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1 LINFOMAS HODGKIN E LINFOMAS NÃO HODGKIN Gizelle Felinto INTRODUÇÃO – RELEMBRANDO A FISIOLOGIA ➢ RELEMBRANDO A HEMATOPOIESE → a hematopoiese se inicia na medula óssea, onde tem-se a célula tronco se dividindo em duas linhagens: • Linhagem Mieloide → responsável por, no fim, formar as plaquetas, as hemácias, os monócitos e os granulócitos (neutrófilo, eosinófilo e basófilo) • Linhagem Linfóide → apresenta as seguintes células: ▪ Célula Pré-B → se transforma em linfócito B na medula óssea ▪ Célula Pré-T → essa célula amadurece no timo e vira o linfócito T ▪ Células NK (Natural Killer) ▪ Essas células são responsáveis pela resposta imune (antígeno-específica) ➢ TECIDO LINFÓIDE: • Medula óssea e timo → são tecidos linfoides primários, pois produzem linfócitos “virgens”, que ainda não tiveram contato antigênico, mas já são produzidos com receptores IgM específicos para um determinado antígeno • Tecidos linfoides secundários (linfonodos, baço, anel de Waldeyer...) → são os locais onde os linfócitos virgens são armazenados. Após o contato com o antígeno, esses linfócitos se transformam em linfócitos B e T de memória, ganhando a corrente linfática, depois a sanguínea e indo, finalmente, para os tecidos linfóides terciários (MALT) • O tecido linfoide é basicamente o local onde os linfócitos irão se alojar → esse “armazenamento” é feito em locais estratégicos, onde a passagem de sangue e linfa consiga ser filtrada e o organismo consiga combater as partículas estranhas ▪ Os principais locais são as cadeias linfonodais (Ex: axilares, supraclaviculares, inguinais, cervicais, abdominais...), pois a principal estrutura do tecido linfoide são os linfonodos (gânglios linfáticos) ▪ Outras estruturas linfoides: ✓ Timo → também faz parte desse tecido, que é onde há o processo de amadurecimento das células pré-T em linfócitos T, onde esses linfócitos apresentam-se em várias fases de maturação ✓ Baço → apresenta linfócitos B e T ✓ Anel de Waldeyer → formado por adenoides, amigdala faríngea, amgdalas palatinas e linguais o São agregados de tecido linfoide subepitelial, dispostos em um anel imaginário ao redor da garganta ✓ MALT (Mucosa Associated Lymphoid Tissue) → são pequenas “ilhas” de tecido linfoide, sob a forma de nódulos ou folículos linfáticos, localizados na mucosa dos tratos gastrointestinal, respiratório e urinário o Placas de Peyer → localizadas no íleo, são os grandes representantes do MALT, contendo vários folículos agrupados o Esse tecido MALT pode aparecer e desaparecer, de acordo com o estímulo antigênico (Ex: na mucosa gástrica esse tecido surge em estados inflamatórios, como na infecção por H. pylori) o Geralmente, esse tecido é responsável pelo primeiro contato do sistema imune com os antígenos externos o É rico em linfócitos T e B, incluindo as células B produtoras de IgA o Onde pode ser encontrado: mucosa intestinal (GALT), mucosa brônquica (BALT), nasofaringe (NALT), vulvovaginal (VALT), urinária, glandular... ✓ Tecido linfoide da pele → a derme apresenta linfócitos T cutâneos, que interagem com as células de Langerhans ▪ Desse modo, qualquer um desses locais do tecido linfóide pode ser a origem de um linfoma ▪ Linfonodos: ✓ Apresentam as seguintes camadas: o Cortical (mais externa) → tem-se o folículo linfático, onde se encontra a maior parte dos linfócitos B, que desde a sua formação na medula possuem anticorpos IgM em sua superfície, prontos para o primeiro contato com o antígeno o Paracortical (intermediária) → rica em linfócitos T o Medular → rica em plamócitos ✓ Folículo linfático (córtex linfonodal): o É onde o linfócito B virgem chegará na zona do manto, onde será apresentado a antígenos, se diferenciando em centroblasto e posteriormente em centrócito (no centro germinativo), para, na zona marginal se diferenciar em um linfócito B de memória, que fica nessa periferia esperando o momento certo de adentrar na circulação e, quando isso ocorre, ele se transforma em um plasmócito, que é uma célula produtora de anticorpos/imunoglobulinas. 