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4 - POLUIÇÃO DO SOLO, AR E ÁGUA (1)

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Poluição do Solo, 
Ar e Água
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI
Armando de Queiroz Monteiro Neto
Presidente
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI
Conselho Nacional
Armando de Queiroz Monteiro Neto
Presidente
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI
Departamento Nacional
José Manuel de Aguiar Martins
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Regina Maria de Fátima Torres
Diretora de Operações
Confederação Nacional da Indústria 
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial 
Departamento Nacional
Poluição do Solo, 
Ar e Água
Brasília
2010
José Roberto de Souza de 
Almeida Leite
© 2010. SENAI – Departamento Nacional
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 L533p 
Leite, José Roberto de Souza de Almeida 
 Poluição do solo, ar e água / José Roberto de Souza de Almeida 
Leite. Brasília: SENAI/DN, 2010. 
 88 p. : il. color ; 30 cm. 
 
Inclui bibliografias. 
 
 1. Poluição. 2. Solos - Poluição. 3. Ar - Poluição. 4. Água - Poluição. 
I. SENAI. Departamento Nacional. II. Título. 
 
 CDU 504.3 
Sumário
Apresentação do curso .................................................................................07
Plano de estudos ............................................................................................09
Unidade 1: A Energia e o Meio Ambiente ..............................................11
Unidade 2: Aproveitamento Energético: Fontes Renováveis e Não 
Renováveis .........................................................................................................27
Unidade 3: Poluição Ambiental I: Meio Aquático ...............................43
Unidade 4: Poluição Ambiental II: Meio Terrestre ......................................59
Unidade 5: Poluição Ambiental III: Meio Atmosférico ..............................75
Conhecendo o autor .....................................................................................85 
Referências .......................................................................................................87
7
Apresentação do Curso
Energia, ar e água são elementos essenciais à vida 
humana. Nas sociedades primitivas, seu custo era 
praticamente zero. A energia era obtida da lenha 
das florestas para aquecimento e atividades do-
mésticas, como cozinhar. Aos poucos, porém, o 
consumo de energia foi crescendo tanto que outras 
fontes se tornaram necessárias. Durante a Idade 
Média, as energias dos cursos de água e dos ventos 
foram utilizadas, mas em quantidades insuficientes 
para suprir as necessidades de populações crescen-
tes, sobretudo, nas cidades (GOLDEMBERG; LUCON, 
2007).
A poluição, desde a sonora à química, está conse-
guindo destruir nosso bem mais precioso: o plane-
ta Terra. Essas e outras questões serão debatidas 
neste curso, que será subdividido em cinco aulas. 
Nas primeiras duas aulas, será discutida e debatida 
a questão energética e suas relações com o meio 
ambiente, dando ênfase às formas de obtenção de 
energia como a partir do petróleo, do gás natural e 
de formas alternativas de energia. Nas aulas se-
guintes, o assunto poluição do solo ar e água será 
considerado, sempre ressaltando exemplos brasi-
leiros e fatores de mitigação dessas atividades. O 
equilíbrio de uma sociedade justa com qualidade 
de vida está relacionado com inteligência envolvida 
nessas questões, sem diminuir a produtividade, mas 
garantindo recursos naturais às próximas gerações.
9
Plano de 
 Estudos
Carga horária
18 horas
Ementa
Estudo relacionado à poluição do solo, da água e 
do ar. A energia e o meio ambiente. Fontes reno-
váveis e não renováveis de energia.
Objetivos
Objetivo Geral
Este curso tem como objetivo verificar conceitos 
importantes referente ao meio ambiente, mais es-
pecificamente à poluição da água, do ar e do solo.
Objetivos Específicos
 � Compreender as questões gerais sobre a ener-
gia e o meio ambiente.
 � Analisar o aproveitamento energético consi-
derando as fontes naturais renováveis e não 
renováveis.
 � Diagnosticar poluição ambiental nos meios 
aquático, terrestre e atmosférico.
11
1A Energia e o Meio Ambiente
Objetivos de Aprendizagem
Ao final desta unidade, você terá subsídios para:
 � compreender a produção de energia e suas 
fontes;
 � verificar a produção de energia elétrica e a 
utilização da biomassa no contexto brasileiro.
Aulas
Acompanhe, nesta unidade, as seguintes aulas:
Aula 1: Energias renováveis e sustentabilidade
Aula 2: Fontes de energia na ecosfera: entenden-
do o meio ambiente
Aula 3: Eletricidade no contexto brasileiro
Aula 4: Biomassa e Brasil
Aula 5: A autossuficiência em petróleo e a questão 
do gás natural para o Brasil
12
Capacitação Ambiental
Para Iniciar
É necessário compreender que, desde o início da produção de energia, 
esta vinha sendo utilizada para consumo. À medida que aumentaram as 
necessidades, aumentou a demanda de produção de energia por meio 
de fontes distintas, que passaram a servir não apenas para o consumo 
doméstico. Nesta unidade, você verá o percurso e as evoluções tangen-
tes ao consumo e à produção de energia. Além disso, o contexto bra-
sileiro será bastante explorado para contraposição da produção e do 
consumo brasileiro e mundial de energia.
Aula 1 
Energias renováveis e 
sustentabilidade
Energia, ar e água são elementos essenciais à vida humana. Nas sociedades 
primitivas, seu custo era praticamente zero. A energia era obtida da lenha das 
florestas para aquecimento e atividades domésticas, como cozinhar. Aos pou-
cos, porém, o consumo de energia foi crescendo tanto que outras fontes se 
tornaram necessárias. Durante a Idade Média, as energias dos cursos de água 
e dos ventos foram utilizadas, mas em quantidades insuficientes para suprir as 
necessidades de populações crescentes, sobretudo, nas cidades. Após a Re-
volução Industrial, foi necessário usar mais carvão, petróleo e gás, os quais têm 
um custo elevado para a produção e o transporte até os centros consumidores. 
O consumo de água também aumentou consideravelmente, tanto que se tor-
nou necessário cobrar pelo seu uso para pagar os custos de sua purificação e 
transporte até os usuários (GOLDEMBERG; LUCON, 2007).
Caso uma colônia terrestre seja instalada na Lua (que não tem atmosfera), será 
necessário pagar, e muito, pelo ar que terá de ser transportado até lá para con-
sumo pelos seres humanos. No ano de 2003, quando a população mundial era 
de 6,27 bilhões de habitantes, o consumo médio total de energia era de 1,69 
tonelada, o equivalente ao consumo de petróleo (tep) per capita. Uma tonelada 
de petróleo equivale a 10 milhõesde quilocalorias (kcal), e o consumo diário 
médio de energia é de 46.300 kcal por pessoa (GOLDEMBERG; LUCON, 2007).
13Unidade 1
Poluição do Solo, Ar e Água
Como comparação, vale a pena mencionar que 2.000 kcal é a energia que 
obtemos dos alimentos e que permite que nos mantenhamos vivos e funcio-
nando plenamente. O restante é usado em transporte, gastos residenciais e 
industriais e perdas nos processos de transformação energética.
Os padrões atuais de produção e consumo de energia são baseados nas fon-
tes fósseis, que geram emissões de poluentes locais, gases de efeito estufa e 
põem em risco o suprimento de longo prazo no planeta. É necessário que esses 
padrões sejam mudados, com o intuito de estimular a produção de energias 
renováveis. Nesse sentido, o Brasil apresenta uma condição bastante favorável 
em relação ao resto do mundo. A tabela 1 mostra a contribuição porcentual 
das diversas fontes de energia à energia total consumida no Brasil e no mundo 
em 2003. Energias renováveis representavam 41,3% do consumo total no Bra-
sil, ao passo que, no mundo, representavam apenas 14,4%. O consumo médio 
de energia no Brasil é de 1,09 tep por habitante diariamente, um pouco abaixo 
da média mundial. O consumo médio não representa adequadamente o que 
ocorre no mundo. Por exemplo, em Bangladesh, ele é onze vezes menor, e nos 
Estados Unidos, é cinco vezes maior. O consumo total de energia no Brasil em 
2004 foi de cerca de 216 milhões de tep (Mtep), ou seja, 2% do consumo mun-
dial, que foi de 11.223 Mtep.
Tabela 1: Energia primária no Brasil e no mundo em 2003, total e parcelas conforme dados da Agência 
Internacional de Energia (IEA)
Energia primária Brasil Mundo
Total, bilhões de tep 0,193 10,7
Pa
rti
ci
pa
çã
o 
da
s 
fo
nt
es
 (%
)
Não renováveis
Fósseis
Petróleo 43,6 35,3
Gás natural 6,6 20,9
Carvão 6,8 24,1
Nuclear 1,8 
Subtotal 58,7 86,6
Renováveis
Tradicionais Biomassa tradicional 19 9,4
Convencionais Hidráulica 15,3 2,1
Modernas, “novas”
Biomassa moderna 6,9 1,2
Outras: solar, eólica 
etc.
< 0,1 1,7
 Subtotal 41,3 14,4
Fonte: Goldemberg, Lucon (2007)
14
Capacitação Ambiental
O Brasil possui uma forte base hidráulica em sua matriz elétrica. Contudo, o 
estímulo a outras fontes “modernas” de energias renováveis é, ainda, bastante 
incipiente se comparado à média mundial, apesar dos esforços feitos pelo go-
verno federal por meio do Programa de Incentivo a Fontes Alternativas de Ele-
tricidade (Proinfa). Além disso, o país é um paradigma mundial pelo seu vigoro-
so programa de biomassa moderna no setor de transportes baseado no etanol. 
O consumo de lenha, biomassa tradicional, ainda é elevado. A posição relativa-
mente confortável que o país possui em sua matriz energética pode, entretanto, 
ser colocada em risco, uma vez que há diferentes posicionamentos sobre os 
rumos que o país deve seguir nessa área (GOLDEMBERG; LUCON, 2007).
A figura a seguir mostra uma carvoaria, que produz energia não renovável e 
traz pobreza às comunidades quando a matéria-prima acaba.
Figura 1 – Exemplo de carvoaria
15Unidade 1
Poluição do Solo, Ar e Água
Aula 2 
Fontes de energia na 
ecosfera: entendendo o 
meio ambiente
Conceitos
Veja alguns conceitos relacionados ao meio ambiente.
