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25/03/2022 1 TIPOLOGIA TEXTUAL Sidney Martins Língua Portuguesa Tipos Textuais x Gêneros Textuais Há 2 formas diferentes de classificar os textos, as quais são cobradas nos concursos públicos: -Tipologia textual: classificação segundo as sequências de informações do texto, considerando características internas; -Gêneros textuais: classificação segundo a relação entre a função do texto na sociedade e as características internas desse texto. Gêneros textuais Em sociedade, escrevemos textos para entreter, informar, ensinar, convencer... o interlocutor. Trata-se da intencionalidade discursiva. Romances são escritos para entreter; receitas, para ensinar; artigos de opinião, para convencer; notícias, para informar... Cada um desses gêneros têm características próprias, para atender sua função. Dependendo do gênero e de sua função, certas sequências de informação serão predominantes, às quais chamamos tipos ou modos textuais. Gêneros Tipos textuais Notícia Narrativo, Descritivo Receita culinária Injuntivo Entrevista Dialogal, Narrativo/Dissertativo Bula de remédio Injuntivo, Descritivo Reportagem Narrativo, Dissertativo Tipo narrativo Exemplo: Conta a lenda que um velho funcionário público de Veneza noite e dia, dia e noite rezava e implorava para o seu Santo que o fizesse ganhar sozinho na loteria cujo valor do prêmio o faria realizar todos seus desejos e vontades. Assim passavam os dias, as semanas, os meses e anos. E nada acontecia. Até que no dia do Santo, de tanto que seu fiel devoto chorava e implorava, o Santo surgiu do nada e numa voz de desespero e raiva gritou: Pelo menos, meu filho, compra o bilhete!!! Tipo narrativo ● Sequência de ações ao longo do tempo ● Presença de narrador, personagem, tempo, espaço, enredo e clímax; ● Predominância de verbos de ação; ● Presença de progressão temporal; ● Predominância do presente e do pretérito perfeito. 25/03/2022 2 Observação 1: Categorias de narrador (foco narrativo): 1.Narrador personagem – narração em 1ª pessoa Exemplo: Ontem, acordei cedo, tomei café e fui pedalar. No entanto, devido à chuva, logo voltei para casa. 2. Narrador observador – narração em 3ª pessoa Exemplo: Maria acordou cedo, tomou café e foi pedalar. No entanto, devido à chuva, logo voltou para casa. 3. Narrador onisciente (questionável!) – narração em 3ª pessoa, com comentários sobre o passado e o futuro da narrativa, além de análises dos pensamentos das personagens. Exemplo: Maria acordou cedo, tomou café e foi logo pedalar. Mas não, no final da história, Maria não terá um dia tranquilo assim. Em vez disso, Maria encontrará uma série de problemas e perigos em seu caminho. Observação 2: O texto narrativo é um texto polifônico, em que as diferentes falas são apresentadas em discursos. 1.Discurso direto: a fala da personagem é apresentada de forma direta, sem paráfrases do narrador. Exemplo: Maria disse: - Ontem choveu muito na região sul. 2. Discurso indireto: o narrador reconta a fala da personagem com suas próprias palavras. Exemplos: Maria disse que, no dia anterior, chovera muito na região Sul. Alterações gramaticais na mudança de discurso: noções de tempo e pessoa Exemplo: DISCURSO DIRETO Pedro afirmou: - Amanhã, irei para minha casa. DISCURSO INDIRETO Pedro afirmou que, no dia seguinte, iria para sua casa. 25/03/2022 3 Tabela de correspondência de tempos verbais Discurso direto Discurso indireto Presente Pretérito imperfeito Eu amo o RJ. Maria disse que amava o RJ. Pretérito perfeito Pretérito mais-que-perfeito Eu fui à praia. Maria disse que fora à praia. Futuro do presente Futuro do pretérito Eu irei à praia. Maria disse que iria à praia. Presente do Pretérito imperfeito subjuntivo do subjuntivo Talvez eu durma. Maria disse que talvez dormisse. 