2 LINFOMAS HODGKIN E LINFOMAS NÃO HODGKIN Gizelle Felinto o Quem coordena essa diferenciação do Linfócito B de memória em plasmócito é justamente o linfócito T o Os centroblastos são células maiores que os centrócitos. Dessa forma, quando se tem um linfoma que acomete os centroblastos chama-se de linfoma de grandes células, que se caracteriza por se espalhar pelo sistema linfonodal o O linfoma ocorre justamente nesse folículo linfático, causando problemas na diferenciação do linfócito B o Quando se tem uma neoplasia dos plasmócitos (“linfócitos B ativados”) chama- se de Mieloma ✓ Linfa → carreia proteínas, microrganismos e partículas antigênicas. Dessa forma, essa linfa banha os linfócitos e as demais células nodais, permitindo o contato do sistema imune com os antígenos. Assim, acaba saindo, do linfonodo, rica em linfócitos e plasmócitos sensibilizados ➢ LEUCEMIAS x LINFOMAS x MIELOMAS: • Nas leucemias tem-se um defeito na “fábrica”, ou seja, uma neoplasia na medula óssea, podendo acometer, secundariamente, os linfonodos. Já nos linfomas, o tumor está no tecido linfóide e, eventualmente, podem infiltrar a medula óssea e outros tecidos • Linfomas → quando o linfócito B (sai da medula) e o linfócito T (sai do timo) são produzidos, eles saem como células virgens, indo para o tecido linfóide, onde terão o primeiro contato com o antígeno. Desse modo, nos linfomas, a neoplasia se origina do tecido linfoide • Mielomas → tem-se uma neoplasia que acomete os plasmócitos, que são os linfócitos B ativados DEFINIÇÃO ➢ Definição → Os linfomas são Neoplasias originadas do tecido linfóide ➢ Podem ser de células T ou B, sendo mais comuns os linfomas de linfócitos B ➢ Se originam principalmente dos linfonodos → o que se converte em um quadro clínico de linfonodomegalias ➢ Os linfomas podem se originar das seguintes células: • Linfócitos B → mais comum, pois é o que sofre mais diferenciação • Linfócitos T → mais agressivo, com prognóstico pior • Células NK → raro de ocorrer ➢ Subtipos de Linfomas: • Linfomas Hodgkin • Linfomas não Hodgkin QUADRO CLÍNICO GERAL ➢ Linfonodomegalia não dolorosa: • É não doloroso, diferindo daquelas linfonodomegalias relacionadas a processos inflamatórios ou infecciosos • Regiões mais comuns: cervicais e supraclaviculares • Presença de linfonodos supraclaviculares está mais relacionada a malignidade ➢ Sintomas B (sintomas consumptivos): • Febre > 38°C • Sudorese noturna • Perda de > 10% do peso corporal em 6 meses • Causam manifestações sistêmicas devido ao fato de essas células tumorais do sistema imune liberarem mediadores e citocinas que levam a sintomas sistêmicos → devido a esses sintomas, pode-se até mesmo fazer diagnóstico diferencial com tuberculose ➢ Outros sintomas: • Fadiga • Prurido → está relacionado à eosinofilia TIPOS DE LINFOMA ➢ LINFOMA DE HODGKIN: tem características mais peculiares • Epidemiologia: ▪ Mais comum em jovens ▪ Tem melhor prognóstico • Centralizado e por contiguidade: ▪ Atinge mais cadeias linfonodais centrais → cervicais, mediastinais, peri-hilares... ▪ Quando se dissemina, ele costuma ir para cadeias linfonodais próximas, ou seja, tendo uma disseminação por contiguidade • Dessa forma, tem-se como características principais: ▪ Acometimento do Mediastino → dessa forma, quando se tem um paciente com aumento mediastinal ou massa mediastinal, deve-se obrigatoriamente pensar em um Linfoma Hodgkin ▪ Acometimento Extranodal é raro (Ex: fígado, intestino...) • Dor no linfonodo com a ingesta de álcool: ▪ Ainda não se sabe exatamente qual o mecanismo, mas acredita-se que o álcool é mais tóxico para esses pacientescom Hodgkin, pois pode promover uma certa reação inflamatória, distendendo a cápsula linfonodal • Prurido → pois tem bastante eosinofilia • Febre de Pel-Ebstein → febre tipicamente com padrão irregular • Células de Reed-Sternberg: cai em provas de residência! ▪ Célula grande com núcleo bilobular ▪ Também chamadas de células em “olhos de coruja” ▪ Não é patognomônico de linfomas Hodgkin, pois podem ocorrer também em: 3 LINFOMAS HODGKIN E LINFOMAS NÃO HODGKIN Gizelle Felinto ✓ Mononucleose ✓ Carcinomas e Sarcomas... • Imuno-Histoquímica → CD15 e CD30 ➢ LINFOMA NÃO HODGKIN: • Epidemiologia: ▪ Mais comum em pacientes idosos ▪ Tem pior prognóstico → porém, não é regra, pois nem todos os não Hodgkin tem um prognóstico ruim • Periférico e com disseminação hematogênica: ▪ Atinge mais linfonodos periféricos (Ex: epitrocleares) ▪ Tem-se uma disseminação hematogênica, fazendo com que o acometimento Extranodal seja mais comum ▪ Dessa forma, diferentemente do Hodgkin, o linfoma não Hodgkin pode acometer o anel de Waldeyer • Sintomas B → são mais frequentes ▪ Pois, devido a essa disseminação hematogênica, os linfomas não Hodgkin acabam causando mais sintomas consumptivos • Prurido → é mais discreto • Febre contínua DIAGNÓSTICO ➢ BIÓPSIA DO LINFONODO SUSPEITO: • Quando biopsiar um linfonodo: ▪ Tamanho > 2cm ▪ Supraclavicular ou escalênico ▪ Crescimento progressivo: ✓ Linfonodo que permanece aumentado, durando mais de 3 a 4 semanas e aumentando de tamanho cada vez mais ▪ Endurecimento e aderência a planos profundos • Como deve ser a biópsia→ Biopsia Excisional (padrão- ouro) ▪ Deve-se retirar todo o linfonodo → é fundamental para