 � Crise ambiental: é consequência de três aspectos: crescimento popula-
cional; demanda de energia e de recursos naturais; e geração de resíduos 
(poluição). O crescimento populacional exige a produção de mais alimentos, 
habitações e gasto com energia, o que redunda em utilização de recursos 
naturais. Como todo processo de transformação causa a produção de resí-
duos, decorre a poluição, cujo efeito agressivo ao meio ambiente se vê nos 
nossos rios e no ar que respiramos. O aquecimento global está cada vez 
mais evidente, sendo o cartão de visita da chamada crise ambiental.
 � Sol: é a grande fonte energética do planeta, proporcionando os meios 
necessários para que a flora e a fauna se desenvolvam. Os ecossistemas 
equilibrados utilizam a energia que vem do sol e, mediante um processo de 
reciclagem natural, promovem a manutenção da vida. Contudo, o desenvol-
vimento humano, ou seja, o progresso, requer cada vez mais energia, e isso 
se consolidou já quando o homem primitivo conseguiu dominar o fogo.
 � Energia: a origem dessa palavra vem do grego ergos, termo que significa 
trabalho. O conceito e o uso da palavra energia referem-se ao potencial ina-
to para executar trabalho ou realizar uma ação.
 � Fonte de energia: a radiação proveniente do sol é responsável por 99% da 
energia térmica utilizada pelos ecossistemas. O restante de energia utiliza-
da na ecosfera é obtida de outras fontes, denominadas primárias. Estas são 
convertidas pelo homem em outras formas de energia como: elétrica, quími-
ca, térmica, mecânica, hidráulica, atômica etc., de forma a suprir as diversas 
necessidades da humanidade.
16
Capacitação Ambiental
 � Usos da energia: dentre os principais usos de energia pela humanidade, 
destacam-se o aquecimento de ambientes, processos industriais, transporte, 
iluminação, exploração de outras formas de energia e conversão.
 � Energia solar: é a energia proveniente diretamente do sol. Metade dessa 
energia é retida pela atmosfera, e somente o restante atinge a superfície ter-
restre. Essa energia, captada pelo homem, era, inicialmente, usada somente 
para aquecimento, transformada em energia térmica. Depois, evoluiu com a 
invenção de painéis com células fotovoltaicas que proporcionam a geração 
de energia elétrica e mecânica. Isso é, realmente, um passo importantíssimo 
para a preservação da qualidade ambiental, pois trata-se de uma energia 
limpa e renovável, pois não gera resíduo, não polui o meio ambiente e é 
inesgotável.
Figura 2 – Mapa-múndi sobre a radiação solar, sítios onde se pode rentabilizar melhor a energia solar
 � Retrospectiva da produção e do consumo de energia no Brasil e no mundo
Após a época do “milagre econômico”, ocorreu, no Brasil, uma forte desacele-
ração nos crescimentos do Produto Interno Bruto (PIB), da produção de energia 
primária e do consumo de eletricidade. Nos últimos trinta anos, o aumento da 
produção de energia primária no Brasil tem acompanhado de perto o cresci-
mento do PIB, mas o consumo de eletricidade tem aumentado mais rapida-
mente, em razão da eletrificação crescente do país e da instalação de indústrias 
eletrointensivas, como as de alumínio.
17Unidade 1
Poluição do Solo, Ar e Água
Tabela 2 – Indicadores de crescimento e proporção: PIB, consumo de eletricidade e de energia primária 
total em diferentes períodos e regiões
Indicador Região
Período
1971 - 
1980
1980 - 
1990
1990 - 
2000
2000 - 
2003
2004 - 
2005
(1) Crescimento anual 
do PIB
Brasil 8,34% 1,57% 2,65% 1,26% 2,28%
Mundo 3,77% 2,90% 2,80% 4,97% 4,40%
Não OCDE 5,41% 2,11% 3,81% 3,82% nd
OCDE 3,44% 3,07% 2,58% 5,23% nd
(2) Crescimento anual do 
consumo de eletricidade
Brasil 11,83% 5,90% 4,30% 1,05% 4,24%
Mundo 5,18% 3,60% 2,62% 2,72% nd
Não OCDE 6,96% 4,81% 2,81% 5,91% nd
OCDE 4,46% 3,02% 2,53% 0,88% nd
(3) Crescimento anual 
da produção de energia 
primária
Brasil 5,39% 1,78% 3,32% 1,45% nd
Mundo 3,05% 1,90% 1,45% 2,02% nd
Não OCDE 4,50% 2,93% 1,23% 3,80% nd
OCDE 2,07% 1,05% 1,64% 0,43% nd
Fonte: Goldemberg e Lucon (2007)
A tabela 2 permite estabelecer comparações entre o Brasil, o mundo e os blo-
cos dos países industrializados e em desenvolvimento. O modelo tradicional 
estabelecido de 1940 a 1960 colocou nas mãos dos governos federal e estadu-
ais empresas estatais responsáveis por grande parte da produção e distribui-
ção de eletricidade, petróleo e gás. Petrobras, Eletrobras e inúmeras empresas 
estaduais foram criadas para tal fim, incluindo o planejamento energético. Esse 
modelo funcionou bem até meados da década de 1980, mantendo baixos os 
custos da energia e promovendo, com isso, o desenvolvimento econômico, mas 
criou,também, sérios problemas, como:
1 tarifas artificialmente baixas para eletricidade, como,aliás, foi feito com qua-
se todas as tarifas de serviços públicos pelo governo federal num esforço 
vão de controlar a inflação;
2 o uso político das empresas de produção e distribuição de gás e eletrici-
dade, envolvendo gerenciamento incompetente e construção de inúmeras 
usinas hidrelétricas para obter benefícios políticos sem haver os recursos 
necessários para completá-las, o que garantiria um mínimo de retorno eco-
nômico.
Para enfrentar tais distorções, em meados da década de 1990, promoveu-se a 
desestatização parcial do sistema, seguindo o procedimento adotado anterior-
mente pelos países da Europa Ocidental:
18
Capacitação Ambiental
 � desverticalização da produção/geração, transmissão e distribuição de ener-
gia;
 � introdução de competição na produção/geração, transmissão, distribuição 
de energia e livre acesso à rede;
 � adoção de agências reguladoras independentes e privatização das empresas 
públicas.
O sistema regulatório brasileiro, com a Agência Nacional de Petróleo (ANP) e 
a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), tornou-se pouco realista, e, a 
rigor, as duas agências deveriam ser substituídas por um órgão regulador único 
da área de energia como um todo (GOLDEMBERG; LUCON, 2007).
Aula 3 
Eletricidade no contexto 
brasileiro
A geração de eletricidade no Brasil cresceu a uma taxa média anual de 4,2% 
entre 1980 e 2002. A energia hidráulica sempre foi dominante, uma vez que o 
Brasil é um dos países mais ricos do mundo em recursos hídricos. Por sua vez, 
é modesta a contribuição do carvão mineral, já que o país dispõe de poucas 
reservas, e elas são de baixa qualidade. A capacidade instalada de hidroeletri-
cidade é de cerca de 70.000 megawatts (MW, milhões de watts), e existem 433 
usinas hidrelétricas em operação.
 
Figura 3 – Usina de Itaipu Binacional (Brasil-Paraguai) em Foz do Iguaçu (PR), Brasil
19Unidade 1
Poluição do Solo, Ar e Água
Figura 4 – Distribuição de energia no Brasil
Fonte: ONS
Dessas 433 usinas, 23 têm capacidade maior do que 1.000 MW e representam 
mais de 70% da capacidade total instalada. Existe, ainda, um potencial conside-
rável – cerca de 190.000 MW ainda não utilizados, principalmente na região da 
Amazônia, distante, portanto, dos grandes centros consumidores do Sudeste. O 
custo de produção de 1 kW em uma usina hidroelétrica é de, aproximadamente, 
US$ 1.000. O potencial para reforma e melhoria das grandes usinas construídas 
há mais de vinte anos (com capacidades instaladas especialmente entre 1.000 
e 8.000 MW) é de 32.000 MW. Isso pode ser obtido a um custo entre US$ 100 e 
US$ 300 por kW instalado, sendo, portanto, significativo. Entre as outras tec-
nologias geradoras de eletricidade utilizadas no país, estão a termonuclear, as 
termelétricas, o gás natural e o óleo diesel, mas nenhuma delas contribui com 
uma porcentagem maior do que 7% do total. A introdução de biomassa, ener-
gia nuclear e gás natural reduziu a porcentagem da hidreletricidade de 92% 
em 1995 para 83% em 2002. A primeira fase do Proinfa estabelecia a geração 
de 3.300 MW por meio dessas fontes. A segunda fase do programa estabelecia 
uma meta de 10% dessas mesmas fontes em toda a matriz elétrica do país em 
vinte anos, mas foi abandonada (GOLDEMBERG; LUCON, 2007).
20
Capacitação Ambiental
Aula 4 
Biomassa e Brasil
Uma característica particular do Brasil é o desenvolvimento industrial em gran-
de escala e a aplicação das tecnologias de energia de biomassa. Bons exemplos 
disso são: a produção do etanol a partir da cana-de-açúcar; o carvão vegetal 
oriundo de plantações de eucaliptos; a cogeração de eletricidade do bagaço de 
cana; e o uso da biomassa em indústrias de papel e celulose (cascas e resíduos 
de árvores, serragem, licor negro etc.). A utilização de biomassa no Brasil é re-
sultado de uma combinação de fatores, incluindo a disponibilidade de recursos, 
a mão de obra barata, a rápida industrialização e urbanização e a experiência 
histórica com aplicações industriais dessa fonte de energia em grande escala. 
Aproximadamente 75% do álcool produzido são provenientes do caldo de cana 
(com rendimento próximo de 85 litros por tonelada de cana). Os restantes 25% 
têm origem no melaço resultante da produção de açúcar (rendimento próximo 
de 335 litros por tonelada de melaço). Em 2004, a produção total de baga-
ço ficou próxima de 110 milhões de toneladas, gerando um excedente de 8,2 
milhões de toneladas para usos não energéticos. O consumo tem crescido nos 
últimos anos pelo aumento dos custos do seu substituto direto, o gás liquefeito 
de petróleo (GLP), vendido em botijões. Na produção de carvão vegetal, foram 
consumidas cerca de 40 milhões de toneladas (44% da produção) em razão, 
principalmente, do forte crescimento da produção de ferro gusa e da substitui-
ção do carvão mineral. Os restantes 17% representam consumos na agropecuá-
ria e nos demais setores da indústria. A lenha e o carvão vegetal representaram 
13,2% da matriz de 2004, resultado 0,3% acima do obtido em 2003, conforme 
você pode ver na figura a seguir.
