Moreira de Azevedo Júnior 
SD PM Alexandre Leite da Silva 
 
Diagramação 
 2º SGT PM Alan dos Santos Oliveira 
3º SGT PM Michele Pereira da Silva de Oliveira 
 
Design Instrucional 
3º SGT PM Michele Pereira da Silva de Oliveira 
 
Filmagem e Edição de Vídeo 
CB PM Renan Campos Barbosa 
SD PM Alexandre dos Reis Bispo 
 
Designer Gráfico 
SD PM Leonardo da Silva Ramos 
 
Suporte ao Aluno 
1º SGT PM Anderson Inácio de Oliveira 
 CB PM Tainá Pereira de Pereira 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2023 
5 
 
 
SUMÁRIO 
Introdução ................................................................................................................................... 10 
Direito constitucional .................................................................................................................. 11 
Dos príncípios, dos direitos e das garantiasfundamentais(art.5ºao17dacrfb/88) ...................... 29 
Direitos constitucionais penais ................................................................................................... 47 
Da nacionalidade ......................................................................................................................... 59 
Dos direitos políticos ................................................................................................................... 67 
Organização dos poderes ............................................................................................................ 74 
Das forças armadas – militares federais ..................................................................................... 87 
Conclusão .................................................................................................................................... 97 
Referências .................................................................................................................................. 98 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2022 
10 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Sabemos que a Constituição Federal brasileira, em seu art. 1º, determinou o aspecto 
político constitucional do Brasil como o de um Estado Democrático de Direito. Trata-se do mais 
importante mecanismo da Carta de 1988, pois dele decorrem todos os princípios e preceitos 
fundamentais do Estado brasileiro. 
Estado Democrático de Direito é muito mais do que meramente Estado de Direito, pois 
assegura a igualdade entre os homens, e tem como características a submissão de todos ao 
império da lei,a divisão formal do exercício das funções derivadas do poder, entre os órgãos 
executivos, legislativos e judiciários, como forma de evitar a concentração de forças e combater 
o arbítrio, o estabelecimento formal de garantias individuais, o povo como origem formal de 
todo e qualquer poder e ainda a igualdade de todos perante alei. 
 
Sargento policial militar aluno do Curso de Aperfeiçoamento na matéria 
de Direito Constitucional, você relembrará alguns tópicos do que fora 
estudado nos cursos de formação de soldado, cabo e sargento. Agora, 
que tal ampliar seus conhecimentos nesta importantíssima e primordial 
matéria? 
Objetiva-se que o graduado saiba aprimorar seus conhecimentos jurídicos 
constitucionais para continuar a resguardar e legitimar suas ações dentro da legalidade bem 
como prepare o graduado para que este dê suporte e esclarecimento aos seus subordinados 
quando estiverem na atividade policial e surgirem dúvidas quanto ao comportamento mais 
apropriado embasado na lei maior do País e ainda ajudar ao comando na orientação a tropa na 
diminuição de erros por desconhecimento ou descuido do que determina a Carta magna. 
Compreendendo a matéria de direito constitucional através do histórico, conceitos, 
estrutura, direitos e garantias Pétreas, organização do estado, segurança pública e as 
competências das Polícias federais e estaduais, principalmente a Polícia Militar somados a 
jurisprudência e a doutrina majoritária recente, realizando uma abordagem sistemática com 
gráficos ajudará sobremaneira ao futuro Sargento aperfeiçoado ter uma visão ampla,afim de 
evitar equivocadas interpretações dos artigos da Constituição Federal e sua inadequada 
aplicação ao caso concreto e ainda evitar a uma prática não protegida pela lei.Insta aduzir 
derradeiramente que não é nossa atribuição questionar a legislação Constitucional mesmo que 
a referida lei em nossa opinião não possua sentido ou não responda aos reclamos da 
sociedade. 
A Constituição Federal determina as competências das diversas Instituições cabendo a 
polícia militar consciente de sua missão constitucional exercitá-la cumprindo rigorosamente o 
que se determina em lei. 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2022 
11 
 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
Você sabia que o estudo do Direito Constitucional e do Direito, como um 
todo necessariamente começa com a seguinte pergunta: o que se entende 
por Constituição? Necessário, portanto uma breve contextualização 
histórica.Conceito liberal de constituição 
 
Com a vitória do constitucionalismo surge, no século XIX, a ideia de Constituição ideal, 
com CARL SCHMITT. Seu conceito está atrelado à ideologia político-liberal, considerando-se 
essencial: a garantia das liberdades, com a participação política; a divisão dos poderes; a 
Constituição como documento escrito. 
Assim, essa ideia de Constituição foi albergada pela Declaração de Direitos do Homem 
e do Cidadão, de 1789, em seu art.16, nos seguintes termos: “Toda sociedade na qual não 
está assegurada a garantia dos direitos nem determinada a separação dos poderes, não tem 
Constituição”. 
 
Conceito orgânico de constituição 
 
 
Sargento, durante sua carreira, você já deve ter ouvido falar no 
vocábulo “constituição”? Sabe o que significa?Vamos aprender? 
 
O vocábulo “constituição” designa, genericamente, a especial forma de ser de um 
corpo, de um objeto, de um ser vivo. É sua organização, sua formação, enfim, sua 
“constituição”. 
A Constituição é o produto pelo qual podemos reconhecer que houve a manifestação 
do denominado poder constituinte genuíno. Com a eclosão do poder constituinte, o resultado 
de sua atividade haverá de ser a produção de um novo texto fundamental. 
O termo, contudo, apresenta diversos significados. No sentido comum, constituição é o 
que forma determinado corpo (ideia de estrutura), como já sublinhado. Nesse sentido é que 
alguns autores, transplantando o conceito comum para a seara normativa, definem 
juridicamente a Constituição como a particular maneira de 
ser de um Estado. 
Para empreender estudos próprios da Ciência do 
Direito Constitucional, deve-se partir de seu objeto, que é a 
Constituição. Decorre disso o interesse em aprofundar, 
aqui, o conceito do termo. Para tanto, a Constituição deve 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2022 
12 
 
 
ser visualizada, basicamente, de três prismas: o formal, o material e o substancial. 
Conceito jurídico de constituição 
 
Lei fundamental e suprema de um Estado, criada pela vontade soberana do povo. É 
ela que determina a organização político-jurídica do Estado, dispondo sobre a sua forma, os 
órgãos que o integram e as competências destes e, finalmente, a aquisição e o exercício do 
poder. Cabe também a ela estabelecer as limitações ao poder do Estado e enumerar os 
direitos e garantias fundamentais, sendo a matéria do ramo do Direito Público de onde 
decorrem todas as demais normas do ordenamento jurídico. 
 
Estrutura das constituições 
 
Você sabia que as Constituições, de forma geral, dividem-se 
em três partes: preâmbulo, parte dogmática e disposições 
transitórias? 
 
O preâmbulo é a parte que antecede o texto constitucional propriamente dito. Tem 
como função definir as intenções do legislador constituinte, proclamando os princípios da nova 
constituição e rompendo com a ordem jurídica anterior. 
Além disso, serve de elemento de integração dos artigos que lhe seguem, bem como 
orienta a sua interpretação. Também sintetiza a ideologia do poder constituinte originário, 
expondo os valores por ele adotados e os objetivos por ele perseguidos. 
Na Constituição Federal Brasileira de 1988 vigente no País, do ponto de vista 
estrutural, contém um preâmbulo, o corpo (arts. 1.º a 250) e um ADCT (arts. 1.º a 97). 
E no preâmbulo os seguintes dizeres: 
“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em 
Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado 
Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos 
sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o 
desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores 
supremos de uma sociedade” 
 
A parte dogmática da Constituição é o texto constitucional propriamente dito, que 
prevê os direitos e deveres criados pelo poder constituinte. Trata-se do corpo permanente da 
Carta Magna,que,na CF/88,vai do art.1ºao250.Destaca-se que falamos em “corpo permanente” 
porque, a princípio, essas normas não têm caráter transitório, embora possam ser modificadas 
pelo poder constituinte derivado, mediante emenda constitucional. Por fim, a parte transitória 
da Constituição visa integrar a ordem jurídica antiga à nova, quando do advento de uma nova 
Constituição, garantindo a segurança jurídica e evitando o colapso 
entre um ordenamento jurídico e outro. Suas normas são 
formalmente constitucionais, embora, no texto da CF/88, 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2022 
13 
 
 
OUTORGADAS 
• Impostas, surgem sem participação 
popular. Resultam de ato unilateral de 
vontade da classe ou pessoa dominante 
no sentido de limitar seu próprio poder. 
DEMOCRÁTICAS 
• Nascem com participação popular, 
por processo democrático. 
CESARISTAS 
• Outorgadas, mas necessitam de 
referendo popular. 
DUALISTAS 
• Resultam de um compromisso entre a 
monarquia e a burguesia, dando origem 
às monarquias constitucionais. 
apresente numeração própria (vejam ADCTA todas Disposições Constitucionais Transitórias). 
Assim como a parte dogmática, a parte transitória pode ser modificada por reforma 
constitucional. Além disso, também pode servir como paradigma para o controle de 
constitucionalidade das leis. 
No direito Constitucional estuda-se as diversas Constituições existentes no mundo e 
suas peculiaridades, sendo certo que a doutrina propõe diversos critérios para classificá-las, 
porém não é objetivo deste trabalho pois visamos relembrar as características e classificações 
da Constituição Federal Brasileira de 1988 que está vigente e deverá sempre nortear o nosso 
comportamento profissional. 
A chamada Carta cidadã foi aprovada em dois turnos de votação, por maioria absoluta 
dos membros da Assembleia Nacional Constituinte, que ocorreu em 5deoutubro de 1988, data 
da promulgação da atual Constituição da República Federativa do Brasil. 
No que se refere a classificação da Constituição de 1988 podemos aduzir que é 
escrita, do tipo codificada, elaborada em processo democrático, dogmática eclética, rígida, 
formal, analítica, normativa, dirigente, social princípio lógica e expansiva. 
Vejamos logo abaixo as principais características das Constituições existentes e a 
definição sintetizada de cada uma, observe o significado das características da Constituição 
Brasileira. 
 