3. Discurso indireto livre: mistura entre fala de narrador e personagem, geralmente associada a fluxos de consciência Exemplo: Maria caminhava na rua distraidamente, quando tropeçou em uma pedra. Ai, meu pé, que falta de atenção! Maria seguiu irritada consigo mesma, prometendo-se olhar o chão com mais cuidado. Tipo descritivo Exemplo: “A árvore é grande, com tronco grosso e galhos longos”. É cheia de cores, pois tem o marrom, o verde, o vermelho das flores e até um ninho de passarinhos. O rio espesso com suas águas barrentas desliza lento por entre pedras polidas pelos ventos e gastas pelo tempo. Tipo descritivo ● Sequência de características de um ser; ● Predominância de adjetivos e substantivos; ● Ausência de progressão temporal; ● Presença de verbos que não indicam ação; ● Predominância do presente e do pretérito imperfeito Tipo injuntivo Exemplo: (...) Pegue a tábua e lixe horizontalmente, até que a tinta se solte por completo. Depois, passe a primeira camada de verniz. Espere secar por duas horas. Repita o processo. Depois, utilize um prego para fazer pequenos furos na madeira, onde você deve acrescentar as bolinhas de algodão. (...) Tipo injuntivo ● Sequências de comandos ou instruções; ● Predominância do imperativo; ● Uso constante de pronomes de tratamento e verbos modalizadores, como “dever”, “ter que”, “precisar” etc.; ● Predominância da coordenação. 25/03/2022 4 Tipo dialogal Exemplo: VIOLETA – (Em tom ameaçador) Atende Pedro, aposto que é aquela sujeitinha pra quem você deu seu telefone. PEDRO – Você está ficando louca? (Virando-se de costas mudando o semblante raivoso) Eu nunca daria meu telefone para outra mulher que não fosse você, meu amor. VIOLETA – (Apaixonadamente) Jura Pedro? (Voltando para a raiva inicial) Quem sabe eu esteja mesmo louca, (Sarcástica) não é querido? Tipo dialogal Sequência de falas alternadas; Ausência de narrador; Presença de rubrica; Identificação do personagem antes da fala. Tipo expositivo Exemplo: Fotossíntese é um processo fisioquímico realizado pelos vegetais clorofilados. Estes seres sintetizam dióxido de carbono e água, obtendo glicose, celulose e amido através de energia luminosa. 12H2O + 6CO2 → 6O2 + 6H2O + C6H12O6. Este é um processo do anabolismo, em que a planta acumula energia a partir da luz para uso no seu metabolismo, formando adenosina tri-fosfato, o ATP. Tipo expositivo Sequência de informações neutras; Objetivo central: informar; Predominância de verbos no presente; Predominância da 3ª pessoa Tipo argumentativo Exemplos: “No meu ponto de vista, a pena de morte é negativa, e por isso não deve ser legalizada. Afinal, que direito temos nós de tirar a vida de alguém? Talvez até a culpa última do seu comportamento seja a própria sociedade, uma vez que cada pessoa é sempre o produto da educação que teve e foi moldada pelo ambiente sociocultural em que cresceu”. Tipo argumentativo Sequência de argumentos para defender um posicionamento; Presença de conectivos de causa-consequência; Marcas de subjetividade e expressão de opinião. 25/03/2022 5 QUESTÕES DE PROVA OLHOS DE RESSACA Tinha-me lembrado da definição que José Dias dera para eles, “olhos de cigana oblíqua e dissimulada”. Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar. Só me perguntava o que era, se nunca os vira; eu nada achei de extraordinário; a cor e a doçura eram minhas conhecidas. A demora da contemplação creio que lhes deu outra ideia do meu intento; imaginou que era um pretexto para mirá-los mais de perto, com os meus olhos longos, constantes, enfiados neles, e a isto atribuo que entrassem a ficar crescidos e sombrios, com tal expressão que... Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partesvizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros; mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me, tragar-me. (Machado de Assis. Olhos de ressaca. In: Dom Casmurro) 1. No texto, o ponto de vista do narrador classifica-se como: A)1ª pessoa – narrador personagem B)1ª pessoa – narrador onisciente C) 3ª pessoa – narrador onisciente D) 3ª pessoa – narrador neutro E) 3ª pessoa – narrador personagem 2. No segundo parágrafo predomina o modo de organização textual: A) narrativo B) descritivo C) dissertativo D) argumentativo E) dissertativo-argumentativo Passávamos férias na fazenda da Jureia, que ficava na região de lindas propriedades cafeeiras. Íamos de automóvel até Barra do Piraí, onde pegávamos um carro de boi. Lembro-me do aboio do condutor, a pé, ao lado dos animais, com uma vara: “Xô, Marinheiro! Vâmu, Teimoso!”