que se tenha um estudo completo do comportamento das células neoplásicas no linfonodo e como elas estão organizadas nele • Com a biópsia, deve-se realizar os seguintes: ▪ Anatomopatológico ▪ Imuno-histoquímica ESTADIAMENTO – Ann-Arbor Modificado ➢ NÃO É A CLASSIFICAÇÃO TNM! ➢ ESTADIAMENTO EM 4 ESTÁGIOS: • Doença Localizada: dessa forma, faz sentido, além do tratamento sistêmico, iniciar um tratamento local para ampliar a resposta ▪ Estágio 1: ✓ 1 cadeia linfonodal ou 1 estrutura linfóide (Ex: baço, timo) ▪ Estágio 2: ✓ ≥ 2 cadeias no mesmo lado do diafragma (acima ou abaixo do diafragma) • Doença Avançada: apenas tratamento sistêmico ▪ Estágio 3: ✓ Acometimento de ambos os lados do diafragma: o III 1 → parte superior do diafragma o III 2 → parte inferior do diafragma ▪ Estágio 4: ✓ Acometimento extranodal à distância (Ex: fígado, medula óssea...) ✓ Não é por contiguidade (Ex: linfonodo começou peri-hilar e depois acometeu a pleura, significa que é por contiguidade e não extranodal à distância) • Estágios 1 e 2 → Quimioterapia + Radioterapia • Estágios 3 e 4 → Quimioterapia ▪ Pois a doença já é mais disseminada e não há como se fazer uma radioterapia de corpo inteiro • Recidivas → Transplante de Medula Óssea • Não está indicado o tratamento cirúrgico por meio da ressecção do tumor! ➢ MARCADORES DE PIOR PROGNÓSTICO: • Idade > 60 anos • DHL aumentado: ▪ Pois células com alto turn over que vão sendo destruídas acabam liberando Desidrogenase lática, e quanto maior, pior o prognóstico • Sintomas B (consumptivos): ▪ Pois a presença desses sintomas fala a favor de uma doença mais disseminada • Acometimento Extranodal: ▪ Demonstra que a doença se encontra disseminada LINFOMA DE HODGKIN EPIDEMIOLOGIA ➢ É menos comum ➢ Distribuição é bimodal: tem dois picos de incidência • 1°) Mulheres jovens entre 20 – 30 anos de idade • 2) Homens mais velhos (> 50 anos de idade) • Obs: em provas de residência é mais comum haver um caso clínico envolvendo paciente mais jovem com linfoma de Hodgkin ➢ Sempre se origina do Linfócito B ➢ Bom prognóstico → 60 a 95% dos casos tem cura ➢ Tem alta chance de cura com a terapêutica disponível ➢ O linfoma de Hodgkin é uma das poucas neoplasias em que a célula tumoral corresponde a uma minoria da população celular (1 – 5%) 4 LINFOMAS HODGKIN E LINFOMAS NÃO HODGKIN Gizelle Felinto HISTOPATOLOGIA E MARCADORES ➢ CÉLULA DE REED-STERNBERG: • Definição → célula grande, de citoplasma abundante e com um núcleo bilobulado, e proeminentes nucléolos eosinofílicos. Em volta dela, acumulam-se diversas outras células, especialmente os linfócitos T, mas também eosinófilos, plasmócitos, histiócitos, neutrófilos ▪ Dessa forma, o patologista precisa encontrar células de Reed-Sternberg em um adequado pano de fundo formado por linfócitos, plasmócitos e eosinófilos • Podem ser encontradas também em linfonodos de pacientes com: ▪ Mononucleose infecciosa ▪ Carcinomas ▪ Sarcomas ▪ Linfomas não Hodgkin ▪ Obs: por isso que essas células não são patognomônicas de Linfoma de Hodgkin • A célula de Reed-Sternberg do Linfoma clássico apresenta dois marcadores que confirmam o diagnóstico: ▪ CD15 (Leu-M1) ▪ CD30 (Ki-1) ➢ LINFOMA DE HODGKIN CLÁSSICO (LHC): • CD15 e CD30 positivos • Dividido em 4 subtipos: ▪ Esclerose Nodular: ✓ Epidemiologia: o É o mais comum (65%) o Segundo com melhor prognóstico o Mulheres ou homens jovens ✓ Quadro clinico: o Adenopatia cervical e/ou mediastinal em indivíduos jovens ✓ Histologia: células lacunares de Reed-Sternberg ▪ Celularidade Mista: ✓ Epidemiologia: o Segundo mais comum (25%) o Típico em adultos do sexo masculino o O estágio de diagnóstico costuma ser mais avançado o Está associado ao Vírus Epstein Barr (EBV) o É o subtipo mais comum no Linfoma de Hodgkin em pacientes HIV positivos com AIDS ✓ Quadro clínico: o Sintomas B (febre > 38°C, perda ponderal e sudorese noturna) → são mais frequentes o Acometimento abdominal → é comum ✓ Histologia → numerosas células de Reed- Sternberg entremeadas a diversos histiócitos reativos, eosinófilos, plasmócitos e pequenos linfócitos, além de pequenos focos de necrose. ▪ Tipo Rico em Linfócitos: ✓ Epidemiologia: o Acomete a minoria dos pacientes o É o tipo histológico de melhor prognóstico ✓ Histologia → inúmeros linfócitos de tamanho pequeno, com fibrose mínima e raras células de Reed-Sternberg ▪ Depleção Linfocitária: ✓ Epidemiologia: o É o menos comum (< 5%) o É o de pior prognóstico (mais agressivo) o Mais comum em idosos ou em pacientes com HIV positivo com AIDS o Pode estar associado ao Vírus Epstein Barr (EBV) ✓ Quadro Clínico: o Doença agressiva e rapidamente fatal o Febre, pancitopenia, linfocitopenia e anormalidades