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ATOS E VÍCIOS PROCESSUAIS Atos Processuais São espécies de atos jurídicos realizados no processo, com a finalidade de contribuir para a prática da jurisdição, devendo gerar efeitos para ele (o que exige o cumprimento das formalidades de cada um, sendo voluntários apenas no que tange sua realização ou não, e não sua forma e efeitos). São interdependentes, ou seja, nenhum é um isolado, pois todo ato praticado influencia o subsequente e é influenciado por aqueles que o antecederam. Assim são caraterizados pela interdependência e unidade de finalidade. Outras peculiaridades dos atos processuais são a liberdade (art. 188 CPC – que se busca conciliar com a previsibilidade dos ritos, visando a segurança jurídica) e a instrumentalidade (art. 277 CPC) de suas formas, presentes, respectivamente. As condutas processuais têm interferência na aplicabilidade da lei processual no tempo, servindo como divisória entre as normas antigas e as mais recentes. A um ato processual já em curso ou terminado no momento de criação de leis processuais novas, aplica-se ainda as antigas. Porém, aos atos ainda não iniciados, aplicam-se os dispositivos novos. Assim, é possível a existência de um mesmo processo ao qual se aplicam leis processuais distintas. Podem ser exercidos pelos diversos sujeitos do processo (partes, juiz e auxiliares de justiça), podendo ser classificados em: Atos dos órgãos judiciários ou das partes - Dos órgãos judiciários Do juiz e auxiliares da justiça. Os do juiz podem ser atos de provimento (o juiz se pronuncia dentro do processo, exprime suas falas, decide alguma pretensão ou determina providências) ou os atos reais/materiais. São eles: · Decisórios: envolvem decisões interlocutórias (resolve questão incidente - art. 203, § 2º) e sentenças (põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução - art. 203, § 1º). · De impulso ou movimentação: que conduzem o processo em direção ao seu fim, por força do princípio do impulso oficial (art. 2º), chamados de despachos de mero expediente (art. 203, § 3º). · Instrutórios: o juiz é quem tem que examinar se determinada prova precisa ou não ser produzida, porque é a ele que a prova se destina, podendo determina-la de ofício (art. 370). · De documentação: decorrentes do fato de que os atos praticados por todos os sujeitos devem ter seu conteúdo registrado no processo, sendo o juiz responsável pela documentação de alguns desses atos, como a audiência, ditando seus termos para o escrivão. - Atos das partes Ocorrem com a postulação, disposição e instrução, se classificando em: · Postulatórios: petições e requerimentos que as partes dirigem ao juiz para submeter à apreciação deste o exame de quaisquer questões. · Dispositivos: realizados pelas partes quando dispõem de algum direito processual ou material. Podem se concretizar por disposição contratual/bilateral (partes chegam a um acordo para disporem, cada uma, de algum direito), renúncia ou aceitação. · Instrutórios: quando produzem alguma prova ou fazem o seu requerimento. · Reais: ações ou atividades humanas que se destinam a produzir efeitos no processo, como, por exemplo, a exibição de um documento pela parte e o comparecimento da parte em juízo para prestar depoimento pessoal. Atos materiais São os sem qualquer caráter de resolução ou determinação, podendo ser: · Instrutórios: como realizar inspeções em pessoas ou coisas ou ouvir alegações dos procuradores das partes; · De documentação: rubricar folhas dos autos, referentes a ato em que haja intervindo e assinar a folha final. Atos processuais simples e complexos · Simples: se realizam em um só procedimento e são suficientes para produzir efeitos jurídicos, como a demanda inicial, contestação e sentença; · Complexos: praticados por diversos sujeitos processuais unidos por uma finalidade comum, como as audiências e sessões. Atos dos auxiliares da justiça Podem ser: · De impulso: praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessário; · De comunicação: praticados pelos auxiliares que deverão promover a citação e a intimação das partes; · De execução: praticados em cumprimento das ordens do juiz; · De documentação: sua grande maioria compete ao escrivão, conforme art. 206 e parágrafos. Ele é o guardião dos autos, sendo obrigado a registrar em livros do cartório certos atos mais importantes do processo. Responsável por lavrar termos, atas, assim como atos cujo teor é ditado pelo juiz. Atos de comunicação processual São os que realizam sua comunicação