. Tenho ótimas recordações de lá e uma foto da qual gosto muito, da minha infância, às gargalhadas, vestindo um macacão que minha própria mãe costurava, com bastante capricho. Ela fazia um para cada dia da semana, assim, eu podia me esbaldar e me sujar à vontade, porque sempre teria um macacão limpo para usar no dia seguinte. (Jô Soares. O livro de Jô: uma autobiografia desautorizada. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.) 3. O texto é essencialmente descritivo, pois detalha lembranças acerca das viagens de férias que a personagem e sua família faziam com frequência durante a sua infância. ( ) CERTO ( ) ERRADO 25/03/2022 6 E como manejava bem os cordéis de seus títeres, ou ele mesmo, títere voluntário e consciente, como entregava o braço, as pernas, a cabeça, o tronco, como se desfazia de suas articulações e de seus reflexos quando achava nisso conveniência. Também ele soubera apoderar-se dessa arte, mais artifício, toda feita de sutilezas e grosserias, de expectativa e oportunidade, de insolência e submissão, de silêncios e rompantes, de anulação e prepotência. Conhecia a palavra exata para o momento preciso, a frase picante ou obscena no ambiente adequado, o tom humilde diante do superior útil, o grosseiro diante do inferior, o arrogante quando o poderoso em nada o podia prejudicar. Sabia desfazer situações equívocas, e armar intrigas das quais se saía sempre bem, e sabia, por experiência própria, que a fortuna se ganha com uma frase, num dado momento, que este momento único, irrecuperável, irreversível, exige um estado de alerta para a sua apropriação. RAWET, S. O aprendizado. In: Diálogo. Rio de Janeiro: GRD, 1963 (fragmento). 4. No conto, o autor retrata criticamente a habilidade do personagem no manejo de discursos diferentes segundo a posição do interlocutor na sociedade. A crítica à conduta do personagem está centrada na imagem do títere ou fantoche em que o personagem acaba por se transformar, acreditando dominar os jogos de poder na linguagem. ( ) CERTO ( ) ERRADO Leia o trecho abaixo: "A ciência mais imperativa e predominante sobre tudo é a ciência política, pois esta determina quais são as demais ciências que devem ser estudadas na pólis. Nessa medida, a ciência política inclui a finalidade das demais, e, então, essa finalidade deve ser o bem do homem." (Aristóteles. Adaptado) 5. O gênero textual utilizado pelo autor é texto de opinião. ( ) CERTO ( ) ERRADO GABARITO: 1A 2B 3E 4C 5E Interpretação de Textos Sidney Martins Língua Portuguesa Embora as palavras compreensão e interpretação sejam tratadas pela maioria das bancas como sinônimas e utilizadas indistintamente, têm sentidos diferentes. Compreensão Interpretação • É um processo subjetivo, em que o leitor forma um entendimento com base no texto, mas que não esteja necessariamente escrito nele. • É um processo de dedução e inferência textual. • É a análise objetiva das informações que estão no texto. • Não há margem para subjetividade ou dedução. • O leitor deve se resumir ao que está escrito. Compreensão e interpretação de texto Como saber se uma questão explora a compreensão ou a interpretação textual? Há uma série de expressões utilizadas nos enunciados das questões que nos ajudam a entender a tarefa interpretativa de forma ampla. Veja: Compreensão Interpretação • Diante do que foi exposto, podemos concluir que … • Infere-se do texto que … • O texto possibilita deduzir que … • A partir do que foi exposto no texto, podemos inferir que ... • Conclui-se que ... • Segundo o texto… • Segundo o autor ... • O texto informa que… • No texto… • O autor informa que… • De acordo com o texto… • Com base no texto ... Compreensão e interpretação de texto 25/03/2022 7 Principais erros de compreensão ou interpretação textual Vícios de interpretação Texto dissertativo Consiste em acrescentar informações que não estão no texto. Dentre os vícios de interpretação, a extrapolação, por ser sutil, em muitas circunstâncias, é o mais difícil de ser identificado. Extrapolação Consiste em reduzir o alcance de informações presentes no texto. Redução Acontece quando o leitor entende