nas provas de função hepática, muitas vezes sem linfadenopatia o É predominantemente subdiafragmática, com acometimento hepático, esplênico, retroperitoneal e da medula óssea ✓ Histologia → fibrose difusa e reticular, ambas caracterizadas por depleção de linfócitos e, frequentemente, necrose focal, com numerosas células de Reed-Sternberg ➢ LINFOMA DE HODGKIN COM PREDOMÍNIO LINFOCITÁRIO (LHPL): • Com marcadores de linfócitos B (CD20) • Geralmente apresenta bom prognóstico, com doença localizada (estágio I) à apresentação e comportamento indolente (alta taxa de recaída, porém, com boa resposta terapêutica) SUBTIPOS – PONTOS PRINCIPAIS ➢ LINFOMA DE HODGKIN CLÁSSICO (CD15 E CD30): • Apresenta 4 subtipos: ▪ Esclerose Nodular: ✓ É o mais comum (65% dos casos) ✓ Predomina em mulheres jovens ▪ Celularidade Mista: ✓ É o segundo mais comum (25% dos casos) ✓ Normalmente, está relacionado tanto ao HIV quanto ao EBV → dessa forma, dentro dos linfomas, é o subtipo celularidade mista que está relacionado ao EBV e ao HIV ▪ Rico Linfocítico: ✓ Corresponde a 5% dos casos ✓ Tem melhor prognóstico 5 LINFOMAS HODGKIN E LINFOMAS NÃO HODGKIN Gizelle Felinto ▪ Depleção Linfocitária: ✓ Cerca de 1% dos casos ✓ Pior prognóstico➢ LINFOMA DE HODGKIN COM PREDOMÍNIO LINFOCITÁRIO (CD20): • É mais raro de ocorrer e praticamente não cai em provas de residência PARTICULARIDADES CLÍNICAS ➢ Linfonodomegalia Central: • Cadeias → cervical, supraclavicular e mediastinal ➢ Disseminação por continuidade: • O que torna o linfoma de Hodgkin um pouco mais previsível, pois é mais fácil de prever os seus locais de metástase e disseminação ➢ Dor no linfonodo após ingestão alcoólica ➢ Febre de Pel-Ebstein MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ➢ ADENOMEGALIA CENTRAL: • Geralmente, os linfonodos acometidos são móveis e de consistência elástica, porém > 1,5 a 2cm e persistentes • Eventualmente, os linfonodos podem ser endurecidos pela fibrose associada • Cadeias linfonodais mais comuns → cervical e supraclavicular • Acometimento Mediastinal: ▪ Linfonodos mediastinais podem atingir grandes dimensões e provocar colapso de lobos pulmonares (como atelectasias compressivas) • Como a disseminação linfonodal é centrípena, raramente se vê aumento dos linfonodos epitrocleares ➢ DISSEMINAÇÃO POR CONTIGUIDADE: • Dessa forma, os linfonodos são acometidos a partir de cadeias adjacentes • Evolução de disseminação: ▪ Cervicais → supraclaviculares → mediastinais/hilares → abdominais superiores/baço → abdominais inferiores → inguinais → hematogênica (fígado – medula óssea) ➢ ESPLENOMEGALIA → pode ocorrer com ou sem comprometimento histopatológico do baço • É mais comum em pacientes com adenomegalias subdiafragmáticas, pacientes com sintomas B e nos pacientes com subtipo celularidade mista ➢ COMPROMETIMENTO EXTRANODAL: • É bem menos comum do que no Linfoma não Hodgkin • Por disseminação hematogênica, os mais comuns são fígado e medula óssea • Por contiguidade, pode acometer os pulmões → o comprometimento pulmonar só ocorre se houver doença mediastinal e hilar • Uma doença apenas extranodal é raro! ➢ SINTOMAS B → tem valor prognóstico • FEBRE: ▪ Febre de Pel-Ebstein → bastante sugestiva de linfoma ✓ Dias de febre alta alternados com dias sem febre • SUDORESE NOTURNA • PERDA PONDERAL > 10% DO PESO CORPORAL ➢ PRURIDO: • Eosinofilia é um achado frequente, principalmente nos pacientes com prurido ➢ DOR NOS LINFONODOS DESENCADEADA PELA INGESTÃO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS → é característica da doença ALTERAÇÕES LABORATORIAIS ➢ Anemia normocítica e normocrômica (Anemia da Doença Crônica) ➢ Leve Leucocitose, Monocitose, Eosinofilia e Trombocitose: • Leucocitose → as vezes pode atingir valores > 25.000/mm3 (reação leucemoide) • Eosinofilia → uma eosinofilia importante pode representar uma síndrome paraneoplásica associada à secreção de IL- 5 pelas células tumorais ➢ Velocidade de Hemossedimentação (VHS), Desidrogenase Lática (DHL/LDH) e Beta-2-Microglobulina elevados: • Em estágios mais avançados • Configuram fator prognóstico e são usados para o acompanhamento do tratamento → sua elevação sugere recaída da doença ➢ Enzimas Hepáticas (TGO, TGP, GGT e FA) → principalmente a Fosfatase alcalina • Elevam-se em uma minoria dos pacientes • Podem ou não indicar acometimento hepático pelo Linfoma de Hodgkin DIAGNÓSTICO E ESTADIAMENTO ➢ CÉLULAS DE REED-STERNBERG: • Não é patognomônico, mas está bastante relacionada à doença ➢ ALTERAÇÕES LABORATORIAIS: são inespecíficas • Anemia normo-normo • Leucocitose • Linfopenia • Eosinofilia • Aumento de marcadores inflamatórios ➢ ESTADIAMENTO: • Procedimentos recomendados para