21Unidade 1
Poluição do Solo, Ar e Água
Figura 5 – Estrutura da oferta interna de energia elétrica
Fonte: Brasil (2006)
Aula 5 
A autossuficiência em 
petróleo e a questão do 
gás natural para o Brasil
No setor de petróleo, o controle continua, basicamente, nas mãos da Petrobras 
(apesar da presença de empresas multinacionais no setor), e esforços concen-
traram-se na busca da autossuficiência na produção, explorando os recursos 
nas profundidades da plataforma continental brasileira. Mais recentemente, 
a estatal passou, também, a valorizar o gás natural, antes um subproduto da 
exploração do petróleo, que era lançado para a atmosfera em queimadores 
(flares).
22
Capacitação Ambiental
Mesmo com novas descobertas, os investimentos são crescentes. A substituição 
da gasolina pelo álcool contribuiu significativamente para atingir a autossufi-
ciência em petróleo, objetivo perseguido há décadas. Vale dizer, também, que 
a autossuficiência é física, não econômica, pois o nosso petróleo não é de boa 
qualidade e são necessárias importações. A conta-petróleo do país apresentou, 
até agosto de 2006, um déficit comercial de US$ 3,2 bilhões (só de óleo bruto, 
o déficit atingiu US$ 2,22 bilhões). O movimento reflete, principalmente, o forte 
aumento dos preços do petróleo no mercado internacional, que tem anulado os 
efeitos do aumento da produção interna. Enquanto o Brasil pagou cerca de US$ 
77,62 por barril que comprou no exterior em agosto, o barril exportado saiu 
pelo equivalente a US$ 57,44, o que dá uma diferença de US$ 20,18 por barril. 
A Petrobras, que controla 98% do petróleo refinado no Brasil, tem de importar 
óleo leve (mais caro) para processar nas suas refinarias.
A autossuficiência não se aplica ao gás natural, apesar de terem sido identifica-
das nos últimos anos grandes reservas de gás natural no Sudeste. Para viabilizar 
seu uso, grandes investimentos precisam ser feitos nos sistemas de transportes 
do produto (como gasodutos e compressores).
Figura 6 – Distribuição de gás natural na região Nordeste. Campos Descobertos do Nordeste
23Unidade 1
Poluição do Solo, Ar e Água
Existe a possibilidade de usar, e até mesmo ampliar, o fornecimento de gás da 
Bolívia, onde a Petrobras já fez investimentos consideráveis como estratégia 
de importação de gás desse país, considerando os recentes problemas políti-
cos lá ocorridos. Além de maior volume, tem ocorrido aumento dos preços da 
matéria-prima importada do país vizinho. As compras de gás natural da Bolívia 
atingiram US$ 986 milhões nos oito primeiros meses de 2006, com aumento de 
63% sobre igual período de 2005. A definição do interesse na importação não 
é determinada apenas pelo risco de suprimento. Ela tem que ser tomada consi-
derando aspectos econômicos ligados à energia e ao desenvolvimento dos dois 
países (GOLDEMBERG; LUCON, 2007).
 � A conservação de energia no Brasil
Nos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico(OCDE), o consumo de energia seria 49% maior do que é atualmente se não 
fossem as sérias medidas de racionalização e eficiência energética adotadas 
após as crises do petróleo da década de 1970.
Figura 7 – Ganhos de eficiência nos países da OCDE, 1973-1998
Fonte: IEA (2003) World energy dutlook. IEA, Paris.
24
Capacitação Ambiental
Em um país em desenvolvimento como o Brasil, o consumo de energia per 
capita ainda é pequeno e não se poderia esperar que medidas de eficiência 
energética tivessem tanto impacto como na OCDE, já que é indispensável que 
o consumo de energia cresça para promover o desenvolvimento. No entanto, 
nada impede que o uso de tecnologias modernas e eficientes seja introduzido 
logo no início do processo de desenvolvimento, acelerando, com isso, o uso de 
tecnologias eficientes. Esse é o chamado efeito leapfrogging, que se contrapõe 
ao pensamento de que, para haver desenvolvimento, é preciso que ocorram 
impactos ambientais (GOLDEMBERG; LUCON, 2007).
 � A água quente pesa menos que a água fria para o mesmo volume.
 � Zero energia é a fonte de energia liberada quando os átomos param de se 
mover a –273°C.
 � Se alguém gritar durante oito anos, sete meses e seis dias, terá produzido 
suficiente energia sonora para aquecer uma xícara de café.
 � A eletricidade não se move ao longo do fio, mas por meio de um campo à 
volta do fio.
 � Em 10 minutos, um furacão produz mais energia do que todas as armas nu-
cleares do mundo combinadas.
Colocando em prática
Você chegou ao final da primeira unidade! Caso tenha ficado com dú-
vidas, retorne ao conteúdo. Agora, acesse o AVA e realize as atividades 
para testar seus conhecimentos!
Relembrando
Nesta unidade, você viu as energias renováveis sob o aspecto da evo-
lução de sua utilização pela sociedade desde o início da obtenção de 
energia. Além disso, conheceu as fontes de energia na ecosfera tam-
bém no que tange aos seus benefícios e suas desvantagens, evidencia-
das numa comparação com a realidade do Brasil, tanto no contexto de 
produção de energia quanto no de utilização da biomassa para produ-
ção da energia.
25Unidade 1
Poluição do Solo, Ar e Água
Saiba Mais
Para entender mais sobre a OCDE, acesse o link: <http://www.cgu.gov.
br/ocde/sobre/index.asp>.
Alongue-se
Você concluiu a primeira unidade do curso. Para que você possa melhor 
aproveitar os estudos da Unidade 2, relaxe um pouco, veja um filme, 
pratique algum exercício, alongue-se!
27
2Aproveitamento Energético: Fontes 
Renováveis e Não 
Renováveis
Objetivos de Aprendizagem
Ao final desta unidade, você terá subsídios para:
 � compreender a história do petróleo brasileiro e 
como se dá uma crise energética;
 � entender as consequências das mudanças climáticas;
 � compreender o desenvolvimento energético susten-
tável e suas alternativas.
Aulas
Acompanhe, nesta unidade, as seguintes aulas:
Aula 1 – História e números do petróleo brasileiro
Aula 2 – Os fundamentos de uma crise energética
Aula 3 – As mudanças climáticas e a questão energética
Aula 4 – Desenvolvimento energético sustentável
Aula 5 – Alternativas energéticas sustentáveis
28
Capacitação Ambiental
Para Iniciar
A história do petróleo inicia-se no meio do século XIX, com o inven-
to da primeira perfuradora de rochas em 1849. Dois anos mais tarde, 
foi criada a primeira companhia petrolífera, a Pennsylvania Rock Oil e, 
ainda na década de 1850, foi descoberto o método de destilação do 
petróleo em gasolina e em outros derivados e foi realizada a primeira 
perfuração de petróleo em níveis comerciais.
Em 1960, o petróleo foi, pela primeira vez, exportado para a Europa. A 
primeira combustão a gasolina, no entanto, só foi descoberta em 1870, 
e a primeira bomba de gasolina foi inventada 15 anos mais tarde.
O surgimento do petróleo e, particularmente, da gasolina foi acompa-
nhado pelo nascer dos primeiros automóveis pela mão de Karl Benz 
na Alemanha e de Henry Ford nos Estados Unidos. O setor energético 
conhecia uma fase de grande desenvolvimento e, além do petróleo, a 
eletricidade e o gás natural surgiram e criaram condições para inova-
ções técnicas profundas que marcaram o mundo até os dias de hoje.
Aula 1 
História e números do 
petróleo brasileiro
A Petróleo Brasileiro S/A (Petrobras) surgiu em outubro de 1953, com a edição 
da Lei no 2.004, com o objetivo de executar as atividades do setor de petróleo 
no Brasil em nome da União. Até 1997, a empresa detinha o monopólio das 
operações de exploração, produção de petróleo e as demais atividades ligadas 
ao setor, à exceção da distribuição atacadista e da revenda no varejo pelos pos-
tos de abastecimento.
29Unidade 2
Poluição do Solo, Ar e Água
Figura 8 – Mapa da Petrobras que mostra as reservas do pré-sal na costa brasileira
Marco regulatório do petróleo nacional
Em 1997, o Brasil, por intermédio da Petrobras, ingressou no grupo de 16 países 
que produz mais de 1 milhão de barris de óleo por dia. No mesmo ano, o então 
presidente, Fernando Henrique Cardoso, sancionou uma lei que abria as ativida-
des da indústria petrolífera no Brasil à iniciativa privada.
No dia 21 de abril de 2006, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu início à 
produção da plataforma P-50, no Campo de Albacora Leste, na Bacia de Cam-
pos, o que permitiu ao Brasil atingir autossuficiência em petróleo.
Atualmente, a Companhia está presente em 27 países. Em 2007, a Petrobras 
foi classificada como a 7ª maior empresa de petróleo do mundo, tendo ações 
negociadas em bolsas de valores, de acordo com a Petroleum Intelligence We-
ekly (PIW), publicação que divulga anualmente o ranking das 50 maiores e mais 
importantes empresas de petróleo.
30
Capacitação Ambiental
Além disso, no início de 2008, a Petrobras foi reconhecida pela pesquisa da Ma-
nagement & Excellence (M&E) como a petroleira mais sustentável do mundo. A 
Petrobras iniciou as obras do Centro de Integração do Complexo Petroquímico 
do Rio de Janeiro (Comperj), em São Gonçalo, também em 2007. O Comperj 
tem investimentos previstos em torno de US$ 8,38 bilhões. Com início de ope-
ração previsto para 2012, o Comperj estimulará a instalação de indústrias de 
bens de consumo e prevê gerar cerca de 210 mil empregos diretos e indiretos. 
Em 8 de novembro de 2007, a Petrobras anunciou a descoberta de uma reserva 
de cinco a oito bilhões de barris de petróleo de boa qualidade e de gás abaixo 
da camada de sal em um poço na área Tupi, localizada na Bacia de Santos. A 
descoberta poderia representar um aumento de 50% nas reservas atuais e tor-
nar o Brasil um país exportador de petróleo. Essa foi a primeira descoberta de 
reservas de petróleo na camada pré-sal.