as ideias expressas ou dedutíveis do texto ao contrário. Contradição O jeitinho brasileiro e o homem cordial O jeitinho caracteriza-se como ferramenta típica de indivíduos de pouca influência social. Em nada se relaciona com um sentimento revolucionário, pois aqui não há o ânimo de se mudar o status quo. O que se busca é obter um rápido favor para si, às escondidas e sem chamar a atenção; por isso, o jeitinho pode ser também definido como "molejo", "jogo de cintura", habilidade de se "dar bem" em uma situação "apertada". Sérgio Buarque de Holanda, em O Homem Cordial, fala sobre o brasileiro e uma característica presente no seu modo de ser: a cordialidade. Porém, cordial, ao contrário do que muitas pessoas pensam, vem da palavra latina cor, cordis, que significa coração. Portanto, o homem cordial não é uma pessoa gentil, mas aquele que age movido pela emoção no lugar da razão, não vê distinção entre o privado e o público, detesta formalidades, põe de lado a ética e a civilidade. Em termos antropológicos, o jeitinho pode ser atribuído a um suposto caráter emocional do brasileiro, descrito como “o homem cordial” pelo antropólogo. No livro Raízes do Brasil, esse autor afirma que o indivíduo brasileiro teria desenvolvido uma histórica propensão à informalidade. Deve-se isso ao fato de as instituições brasileiras terem sido concebidas de forma coercitiva e unilateral, não havendo diálogo entre governantes e governados, mas apenas a imposição de uma lei e de uma ordem consideradas artificiais, quando não inconvenientes aos interesses das elites políticas e econômicas de então. Daí a grande tendência fratricida observada na época do Brasil Império, que é bem ilustrada pelos episódios conhecidos como Guerra dos Farrapos e Confederação do Equador. Na vida cotidiana, tornava-se comum ignorar as leis em favor das amizades. Desmoralizadas, incapazes de se impor, as leis não tinham tanto valor quanto, por exemplo, a palavra de um “bom” amigo. Além disso, o fato de afastar as leis e seus castigos típicos era uma prova de boa-vontade e um gesto de confiança, o que favorecia boas relações de comércio e tráfico de influência. De acordo com testemunhos de comerciantes holandeses, era impossível fazer negócio com um brasileiro antes de fazer amizade com ele. Um adágio da época dizia que “aos inimigos, as leis; aos amigos, tudo”. A informalidade era – e ainda é – uma forma de se preservar o indivíduo. Sérgio Buarque avisa, no entanto, que esta "cordialidade" não deve ser entendida como caráter pacífico. O brasileiro é capaz de guerrear e até mesmo destruir; no entanto, suas razões animosas serão sempre cordiais, ou seja, emocionais. 1. De acordo com o texto, é incorreto afirmar que: a) o jeitinho brasileiro é um comportamento típico de indivíduos de pouca influência social e avessos a formalidades. b) a instituição do jeitinho tem origem, segundo os antropólogos, no comprovado caráter emocional do brasileiro. c) a imposição de leis ede ordens tidas como artificiais pode explicar a propensão do brasileiro para driblar normas. d) na sociedade colonial, era comum observar que o brasileiro tendia a valorizar a amizade em detrimento da própria lei. e) o indivíduo que utiliza a ferramenta do jeitinho age por emoção, ignorando os limites entre as esferas pública e privada. 2. Com relação à estruturação do texto e dos parágrafos, analise as afirmativas a seguir: I. O segundo parágrafo introduz o tema, discorrendo sobre a origem etimológica de jeitinho. II. O quarto parágrafo apresenta um fato que busca explicar a disposição para a informalidade nas relações comerciais. III. O quinto parágrafo esclarece as diferenças entre as noções de cordialidade e passividade, que não são sinônimas. Assinale: a) se somente a afirmativa I está correta. b) se somente a afirmativa II está correta. c) se somente a afirmativa III está correta. d) se somente as afirmativas II e III estão corretas. e) se todas as afirmativas estão corretas. 