o estadiamento da Doença de Hodgkin: ▪ Biópsia com material adequado (avaliada por hematopatologista experiente) ▪ Biópsia de medula óssea e de sítios extranodais suspeitos (Ex: fígado, osso, pulmão, pele). Além de análise citológica de qualquer derrame seroso (Ex: pleural, pericárdico) NEOPLASIAS HEMATOLOGICAS QUE CURSAM COM PRURIDO POLICITEMIA VERA LINFOMA DE HODGKIN 6 LINFOMAS HODGKIN E LINFOMAS NÃO HODGKIN Gizelle Felinto ▪ História e exame físico detalhados. Atenção aos sintomas B e às cadeias linfonodais acometidas, tamanho do fígado, baço e inspeção do anel de Waldeyer ▪ Exames laboratoriais de rotina: hemograma completo, VHS, função hepática, função renal ▪ Radiografa de tórax PA e perfil (avaliar presença de massa Bulky, isto é, maior do que 30% do diâmetro torácico) ▪ Tomografia de pescoço, tórax, abdome e pelve ▪ PET-scan, cintilografa com Gálio 67 TRATAMENTO E PROGNÓSTICO ➢ CARACTERÍSTICAS GERAIS: • Principais pontos do tratamento → QUIMIOTERAPIA e RADIOTERAPIA ▪ As células neoplásicas são muito quimio e radiossensíveis • Transplante Autólogo de células hematopoiéticas → é reservado para casos de recidiva à quimioterapia, como segunda linha do tratamento • 3ª linha de tratamento → Brentuximab vedotin (Adcetris) ➢ RADIOTERAPIA: • Efeitos adversos imediatos: ▪ Boca seca ▪ Alteração do paladar ▪ Faringite ▪ Náusea ▪ Tosse seca ▪ Dermatite • Efeitos que aparecem após 1 a 3 meses: ▪ Sinal de Lhermitte: ✓ Sensação de choque irradiando pelas costas e membros inferiores após flexão da cabeça ✓ Costuma desaparecer após poucos meses e é o mais comum ▪ Pneumonite ▪ Cardite • Efeitos tardios: ▪ Hipotireoidismo ▪ Infertilidade (irradiação pélvica) ▪ Neoplasias secundárias → as neoplasias secundárias à radioterapia ocorrem geralmente com altas doses de irradiação e após dez anos ou mais do tratamento. As principais são representadas pelos tumores sólidos, especialmente o carcinoma de pulmão e o carcinoma de mama (especialmente em mulheres < 30 anos), mas também o Ca gástrico e o melanoma ➢ QUIMIOTERAPIA: • Esquema Terapêutico → ABVD: ADRIAMICINA (doxorrubicina) 25 mg/m2 BLEOMICINA 10 mg/m2 VINBLASTINA 6 mg/m2 DACARBAZINA 375 mg/m2 ▪ É feita uma dose de cada uma das quatro drogas (um ciclo) a cada 15 dias, num total de pelo menos quatro ciclos LINFOMA NÃO HODGKIN CARACTERÍSTICAS GERAIS ➢ EPIDEMIOLOGIA: • É o linfoma mais comum, sendo o principal representante das neoplasias linfóides • Mais frequente de ocorrer em pacientes idosos • Pico de incidência: 50 – 65 anos • Ligeira preferência pelo sexo masculino (1,7:1) e pela raça branca • Podem aparecer em qualquer faixa etária, inclusive em crianças ➢ ORIGEM → pode se originar de uma das três seguintes células: • Linfócito B → o mais comum é se originar do linfócito B (85% dos casos de LNH) • Linfócito T • Natural Killer ➢ ETIOPATOGENIA: • A grande maioria dos LNH não possuem etiologia definida • Fatores associados ao surgimento dos linfomas: ▪ Infecção pelo Vírus Epstein- Barr (EBV): ✓ Apresenta um importante papel na patogênese dos linfomas B na AIDS ✓ O EBV infecta os linfócitos B, estimulando sua proliferação. Em estados de imunossupressão, o EBV se multiplica de forma descontrolada ▪ Infecção pelo HIV: ✓ Aumenta em mais de 100x o risco, sendo relacionado à imunossupressão induzida pela AIDS ✓ Linfomas relacionados: linfomas B com alto grau de malignidade (Ex: Burkitt, primário de SNC, de Cavidades serosas e difuso de grandes células) ✓ A queda do CD4 é o principal fator de risco ▪ Transplante de Órgãos: ✓ O risco aumentando de desenvolvimento de linfomas está relacionado, principalmente, ao uso de terapias imunossupressoras por tempo prolongado após o transplante ▪ Deficiências imunes congênitas: ✓ Ex: Síndrome de Wiskott-Aldrich ▪ Agentes Infecciosos Específicos: ✓ Vírus Epstein-Barr (EBV): o Infecta os linfócitos B e as células epiteliais da orofaringe e nasofaringe o É o agente etiológico da mononucleose infecciosa, causando também hepatite, penumonite e leucoplania pilosa o Linfomas mais associados: ❖ Linfoma de Burkitt → é endêmico do continente africano, pois acredita-se que a malária crônica causa uma disfunção autoimune que facilita as alterações sofridas pelos linfócitosinfectados pelo vírus 7 LINFOMAS HODGKIN E LINFOMAS NÃO HODGKIN Gizelle Felinto ❖ Linfomas relacionados à AIDS e ao transplante de órgãos ✓ HTLV-I: Vírus da Leucemia de Células T Humanas do Tipo I o Está associado à leucemia/linfoma de células T do adulto ✓ Helicobacter pylori: o Leva ao aparecimento de tecido linfoide em regiões da mucosa do estômago, predispondo ao Linfoma MALT gástrico o A erradicação da bactéria com antibioticoterapia é capaz de