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Referências: BECK, Judith. Terapia cognitivo comportamental: teoria e prática. 3a edição. Capitulo 06. Programação de atividades Um dos passos iniciais mais importantes para clientes deprimidos é programar as atividades. A maioria se afastou e está ativamente evitando pelo menos algumas atividades que antes lhes proporcionam um sentimento de realização, controle, prazer e conexão – e que melhoram seu humor. Muitos param de seguir sua rotina diária e têm menos cuidado consigo mesmos. Nós transmitimos as seguintes mensagens: “É importante agir de acordo com os seus valores, com o que é realmente importante para você, e não com o que você gostaria de fazer – pois a depressão o deixa cansado e então você vai querer evitar. Mas a evitação só deixa a depressão pior. Não espere até que se sinta com energia ou motivado para iniciar uma atividade ou tarefa. Faça-a primeiro. Você provavelmente descobrirá que se sente com mais energia e motivação em algum momento depois que começa.” Os clientes com frequência acham que não podem mudar a forma como se sentem emocionalmente. Ajudá- los a se tornarem mais ativos e dar-lhes o crédito por seus esforços são partes essenciais do tratamento. Fazer isso melhora seu humor e fortalece seu sentimento de autoeficácia. Em geral, começamos a programar as atividades colaborativamente na primeira ou segunda sessão de terapia. Conceituando a inatividade Ao considerar o engajamento em atividades, os pensamentos automáticos dos clientes deprimidos frequentemente se colocam no caminho. Por outro lado, tornar-se mais ativo e reconhecer que merece o crédito em geral melhora o humor do cliente e facilita para que ele continue sendo mais ativo. Mesmo quando os clientes se engajam em várias atividades, eles costumam obter baixos níveis de satisfação e prazer devido aos seus pensamentos automáticos autocríticos. O cliente também pode ter pensamentos negativos semelhantes depois de se engajar em uma atividade (“Eu deveria ter feito isso melhor”). Assim sendo, ao programar as atividades, é importante prever pensamentos negativos que possam interferir no início ou na continuidade das atividades, bem como pensamentos que poderiam diminuir seu sentimento de prazer, realização ou conexão durante ou depois da atividade. Formulando atividades Alguns clientes provavelmente executarão as atividades com que se comprometeram na sessão sem discutir precisamente quando realizá-las. Outros clientes se beneficiam do comprometimento com determinadas atividades em determinados dias e em determinados horários. A maioria dos clientes deprimidos alterou suas atividades diárias ou semanais em certa medida. É importante ajudá-los a se engajarem mais plenamente na vida. Alguns terapeutas pedem que os clientes deprimidos preencham um Quadro de Atividades no começo do tratamento, anotando as atividades que realizam a cada hora e, caso estejam dispostos, avaliando seu sentimento de domínio e prazer. Então eles usam as informações para orientá-los na programação das atividades. É válido para alguns clientes usar o Quadro de Atividades a fim de planejar colaborativamente um dia inteiro, hora a hora. O cliente pode usar essa programação como modelo, elaborando uma programação mais específica a cada manhã ou na noite anterior. Certifique-se de que a programação esteja no lado fácil, sobretudo quando o cliente estiver mais severamente deprimido. Não é razoável esperar que ele saia de um estado quase completamente inativo para um estado ativo todas as horas do dia. Quando o cliente usa o Quadro de Atividades para programar as atividades, ele pode posteriormente usar o mesmo quadro para circular ou assinalar quais atividades ele de fato completou. Alguns clientes estão dispostos a preencher o Quadro de Atividades com todas as suas atividades, pré-programadas ou não. Você coletará muitos dados importantes se o cliente estiver disposto a avaliar o quanto de sensação de prazer e/ou domínio obteve de cada atividade. Ou ele pode apenas classificar seu humor geral durante a atividade em uma escala de 0-10. Quando as pessoas estão deprimidas, suas memórias costumam ser mais negativas do que a experiência real. O cliente pode achar que um dia ou uma semana inteira foi ruim. Fazer as avaliações imediatamente após uma atividade (ou na hora do almoço, do jantar ou de dormir) o ajuda a reconhecer as partes que foram melhores. Se você não sabe quais atividades sugerir ao cliente, pode revisar seu dia típico. Então faça a si mesmo estas perguntas: “Considerando as aspirações do meu cliente... Que atividades o cliente está fazendo demais? Que atividades ele está fazendo de menos ou evitando completamente? Ele tem um bom equilíbrio entre domínio, prazer, autocuidado e experiências sociais? O que ele pode fazer que seja significativo e levará a emoção positiva, conexão e empoderamento? O que ele pode fazer que o ajude a tirar conclusões positivas, especialmente sobre si mesmo?” Pergunte-se também: “Em que novas atividades o cliente tem mais probabilidade de se engajar?”. Quando relevante, você pode sugerir que o cliente procure online atividades prazerosas ou hobbies ou que converse com outras pessoas para descobrir o que elas fazem. Quando apropriado, pode sugerir que se engaje em algumas atividades com familiares, amigos, vizinhos ou outras pessoas na comunidade. Em qualquer um dos casos, ao revisar seus Planos de Ação em sessões posteriores, ajude o cliente a tirar conclusões sobre essas experiências e especialmente o que o fato de ter feito essas coisas diz a respeito dele.
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