com os envolvidos no processo, conferindo aos atos uma sequência lógica. Eles podem se estabelecer entre juízos ou entre juízos e partes. - Entre juízos Ocorre através de cartas que, conforme art. 263 “deverão, preferencialmente, ser expedidas por meio eletrônico, caso em que a assinatura do juiz deverá ser eletrônica, na forma da lei”. Elas podem ser: · Rogatória: entre órgão jurisdicional brasileiro e estrangeiro, para comunicação processual, prática de atos relacionados à instrução processual ou cumprimento de decisão interlocutória estrangeira devidamente homologada pelo STJ. · De ordem: emitida por um tribunal a órgão jurisdicional a ele vinculado, para colheita de provas, atos de execução, ou qualquer outro ato que houver de se realizar fora dos limites territoriais do local de sua sede. É ordem de um tribunal superior direcionada a um tribunal ou juiz de hierarquia inferior. · Precatória: entre juízos que não têm relação de subordinação entre si, de comarcas distintas, quando as partes residem em comarcas diferentes, para comunicação processual e realização de atos processuais fora da sede do juízo, de sua competência, visando o cumprimento dos atos judiciais. · Arbitral: entre a jurisdição arbitral e estatal, por meio do qual o árbitro ou tribunal arbitral pode solicitar a cooperação judiciário, na área de sua competência, para, por exemplo: condução de alguma testemunha renitente; efetivação de tutela de urgência ou de evidência deferida pelo árbitro; que um terceiro entregue documento ou coisa, bem como conceda informações específicas. - Entre juízo e partes A citação é o ato pelo qual se convoca o réu ou o interessado a juízo, conforme art. 238 “para integrar a relação processual.” Ela ocorre, conforme art. 334, logo após a verificação da procedência da inicial. Não incidindo em qualquer dos casos de indeferimento da petição liminar ou improcedência liminar do pedido, cita-se o réu para que ele compareça à audiência de conciliação ou de mediação. De acordo com o autor supra, na hipótese de as duas partes não desejarem e se manifestarem contra a audiência, o réu prosseguirá direto da citação para o seu período de resposta. Entretanto, o ato da citação deve deixar expresso que, no caso de não manifestação do réu, ocorrerá sua revelia, presumindo-se verdadeiros os fatos alegados pelo autor. As citações podem ser reais ou fictas, dizem-se reais quando o réu toma, de fato, ciência da demanda. Já as fictas são aquelas nas quais presume-se que o réu tomou ciência. A citação é, em regra, realizada pelos correios. Caso haja tentativa frustrada nessa modalidade (ou nos termos do artigo 247 do CPC/15), será realizada mediante mandado. Nesses casos, munido de seu mandado, o oficial de justiça se dirige à residência do réu para o intimar. Em alguns casos, esse auxiliar de justiça precisa de uma carta precatória (por exemplo, para citar réu de outra comarca. Nessa situação, a carta precatória só não será imprescindível quando as comarcas forem contíguas, de fácil comunicação, ou se situem na mesma região metropolitana). Quando não se sabe a localização do réu, aplica-se a citação por edital. Regulamentada pelo artigo 257 do CPC/15. Por fim, o artigo 239 do novel Código de Processo Civil enuncia o seguinte: “Art. 239. Para a validade do processo é indispensável a citação do réu ou do executado, ressalvadas as hipóteses de indeferimento da petição inicial ou de improcedência liminar do pedido.” 2.2.2.2 Intimação A intimação possui um conceito residual, ou seja, todos os outrosatos de comunicação processual que não constituem citação inicial são tidos como intimação. Ocorrem, também, via correios, por via eletrônica, por hora certa ou por edital. 2.2.3 Lugar do ato processual Via regra, o lugar onde os atos processuais devem ser praticados é a sede do juízo (onde o juiz procede seu expediente). Entretanto, poderão ser realizados, em razão de sua natureza ou disposição legal, em outro lugar. Sendo esta regra encontrada no artigo do CPC/15: Art. 217. Os atos processuais realizar-se-ão ordinariamente na sede do juízo, ou, excepcionalmente, em outro lugar em razão de deferência, de interesse da justiça, da natureza do ato ou de obstáculo arguido pelo interessado e acolhido pelo juiz. (BRASIL, 2015). 