Aula 2 
Os fundamentos de uma 
crise energética
Atualmente, existem cinco fatores fundamentais que ameaçam provocar uma 
crise energética, sinais muito semelhantes aos que havia antes dos choques 
petrolíferos de 1973 e 1979.
Esses cinco fatores referem-se à produção doméstica, à dependência 
nas importações, ao grau de concentração das importações por país, 
ao nível de estoques e à capacidade de arranjar alternativas de forne-
cimento em uma eventual interrupção por parte dos habituais fornece-
dores.
Atenção
31Unidade 2
Poluição do Solo, Ar e Água
A produção de petróleo dos Estados Unidos tem diminuído desde 1986 e está, 
atualmente, no valor mais baixo em que já esteve. Assim, a dependência do 
país em face de outros países produtores atingiu um máximo histórico há dois 
anos e caiu apenas ligeiramente após o ataque terrorista de 11 de setembro. A 
dependência de importações cresceu de 35% em 1973 para 55% em 2001.
Os estoques de petróleo estão no valor mais baixo em 26 anos, e a capacidade 
de enfrentar uma interrupção nas importações está como nas duas crises ener-
géticas da década de 1970. Os cinco maiores fornecedores de petróleo para os 
Estados Unidos aumentaram o seu peso nas importações para 76% nos primei-
ros dez meses do ano passado, em face de 64% e 53% nos dois choques petro-
líferos.
Além disso, oexcesso de capacidade mundial está no valor mais baixo dos 
últimos 30 anos, se excluirmos o período de guerra com o Iraque no início da 
década de 1990.
Aula 3 
As mudanças climáticas e 
a questão energética
Estima-se que de 60% a 65% das emissões de gases de efeito estufa (GEE) este-
jam associadas à produção, à conversão e ao consumo de energia. Os cenários 
e as tendências de curto e médio prazo indicam que tal parcela deve continuar 
significativa, principalmente porque uma importante fração da população mun-
dial ainda não tem acesso aos chamados serviços energéticos – ou tem acesso a 
serviços energéticos de má qualidade. Por causa do crescimento da população 
mundial e do desejado aumento da atividade econômica, com a corresponden-
te distribuição de renda, as emissões de GEE associadas ao consumo de energia 
podem, em 2050, aumentar 2,5 vezes em relação ao verificado em 2003.
32
Capacitação Ambiental
Energia e qualidade de vida
A energia é um importante indutor do desenvolvimento econômico e social. 
Embora o simples consumo de energia (por exemplo, de eletricidade e de 
derivados de petróleo) não implique em melhora das condições de vida das 
populações, há clara correlação entre o consumo de energia e os indicadores de 
qualidade de vida como, por exemplo, o Índice de Desenvolvimento Humano 
(IDH). Tendo por base informações apresentadas no Relatório de Desenvolvi-
mento Humano de 2004, apresenta-se, na figura a seguir, a associação entre o 
IDH (de 2002) de 177 países e o respectivo consumo de eletricidade per capita 
(em 2001). Os cinco países de alto IDH (> 0,9) que também apresentam con-
sumo de eletricidade per capita muito alto e que, de alguma forma, fogem do 
padrão são: Noruega, Islândia, Canadá, Suécia e Finlândia. Em comum, além 
das condições climáticas (por exemplo, invernos rigorosos), esses países têm 
indústrias energo-intensivas e, particularmente, eletro-intensivas, em função da 
significativa capacidade de geração hidroelétrica. No caso dos países com IDH 
entre 0,8 e 0,9, quatro países com alto consumo per capita de eletricidade são: 
Catar, Kuwait, Emirados Árabes Unidos e Barein. Além de grandes produtores de 
petróleo, esses países têm baixa população, parque industrial energo-intensivo 
(por exemplo, refinarias e petroquímicas) e clima desértico (WALTER, 2007).
Figura 9 – IDH (Índice de Desenvolvimento Humano, 2002) em função do consumo de eletricidade per 
capita (2001) para 177 países
Fonte: Walter (2007)
33Unidade 2
Poluição do Solo, Ar e Água
Aula 4 
Desenvolvimento 
energético sustentável
Do debate entre correntes que pregavam o ecologismo absoluto ou o economi-
cismo exacerbado, ocorrido na I Conferência das Nações Unidas sobre o Meio 
Ambiente, em junho de 1972, em Estocolmo, surge o conceito de ecodesenvol-
vimento, que, segundo Sachs (1996, p. 27), um de seus principais formulado-
res, seria “[...] algo muito próximo da concepção de harmonização de objetivos 
sociais, ambientais e econômicos”. Este evoluiu para o conceito de desenvolvi-
mento sustentável.
Esses conceitos nortearam a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Am-
biente e Desenvolvimento (UNCED), ou Cúpula da Terra, realizada em 1992, 
no Rio de Janeiro, quando foram redigidos quatro importantes documentos: a 
Convenção da Mudança do Clima, a Convenção sobre Biodiversidade, a Agenda 
21 e a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Além disso, 
em dezembro de 1992, foi criada a Comissão de Desenvolvimento Sustentável 
das Nações Unidas (CDS) com os objetivos de assegurar o efetivo prossegui-
mento dos trabalhos da UNCED e de monitorar e relatar a implementação dos 
acordos firmados durante a Cúpula da Terra nos âmbitos local, nacional, regio-
nal e internacional.
A Agenda 21 já chama a atenção sobre a importância da energia para o desen-
volvimento sustentável. Com base nesses marcos, o setor energético também 
começa a questionar o que seria um desenvolvimento energético sustentável. 
Um dos primeiros consensos, conforme sintetizado por Reddy et al. 
(1997), é de que um desenvolvimento energético sustentável deve ser 
pautado por: (i) serviços energéticos adequados, buscando a satisfação 
das necessidades humanas básicas, melhorando o bem-estar social 
e alcançando desenvolvimento econômico; (ii) produção e uso da 
energia não comprometendo a qualidade de vida das atuais e futuras 
gerações ou pressionando a capacidade dos ecossistemas; (iii) atenção 
à dependência, aos riscos de acidentes, ao ambiente social e à exaus-
tão de recursos finitos; e (iv) processos participativos e socialmente 
aceitos.
34
Capacitação Ambiental
Segundo Pereira e Figueiredo (2009), finalmente, o ciclo de 2006-2007 da Co-
missão de Desenvolvimento Sustentável voltou a escolher a energia como um 
de seus focos. Dessa vez, escolheu a temática energia para o desenvolvimento 
sustentável e adotou o seguinte receituário:
 � melhorar o acesso aos serviços energéticos, de forma a serem confiáveis, 
com preços módicos, economicamente viáveis, socialmente aceitos e am-
bientalmente saudáveis;
 � reconhecer que os serviços energéticos têm impactos positivos na erradica-
ção da pobreza e na melhoria dos padrões de vida.
Aula 5 
Alternativas energéticas 
sustentáveis
Existe uma gama de opções envolvendo recursos naturais e tecnologias ade-
quadas disponíveis para se alcançar um desenvolvimento energético sustentá-
vel. Entretanto, se não se adotar políticas adequadas, sobretudo internalizando 
algumas externalidades ambientais, ou se não se enviesar as políticas para 
favorecer as fontes mais limpas, os diferenciais de custo continuarão a favorecer 
as tecnologias mais convencionais, como a geração elétrica a carvão tradicional 
e as grandes hidrelétricas, sem minimizar os impactos locais e a energia nuclear 
de gerações anteriores. Entre as opções mais sustentáveis, encontram-se:
 � uso mais eficiente da energia, em particular na construção, nos transportes e 
nos processos produtivos.
 � fontes renováveis de energia: nova geração de tecnologias de combustíveis 
fósseis, com emissões próximas a zero, de captura e estocagem de carbo-
no, além da energia nuclear, quando as questões envolvendo seu uso forem 
completamente equacionadas (PEREIRA; FIGUEIREDO, 2009).
Desde o início do século XX, o mundo tem sofrido com a exploração de seus 
recursos naturais, com a poluição da atmosfera e com a degradação do solo. 
O petróleo, por exemplo, considerado uma fonte tradicional de energia, foi tão 
continuamente extraído que seus poços já começam a se esgotar, pouco menos 
de 100 anos após o início de sua utilização efetiva. O carvão, um recurso ainda 
mais antigo, também é considerado esgotável. A energia nuclear, da mesma 
forma, alerta-nos para o perigo dos resíduos radioativos. O uso das fontes tra-
dicionais traça sua trajetória ao declínio, não só pela sua característica efêmera, 
mas porque é uma ameaça ao meio ambiente.
35Unidade 2
Poluição do Solo, Ar e Água
Na esteira da questão ecológica, as chamadas “fontes alternativas de ener-
gia” ganham um espaço cada vez maior. Essas fontes alternativas, além de não 
prejudicar a natureza, são renováveis e, por isso, perenes. Exemplos de fontes 
renováveis incluem a energia solar (painel solar e célula fotovoltaica), a ener-
gia eólica (turbina eólica e cata-vento), a energia hídrica (roda-d’água, turbina 
aquática) e a biomassa (matéria de origem vegetal).
Uma plataforma petrolífera, ou plataforma de petróleo, é uma grande estrutura 
usada na perfuração em alto mar para abrigar os trabalhadores e as máquinas 
necessárias para a perfuração de poços no leito do oceano para a extração de 
petróleo e/ou gás natural, processando os fluidos extraídos e levando os pro-
dutos, de navio, até a costa. Dependendo das circunstâncias, a plataforma pode 
ser fixada ao chão do oceano, pode consistir de uma ilha artificial ou pode 
flutuar.
Figura 10 – Avanço no Brasil: plataforma petrolífera
O Brasil já demonstrou, em foros internacionais, a suaintenção de aprimorar 
o uso de energias renováveis e diversificar as fontes de geração de energia. O 
compromisso reduz o risco de um novo déficit hidrológico, que geralmente leva 
à crise e ao racionamento, como ocorreu nos verões de 2001 e 2002.