Classificação das constituições 
 
□ Quanto à origem 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2022 
14 
 
 
IMUTÁVEIS • Não podem sermodificadas. 
RÍGIDAS 
• Modificadas por procedimento mais 
dificultoso que aquele de alteração das 
leis. Sempre escritas. 
SEMIRRÍGIDAS 
• Processo legislativo de alteração mais 
dificultoso que oordinário 
• para algumas de suasnormas. 
MATERIAIS 
Conjunto de normas que regulam os aspectos essenciais 
da vida estatal, ainda que fora do texto constitucional 
escrito. 
FORMAIS 
Conjunto de normas que estão inseridas no texto de uma 
Constituição rígida, independentemente de seu conteúdo. 
 
 
 
□ Quanto à forma 
 
□ Quanto ao modo de elaboração 
□ Quanto à estabilidade 
 
 
□ Quanto ao conteúdo 
 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2022 
15 
 
 
ANALÍTICAS 
• Conteúdo extenso. Contêm normas 
apenas formalmente constitucionais. 
SINTÉTICAS 
• Restringem-se aos 
elementosmaterialmente constitucionais. 
NORMATIVAS 
• Limitam, de fato, o poder, 
por corresponderem 
NOMINATIVAS 
• Não conseguem regular o processo 
político, embora esse seja seu objetivo, 
por não corresponderem à 
SEMÂNTICAS 
• Não têm por objeto regular a política 
estatal, mas apenas formalizar a situação 
CONSTITUIÇÕES- 
GARANTIA 
• Objetivam proteger as 
liberdadespúblicas contra a 
CONSTITUIÇÕES- 
DIRIGENTES 
• Traçam diretrizes para a ação 
estatal, prevendo 
CONSTITUIÇÕES- 
BALANÇO 
• Descrevem e registram o estágio da 
sociedade em um dado momento. 
□ Quanto à extensão 
 
 
□ Quanto à correspondência com a realidade 
 
 
 
 
□ Quanto à finalidade 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2022 
16 
 
 
SOCIAIS 
Têm como objetivo realizar a igualdadematerial e a 
efetivação dos direitos sociais. 
HETEROCONSTITUIÇÕES 
• Elaboradas fora do Estado em 
que produzem seusefeitos. 
AUTOCONSTITUIÇÕES • Elaboradas dentro do Estado 
PRINCIPIOLÓGICAS • Nelas, predominam os princípios. 
PRECEITUAIS • Nelas, prevalecem as regras. 
 
 
 
□ Quanto ao conteúdo ideológico 
□ Quanto ao local da decretação 
 
 
□ Quanto ao sistema 
 
 
Breve histórico das constituições brasileiras 
 
Vamos aprender um pouco mais sobre a história das Constituições 
Brasileiras? 
 
Serão apontadas as principais características das Constituições brasileiras, desde o 
período do Império até a atual Constituição de 1988. Relevanotar que o surgimento das 
diversas Leis Fundamentais esteve sempre associado a rupturas de alterações sociais e 
políticas. 
 
□ CONSTITUIÇÃO IMPERIAL DE 1824 
 
A Constituição Imperial foi promulgada por D. Pedro I, dois anos 
após a independência do País, em 07 de setembro de 1822, a 
Constituição Política do Império do Brasil foi promulgada em 25 de março 
de 1824. 
O território foi dividido em províncias. Desse modo, 
quanto à forma de Estado, era unitário, e não federal. 
Quanto à forma de governo, era uma 
LIBERAIS Buscam limitar o poderestatal. 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2022 
17 
 
 
monarquia hereditária. No tocante à divisão dos Poderes, além dos clássicos Legislativo, 
Executivo e Judiciário, havia o Poder Moderador, este exercido privativamente pelo Imperador 
(doutrina de Benjamin Constant). 
Quanto à mutabilidade, era semi-ringida. A eleição era indireta e censitária, ou seja, 
definida com base na renda, sendo vedada às mulheres e aos analfabetos. 
□ CONSTITUIÇÃO REPUBLICANA DE 1891 
 
A República foi proclamada em 15 de novembro de 1889. A Constituição da República 
dos Estados Unidos do Brasil foi promulgada em 24 de fevereiro de 1891. Adotou como forma 
de Estado a federação; como forma de governo, a república; e como sistema, o 
presidencialismo. Foi inspirada na Constituição dos Estados Unidos da América. Previa a 
existência dos três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário (doutrina de Montesquieu). 
 
□ CONSTITUIÇÃO DE 1934 
 
Com a Revolução de 1930, ascendeu ao Poder 
Getúlio Vargas. Em grande parte, por força da Revolução 
Constitucionalista, que exigia do governo uma Constituição, 
foi promulgada em 16 de julho de 1934 a segunda grande 
Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil. 
Manteve-se a federação, a república presidencialista e os três 
poderes. 
Como inovação, instituiu-se o voto secreto, 
obrigatório para os maiores de 18anos estendendo-o também 
às mulheres. Foi a primeira Constituição a trazer um capítulo 
sobre a ordem econômica e social, inspirando-se na 
Constituição de Weimar, criando a Justiça do 
Trabalho. Continha, ainda, normas sobre a família, 
educação e cultura. 
 
□ CONSTITUIÇÃO DE 1937 
 
Conforme narra a história, em 1937 ocorreu o 
golpe de Getúlio Vargas para manter-se no poder. Era 
o início do Estado Novo, ditadura que perdurou até 
1945. Em 10 de novembro de 1937 foi outorgada a 
Constituição dos Estados Unidos do Brasil. Nesta nova 
Constituição foi fortalecido o Poder Executivo. 
Os direitos individuais eram sempre 
condicionados ao bem público. De observar que, 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2022 
18 
 
 
embora os direitos e as garantias estivessem previstos, alguns desses poderiam ser 
suprimidos em caso de estado de emergência e – curiosamente – na parte final da Constituição 
havia um dispositivo que instituía o estado de emergência no País. 
Em razão de ter sido inspirada nos regimes nazifascistas, esta foi apelidada de 
Constituição polaca, em alusão à Constituição polonesa fascista de 1935, outorgada pelo 
Marechal Josef Pilsudski. 
□ CONSTITUIÇÃO DE 1946 
 
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados ditatoriais nazistas foram 
derrotados. A isso se seguiu um movimento inicial de democratização, o que foi acompanhado 
pelo Brasil. Getúlio Vargas convocou eleições diretas para a presidência e 
para o Poder Legislativo. 
Foi eleito, com o apoio de Vargas, o General Eurico Gaspar Dutra. 
Foi então, promulgada, em 18 de setembro de 1946 a quarta Constituição 
brasileira, a Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, 
inspirada nas anteriores de (1891 e 1934). 
 
□ CONSTITUIÇÃO DE 1967 e a EMENDA CONSTITUCIONAL Nº. 1 DE 1969 
 
No contexto internacional da Guerra Fria, em 1964 houve uma tomada de poder 
liderada pelos militares do Brasil destituindo o Governo do Presidente eleito João Goulart, era o 
início de um regime militar que perdurou até 1985. Outorgada em 24 de janeiro de 1967, a 
Constituição do Brasil apoiava-se na busca pela Segurança Nacional. Alguns 
constitucionalistas entendem que o regime militar imposto era legítimo e sustentam que a 
Constituição de 1967 foi promulgada, mas não é o entendimento predominante. Amplos 
poderes foram concedidos à União e ao Poder Executivo. 
Durante o regime militar, foram expedidos diversos Atos Institucionais, 
dos quais o de número 5 representou praticamente a supressão das garantias 
individuais. Em 17 de outubro de 1969 foi outorgada a Emenda Constitucional 
número 1, considerada por muitos doutrina do res como uma nova 
Constituição do Brasil, tanto que,com essa Emenda Constitucional, a 
Constituição do Brasil passou a ser denominada como hoje a conhecemos, ou 
seja, Constituição da República Federativa do Brasil. 
 
□ CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 
 
Importa destacar que a luta pela redemocratização se iniciou com a tomada do poder 
pelos militares em 1964. Porém, o regime militar perdurou por mais de vinte anos. Em 1984 
houve intensa luta, destacando-se o movimento pelas “diretas já”, o qual pretendia que as 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2022 
19 
 
 
 
O vínculo entre as entidades componentes da 
Federação(União, Estados, Distrito Federal e Municípios) é 
indissolúvel, ou seja, nenhuma delas pode abandonar o 
restante para fundar um novo país, não é admitido o fenômeno 
da secessão. 
eleições para Presidente de 1985 fossem diretas, o que não ocorreu. Venceu as eleições o 
candidato que apoiava a democracia, falamos de Tancredo Neves. 
Eleito de forma indireta, pelo Colégio Eleitoral em 15 de janeiro de 1985, não chegou a 
tomar posse, pois faleceu. Assumiu o Vice-Presidente José Sarney, que, embora tenha sido 
aliado dos militares, deu continuidade ao processo de redemocratização. Os membros do 
Congresso Nacional foram convocados para formar a Assembleia Nacional Constituinte. A 
Câmara dos Deputados e o Senado Federal reuniram-se na sede do Congresso Nacional. 
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 estabeleceu como forma de 
governo a república e como sistema, o presidencialismo, sendo o governante eleito a partir 
daquela data para exercer as suas atividades de chefe do executivo federal eleito através do 
voto do cidadão onde exerceria o mandato por um período determinado de 05 anos sem a 
possibilidade de reeleição porém com as mudanças realizadas pela Emenda Constitucional de 
Revisão nº5, de 1994 e Emenda Constitucional nº16, de1997 fora vetado o período de cinco 
anos passando a ser de 04 com possibilidade de uma consecutiva reeleição, sendo este 
Presidente eleito responsável por todos os seus atos Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei 
Complementar nº 101, de 04/05/2000), podendo ainda, ser submetido a processo de 
impeachment, se praticar um crime de responsabilidade (Lei do Impeachment nº. 1.079 de 10 
de abril de 1950), na forma do artigo 86 da CRFB/88. No Brasil temos dois exemplos de 
impeachment de Presidentes da República: o primeiro ocorrido em 02 de outubro de 1992 – do 
Presidente Fernando Collor de Mello e, por derradeiro, o impeachment de Dilma Rousseff, no 
dia31/08/2016. 
Mediante um plebiscito, ocorrido no dia 21 de abril de 1993, em atendimento a 
determinação artigo 2º do Ato dasDisposições Constitucionais Transitórias (ADCT) da 
Constituição Federal de1988 para escolher a forma de governo (república ou monarquia) a 
maioria do povo brasileiro decidiu pela continuidade da República presidencialista que está em 
vigor até a presente data. 
A República Federativa do Brasil é um Estado Federal Soberano, ou seja, possui 
independência em relação aos Estados estrangeiros, não se submete a outra forma de poder 
que não seja o que é inerente ao nosso próprio ordenamento jurídico (União - Soberania). 
Sendo assim, o Estado brasileiro é formado pela União, 01 (um) Distrito Federal, 26 (vinte e 
seis) Estados membros e 5.570 (cinco mil quinhentos e setenta) Municípios, (CF, art. 1º e art. 
18). Todos eles são pessoas jurídicas de direito público, autônomos entre si (Estados e 
Municípios -Autonomia). 
Os Estados estão submetidos ao princípio da indissolubilidade do vínculo federativo. A 
República Federativa do Brasil indica que o país é baseado em uma federação, isto 
é,composto por vários estados membros.Não é possível aceitar propostas que possa 
transformar um dos estados membros em um Estado (país) independente do Brasil,pois não 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2022 
20 
 
 
CF, 
EC e tratados 
Internacionais sobre 
Direitos humanos 
aprovados com as 
regras exigidas para EC 
(art 5°,§2°, CF) 
Caráter 
Tratados internacionais sobre 
Direitos humanos aprovados em rito 
ordinário 
Caráter 
Leis complementares, Leis Ordinárias, Leis 
Delegadas, Resoluções, Decretos Legislativos, Decretos 
autônomos e Tratados Internacionais em geral 
Infraconstitucionais 
Decretos regulamentares, portarias e instruções 
normativas 
Infralegais 
existe em nosso ordenamento jurídico o fenômeno da secessão. 
Por fim, quanto ao regime, está expresso no artigo 1º da Lei Maior o Estado 
Democrático de Direito, ou seja, um Estado no qual todo o poder se exerce do povo e para o 
povo, ou seja, no qual a própria lei deverá sempre ser fruto da vontade popular, assegurando- 
se, igualmente, os direitos fundamentais para preservar a dignidade da pessoa humana. 
A pirâmide de Kelsen – hierarquia das normas 
 
Sargento, você já ouviu falar em pirâmide de Kelsen? O que seria? 
Vamos aprender? 
 
 
No Brasil, vigora o princípio da Supremacia da Constituição, segundo o qual as normas 
constitucionais, obra do poder constituinte originário, estão num patamar de superioridade em 
relação às demais leis, servindo de fundamento de validade para estas. Assim, as normas 
podem ser separadas: 
 
 
Para compreender bem o Direito Constitucional, é fundamental que estudemos a 
hierarquia das normas, através do que a doutrina denomina “pirâmide de Kelsen”. Essa 
pirâmide foi concebida pelo jurista austríaco Hans Kelsen para fundamentar a sua teoria, 
baseada na ideia de que as normas jurídicas inferiores (normas fundadas) retiram seu 
fundamento de validade das normas jurídicas superiores (normas fundantes). 
Iremos, a seguir, nos utilizar da “pirâmide de Kelsen” para explicar o escalonamento 
normativo no ordenamento jurídico brasileiro. A pirâmide de Kelsen tem a Constituição como 
seu vértice (topo), por ser estar fundamentado de validade de todas as demais normas do 
sistema. Assim, nenhuma norma do ordenamento jurídico pode se opor à Constituição: ela é 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2022 
21 
 
 
superior a todas as demais normas jurídicas, as quais são, por isso mesmo, denominadas 
infraconstitucionais.Na Constituição, há normas constitucionais originárias e normas 
constitucionais derivadas. As normas constitucionais originárias são produto do Poder 
Constituinte Originário (o poder que elabora uma nova Constituição); elas integram o texto 
constitucional desde que ele foi promulgado, em 1988. 
As normas constitucionais derivadas são aquelas que resultam da manifestação do 
Poder Constituinte Derivado (o poder que altera a Constituição); são as chamadas emendas 
constitucionais, que também se situam no topo da pirâmide de Kelsen. Não existe hierarquia 
entre normas constitucionais originárias. Assim, não importa qual é o conteúdo da norma. 
Todas as normas constitucionais originárias têm o mesmo status hierárquico. 
Não existe hierarquia entre normas constitucionais originárias e normas constitucionais 
derivadas. Todas elas se situam no mesmo patamar, porém entre normas constitucionais 
originárias e derivadas, há uma importante diferença entre elas: as normas constitucionais 
originárias não podem ser declaradas inconstitucionais. Em outras palavras, as normas 
constitucionais originárias não podem ser objeto de controle de constitucionalidade. Já as 
emendas constitucionais (normas constitucionais derivadas) são passíveis de controle de 
constitucionalidade. 
Com a promulgação da Emenda Constitucional nº 45/2004, abriu-se uma nova e 
importante possibilidade no ordenamento jurídico brasileiro. Os tratados e convenções 
internacionais de direitos humanos aprovados em cada Casa do Congresso Nacional (Câmara 
dos Deputados e Senado Federal),em dois turnos,por três quintos dos votos dos respectivos 
membros, passaram a ser equivalentes às emendas constitucionais Artigo5º,§ 3º da CF/88. 
Situam-se, portanto, no topo da pirâmide de Kelsen, tendo “status” de emenda 
constitucional. Diz-se que os tratados de direitos humanos, ao serem aprovados por esse rito 
especial, ingressam no chamado “bloco de constitucionalidade”. Em virtude da matéria de que 
tratam (direitos humanos), esses tratados estão gravados por cláusula pétrea e, portanto, 
imunes de modificação ou extinção pelo Estado brasileiro. O primeiro tratado de direitos 
humanos a receber o status de emenda constitucional foi a “Convenção Internacional sobre os 
Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo”. 
Os demais tratados internacionais sobre direitos humanos, aprovados pelo rito 
ordinário, têm, segundo o STF, “status” supra legal. Isso significa que se situam logo abaixo da 
Constituição e acima das demais normas do ordenamento jurídico. 
As normas imediatamente abaixo da Constituição (infraconstitucionais) e dos tratados 
internacionais sobre direitos humanos são as leis (complementares, ordinárias e delegadas), as 
medidas provisórias,os decretos legislativos,as resoluções legislativas, os tratados 
internacionais em geral incorporados ao 
ordenamento jurídico e os decretos autônomos. 
Ao contrário do que muitos podem ser 
levados a acreditar, as leis federais, estaduais, 
distritais e municipais possuem o mesmo grau 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2022 
22 
 
 
hierárquico. Assim, um eventual conflito entre leis federais e estaduais ou entre leis estaduais e 
municipais não será resolvido por um critério hierárquico a solução dependerá da repartição 
constitucional de competências. Deve-se perguntar o seguinte: de qual ente federativo (União, 
Estados ou Municípios) é a competência para tratar do tema objeto da lei?Nessa ótica,é 
plenamente possível que, num caso concreto, uma lei municipal prevaleça diante de uma lei 
federal. 
Existe hierarquia entre a Constituição Federal, as Constituições Estaduais e as Leis 
Orgânicas dos Municípios? Sim, a Constituição Federal está num patamar superior ao das 
Constituições Estaduais que, por sua vez, são hierarquicamente superiores às Leis Orgânicas. 
As leis complementares, apesar de serem aprovadas por um procedimento mais 
dificultoso, têm o mesmo nível hierárquico das leis ordinárias. O que as diferencia é o 
conteúdo: ambas têm campos de atuação diversos, ou seja, a matéria (conteúdo) é diferente. 
Como exemplo, citamos o fato de que a CF/88 exige que normas gerais sobre direito tributário 
sejam estabelecidas por lei complementar. 
As leis ordinárias não podem tratar de tema reservado às leis complementares. Caso 
isso ocorra, estaremos diante de um caso de inconstitucionalidade formal (nomo dinâmica). Os 
regimentos dos tribunais do Poder Judiciário são consideradosnormas primárias, equiparados 
hierarquicamente às leis ordinárias. Na mesma situação, encontram-se as resoluções do 
CNMP (Conselho Nacional do Ministério público) e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). 
 
