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5 Teoria das incapacidades

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TEORIA DAS INCAPACIDADES
São incapazes as pessoas portadoras da capacidade de direito, mas não da capacidade de fato, que não podem exerce-la pessoalmente e a tem limitada para sua própria proteção. 
Absoluta 
Art. 3º - “São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.” Os negócios realizados por eles são nulos, de acordo com o art. 166, I, do CC. Necessitam, assim, de representação.
Foram excluídos desta classificação, devido à entrada em vigor do Estatuto da Pessoa com Deficiência (lei 13.146/15), os enfermos ou doentes mentais e as pessoas que não pudessem exprimir sua vontade por causa transitória, que passam a ter capacidade civil, pois segundo o art. 6 do referido diploma “a deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa”. Apesar disso, o § 1º de seu art. 84 expõe a possibilidade de interdição através da curatela, sendo esta a ser exceção, e não a regra, além de não ser mais absolta, limitando-se a questões de natureza patrimonial e negocial, de acordo com o art. 85 do Estatuto.
Apesar de absolutamente incapazes, maiores de 12 anos tem sua vontade respeitada no processo de adoção, ao ser exigido seu consentimento, como prevê o ECA.
Relativa 
Art. 4º - São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: os maiores de 16 e menores de 18 anos, os ébrios habituais e os viciados em tóxico, aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade, os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial.
Enquanto os absolutamente incapazes são representados por curador, o relativamente incapaz, também sujeito à curatela, conforme art. 1.767 do CC, é assistido ao realizar, pessoalmente, os atos da vida civil (eles mesmo assina os documentos, mas tem outro assinando junto). Os negócios praticados por eles não são nulos (que nunca produziram efeitos), mas anuláveis (que enquanto não são anulados, produzem efeitos, são válidos), de acordo com o art. 171, I, do CC. Essa anulação, por sua vez, só pode ser requerida em até 4 anos.
De acordo com o art. 928 do CC, respondem pelos prejuízos que causarem se seus responsáveis não tiverem obrigação de o fazer ou não dispuserem de meios suficientes, adotando-se o princípio da responsabilidade subsidiária e mitigada dos incapazes. Aplica-se, porém, a indenização equitativa, de modo que não poderá privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.
Maiores de 16 e menores de 18
Podem, por exemplo, se alistar como eleitores e estabelecer relação de emprego, desde que não em trabalho noturno, perigoso ou insalubre (a regra é a proibição do trabalho de menores de 16 anos, o trabalho com 14 anos em condição de aprendizagem é exceção colocada pela CF/88, art. 7º, XXXIII).
Apesar da proteção que recebem, dispõe o art. 180 do CC que não podem, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior. Desse modo, tem sua eventual má-fé repelida, sendo protegida a boa fé de terceiro com quem negociou. Exige-se, no entanto, que o erro da outra parte seja escusável (dispensável), de modo que na ausência de má-fé pelo menor o ato é anulado para protegê-lo. A incapacidade só pode ser arguida pelo próprio incapaz ou pelo seu representante legal, de acordo com o art. 105 do CC, segundo o qual ela só pode ser aproveita aos cointeressados capazes, salvo se for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum. Se provado que pagamento vindo de negócio nulo foi revertido em proveito do menor haverá sua restituição.
Ébrios habituais e viciados em tóxicos
Diferente da redação dada antes de 2015, tanto os que possuem a enfermidade do alcoolismo quanto os que não o são (ébrios habituais), são englobados como relativamente incapazes. O termo “tóxico” também é criticado pela doutrina, uma vez que o termo usado pela OMS é “droga”.
Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade
Deixaram de ser considerados absolutamente incapazes para serem relativamente. Dentro das causas permanentes, entretanto, pode estar incluída uma doença mental.
Pródigo
É a pessoa que não consegue administrar os próprios bens, os dissipa de maneira desordenada, com risco de reduzir-se à miséria. Trata-se de um desvio da personalidade, que não se confunde com a alienação mental resultante de uma enfermidade (como o vício em jogos ou alcoolismo). O pródigo só passa a ser incapaz após sentença de interdição, que se justifica por a redução de seu patrimônio à miséria ser prejudicial à sua pessoa e à sua família, podendo transformar-se num encargo para o Estado, que tem a obrigação de dar assistência aos necessitados. 
Sua interdição, só interfere em atos de disposição e oneração do seu patrimônio, como “emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado” (art. 1.782 do CC), podendo inclusive administrá-lo. O pródigo então poderá votar, ser jurado, testemunha, fixar o domicílio do casal, autorizar o casamento dos filhos, exercer profissão que não seja a de comerciante e até casar, exigindo-se, somente neste último caso, a assistência do curador se celebrar pacto antenupcial que acarrete alteração em seu patrimônio.
Indígenas
Antes chamados de silvícolas, considerados relativamente incapazes, eram sujeitados, para protegê-los, ao regime tutelar estabelecido em leis e regulamentos especiais até sua adaptação ao à civilização do país. Agora, chamados de índios, não mais relativamente incapazes, em compatibilidade com a CF, são regulados por legislação especial, competendo apenas à União legislar sobre eles. Trata-se da Lei nº 6.001/73, o Estatuto do Índio.
Interdição
De acordo com o art. 1767 do CC, a interdição através da curatela é estabelecida para os maiores de 18 anos que se encaixem em alguma das referidas situações, pois os menores de 18 não precisam de interdição, são naturalmente incapazes. É necessário lembrar que mesmo os interditados por causa permanente guardam alguns direitos (como os sexuais e reprodutivos), de modo que a interdição nunca seja absoluta, por de acordo com o Estatuto da Pessoa com Deficiência só abranger questões patrimoniais.
De acordo com o art. 1775 do CC, o curador é o cônjuge, na falta dele o pai e a mãe, na falta deles um filho e na falta deles o escolhido pelo juiz.
O art. 1.747 do CC indica quem tem capacidade para solicitar a interdição: cônjuge ou companheiro, parentes ou tutores, representante da entidade em que se encontra abrigado o interditando ou Ministério Público. A legitimidade deste último vem de seu papel de protetor dos interesses do incapaz e da sociedade em geral.
Após a provocação da ação, como descreve o art. 751, do CPC, o interditando será chamado a ser ouvido pelo juiz. Conforme o art. 752 do CPC, ele pode fazer a impugnação do pedido de interdição até 15 dias depois da entrevista. Depois disso, conforme o art. 753 do CPC, será solicitado laudo pericial confirmando ou não sua incapacidade. Observado o laudo, o juiz proferirá sua sentença.
Cessação das incapacidades
A incapacidade cessa quando desaparecem os motivos que a determinaram. No caso da menoridade, isto ocorre pela maioridade ou pela emancipação.

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