36
Capacitação Ambiental
 � O potencial das energias renováveis
Muitos ainda veem a geração de energia por fontes renováveis como uma ini-
ciativa isolada, incapaz de atender à grande demanda de um país continental. A 
utilização de energias alternativas não pressupõe o abandono imediato dos re-
cursos tradicionais, mas sua capacidade não deve ser subestimada. A Alemanha, 
por exemplo, provou de que forma o uso das fontes renováveis pode ser útil ao 
Estado, à população e ao meio ambiente. O país é responsável por cerca de um 
terço de toda a energia eólica instalada no mundo, representando metade da 
potência gerada em toda a Europa. O investimento em tecnologia também per-
mitiu aos germânicos se destacarem na utilização de combustíveis de origem 
vegetal (biomassa).
 � Energia solar
Praticamente inesgotável, a energia solar pode ser usada para a produção de 
eletricidade por meio de painéis solares e células fotovoltaicas. No Brasil, a 
quantidade de sol abundante durante quase todo o ano estimula o uso desse 
recurso.
Existem duas formas de se utilizar a energia solar: ativa e passiva. O método 
ativo baseia-se em transformar os raios solares em outras formas de energia 
(térmica ou elétrica), enquanto o passivo é utilizado para o aquecimento de 
edifícios ou prédios, por meio de concepções e estratégias construtivas. Essa 
aplicação é mais comum na Europa, onde o frio demanda opções para a calefa-
ção.
Os painéis fotovoltaicos são uma das mais promissoras fontes de energia reno-
vável. A principal vantagem é a quase total ausência de poluição. No entanto, a 
grande limitação dos dispositivos fotovoltaicos é seu baixo rendimento. Outro 
inconveniente são os custos de produção dos painéis, elevados, devido à pouca 
disponibilidade de materiais semicondutores.
37Unidade 2
Poluição do Solo, Ar e Água
Figura 11 – Projeto Xingu: coração do Brasil. Os suiás usam a energia solar para alimentar alguns poucos 
equipamentos que têm na aldeia 
 � Energia eólica
A energia eólica é a energia gerada pelo vento. Obtida há anos pelos moinhos 
de vento, pode ser canalizada pelas modernas turbinas eólicas ou pelo tradi-
cional cata-vento. Os especialistas explicam que, no Brasil, há ventos favoráveis 
para a ampliação dos instrumentos eólicos. A energia cinética, resultante do 
deslocamento das massas de ar, pode ser transformada em energia mecânica 
ou elétrica. Para a produção de energia elétrica em grande escala, só são inte-
ressantes regiões que tenham ventos com velocidade média de 6 m/s ou mais.
38
Capacitação Ambiental
Figura 12 – Mapa do potencial eólico brasileiro
Outra restrição ao aproveitamento da energia eólica é o espaço físico, uma vez 
que, tanto as turbinas quanto os cata-ventos são instalações mecânicas gran-
des, que ocupam áreas extensas. Todavia, seu impacto ambiental é mínimo, 
tanto em termos de ruído quanto no ecossistema.
Figura 13 – Parque eólico 
Fonte: Helder Fontenele (CC)
39Unidade 2
Poluição do Solo, Ar e Água
O Parque Eólico da Pedra do Sal vai gerar 18 MW de energia, garantindo um 
grande reforço no abastecimento da cidade de Parnaíba, onde as oscilações de 
corrente são constantes. O Parque vai operar com 20 torres. Cada uma pesa 63 
toneladas e tem 55 metros de altura. Cada hélice tem a dimensão de 22 metros, 
e do solo, a altura da pá é de 77 metros.
 � Energia hídrica
A energia hídrica é a que converte a força cinética das águas de um rio em 
energia elétrica por meio da rotação de uma turbina hidráulica. À exceção das 
grandes indústrias hidrelétricas, que atendem ao vasto mercado, também se 
aplica a energia hídrica no campo, por meio de pequenas centrais hidrelétricas 
(PCHI), baseadas em rios de pequeno porte. A região Centro-Sul do Brasil é 
especialmente propícia ao uso desse tipo de recurso. As pequenas centrais são 
capazes de suprir uma propriedade e de alimentar seus geradores. Na Europa, 
muitos sítios e chácaras se utilizam dessas instalações como fonte alternativa.
Figura 14 – A energia das águas. Quantidade de energia gerada anualmente pela água, por região, em 
1999 (em milhões de toneladas do equivalente em petróleo)
Fonte: O Atlas da Água (2005)
40
Capacitação Ambiental
Atenção
Biomassa. Há três classes de biomassa: a biomassa sólida, a líquida e a 
gasosa: 
A biomassa sólida tem como fonte os produtos e resíduos da agricul-
tura (incluindo substâncias vegetais e animais), os resíduos das flores-
tas e a fração biodegradável dos resíduos industriais e urbanos.
A biomassa líquida existe em uma série de biocombustíveis líquidos 
com potencial de utilização, todos com origem nas chamadas “cultu-
ras energéticas”. São exemplos o biodiesel, obtido a partir de óleos de 
colza ou girassol; o etanol, produzido com a fermentação de hidratos 
de carbono (açúcar, amido, celulose); e o metanol, gerado pela síntese 
do gás natural.
Já a biomassa gasosa é encontrada nos efluentes agropecuários prove-
nientes da agroindústria e do meio urbano. É encontrada, também, nos 
aterros de RSU (resíduos sólidos urbanos). Esses resíduos são resultado 
da degradação biológica anaeróbia da matéria orgânica e são constitu-
ídos por uma mistura de metano e gás carbônico.
Somente é economia energética desligar uma lâmpada fluorescente se ela 
não for ser usada dentro da próxima hora ou mais. Isso acontece por causa 
da alta voltagem necessária para ligá-la e desligá-la e pelo encurtamento da 
vida que a alta voltagem provoca.
Colocando em prática
Você concluiu mais uma unidade. Agora, acesse o AVA para testar seus 
conhecimentos. Em caso de dúvida, entre em contato com seu tutor ou 
releia esta unidade.
41Unidade 2
Poluição do Solo, Ar e Água
Relembrando
Nesta unidade, você aprendeu que a Petrobras surgiu em 1953 e, em 
1997, o Brasil, por seu intermédio, ingressou no grupo de 16 países que 
produz mais de 1 milhão de barris de óleo por dia. Em 2007, a Petro-
bras foi classificada como a 7ª maior empresa de petróleo do mundo 
com ações negociadas em bolsas de valores, de acordo com a PIW.
Você conheceu os cinco fatores fundamentais que ameaçam provocar 
uma crise energética: a produção doméstica, a dependência nas impor-
tações, o grau de concentração das importações por país, o nível de 
estoques e a capacidade de arranjar alternativas de fornecimento em 
uma eventual interrupção por parte dos habituais fornecedores.
Viu também que a energia é um importante indutor do desenvolvimen-
to econômico e social e que, embora o simples consumo de energia 
não implique em melhora das condições de vida das populações, há 
clara relação entre o consumo de energia e indicadores de qualidade 
de vida como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
Por fim, observou que, entre as opções mais sustentáveis, encontram-
se: uso mais eficiente da energia, em particular na construção, nos 
transportes e nos processos produtivos; e fontes renováveis de energia.
Saiba Mais
Para você se aprofundar mais no tema sustentabilidade, acesse o site 
<www.sustentabilidade.org.br>, veja os vídeos e leia os artigos.<www.
amazonia.org.br>
Alongue-se
Agora, tire um tempo para você. Relaxe, escute uma música agradável, 
dê uma volta! Quando estiver relaxado, retorne. Faça isso sempre que 
sentir que seu estudo não está rendendo, para aproveitar ao máximo o 
curso!
43
3Poluição Ambiental I: Meio Aquático
Objetivos de Aprendizagem
Ao final desta unidade, você terá subsídios para:
 � compreender as consequências da poluição 
para o meio ambiente, mais especificamente 
para a água;
 � conhecer os aspectos quantitativos e qualita-
tivos dos recursos hídricos;
 � entender as características da água e saber 
como utilizá-la;
 � conhecer os principais poluentes da água.
Aulas
Acompanhe, nesta unidade, as seguintesaulas:
Aula 1 – Poluição e vida na água
Aula 2 – Caracterização dos recursos hídricos
Aula 3 – Características da água
Aula 4 – Usos da água e requisitos de qualidade
Aula 5 – Principais poluentes aquáticos
Aula 6 – Eutrofização
44
Capacitação Ambiental
Para Iniciar
A introdução de substâncias poluente nos corpos aquáticos, ao modifi-
car as características do meio, altera a relação entre produtores e con-
sumidores. Se diminuir o oxigênio dissolvido, as espécies que realizam 
fotossíntese têm tendência a proliferar, enquanto as que necessitam 
do oxigênio na respiração podem entrar em uma situação de hipoxia. 
Esta alteração da relação entre produtores e consumidores pode levar 
igualmente à proliferação de algas e organismos produtores de produ-
tos tóxicos. A inserção de compostos tóxicos faz com que eles possam 
ser absorvidos pelos organismos, ocorrendo bioacumulação. Esses 
compostos, ao entrar na cadeia alimentar, podem causar sérios danos 
ao ser humano.
“No mistério do sem-fim equilibra-se um planeta. E no planeta um 
jardim e no jardim um canteiro no canteiro uma violeta e sobre ela 
o dia inteiro entre o planeta e o sem-fim a asa de uma borboleta.” 
(Cecília Meireles)
Aula 1 
Poluição e vida na água
Os elevados níveis de poluição do ar, da água e dos solos tornaram-se muito 
preocupantes. Diariamente, a mídia noticia ações graves de degradação am-
biental e seus efeitos sobre a vida no planeta.
As mudanças de temperatura na Terra já vêm trazendo consequências devasta-
doras, como descongelamento de geleiras, tempestades e vendavais. 
No Brasil, os efeitos da poluição ainda estão um pouco mascarados, em razão 
da enorme área do país e da abundância de água: rios de grande extensão e 
uma enorme costa, com incontáveis quilômetros quadrados de oceano. Em vista 
disso, ainda não existe uma consciência plena dos efeitos do descuido com a 
natureza, apesar de os programas de educação ambiental desenvolvidos nas 
escolas serem importantes, embora ainda tímidos instrumentos para prevenir 
desastres maiores no futuro.
45Unidade 3
Poluição do Solo, Ar e Água
Hoje, a crescente industrialização do país, a expansão das fronteiras agríco-
las e a explosão urbana vêm acarretando sérios problemas, como enchentes, 
mudanças no clima (quem imaginaria seca na Amazônia?), erosões no solo e 
poluição do ar e da água. Entre os prejuízos que a poluição traz aos seres vivos, 
destacam-se os seus efeitos negativos sobre a comunidade de peixes. No Brasil, 
os corpos aquáticos têm sofrido com a perda de sua diversidade ictiofaunística 
devido a mudanças de suas características naturais, principalmente em decor-
rência do represamento de rios, do desmatamento ciliar e da crescente conta-
minação das águas.