2.2.4 Tempo do ato processual Segundo o art. 212 do Código de Processo Civil, os atos deverão ser realizados em dias úteis, das 6 às 20 horas. No entanto, há exceções: se o ato processual tiver iniciado antes das 20h e eventual adiantamento puder prejudicá-lo, a prática do ato prossegue, ou se a interrupção colocar em risco a incomunicabilidade das testemunhas. Em casos excepcionais, com a autorização do juiz, a citação e a penhora poderão ser feitas fora desse período, mas desde que não violem o art. 5º, XI, da Constituição Federal (entrar na casa sem autorização do morador). Quando um ato qualquer tiver que ser realizado por meio de petição NÃO eletrônica, deverá respeitar o horário de funcionamento do fórum ou tribunal, vide artigo 212, § 3º do CPC/15. No entanto, as petições eletrônicas estão dispostas na Lei 11.419/06, e o artigo responsável pelo tempo processual é o artigo 10°, sendo este: Art. 10. A distribuição da petição inicial e a juntada da contestação, dos recursos e das petições em geral, todos em formato digital, nos autos de processo eletrônico, podem ser feitas diretamente pelos advogados públicos e privados, sem necessidade da intervenção do cartório ou secretaria judicial, situação em que a autuação deverá se dar de forma automática, fornecendo-se recibo eletrônico de protocolo. 12 § 1o Quando o ato processual tiver que ser praticado em determinado prazo, por meio de petição eletrônica, serão considerados tempestivos os efetivados até as 24 (vinte e quatro) horas do último dia. § 2o No caso do § 1o deste artigo, se o Sistema do Poder Judiciário se tornar indisponível por motivo técnico, o prazo fica automaticamente prorrogado para o primeiro dia útil seguinte à resolução do problema. (BRASIL, 2006). 3 VÍCIOS PROCESSUAIS Os atos processuais são regulados pelo Código de Processo Civil (2015), que estabelece as características necessárias para conferir-lhes existência, validade e eficácia. Sendo assim, sua respectiva inobservância resulta no surgimento de vícios ou defeitos processuais, que produzirão efeitos cuja gravidade está relacionada com a própria natureza do ato processual. Para fins de classificação, adotaremos a doutrina de Eduardo Juan Couture apud Humberto Theodoro Júnior (2018, p.622), a qual subdivide os vícios processuais em: a) atos irregulares; b) atos inexistentes; c) atos absolutamente nulos e d) atos relativamente nulos. Os atos processuais irregulares contrariam regras meramente formais, não havendo alteração em sua eficácia. Como exemplo temos no Código de Processo Civil (2015), o art. 494, I, que o juiz poderá alterar a sentença quando existirem inexatidões materiais ou erros de cálculo. Isso se explica porque o vício, nesse caso, não altera a validade ou eficácia do ato processual. Por sua vez, os atos processuais inexistentes são aqueles que não possuem as características mínimas para sua existência. Há, portanto, ausência de elementos materiais imprescindíveis à sua configuração jurídica (JÚNIOR, 2018, p.623). Um exemplo é o ato assinado falsamente por outra pessoa, nesse caso, a declaração de vontade nunca existiu, não há que se falar em defeitos. Desse modo, os atos processuais inexistentes não podem ser convalidados, nem mesmo podem ser considerados como tais, haja vista que não alcançam o plano do “ser”. É sabido que os atos processuais devem concordar com o ordenamento jurídico, caso contrário, serão inválidos. Dessa forma, Fredie Didier Jr. (2017, p.454) explica que essa invalidade é sempre uma sanção, que admite graus de intensidade. Para tanto, Humberto Theodoro Júnior (2018, p.624) explica que, quando essa incompatibilidade atingir a tutela de interesses de ordem pública, o juiz decretará a nulidade absoluta, de ofício, e o prejuízo é abarcado pela jurisdição sem afetar a parte 13 interessada. Contudo, quando tocar os interesses das partes envolvidas no processo, ocorre a anulabilidade do ato, ou seja, a nulidade relativa, que ocorre da seguinte maneira: Pela menor repercussão social do vício, a lei reserva para o titular da faculdade prejudicada o juízo de conveniência sobre anular ou manter o ato defeituoso. Não cabe ao juiz, por sua própria iniciativa, decretar a invalidação de ato apenas anulável. Sem o requerimento da parte interessada, o ato se convalida (é como se não portasse o defeito que nele se instalou). (JÚNIOR, 2018, p.624) Estabelecidas as diferenças, vemos que os atos processuais absolutamente nulos têm sua condição jurídica afetada de forma grave, por defeitos em seus pressupostos essenciais. Segundo JÚNIOR (2018, p.624), resta prejudicada a atividade jurisdicional, motivo pelo qual são vícios insanáveis. Após a comprovação do vício grave, o juiz deverá invalidar o ato processual, independentemente de manifestação da parte interessada. De acordo com CPC, art. 282, o juiz poderá decretar a repetição do ato, se ainda existir possibilidade para sua prática eficaz. De outro modo, ocorrerá a sua preclusão, e será como se nunca tivesse sido praticado no processo. Os atos nulos têm como característica importante a capacidade de produzir efeitos, ainda que prejudicados por defeito grave. Portanto, temos que a nulidade está diretamente condicionada ao reconhecimento manifesto do juiz. Vejamos alguns exemplos: Art. 280. As citações e as intimações serão nulas quando feitas sem observância das prescrições legais. [...] Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado, independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação. § 1o Na impugnação, o executado poderá alegar: I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia; [...] Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial, por carga, remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos próprios autos, impugnar a execução, podendo arguir: I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia; (BRASIL, 2015, on-line) Frente a isso, concluímos que os efeitos do respectivo vício processual se refletem de forma generalizada, incluindo a atividade jurisdicional envolvida. Apesar de ter caráter insanável, o ato processual absolutamente nulo pode ser substituído por outro de mesmo efeito, havendo a supressão da nulidade. Como por exemplo, no caso de citação nula, a apresentação do réu nos autos produzirá o efeito anteriormente desejado. De modo diverso, entretanto, ocorre com os atos relativamente nulos. A nulidade relativa decorre, de acordo com Júnior (2018), de um feito viciado em sua formação que ainda é capaz de produzir efeitos processuais, caso a parte prejudicada não reivindique sua invalidação. Recaindo sobre interesses privados disponíveis do litigante, os referidos atos são legítimos caso a parte afetada não se manifeste. Assim, o silêncio é o suficiente para convalidar o ato viciado. Ademais, cabe salientar que a nulidade relativa somente poderá ser declarada pelo juiz após a manifestação da parte prejudicada. Caso não ocorra na primeira oportunidade de arguição, se considera sanado, tacitamente, o vício, precluindo o direito de alegar o referido defeito, como podemos observar no CPC de 2015: Art. 278. Anulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber à parte falar nos autos, sob pena de preclusão. Parágrafo único. Não se aplica o disposto no caput às nulidades que o juiz deva decretar de ofício, nem prevalece a preclusão provando a parte legítimo impedimento. (BRASIL, 2015, on-line) Diferentemente do que se verifica na nulidade absoluta, como observado no parágrafo único do artigo supracitado, aonde o juiz deve decretar de ofício. Essa regra é importante para convalidar a boa-fé das partes, impedindo que aleguem a nulidade relativa em momento oportuno para si, deixando o processo instável. 3.1 AS NULIDADES NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL Cabe aqui realizar a distinção entre nulidade do processo e ato processual. Há nulidade do processo, segundo Theodoro Humberto Júnior (2018) apud Frederico Marques, em três ocasiões: quando o juiz não suprir a falta de autorização matrimonial ou outorga uxória, se necessária; quando o autor se omitir na prática de atos ordenados pelo juiz, para sanar nulidades; quando o Ministério Público não for intimado para acompanhar um feito que deveria intervir, acarretando em nulidade do procedimento a partir do momento em que deveria ser se manifestado. São nulidades absolutas as referidas acima, com exceção dos casos de falta de intimação do Ministério Público, que são consideradas relativas, pois, se a parte que seria tutelada pela intercessão vencer a lide, se torna injustificável a anulação do processo devido à falta de prejuízos. Art. 279. É nulo o processo quando o membro do Ministério Público não for intimado a acompanhar o feito em que deva intervir. § 1o Se o processo tiver tramitado sem conhecimento do membro do Ministério Público, o juiz invalidará os atos praticados a partir do momento em que ele deveria ter sido intimado. § 2o A nulidade só pode ser decretada após a intimação do Ministério Público, que se manifestará sobre a existência ou a inexistência de prejuízo. (BRASIL, 2015, on-line) Em relação às nulidades dos atos processuais, observamos no artigo 282 do CPC de 2015, que cabe ao juiz pronunciar a nulidade, apontando quais atos são atingidos por sua decisão, ordenando as providências necessárias para que sejam