Os regimentos das Casas Legislativas (Senado e Câmara dos Deputados), por 
constituírem resoluções legislativas, também são considerados normas primárias, equiparados 
hierarquicamente às leis ordinárias. 
Finalmente, abaixo das leis encontram-se as normas infra legais. Elas são normas 
secundárias, não tendo poder de gerar direitos, nem, tampouco,de impor obrigações. Não 
podem contrariar as normas primárias, sob pena de invalidade, é o caso dos decretos 
regulamentares, portarias, instruções normativas, dentre outros decretos regulamentares. 
 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2022 
23 
 
 
Poder constituinte 
 
A teoria do poder constituinte, que se aplica somente aos Estados com Constituição 
escrita e rígida, distingue poder constituinte de poderes constituídos. 
 
Você sabia que Poder Constituinte é aquele que cria a 
Constituição, enquanto os poderes constituídos são aqueles 
estabelecidos por ela, ou seja, são aqueles que resultam de sua 
criação? E que o poder constituinte pode ser de dois tipos: 
originário ou derivado? 
 
Poder constituinte originário (poder constituinte de primeiro grau ou genuíno) é o 
poder de criar uma Constituição. Apresenta 6 (seis) características: político, inicial, 
incondicionado, permanente, ilimitado juridicamente e autônomo, cria o ordenamento jurídico 
de um Estado dando validade a uma nova ordem constitucional, ou seja, nova ordem jurídica, 
rompendo com a anterior com efeito de criar um novo Estado, não se sujeitando a qualquer 
forma ou procedimento predeterminado em sua manifestação, não se submete a limites 
determinados pelo direito anterior. Pode mudar completamente a estrutura do Estado ou os 
direitos dos cidadãos, por exemplo, sem ter sua validade contestada com base no 
ordenamento jurídico anterior. 
O Poder Constituinte Derivado (poder constituinte de segundo grau) é o poder de 
modificar a Constituição Federal bem como de elaborar as Constituições Estaduais.É fruto do 
poder constituinte originário, estando previsto na própria Constituição. Tem como 
características ser jurídico, derivado, limitado (ou subordinado) e condicionado. 
O Poder Constituinte Derivado subdivide-se em dois: 
I) Poder Constituinte Reformador e 
II) Poder Constituinte Decorrente. 
O primeiro poder constituinte reformador consiste no poder de emendar a Constituição 
federal. Já o segundo poder constituinte decorrente é aquele que a CF/88 confere aos Estados 
membros de se auto organizarem, por meio da elaboração de suas próprias Constituições 
estaduais. Ambos devem respeitar as limitações e condições impostas pela Constituição 
Federal. 
O Poder constituinte difuso é o poder de fato que atua na etapa da mutação 
constitucional, meio informal de alteração da Constituição. Cabe a ele, portanto, alterar o 
conteúdo, o alcance e o sentido das normas constitucionais, mas de modo informal, sem 
qualquer modificação da literalidade do texto da Constituição. É um poder de fato porque 
nascido do fato social, político econômico. É informal porque se manifesta por meio das 
mutações constitucionais, modificando o sentido das Constituições, mas sem nenhuma 
alteração do seu texto expresso este fenômeno ocorre nos em matéria Constitucional federal 
quando Supremo Tribunal Federal (STF). 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2022 
24 
 
 
 
Desde a Constituição de 1988, o entendimento sobre a prisão em segunda 
instância já mudou algumas vezes utilizando a mutação Constitucional para 
exercer o poder Constituinte difuso. 
Em 2009, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que o réu só podia 
ser preso após o trânsito em julgado,ou seja,depois do recurso a todas as 
instâncias. Antes do esgotamento de recursos, ele poderia no máximo ter 
prisão preventiva decretada contra si. 
Já em fevereiro de 2016, o Supremo decidiu que um réu condenado em 
segunda instância já poderia começar a cumprir sua pena, ou seja, poderia 
parar na cadeia mesmo enquanto recorre aos tribunais superiores. Naquele 
momento, a regra foi aplicada ao caso de um réu específico. No mesmo 
ano, o STF reafirmou a decisão,que passou a ter validade para todos os 
casos no Brasil. 
Em 2019, a constitucionalidade da condenação em segunda instância 
voltou ao Supremo Tribunal Federal para novo julgamento o Supremo 
analisou três Ações Declaratórios de Constitucionalidade capazes de 
discutir o alcance da norma constitucional de presunção de inocência 
pormaioriade6x5quecumprimentodapenadevecomeçar após esgotamento 
de recursos, ou seja, a prisão condenatória apenas depois do trânsito em 
julgado. 
 
Mutação constitucional 
 
Sargento, o que seria Mutação Constitucional? Vamos estudar? 
 
 
Mutação constitucional é o fenômeno que modifica determinada norma da 
Constituição Federal sem que haja qualquer alteração no seu texto. É considerada alteração 
informal porque não são cumpridos os requisitos formais necessários à modificação do seu 
conteúdo textual. 
Exemplo emblemático de mutação Constitucional sobre a mesma matéria em curto 
espaço de tempo é o tema de cumprimento de pena depois da confirmação de condenação em 
segunda instância. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
□ Cláusulas pétreas 
 
Você sabia que cláusulas pétreas são limitações materiais ao poder 
de reforma da constituição de um Estado? 
 
Em outras palavras, são dispositivos que podem ser alteradas, mas não abolidas, que 
tende a abolir as normas constitucionais relativas às matérias por elas definidas. A existência 
de cláusulas pétreas ou limitações materiais implícitas é motivo de controvérsia na literatura 
jurídica. 
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988,em seu artigo 60,§4º, traz 
em seu bojo as Cláusulas Pétreas. As matérias que estão sob o manto das Cláusulas Pétreas 
não podem ser alteradas para restringir ou retirar direitos, no entanto,permite que todos os 
direitos sob o seu manto sejam majorados. São objetos das Cláusulas Pétreas: a forma 
federativa de Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos Poderes e 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2022 
25 
 
 
 
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: (...) 
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir 
I - a forma federativa de Estado; 
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - 
a separação dos Poderes; 
IV - os direitos e garantias individuais. (BRASIL, 1988). 
Forma Federativa de Estado 
Voto direto, secreto, universal e periódico 
A Separação dos Poderes 
Os Direitos e Garantias Individuais 
os direitos e garantias individuais.São denominadas "cláusulas pétreas" os dispositivos 
elencados no parágrafo 4º do artigo 60 da Carta Magna. Assim está disposto: 
 
 
AdenominaçãoRepúblicaFederativadoBrasilindicaqueopaísébaseadoemuma federação, 
isto é, composto por vários estados membros. Não é possível aceitar 
propostas que possa transformar um dos estados membros em um Estado (país) independente 
do Brasil. 
 
 
 
Não é possível a modificar o sistema de voto direto, onde cada cidadão devidamente 
alistado tem direito a voto. Deverá sempre ser secreto (o cidadão tem o direito de não revelar o 
seu voto, evitando assim perseguições políticas ou qualquer outra intimidação). Deve também 
ser universal, ou seja, todos os brasileiros, natos ou naturalizados têm a oportunidade de se 
alistar e votar, a menos que se encaixem em certos casos previstos no artigo 14 da Carta 
Magna. Deve este voto ser ainda periódico, ou seja, o cidadão deve ter a oportunidade de votar 
de tempos em tempos. 
 
 
Não se admite discutir a retirada ou a introdução de outro poder, sendo esta 
organização tripartite do Estado em Judiciário, Legislativo e Executivo clausula pétrea.Estes 
poderes são independentes e harmônicos entre sí, e não existe hierarquia entre eles, e sim 
competências específicas. 
 