25/03/2022 8 3. Deve-se isso ao fato de as instituições brasileiras terem sido concebidas de forma coercitiva e unilateral. Tem significação oposta à do termo sublinhado o vocábulo: a) licenciosa. b) tirana. c) normativa. d) proibitiva. e) repressora. Borboletas Quando depositamos muita confiança ou expectativas em uma pessoa, o risco de se decepcionar é grande. As pessoas não estão neste mundo para satisfazer as nossas expectativas, assim como não estamos aqui, para satisfazer as delas. Temos que nos bastar... nos bastar sempre e quando procuramos estar com alguém, temos que nos conscientizar de que estamos juntos porque gostamos, porque queremos e nos sentimos bem, nunca por precisar de alguém. As pessoas não se precisam, elas se completam... não por serem metades, mas por serem inteiras, dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e vida. Com o tempo, você vai percebendo que, para ser feliz com a outra pessoa, você precisa, em primeiro lugar, não precisar dela. Percebe também que aquela pessoa que você ama (ou acha que ama) e que não quer nada com você, definitivamente, não é o homem ou a mulher de sua vida. Você aprende a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem gosta de você. O segredo é não cuidar das borboletas e sim cuidar do jardim para que elas venham até você. No final das contas, você vai achar não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você! 4. Segundo o Texto, a relação afetiva deve caracterizar-se, fundamentalmente, pela(o) (A) busca (B) carência (C) compartilhamento (D) indiferença (E) insistência 5. Segundo as ideias do Texto, projetar no outro nossas ansiedades torna-nos: (A) condescendentes para com os outros (B) vulneráveis a possíveis insucessos (C) seguros quanto à consecução do objetivo (D) indiferentes a quaisquer consequências (E) mais resistentes aos obstáculos 6. Segundo as ideias do Texto, a felicidade de duas pessoas marca-se pelo (a): (A) dedicação incondicional de uma delas à outra (B) desnecessidade existente em ambas (C) capacidade de uma controlar a relação (D) submissão de uma à outra (E) empenho mútuo de uma subjugar a outra 25/03/2022 9 Elas vão puxar os salários para baixo Empresas vão sair no lucro e as mulheres terão benefícios. Mas os homens jovens precisam se preocupar. Por que as mulheres não têm as mesmas oportunidades que os homens no mercado de trabalho? Elas têm. Apenas ganham menos que os homens. Ainda. Os salários femininos estão 35% abaixo da média dos masculinos para funções equivalentes. Mas não é um fenômeno brasileiro. Na Alemanha e na Inglaterra, a disparidade salarial chega aos 25%. A situação muda quando avaliamos não dados estatísticos, mas a evolução da situação. Em 1970, só 18% das brasileiras estavam no mercado de trabalho. Hoje, esse número está perto de 50% e bate os 55% na Grande São Paulo. Nas faculdades, há mais mulheres matriculadas que homens. E um professor de uma universidade paulistana me forneceu um dado revelador: em média, os homens faltam a 17% das aulas. As mulheres, a 4%. Algo me diz que, aos poucos, as mulheres ocuparão cargos mais altos e os salários vão se igualar, embora não do jeito que gostaríamos. Como elas serão maioria no mercado de trabalho e continuarão aceitando salários menores, puxarão para baixo os salários masculinos de admissão. Isso será bom para as empresas, porque o custo da mão de obra cairá. Será relativamente bom para as mulheres, porque o salário delas subirá. Ao contrário do que a situação presente parece mostrar, os jovens do sexo masculino é que deveriam estar mais preocupados. (Disponível em: revistaepoca.globo.com) 7. A palavra do texto que sugere que as mulheres terão, no futuro, seus salários equiparados aos dos homens é: A) “oportunidades” B) “mercado” C) “menos D) “Ainda” E) “média” 8. “A situação muda quando avaliamos não dados estatísticos, mas a evolução da situação.” No texto, a frase acima se torna incoerente porque: A) o autor acaba por não analisar a “evolução da situação”. B) a análise da “evolução da situação” também implica analisar dados estatísticos. C) a análise da “evolução da situação” revela uma situação extremamente desfavorável para as mulheres. D) em São Paulo, há mais mulheres do que homens na universidade. E) os dados mostram que as mulheres são alunas mais assíduas. A morte