retificados ou repetidos. Na nulidade processual o juiz elabora uma sentença, já a invalidação de algum ato processual é feita através de decisão interlocutória. O princípio da instrumentalidade das formas e dos atos processuais rege o referido Código, segundo o qual um ato somente é considerado nulo e sem efeito se, além da inobservância da forma legal, não tiver alcançado sua finalidade (JÚNIOR, 2018). Tal princípio se encontra no artigo 277: “Quando a lei prescrever determinada forma, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade”. Portanto, independentemente da forma, se o ato atingiu sua finalidade, é considerado válido, se não houver prejuízos. Assim, um ato mesmo que absolutamente nulo, não prejudica a validade processual como um todo, o que significa que em sua maioria são relativamente nulos. Ato nulo de pleno direito é somente aquele que contamina o processo de nulidade e o inutiliza inteiramente, ocorrendo nos casos de incompetência hierárquica, entre juízes de diferentes graus, e de falta de interesse do autor em dar seguimento na ação. Enquanto que os atos decisórios são penas anuláveis, como nos casos de violação da competência absoluta entre juízes do mesmo grau, aonde a decisão do primeiro permanece até que o juiz competente modifique. 3.2 NULIDADES DE CITAÇÃO E INTIMAÇÃO: O artigo 280 do CPC de 2015, diz que: “as citações e intimações serão nulas quando feitas sem observância das prescrições legais”, entretanto, devemos observar no artigo 239, que apesar de não ter sido concretizada, ela poderá ser substituída pelo comparecimento da parte ao processo, impedindo sua nulidade: Art. 239. Para a validade do processo é indispensável a citação do réu ou do executado, ressalvadas as hipóteses de indeferimento da petição inicial ou de improcedência liminar do pedido. § 1o O comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a falta ou a nulidade da citação, fluindo a partir desta data o prazo para apresentação de contestação ou de embargos à execução. § 2o Rejeitada a alegação de nulidade, tratando-se de processo de: I - conhecimento, o réu será considerado revel; II - execução, o feito terá seguimento. (BRASIL, 2015, on-line) Se verifica que, caso for considerada válida a citação ou intimação do réu e este não comparecer ao processo ou não realizar os atos pertinentes, será considerado revel ou sofrerá os atos de execução. A citação nula contamina a relação processual, se o réu não comparece para se defender, podendo ele alegar nulidade da sentença que julgou a causa. Entretanto, se a sentença lhe for favorável, cabe a aplicação do princípio da instrumentalidade das formas e dos atos processuais. Também, de acordo com o artigo 276 do Código, se o autor ou até mesmo o réu, der causa à nulidade, não poderá jamais requerê-la. Nesse sentido, a nulidade pode ser arguida no decorrer do processo, pelo réu através de uma contestação ou petição simples e pelo autor por meio de petição simples. Podendo ser consideradas tais alegações em audiências ou em razões de apelação, cabendo ao juiz dar mérito ao pedido, ou não. (JÚNIOR, 2018) A exceção é encontrada na falta de intimação do Ministério Público em ação que ele deveria intervir, pois, de acordo com o parágrafo segundo do artigo 279 do CPC de 2015, a nulidade somente poderá ser decretada após efetivada intimação do órgão para que diga se sua falta acarretou ou não em prejuízo. Caso não haja prejuízos, os atos não se tornam nulos, do contrário, o que foi praticado a partir do momento em que deveria ocorrer a intimação, será invalidado. Por fim, como apontado no artigo 281 do CPC de 2015, após um ato ser anulado é considerado sem nenhum efeito os subsequentes, que dele dependem. Entretanto, não prejudica os atos subsequentes e independentes do ato nos casos de anulação parcial. 3.3 SANABILIDADE DOS VÍCIOS PROCESSUAIS Importante frisar que, no direito processual a maioria dos defeitos podem ser sanados, aonde somente a falta de interesse ou intempestividade é que impedem sua reparação. Assim, Fredie Didier Júnior (2015), aponta como meios de retificação: a repetição do ato, simples correção, preclusão da alegação de nulidade e eficácia preclusiva da coisa julgada. Logo, os defeitos permanecem, mas não podem ser alegados para invalidade processual. Em decorrência desse fato, o CPC de 2015 adota o princípio da sanabilidade dos defeitos processuais, buscando eliminar os vícios para dar seguimento de modo correto aos processos judiciais.
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