A poluição provoca a morte de toneladas de peixes, devido, principalmente, à 
redução do oxigênio dissolvido na água. Essa perda de oxigênio ocorre pela 
entrada de poluentes procedentes, sobretudo, de esgotos domésticos e in-
dustriais, que trazem grande quantidade de matéria orgânica para os sistemas 
aquáticos, sendo que, no processo de decomposição dessa matéria orgânica, 
as bactérias utilizam oxigênio disponível na água. Infelizmente, o alerta para a 
população e para órgãos públicos de que os níveis de poluição estão críticos é 
feito, de modo geral, somente quando se visualizam peixes mortos na superfí-
cie da água. Porém, é importante saber que essas situações são evitáveis. Para 
isso, torna-se necessário considerar os corpos de água como locais onde existe 
vida manifestada nas mais variadas formas, que nem sempre são observáveis 
a olho nu. Os peixes são fáceis de ver, entretanto, há, também, diferentes mi-
crorganismos que podem ser observados somente ao microscópio, como algas 
unicelulares, organismos zooplanctônicos, bactérias e fungos. Além disso, diver-
sos nutrientes (elementos químicos absorvidos como alimento por organismos 
aquáticos) propiciam uma dinâmica importante para a manutenção da vida dos 
peixes. Pode-se comparar o que ocorre no meio aquático ao efeito dominó, 
aquela brincadeira com as peças do jogo de dominó, em que se coloca um peça 
próxima à outra, e, quando as primeiras caem, as demais caem em seguida.
46
Capacitação Ambiental
Figura 15 – Escassez de água no mundo: poluição ambiental e fatores econômicos são os mais comuns
Mais de um sexto da população mundial (18%), o que corresponde a 1,1 bilhões 
de pessoas, não tem acesso a fornecimento de água. A situação piora quando 
se fala em saneamento básico, que não faz parte da realidade de 39% da huma-
nidade, ou de 2,4 bilhões de pessoas.
Reflita
Até 2050, quando 9,3 bilhões de pessoas devem habitar a Terra, entre 
2 bilhões e 7 bilhões de pessoas não terão acesso a água de qualida-
de, seja em casa ou na comunidade. A diferença entre esses extremos 
depende das medidas adotadas pelos governos.
47Unidade 3
Poluição do Solo, Ar e Água
Aula 2 
Caracterização dos 
recursos hídricos
Existem duas formas de se caracterizar os recursos hídricos: quantitativamente e 
qualitativamente.
Atenção
A qualidade da água depende, diretamente, da quantidade de água 
existente para dissolver, diluir e transportar as substâncias benéficas e 
maléficas para os seres que compõem as cadeias alimentares.
 � Aspectos quantitativos
Estima-se que a massa de água total existente no planeta seja de, aproximada-
mente, 265.400 trilhões de toneladas de água, e que somente 0,5%, representa 
água doce explorável sob o ponto de vista tecnológico e econômico, podendo 
ser extraída de lagos, rios e aquíferos. É necessário subtrair a parcela de água 
doce que se encontra em locais de difícil acesso ou a já muito poluída, restan-
do, para utilização direta, apenas 0,003% do volume total de água do planeta.
A água doce é distribuída de forma bastante heterogênea no espaço (existem 
desertos, caracterizados por baixa umidade, e florestas tropicais, caracterizadas 
por alta umidade, além das implicações da translação da Terra). Além disso, 
importantes alterações têm ocorrido no ciclo hidrológico devido a intervenções 
humanas, intencionais ou não:
 � A ocorrência de vapor atmosférico pode ser alterada pela presença de reser-
vatórios, modificação da cobertura vegetal e alterações climáticas causadas 
pelo efeito estufa.
 � Desmatamentos e urbanização ocasionam a impermeabilização do solo e, 
consequentemente, inundações mais frequentes nos meios urbanos.
48
Capacitação Ambiental
Figura 16 – A água no mundo
Fonte: UNEP.
As fontes naturais de abastecimento de água são: água da chuva, águas su-
perficiais (rios, arroios, lagos) e águas subterrâneas (aquíferos, mananciais). As 
fontes de água constituem uma unidade, são parte fundamental do sistema 
ecológico e imprescindíveis para o desenvolvimento econômico. Sem dúvida, 
do volume de água existente no planeta, somente 1% está disponível para as 
atividades do homem e, conforme você já viu, sua distribuição sobre a Terra é 
desigual. 
 � Aspectos qualitativos
Além dos problemas de escassez, estiagens e cheias, deve-se levar em conta a 
contaminação dos mananciais. A OMS (Organização Mundial de Saúde) estima 
que 25 milhões de pessoas no mundo morram por ano devido a doenças trans-
mitidas pela água, como cólera e diarreias. Nos países em desenvolvimento, 
70% da população rural e 25% da população urbana não dispõem de abasteci-
mento adequado de água potável.
49Unidade 3
Poluição do Solo, Ar e Água
Figura 17 – Percentagem da população com acesso a água limpa
Fonte: UNICEF.
Conforme você pode ver no mapa, várias pessoas não têm o privilégio de usar 
água limpa por causa da poluição das águas em ecossistemas naturais e em 
ecossistemas agrícolas. Uma das piores formas de poluição das águas num 
ecossistema natural é o derrame de mercúrio nos rios, lagos e mares. O mercú-
rio, metal pesado e extremamente tóxico, tende a se concentrar no organismo 
de animais como os peixes. Como essa concentração é cumulativa, tende a ser 
muito maior no último elo da cadeia alimentar,que é justamente o homem. Por 
se acumular mais facilmente no cérebro, esse metal provoca sérios problemas 
neurológicos.
50
Capacitação Ambiental
Aula 3 
Características da água
Veja, agora, as características físicas, químicas e biológicas da água.
Características físicas
Na natureza, não existe água pura. A água da chuva, a água fresca de um poço, 
a água límpida do regato e a água do mar onde tantos peixes vivem não é pura. 
Mas pode ser, ou não, própria para consumo. A água própria para consumo 
chama-se água potável. A água salobra é imprópria para beber por ter grande 
quantidade de substâncias dissolvidas. A água inquinada, por sua vez, tem mi-
cróbios que causam doenças. Veja outras características da água:
 � Apresenta-se em estado líquido em condições normais de temperatura e 
pressão.
 � Sua densidade varia com a temperatura: quanto maior for a temperatura, 
menor será a densidade. Varia, também, com a concentração de substâncias 
dissolvidas e com a pressão.
 � Seu calor específico é bastante elevado: a água pode absorver ou liberar 
grande quantidade de calor à custa de variações de temperatura relativa-
mente pequenas.
 � Apresenta viscosidade, impedindo que as algas sedimentem. Sua viscosida-
de é alterada por variações de temperatura: com o aumento da temperatura, 
a viscosidade tende a diminuir.
 � Sua cor e turbidez podem afetar a penetração da luz no meio aquático, pre-
judicando a fotossíntese.
Características químicas
Uma das propriedades químicas da água é sua estabilidade. Uma substância é 
estável se sua composição não é afetada facilmente. Portanto, suas moléculas 
tendem a manter-se unidas quando estão presentes em uma mudança química. 
Isso se deve às fortes ligações que existem entre as moléculas, que as mantêm 
unidas. Veja outras características da água:
51Unidade 3
Poluição do Solo, Ar e Água
 � É um ótimo solvente.
 � Contém gases dissolvidos (oxigênio e dióxido de carbono).
 � Contém sais dissolvidos (sais de nitrogênio e fósforo), que são nutrientes 
para os organismos autótrofos – são fatores limitantes para o crescimento 
desses organismos no ambiente aquático.
 � Deposições ácidas provenientes da poluição atmosférica e gás carbônico 
reduzem o pH (medida da acidez ou alcalinidade).
Características biológicas
Os organismos aquáticos podem pertencer a um dos seguintes grupos: vírus, 
bactérias, fungos, algas, macrófitas, protozoários, rotíferos, crustáceos, insetos 
aquáticos, vermes, moluscos, peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos.
Aula 4 
Usos da água e requisitos 
de qualidade
A água é um dos recursos naturais mais intensamente utilizados. Dentre os vá-
rios usos da água, pode-se citar:
 � Abastecimento público
Requisito: água isenta de organismos patogênicos e substâncias tóxicas.
 � Abastecimento industrial
Requisito: cada uso específico apresenta requisitos particulares.
 � Irrigação
Requisito: depende do tipo de cultura a ser irrigada. Pode carrear substâncias 
empregadas na agricultura (fertilizantes sintéticos e defensivos agrícolas).
 � Geração de energia elétrica
Requisito: controle de substâncias que possam afetar a durabilidade e a manu-
tenção dos equipamentos utilizados.
52
Capacitação Ambiental
 � Navegação
Requisito: isenta de substâncias que sejam agressivas ao casco e aos condutos 
de refrigeração das embarcações. Controle de substâncias poluidoras das em-
barcações e dos portos para o meio aquático.
 � Diluição de despejos
Requisito: depende da substância a ser lançada e das características do corpo 
receptor.
 � Preservação da flora e da fauna e aquicultura
Requisito: exige concentrações mínimas de oxigênio dissolvido e sais nutrientes 
na água.
 � Recreação
Requisito: contato primário (exemplo: natação) tem padrão mais restritivo do 
que o secundário (exemplo: navegação esportiva).
Aula 5 
Principais poluentes 
aquáticos
Poluição da água é a alteração de suas características por quaisquer ações ou 
interferências, naturais ou provocadas pelo homem. Essas alterações podem 
produzir impactos estéticos, fisiológicos ou ecológicos. A noção de poluição 
deve estar associada ao uso que se faz da água.
 
 � Poluentes orgânicos biodegradáveis
Matéria orgânica composta basicamente por: proteínas, carboidratos, gorduras. 
Se houver oxigênio no meio, bactérias aeróbias serão responsáveis pela decom-
posição. Se não houver oxigênio dissolvido no meio, ocorre a decomposição 
anaeróbia, com formação de metanos e gás sulfídrico.