 
 
Direitos individuais elencados no artigo 5° e seus incisos, possuindo maior relevo a 
vida, a liberdade, a igualdade, a segurança, a propriedade, ente outros. Insta aduzir, apesar de 
serem direitos pétreos não são absolutos, podendo ser reduzidos ou até retirados quando o 
interesse público for afetado, sendo certo que deverá estar previsto em lei. 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2022 
26 
 
 
 
 
 
□ Princípios fundamentais 
 
Policial, você saberia dizer quais são os princípios fundamentais da 
República Federativa do Brasil que estão disciplinados nos artigos 1º 
a 4º da Constituição? 
Os princípios fundamentais estão disciplinados nos artigos1ºa4ºda Constituição. Trata- 
se de uma federação (forma de Estado), de uma república (forma de governo), que adota o 
regime político democrático (traz ínsita a ideia de soberania assentada no povo); constitui um 
Estado de Democrático de Direito (implica a noção de limitação do poder e de garantia de 
direitos fundamentais aos particulares). Ademais, traz os fundamentos da República federativa 
do Brasil, que são: soberania; cidadania; dignidade da pessoa humana; valores sociais do 
trabalho e da livre-iniciativa e o pluralismo político. 
A soberania é um atributo essencial ao Estado, garantindo que sua vontade não se 
subordine a qualquer outro poder, seja no plano interno ou no plano internacional. A soberania 
é considerada um poder supremo Fundamentos da RFB e independente, não estando limitado 
a nenhum outro poder na ordem interna e no plano internacional, não se subordina à vontade 
de outros Estados. (Art. 4º, V,CF/88). 
A cidadania, é um direito fundamental das pessoas, representa um verdadeiro status 
do ser humano o de ser cidadão e, com isso, ter assegurado o seu direito de participação na 
vida política do Estado. A previsão da cidadania como fundamento do Estado brasileiro exige 
que o Poder Público incentive a participação popular nas decisões políticas do Estado no 
direito de sufrágio, ou seja votar e ser votado. 
A dignidade da pessoa humana é outro fundamento da República Federativa do 
Brasil e sendo a base de todos os direitos fundamentais. Trata-se de princípio que coloca o ser 
humano como a preocupação central para o Estado brasileiro: a proteção às pessoas deve ser 
vista como um fim em si mesmo. Segundo o STF,a dignidade da pessoa humana é princípio 
supremo, “significativo vetor interpretativo, verdadeiro valor-fonte que conforma e inspira todo o 
ordenamento constitucional vigente em nosso País e que traduz, de modo expressivo, um dos 
fundamentos em que se assenta, entre nós, a ordem republicana e democrática consagrada 
pelo sistema de direito constitucional positivo. ” 
O princípio da dignidade da pessoa humana possui elevada densidade normativa e 
pode ser usado, por si só e independentemente de regulamentação, como fundamento de 
decisão judicial. Além de possuir eficácia negativa (invalidando qualquer norma com ele 
conflitante), o princípio da dignidade da pessoa humana vincula o Poder Público, impelindo-o a 
adotar políticas para sua total implementação. 
O pluralismo político princípio que visa garantir a inclusão dos diferentes grupos 
sociais no processo político nacional, outorgando aos cidadãos liberdade de convicção 
filosófica e política. Como seu corolário, tem-se a liberdade de criação e funcionamento dos 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2022 
27 
 
 
Soberania 
Pluralismo Cidadania 
Fundamentos 
Da RFB 
Valores 
Sociais do 
trabalho e 
Dignidadeda 
Pessoa 
humana 
Legislativo 
Judiciário Executivo 
partidos políticos e por isso dezenas de partidos políticos representam o seu eleitor 
nascasaslegislativasenopoderexecutivoemtodooPaíseprincipalmentenocongresso nacional. 
 
 
No artigo 2º estão elencados os Poderes da União, o Legislativo, o Executivo e o 
Judiciário, todos são independentes e harmônicos entre si, ou seja, estão impedidos de invadir 
a esfera de competência dos demais, devendo atuar de forma integrada, inclusive controlando- 
se reciprocamente. 
A Constituição estabelece diversas situações nas quais os poderes deverão atuar 
conjuntamente, como é o caso da lei, uma vez que o projeto após ser aprovado pelo Legislativo 
será sancionado ou vetado no Executivo; também a escolha dos Ministros do STF, que será 
feita com a nomeação pelo Presidente(Executivo) após aprovada a escolha pelo Senado 
 
Federal(Legislativo). 
 
 
Por fim, também integra esse sistema os mecanismos de controle recíprocos, como, 
por exemplo, a fiscalização do Executivo pelo Legislativo (art. 70), ou o controle de 
constitucionalidade pelo judiciário. 
Temos no art. 3º os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, que 
são: construir uma sociedade livre, justa e solidária: garantir o desenvolvimento nacional; 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2022 
28 
 
 
Concessão 
de asilo 
político 
Prevalência 
Dos direitos 
humanos 
cooperação 
entre os povos 
para o progresso 
da humanidade 
Autodeterminaç 
ão dos povos 
Brasil e as 
Relações 
internacionais 
Repúdioao 
Terrorismo e 
ao racismo 
Não- 
Intervenção 
solução 
pacífica dos 
conflitos 
Defesa da 
paz 
Igualdade 
entre os 
Estados 
erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais, por fim, 
promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer 
outras formas de discriminação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O art. 4º estabelece os princípios que devem reger a República Federativa do Brasil 
nas suas relações internacionais: independência nacional; autodeterminação dos povos; não 
intervenção; igualdade entre os Estados; prevalência dos direitos humanos; repúdio ao 
terrorismo e ao racismo; defesa da paz; Isnodlueçpãeondpêanccíifaica dos conflitos; cooperação entre os 
povos para o progresso da humanidade ;e conncaecsisoãnoalde asilo político. 
Construir uma sociedade livre, justa e 
solidária 
Garantir o desenvolvimento nacional 
Erradicar a pobreza e a 
Marginalização e reduzir as desigualdades 
sociais e regionais 
Promover o bem de todos, sem 
Preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e 
quaisquer outras formas de discriminação 
O
b
je
ti
vo
s 
Fu
n
d
am
en
ta
is
 d
a 
R
FB
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2022 
29 
 
 
DOS PRÍNCÍPIOS, DOS DIREITOS E DAS 
GARANTIASFUNDAMENTAIS(ART.5ºAO17DACRFB/88) 
 
Iniciamos aqui a Unidade II de nossa apostila. Nela nós vamos estudar os Princípios e 
as Garantias Constitucionais de nossa Constituição Federal. Ao final desta aula os alunos 
estarão habilitados a reconhecer os direitos aqui estudados e praticar em seu cotidiano e 
respeitando tais institutos no exercício de suas funções, elevando e honrando a instituição 
policial a que representam. 
 
Você saberia dizer o que são direitos fundamentais? Vamos aprender? 
 
 
Preliminarmente devemos refletir que Direitos fundamentais são os direitos da pessoa 
humana consagrados, em um determinado momento histórico, em um certo Estado. São 
direitos constitucionalmente protegidos, ou seja, estão positivados em uma determinada ordem 
jurídica. Os direitos fundamentais são tradicionalmente classificados em gerações, o que busca 
transmitir uma ideia de que eles não surgiram todos em um mesmo momento histórico. Eles 
foram fruto de uma evolução histórico-social, de conquistas progressivas da humanidade do 
conceito de “gerações de direitos humanos” nossa doutrina majoritária reconhece a existência 
de três gerações de direitos: 
□ Primeira Geração: são os direitos que buscam restringir a ação do Estado sobre o 
indivíduo, impedindo que este se intrometa de forma abusiva na vida privada 
daspessoas.Sãochamadasliberdadesnegativaspoistraduzemaliberdadedenão sofrer 
ingerência abusiva por parte do Estado ficandoeste proibido de intervir indevidamente 
na esfera privada. Exemplo: Direito a locomoção, associação, reunião 
□ Segunda geração: são os direitos que envolvem prestações positivas do Estado aos 
indivíduos (políticas e serviços públicos) e, em sua maioria, caracterizam-se por serem 
normas programáticas, também chamados de liberdades positivas. Para o 
Estado,constituem obrigações de fazer algo em prol dos indivíduos,objetivando que 
todos tenham de “bem-estar”. Exemplo: Direito a saúde, educação, segurança, 
trabalho... 
□ Terceira geração: são os direitos que não protegem interesses individuais, mas que 
transcendem a órbita dos indivíduos para alcançar a coletividade. Os direitos de 
terceira geração têm como valor-fonte a solidariedade, a fraternidade. São os direitos 
difusos e os coletivos. Citam-se,como exemplos,o direito do consumidor, o direito ao 
meio ambiente ecologicamente equilibrado e o direito ao desenvolvimento. Constata-se 
que as três gerações seguem a seqüência do lema da Revolução Francesa: Liberdade, 
Igualdade e Fraternidade. 
Diante disto os direitos fundamentais podem ser classificados em direitos de primeira 
geração ou dimensão (direitos e garantias civis e políticos), de segunda geração ou dimensão 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2022 
30 
 
 
LIBERDADE 
1ª geração 
Impõe ao estado o Dever de 
Abstenção Dos Direitos civis e políticos 
IGUALDADE 
2ª geração Impõem ao estado o dever de atuação 
Gerações 
Dos direitos 
fundamentais 
Direitos sociais, econômicos e culturais 
 
FRATERNIDADE 
3ª geração 
Direitos difusos e 
coletivos 
 
DEMOCRACIA, INFORMAÇÃO, 
PLURALISMO 
4ª geração 
ENGENHARIA GENÉTICA 
5ª geração DIREITO à PAZ 
Direitos fundamentais 
Garantias fundamentais 
(direitos sociais, econômicos e culturais) e de terceira geração ou dimensão (direitos de 
solidariedade, como a um meio ambiente sadio e à paz, ou seja, os direitos difusos). 
 
 
 
 
Distinção entre direitos fundamentais e garantias fundamentais 
 
 
A Constituição Federal trouxe em seu título II, os direitos e garantias fundamentais, 
subdivididos em cinco capítulos: Direitos individuais e coletivos, Direitos sociais, Direitos de 
nacionalidade, Direitos políticos e Direitos de sufrágio. 
 