fazer regrdir o linfoma ✓ Vírus Herpes 8: o É o vírus do Sarcoma de Kaposi em paciente com AIDS ▪ Doenças Autoimunes → levam à hiperproliferação de linfócitos B ✓ Síndrome de Sjogren: o É uma colagenase autoimune que causa infiltração linfocítica nas glândulas lacrimais e salivares o O linfoma é do tipo MALT e surge em glândulas salivares e linfonodos cervicais ✓ Tireoidite de Hashimoto: o Quase todos os casos de linfoma tireoidiano são do tipo MALT e estão relacionados à tireoidite de Hashimoto, que é uma doença autoimune linfocítica da tireoide ▪ Doenças Intestinais: ✓ Doença Celíaca: o Causa um linfoma de células T, abreviado como EATL (Entheropathy Associed T Lymphoma). Geralmente, se apresenta entre os 40 a 50 anos de vida ✓ Doença Intestinal Imunoproliferativa: o Atualmente, é considerada um linfoma de baixo grau que infiltra de forma difucsa a lâmina própria do duodeno e do jejuno proximal o Está associada às verminoses ▪ Exposição a Fatores Ambientais: ✓ Herbicidas ✓ Radiações ionizantes ✓ Solventes orgânicos ✓ Resinas de cabelo ✓ Tratamento curativo do linfoma de Hodgkin → aumenta em 20 vezes a chance de se desenvolver um LNH ➢ CLASSIFICAÇÃO → FOLICULAR x DIFUSO: • Padrão Folicular → a proliferação de células neoplásicas no linfonodo é restrita aos folículos linfáticos • Padrão Difuso → as células tumorais comprometem toda a arquitetura do gânglio, havendo perda da estrutura folicular PARTICULARIDADES CLÍNICAS ➢ ACOMETIMENTO PERIFÉRICO: • Atingindo mais linfonodos Epitrocleares e o Anel de Waldeyer (amigdalas palatinas, faríngeas, linguais e adenoide), por exemplo ➢ DISSEMINAÇÃO HEMATOGÊNICA: • O que auxilia para que esse linfoma tenha mais acometimento extranodal ➢ ACOMETIMENTO EXTRANODAL É COMUM MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ➢ LINFADENOMEGALIA PERIFÉRICA NÃO DOLOROSA: • LNH indolente → linfadenopatia insidiosa, com períodos alternados de regressão espontânea e crescimento de gânglios • LNH agressivo → massas linfonodais de crescimento rápido • Podem acometer qualquer linfonodo, inclusive o baço, causando esplenomegalia, já que esse é um órgão linfoide • Linfonodos mediastinais → em 20% dos casos, mas é mais comum nos Linfomas de Hodgkin (60%) ▪ Linfoma linfoblástico (mais comum em crianças) ▪ Forma mediastinal primária do linfoma difuso de grandes células B (mais comum em mulheres jovens) • Acometimento abdominal → cadeias mesentéricas e retroperitoneais. Geralmente, é assintomático, porém pode haver desconforto/dor em massas muito grandes • Acometimento mediastinal: ▪ Quadro clínico → tosse seca persistente, desconforto torácico e, às vezes, síndrome da veia cava superior ➢ SINTOMAS B (febre > 38°C, sudorese noturna, perda ponderal > 10% nos últimos 6 meses): • São indicativos de pior prognóstico → quanto mais rápido o crescimento tumoral, maiores as chances de aparecerem sintomas B ➢ ACOMETIMENTO EXTRANODAL: • Sítios mais afetados → Trato Gastrointestinal e Medula Óssea ▪ Presença de múltiplos pólipos linfomatosos na colonoscopia • Outros locais que podem ser afetados: ▪ Pele → na derme, os infiltrados neoplásicos causam lesões eritematoinfiltradas papulosas, nodulares, em placa, tumores e ulcerações ▪ Fígado → hepatomegalia, mas sem sinais de disfunção hepática ▪ Pulmão ▪ Nasofaringe 8 LINFOMAS HODGKIN E LINFOMAS NÃO HODGKIN Gizelle Felinto ▪ Órbita ▪ SNC → a compressão medular pode ocorrer, mas é rara ▪ Meninges → meningite linfomatosa, causando um quadro de meningite crônica/subaguda ▪ Rins → há aumento do órgão, mas sem insuficiência renal ▪ Testículos → linfoma testicular. O LNH é a causa mais comum de massas testiculares em idosos ▪ Glândulas salivares ▪ Tireoide ▪ Ossos da mandíbula → linfoma de Burkitt ➢ ALTERAÇÕES LABORATORIAIS: • Citopenias (Anemia, Leucopenia e Trombocitopenia): ▪ Leucopenia → é o achado mais associado ao comprometimento da medula óssea • Hipercalcemia • Hiperuricemia → mais comum após o tratamento quimioterápico de linfomas altamente agressivos e pode levar à síndrome da lise tumoral SUBTIPOS PRINCIPAIS ➢ CARACTERÍSTICAS GERAIS: • Divide-se os linfomas não Hodgkin de acordo com o seu comportamento • Os vários padrões histológicos decorrem da existência de vários tipos de linfócitos e seus diversos graus de diferenciação e maturação. Dessa forma, cada tipo de LNH se origina de um tipo específico de linfócito em um determinado estágio de diferenciação de maturação • A imunofenotipagem faz a classificação desses linfomas ➢ LINFOMAS NÃO HODGKIN INDOLENTES: • Epidemiologia → sobrevida de anos • Linfoma Folicular de Células B: ▪ Epidemiologia: ✓ É o mais comum dos indolentes (70%), sendo o segundo LNH mais comum ✓ Mais frequente em mulheres idosas (idade média aos 60 anos) ✓ Geralmente, o diagnóstico é tardio → por isso que, em grande parte dos casos, quando se diagnostica já há disseminação da doença, sobrando apenas o tratamento paliativo para o paciente ✓ Cerca de 2/3 dos pacientes já são diagnosticados em estágio III ou IV ✓ Tratamento paliativo é mais frequente, pois é descoberto já tardiamente ▪ Quadro Clínico: ✓ Linfadenomegalia insidiosa: o Principais: cervicais, supraclaviculares, axilares e inguinais o É regra nesses linfomas → períodos de regressão espontânea intercalados com crescimento linfonodal ✓ Hepatoesplenomegalia difusa (50% dos casos) ✓ Acometimento da medula óssea (60 a 70% dos casos) ✓ Sintomas B (20% dos casos) ▪ Esfregaço sanguíneo → células clivadas (centrócitos), havendo leucemização, em 30% dos casos ▪ Prognóstico → sobrevida média de 5 a 10 anos ✓ A terapia não influi muito no prognóstico, sendo reservada apenas em poucos casos de doença localizada ou presença de sintomas ou complicações ✓ A grande maioria não tem cura e praticamente todos morrem do próprio linfoma ▪ Complicação clássica (após alguns anos de evolução da doença) → transformação em um linfoma B agressivo (geralmente, um Difuso de grandes células) • Linfoma Linfocítico Pequeno: ▪ É a forma linfomatosa da Leucemia Linfocítica Crônica (LLC) → são a mesma doença, porém com formas de apresentação diferente, sendo a LLC (surgindo a partir de uma leucemia) o mais comum ▪ Com sua disseminação ocorre o aparecimento de hipogamaglobulinemia ▪ Epidemiologia: ✓ Idade média do surgimento é de 65 anos ✓ Como é o linfoma com o comportamento mais indolente, o paciente demora a procurar atendimento, o que se converte em cerca de 80% dos casos já serem diagnosticados em estagio IV ▪ Quadro Clínico: ✓ Linfadenopatia generalizada de crescimento rápido com ou sem hepatoesplenomegalia ✓ Sintomas B (< 30% dos casos) ▪ Diagnóstico → denomina-se LLC quando há: ✓ Linfocitose > 5000 desde o início do quadro ▪ Complicações comuns: ✓ Anemia hemolítica autoimune por IgG ✓ Trombocitopenia autoimune Obs: deve-se diferenciar da anemia e trombocitopenia por ocupação medular, por meio da resposta ao uso de corticoides ✓ Síndrome de Richter → é uma grave complicação em que há transformação em um linfoma difuso de grandes células B 9 LINFOMAS HODGKIN E LINFOMAS NÃO HODGKIN Gizelle Felinto ▪ Prognóstico → sobrevida de meses ➢ LINFOMAS NÃO HODGKIN AGRESSIVOS: • Epidemiologia → sobrevidade meses • Linfoma Difuso de Grandes Células B: ▪ Epidemiologia: ✓ É o LNH mais comum! o 90% dos linfomas não Hodgkin agressivos e 30% de todos os LNH ✓ Mais comum em idosos, podendo acometer tanto homens quanto mulheres ✓ Há cura em 40 a 60% dos casos ✓ Forte tendencia à disseminação ✓ Geralmente, a sobrevida em 5 anos configura a cura do tumor ✓ Por serem mais agressivos, o paciente logo procura o serviço médico, podendo ser diagnosticado em estágios iniciais da doença ▪ Etiopatogenia → tem origem no centroblasto ▪ Quadro Clínico: ✓ Quadro clássico → Massa linfonodal de crescimento rápido na região cervical ou no abdômen ✓ Acometimento extranodal (40%) → preferência pelo TGI (estômago, delgado ou colon) ✓ Sintomas B (30 – 40%) ✓ LDH elevado (50% dos casos) ➢ LINFOMAS NÃO HODGKIN ALTAMENTE AGRESSIVOS: • Epidemiologia: ▪ Sobrevida de semanas ▪ Cura em 50 a 80% dos casos • OBS: Em questões de residência pode vir descrevendo presença de grande massa abdominal com quadro clínico compatível com semioclusão intestinal • Linfoma Linfoblástico Pré-T: ▪ Epidemiologia: ✓ Linfoma mais comum em crianças (1º lugar) ✓ Mais comum no sexo masculino (2:1) ✓ Cerca de 80% dos casos já são diagnosticados em estágio III ou IV ▪ O linfoma linfoblástico pré-T: ✓ Às vezes, aparece mais como uma lesão mediastinal ✓ Tem origem no centrócito → células pré-T em transformação presentes no timo ▪ Quadro Clínico: ✓ Massa mediastinal de crescimento rápido associado a complicações compressivas (Ex: obstrução traqueal e síndrome da veia cava superior, além de derrame pleural e/ou pericárdico) - 50 a 70% dos casos ✓ Massa linfonodal cervical, supraclavicular ou axilar (50%) ✓ Acometimento extranodal (testículo, ossos) ✓ Sintomas B (50%) ✓ LDH elevado na maioria dos casos • Linfoma de Burkitt: ▪ Epidemiologia: ✓ Segundo linfoma mais comum na infância (30%) ✓ Raro em adultos, exceto em pacientes com HIV, onde se torna o segundo linfoma mais comum (perde apenas para o linfoma imunoblástico) ▪ Três formas (etiológico e etiopatogenico): ✓ Esporádico: o Forma mais comum no Brasil o Epidemiologia → 11 anos de idade, principalmente sexo masculino o Geralmente, já se apresenta com acometimento