53Unidade 3
Poluição do Solo, Ar e Água
 � Poluentes orgânicos recalcitrantes, ou refratários
Taxa de biodegradação muito lenta ou não biodegradável (são criados por meio 
de processos tecnológicos e dispostos há pouco tempo no ambiente). Exem-
plos: defensivos agrícolas, detergentes sintéticos (substância tóxica aos peixes) 
e petróleo (pode, acidentalmente, atingir os corpos d’ água nas fases de extra-
ção, transporte, aproveitamento industrial e consumo).
 � Metais (solubilizados na água)
Têm potencial carcinogênico, mutagênico e teratogênico. Podem ser despejados 
no meio a partir do lançamento de efluentes industriais, agrícolas e de minera-
ção.
Um dos mais antigos e mais graves casos de derrame de mercúrio 
aconteceu no Japão, na década de 1950. Indústrias químicas lança-
ram grande quantidade de mercúrio na baía de Minamata. Os pes-
cadores, sem saber o risco que corriam, continuaram pescando. Não 
tardaram a aparecer graves disfunções neurológicas nas pessoas que 
tiveram um grande acúmulo de mercúrio em seus cérebros.
No Brasil, existem muitos rios e lagos na Amazônia e no Pantanal contamina-
dos com mercúrio por causa do garimpo de ouro. Outra forma de poluição das 
águas em ecossistemas naturais é o carreamento de quantidades de agrotóxi-
cos e de fertilizantes utilizados pela agricultura moderna, que acabam escoan-
do para os rios e lagos e, muitas vezes, atingem frágeis ecossistemas naturais, 
causando grandes desequilíbrios. Na década de 1960, centenas de pelicanos 
morreram nos Estados Unidos. Análises dos corpos das aves mostraram con-
centração de DDT (Dicloro-Difenil-Triclorometano) em seus organismos 100 mil 
vezes maior do que a encontrada nas águas do lago onde eles se alimentavam 
de peixes. O DDT é um agrotóxico não biodegradável e cumulativo. Em 1990, 
foram constatadas concentrações de DDT em alguns lagos japoneses 20 anos 
após a proibição de seu uso.
O transporte de matérias nutritivas, como nitratos e fosfatos, para rios lentos, 
lagos e mares, provoca um fenômeno conhecido como eutrofização das águas. 
O excesso de alimentos provoca uma enorme proliferação de algas, que logo 
morrem, consumindo enorme quantidade de oxigênio no processo de decom-
posição e, assim, matando os peixes por asfixia. Assim, a poluição orgânica 
mata os peixes por asfixia, e não por envenenamento.
54
Capacitação Ambiental
Outro caso grave de poluição das águas que sempre ocorre é o derramamento 
de petróleo nas águas oceânicas.
 � Nutrientes (nitrogênio e fósforo em excesso)
Podem levar ao crescimento excessivo de alguns organismos aquáticos, acarre-
tando prejuízo a determinados usos e recursos hídricos superficiais e subterrâ-
neos.
 � Organismos patogênicos
Podem causar doenças de veiculação hídrica: 
a bactérias: leptospirose, febre tifoide, cólera; 
b vírus: hepatite infecciosa, poliomelite; 
c protozoários: amebíase, giardíase; 
d helmintos: esquistossomose, ascaridíase.
 � Sólidos em suspensão
Aumentam a turbidez e diminuem a transparência da água.
 � Calor
Usinas termelétricas geram efluentes aquecidos. As águas aquecidas por esses 
efluentes podem ter suas características físicas, químicas e biológicas afetadas.
 � Radioatividade
Pode ou não ser bioacumulativa. A exposição aguda pode levar o organismo à 
morte ou causar danos sérios à saúde. A exposição prolongada pode provocar 
o câncer.
55Unidade 3
Poluição do Solo, Ar e Água
Aula 6 
Eutrofização
Em ecologia, chama-se eutrofização, ou eutroficação, o fenômeno causado peloexcesso de nutrientes (compostos químicos ricos em fósforo ou nitrogênio) 
numa massa de água, provocando um aumento excessivo de algas. Estas, por 
sua vez, fomentam o desenvolvimento dos consumidores primários e, eventual-
mente, de outros elementos da teia alimentar nesse ecossistema. Esse aumento 
da biomassa pode levar a uma diminuição do oxigênio dissolvido, provocando 
a morte e a consequente decomposição de muitos organismos, diminuindo a 
qualidade da água e, eventualmente, alterando profundamente o ecossistema.
Figura 18 – Processo de eutrofização
56
Capacitação Ambiental
O enriquecimento nutricional das águas é um fenômeno que apareceu com a 
Revolução Industrial. Ele consiste no crescimento de seres vivos que se apro-
veitam dos dejetos industriais, principalmente os compostos nitrogenados das 
fábricas de fertilizantes. São numerosos os exemplos brasileiros de enriqueci-
mento nutricional, desde lagoas do Pantanal mato-grossense até a contami-
nação pela cianobactéria Microcystis das águas utilizadas em hemodiálise que 
causaram a morte de cerca de 70 pacientes renais em Caruaru, Pernambuco, em 
1996.
O termo eutrofização vem do grego eu, que significa “bom, verdadeiro”, e tro-
phein, que significa “nutrir”. Assim, eutrófico significa “bem nutrido” e opõe-se 
a oligotrófico, a situação contrária, em que existem poucos nutrientes na água, 
como acontece, em geral, nas águas oceânicas. Esses processos podem ocorrer 
naturalmente, como consequência da lixiviação da serrapilheira acumulada em 
uma bacia de drenagem por fortes chuvas ou por ação do homem por meio da 
descarga de efluentes agrícolas, urbanos ou industriais no que se chama “eutro-
fização cultural”.
Algas tóxicas: boas ou más? Podemos analisar processos 
naturais de forma maniqueísta? A maré vermelha, tal qual 
observada na China, pode ser analisada sob essa perspecti-
va? Sim e não. Observe a figura a seguir.
Figura 19 – Dinophys sp: dinoflagelado, encontrado nos oceanos, que
produz toxinas nocivas ao homem e aos animais
57Unidade 3
Poluição do Solo, Ar e Água
Tomemos como princípio que as algas tóxicas causadoras do processo, os dino-
flagelados, já estão no ambiente aquático da Terra há milhões de anos, sempre 
se reproduzindo, e talvez tenham causado mais estrago do que imaginamos. 
Do ponto de vista ambiental, as toxinas liberadas por essas algas agem como 
um fator seletivo para alguns seres vivos e contribuem para o equilíbrio po-
pulacional. Além disso, essas algas são muito importantes na cadeia alimentar, 
na absorção de gás carbônico e na produção de gás oxigênio para a atmosfera 
terrestre. Olhando por esse prisma, não há problema algum em sua existência e 
proliferação sazonal (época reprodutiva), até porque elas dependem de algu-
mas condições para que isso ocorra.
A irrigação começou a ser utilizada em 5.000 a.C., na Mesopotâmia e no Egi-
to, por meio de canais de drenagem. A primeira represa de água foi cons-
truída no Egito, em 2.900 a.C., pelo faraó Menes, para abastecer Memphis. 
O primeiro sistema eficiente de distribuição de água e esgoto foi construído 
na Índia, na cidade de Mohenjo-daro. A primeira usina de dessalinização de 
águas surgiu no Chile no século XVIII e utilizava energia solar para evaporar 
e condensar a água. A primeira grande usina de dessalinização foi instalada 
no Kuwait em 1949. A primeira estação de tratamento de água foi construí-
da em Londres em 1829.
Colocando em prática
Parabéns, você concluiu mais uma unidade! Agora, acesse o AVA e rea-
lize as atividades. Em caso de dúvidas, entre em contato com seu tutor. 
Relembrando
Nesta unidade, você estudou que, com a crescente industrialização do 
Brasil, a expansão das fronteiras agrícolas e a explosão urbana vem 
acarretando sérios problemas, como enchentes, mudanças no clima, 
erosões no solo e poluição do ar e da água. Dentre os prejuízos que 
a poluição traz aos seres vivos, destacam-se os seus efeitos negativos 
sobre a comunidade de peixes, causados, principalmente, pela redução 
do oxigênio dissolvido na água.
58
Capacitação Ambiental
Viu que existem duas formas de se caracterizar os recursos hídricos: 
quantitativamente e qualitativamente, e que a qualidade da água de-
pende, diretamente, da quantidade de água existente para dissolver, 
diluir e transportar as substâncias benéficas e maléficas para os seres 
que compõem as cadeias alimentares. Em seguida, viu as características 
físicas, químicas e biológicas da água, onde se pode utilizá-la e quais 
são os principais poluentes aquáticos.
Esta unidade finalizou com o tema eutrofização, ou eutroficação, que é 
o fenômeno causado pelo excesso de nutrientes (compostos químicos 
ricos em fósforo ou nitrogênio) em uma massa de água, provocando 
um aumento excessivo de algas.
Saiba Mais
Para entender mais sobre recursos hídricos, acesse os sites <http://
ambientes.ambientebrasil.com.br/agua/recursos_hidricos/agua_-_recur-
sos_hidricos.html> e <www.abrh.org.br/novo/>.
Alongue-se
Antes de partir para a próxima unidade, tente descansar um pouco sua 
mente. Dê um passeio, faça um lanche leve. Quando se sentir relaxado, 
retome seus estudos com bastante atenção.
59
4Poluição Ambiental II: Meio 
Terrestre
Objetivos de Aprendizagem
Ao final desta unidade, você terá subsídios para:
 � compreender o conceito, a composição e a 
formação, as características e a classificação 
do solo;
 � entender como se dá o processo de erosão e 
suas consequências
Aulas
Acompanhe, nesta unidade, as seguintes aulas:
Aula 1 – Conceito de solo
Aula 2 – Composição do solo
Aula 3 – A formação do solo: horizonte de um 
solo
Aula 4 – Características do solo
60
Capacitação Ambiental
Para Iniciar
Nesta unidade, você estudará que o solo é o produto de uma ação 
combinada e concomitante de diversos fatores: 45% de elementos 
minerais; 25% de ar; 25% de água e 5% de matéria orgânica. A matéria 
sólida mineral é preponderantemente proveniente de rochas desagre-
gadas no próprio local ou em locais distantes, trazidas pela água e pelo 
ar.