 
 
São estabelecidas pelo texto constitucional como instrumentos de proteção dos direitos 
fundamentais. As garantias possibilitam que os indivíduos façam valer, frente ao Estado, os 
direitos fundamentais. Assim, ao direito à vida corresponde a garantia de vedação à pena de 
morte; ao direito à liberdade de locomoção corresponde a garantia do “habeas corpus”; ao 
direito à liberdade de manifestação do pensamento, a garantia da proibição da 
censuraetc.Finalmente, os direitos fundamentais são bens jurídicos em si mesmos 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2022 
31 
 
 
considerados, conferidos às pessoas pelo texto constitucional, enquanto as garantias 
fundamentais são os instrumentos por meio dos quais é assegurado o exercício desses 
direitos, bem como a devida reparação, nos casos de violação. 
Direitos e garantias fundamentais 
 
Diante das três gerações de direitos elencados acima percebemos que na Constituição 
Federal do Brasil segue esta linha estabelecendo os direitos e garantias fundamentais no título 
II da Constituição de 1988 (arts 5º a 17), abrangendo os direitos e deveres individuais e 
coletivos, os direitos sociais, a nacionalidade, os direitos políticos e os partidos políticos. 
 
Você sabia que os direitos fundamentais se caracterizam por serem: 
históricos, inalienáveis, imprescritíveis, irrenunciáveis e relativos? 
 
É histórico porque seu conteúdo altera-se com o passar dos tempos; inalienáveis, pois 
não são passiveis de valorização econômica; imprescritíveis, já que, independentemente de 
não serem exercitados permanecem invocáveis; irrenunciáveis porque são direitos 
fundamentais da própria existência humana, razão pela qual,ainda que se deseje, não será 
passível abrir mão de tais direitos. 
 
Dos direitos e dos deveres individuais e coletivos 
 
Você já ouviu falar nos direitos e nos deveres individuais e coletivos 
contemplados no artigo 5º da CRFB/88? 
 
Contemplados no artigo 5º da CRFB/88, estabelece: “todos são iguais perante a lei, 
sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, a liberdade, a igualdade, a segurança e a 
propriedade”. O dispositivo constitucional enumera cinco direitos fundamentais – os direitos à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade e desses derivam todos os outros 
direitos inseridos nos incisos do artigo 5º da CF/88. Tais dispositivos são considerados como 
cláusulas pétreas,conforme reza o artigo 60 ,§ 4º da CRFB/88.Desse modo não podem ser 
suprimidos apenas para acrescentar mais direitos através de emenda à Constituição. 
Necessário ressaltar que embora haja 
referência apenas aos estrangeiros residentes no 
país, tal dispositivo não pode ser interpretado de 
modo a afastar aos estrangeiros não residentes 
direitos fundamentais, portanto, um estrangeiro que 
está no país a turismo, para estudar ou a trabalho 
também terá assegurado os direitos e as garantias 
disciplinados neste artigo constitucional, há consenso 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2022 
32 
 
 
na doutrina de que os direitos fundamentais abrangem qualquer pessoa que se encontre em 
território nacional, mesmo que seja um estrangeiro residente no exterior, este se estiver 
passando férias no Brasil será, titular de direitos fundamentais como qualquer outro cidadão. 
No que se refere ao direito à vida, a doutrina considera que é dever do Estado 
assegurá-lo em sua dupla acepção: a primeira, enquanto direito de continuar vivo; a segunda, 
enquanto direito de ter uma vida digna. A vida deve ser compreendida seu sentido mais amplo, 
pois é o bem jurídico mais relevante de todo o ser humano é o mais elementar dos direitos 
fundamentais, sem vida, nenhum outro direito poderá ser fruído, ou sequer cogitado. 
Nesse sentido, o STF já decidiu que assiste aos indivíduos o direito à busca pela 
felicidade, como forma de realização do princípio da dignidade da pessoa humana. O direito à 
vida não abrange apenas a vida extra uterina, mas também a vida intra uterina. Sem essa 
proteção, estaríamos autorizando a prática do aborto, que somente é admitida no Brasil 
quando há grave ameaça à vida da gestante ou quando a gravidez é resultante de estupro. 
Relacionado a esse tema, há um importante julgado do STF sobre a possibilidade de 
interrupção de gravidez de feto anencefálico. O feto anencefálico é aquele que tem uma má- 
formação do tubo neural (ausência parcial do encéfalo e da calota craniana). Trata-se de u ma 
patologia letal:os fetos por ela afetados morrem, em geral, poucas horas depois de terem 
nascido. 
A Corte garantiu o direito à gestante de “submeter-se a antecipação terapêutica de 
parto na hipótese de gravidez de feto anencefálico, previamente diagnosticada por profissional 
habilitado,sem estar compelida a apresentar autorização judicial ou qualquer outra forma de 
permissão do Estado”. O STF entendeu que, nesse caso, não haveria colisão real entre direitos 
fundamentais, apenas conflito aparente, uma vez que o anencefálico, por ser inviável, não seria 
titular do direito à vida. O feto anencefálico, mesmo que biologicamente vivo, porque feito de 
células e tecidos vivos, seria juridicamente morto, de maneira que não deteria proteção jurídica. 
Outra controvérsia levada à apreciação do STF envolvia a pesquisa com células-tronco 
embrionárias. Segundo a Corte, é legítima e não ofende o direito à vida nem, tampouco, a 
dignidade da pessoa humana, a realização de pesquisas com células-tronco embrionárias, 
obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização “in vitro” e não utilizados neste 
procedimento. 
Porfim,cabe destacar que nem mesmo o direito àvida é absoluto, sendo admitida pela 
Constituição Federal de 1988 a pena de morte em caso de guerra declarada. A doutrina 
considera que, por se tratar de cláusula pétrea, emenda constitucional não pode estabelecer, 
no Brasil, novas hipóteses de pena de morte. Essa ampliação não poderia nem mesmo ser 
feita por meio de uma nova Constituição, em respeito ao princípio da vedação ao retrocesso. 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2022 
33 
 
 
 
 
 
 
Depois da análise do “caput” do artigo 5º da Carta Magna, passaremos à análise dos 
seus incisos: 
A igualdade é a base fundamental do princípio republicano e da democracia. O 
princípio da igualdade determina que se dê tratamento igual aos que se encontra em situação 
equivalente de que se trata de maneira desigual os desiguais na medida de suas 
desigualdades. 
O princípio constitucional da igualdade não veda que a lei estabeleça tratamento 
diferencia do entre pessoas que guardam distinções de grupo social, de sexo, de profissão, de 
condições econômicas ou de idade entre outras; o que não se admite é que o parâmetro 
diferenciador seja arbitrário, desprovido de razoabilidade. 
Em suma, o princípio da igualdade 
não veda tratamento discriminatório entre os 
indivíduos quando há razoabilidade para a 
discriminação. Exemplo: cotas nas 
universidades para os Afrodescendentes; 
concurso público com vagas determinadas 
Direito à busca pela Felicidade (uniões homo afetivas 
são entidades familiares) 
Direitos Sociais (art. 6º - art. 11) Sobrevivência+ 
Existência digna 
Alcança a vida intra e extra uterina) 
DIREITO à VIDA 
É relativo 
Com a interrupção 
de gravidez de a 
nencéfalo 
É compatível 
Com a pesquisa com 
células- tronco 
embrionárias 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2022 
34 
 
 
Igualdade NA LEI 
Destina-se ao 
LEGISLADOR 
IGUALDADE 
Igualdade PERANTE 
Destina-seaos
 
A LEI 
AP LICADORES D O 
DIREITO 
 
II - Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em 
virtude de lei; 
exclusivamente para determinado sexo (neste caso as peculiaridades das atribuições do cargo 
devem justificar no edital do concurso, ou seja, concurso para preenchimento de vaga de 
agente penitenciário feminino para unidade prisional feminino). 
Os legisladores e aplicadores da lei, por sua vez, ficam limitados pela “igualdade 
perante a lei”, não podendo diferenciar, quando da elaboração ou aplicação do Direito, aqueles 
a quem a lei concedeu tratamento igual resguardando assim a igualdade na lei, pois de nada 
adiantaria ao legislador estabelecer um direito a todos se fosse permitido que os juízes e 
demais autoridades tratassem as pessoas desigualmente reconhecendo direito a alguns e 
negando-os a outros mesmo estando na mesma situação fática. Do princípio da igualdade se 
originam vários outros princípios da Constituição, como, por 
exemplo,avedaçãoaoracismo(art.5º,XLII,CF),oprincípiodaisonomiatributária(art. 150, II, CF), 
dentre outros. 
 
 
 
 
 
Esse inciso trata do princípio da legalidade, que se aplica de maneira diferenciada 
aos particulares e ao Poder Público. Para os particulares, traz a garantia de que só podem ser 
obrigados a agir em ou as e omitirem por lei.Tudo é permitido a eles na falta de norma legal 
proibitiva. 
No Poder Público, o princípio da legalidade consagra a ideia de que este só pode fazer 
 
o que é permitido pela lei, não pode atuar, nem contrariamente às leis, nem na ausência de lei. 
Não se exclui, aqui, a possibilidade de atividade discricionária pela Administração Pública, mas 
a discricionariedade não é, em nenhuma hipótese, atividade desenvolvida na ausência da lei, e 
sim atuação nos limites da lei, quando esta deixa alguma margem para a Administração agir 
conforme critérios de oportunidade e conveniência, repita-se segundo os parâmetros genéricos 
estabelecidos na lei. 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2022 
35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Exige lei formal, ato com força 
de lei, ou atos expedidos nos 
limites deste. 
• Maior abrangência. 
• Menor densidade ou conteúdo. 
 