e a morte do poeta Ao ler o seu necrológio no jornal outro dia, o pianista Marcos Resende primeiro tratou de verificar que estava vivo, bem vivo. Em seguida gravou uma mensagem na sua secretária eletrônica: “Hoje é 27 e eu não morri. Não posso atender porque estou na outra linha dando a mesma explicação”. Quando li esta nota, me lembrei de como tudo neste mundo caminha cada vez mais depressa. Em 1862, chegou aqui a notícia da morte de Gonçalves Dias. O poeta estava a bordo do Grand Condé havia cinquenta e cinco dias. O brigue chegou a Marselha com um morto a bordo. À falta de lazareto, o navio estava obrigado à caceteação da quarentena. Gonçalves Dias tinha ido se tratar na Europa e logo se concluiu que era ele o morto. A notícia chegou ao Instituto Histórico durante uma sessão presidida por d. Pedro II. Suspensa a sessão, começaram as homenagens ao que era tido e havido como o maior poeta do Brasil. Suspeitar que podia ser mentira? Impossível. O imperador, em pleno Instituto Histórico, só podia ser verdade. Ofícios fúnebres solenes foram celebrados na Corte e na província. Vinte e cinco nênias saíram publicadas de estalo. Joaquim Serra, Juvenal Galeno e Bernardo Guimarães debulharam lágrimas de esguicho, quentes e sinceras. O grande poeta! O grande amigo! Que trágica perda! 25/03/2022 10 As comunicações se arrastavam a passo de cágado. Mal se começava a aliviar o luto fechado, dois meses depois chegou o desmentido: morreu, uma vírgula! Vivinho da silva. A carta vinha escrita pela mão do próprio poeta: “É mentira! Não morri, nem morro, nem hei de morrer nunca mais!” Entre exclamações, citou Horácio: “Não morrerei de todo.” Todavia, morreu, claro. E morreu num naufrágio, vejam a coincidência. Em 1864, trancado na sua cabine do Ville de Boulogne, à vista da costa do Maranhão. Seu corpo não foi encontrado. Terá sido devorado pelos tubarões. Mas o poeta, este de fato não morreu. (Adaptado de: RESENDE, Otto Lara. Bom dia para nascer. São Paulo: Cia das Letras, 2011, p.107-8) 9. No texto, o autor contrapõe fundamentalmente A) as boas condições do porto de Marselha, em território francês, às péssimas condições do porto brasileiro localizado no Maranhão, perto do qual o navio Ville de Boulogne acabou por naufragar. B) a demora com que a notícia da suposta morte de Gonçalves Dias, no século XIX, pôde ser contestada pelo poeta à rapidez com que o pianista Marcos Resende, contemporâneo do cronista, pôde contestar a própria morte. C) a comoção com que foi recebida a notícia da suposta morte do poeta Gonçalves Dias à indiferença com que se recebeu a notícia da morte do pianista Marcos Resende, buscando-se esclarecê-la com um simples telefonema.D) a resistência do navio Grand Condé, onde Gonçalves Dias pôde permanecer em segurança por mais de cinquenta dias, à fragilidade do Ville de Boulogne, que levou pouco tempo para naufragar na costa do Maranhão. E) a banalização das notícias em seu próprio tempo, mesmo as mais trágicas, à solenidade com que eram dadas no século XIX, muitas vezes em sessões no Instituto Histórico, com a eventual presença do próprio Imperador. 10. De acordo com o texto, a falsa notícia da morte de Gonçalves Dias teria se originado de uma conjunção de acontecimentos que incluem: A) a morte de um passageiro no navio em que ele viajava, a impossibilidade dos passageiros do navio cumprirem o período de quarentena em terra e a motivação da viagem do poeta para a Europa. B) a inexistência de lazareto no Grand Condé, a motivação da viagem do poeta para a Europa e as falhas de comunicação entre o navio e o porto de Marselha. C) a impossibilidade dos passageiros do navio cumprirem o período de quarentena em terra, a presença do Imperador no Instituto Histórico e as homenagens feitas no Brasil ao grande poeta. D) a morte de um passageiro no navio em que ele viajava, a motivação da viagem do poeta para a Europa e as falhas de comunicação entre o navio e o porto de Marselha. E) a inexistência de lazareto no Grand Condé, a morte de um passageiro no navio e as homenagens feitas no Brasil ao grande poeta. 25/03/2022 11
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