Conhecerá cada camada do solo e sua descrição e entenderá suas 
características, como cor, textura e estrutura. Em relação às principais 
características dos solos zonais, você verá: terra roxa e terra roxa es-
truturada, latossolos, podzólico vermelho-amarelo, bruno não cálcico, 
cambissolos e litossolos, solos de pradaria, hidromórficos, aluvional, 
salinos e grumossolos.
Sobre a erosão, ela pode ser urbana ou rural, lenta ou acelerada, eólica 
ou hídrica, laminar ou torrencial, como veremos mais adiante.
“A água é o veículo da natureza.” (Leonardo da Vinci)
“A água é o princípio de todas as coisas.” (Tales de Mileto)
“A água é a única bebida para um homem sábio.” (Henry David Thore-
au)
Aula 1 
Conceito de solo
O solo pode ser conceituado como o manto superficial formado por rocha 
desagregada, cinzas vulcânicas, mistura de matéria orgânica em decomposição, 
contendo ainda água e ar em proporções variáveis e organismos vivos.
O conceito de solo varia de acordo com a sua utilização: para o agrônomo/
agricultor, solo é o meio necessário para o desenvolvimento da planta; para o 
engenheiro, é o material que serve de base ou fundação para obras civis; para o 
geólogo, é o produto de alteração das rochas da superfície; e para o hidrólogo, 
o solo é o meio poroso que abriga a água subterrânea.
61Unidade 4
Poluição do Solo, Ar e Água
Pergunta
Você sabe o que é pedogênese?
É o processo químico e físico de alteração (adição, remoção, transporte e modi-
ficação) que atua sobre um material litológico originando um solo. Solos estão 
constantemente em desenvolvimento, nunca estando estáticos, por mais curto 
que seja o tempo considerado. Ou seja, desde a escala microscópica, diariamen-
te, há alteração por organismos vivos no solo, da mesma forma que o clima, ao 
longo de milhares de anos, modifica o solo. Dessa forma, temos solos na maio-
ria recentes, quase nunca ultrapassando idades terciárias. Geralmente, o solo é 
descrito comoum corpo tridimensional, podendo ser, porém, ao se considerar o 
fator tempo, descrito como um sistema de quatro dimensões: tempo, profundi-
dade, largura e comprimento.
Um solo é o produto de uma ação combinada e concomitante de diversos fa-
tores. A maior ou menor intensidade de algum fator pode ser determinante na 
criação de um ou outro solo. São comumente ditos como fatores da formação 
de solo: clima, material de origem, organismos, tempo e relevo.
Aula 2 
Composição do solo
A proporção em que aparece cada um dos componentes pode variar de um 
solo para outro. Em termos de ordem de grandeza, os componentes encon-
tram-se em torno das seguintes proporções:
 � 45% de elementos minerais;
 � 25% de ar;
 � 25% de água;
 � 5% de matéria orgânica.
62
Capacitação Ambiental
A matéria sólida mineral é preponderantemente proveniente de rochas desa-
gregadas no próprio local ou em locais distantes, trazidas pela água e pelo ar. 
A desagregação das rochas se dá por ações físicas, químicas e, em menores 
proporções biológicas, constituem o que se denomina de intemperismo.
As principais ações físicas que provocam a desagregação do solo são a erosão 
pela água, pelo vento, pelas variações bruscas de temperatura e pelo conge-
lamento. As ações químicas mais comuns ocorrem sobre as rochas calcárias 
atacadas pelas águas contendo gás carbônico dissolvido e íons ácidos (chuva 
ácida).
A chuva ácida contém certo grau natural de acidez, que não prejudica o am-
biente. No entanto, essa acidez pode sofrer alterações e aumentar muito quan-
do a água da chuva reage com o dióxido de enxofre (SO2) e o dióxido de ni-
trogênio (NO2). Esses gases resultam, principalmente, da combustão de carvão 
mineral, do petróleo e dos seus derivados. Da reação desses dois gases com a 
água podem se formar dois ácidos: o sulfúrico e o nítrico, os quais são absor-
vidos pelas gotas de chuva, precipitando-se sob a forma de chuva ácida. Em 
virtude das correntes atmosféricas, essa precipitação pode ocorrer a centenas 
de quilômetros do local em que os poluentes foram emitidos.
As regiões mais afetadas pela chuva ácida são a Europa e a América do Norte. 
Inúmero lagos nos Estados Unidos, no Canadá e na Suécia vem conhecendo 
a morte de suas flora e fauna aquáticas. Na Alemanha, certas áreas da flores-
ta Alpina e da Floresta Negra sofreram degradações em decorrência da chuva 
ácida. No Brasil, a chuva ácida é mais comum nos grandes centros industriais, 
como São Paulo, Cubatão, zona metalúrgica de Minas Gerais, Rio de Janeiro e 
na região Sul, nas cidades próximas a termelétricas que utilizam o carvão para a 
produção de energia elétrica.
Os problemas ambientais são inúmeros e vários ultrapassam os limites dos 
países em que são gerados. Mas os problemas atmosféricos são os que mais 
têm chamado a atenção da comunidade internacional. A grande quantidade de 
compostos tóxicos que reage com os gases da atmosfera torna a poluição do ar 
uma questão de dimensão mundial. A chuva ácida, a destruição da camada de 
ozônio e o efeito estufa estão entre os problemas ambientais que têm afetado 
boa parte da humanidade e anunciam um cenário pessimista para o futuro.
63Unidade 4
Poluição do Solo, Ar e Água
Figura 20 – O ciclo de poluição da água
As consequências da chuva ácida são diversas: lagos e rios têm o seu ecossiste-
ma alterado; florestas podem ser destruídas; agricultura e pecuária são prejudi-
cadas; monumentos, paredes de edifícios, estátuas e veículos são corroídos.
A parte líquida é fundamentalmente constituída por água proveniente de pre-
cipitações, como: chuva, sereno, neblina, orvalho. A parte gasosa é proveniente 
do ar existente à superfície e, em proporções variáveis, dos gases de biodegra-
dação de matéria orgânica. A parte orgânica é proveniente da queda de folhas, 
frutos, galhos, restos de animais, excrementos e outros resíduos. É da biodegra-
dação dessa matéria orgânica que resulta o húmus do solo (importante para a 
agricultura).
Figura 21 – Composição do solo 
Fonte: Lepsch (1976)
64
Capacitação Ambiental
Os solos são constituídos, essencialmente, por matéria mineral, à qual se en-
contram associadas pequenas quantidades de matéria orgânica, ar e água. 
Formam-se a partir de produtos de meteorização das rochas e por decomposi-
ção de resíduos orgânicos. 
Aula 3 
A formação do solo: 
horizonte de um solo
É possível, em uma escala de tempo geológico, identificar em um solo o que se 
denomina de “sucessão” – desenvolvimento de um ecossistema desde sua fase 
inicial até a obtenção de sua estabilidade e do equilíbrio entre seus componen-
tes.
A formação dos solos é resultante da ação combinada de cinco fatores: clima 
(pluviosidade, umidade, temperatura), natureza dos organismos (vegetação, 
microrganismos decompositores, animais), material de origem, relevo e idade.
Nas regiões áridas, em que o intemperismo é menos intenso, os solos tendem 
a ser menos profundos. Quando ocorre uma precipitação sobre esses solos, os 
poros são rapidamente preenchidos por água, e o escoamento superficial passa 
a ser predominante. Como o escoamento à superfície é rápido, as águas, pron-
tamente, acumulam-se em volumes crescentes nos fundos de vales, provocando 
grandes enchentes.
Cessada a chuva, o curso de água passa a ser alimentado apenas pela água acu-
mulada nos poros do solo, e por este ser pequeno (solo pouco profundo), após 
algum tempo de estiagem, a água esgota-se e o rio deixa de correr, tornando-
se intermitente.
A mesma precipitação caindo em solos profundos poderá não causar enchentes 
e ser suficiente para manter a alimentação do curso de água durante todo o 
período de estiagem. Nesse caso, o curso de água é perene.
65Unidade 4
Poluição do Solo, Ar e Água
Dica
Veja alguns exemplos da importância do conhecimento das característi-
cas dos horizontes do solo:
Região do Vale do Paraíba: a remoção da mata primitiva para o cultivo 
do café causou erosão hídrica nos horizontes superficiais, que assegu-
ravam fertilidade e coesão equilibradas. O solo local era muito frágil.
Região amazônica: engenheiros civis rodoviários utilizaram terraplena-
gem profunda para construção das estradas. Então, removeram a única 
camada protetora do solo (laterita), provocando, com isso, erosões 
incontroláveis nas vias implantadas.
 
Figura 22 – Esquema representando as principais camadas do solo. Horizontes do solo 
Fonte: FAO-UNESCO (1981)
66
Capacitação Ambiental
Veja, a seguir, a descrição de cada camada:
 � O: horizonte orgânico do solo, bastante escuro.
 � H: horizonte de constituição orgânica, superficial ou não, composto de resí-
duos orgânicos acumulados ou em acumulação sob condições de prolonga-
da estagnação de água, salvo se artificialmente drenado.
 � A: horizonte superficial, com bastante interferência do clima e da biomassa. 
É o horizonte de maior mistura mineral com húmus.
 � E: horizonte eluvial, ou seja, de exportação de material, geralmente, argilas 
e pequenos minerais. Por isso, são, geralmente, mais claros que os demais 
horizontes.
 � B: horizonte de maior concentração de argilas, com minerais oriundos de 
horizontes superiores (e, às vezes, de solos adjacentes). É o solo com colora-
ção mais forte, agregação e desenvolvimento.
 � C: porção de mistura de solo pouco densa com rochas pouco alteradas da 
rocha mãe. Equivale, aproximadamente, ao conceito de saprólito.
 � R ou D: rocha matriz não alterada. De difícil acesso em campo.
Figura 23 – Efeitos das chuvas ácidas no meio aquático 
67Unidade 4
Poluição do Solo, Ar e Água
A maioria dos rios e lagos possui pH entre 6 e 8. No entanto, o pH dos lagos 
pode atingir valores próximos de 5 quando os solos e a água não têm capaci-
dade de neutralizar a chuva ácida. Por conseguinte, todos os organismos que 
vivem em meios aquáticos poderão morrer. Os sapos, por exemplo, suportam 
maiores variações de pH e poderiam resistir, mas, se o seu alimento também 
desaparecer, acabarão por morrer. À medida que a acidez dos lagos aumenta,

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