 
LEGALIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Exige lei formal, ou atos com força 
de lei. 
• Menor abrangência. 
• Maior densidade ou conteúdo... 
 
 
RESERVA LEGAL 
 
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante. 
 
IV - É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato. 
É importante compreendermos a diferença entre o princípio da legalidade e o princípio 
da reserva legal, pois o princípio da legalidade se apresenta quando a Carta Magna utiliza a 
palavra “lei” em um sentido mais amplo, abrangendo não somente a lei em sentido estrito, mas 
todo e qualquer ato normativo estatal (incluindo atos infra legais) que obedeça às formalidades 
que lhe são próprias e contenha uma regra jurídica.Por meio do princípio da legalidade, a Carta 
Magna determina a submissão e o respeito à “lei”, ou a atuação dentro dos limites legais; no 
entanto, a referência que se faz é à lei em sentido material. 
O princípio da reserva legal é evidenciado quando a Constituição exige 
expressamentequedeterminadamatériasejareguladaporleiformalouatoscomforçade lei (como 
decretos autônomos, por exemplo). O vocábulo “lei” é, aqui, usado em um sentido mais restrito. 
 
 
 
 
São proibições Constitucionais com fundamento no preceito fundamental da dignidade 
humana onde a proteção é extensiva a todos as pessoas que estão permanentemente ou 
transitoriamente no Brasil, independentemente de qualquer coisa. Princípio da dignidade da 
pessoa Humana, artigo 1º . inciso III da CF/88. 
 
Trata-se da liberdade de expressão, que é verdadeiro fundamento do Estado 
democrático de direito. Todos podem manifestar, oralmente ou por escrito, o que pensam, 
desde que isso não seja feito anonimamente. A liberdade de expressão pode ser oralmente ou 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2022 
36 
 
 
Aplicação a pessoas físicas e pessoas jurídicas. 
DIREITO DE 
RESPOSTA 
 
Proporcional ao agravo. 
Pode ser acumulado com indenização por 
dano material, moral ou à imagem. 
 
 
VI - É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado 
o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos 
locais de culto e a suas liturgias; 
VII – É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa 
nas entidades civis e militares de internação coletiva; 
 
VIII- Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de 
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação 
legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada emlei; 
por escrito, e também o direito de ouvir, assistir e ler. A vedação ao anonimato visa garantir a 
responsabilização de quem utilizar tal liberdade para causar danos a terceiros. A liberdade de 
expressão é ampla, mas não é absoluta, sendo proibidos os discursos de ódio. Preconceituosa 
e de intolerância. 
Essa norma traduzo direito de resposta à manifestação do pensamento de outrem, que 
é aplicável em relação a todas as ofensas, independentemente de elas configurarem ou não 
infrações penais. Essa resposta deverá ser sempre proporcional,ou seja,veiculada nomes no 
meio de comunicação utilizado pelo agravo,com mesmo destaque, tamanho e duração. 
Salienta-se, ainda, que o direito de resposta se aplica tanto a pessoas físicas quanto a pessoas 
jurídicas ofendidas pela expressão indevida de opiniões. 
 
 
 
 
 
Consagra-se, nesses incisos, o direito Constitucional Pétreo de liberdade religiosa. 
No que ser refere ao inciso VII, observe que não é o Poder Público o responsável pela 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2022 
37 
 
 
IX - É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de 
comunicação, independentemente de censura ou licença. 
prestação religiosa, pois o Brasil é um Estado laico, portanto a administração pública está 
impedida de exercer tal função. Essaassistência tem caráter privado e incumbe aos 
representantes habilitados de cada religião. 
 
 
 
 
 
Você sabia que o art.5º,inciso VIII, consagra a denominada“ 
escusa de consciência”? Sabe o que isso significa? Vamos 
aprender? 
 
 
Essa é uma garantia que estabelece que, em regra, ninguém será privado de direitos 
por não cumprir obrigação legal a todos imposta devido a suas crenças religiosas ou 
convicções filosóficas ou políticas. Entretanto, havendo o descumprimento de obrigação legal, 
o Estado poderá impor, à pessoa que recorrer a esse direito, prestação alternativa fixada em 
lei. 
É uma norma constitucional de eficácia contida, todos têm o direito de manifestar 
livremente sua crença religiosa e convicções filosófica e política. Essa é uma garantia 
plenamente exercitável, mas que poderá ser restringida pelo legislador se houver interesse 
público. 
Ressalta-se que o direito à escusa de consciências e será garantido em sua plenitude. 
A partir do momento em que o legislador edita norma fixando prestação alternativa, ele está 
restringindo o direito à escusa de consciência. Aquele que, além de descumprir a obrigação 
legal a todos imposta, ser e cursar a cumprir a prestação alternativa, será privado de seus 
direitos. 
 
 
A liberdade de expressão, contida no art. 5º, IX da CRFB/88 tem por escopo proibir a 
censura prévia, porém, qualquer direito fundamental, é relativa. Isso porque é limitada por 
outros direitos protegidos pela Carta Magna, como a inviolabilidade da privacidade e da 
intimidade do indivíduo, por exemplo. 
Nesse sentido, entende o STF que o direito à liberdade de imprensa assegura ao 
jornalista o direito de expender críticas a qualquer pessoa, ainda que em tom áspero, 
contundente, sarcástico, irônico ou irreverente, especialmente contra as autoridades e 
aparelhos de Estado. 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2022 
38 
 
 
X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das 
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral 
decorrente de sua violação; 
Entretanto, esse profissional responderá, penal e civilmente, pelos abusos que 
cometer, sujeitando-se ao direito de resposta a que se refere a Constituição em seu art. 5º, 
inciso V. A liberdade de imprensa é plena em todo o tempo, lugar e circunstâncias, tanto em 
período não-eleitoral, quanto em período de eleições gerais. 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2021 
38 
 
 
Este inciso revela a proteção Constitucional Pétrea do direito à intimidade e a vida 
privada. Resguarda, portanto, a esfera mais secreta da vida de uma pessoa, tudo que diz 
respeito a seu modo de pensar e de agir. 
O direito à honra também é protegido desse modo, o sentimento de dignidade e a 
reputação dos indivíduos, o “bom nome” que os diferencia na sociedade. 
O direito à imagem é protegido pois defende a representação que as pessoas 
possuemperantesimesmaseosoutros.Aintimidade,avidaprivada,ahonraeaimagem das pessoas 
são invioláveis: elas consistem em espaço íntimo intransponível por intromissões ilícitas 
externas. 
A violação a esses bens jurídicos ensejará indenização, cujo montante deverá observar 
o grau de reprovabilidade da conduta. Destaque-se que as indenizações por dano material e 
por dano moral são cumuláveis, ou seja, diante de um mesmo fato, é possível que se 
reconheça o direito a ambas indenizações. As pessoas jurídicas também poderão ser 
indenizadaspordanomoral,umavezquesãotitularesdosdireitosàhonraeàimagem. 
Sobre à privacidade dos agentes políticos o STF expressou através de súmula que 
esta é relativa, uma vez que estes devem à sociedade as contas da atuação desenvolvida. Mas 
isso não significa que quem se dedica à vida pública não tem direito à privacidade. O direito se 
mantém no que diz respeito a fatos íntimos e da vida familiar, embora nunca naquilo que se 
refira à sua atividade pública. 
Também relacionado aos direitos à intimidade e à vida privada está o sigilo bancário, 
que é verdadeira garantia de privacidade dos dados bancários. Assim como todos os direitos 
fundamentais, o sigilo bancário não é absoluto. Nesse sentido, tem-se o entendimento do STJ 
de que “havendo satisfatória fundamentação judicial a ensejar a que brado sigilo,não há 
violação a nenhuma cláusula pétrea constitucional. ”(STJ,DJ de 23.05.2005) 
O Ministério Público pode determinar a quebra do sigilo bancário de conta da 
titularidade de ente público.Segundo o STJ, as contas correntes de entes públicos(contas 
públicas) não gozam de proteção à intimidade e privacidade. Prevalecem, assim, os princípios 
da publicidade e moralidade, que impõem à Administração Pública o dever de transparência.) 
Na jurisprudência do STF, também se reconhece, em caráter excepcionalíssimo, a 
possibilidade de quebra de sigilo bancário pelo Ministério Público, que se dará no âmbito de 
procedimento administrativo que vise à defesa do patrimônio público(quando houver 
envolvimento de dinheiros ou verbas públicas). MS nº 21.729-4/DF, Rel. Min. Francisco Rezek. 
Julgamento 05.10.1995. 
Devido à gravidade jurídica de que se reveste o ato de quebra de sigilo bancário, este 
somente se dará em situações excepcionais, sendo fundamental demonstrar a necessidade 
das informações solicitadas e cumprir as condições legais. 
Além disso, para que a quebra do sigilo bancário ou do 
sigilo fiscal seja admissível, é necessário que haja 
individualização do investigado e do objeto da 
investigação. Não é possível, portanto, a determinação da 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2021 
39 
 
