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20 Livramento Condicional

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LIVRAMENTO CONDICIONAL
Diferente da substituição pela restritiva de direitos, exige cumprimento efetivo de pena. No Brasil, surge com o código criminal de 1890 mas só passou a ser aplicado em 1924, pois dependia de um decreto regulamentando-o. Hoje em dia, porém, está completamente regulado pelo CP. Com relação a sua função político criminal, é clara a busca por ressocialização, colocando o sujeito novamente em contato com a sociedade, mostrando seu reajuste, visto que pode perde-lo em voltar para a prisão.
Majoritariamente, é entendido como um direito subjetivo do condenado, não podendo ser negado diante do preenchimento dos requisitos, podendo inclusive ser concedido de ofício. O juízo competente para concedê-lo é o da Execução, visto que se dá no curso da execução, conforme art. 131, LEP.
Seus requisitos estão presentes no art. 83, e podem ser:
Objetivos
· Pena privativa de liberdade: não pode ser aplicado a quem teve a pena substituída por restritiva de direitos ou a quem está em regime aberto, visto que nestes o sujeito já está “livre”;
· Pena de no mínimo 2 anos;
· Cumprimento de 1/3 da pena não sendo o sujeito reincidente e de metade sendo o sujeito reincidente. Para crimes hediondos e tráfico de pessoas, deve ter sido cumprido 2/3 da pena e não ser reincidente específico (praticar o mesmo crime).
Caso haja mais de uma condenação, é preciso verificar se todas são de privação de liberdade e se a soma das penas é igual ou superior a 2 anos.
Subjetivos
· Bom comportamento, como o cumprimento de alguma função que lhe for atribuído, demonstrando a ressocialização, o funcionamento do sistema;
· Bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído, considerando inicialmente o interesse e o comprometimento;
· Aptidão para exercer o trabalho em meio aberto, sendo licito, honesto, apesar de não ser exigida a carteira assinada;
· Comprovação de inexistência de risco de voltar a delinquir para quem cometeu crimes dolosos com violência ou grave ameaça, presumida por sinais dados por seu comportamento durante a execução;
É válido ressaltar que a falta grave, conforme sum. 441, não interrompe (situação na qual o prazo volta a ser contado do zero) a contagem do prazo para o livramento, de modo que quem a comete não precisa cumprir mais 2/3 ou metade da pena de novo.
Conforme art. 132, LEP, as condições para tal podem ser:
Obrigatórias
· Conseguir trabalho em meio aberto;
· Comunicar periodicamente ao juiz sua ocupação;
· Não mudar do território da comarca do juízo da execução sem prévia autorização;
Facultativas
· Mudar de residência sem comunicação ao juiz e à autoridade administrativa que o fiscaliza, como o Patronato;
· Cumprimento de horário de recolhimento, geralmente fixado em 22 horas, sendo, por exemplo, 20 horas para o tráfico;
· Não frequentar determinados locais, como bares.
Sua concessão exige uma cerimonia, para relatar ao condenado as condições que ele deve cumprir, perguntando ao condenado se ele as aceita ou não, conforme art. 137, LEP. Nela também são devolvidos seus pertences e entregue o dinheiro que fez com seu trabalho.
Conforme art. 138, também há uma caderneta na qual conste a condição do condenado e as condições para o livramento.
Tanto o Patronato quanto a VEP são responsáveis por fiscalizar seu cumprimento, visto que caso contrário o livramento pode ser revogado. Não havendo Patronato, pode ser feito por assistente social do fórum. A estes e ao Conselho Penitenciário cabe auxiliar o condenado a encontrar trabalho.
Sua revogação pode ser, para o juiz:
Obrigatória
· Sujeito cometer crime com sentença condenatória a pena privativa de liberdade (a não ser que substituída por restritiva de direitos, visto que é possível conciliar antes) irrecorrível durante o cumprimento do livramento;
· Prática de novo crime antes da concessão do livramento, a não ser que haja tempo o suficiente para a concessão do livramento.
Facultativa
· Descumprimento de uma das condições, após busca da justificativa;
· Condenação por crime ou contravenção penal (que são punidas com prisão simples, que não são penas privativas de liberdade) a pena que não seja privativa de liberdade (como de multa ou restritiva de direitos).
Apesar disso, conforme art. 145, LEP, é possível a expedição de ordem de prisão imediata diante deste descumprimento, mas geralmente são marcadas audiências admonitórias para ouvir a justificativa.
Na prática de crime durante o cumprimento do livramento (período de prova), o tempo cumprido em livramento será considerado para o cálculo do prazo para o livramento para novo crime, o que não ocorre com as outras formas de revogação.
O livramento pode ser pedido pelo defensor da parte, pelo MP, declarado de ofício ou por representação do Conselho Penitenciário.
Também é possível a modificação das condições estabelecidas, inclusive de ofício, podendo, por exemplo, a atividade do trabalho (obrigatória) ser substituída por estudo.
Depois de seu cumprimento, declara-se extinta a punibilidade, conforme art. 146, LEP e sum. 617, STJ.

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