extranodal (principalmente TGI – massa abdominal, ascite e massa palpável) ✓ Endêmico Africano → associada ao Vírus Epstein- Barr o Epidemiologia: 7 anos, com predomínio no sexo masculino o Geralmente, o tumor abre quadro com uma massa mandibular ou facial na maioria dos pacientes o Sintomas B são incomuns ✓ Em pacientes com HIV: o Acometimento do TGI e SNC o Linfadenopatia o Maior frequência de sintomas B ▪ Comportamento: ✓ Altamente agressivo, com crescimento tumoral muito rápido ✓ Há acometimento extranodal ✓ Há chance razoável de cura pela poliquimioterapia AVALIAÇÃO E EXAMES INDICADOS PARA O ESTADIAMENTO DO LNH ➢ HISTÓRIA E EXAME CLÍNICO: • Sintomas B → pior prognóstico • Risco de infecção pelo HIV • Presença de doenças autoimunes • Drogas imunossupressoras ➢ EXAMES DE SANGUE: • Hemograma • Fosfatase Alcalina • Desidrogenase Lática (DHL/LDH) • Creatinina 10 LINFOMAS HODGKIN E LINFOMAS NÃO HODGKIN Gizelle Felinto • Cálcio • Albumina • Eletroforese de proteínas • Beta-2-microglobulina • Sorologias para HIV e Hepatites B e C ➢ OUTROS EXAMES: • TC de pescoço, tórax, abdome e pelve → locais de principais sítios de acometimento e metástase • Aspirado e Biópsia de medula óssea • Punção lombar em casos selecionados (Ex.:acometimento de testículos, anel de Waldeyer e nasofaringe • Endoscopia digestiva alta (em pacientes com sintomas gastrointestinais) • Avaliação citológica de efusões pleurais e peritoneais • Outros: PET-scan, USG e Ressonância, conforme indicação TRATAMENTO DOS LNH ➢ Características Gerais: • Linfomas indolentes → tratamento indicado apenas em pacientes sintomáticos ou complicações, para alivio dos sintomas (paliativo e não curativo!) ▪ Pois apresentam sobrevida mais longa, não são curáveis e, geralmente, são os responsáveis pela morte do paciente • Linfomas agressivos → o tratamento deve ser feito precocemente e de forma intensa, com objetivo de erradicar por completo todas as células neoplásicas ▪ Pois apresentam sobrevida curta na ausência de tratamento, sendo este efetivamente capaz de curar boa parte dos casos ➢ LINFOMAS INDOLENTES: • Radioterapia Direcionada: ▪ É capaz de curar o paciente quando diagnosticado em fases muito precoces • Conduta Expectante (Paliativo) → em quadros muito avançados ▪ Obs: só se indicam terapias específicas para os linfomas indolentes em estágio avançado quando surgem sintomas decorrentes da doença (Ex: sintomas B, linfadenopatia volumosa...) → mesmo se houver boa resposta a essa terapia, é quase regra haver recidiva em pouco tempo RITUXIMAB 375mg/m2 (IV, 1x/semana por 4 semanas): ▪ É um anticorpo monoclonal anti-CD20 ▪ Obs: Antes de começar o rituximab é preciso descartar infecção pelo vírus da hepatite B, pois seu uso se associa à reativação fatal dessa infecção ▪ Quimioterápicos associados ao Rituximab: ✓ R-CHOP: o Ciclofosfamida, Doxorrubicina, Vincristina e Prednisona ➢ LINFOMAS AGRESSIVOS → cada subtipo apresenta uma terapia específica HODGKIN x NÃO HODGKIN LINFOMA DE HODGKIN LINFOMA NÃO HODGKIN Centralizado (mediastino) Periférico (epitroclear/anel de Waldeyer) Disseminação por contiguidade Disseminação hematogênica Acometimento extranodal é raro Acometimento extranodal é comum Prurido e eosinofilia Prurido discreto Dor com ingestão alcoólica Mais sintomas B Febre de Pel-Ebstein Febre contínua Jovens / Bom prognóstico Idosos / Pior prognóstico TRATAMENTO – PRINCIPAIS PONTOS TRATAMENTO DOS LINFOMAS ➢ DOENÇA LOCALIZADA (ESTÁGIOS I E II): • QUIMIOTERAPIA + RADIOTERAPIA ▪ Radioterapia → pois com uma doença mais localizada consegue-se fazer com que se direcione a radioterapia para um foco certo, ao contrário dos quadros em que a doença é disseminada e, dessa forma, não há como irradiar todo o corpo para o tratamento ➢ DISSEMINADA (ESTÁGIOS III E IV): • QUIMIOTERAPIA ➢ OBS: em provas de residência é mais comum perguntarem de forma geral sobre o tratamento, como descrito acima. Porém, é importante saber que cada subtipo de linfoma apresenta seu tratamento específico e sua indicação de quimioterapia e radioterapia FATORES DE PIOR PROGNÓSTICO ➢ Idade maior que 60 anos ➢ Desidrogenase Lactica (LDH) elevada → pois fala a favor de uma maior carga tumoral ➢ Presença de Sintomas B ➢ Doença Extranodal ➢ ECOG > 2 ECOG – AVALIAÇÃO DA PERFORMANCE DO PACIENTE 0. Paciente assintomático → realiza suas atividades sem qualquer limitação 1. Paciente sintomático → sintomas limitam alguma atividade do seu dia a dia 2. Paciente passa menos de 50% do tempo do dia acamado/sentado 3. Paciente passa mais de 50% do tempo do dia acamado/sentado 4. Paciente Moribundo → passa o dia todo acamado 5. Morto
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