 
quebra do sigilo bancário para apuração de fatos genéricos. 
Princípio da inviolabilidade domiciliar tem por finalidade proteger a intimidade e a 
vida privada do indivíduo, bem como de garantir-lhe, especialmente no período noturno, o 
sossego e a tranqüilidade. 
Inicialmente necessário saber qual é o conceito de “casa” e o STF em conceito 
pacificado nesta Corte revela que o conceito de “casa” é abrangente, estendendo-se a:I) 
qualquer compartimento habitado; II) qualquer aposento ocupado de habitação coletiva; e III) 
qualquer compartimento privado não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou 
atividade pessoal. HC93.050,Rel. Min. Celso de Mello,julgamentoem10- 6-2008, Segunda 
Turma, DJE de1º-8-2008. 
Assim,oconceitode“casa”alcançanãosóaresidênciadoindivíduo,mastambém escritórios 
profissionais, consultórios médicos e odontológicos, trailers, barcos e aposentos de habitação 
coletiva (como, por exemplo, o quarto de hotel). 
Não estão abrangidos pelo conceito de casa os bares e restaurantes.O STF entende 
que, embora os escritórios estejam abrangidos pelo conceito de “casa”, não se pode invocar a 
inviolabilidade de domicílio como escudo para a prática de atos ilícitos em seu interior.Com 
base nessa ideia, a Corte considerou válida ordem judicial que autorizava o ingresso de 
autoridade policial no estabelecimento profissional,inclusive durante a noite, para instalar 
equipamentos de captação de som (“escuta”). Entendeu-se que tais medidas precisavam ser 
executadas sem o conhecimento do investigado, o que seria impossível durante o dia. 
 
Diantedestasinformações,cabe- 
nosfazeraseguintepergunta:emquaishipóteses se pode penetrar na casa de 
um indivíduo? 
 
O ingresso na “casa” de um indivíduo poderá ocorrer nas seguintes situações: 
 
 
□ Com o consentimento do morador. 
□ Sem o consentimento do morador, sob ordem 
judicial, apenas durante o dia. Perceba 
que,mesmo com ordem judicial,não é possível o 
ingresso na casa do indivíduo durante o período 
noturno. 
□ A qualquer hora, sem consentimento do indivíduo, 
em caso de flagrante delito ou desastre, ou, 
ainda, para prestar socorro. 
 
A regra geral é que somente se pode ingressar na casa do indivíduo com o seu 
consentimento. No entanto, será possível penetrar na casa do indivíduo mesmo sem o 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2021 
40 
 
 
consentimento, desdeque amparado por ordem judicial (durante o dia) ou, a qualquer tempo, 
em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro. 
O conceito de “dia” para fins de aplicação do art. 5º, XI, CF/88, possui divergências 
doutrinárias sobre o tema. Há autores que entendem que “dia” é o período compreendido entre 
as 06:00h e as 18:00h e outros utilizam um critério físico- 
astronômico,destacandoque“dia”éointervaloentreaauroraeocrepúsculo.Cabeaduzir que para 
efeito da atividade policial o que mais respalda esta ação é o primeiro entendimento. 
A entrada de autoridade policial em domicílio sem autorização judicial será possível 
nas situações de flagrante delito. Isso é particularmente relevante no caso da prática de crimes 
permanentes, nos quais a situação de flagrância se estende no tempo. Exemplo de crimes 
desse tipo seriam o cárcere privado e o porte de drogas. 
Objetivando coibir o abuso de autoridade, o STF deixou consignado o entendimento de 
que “a entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período 
noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que 
indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade 
disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade dos atos praticados” RE 
603.616. Rel. Min. Gilmar Mendes. Julgamento: 05.11.2015.Ressalta-se que a doutrina admite 
que a força policial, tendo ingressado na casa de indivíduo, durante o dia,com amparo em 
ordem judicial,prolongue suas ações durante o período noturno. 
XII- é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas,de dados 
e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na 
forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; 
O art. 5º, inciso XII, trata da inviolabilidade das correspondências e 
das comunicações. A princípio, a leitura pode dar a entender que o 
sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas e de dados 
não poderia ser violado; apenas haveria exceção constitucional para a 
violação das comunicações telefônicas.Não é esse,todavia, o 
entendimento que prevalece. 
Como não há direito absoluto no ordenamento jurídico brasileiro, admite-se, mesmo 
sem previsão expressa na Constituição, que lei ou decisão judicial também possam 
estabelecer hipóteses de interceptação das correspondências e das comunicações telegráficas 
e de dados, sempre que a norma constitucional esteja sendo usada para acobertar a prática de 
ilícitos. 
Nesse sentido, entende o STF que “a administração penitenciária, com fundamento em 
razões de segurança pública, de disciplina prisional ou de preservação da ordem jurídica, pode, 
sempre excepcionalmente, e desde que respeitada a norma inscrita no art. 41, parágrafo único, 
da Lei 7.210/1984, proceder à interceptação da correspondência remetida pelos 
sentenciados,eis que a cláusula tutelar da inviolabilidade do sigilo epistolar não pode constituir 
instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas.” 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2022 
 
 
De início, é importante destacar a diferença entre quebra do sigilo telefônico e 
interceptação telefônica. São coisas diferentes. A quebra do sigilo telefônico consiste em ter 
acesso ao extrato das ligações telefônicas (grosso modo, seria ter acesso à conta da 
VIVO/TIM). Por outro lado, a interceptação telefônica consiste em ter acesso às gravações das 
conversas. A interceptação telefônica é, sem dúvida, medida mais gravosa e,por isso,somente 
pode ser determinada pelo Poder Judiciário. Já a quebrado sigilo das comunicações 
telefônicas, pode ser determinada pelas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs), além, é 
claro, do Poder Judiciário. 
A interceptação das comunicações telefônicas só pode ser autorizada por decisão 
judicial (de ofício ou a requerimento da autoridade policial ou do Ministério Público) e para fins 
de investigação criminal ou instrução processual penal. Há que se estabelecer, agora, a 
diferença entre três institutos que possuem bastante semelhança entre si: I) interceptação 
telefônica; II) escuta telefônica e; III) gravação telefônica. 
A interceptação telefônica, conforme já vimos, consiste na captação de conversas 
telefônicas feita por terceiro (autoridade policial) sem o conhecimento de nenhum dos 
interlocutores,devendo ser autorizada pelo Poder Judiciário,nas hipóteses e na forma que a lei 
estabelecer, para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. 
A escuta telefônica, por sua vez, é a captação de conversa telefônica feita por um 
terceiro, com o conhecimento de apenas um dos interlocutores. 
A gravação telefônica é feita por um dos interlocutores do diálogo, sem o 
consentimento ou ciência do outro. STJ, HC 161.053-SP, Rel. Min. Jorge Mussi. 23.04.2010 . 
Vejamos, a seguir, importantes entendimentos do STF sobre a licitude/ilicitude de 
provas ilegais referentes ao direito pétrio constitucional de inviolabilidade das correspondências 
e das comunicações: 
 
É ilícita a prova obtida por meio de interceptação telefônica sem autorização 
judicial. 
São ilícitas as provas obtidas por meio de interceptação telefônica determinada a 
partir apenas de denúncia anônima, sem investigação preliminar. 
São ilícitas as provas obtidas mediante gravação de conversa informal do indiciado 
com policiais, por constituir-se tal prática em “interrogatório sub-reptício”, realizado 
sem as formalidades legais do interrogatório no inquérito policial e sem que o indiciado 
seja advertido do seu direito ao silêncio. 
São ilícitas as provas obtidas mediante confissão durante prisão ilegal. Ora, se a 
prisão foi ilegal, todas as provas obtidas a partir dela também o serão. 
É lícita a prova obtida mediante gravação telefônica feita por um dos 
interlocutores sem a autorização judicial, caso haja investida criminosa daquele que 
desconhece que a gravação está sendo feita. Nessa situação, tem-se a legítima defesa. 
 
 
 
 
 
 
41 
DIREITO CONSTITUCIONAL – CAS 2022 
42 
 
 
XIII - É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as 
qualificações profissionais que a lei estabelecer; 
 
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, 
quando necessário ao exercício profissional; 
 
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao 
público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra 
reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido 
prévio aviso à autoridade competente; 
É lícita a prova obtida por gravação de conversa telefônica feita por um dos 
interlocutores, sem conhecimento do outro, quando ausente causa legal de sigilo ou 
de reserva da conversação. 
É lícita a prova consistente em gravação ambiental realizada por um dos 
interlocutores sem o conhecimento do outro. 
 
 
Trata-se de norma constitucional de eficácia contida que trata da liberdade de 
atividade profissional. Esta dispõe que, na inexistência de lei que exija qualificações para o 
exercício de determinada profissão, qualquer pessoa poderá exercê-la. Entretanto, 
existentealei,aprofissãosópoderáserexercidaporquematenderàsqualificaçõeslegais. Segundo o 
STF, nem todos os ofícios ou profissões podem ser condicionadas ao cumprimento de 
condições legais para o seu exercício. A regra é a liberdade. 
 
 
Esse inciso tem dois desdobramentos: assegura o direito de acesso à informação 
(desde que esta não fira outros direitos fundamentais) e resguarda os jornalistas, possibilitando 
que estes obtenham informações sem terem que revelar sua fonte. Não há conflito, todavia, 
com a vedação ao anonimato. Caso alguém seja lesado pela informação, o jornalista 
responderá por isso. 
O direito de reunião é um direito típico de uma democracia,estando intimamente 
relacionado à liberdade de expressão. É

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